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102 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV Unidade IV 7 DOENÇAS OCUPACIONAIS 7.1 Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair) A Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair) é uma doença irreversível que está diretamente ligada às condições de trabalho e que está prevalente em todo o mundo. Essa patologia afeta não apenas as condições físicas do trabalhador, mas também as psicológicas e sociais. A Pair pode ser desencadeada por diversos fatores relacionados ao ambiente do trabalho, como a presença de ruídos, vibrações ou exposição a agentes contaminantes químicos ambientais, mas também a fatores de risco do próprio trabalhador, como o tabagismo e o uso de determinados medicamentos. Esses fatores podem não apenas desencadear o processo patológico, como também potencializar seus efeitos quando expostos a esses agentes. Em 1996, foi publicado o Guia Prático para Prevenção de Perda Auditiva Ocupacional, sendo utilizado então o termo “perda auditiva ocupacional”, pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH – National Institute for Occupational Safety and Health), agência federal dos Estados Unidos que é responsável pelas recomendações para a prevenção de lesões e doenças relacionadas ao trabalho. Esse guia, segundo Fiorini e Nascimento (2001), incorpora a perda auditiva induzida por ruído e vibrações e aquelas que são provocadas por exposições a solventes aromáticos, metais e outros produtos asfixiantes. A Perda Auditiva Induzida por Ruído (Pair), como já dito anteriormente, é aquela que foi provocada pela exposição por tempo prolongado ao ruído, sendo caracterizada por uma perda do tipo neurossensorial, que geralmente é bilateral, irreversível e progressiva com o tempo de exposição ao ruído. Seu código dentro da Classificação Internacional de Doenças (CID10) é a H83.3. Podemos ter como sinônimo da Pair as seguintes denominações (BRASIL, 2006b): • Perda auditiva por exposição ao ruído no trabalho. • Perda auditiva ocupacional. • Surdez ocupacional. 103 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO • Disacusia ocupacional. • Perda auditiva induzida por níveis elevados de pressão sonora. • Perda auditiva induzida por ruído ocupacional. • Perda auditiva neurossensorial por exposição continuada a níveis elevados de pressão sonora de origem ocupacional. No Brasil, são escassos os dados epidemiológicos sobre a perda auditiva em trabalhadores e, quando são encontrados, referem-se a um determinado ramo de atividade, o que não torna fidedignos os dados encontrados. A Pair pode ser considerada um dos agravos mais comuns à saúde do trabalhador, mas por não conhecermos os dados de prevalência, não conseguimos estimar a população atingida. Dessa maneira, é importante que a notificação desse agravo seja realizada por todas as instituições de saúde para que o dimensionamento real desta doença seja conhecido, possibilitando ações de promoção e de prevenção, bem como da assistência necessária quando já instalada. O ruído faz parte do nosso cotidiano. Em 1992, durante a Conferência da Terra (Eco 92), foi endossada a Agenda 21, que tem como objetivo central ser um programa de ação mundial para a promoção do desenvolvimento sustentável segundo a qual deve haver uma modificação de conceitos e práticas referentes ao desenvolvimento econômico e social. No documento, o ruído foi identificado como a terceira maior causa de poluição ambiental, atrás apenas da poluição da água e do ar. Pelos estudos apresentados na Eco 92, em torno de 110 milhões de pessoas no mundo estão expostas a níveis de ruído que podem provocar lesões e agravos no ser humano. É importante ressaltar que a exposição ao ruído está inserida na nossa vida desde cedo, durante o desenvolvimento do ser humano desde a gestação e, por ser considerada normal, é encarada como algo natural e, portanto, muitas vezes, inofensiva. Segundo Silva (2002), no ambiente de trabalho, esse ruído poderá se tornar perigoso, seja pela sua intensidade e/ou pelo tempo de exposição, sempre associados com efeitos que poderão ser potencialmente combinados a outros agentes de risco, como a exposição a produtos químicos e a vibrações. Além dos ruídos, outros fatores químicos e ambientais podem causar perdas auditivas, como é o caso da exposição constante a solventes. Essa perda auditiva poderá ter maior ou menor efeito, de acordo com a exposição do trabalhador de maneira aguda ou crônica, intermitente, e o nível de intensidade da exposição (BRASIL, 2006b). A Pair, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006b), é o agravo mais frequente à saúde dos trabalhadores, em especial, nos ramos da siderurgia, metalurgia, gráfica, indústrias têxtil, de papel e de papelão, além de vidrarias. 