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PERFIL-DO-PSICOTERAPEUTA

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1 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3 
2 PSICOTERAPEUTA .......................................................................... 5 
2.1 Características do psicoterapeuta ............................................... 6 
2.2 Estrutura básica da psicoterapia ................................................. 8 
3 EFETIVIDADE DA PSICOTERAPIA .................................................. 9 
4 O FUNCIONAMENTO DA PSICOTERAPIA .................................... 10 
5 FASES DE MUDANÇAS DO PACIENTE ......................................... 10 
6 FASES DA TERAPIA ....................................................................... 11 
7 MECANISMOS DE MUDANÇAS EM PSICOTERAPIA ................... 12 
8 EFEITOS DA PSICOTERAPIA ........................................................ 15 
9 TIPOS DE PSICOTERAPIA ............................................................. 16 
10 CLASSIFICAÇÕES SOB ASPECTOS FORMAIS ........................ 16 
11 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A PERSPECTIVA 
TEÓRICA.... ..................................................................................................... 17 
12 ABORDAGENS TRANSTEÓRICAS ............................................. 19 
13 PSICOTERAPIA POR COMPUTADOR ........................................ 20 
14 ARTIGO PARA REFLEXÃO... ...................................................... 21 
14.1 O que é ser um “bom” psicoterapeuta? .................................. 21 
15 BIBLIOGRAFIA ............................................................................. 37 
 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
A psicoterapia é um processo que envolve a relação humana, em que 
estão presentes sentimentos, crenças e valores de duas pessoas. A neutralidade 
(um dos critérios de exigência científica) não pode ser absoluta. Entretanto, cabe 
ao psicólogo saber manejar tais sentimentos inconscientes que possam interferir 
no bom andamento da psicoterapia, até para evitar uma possível interrupção. 
Nossa personalidade só se expressa na relação. Eu me reconheço a partir 
do outro. A construção da identidade só é feita na relação com o outro. Portanto, 
é na relação que a pessoa se trata. 
Atualmente, o foco na psicoterapia está voltado para a dupla terapêutica 
(paciente-terapeuta) e não apenas para as características somente do paciente. 
Estão em jogo as ansiedades, expectativas e o inconsciente da dupla. 
Na psicoterapia, Santiago (1995) aponta que a relação da dupla 
terapêutica é assimétrica. Isso significa que cada um da dupla tem funções 
diferentes. Neste momento o terapeuta sabe mais que o paciente. É ele quem 
delimita os honorários, horários, assim como é ele quem pode compreender o 
sofrimento do paciente. 
Quando o paciente toma a iniciativa de procurar ajuda por si só, esse já é 
um bom prognóstico. Supõe que a pessoa percebe que está sofrendo, não 
concorda com seus sintomas e tem o desejo de mudança. Este tipo de paciente 
é chamado de egodistônico. 
Em contrapartida, aquela pessoa que vem ao consultório, encaminhada 
por outros profissionais ou pelos pais, supõe-se que se trata de um paciente do 
tipo egosintônico. Isto é, ele não sente que está sofrendo, as queixa é o do outro. 
Nesse sentido o prognóstico já não é bom, pois não está disposto à mudança. 
É importar, enquanto terapeutas, nos atentarmos para os desejos, as 
necessidades e as expectativas nossas e as do paciente. Nem sempre elas 
coincidem. O desejo interno do tratamento não ocorre só por parte do paciente, 
mas também por parte do psicólogo. 
O terapeuta deve identificar as expectativas do paciente em relação à 
psicoterapia, à disponibilidade interna para se tratar, às fantasias e ansiedades 
durante o tratamento. Esses sentimentos são constantes o tempo todo. 
 
4 
 
Quanto ao paciente, este também tem suas expectativas, uma vez que 
buscou ajuda porque está sofrendo. Algumas expectativas estão relacionadas a 
algumas questões: será que o paciente vem buscar a solução mágica para seus 
problemas? Será que está disposto a ter uma postura ativa no tratamento, ou 
espera mais do psicólogo? 
No terapeuta, segundo Santiago (1995) as suas atitudes podem oscilar 
entre a onipotência e a impotência. O psicólogo, especialmente quando é 
iniciante, sente-se muitas vezes inseguro para atender determinado caso. 
 
Fonte: advancegestao.com.br 
Na prática da Psicoterapia espera-se do profissional o clássico tripé: 
embasamento teórico, análise pessoal e supervisão. 
O primeiro requisito trata-se da formação profissional. Serra (2004) sugere 
que o psicoterapeuta tenha um amplo conhecimento acerca de sua abordagem 
teórica, psicopatologia, desenvolvimento humano, além de conhecer áreas afins, 
como a psicofarmacologia, psiquiatria, dentre outras. Além disso, faz-se 
necessário também compreender como funciona a cultura e os hábitos de vida 
dos seus pacientes. 
O instrumento de trabalho do psicoterapeuta é seu inconsciente, sua 
própria personalidade. Portanto, sua mente precisa estar tratada. No processo 
de análise pessoal – que é o segundo requisito – ele passará pelas etapas 
psicossexuais do desenvolvimento descritas por Freud: fase oral, anal, fálica, 
genital, complexo de Édipo. Conforme afirma Jung (1985), no processo de 
 
5 
 
análise, o paciente irá se desenvolver até onde a mente do terapeuta estiver 
desenvolvida. 
Os conteúdos inconscientes do paciente e do terapeuta estão em jogo, 
claro que cada qual com sua função. Com isso, torna-se cada vez mais 
importante a análise pessoal do terapeuta, de modo que seus “pontos cegos” 
passem a se tornar claros. Vale o alerta de Keidann (2000): nem todos os 
terapeutas estão em condições de tratar todos os tipos de pacientes. O terapeuta 
precisa ter claro quais são suas limitações, pontos-cegos, enfim, suas 
dificuldades internas. Do contrário, poderá ocorrer a interrupção do tratamento. 
Finalizando o tripé, é de fundamental importância que o profissional 
realize supervisão dos seus casos clínicos com um profissional mais experiente, 
que lhe possibilitará um novo olhar para seu trabalho. 
Segundo Ribeiro (1988) a empatia também é considerada uma ferramenta 
importante. Trata-se da capacidade de colocar-se no lugar do outro, sendo 
sensível ao sofrimento, sem, entretanto, misturar-se com esse outro. É a 
flexibilidade de estar junto do outro, mantendo uma distância ótima, suficiente 
para ajudar e não sofrer como a pessoa. 
Outros requisitos valiosos constam no Código de Ética Profissional do 
Psicólogo (2005). São eles: a ética, o sigilo, a responsabilidade e o respeito ao 
ser humano. 
2 PSICOTERAPEUTA 
A psicoterapia (do grego psykhē - mente, e therapeuein - curar) é um tipo 
de terapia, cuja finalidade é tratar os problemas psicológicos, tais como 
depressão, ansiedade, dificuldades de relacionamento, entre outros problemas 
de saúde mental. É um processo dialético efetuado entre um profissional, o 
psicoterapeuta - que pode ser psicólogo ou psiquiatra -, e o cliente ou paciente. 
 
6 
 
 
Fonte: www.boreas.com.br 
Por ser uma da área da saúde mental, a psicoterapia é a principal linha 
de tratamento para qualquer assunto referente ao psiquismo. Para isso, propõem 
intervenções psicológicas, cujos objetivos centrais são: 
 Restabelecer o funcionamento psíquico ótimo do paciente; 
 Permitir que o paciente compreenda as causas do que lhe 
acomete, para que possa encontrar recursos psíquicos para lidar 
com suas dificuldades, problemas, etc.; 
 Desenvolver meios de agir no mundo, redefinindo seus traços de 
personalidade. 
 Solucionar problemas pontuais, que o afligem, bem como, observar 
questões de cunho mais existencial. 
2.1 Características do psicoterapeuta 
Como todas as formas de intervenção em psicologia clínica e medicina 
(psiquiatria), a psicoterapia: 
 É executada por profissionais licenciados,junto aos conselhos de 
Psicologia, para prover tratamentos aos distúrbios e transtornos 
mentais, melhorar o autoconhecimento, melhorar a convicção nas 
decisões do cotidiano, caminhar em busca da autonomia 
existencial, entre outras. As modalidades possíveis são: 
psicoterapia extensa, psicoterapia breve e aconselhamento 
 
