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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS INGRID DAIANE SILVA ABORDAGEM INTEGRAL DA SEXUALIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA SÃO PAULO 2017 INGRID DAIANE SILVA ABORDAGEM INTEGRAL DA SEXUALIDADE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Saúde da Família da Universidade Federal de São Paulo para obtenção do título de Especialista em Saúde da Família Orientação: LIA LIKIER STEINBERG SÃO PAULO 2017 Resumo Mesmo diante dos diversos métodos contraceptivos disponíveis bem como a facilidade de acesso a informações a respeito de seu uso adequado e demais características, têm-se identificado o aumento da incidência de gestações não planejadas e doenças sexualmente transmissíveis (DST), destacando-se o grupo de jovens e adolescentes no início da vida sexual (PENNA e BRITO, 2010). Pelo menos 80 milhões de mulheres em todo o mundo vivenciaram uma gestação não planejada, estando ela associada a complicações materno-fetais - como abortos inseguros, mortalidade materna e neonatal-infantil, a riscos sociais - como baixa escolaridade, desemprego e invalidez, além de grandes repercussões econômicas relevantes para a sociedade e suas famílias (SECURA et al, 2010). Gestação não planejada é toda aquela que não foi programada pelo casal ou, pelo menos, pela mulher. Pode ser indesejada, quando se contrapõe aos desejos e às expectativas do casal, ou inoportuna, quando acontece em um momento considerado desfavorável. Ambas são responsáveis pelos agravos já comentados e, embora pouco estudada, representa também risco aumentado de ansiedade e de depressão, sobretudo no período puerperal (PRIETSCH et al, 2011). O baixo índice de adesão aos métodos contraceptivos ainda é a principal causa de gravidez indesejada, sendo esta situação mais frequente em países pouco desenvolvidos, onde a falta de organização dos serviços de saúde e seu acesso deficitário, somados a outros fenômenos sociais (abuso sexual, coerção, baixa escolaridade, etc.) corroboram com essa estatística (PRIETSCH et al, 2011). Sendo assim, deve-se considerar que a ocorrência de gestações indesejadas tange o direito fundamental da mulher, que é decidir sobre sua fertilidade. Decidir envolve muito mais que o simples acesso às informações ou aos métodos contraceptivos; diz respeito a conhecer-se melhor para assim decidir-se sobre sua sexualidade e reprodução, como um aspecto da liberdade individual, influenciada diretamente por fatores socioeconômicos e culturais, e, particularmente, à posição da mulher na sociedade (PRIETSCH et al, 2011). Desde 2007, a partir da elaboração do Programa Mais Saúde: Direito de Todos pelo Ministério da Saúde (MS), medidas para a expansão das ações de planejamento familiar foram propostas. Observa-se, contudo, que as ações voltadas para a saúde sexual e a saúde reprodutiva, em sua maioria, têm foco maior na saúde reprodutiva, tendo como alvo a mulher adulta, com poucas iniciativas para o envolvimento dos homens. Para isso, faz-se necessário uma abordagem ampliada que contemple a saúde sexual em diferentes momentos do ciclo de vida e também para promover o efetivo envolvimento e corresponsabilidade dos homens, adultos e adolescentes, nas questões referentes à saúde sexual e reprodutiva (BRASIL, 2010). No tocante às DST, os dados são ainda mais alarmantes quando se considera que cada vez menos jovens e adultos têm usado preservativos, sendo que dados não oficiais, porém preocupantes, consideram que mais da metade dos brasileiros (52%) nunca ou raramente os usam. Tal hábito relaciona-se diretamente ao aumento de casos de Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e AIDS principalmente entre os jovens. No Brasil, a epidemia avança na faixa etária de 20 a 24 anos, na qual a taxa de detecção subiu de 15,6 casos por 100 mil habitantes, em 2006, para 21,8 casos em 2015. Entre os mais jovens, de 15 a 19 anos, o índice passa de 2,8 em 2006 para 5,8 no mesmo ano (BRASIL, 2016). Outra faixa etária que merece atenção redobrada quanto à saúde sexual é a terceira idade. O aumento da qualidade de vida aliado aos avanços tecnológicos em saúde, têm permitido que a vida sexual ativa perdure por mais tempo entre os idosos. Contudo, o prolongamento da vida sexual somado a práticas inseguras, contribui para que essa população se torne mais vulnerável às infecções pelo HIV e outras DST, como a sífilis, clamídia, gonorreia e hepatites. Segundo dados da OMS e da UNAIDS (Joint United Nations Program