104 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV A exposição ao ruído pode levar a uma lesão temporária ou definitiva, dependendo da forma como acontece a exposição, se de forma súbita e muito intensa ou de maneira contínua e crônica. De acordo com a Norma Regulamentadora nº 15 (NR 15), são estabelecidos os seguintes limites de exposição a ruído contínuo: Tabela 4 – Limites de Tolerância (LTs) para ruído contínuo ou intermitente (NR 15) Nível de ruído dB(A) Máxima exposição diária permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 30 minutos 94 2 horas 95 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Fonte: Brasil (1978d, p. 3). Já para o ruído de impacto, o limite de tolerância será de 130 dB. 7.1.1 Efeitos auditivos da exposição ao ruído A deficiência auditiva provocada pela exposição continuada a ruído pode provocar diversas limitações auditivas funcionais, alterações da sensibilidade auditiva, alterações de seletividade de frequência, alterações de resoluções temporal e espacial, além do zumbido. A alteração de resolução temporal acontece quando uma lesão já instalada provoca dificuldades na discriminação auditiva, que significa que o indivíduo terá um aumento no tempo mínimo requerido para resolver um efeito sonoro, provocando uma limitação no indivíduo portador de Pair em reconhecer sons. 105 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO O trabalhador portador de Pair tem uma redução na faixa dinâmica entre o limiar auditivo e o limiar de desconforto, provocando um aumento do que é definido como recrutamento (fenômeno de crescimento rápido e anormal da sensação de intensidade sonora). O efeito auditivo mais comum e relatado pelos trabalhadores é o zumbido, que provoca muito incomodo. Além desses clássicos, a dificuldade de compreensão da fala também pode ser considerada um efeito auditivo, pois o padrão de fala se altera de acordo com o grau da perda auditiva. 7.1.2 Efeitos não auditivos da exposição ao ruído Além dos sintomas auditivos frequentes, como a perda auditiva, dificuldade e compreensão de fala, zumbido e intolerância a sons intensos, o trabalhador pode ainda apresentar cefaleia, tontura, insônia, alterações circulatórias, irritabilidade e problemas digestivos. Para uma melhor compreensão desses sintomas, a avaliação do estresse comofator desencadeante é de extrema importância. Por si só, o estresse não pode ser considerado uma doença. No entanto, a forma como cada indivíduo reage a uma situação de estresse, de acordo com o ambiente em que este esteja inserido, sobrecarregando ou excedendo os recursos disponíveis do trabalhador, é que pode ameaçar o seu bem-estar. Observação Podem ser considerados fatores estressores: sobrecarga quantitativa do trabalho delegado à pessoa, ou a pressão sobre o tempo em que deve ser desenvolvida aquela atividade; sobrecarga qualitativa, com variações da qualidade e quantidade da atividade laborativa, ou conteúdos que exigem muito esforço físico e intelectual, ou mesmo pouca oportunidade do trabalhador na interação social; ausência de controle sobre o ambiente de trabalho, bem como da própria instituição contratante; ausência de suporte social dentro do próprio ambiente de trabalho e de familiares. Com a exposição a esses fatores de risco, efeitos não auditivos podem surgir no trabalhador. Alguns dos fatores que mais sofrem interferência são aqueles ligados à comunicação. O trabalhador acometido pela Pair pode ter dificuldades com percepção de sons ambientais, como dificuldade para ouvir alarmes, sons domésticos e compreensão da fala em grandes ambientes, e passa a necessitar aumentar o som de aparelhos sonoros, como rádio e TV. Além dessas dificuldades, o trabalhador passa a perceber maior dificuldade imediata de comunicação com outras pessoas. Com esses fatores, é possível o surgimento dos seguintes efeitos: • Aumento do esforço para manter a atenção e concentração na realização de tarefas e, consequentemente, maior fadiga. 