7 
 
psicológico clínico. Outros profissionais podem prover apenas 
aconselhamento não clínico; 
 É comumente precedida de um psicodiagnóstico, sendo a definição 
do diagnóstico, apresentada em codificação internacional, sendo 
utilizada preferencialmente a CID-X da OMS, por se tratar de uma 
linguagem comum entre profissionais de saúde. Em situações de 
crise, como no luto ou na perda de um emprego, procede-se a uma 
entrevista inicial, que pode durar até no máximo três sessões, para 
que se verifique a demanda e a queixa do paciente; 
 É um tratamento efetuado em ambiente clínico através de 
consultas de 50 min (normalmente 1 x por semana), porém a 
gravidade do paciente pode determinar um número maior de 
sessões, tendo o profissional autoridade para isto; 
 Usa exames, testes e técnicas psicológicas para atingir o objetivo 
que varia desde a cura, passando pela diminuição do sofrimento 
(distresse, burn-out, crises de raiva, etc.), restabelecimento de uma 
capacidade perdida, até a compreensão de si mesmo. Neste caso, 
as técnicas e testes usados são determinados pela formação de 
origem do profissional - Medicina ou Psicologia -, lembrando que 
testes psicológicos são de uso exclusivo de Psicólogos, 
regulamentados por leis federais no Brasil, podendo o profissional 
não psicólogo, que os usar, sofrer processo por exercício ilegal da 
profissão. 
 Baseia-se no corpo teórico-científico da Ciências Psicológicas, que 
faz parte das neurociências; 
 É aplicado em um determinado contexto formal (individual, casal, 
grupal, individual com a presença de familiares, mediação de 
conflitos, de acordo com a indicação). 
Em linguagem técnica, o termo "psicologia" refere-se à ciência e 
"psicoterapia" ao uso clínico do conhecimento obtido por ela. Da mesma forma, 
costuma haver confusão entre os termos "psicoterapia" e "psicanálise", enquanto 
que a psicoterapia refere-se ao trabalho psicoterapêutico baseado no corpo 
teórico da ciência da psicologia como um todo, e a psicanálise refere-se 
 
8 
 
exclusivamente ao trabalho baseado nas teorias oriundas do trabalho 
de Sigmund Freud; "psicoterapia" é, assim, um termo mais abrangente, 
englobando todas as linhas teórico-científicas (com métodos e resultados) da 
Psicologia Moderna. 
2.2 Estrutura básica da psicoterapia 
 
Fonte: www.google.com.br 
Os vários tipos de psicoterapia, em todas as suas diferentes formas e 
métodos, possuem uma série de características em comum. Somente tendo em 
mente tais características, se pode compreender o funcionamento da 
psicoterapia em geral e as qualidades que definem cada uma das diferentes 
escolas. 
Orlinsky e Howard procuraram descrever a interação dinâmica dos 
diferentes fatores que influenciam a psicoterapia, independentemente da linha 
específica. Primeiramente as condições da terapia são organizadas por 
determinadas circunstâncias sociais que determinam, por um lado, a oferta de 
terapeutas, as instituições que oferecem terapia, o acesso (físico e financeiro) 
da população (estrutura do sistema de saúde), e, por outro, a formação dos 
psicoterapeutas e a aceitação de terapia por parte da população (fatores 
socioculturais). Sobre esse pano de fundo, filtrado pela presença de outras 
partes interessadas (pais, família, supervisores etc.), se desenrola então o 
processo terapêutico: entre o terapeuta e o paciente (em determinadas escolas 
chamado cliente), cada um dos quais possuindo determinadas características 
profissionais e de personalidade, se fecha um contrato terapêutico, que define 
 
9 
 
as regras do trabalho terapêutico para ambas as partes. Dois elementos, a 
técnica terapêutica e o relacionamento terapêutico, representam a base de 
trabalho e são ambas influenciadas por atributos tanto do terapeuta como do 
paciente. O trabalho técnico do terapeuta, por outro lado, só poderá dar frutos 
se o paciente mostrar abertura a esse trabalho. Os efeitos da terapia se 
apresentam em diferentes níveis, tanto em relação aos padrões de 
funcionamento do indivíduo quanto em relação a seus relacionamentos 
interpessoais. 
3 EFETIVIDADE DA PSICOTERAPIA 
 
Fonte: www.google.com.br 
A disciplina que se dedica ao estudo - desenvolvimento, avaliação, 
melhoramento, explicação teórica - da psicoterapia é a pesquisa 
psicoterapêutica (Psychotherapieforschung). A pesquisa empírica (ou seja, 
usando métodos científicos) sobre a psicoterapia começou nos anos 1950, 
depois de o psicólogo britânico Hans Eysenk (1952) ter afirmado que 
psicoterapia não tinha efeito nenhum, ou seja, que era melhor ficar em casa do 
que buscar um terapeuta. Essa afirmação de Eysenk, de que ele próprio mais 
tarde (1993) se distanciou, foi o impulso necessário, para que a busca de uma 
compreensão mais aprofundada do processo terapêutico começasse. 
A pesquisa dos efeitos da psicoterapia, baseada nos padrões da 
pesquisa farmacêutica, busca diferenciar o efeito da terapia em si, o efeito 
placebo, ou seja, a melhora nos sintomas devido à expectativa do paciente (e 
 
10 
 
não à terapia em si), e a remissão espontânea, ou seja, a cura dos sintomas por 
si sós. Uma resposta à questão do efeito da psicoterapia não se dá, no entanto, 
com apenas meia dúzia de estudos; pelo contrário, são necessários muitos 
deles, que são então reunidos em uma meta-análise, ou seja, um estudo que 
reúne e resume um grande número de estudos. Com base em várias meta 
análises pode-se afirmar hoje que a psicoterapia, pelo menos em suas formas 
tradicionais, é realmente efetiva - ou seja, tem efeitos mais fortes sobre a saúde 
psíquica do que o efeito placebo e a remissão espontânea. Cabe, no entanto 
observar com Klaus Grawe (1998) que a questão do efeito placebo se apresenta 
de maneira diferente em psicoterapia e em farmácia, pois enquanto nesta se 
trata de um efeito indesejável (se quer de fato que o medicamento funcione por 
si mesmo), em psicoterapia trata-se de um forte efeito psicológico, que deve ser 
compreendido e que pode ser utilizado como parte da própria terapia. 
4 O FUNCIONAMENTO DA PSICOTERAPIA 
Uma vez confirmado o efeito positivo da psicoterapia sobre a saúde 
mental dos pacientes, a pesquisa empírica começou a voltar a sua atenção a 
uma pergunta muito mais difícil de ser respondida: como, com que mecanismos, 
é que ela funciona? 
5 FASES DE MUDANÇAS DO PACIENTE 
O processo terapêutico começa, para o paciente, antes da terapia em si 
e termina somente muito depois de sua conclusão formal. Prochaska, 
DiClemente e Norcross (1992) propuseram um modelo em seis fases que 
descreve esse processo: 
 Fase "pré-contemplativa" (precontemplation stage): é a fase da 
despreocupação. O paciente não tem consciência de seu problema 
e não tem a intenção de modificar o seu comportamento - apesar 
de as pessoas a sua volta estarem cientes do problema. Nesta fase 
os pacientes só procuram terapia se obrigados; 
 
11 
 
 Fase "contemplativa" (contemplation stage): é a fase da tomada de 
consciência. O paciente se dá conta dos problemas existentes, 
mas não sabe ainda como reagir. Ele ainda não está preparado 
para uma terapia: está ainda pesando os prós e os contras; 
 Fase de preparação (preparation): é a fase da tomada de decisão. 
O paciente se decide pela terapia - nesta fase o meio social pode 
desempenhar um papel muito importante; 
 Fase da ação (action): o paciente investe - tempo, dinheiro, esforço 
- na mudança. É a fase do trabalho terapêutico propriamente dito; 
 Fase da manutenção (maintenance): é a fase imediatamente após 
o fim da terapia. O paciente investe na manutençãodos resultados 
obtidos por meio da terapia e introduz as mudanças no seu dia-a-
dia; 
 Fase da estabilidade (termination): é a fase da cura. Nesta fase o 
paciente solucionou o seu problema e o risco de uma recaída não 
é maior do que o risco de outras pessoa para esse transtorno 
específico. 
De acordo com o desenvolvimento do paciente através das diferentes 
fases se classificam quatro tipos de progressão: (1) o transcurso estável, em que 
o paciente se estagna em uma fase; (2) o transcurso progressivo, em que o 
paciente se movimenta de uma fase para a próxima; (3) o transcurso regressivo, 
em que o paciente se movimenta para uma fase em que já esteve, e (4) o 
transcurso circular (recycling), em que o paciente muda à direção do movimento 
pelo menos duas vezes. 
6 FASES DA TERAPIA 
A terapia em si se desenvolve em quatro fases consecutivas, cada qual 
com objetivos próprios: 
 Definição do diagnóstico, por médico ou psicólogo (Ambos têm 
habilitação para isto): decisão que define a prescrição terapêutica 
a ser desenvolvida (medicamentosa, exclusiva do psiquiatra no 
 