on HIV/AIDS), cerca de 40 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV/AIDS, dentre as quais 2,8 milhões têm 50 anos ou mais (DORNELAS NETO et al, 2015). Ainda que não haja dados recentes referentes ao número de gestações não planejadas bem como a incidência de DST nos últimos anos correspondentes à cidade de Araraquara, interior de São Paulo; é possível estimar seu aumento a partir dos dados observados em uma população correspondente à área adstrita à equipe de saúde II, do Residencial Parque São Paulo. Analisando dados não oficiais levantados pelas duas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) atuantes nessa região, observou-se que das 52 gestantes que foram acompanhadas no período de agosto/2016 à agosto de 2017, pelo menos 20 delas eram adolescentes, correspondendo à aproximadamente 40% do total. Além disso, cerca de 37 gestantes não planejaram a gestação, sendo que desse total pelo menos 4 mulheres rejeitaram a gestação até o parto. Além disso, foram registrados, apenas nesTe período, cerca de 10 casos de Sífilis e 4 novos casos de HIV, configurando um crescimento de aproximadamente 40% em relação aos dois últimos anos, cujos os números foram de 7 e 2 casos, sucessivamente. Somente neste ano, já surgiram 5 casos de sífilis secundária e provavelmente tardia, sendo que destes casos, 1 é gestante e 3 são do sexo masculino. Além disso, das 26 das gestações, pelo menos 12 não foram planejadas, sendo que duas delas chegaram a pensar/querer o aborto no início da gestação, e 6 delas são adolescentes. Diante do exposto, avaliou-se que as medidas e ações em saúde desenvolvidas por essa equipe com o intuito de incentivarem o planejamento familiar ainda são muito rudimentares, baseadas na consulta médica em atenção à saúde da mulher e nas consultas conforme à demanda masculina. Observou-se que a carência maior se encontra na educação e autonomia dada à população quanto aos seus direitos sexuais e reprodutivos, bem como promoção da saúde sexual e reprodutiva em todas as faixas etárias (adolescente/jovem, adulto e idoso). Segundo a OMS, saúde sexual é o bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade; não é meramente ausência de doenças, disfunções ou debilidades. A saúde sexual requer abordagem positiva e respeitosa da sexualidade, das relações sexuais, tanto quanto a possibilidade de ter experiências prazerosas e sexo seguro, livre de coerção, discriminação e violência. Para se alcançar e manter a saúde sexual, os direitos sexuais de todas as pessoas devem ser respeitados, protegidos e satisfeitos (BRASIL, 2010). Quanto à saúde reprodutiva, implica que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, com autonomia para se reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo. Implícito nessa última condição está o direito de homens e mulheres de serem informados e de terem acesso a métodos eficientes, seguros, permissíveis e aceitáveis de planejamento familiar de sua escolha, assim como outros métodos de regulação da fecundidade, de sua escolha, que não sejam contrários à lei, e o direito de acesso a serviços apropriados de saúde que deem à mulher condições de vivenciar segura a gestação e o parto, proporcionando ao casal a melhor chance de ter um filho sadio (BRASIL, 2010). Tradicionalmente, as questões relacionadas à saúde sexual são pouco ou mesmo não são abordadas. Os profissionais de saúde, em geral,apresentam dificuldades em abordar os aspectos relacionados à sexualidade ou à saúde sexual de seus pacientes. São questões polêmicas, na medida em que a compreensão da sexualidade está muito marcada por preconceitos e tabus, e os profissionais de saúde não se sentem preparados ou confortáveis em lidar com o tema. As equipes de Atenção Básica/Saúde da Família têm um papel fundamental na promoção da saúde sexual reprodutiva, bem como na identificação das dificuldades e disfunções sexuais, tendo em vista a sua atuação mais próxima das pessoas em seu contexto familiar e social (PRIETSCH et al, 2011), (BRASIL, 2010). Palavra-chave Saúde Sexual. Saúde Reprodutiva. Planejamento Familiar. Introdução Mesmo diante dos diversos métodos contraceptivos disponíveis bem como a facilidade de acesso a informações a respeito de seu uso adequado e demais características, têm-se identificado o aumento da incidência de gestações não planejadas e doenças sexualmente transmissíveis (DST), destacando-se o grupo de jovens e adolescentes no início da vida sexual (PENNA e BRITO, 2010). Pelo menos 80 milhões de mulheres em