106 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV • Aumento da ansiedade causada por irritação e aborrecimentos ocasionados pelos zumbidos, intolerância a lugares ruidosos e, consequentemente, diminuição da interação social pela percepção da deterioração de sua audição. • Dificuldades nas relações sociais e familiares pelas confusões ocasionadas principalmente pela incompreensão de sua dificuldade de comunicação. • Autoimagem negativa, por se identificar como uma pessoa surda ou incapaz. Para uma avaliação adequada do trabalhador acometido por Pair, a figura a seguir descreve como deve ser o atendimento e o encaminhamento do paciente. Sim Sim Perda auditiva induzida por ruído Paciente com sintomas sugestivos de Pair ou exposto a ruídos no local de trabalho Anamnese e investigação da exposição a ruído e exame físico com otoscopia. Encaminhar para otorrinolaringologista Encaminhar para serviço especializado para avaliação médica e audiológica Tratamento e reabilitação Encaminhar para o Centro de Referência Vigilância do ambiente de trabalho Notificar Sinam Acompanhamento clínico Realizar ações de controle e prevenção. Reavaliação Paciente possui exame audiométrico prévio (até 1 ano)? Investigação diagnóstica sugere Pair? É possível o médico realizar o diagnóstico com a história do paciente + exame audiométrico disponível? Há sintomas auditivos? Há evidências de exposição a ruído no trabalho? Não Não Não Sim Não Sim Notificação, reabilitação e investigação. Atenção Básica ou Local de Atendimento Média e/ou Alta Complexidade Inconclusivo Figura 9 – Atendimento para perda auditiva induzida por ruído 107 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO O mais fundamental para o trabalhador acometido por Pair, após a notificação de seu caso, é o acompanhamento da progressão auditiva, pois a doença não incapacita para o trabalho, mas pode levar a limitações na realização de tarefas. Prevenção Nos ambientes de trabalho, o ruído sempre estará presente e, dessa maneira, é essencial que a empresa tenha como objetivo ações preventivas para minimizar os danos que possam ser causados pela exposição inadequada. A empresa deve desenvolver ações de observação do processo produtivo para que possam ser identificados quais são os locais ou pontos de maior risco para o trabalhador. Após a identificação desses locais, é importante uma avaliação de qual será ou é o perfil do trabalhador que está potencialmente exposto: idade e número de trabalhadores daquele ambiente, qual é o tipo de ruído (contínuo ou intermitente ou de impacto), quais são as características da função e quais são os horários de maior produção que podem exacerbar os fatores de risco. Assim, as empresas devem ter suas atividades de acordo com as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, além de possuírem de um programa de Prevenção de Riscos Ambientais, que deve seguir as orientações da NR 9, segundo a qual após a identificação e a quantificação desses riscos, há o direcionamento das ações pelo Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (NR 7), que então é responsável pela avaliação dos trabalhadores. De acordo com Fiorini e Nascimento (2001), para o gerenciamento do risco ruído, deve ser seguido o seguinte programa: • Designação de responsabilidade: momento de atribuição de responsabilidades para cada membro da equipe envolvido. • Avaliação, gerenciamento e controle dos riscos: etapa na qual, a partir do conhecimento da situação de risco, são estabelecidas as metas a serem atingidas. • Gerenciamento audiométrico: estabelece os procedimentos de avaliação audiológica e seguimento do trabalhador exposto ao ruído. • Proteção auditiva: análise para escolha do tipo mais adequado de proteção auditiva individual para o trabalhador. • Treinamento e programas educacionais: desenvolvimento de estratégias educacionais e divulgação dos resultados de cada etapa do programa. • Auditoria do programa de controle: garante a contínua avaliação da eficácia das medidas adotadas. O controle da Pair estará sempre associado ao do ruído, pois as medidas de controle devem estar presentes na exposição da fonte, na trajetória e no indivíduo, além de medidas organizacionais, como redução de jornada, estabelecimento de pausas e mudança de função. 