12 
 
Brasil, psicoterápica, ambos os profissionais, médico ou psicólogo, 
psicodiagnóstico, exclusivo do psicólogo no Brasil); 
 Estabelecimento de um contrato de trabalho verbal: Promoção de 
um relacionamento terapêutico e trabalho de clarificação do 
problema: a estruturação dos papéis (terapeuta e paciente), 
desenvolvimento de uma expectativa de sucesso, promoção do 
relacionamento entre paciente e terapeuta, transmissão de um 
modelo etiológico do problema; 
 Desenvolvimento do trabalho psicoterapêutico: no que se refere às 
abordagens teóricas: aquisição de novas competências (terapia 
cognitivo-comportamental), análise e experiência de padrões de 
relacionamento (psicanálise), reestruturação 
da autoimagem (terapia centrada na pessoa), mas é preciso 
observar que, particularmente, na Psicologia, existem as 
especialidades psicológicas, que se sobrepõem às abordagens, 
como Psicologia do Organizacional ou do Trabalho, Psicologia do 
Trânsito (inclui porte de armas), Psicologia Clínica, 
Neuropsicologia, Emergência e Urgência psicológicas (Ainda não 
reconhecida pelo CFP, mas plenamente operante no Brasil), 
Psicologia Hospitalar, etc.; 
 Avaliação: verificação do atingimento dos objetivos propostos, 
estabilização dos resultados alcançados, fim formal da terapia e da 
relação paciente-terapeuta. 
As decisões tomadas na fase 1 não devem necessariamente permanecer 
imutáveis até o fim da terapia. Pelo contrário, o terapeuta deve estar atento a 
mudanças no paciente, a fim de adaptar seu métodos e suas decisões de 
trabalho à situação do paciente, que nem sempre é clara no começo da terapia. 
A isso se dá o nome de indicação adaptável. 
7 MECANISMOS DE MUDANÇAS EM PSICOTERAPIA 
Vários autores se dedicaram à questão do funcionamento da psicoterapia: 
o que é que leva à mudança no paciente. 
 
13 
 
K. Grawe (2005) descreve cinco mecanismos básicos de 
mudança (Grundmechanismen der Veränderung) comuns a todas as escolas 
psicoterapêuticas: 
 Relacionamento terapêutico (therapeutische Beziehung): a 
qualidade do resultado de uma terapia é em grande parte 
influenciada pela qualidade do relacionamento entre o terapeuta e 
o paciente. 
 Ativação de recursos (Ressourcenaktivierung): a psicoterapia 
auxilia o paciente a mobilizar a força interna que ele possui para 
realizar a mudança necessária e estabilizá-la. 
 Atualização do problema (Problemaktualisierung): a psicoterapia 
expõe o paciente ao seu padrão normal de comportamento, como 
modo de tornar esses padrões conscientes e assim modificáveis. 
Exemplos são o trabalho com meios teatrais, como no psicodrama; 
os treinamentos de competências sociais, que podem ser contados 
como parte integrante da terapia comportamental; a técnica 
de focusing de Gendlin, e o trabalho com transferência e 
contratransferência, típico da psicanálise e de outras escolas 
psicodinâmicas; 
 Esclarecimento motivacional (Motivationale Klärung) 
ou Clarificação e transformação de interpretações (Klärung und 
Veränderung der Bedeutungen): a psicoterapia auxilia a 
clarificação de ambiguidades e obscuridades na experiência 
pessoal do paciente, ajudando-o a encontrar um sentido para 
aquilo que ele experiência. Exemplos são os métodos de 
clarificação típicos da terapia centrada no cliente e os métodos de 
reestruturação cognitiva da terapia cognitiva; 
 Competência na superação dos problemas (Problembewältigung): 
a psicoterapia capacita o paciente a adquirir a capacidade de 
adaptação à realidade psíquica e social, típico dos transtornos 
psíquicos. Exemplo típico de métodos que usam esse mecanismo 
de maneira explícita são os métodos de exposição, comuns 
à terapia comportamental; 
 
14 
 
Uma outra abordagem do problema oferecem Prochaska et al. (1992), ao 
descreverem dez processos de mudança diferentes. Tais processos são 
definidos como atividades e experiências pessoais que o paciente, de maneira 
direta ou indireta, realiza na tentativa de modificar seu comportamento 
problemático. 
Esses processos são: (1) Autoexploração ou autorreflexão (conscious 
raising), ou seja, o paciente procura se conhecer melhor, o que leva a uma 
(2) auto reavaliação, (3) autolibertação da convicção de que uma mudança não 
é possível, (4) contra condicionamento, ou seja, a substituição do 
comportamento problemático por outro, mais adequado, (5) controle dos 
estímulos, ou seja, o evitar ou combater estímulos que levam ao comportamento 
problemático, (6) Administração de reforços, ou seja, o paciente se dá uma 
recompensa cada vez em que se comporta da maneira desejada 
(ver condicionamento operante), (7) relacionamentos auxiliadores, ou seja, o 
paciente se abre à possibilidade de falar sobre seus problemas com uma pessoa 
de confiança (de maneira especial o terapeuta), (8) alívio emocional através da 
expressão de sentimentos em relação ao problema e as suas soluções, 
(9) reavaliação ambiental, ou seja, o paciente percebe como o seu problema 
provoca estresse não apenas para si mas também para as pessoas à sua volta, 
e (10) libertação social, ou seja, o paciente realiza gestos construtivos para seu 
ambiente social (família, amigos, sociedade em geral). 
Em seu modelo transteórico da psicoterapia Prochaska et al. (1992) unem 
os processos acima descritos a seu modelo das fases de mudança (ver acima): 
os diferentes processos estão intimamente às diferentes fases e determinados 
processos são completamente inócuos se realizados em uma fase inadequada. 
 
15 
 
8 EFEITOS DA PSICOTERAPIA 
 
Fonte: babyboomers.com.br 
Ainda sob um ponto de vista geral, ou seja, comum a todas as escolas 
psicoterapêuticas, os efeitos da psicoterapia podem ser analisados sob dois 
aspectos: 
 O aspecto processual, isto é, que se refere ao trabalho terapêutico 
em si. Aqui podem se observar os seguintes efeitos: o 
fortalecimento do relacionamento terapêutico, a intensificação da 
expectativa de sucesso do paciente, sensibilização do paciente a 
fatores que ameaçam sua estabilidade psíquica, um mais profundo 
conhecimento de si mesmo (autoexploração) e a possibilidade de 
novas experiências pessoais. 
 O aspecto final, isto, que se refere às consequências da terapia na 
vida do paciente. Aqui se diferenciam os micro efeitos dos macro 
efeitos. Os micro efeitos referem-se aos pequenos progressos que 
acontecem durante a terapia, entre as sessões: o paciente 
experiência novas situações, emoções, novas facetas de si, novas 
formas de comportamento. Já os macro efeitos dizem respeito às 
consequências em longo prazo e às mudanças mais profundas, 
relacionadas às estruturas mais centrais da personalidade e do 
funcionamento psíquico: a pessoa adquire novas posturas em 
relação a si mesma e aos demais, adquire novas capacidades e 
 