todo o mundo vivenciaram uma gestação não planejada, estando ela associada a complicações materno-fetais - como abortos inseguros, mortalidade materna e neonatal-infantil, a riscos sociais - como baixa escolaridade, desemprego e invalidez, além de grandes repercussões econômicas relevantes para a sociedade e suas famílias (SECURA et al, 2010). Gestação não planejada é toda aquela que não foi programada pelo casal ou, pelo menos, pela mulher. Pode ser indesejada, quando se contrapõe aos desejos e às expectativas do casal, ou inoportuna, quando acontece em um momento considerado desfavorável. Ambas são responsáveis pelos agravos já comentados e, embora pouco estudada, representa também risco aumentado de ansiedade e de depressão, sobretudo no período puerperal (PRIETSCH et al, 2011). O baixo índice de adesão aos métodos contraceptivos ainda é a principal causa de gravidez indesejada, sendo esta situação mais frequente em países pouco desenvolvidos, onde a falta de organização dos serviços de saúde e seu acesso deficitário, somados a outros fenômenos sociais (abuso sexual, coerção, baixa escolaridade, etc.) corroboram com essa estatística (PRIETSCH et al, 2011). Sendo assim, deve-se considerar que a ocorrência de gestações indesejadas tange o direito fundamental da mulher, que é decidir sobre sua fertilidade. Decidir envolve muito mais que o simples acesso às informações ou aos métodos contraceptivos; diz respeito a conhecer-se melhor para assim decidir-se sobre sua sexualidade e reprodução, como um aspecto da liberdade individual, influenciada diretamente por fatores socioeconômicos e culturais, e, particularmente, à posição da mulher na sociedade (PRIETSCH et al, 2011). Desde 2007, a partir da elaboração do Programa Mais Saúde: Direito de Todos pelo Ministério da Saúde (MS), medidas para a expansão das ações de planejamento familiar foram propostas. Observa-se, contudo, que as ações voltadas para a saúde sexual e a saúde reprodutiva, em sua maioria, têm foco maior na saúde reprodutiva, tendo como alvo a mulher adulta, com poucas iniciativas para o envolvimento dos homens. Para isso, faz-se necessário uma abordagem ampliada que contemple a saúde sexual em diferentes momentos do ciclo de vida e também para promover o efetivo envolvimento e corresponsabilidade dos homens, adultos e adolescentes, nas questões referentes à saúde sexual e reprodutiva (BRASIL, 2010). No tocante às DST, os dados são ainda mais alarmantes quando se considera que cada vez menos jovens e adultos têm usado preservativos, sendo que dados não oficiais, porém preocupantes, consideram que mais da metade dos brasileiros (52%) nunca ou raramente os usam. Tal hábito relaciona-se diretamente ao aumento de casos de Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e AIDS principalmente entre os jovens. No Brasil, a epidemia avança na faixa etária de 20 a 24 anos, na qual a taxa de detecção subiu de 15,6 casos por 100 mil habitantes, em 2006, para 21,8 casos em 2015. Entre os mais jovens, de 15 a 19 anos, o índice passa de 2,8 em 2006 para 5,8 no mesmo ano (BRASIL, 2016). Outra faixa etária que merece atenção redobrada quanto à saúde sexual é a terceira idade. O aumento da qualidade de vida aliado aos avanços tecnológicos em saúde, têm permitido que a vida sexual ativa perdure por mais tempo entre os idosos. Contudo, o prolongamento da vida sexual somado a práticas inseguras, contribui para que essa população se torne mais vulnerável às infecções pelo HIV e outras DST, como a sífilis, clamídia, gonorreia e hepatites. Segundo dados da OMS e da UNAIDS (Joint United Nations Program on HIV/AIDS), cerca de 40 milhões de pessoas no mundo vivem com HIV/AIDS, dentre as quais 2,8 milhões têm 50 anos ou mais (DORNELAS NETO et al, 2015). Ainda que não haja dados recentes referentes ao número de gestações não planejadas bem como a incidência de DST nos últimos anos correspondentes à cidade de Araraquara, interior de São Paulo; é possível estimar seu aumento a partir dos dados observados em uma população correspondente à área adstrita à equipe de saúde II, do Residencial Parque São Paulo. Analisando dados não oficiais levantados pelas duas equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF) atuantes nessa região, observou-se que das 52 gestantes que foram acompanhadas no período de agosto/2016 à agosto de 2017, pelo menos 20 delas eram adolescentes, correspondendo à aproximadamente 40% do total. Além disso, cerca de 37 gestantes não planejaram a gestação, sendo que desse total