108 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV Para que todas essas ações organizacionais tenham sucesso, ações educativas junto aos trabalhadores, devem ser constantes para que estes possam compreender a dimensão do problema e de que maneira este pode ser evitado e controlado. A informação deverá ser a melhor forma de prevenção para que o trabalhador, ao ser sensibilizado pela necessidade de acompanhamento e de qual a potencialidade do ruído em causar um dano, possa buscar orientações especializadas em Centros de Referência de Saúde do Trabalhador. 7.2 Dermatoses ocupacionais Apesar de avaliação difícil e complexa de sua prevalência, as dermatoses ocupacionais também representam uma parcela considerável das doenças ocupacionais. Essa dificuldade acontece porque muitos casos não chegam aos ambulatórios médicos de especialidade, sendo tratados dentro do próprio ambulatório da empresa e, quando isso não é possível, ainda há uma parcela de autotratamento pelo próprio trabalhador. Essas dermatoses, quando causadas dentro do ambiente de trabalho, por exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, são responsáveis por sinais e sintomas, como: desconforto, dor, prurido, queimação e, em situações mais extremas, levam a eventos psicossomáticos que podem, inclusive, acarretar a perda do posto de trabalho. Lembrete Como dito anteriormente,o ambiente de trabalho interfere diretamente na saúde do trabalhador, pela falta, principalmente, de qualidade no ambiente de trabalho. As instituições buscam sempre alta produtividade e melhora contínua na qualidade do seu produto, muitas vezes sem identificar quais são as necessidades ideais para esse processo produtivo, como um bom dimensionamento de pessoal e a disponibilidade de recursos materiais e de equipamentos que favoreçam a ergonomia nesse ambiente laboral. Quando o trabalhador é exposto a condições que exigem superação de seus limites, como a alta intensidade de ritmo de trabalho, pressão para aumento de produtividade e impedimento de autocontrole de suas atividades, a possibilidade de aparecimento de agravos ligados à sua atividade aumenta proporcionalmente a essas condições insalubres. As dermatoses ocupacionais podem ser definidas, de acordo com Ali (2001), como toda alteração das mucosas, pele e de seus anexos que seja direta ou indiretamente causada, condicionada, mantida ou agravada por agentes presentes na atividade ocupacional ou no ambiente de trabalho. As causas das dermatites ocupacionais estão relacionadas a fatores definidos como causas indiretas ou predisposição, como idade, sexo, etnia, clima, antecedentes pessoais ou outras doenças dermatológicas já existentes e as condições de trabalho. 109 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO As outras causas das dermatites são aquelas consideradas causas diretas, ou seja, a exposição a agentes químicos, físicos e biológicos. No caso dos agentes biológicos, incluem a exposição direta à bactérias, vírus, fungos, leveduras e insetos. Os agentes físicos que mais favorecem o aparecimento das dermatoses são a exposição ao calor, frio, eletricidade e a radiações não ionizantes. No caso dos agentes químicos, eles são divididos em duas categorias: os irritantes – cimento, solvente, óleos, detergentes, ácidos e álcalis – e os alérgenos – aditivos de borracha, níquel, cromo e cobalto, resinas e os produtos tópicos que são utilizados no tratamento das dermatoses. Dermatites de contato por irritantes – CID10 – L24 As dermatites de contato por irritantes podem aparecer em qualquer trabalhador exposto ao contato de substância irritante, levando em consideração qual a concentração e o tempo de exposição e qual foi a periodicidade dessa exposição. Essas dermatites surgem com a exposição a substâncias que, após contato com a pele, irão produzir uma resposta inflamatória de imediato. A gravidade e a complicação da dermatite dependerão da toxicidade, do tempo de contato e da concentração do agente químico. É importante também avaliar quais equipamentos de proteção individual estavam sendo usados no momento da exposição, bem como se o seu uso estava sendo feito de maneira adequada. Quadro 6 – Principais aspectos clínicos das principais dermatites de contato Tipo Característica Dermatite irritativa de contato (DIC) Ressecamento da pele na área de contato. Descamação com ou sem eritema. Pode evoluir com fissuras e sangramentos. É importante salientar que o processo irritativo irá depender do agente causal. Dermatite irritativa forte de contato (DIFC) Surge ulceração na área de contato com posterior necrose. Ardor, queimação e dor são sintomas presentes. O contato com ácidos e álcalis fortes são os principais agentes responsáveis. Outro agente importante é a queda de massa de cimento ou concreto dentro da bota, calçado ou luva. Dermatite Alérgica de Contato (DAC) Presença de eritema, edema, vesiculação e prurido. Ao se cronificar, verifica-se a formação de crostas serosas às vezes com infecção secundária, às vezes com liquenificação (espessamento da pele). Fonte: Brasil (2006a, p. 27). 110 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV As principais dermatites de contato causadas por irritantes, de acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a) e suas classificações pelo CID10, são: • Dermatite de contato por irritantes devido a detergentes – L24.0. • Dermatite de contato por irritantes devido a óleos e gorduras – L24.1. • Dermatite de contato por irritantes devido a solventes: cetonas, ciclohexano, compostos de cloro, ésteres, glicol, hidrocarbonetos – L24.2. • Dermatite de contato por irritantes devido a cosméticos – L24.3. • Dermatite de contato por irritantes devido a drogas em contato com a pele – L24.4. • Dermatite de contato por irritantes devido a outros produtos químicos: arsênio, berílio, bromo, cromo, cimento, flúor, fósforo, inseticidas – L24.5. • Dermatite de contato por irritantes devido a alimentos em contato com a pele – L24.6. • Dermatite de contato devido a plantas, exceto alimentos – L24.7. • Dermatite de contato por irritantes devido a outros agentes químicos corantes – L24.8. Dermatites alérgicas de contato – CID10 – L23 As dermatites alérgicas são causadas após uma reação imunológica na qual a substância é capaz de penetrar a pele e estimular o sistema imunológico do indivíduo, causando uma sensibilização e levando à produção de células do tipo linfócitos T, que então irão produzir uma resposta inflamatória. Essas dermatites têm praticamente sua remissão total do quadro quando o indivíduo se afasta do alérgeno causador, porém, uma vez causada no trabalhador uma sensibilidade latente, sempre que ele for exposto ao mesmo alérgeno, uma nova manifestação da doença irá ser causada. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a), as principais dermatites alérgicas de contato, de acordo com o CID10, são: • Dermatite alérgica de contato devido a metais – L23.0. • Dermatite alérgica de contato devido a adesivos – L23.1. • Dermatite alérgica de contato devido a cosméticos (fabricação/manipulação) – L23.2. • Dermatite alérgica de contato devido a drogas em contato com a pele – L23.3. • Dermatite alérgica de contato devido a corantes – L23.4. • Dermatite alérgica de contato devido a outros produtos químicos – L23.5. 111 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO • Dermatite alérgica de contato devido a alimentos em contato com a pele (fabricação/ manipulação) – L23.6. • Dermatite alérgica de contato devido a plantas (não inclui plantas usadas como alimentos) – L23.7. • Dermatite alérgica de contato devido a outros agentes (causa externa especificada) – L23.8. Dermatite de contato por fotossensibilização As dermatites de contato por fotossensibilização também são conhecidas como fotodermatoses ou fotodermites ou ainda lúcides. Essas fotodermadoses compreendem as reações anormais da pele causadas pela exposição à luz ultravioleta ou pelo espectro visível da luz. Trabalhadores em várias áreas podem ser afetados pelas fotodermatoses quando são expostos por quatro ou mais horas a esse agente, e sempre se negligenciarem a utilização correta de proteção adequada. As profissões mais afetadas pela ação da luz ultravioleta, segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2006a), são: agricultores; hortifrutigranjeiros; pescadores; marinheiros; jardineiros; trabalhadores em conservação de estradas; trabalhadores na construção civil; estafetas (entregadores de correspondências – carteiros); salva-vidas; trabalhadores em plataformas submarinas; trabalhadores em serviços de manutenção externa; telefonia, eletricidade e outros que trabalham em serviços externos; boias-frias; soldadores (soldagem elétrica); soldadores com arco voltaico; operadores com agentes germicidas comultravioleta; e laser ultravioleta, entre outros. Outras dermatoses ocupacionais Ulceração As úlceras são lesões que alteram imediatamente a composição da pele após a exposição ao agente. Elas podem ser provocadas por agentes ácidos ou álcalis fortes, que geram lesões agudas e crônicas. Urticária de contato A urticária tem como característica ser uma lesão provocada por uma reação alérgica ao agente causador. O portador apresenta o aparecimento de pequenas pápulas edematosas chamadas urticas e que têm como forte característica o prurido (coceira). Os principais tipos de urticárias são causados por exposição ocupacional a agrotóxicos e outros produtos químicos, exposição ao frio e ao calor e a agentes químicos, físicos e biológicos que afetam diretamente a pele. Discromias As discromias são todas as alterações de cor da pele, mucosas e anexos, condicionadas, mantidas ou agravadas por agentes presentes na atividade ocupacional. Dependendo do agente causador, essas alterações poderão levar a uma baixa pigmentação da pele (hipocromia) ou à alta pigmentação da pele (hipercromia). 112 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV Melanodermia São lesões hiperpigmentadas da pele causadas pelo aumento da melanina. No caso dessa patologia associada ao trabalho, destacam-se aquelas causadas pela exposição a agentes químicos e físicos. Dentre os agentes físicos mais comuns, encontram-se: queimaduras térmicas, exposição à luz ultravioleta artificial e natural (luz solar). Já os agentes químicos mais comuns são: hidrocarbonetos derivados do petróleo, como alcatrão, hulha, asfalto, betume, parafina, piche, coaltar, creosoto, breu, óleos de corte, antraceno e dibenzoantraceno. Outros agentes importantes que podem causar este tipo de lesão são: arsênio e seus compostos, clorobenzeno e diclorobenzeno, bismuto, citostáticos, compostos nitrogenados, dinitrofenol, nafóis adicionados a corantes, parafenilenodiamina e seus derivados, quinino e derivados, sais de ouro e de prata. Leucodermia ocupacional A leucodermia ou o leucoderma é a hipopigmentação da pele causada por exposição a agentes físicos e químicos. Entre os agentes físicos estão as queimaduras térmicas e as radiações ionizantes. Já entre os agentes químicos destacam-se os alquifenóis, o monobenziléter de hidroquinona – utilizado na indústria de borracha – e a hidroquinona – utilizada nas indústrias de pinturas, plásticos e inseticidas. As figuras a seguir descrevem como devem ser realizadas as ações de prevenção para as dermatoses ocupacionais e as ações de prevenção das dermatoses causadas por agentes químicos, respectivamente. Conceito de prevenção: avaliar previamente o ambiente de trabalho e propor medidas que evitem danos à integridade física dos trabalhadores que exercem atividades em ambientes com riscos. Prevenção secundária Prevenção primária Prevenção terciária • Detectar precocemente agravos à pele do trabalhador. • Neutralizar ou minimizar os riscos • Inspecionar periodicamente os locais de trabalho • Tratar precocemente. • Diagnóstico clínico. • Exames de laboratórios, testes epicutâneos, tratamento e cura. • Cura com sequelas, cronificação. • Reabilitação para a mesma atividade. • Em caso de alergia severa, reabilitação para outra atividade. • Ambiente de trabalho com instalações adequadas e seguras. • Estrutura sanitária de fácil acesso e que permita boa higiene pessoal. • Restaurante com alimentação apropriada para o clima e a atividade exercida. • Centro de treinamento e orientação sobre riscos específicos e sua prevenção. • Orientação sobre doenças gerais, diabetes, tuberculose, hipertensão, Aids, estresse. • Males sociais: tabagismo, alcoolismo, drogas psicotrópicas. • Normas de higiene, imunizações e outros. Figura 10 – Prevenção das dermatoses ocupacionais 113 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO A substância é perigosa para a pele? Condições seguras de trabalho. Pode ser substituída por substância similar compatível tecnicamente Substituir. É