Buscar

AGRAVO DE INSTRUMENTO

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBAGADOR DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Autos: ____________________
VIAÇÃO METEORO LTDA, já qualificada nos autos da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS C/C LUCROS CESSANTES que lhe move CAPIRIA HORTALIÇAS LTDA ME, inconformada com a r. decisão que indeferiu o pedido de denunciação à lide manifestado na contestação, vem, respeitosamente perante V.Exa., por intermédio do seu procurador infra-assinado, com fundamento no artigo 1.015 do Código de Processo Civil, interpor para reformar a decisão, o presente
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
Na oportunidade apresenta para formação do instrumento as seguintes peças processuais: inicial e documentos, procurações, contestação e documentos juntados a ela, despacho do juízo determinando a juntada da apólice de seguros original e contrato de seguro, petição justificando a desnecessidade, decisão que indeferiu o pedido e certidão de publicação da decisão. 
Requer ainda a juntada do comprovante de pagamento das custas processuais referentes ao recurso. Seguem abaixo os nomes e dados dos procuradores que atuam na causa, para fins de intimação: 
Advogado do Autor: Dr. ..................., OAB .............., com endereço na rua ............., n. ............, bairro ..............., na cidade de ..............., CEP:...........
Advogado do Réu: Dr. ................., OAB.............., com endereço na rua ............., n. ............, bairro ..............., na cidade de ..............., CEP:............
Termos em que pede e espera deferimento. 
Bauru, 23 de abril de 2018.
Advogado e OAB
Agravante: VIAÇÃO MERETORO LTDA
Agravado: CAIPIRA HORTALIÇAS LTDA. ME 
Autos de origem de nº. _______________
EMÉRITOS DESEMBARGADORES
- DOS FATOS E DA DECISÃO AGRAVADA
A agravada ajuizou em face do agravante a ação de indenização por danos materiais c/c lucros cessantes, em razão do acidente de trânsito que envolveu os veículos de propriedade das partes. Após a realização da audiência de conciliação em 15/2/2018, sem acordo, a agravada apresentou, tempestivamente, sua contestação, momento em que requereu à denunciação da lide da Seguradora Trafegar S/A, fundada em fotocópia da apólice de seguros contratada, para ressarcimento de eventuais prejuízos sofridos com o veículo durante a sua vigência.
Ocorre que o r. juízo determinou a juntada aos autos da apólice original, bem como do contrato de seguros, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de indeferimento da denunciação da lide. 
A ora agravante apresentou justificativa de que era desnecessária a juntada do contrato de seguro, bem como que a fotocópia da apólice de seguros era prova suficiente a autorizar a denunciação da lide, sendo, pois, desnecessária a juntada do documento original. 
Não obstante as justificativas apresentadas, o r. juízo indeferiu o pedido de denunciação da lide aos seguintes fundamentos:
“Vistos, etc. Considerando que a Ré não atendeu ao r. despacho de fls. e por considerar que a apólice de seguro original e o contrato de seguro são documentos essenciais para o deferimento da intervenção de terceiros requerida, indefiro o pedido de denunciação à lide. Publique-se.”
Portanto, o presente recurso busca a reforma dessa decisão.
- DA TEMPESTIVIDADE
A r. decisão que indeferiu o pedido de denunciação da lide foi publicada no Diário Oficial no dia 2/4/2018. Considerando que o presente agravo está sendo interposto em 23/4/2018, conclui-se que é tempestivo o presente recurso.
- PRELIMINARMENTE 
- NULIDADE DA DECISÃO – AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
A decisão proferida pelo r. juízo a quo encontra-se eivada de nulidade, tendo em vista que deixou de apreciar o pedido de antecipação de tutela, bem como não fundamentou adequadamente os motivos pelos quais não deferiu a antecipação de tutela.
Com efeito, era necessário que o digno magistrado apresentasse os motivos que o levaram a indeferir a denunciação da lide, não bastando a sua convicção pessoal e a obrigatoriedade do contrato de seguro e da apólice original. 
Cumpre lembrar que, levando-se em consideração a legislação constitucional e infraconstitucional, todas as decisões emanadas do Poder Judiciário devem ser fundamentadas.
O Código de Processo Civil pátrio determina, em seu art. 11, de 2015, que toda decisão deverá ser fundamentada, senão vejamos:
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. 
A necessidade de fundamentação das decisões também encontra previsão na Constituição Federal, senão vejamos o artigo 93, inciso IX, in verbis:
IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, se o interesse público o exigir, limitar a presença em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes. 
Por outra via, o art. 489, parágrafo primeiro, inciso II, do Código de Processo Civil, aduz que não se considera fundamentada a decisão que “empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso”.
Logo se vê que esse r. juízo não poderia apenas indeferir o pedido de denunciação da lide, mas sim fundamentar a razão que o levou a acolher o requerimento elaborado pela parte.
Nesse sentido é o entendimento deste Egrégio Tribunal:
Decisão Judicial: ausência de fundamentação e nulidade. 
Não satisfaz a exigência constitucional de que sejam fundamentadas todas as decisões do Poder Judiciário (CF, art. 93, IX) a afirmação de que a alegação deduzida pela parte é “inviável juridicamente, uma vez que não retrata a verdade dos compêndios legais”: não servem à motivação de uma decisão judicial afirmações que, a rigor, se prestariam a justificar qualquer outra.” (STF, RE 217.631, 1ª Turma, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, j. 9/9/1997, DJ 24/10/1997, p. 54-194).
A ausência de fundamentação da decisão afrontou o art. 93, inciso IX, da Constituição Federal, bem como o art. 4, do Código de Processo Civil. 
Isto posto, requer a V. Exas. o acolhimento da preliminar, para declarar nula a r. decisão, para que o r. juízo de 1º grau seja instado proferir nova decisão de forma fundamentada.
- DAS RAZÕES PARA O PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO 
A decisão interlocutória que indeferiu a denunciação da lide, por ausência de juntada da apólice de seguros original e do contrato de seguro, merece reforma, tendo em vista não estar de acordo com a lei e com os princípios processuais aplicáveis à matéria.
Com o devido respeito, o r. juízo agiu com excesso de formalismo ao determinar a juntada de apólice original e contrato de seguro e desrespeitou o disposto no Código Civil e no Código de Processo Civil brasileiro.
No caso dos autos, a apólice de seguros foi juntada aos autos para demonstração do direito de regresso para cobrir eventuais prejuízos, confirmando assim a possibilidade da denunciação da lide, nos termos do art. 125, inciso II, do Código de Processo Civil.
Conforme dispõe o art. 757 do Código Civil de 2002:
Art. 757. Pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a garantir interesse legítimo do segurado, relativo à pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminados.
Contudo, em momento algum a lei determinou a juntada da apólice de seguros original. A razão da juntada da apólice é simplesmente demonstrar a relação de seguro estabelecida entre a agravante e sua seguradora e pode até mesmo ser demonstrada por outros meios, como dispõe o art. 758, podendo ainda ser provada com os comprovantes de pagamento da apólice.
No caso dos autos, o r. juízo deixou de considerar que não houve e não haverá qualquer questionamento em relação à veracidade da apólice de seguros, cuja emissão foi realizada pela própria seguradora denunciada, como se vê pelo timbre e pelas assinaturas da apólice. Ou seja: o r. juízo só poderia determinar a juntada do documento original, caso houvesse questionamento da denunciada.
Portanto, não se justifica a manutenção da r. decisão, pois esta desrespeitou as leismaterial e processual, configurando-se em ofensa aos arts. 411, 412 e 422 do Código de Processo Civil brasileiro.
Assim, conclui-se que, para reformar totalmente a decisão, deve o recurso ser provido, para que seja deferida a denunciação da lide, ante a comprovação da relação de regresso necessária para tanto.
- PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL/EFEITO SUSPENSIVO
Conforme dispõe o inciso I do art. 1.019 do Código de Processo Civil, o relator “poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão”.
No caso dos autos, como foi demonstrada, a decisão do juízo ofendeu frontalmente o disposto nos arts. 757 e 758 do Código Civil brasileiro. 
Código de Processo Civil brasileiro. Dessa forma, configura-se o requisito de aparência do direito e, porque não, da verossimilhança das alegações. Por outro lado, caso não haja o deferimento da medida pleiteada, a agravante corre o risco de ver a marcha processual prosseguir, sem ter a oportunidade de que a denunciada participe da relação processual, o que pode resultar em prejuízos caso seja condenada a ressarcir a agravada no processo. 
Por outro lado, caso se considere correta a pretensão recursal, os atos processuais seguintes à decisão deverão ser todos anulados e reproduzidos, pois deveriam contar com a denunciada no processo. Dessa forma, encontra-se presente o requisito de perigo na demora, o que justifica o deferimento da medida.
Assim, requer o deferimento da antecipação de tutela recursal, determinando assim o imediato deferimento da denunciação da lide para prosseguimento do feito. Contudo, se não entender dessa forma, requer seja concedido efeito suspensivo ao recurso, para que não haja prejuízo processual ou a prática de atos processuais desnecessários.
- DO PEDIDO DE REFORMA DA DECISÃO
Ante ao exposto, requer:
a) O acolhimento da preliminar de nulidade da decisão, para que o juízo se fundamente da sua decisão;
b) Caso ultrapassada a preliminar requer o deferimento da antecipação da tutela recursal ou o efeito suspensivo, para evitar prejuízos e prática de atos processuais desnecessários;
c) A intimação da agravada, mediante seu advogado, para, se quiser, apresentar suas contrarrazões ao agravo de instrumento interposto;
d) Seja provido o recurso, para reformar a decisão de 1º grau, para considerar suficiente a exibição da fotocópia da apólice de seguros e, assim, deferir a denunciação da lide pleiteada, com o prosseguimento do feito. 
Termos em que pede e espera 
PROVIMENTO
BAURU, 23 de abril de 2018.
ADVOGADO
 OABNº

Continue navegando