pelo menos 4 mulheres rejeitaram a gestação até o parto. Além disso, foram registrados, apenas nesTe período, cerca de 10 casos de Sífilis e 4 novos casos de HIV, configurando um crescimento de aproximadamente 40% em relação aos dois últimos anos, cujos os números foram de 7 e 2 casos, sucessivamente. Somente neste ano, já surgiram 5 casos de sífilis secundária e provavelmente tardia, sendo que destes casos, 1 é gestante e 3 são do sexo masculino. Além disso, das 26 das gestações, pelo menos 12 não foram planejadas, sendo que duas delas chegaram a pensar/querer o aborto no início da gestação, e 6 delas são adolescentes. Diante do exposto, avaliou-se que as medidas e ações em saúde desenvolvidas por essa equipe com o intuito de incentivarem o planejamento familiar ainda são muito rudimentares, baseadas na consulta médica em atenção à saúde da mulher e nas consultas conforme à demanda masculina. Observou-se que a carência maior se encontra na educação e autonomia dada à população quanto aos seus direitos sexuais e reprodutivos, bem como promoção da saúde sexual e reprodutiva em todas as faixas etárias (adolescente/jovem, adulto e idoso). Segundo a OMS, saúde sexual é o bem-estar físico, emocional, mental e social em relação à sexualidade; não é meramente ausência de doenças, disfunções ou debilidades. A saúde sexual requer abordagem positiva e respeitosa da sexualidade, das relações sexuais, tanto quanto a possibilidade de ter experiências prazerosas e sexo seguro, livre de coerção, discriminação e violência. Para se alcançar e manter a saúde sexual, os direitos sexuais de todas as pessoas devem ser respeitados, protegidos e satisfeitos (BRASIL, 2010). Quanto à saúde reprodutiva, implica que a pessoa possa ter uma vida sexual segura e satisfatória, com autonomia para se reproduzir e a liberdade de decidir sobre quando e quantas vezes deve fazê-lo. Implícito nessa última condição está o direito de homens e mulheres de serem informados e de terem acesso a métodos eficientes, seguros, permissíveis e aceitáveis de planejamento familiar de sua escolha, assim como outros métodos de regulação da fecundidade, de sua escolha, que não sejam contrários à lei, e o direito de acesso a serviços apropriados de saúde que deem à mulher condições de vivenciar segura a gestação e o parto, proporcionandoao casal a melhor chance de ter um filho sadio (BRASIL, 2010). Tradicionalmente, as questões relacionadas à saúde sexual são pouco ou mesmo não são abordadas. Os profissionais de saúde, em geral, apresentam dificuldades em abordar os aspectos relacionados à sexualidade ou à saúde sexual de seus pacientes. São questões polêmicas, na medida em que a compreensão da sexualidade está muito marcada por preconceitos e tabus, e os profissionais de saúde não se sentem preparados ou confortáveis em lidar com o tema. As equipes de Atenção Básica/Saúde da Família têm um papel fundamental na promoção da saúde sexual reprodutiva, bem como na identificação das dificuldades e disfunções sexuais, tendo em vista a sua atuação mais próxima das pessoas em seu contexto familiar e social (PRIETSCH et al, 2011), (BRASIL, 2010). Objetivos (Geral e Específicos) Objetivo geral: Diminuir as taxas de doenças sexualmente transmissíveis e gestações não planejadas no município de Araraquara – SP, iniciando pela população assistida pelas equipes de saúde da família do Parque Residencial São Paulo. Objetivos específicos: Capacitar a equipe quanto aos conceitos e abordagens que envolvem a atenção à saúde● sexual e reprodutiva. Ampliar a abordagem para outras dimensões que contemplem a saúde sexual em● diferentes momentos do ciclo de vida, bem como abordar ambos os sexos. Promover o efetivo envolvimento e corresponsabilidade dos homens no cuidado de sua● própria saúde sexual e no planejamento familiar. Melhorar o acesso aos métodos contraceptivos bem como à prevenção, diagnóstico● precoce e tratamento das doenças sexualmente transmissíveis. Efetivar a abordagem do planejamento familiar a partir da reflexão sobre projeto de vida e● os direitos sexuais e reprodutivos. Incentivar e facilitar o acesso de adolescentes e jovens à UBS.