16 
 
competências. Sobretudo, umaterapia realizada com sucesso 
conduz a um aumento da auto eficácia (self-efficacy), ou seja, da 
convicção do paciente de ser capaz de lidar com os problemas que 
o faziam sofrer, que leva a um aumento da autoestima. Outros 
efeitos são ainda uma compreensão maior dos problemas que 
afligem o paciente e da história de vida, que conduziu a eles. 
Tanto os micro como os macro efeitos se podem dar em três níveis: (1) 
melhora do bem-estar, (2) modificação dos sintomas e (3) modificação da 
estrutura da personalidade. Mudanças na estrutura da personalidade só são 
possíveis depois de uma melhora do bem-estar e dos sintomas. 
9 TIPOS DE PSICOTERAPIA 
Apesar de terem tanto em comum, os diferentes tipos de psicoterapia se 
diferenciam na ênfase que dão em cada um desses aspectos comuns. Antes de 
serem concorrentes, os diferentes tipos de psicoterapia possibilitam uma maior 
adaptabilidade do tratamento às características individuais do paciente e podem 
ser classificados sob diversos pontos de vista: 
10 CLASSIFICAÇÕES SOB ASPECTOS FORMAIS 
De acordo com o número de pessoas: psicoterapia individual, de 
casal, familiar ou de grupo; 
 De acordo com a duração: terapias curtas (ca.6-15 sessões) e 
longas (até três ou mais anos); 
 De acordo com o setting (contexto): online ou pessoalmente; 
 De acordo com a delegação do "poder terapêutico": terapias 
diretivas (power to the terapist), em que o terapeuta trabalha com 
apenas um paciente; terapias de mediação (power to the mediator), 
em que o auxílio não é direcionado ao paciente diretamente, mas 
a pessoas relevantes para ele (pais, parceiro, etc.); grupos de auto-
ajuda (power to the person), em que pessoas os mesmos 
 
17 
 
problemas procuram juntas se ajudar mutuamente na superação 
do problema; 
 Alguns métodos têm por objetivo mudanças intrapessoais (nas 
funções psíquicas do indivíduo), outros têm por fim mudanças em 
sistemas interpessoais disfuncionais (pares, famílias, grupos de 
trabalho…); 
 De acordo com o fim da terapia: alguns tipos de psicoterapia têm 
por fim a superação de um 
problema(problembewältigungsorientiert), outras objetivam 
uma clarificação dos motivos e objetivos pessoais do paciente 
(motivational-klärungsorientiert) e por fim outras buscam enfatizar 
as ressources do paciente, dando atenção mais às partes 
saudáveis da pessoa. 
11 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM A PERSPECTIVA TEÓRICA 
 
 
Fonte: rodrezpsic.blogspot.com.br 
M. Perrez e U. Baumann (2004),[2] baseados em trabalhos anteriores, 
classificam quatro grande famílias psicoterapêuticas: 
 Psicoterapias psicodinâmicas: explicam os problemas psíquicos 
com base em conflitos inconscientes originados na infância e seu 
 
18 
 
objetivo é superação de tais conflitos. Para isso elas procuram 
compreender o presente a partir do passado e trabalham com 
métodos interpretativos. Objetos de interpretação podem ser 
as livres-associações, os fenômenos transferenciais, os atos 
falhos, os sonhos etc. 
Ver também psicanálise e analítica; ou ainda Sigmund Freud, Anna 
Freud, Melanie Klein, Lacan, Bion, Winnicott,Carl G. Jung, Alfred Adler, Erik 
Erikson 
 Psicoterapias cognitivo-comportamentais: explicam os transtornos 
mentais baseadas na história de aprendizado do indivíduo e nas 
interações dele com seu meio, e têm por objetivo o 
restabelecimento das competências do paciente de controlar seu 
comportamento e de influenciar suas emoções e percepções. 
Apesar de também ter um olho voltado para o passado, este grupo 
de terapias se concentra sobretudo no presente e trabalha com 
métodos como treinamentos, condicionamento 
operante, habituação, reestruturação cognitiva, o diálogo 
socrático, métodos psicofisiológicos, entre outros. 
 Ver também: Terapia cognitivo-comportamental; neurofeedback, 
ou ainda Aaron Beck. 
 Psicoterapias existencial-humanistas: Esse tipo de terapia parte do 
princípio de que todo ser humano possui em si uma força interna 
que, se não for impedida por influência externa, o conduz à sua 
plena realização. Elas explicam assim os transtornos psíquicos 
como fruto da incongruência entre a autoimagem e a experiência 
pessoal e buscam fomentar as forças de autorrealização 
(selfactualisation) do indivíduo. Esse grupo de terapias se 
concentra na experiência atual da pessoa e procuram métodos de 
trabalho que possibilitem ao cliente (como é chamado por elas a 
pessoa que busca a terapia) desenvolver-se de maneira 
congruente a suas necessidades. 
 Ver terapia centrada no cliente, gestaltoterapia, logoterapia ou 
ainda Carl Rogers, Fritz Perls, Viktor Frankl, Maslow, Rollo May 
 
19 
 
 Psicoterapias orientadas na comunicação: consideram os 
transtornos do comportamento como expressão de estruturas de 
comunicação disfuncionais e buscam uma reorganização de tais 
estruturas ou a formação de novas, mais construtivas. Também tais 
terapias preocupam-se sobretudo com a situação presente e 
trabalham com métodos que possam gerar novas formas de 
compreensão da realidade e de si mesmo. 
Ver psicoterapia sistêmica ou ainda Paul Watzlawick, escola de Milão 
(psicoterapia) 
Essa classificação, apesar de possibilitar uma visão geral da área da 
psicoterapia, é no entanto muito genérica para englobar todas as formas 
existentes, sobretudo porque muitas são formas híbridas, que juntam em si 
elementos de diferentes tendências. 
A página anexa Lista de psicoterapias oferece uma lista de diferentes 
tipos de psicoterapia e conduz aos respectivos artigos. 
12 ABORDAGENS TRANSTEÓRICAS 
Apesar de toda a complementariedade das diferentes escolas e linhas da 
psicoterapia - e apesar de muitos psicoterapeutas fazerem usos de ideias e 
técnicas de diferentes linhas - a relação entre elas está longe de ser amigável. 
As escolas psicodinâmicas e existencial-humanistas são muitas vezes atacadas 
por não serem suficientemente empiricamente fundamentadas enquanto as 
cognitivo-comportamentais são acusadas de serem mecânicas, cansativas e 
superficiais. A tentativa de proporcionar à prática psicoterapêutica uma base 
comum é feita por diferentes autores de diferentes maneiras: 
 Integração: é a busca de uma unificação da base teórica das 
diferentes escolas (Arkowitz, 1992). 
 Ecletismo: é uma posição mais prática. O objetivo é reunir os 
elementos efetivos das diferentes escolas, sem levar em conta 
possíveis diferenças teóricas. 
 A busca de variáveis transteóricas, que são os fatores comuns a 
todas as escolas, mas que recebem em cada uma delas um papel 
 
20 
 
mais ou menos central. Ver acima "Mecanismos de mudança em 
psicoterapia". 
 A busca de uma psicoterapia geral (allgemeine Psychotherapie, 
Grawe et al., 1997), que é a formação de uma estrutura teórica 
básica, que oferece uma possibilidade de localizar e descrever as 
diferentes escolas. 
 No curso de graduação de medicina, existe uma cadeira que 
estuda a contribuição da Psicologia nas doenças, e nos processos 
de recuperação da saúde, a qual dá-se o nome de Psicologia 
Médica. 
Ainda não existe uma teoria geral que abarque todas as formas de 
psicoterapia. A moderna psicoterapia é um sistema aberto que tem ainda muito 
a se desenvolver por meio da pesquisa científica. Um importante papel na 
pesquisa atual desempenham os tratamentos voltados para transtornos 
específicos e não terapias genéricas.[2] Exemplos de trabalhos transteóricos 
podem ser encontrados em diferentes novas abordagens de terceira geração 
países europeus, entre eles a Suíça. 
13 PSICOTERAPIA POR COMPUTADOR 
A Resolução CFP nº 012/2005 limita a psicoterapia por computador a 
experimentos de pesquisa gratuitos, sendo portanto uma prática profissional 
proibida ao psicólogo. Porém é permitido utilizar e-mails e outros recursos da 
internet de forma acessória ao tratamento, desde questões éticas como 
confidencialidade e autenticidade. É permitido a utilização de testes psicológicos 
virtuaisaprovados pelo CFP e serviços de orientação psicológica e afetivo-
sexual, orientação profissional, orientação de aprendizagem e escolar desde que 
adequadamente cadastrados, administrados por psicólogo regulamentado e 
fiscalizados pelo CFP conforme as resoluções profissionais. Esta resolução foi 
substituída por uma de 2012, que expande estes serviços para até 20 sessões 
de orientação psicológica on-line (Psico-educação), podendo-se incluir sessões 
de aconselhamento clínico, mas não de psicoterapia. Para tanto, o profissional 
de psicologia deve cadastrar seu site, junto ao CFP. 
 