● Fortalecer a integralidade, humanização e o trabalho em equipe no cuidado à saúde sexual● e reprodutiva. Método O projeto de intervenção proposto é voltado para a Atenção Básica de todo o município de Araraquara - SP, devendo ser implementado inicialmente no Posto de Saúde da Família do Parque Residencial São Paulo – Drº. Gustavo de Moraes Junior, na periferia da cidade, abrangendo as duas equipes de saúde da família (ESF) atuantes nessa unidade. As ações propostas pelo projeto são direcionadas principalmente à capacitação dos profissionais das equipes de saúde na atenção sexual e reprodutiva, para assim alcançar toda população adstrita, abrangendo todas as idades e gêneros. Inicialmente, pretende-se buscar apoio junto à Secretaria Municipal de Saúde, e após sua aprovação, produzir material educativo próprio sobre saúde sexual e reprodutiva, baseado em materiais existentes produzidos pelo MS, além de oferecer certificados aos profissionais participantes correspondentes às horas de trabalho voltadas à capacitação dos mesmos em saúde sexual e reprodutiva na atenção básica. Após esta etapa, pretende-se realizar reuniões quinzenais de estudos e discussões coletivas entre as equipes, antes de abordar a comunidade, sendo o mínimo de oito reuniões iniciais, e pelo menos mais seis reuniões de manutenção para ajustes e esclarecimentos sobre os temas e ações propostas. Seguido das primeiras oito reuniões de capacitação, planeja-se promover rodas de conversa abertas à população, visando discutir sexualidade e saúde reprodutiva, sendo a frequência, local e horário definidos conforme a disponibilidade das equipes envolvidas e devendo encaixar-se à rotina de trabalho do PSF. Devendo também acompanhar a rotina de trabalho das equipes, programa-se adaptar as agendas das equipes envolvidas visando contemplar pelo menos um período semanalmente para o atendimento interdisciplinar de pessoas com demandas relacionadas à sexualidade, bem como programar retornos mensais durante 3 meses e após, trimestrais por pelo menos um ano, para os pacientes que iniciaram algum método contraceptivo a partir da implementação desse projeto. Pretende-se também otimizar a agenda quanto ao à flexibilidade de dias e horários para consultas de pré-natal e puerpério, visando incentivar a participação de companheiros (as) nas consultas e grupos de gestantes, fornecendo declarações de comparecimento para os mesmos, quando necessário. Tendo em vista ainda facilitar o acesso ao PSF, às orientações e aos métodos contraceptivos, programa-se visitar as escolas próximas à unidade de saúde visando incentivar os adolescentes à frequentarem os postos de saúde, bem como informá-los que a partir de 12 anos podem consultar-se sem estarem acompanhados por um maior responsável por eles, melhorando a adesão aos serviços de prevenção à saúde bem como o vínculo com as equipes de saúde. Além disso, a abordagem de adolescentes e adultos jovens pretende alçar discussões relacionadas ao planejamento familiar a partir da reflexão sobre projeto de vida e os direitos sexuais e reprodutivos. Planeja-se também promover semestralmente um evento noturno (visando a participação do maior número de pessoas possível) abrangendo palestras sobre métodos contraceptivos, prevenção e diagnóstico precoce de DST, dentre outros assuntos voltados à sexualidade e planejamento familiar, associado à campanha já implementada – “Fique sabendo”. Demais ações e eventuais adaptações e aprimoramentos do projeto são esperados no decorrer de sua implementação, a partir de reuniões de avaliação que devem ocorrer trimestralmente, baseando-se em discussões coletivas sobre as ações realizadas e seus resultados, como número de pessoas atendidas em relação à saúde sexual e reprodutiva, número de casais orientados, participação de companheiros (as) presentes em consultas e grupos de pré-natal e puerpério, e número de adolescentes que procuraram a unidade de saúde e são orientados quanto à sexualidade. Além de avaliar os resultados e dificuldades referentes à realização do projeto, as discussões visarão também atualizar os profissionais e aprimorar as técnicas de abordagem na atenção sexual e reprodutiva. Resultados Esperados Espera-se com da concretização deste projeto de intervenção poder melhorar o acesso à informação da comunidade sobre saúde sexual e reprodutiva; facilitar o acesso aos métodos contraceptivos; além de promover a integração das equipes e a intersetorialidade, através das atividades nas escolas adstritas na comunidade em questão, bem como na própria unidade de saúde. Referências ALVES, E.D.; MUNIZ, M.C.V.; TELES, C.C.G.D. Estudos Sobre Gravidez na Adolescência: a Constatação de um Problema Social. UNOPAR Cient., Ciênc. Biol. Saúde. 2010;12(3):49-56. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde sexual e saúde reprodutiva. 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