21 
 
14 ARTIGO PARA REFLEXÃO... 
14.1 O que é ser um “bom” psicoterapeuta? 
Texto de Márcia Michele de Souza; Rita Petrarca Teixeira; 
Aletheia 2004 
 
RESUMO 
Este estudo teve por objetivo conhecer as percepções de psicoterapeutas 
e pacientes em psicoterapia psicanalítica acerca das características essenciais 
ao exercício da psicoterapia. Participaram da pesquisa cinco profissionais da 
área e cinco pacientes em tratamento nesta mesma abordagem teórica. O 
método utilizado para análise dos dados foi o qualitativo, de acordo com Bardin 
(1998). Os resultados apontam que o psicoterapeuta é visto como quem possui 
condições pessoais e técnicas que envolvem disponibilidade, capacidade de 
escuta e estudo teórico. Ser um bom psicoterapeuta envolve uma construção 
que se dá a partir de modelos de identificação, prática, estudo, supervisão e 
tratamento pessoal. Os pacientes percebem estas características de forma sutil, 
o que demonstram permanecendo em tratamento, principalmente quando o 
profissional lhes transmite confiança. 
Palavras-chave: Psicoterapia, Características do psicoterapeuta, 
Formação do psicoterapeuta. 
 
ABSTRACT 
The present study has the objective of learning the perceptions of 
psychotherapists and patients in psychoanalytic psychotherapy about the 
essential characteristics in the exercise of psychotherapy. Five of these 
professionals and five patients in treatment in this same theoretical approach 
participated in this research. The method used to analyze the data was the 
qualitative, according to Bardin (1998). The results point out that the 
psychotherapist is seen as someone that possesses personal and technical 
conditions, which involve availability, hearing capacity and theoretical study. To 
be a good psychotherapist involves a construction that happens throughout 
models of identification, practice, study, supervision and personal treatment. The 
 
22 
 
patients perceive these characteristics in a subtle way, and they demonstrate this 
by staying in treatment, especially when the professional transmits confidence to 
them. 
Key words: Psychotherapy, Psychotherapist’s characteristics, 
Psychotherapy training. 
 
 INTRODUÇÃO 
As psicoterapias podem ser identificadas como métodos de tratamento 
para os problemas emocionais. Estes métodos são utilizados por pessoas 
treinadas, que irão estabelecer uma relação profissional com aquele que busca 
ajuda, visando retirar ou modificar os sintomas que este apresenta, ou ainda 
prevenir que eles apareçam. Tem como propósito também, corrigir padrões 
disfuncionais de relacionamentos que estas pessoas construíram, bem como 
promover o crescimento e o desenvolvimento da personalidade (Wolberg citado 
por Cordioli, 1998). 
Abreu (1997) refere que a psicoterapia alcançou uma identidade muito 
clara, e que são exigidos certos requisitos para que seja reconhecida como uma 
intervenção psicoterapêutica profissional. Este mesmo autor menciona que a 
psicoterapia se desenvolveu ao longo destes anos, passando por períodos 
iniciais de estudo que evidenciaram a efetividade dos tratamentos 
psicoterápicos. 
Etchegoyen (1987) descreve os traços característicos que destacam a 
psicoterapia. Dentre estes traços estão o seu método, no qual a psicoterapia se 
dirige à psique através da comunicação, e o seu instrumento de comunicação, 
que é a linguagem verbal e a pré-verbal. Além disso, cita o marco da 
psicoterapia, ou seja, a relação interpessoal médico-paciente. E, finalmente, a 
finalidade da mesma, que é curar, pois todo o processo de comunicação que não 
tenha este propósito, não pode ser considerado psicoterapia. 
Existem diferentes tipos de psicoterapia que variam conforme as técnicas 
que utilizam, às teorias que se baseiam, aos seus objetivos, a freqüência das 
sessões e ao tempo de duração (Cordioli, 1998). Para Bloch (1999), qualquer 
psicoterapia tem a intenção de permitir que uma pessoa satisfaça suas 
necessidades de afeto e reconhecimento, bem como ajudá-la a corrigir atitudes, 
 
23 
 
emoções e comportamentos desadaptativos que a impedem de obter 
satisfações. 
Ainda para este autor, mesmo que todas psicoterapias tenham sua 
atenção voltada para os aspectos da vida pessoal, variam conforme sua ênfase, 
ou seja, são ordenadas conforme seu alvo primário, sua orientação temporal. 
Além disso, diferenciam-se na medida em que procuram mudar essencialmente 
pensamentos e atitudes, estados emocionais ou comportamentos. 
Tendo em vista que este estudo visa verificar as características 
necessárias para ser um bom psicoterapeuta de orientação psicanalítica, serão 
apontados os conceitos de psicoterapia relacionados à teoria psicanalítica. 
Conforme Goldstein (citado por Cordioli, 1998), na psicoterapia 
psicanalítica o paciente é orientado a expressar seus pensamentos, 
sentimentos, fantasias e sonhos, livremente, bem como as associações que lhe 
ocorrerem. No entanto, um pouco diferente do método psicanalítico, as 
associações livres do paciente são dirigidas pelo psicoterapeuta para questões-
chave da terapia. Não há utilização do divã, as sessões são menos freqüentes, 
há menos regressão e a transferência não se desenvolve com a mesma 
intensidade que na psicanálise. 
Segundo Pessanha (2000), o bom desempenho na profissão de 
psicoterapeutas exige destes profissionais qualidades definidas e específicas, e 
esta “vocação” deve estar alicerçada em conhecimento e exercida com talento. 
Abreu (1997) salienta que a pessoa do psicoterapeuta compõe uma 
importante variável que intermedia mudanças, sem depender tanto de uma 
determinada teoria ou de uma técnica específica. Por isso, a importância do 
psicoterapeuta tem sido mais estudada. 
Uma vez que a formação do psicoterapeuta de orientação psicanalítica 
está muita próxima daquela exigida pela psicanálise, algumas variáveis tidas 
como obrigatórias para o psicanalista serão também necessárias ao 
psicoterapeuta. 
A identidade de um analista é definida por um conjunto de conhecimentos 
e pelo desenvolvimento de vários atributos pessoais. Estes conhecimentos são 
adquiridos e desenvolvidos através do tratamento pessoal, da própria prática 
 
24 
 
clínica, da realização de cursos teóricos e seminários clínicos, de supervisões e 
reuniões científicas, como refere Leviski (citado por Outeiral, 1995). 
O mesmo autor menciona que na construção da identidade profissional, 
erros, ansiedades, angústias é dúvidas são uma constante neste processo 
evolutivo até que se alcance uma relativa tranquilidade interna. Aos poucos vai 
se descobrindo a gratificação e o sabor do que pode ser considerado um “certo 
dom”. 
Como precursor da psicanálise, Freud (1912/1980) já apontava questões 
relacionadas às qualidades necessárias ao analista para que este exerça sua 
profissão. Inicialmente descreve a técnica que alcançou através de sua própria 
experiência. Para este autor, o analista se defronta com a árdua tarefa de se 
lembrar de inúmeros nomes, datas e conteúdos de cada paciente no decurso de 
seus tratamentos, por isso aponta a técnica como forma de solucionar este 
problema. Cita que a mesma, consiste em não se fixar em algo específico no 
relato do paciente, mas sim em manter uma atenção uniformemente suspensa. 
Utilizando-se desta, o analista poupa seu esforço, pois caso contrário,se houver 
a concentração exagerada da atenção, haverá a seleção do material que lhe é 
apresentado. Ao fazer esta seleção, o analista estará seguindo suas 
expectativas ou inclinações, o que lhe impediria de descobrir além do que já 
sabe. 
Para este mesmo autor, para que a análise tenha eficácia, é necessário 
que o analista volte seu próprio inconsciente, como um órgão receptor, na 
direção do inconsciente do paciente (órgão transmissor). Assim como o paciente 
relata tudo o que sua auto-observação possa detectar, sem fazer seleções de 
conteúdos, o analista deve fazer uso de tudo que lhe é dito para fins de 
interpretação e identificar o material inconsciente oculto, não fazendo seleções. 
Para que isto ocorra o analista deverá utilizar o próprio inconsciente como 
instrumento de análise. 
Segundo Zimerman (1999) preparar-se teórica e tecnicamente não é 
suficiente para a eficácia de uma análise, pois mais do que esta necessária 
bagagem de conhecimentos (seminários, estudos continuados) e de uma 
competente habilidade (resultante de supervisões), o psicanalista precisa ter 
uma atitude psicanalítica que é composta pelos atributos naturais e os 
 
25 
 
desenvolvidos pela análise pessoal. Esta última consiste em o analista possuir 
as condições mínimas necessárias, postuladas por Bion (1992), para enfrentar 
as angústias e os imprevistos que podem ocorrer durante a análise, provindos 
do inconsciente do paciente e do próprio analista. 
Rocha (1995) aponta que para alguém se tornar um psicanalista, é 
necessário que antes tenha sido paciente. Com isso, pode-se inferir que a 
formação do psicanalista não se dá por uma vocação e, sim, por um processo 
de construção. 
Ainda sobre a importância da análise pessoal, Pessanha (2000) refere 
que os psicoterapeutas preparados pelo método psicanalítico, devem submeter-
se a mesma, pois através desta podem reconhecer e superar seus próprios 
problemas. Além disso, este trabalho confere ao profissional autoconhecimento 
indispensável para poder ver em seus pacientes aquilo que vê em si mesmo. 
Leviski (citado por Outeiral, 1995) refere que quanto mais profunda tenha 
sido a análise pessoal, maiores serão as possibilidades de o analista 
compreender os conteúdos mais remotos da mente do seu paciente. No entanto, 
para que isto ocorra, é necessário que este profissional tenha entrado em contato 
e elaborado os seus conteúdos conflituosos, pois se estes não forem resolvidos 
podem ser projetados inconscientemente sobre o paciente. 
Segundo Grinberg (1975), é aconselhável a análise pessoal 
periodicamente, sendo que o psicoterapeuta precisa tolerar uma sobrecarga 
imensa nas suas atividades. Mas, além da análise pessoal é necessário possuir 
outros requisitos, tais como: conhecimento, intuição, talento e empatia. 
Levisky (citado por Outeiral, 1995) coloca outros atributos desejáveis ao 
psicanalista. Dentre estes estão a curiosidade em relação às coisas e aos 
mistérios da mente, bem como o interesse, a necessidade e a sensibilidade em 
ir ao encontro do sofrimento psíquico do paciente. 
Zimerman (1995) baseado nas ideias de Bion descreve que as condições 
mínimas necessárias para uma análise eficaz são representadas por uma série 
de atributos do analista, e entre estes está a identidade analítica. A identidade 
analítica implica a capacidade que o analista tem de se manter basicamente o 
mesmo, apesar das pressões provindas de fora e de dentro dele. 
 
26 
 
Rocha (1995) menciona que neutralidade é uma suspensão dos valores 
morais do analista face à problemática do paciente. Sendo assim, o termo 
neutralidade é considerado uma afirmação de que o paciente não deve ser 
julgado pelo psicanalista, a partir de atributos ou de valores morais deste último, 
tendo em vista que o propósito da psicanálise não é voltado para a conduta ou 
o comportamento moral. 
Para Pessanha (2000) o psicoterapeuta deve ter paciência e tolerância, 
pois os benefícios de uma psicoterapia surgem após longo tempo de convívio e 
dependem muito do interesse do paciente. Para este autor os profissionais 
precisam ter capacidade para amar e suportar as agressões e os fracassos 
decorrentes do tratamento. O autor cita ainda, que o psicoterapeuta é alguém 
capaz de se dedicar ao paciente sem preocupar-se consigo mesmo, ou seja, 
sem desejos nos resultados. 
Goulart (2003) aponta a importância da criatividade mesclada com a 
técnica na prática psicanalítica. A verdade emerge entre o analista e o paciente, 
sendo que no momento em que ocorre a compreensão se produz uma mudança 
em ambos. Para que esta verdade possa aparecer, é necessário que a dupla 
tolere suas ignorâncias, abandone o supostamente já sabido e as 
preconcepções, o que foi chamado de capacidade negativa. 
O mesmo autor salienta que quando a criatividade surge no setting, é 
preciso que o analista faça uso da mesma, orientando suas interpretações com 
intuição e empatia, mas sem distanciar-se da técnica que lhe dá segurança. 
Reforça esta ideia referindo que uma sólida base teórica e técnica introjetadas, 
juntamente com uma análise pessoal bem sucedida, são pré requisitos na busca 
deste equilíbrio. 
Zimerman (1995) também se refere à capacidade negativa como 
possibilidade do analista conviver com as incertezas e dúvidas na experiência 
da situação analítica. Derivado do atributo de capacidade negativa, Bion (2000) 
enfatiza que no transcurso da sessão analítica, o analista deve permanecer em 
uma condição a qual denominou de sem memória, sem desejo e sem 
compreensão. Esta condição tem como finalidade que a mente do analista não 
fique saturada com a memória, os desejos e a necessidade de compreensão 
 
27 
 
imediata, para que os órgãos dos sentidos não predominem, possibilitando 
assim emergir a capacidade de intuição do analista. 
Seguindo a mesma premissa de Bion, Dallaroza (2001) expõe que se o 
profissional não puder tolerar o “não saber”, poderá usar da interpretação apenas 
para preencher espaços vazios, confabulando sobre o material incompreensível. 
Para que isto não ocorra, é necessária uma modificação na atitude interna do 
psicoterapeuta, ou seja, este deve privar-se dos órgãos dos sentidos, 
aumentando suas possibilidades de intuição. 
De acordo com Dallaroza (2001) a intuição é uma antecipação e um 
reconhecimento dos sentimentos que vão ocorrer no paciente. É a capacidade 
do terapeuta de ligar-se em fatos que não podem ser captados pelos órgãos dos 
sentidos. É a intuição que possibilita chegar à aproximação das verdades 
incognoscíveis. 
Conforme Bion (1992) a empatia é uma característica essencial sendo 
esta a capacidade que o psicanalista deve ter de se colocar no papel do paciente, 
entrar dentro dele e sentir junto dele o seu sofrimento. A empatia é resultante da 
capacidade do analista de poder utilizar as fortes cargas das identificações 
projetivas, como uma forma de comunicação primitiva do paciente. Destaca, 
também, a capacidade de ser continente, possuindo as condições de acolher as 
necessidades e as angústias do paciente, contendo-as dentro de si o tempo 
suficiente para decodificá-las e entendê-las, reconhecendo um significado e um 
nome para então devolvê-las ao paciente desintoxicadas e em forma de 
interpretação. 
A pessoa do psicoterapeuta é considerada por Wolberg (citado por 
Cardoso, 1985) a variável mais importante no processo terapêutico, pois sua 
personalidade e experiência atuam sobre os resultados. O terapeuta eficiente 
tem qualidades que transmitem ao paciente confiança, esperança, vontade e 
liberdade para responder. 
Além disso, para Wolberg (citado por Cardoso, 1985), o psicoterapeuta 
deve ser possuidor de uma compreensão empática e de confiança naquilo que 
faz. 
Fromm Reichmann (citado por Cardoso, 1985), resume os requisitos 
básicos que compõem a personalidade e aptidões pessoais do psicoterapeuta, 
 
28 
 
mencionando que o psicanalistaé alguém que deve saber escutar. A escuta que 
a autora se refere, é considerada por ela como uma arte que não se adquire sem 
a formação adequada que envolve autoconhecimento, estudo, prática e 
especialmente vida pessoal que contenha fontes de satisfação e segurança, 
para que o profissional não venha a usar o seu paciente como fonte de 
gratificações. 
 
MÉTODO 
Identificar as percepções de psicoterapeutas e pacientes acerca das 
características necessárias para ser um bom psicoterapeuta foi o problema 
proposto por este estudo. Em torno dele algumas questões norteadoras serviram 
para ampliar o conhecimento acerca da temática, sendo as seguintes: 
Quais as características que os profissionais percebem como essenciais 
para a formação do psicoterapeuta? 
Quais as características que profissionais e pacientes percebem como 
sendo essenciais para o psicoterapeuta ser um bom profissional? 
As características são inatas ou adquiridas pela formação? 
Profissionais e pacientes concordam acerca das características tidas 
como necessárias para ser um bom psicoterapeuta? 
Tomando a complexidade do objeto de estudo definido anteriormente, o 
estudo teve como método de pesquisa, o qualitativo, sendo que as verbalizações 
dos sujeitos foram analisadas a partir da análise de conteúdo sugerida por Bardin 
(1988). As descrições das verbalizações foram agrupadas em unidades de 
sentido, sendo estas reescritas em sínteses que formaram as categorias 
a posteriori. 
Participaram do estudo cinco psicoterapeutas de orientação psicanalítica 
(Grupo 1) e cinco pacientes desta mesma abordagem psicoterápica (Grupo 2). 
Cabe salientar que os integrantes do Grupo 2 não foram pacientes dos 
profissionais que compõem o Grupo 1. 
 
 
29 
 
 
Os psicoterapeutas entrevistados têm formação reconhecida pelos pares 
e os pacientes estão em tratamento há, no mínimo, 6 meses, com freqüência 
mínima semanal. Ambos os grupos foram contatados a partir dos critérios de 
indicação e acessibilidade. 
O instrumento utilizado foi uma entrevista semiestruturada específica para 
cada grupo. O roteiro utilizado para o Grupo 1 continha questões como ser 
psicoterapeuta, características necessárias para o profissional, modelos de 
identificação e sobre a relação com o paciente. O roteiro de entrevista utilizado 
com o Grupo 2 continha questões acerca do que seja psicoterapia, sobre as 
características importantes do psicoterapeuta e sobre a escolha em fazer 
psicoterapia. 
 
Devido a questões éticas, os sujeitos participantes do estudo receberam 
em duas vias, termo de consentimento livre e esclarecido, anterior ao início da 
entrevista, os quais assinaram. 
 
Apresentação dos resultados 
Através da análise de conteúdo, foi possível dividir as entrevistas em 
quatro categorias e quatro subcategorias, especificadas abaixo. 
Categoria 1 – Ser psicoterapeuta 
 
30 
 
1.1 – Ser psicoterapeuta na percepção do próprio psicoterapeuta 
1.2 – Ser psicoterapeuta na percepção do paciente 
Categoria 2 – Características de um bom psicoterapeuta 
2.1 – Características de um bom psicoterapeuta na percepção do próprio 
psicoterapeuta 
2.2 – Características de um bom psicoterapeuta na percepção do paciente 
Categoria 3 – Características inatas e construídas 
Categoria 4 – A percepção dos psicoterapeutas acerca do que pensam os 
seus pacientes 
Os profissionais depoentes foram identificados por T1, T2, T3, T4, T5 e 
os pacientes entrevistados por P6, P7, P8, P9 e P10. 
 
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 
O Grupo 1 define ser psicoterapeuta (subcategoria 1.1) como um 
profissional que se coloca em uma posição de ajuda, pois se dispõe a entender 
os processos psíquicos de uma pessoa para que assim possam pensar juntos 
(terapeuta/paciente) e transformar algumas coisas na vida desta pessoa que 
procura a ajuda. Sendo assim, o psicoterapeuta permite que o outro possa 
construir sua própria história. Para isso, é necessário que este profissional 
possua condições tanto pessoais como técnicas para exercer satisfatoriamente 
este papel. Além disso, é mencionado que o psicoterapeuta necessita estar 
disposto a receber coisas novas e ser alguém que goste e tenha um perfil para 
lidar com seres humanos, o que é percebido como algo delicado, necessitando, 
portanto, de muito estudo e treino. 
Um dos principais aspectos apontados pela bibliografia é a capacidade de 
escuta que o profissional deve ter. Tal capacidade de escuta é referida pelos 
profissionais como algo essencial no exercício da psicoterapia e está relacionada 
com a técnica do psicoterapeuta, por isso deve sempre estar sendo aperfeiçoada 
através do estudo, da prática e do próprio tratamento pessoal. Tal achado reforça 
a ideia de Fromm Reichmann (citado por Cardoso, 1985) que considera a escuta 
como uma arte que não se adquire sem um treinamento especial. Menciona que 
dentre outros fatores, o autoconhecimento proporciona ao psicoterapeuta a 
 
31 
 
possibilidade de escutar, fator observado também nas opiniões dos 
entrevistados (subcategoria 2.1). 
Já o que é ser psicoterapeuta para os pacientes (subcategoria 1.2) 
encontra-se a percepção da necessidade do profissional estudar muito e, além 
disso ser alguém que possua capacidade para lidar com o ser humano. Através 
das verbalizações dos pacientes, é possível inferir que esta capacidade de lidar 
com pessoas é muitas vezes percebida pelos pacientes como um “dom”, contudo 
Bucher (1989) referiu que o interesse pelo ser humano é a primeira característica 
essencial do psicoterapeuta. Este profissional deve possuir interesse em 
aprofundar-se no funcionamento dinâmico e dialético do ser humano. 
Pode-se observar que os conceitos oferecidos pelos pacientes não 
diferem muito dos mesmos dados pelos profissionais entrevistados, o que 
sugere que a percepção dos pacientes tem ligação com o que os psicoterapeutas 
pensam sobre si mesmos. Pode-se inferir que os psicoterapeutas transmitem 
para seus pacientes estas mesmas percepções sobre a identidade de ser 
psicoterapeuta. Além disso, o psicoterapeuta é visto pelos pacientes como 
alguém que se pode contar em todos os momentos, sendo muitas vezes 
idealizado, principalmente no início da psicoterapia. 
Segundo Pessanha (2000) o bom desempenho na profissão de 
psicoterapeuta exige destes profissionais qualidades definidas e específicas. A 
idealização do paciente pelo psicoterapeuta pode estar ligada à percepção 
destes profissionais sobre estas qualidades. As atribuições exigidas para o 
exercício da psicoterapia tais como capacidade de escuta, disponibilidade de 
ajuda, muito treino e estudo, possivelmente estão relacionadas a esta 
idealização, pois o psicoterapeuta pode sentir-se e ser, realmente, visto como 
alguém que se encontra disponível para ajudar a qualquer momento. Também 
pode ser percebido como “grandioso” e possuidor de um poder de cura e 
soluções mágicas. 
Conforme relato dos profissionais, pode-se observar uma série de 
características percebidas pelos mesmos como essenciais para o psicoterapeuta 
(subcategoria 2.1), já referidas pela literatura psicanalítica. Isto se evidencia nas 
verbalizações dos profissionais acerca de diversos atributos que os profissionais 
devem possuir, citados por Zimerman (1995) e Bion (1992). Dentre estes, 
 
32 
 
referem como principal a capacidade de continência, seguida pela necessidade 
de entrar no setting sem expectativas prontas em relação ao paciente, sem algo 
arquitetado e sem uma necessidade de compreensão imediata. 
Ainda acerca da subcategoria 2.1 foi possível identificar similaridades nas 
opiniões dos profissionais entrevistados, pois todos consideram o tratamento 
pessoal e a supervisão como fundamentais para a formação do psicoterapeuta. 
A análise pessoal é vista como um dos aspectos primordiais para se tornar um 
bom psicoterapeuta, visto que os profissionais consideram extremamente 
necessário o autoconhecimentopara o exercício desta profissão. E a supervisão 
é vista como essencial no processo de construção da identidade do 
psicoterapeuta. 
Em relação à questão do tratamento pessoal pode-se inferir que as 
percepções dos profissionais condizem com o que é visto na teoria na qual os 
autores referem que supervisão constante e o estudo da teoria e da técnica são 
fatores muito importantes, mas destacam o tratamento pessoal como um fator 
determinante neste processo de formação. Este aspecto encontra-se reforçado 
pelo exposto por Zimerman (1999) acerca da atitude psicanalítica composta 
pelos atributos naturais e pelos desenvolvidos na a análise pessoal. 
Os profissionais referem que para entender o paciente, e ajudá-lo, é 
necessário que possam se conhecer. Mencionam ainda que através do 
tratamento pessoal, o psicoterapeuta tem mais possibilidades de entendimento 
em relação ao paciente, bem como menos probabilidade de se misturar com as 
questões do mesmo, fato mencionado por Freud em 1912. Além disso, a questão 
do tratamento pessoal é vista pelos profissionais como constituinte da ética 
profissional. Se é transmitido para o paciente a necessidade dele se conhecer, 
é importante que esteja claro para o psicoterapeuta que esta é uma condição 
necessária a ele. 
Outro atributo mencionado por Zimerman (1999) é o respeito, no qual o 
profissional deve aceitar o paciente como de fato ele é e, portanto, aceitar o que 
este paciente traz. Através de suas verbalizações, os profissionais mencionam 
que é necessário que o psicoterapeuta respeite o tempo e os desejos do 
paciente, devendo ainda perceber no vínculo com o paciente o que pode ser 
conseguido na relação terapêutica com ele. 
 
33 
 
Os profissionais entrevistados referiram ainda como atributos a 
necessidade do psicoterapeuta reconhecer seus próprios limites; saber tolerar o 
não saber, bem como o que pode lidar e o que não pode. Pode-se deduzir que 
o reconhecimento destes limites pelo psicoterapeuta está relacionado com o 
autoconhecimento que este adquire através de seu tratamento pessoal, fator já 
referido anteriormente. Através do tratamento pessoal, o psicoterapeuta poderá 
conhecer seu próprio inconsciente e, portanto suas limitações, o que facilitará 
seu exercício. Conforme Bucher (1989) o autoconhecimento proporciona ao 
profissional em psicoterapia uma familiarização com suas questões 
inconscientes, bem como uma resolução ao menos aproximativa de seus 
conflitos, fatores importantes em sua formação. 
O Grupo 1 referiu a supervisão como o aspecto que proporciona 
reconhecer as questões implicadas na relação terapêutica, bem como suas 
limitações frente a esta relação, o que vai ao encontro com o que fora 
mencionado por Schlesinger (1981). Este cita como uma das principais funções 
da supervisão o desenvolvimento no psicoterapeuta supervisionando de uma 
capacidade em perceber suas dificuldades frente a seus pacientes. 
Dentro da categoria 2, pode-se observar que as percepções dos 
pacientes, em alguns momentos, se assemelha com as dos profissionais. No 
entanto, em determinados aspectos os pacientes percebem o psicoterapeuta de 
uma forma diferenciada. Os pacientes entrevistados estão extremamente 
preocupados com a experiência do psicoterapeuta, em termos de estudo e 
especialização. Cabe destacar ainda que os pacientes não diferem tão 
claramente o que é ser psicoterapeuta do que acreditam ser um bom 
psicoterapeuta, pois repetem as mesmas características nestas diferentes 
questões. 
Ao não diferenciarem estas características (subcategoria 2.2), pode-se 
inferir que os pacientes entrevistados demonstram que para o psicoterapeuta 
lhes transmitir credibilidade e confiança é necessário que saibam que o mesmo 
tem uma vasta experiência e muito estudo teórico. Sabe-se, contudo, que a 
teoria é algo muito importante, mas não garante por si só a formação do 
psicoterapeuta. 
 
34 
 
Nota-se aqui a diferença básica entre os psicoterapeutas e os pacientes 
sobre o que é ser um bom psicoterapeuta: para os pacientes a formação do 
psicoterapeuta está centrada no estudo teórico, enquanto que para os 
profissionais esta é apenas uma das partes que constituem esta construção. 
Os pacientes entrevistados concordam em um ponto no que se refere às 
características do psicoterapeuta: este deste transmitir segurança e confiança, 
fatores especificados, anteriormente. Neste sentido, relatam que este 
profissional deve ser alguém sério, competente, dedicado, honesto, sincero e 
que se possa contar em todos os momentos. 
No que se refere à categoria 3, foi possível conhecer se os 
psicoterapeutas percebem as características como sendo inatas ou 
desenvolvidas. Infere-se que grande parte dos psicoterapeutas acredita que para 
se tornar um bom psicoterapeuta é necessária uma construção, alicerçada por 
algumas características inatas que corroboram para isso. Esta construção se 
opera através do aperfeiçoamento teórico, supervisão e, principalmente do 
tratamento pessoal. Além disso, os modelos de identificação têm grande 
influência neste processo de aquisição dos atributos necessários ao bom 
psicoterapeuta. Estes modelos são os supervisores, os teóricos, enfim, pessoas 
significativas em seus processos de formação. Grinberg (1975) refere acerca dos 
supervisores, que estes podem ser internalizados como modelos na medida em 
que demonstram ao psicoterapeuta supervisionando sua maneira de abordar o 
material, bem como o modo que utilizam e aplicam a teoria. Os profissionais 
referem ainda que existem algumas características inatas que contribuem para 
que se possa adquirir as demais. Dentre estas citam uma personalidade 
adequada, condições egóicas e, até mesmo, certa, predisposição para esta 
escolha profissional. 
Levisky (citado por Outeiral, 1995) descreve algo muito semelhante ao 
que os entrevistados trouxeram em relação a esta construção da identidade do 
psicoterapeuta. Este autor salienta que a mesma é desenvolvida por atributos 
pessoais já característicos do psicoterapeuta, bem como por conhecimentos 
adquiridos pela análise pessoal, pela prática clínica, pela realização de cursos, 
seminários e supervisões. 
 
35 
 
Através da categoria 4, foi possível observar se os profissionais acreditam 
que seus pacientes percebem as características que lhes proporcionam a 
condição de bom psicoterapeuta. Conforme os psicoterapeutas é exatamente 
esta percepção que faz o paciente permanecer em tratamento. Mencionam ainda 
que esta percepção e a continuidade no tratamento se dá a partir da empatia, ou 
seja, o paciente sente quando está sendo compreendido pelo psicoterapeuta, o 
que é extremamente importante, especialmente no início do tratamento, para o 
estabelecimento do vínculo terapêutico. No entanto, esta percepção é sutil e nem 
sempre é consciente. O pensamento dos profissionais encontra eco nas palavras 
de Bion (1992). Conforme este autor, a capacidade empática é essencial ao 
psicanalista e se, ao contrário, o analista tomasse uma atitude apática, não se 
manteria sintonizado com o paciente, o que poderia transformar o tratamento em 
algo monótono ou até mesmo sem continuidade. 
Possivelmente, a empatia é vista pelos profissionais como a característica 
mais percebida pelos pacientes. Por isso entende-se que outras características 
estejam interligadas, tais como a capacidade de continência. Além disso, estas 
duas características estão relacionadas com a análise pessoal percebida como 
essencial pela bibliografia pesquisada. Através do autoconhecimento e da 
experiência de ter sido paciente, o psicoterapeuta tem mais possibilidades de se 
colocar no lugar do mesmo. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Em relação ao que é ser psicoterapeuta conclui-se que este profissional 
é alguém que deve estar preparado teórica e tecnicamente, e além disso, deve 
estar em constante aperfeiçoamento. Esta preparação é percebida como, 
extremamente,importante na medida em que o psicoterapeuta é um profissional 
que se dispõe a ocupar uma posição de ajuda frente a seus pacientes. E estando 
neste lugar de quem oferece esta ajuda a outras pessoas, o psicoterapeuta deve 
estar ciente da responsabilidade que abrange esta profissão, bem como estar 
preparado para lidar com o mundo interno de seus pacientes. Para tanto, é 
exigido deste profissional características peculiares e determinantes no exercício 
da psicoterapia. 
 
36 
 
Os questionamentos acerca destas características é uma preocupação 
antiga. Precursores da psicanálise como Freud e Bion já mencionavam os 
atributos referentes ao psicoterapeuta colocados também nos relatos dos 
profissionais entrevistados, tais como a capacidade de ser continente, a empatia 
e a conscientização de que é necessário realizar tratamento pessoal e 
supervisão. Entende-se que para ser um “bom” psicoterapeuta estes atributos 
devem estar internalizados e serem observados e refletidos ao longo da vida 
profissional. 
Para os psicoterapeutas, as qualidades necessárias para ser um bom 
profissional podem ser desenvolvidas, desde que se tenha uma personalidade 
adequada, com boas condições de ego, e acima de tudo pela vontade em 
trabalhar com seres humanos. Ter este desejo em conhecer a dinâmica da 
personalidade humana, bem como os fenômenos psíquicos, é um fator 
determinante visto como um grande potencial para desenvolver as demais 
características. Estas podem ser desenvolvidas durante a construção da 
identidade psicoterapêutica, que se dá através de muito estudo, treino, prática, 
supervisão, análise pessoal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
15 BIBLIOGRAFIA 
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