possível instituir medida de proteção coletiva para esta substância? Instituir as medidas adequadas. Mudança no processo de produção suprime o risco de exposição? Mudar o processo. É possível o uso de EPI eficaz no manuseio com essa substância? Abandonar o uso da substância. Utilizar o EPI adequado. Sim Sim Sim Sim Sim Não Não Não Não Não Figura 11 – Prevenção das dermatoses ocupacionais por agentes químicos 7.3 Câncer ocupacional Quando se fala em câncer ocupacional, deve-se entender como sendo o câncer que está relacionado com o trabalhador ter ficado exposto ao longo da sua atividade laboral a agentes cancerígenos que estavam presentes em seu ambiente de trabalho, sendo que ele pode se manifestar no trabalhador mesmo após ele ter deixado de ficar exposto ao agente. Portanto, o câncer ocupacional deve possuir uma relação direta com as condições do ambiente de trabalho em que o trabalhador desenvolvia as suas atividades. O Ministério da Saúde reconhece onze tipos de câncer que estão relacionados à exposição ocupacional (CID 10, grupo II – neoplasias relacionadas com o trabalho), onde tem-se câncer no estômago, de fígado, do pâncreas, nas vias respiratórias superiores e inferiores, nos ossos e cartilagens articulares dos membros, na pele, no sangue, na bexiga e o conhecido como mesotelioma, que acomete revestimentos internos de certas partes do corpo. Os principais agentes cancerígenos relacionados são: radiações ionizantes e ultravioleta, campos eletromagnéticos, agrotóxicos clorados, asbesto, arsênico, berílio, benzeno, cádmio, cromo, fumos metálicos, níquel, hidrocarbonetos aromáticos, poeiras orgânicas, sílica, entre outros. 114 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV O câncer ocupacional é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como sendo uma das doenças mais importantes relacionadas ao trabalho. Os agentes químicos devem ser uma das principais preocupações na questão da prevenção, devendo ser conhecidos quais estão presentes nos ambientes de trabalho, qualificados e quantificados, monitorados quando for o caso. No entanto, como sempre, a informação é uma das principais armas da prevenção e, portanto, deve ser uma preocupação constante, com rotulagens e informações claras que conscientizem os trabalhadores e também orientações sobre a forma correta como se deve proceder para evitar a contaminação e exposição a esses agentes, prevenindo que os trabalhadores fiquem expostos e sofram as consequências dessa exposição/contaminação. Esse é um desafio constante, pois muitos produtos químicos utilizados nos processos de fabricação e manufatura não possuem informações claras e suficientes para que ações adequadas possam ser tomadas e garantam a proteção adequada à saúde do trabalhador. Para isso, deve-se ser minucioso na análise dos agentes químicos presentes nos ambientes de trabalho, nos produtos e componentes utilizados nas linhas de produção, principalmente novos produtos/substâncias, que muitas vezes não possuem ainda informações suficientes. Lembrando que muitos problemas à saúde ocorrem após longos períodos de exposição. Um exemplo foi o uso do óleo ascarel (PCB), muito utilizado como isolante em transformadores e outros equipamentos elétricos devido a suas características físico-químicas desde a década de 1920, nos Estados Unidos (o principalfabricante mundial era a Monsanto). Após serem descobertos os riscos para o ser humano (década de 1970), passou a ser monitorado e posteriormente proibido de fabricação e comercialização, sendo que aqui no Brasil essa proibição se deu em 1981. No entanto, muitos equipamentos que se encontram em operação ou estão sucateados continuam armazenando este produto em seu interior, gerando grandes riscos de contaminação ao meio ambiente e às pessoas que ficarem expostas a ele. Os PCBs possuem um grande potencial de contaminação de alimentos, gerando uma biomagnificação, aumentando sua concentração na cadeia alimentar e chegando a contaminar o ser humano. Já para os trabalhadores que, de alguma forma, executarão atividades com produtos que contenham PCBs, é necessário executar procedimentos com cuidados especiais para evitar o contato direto com o produto. Infelizmente, no Brasil, não há um inventário sobre quantidade e localização de todo produto estocado, sendo que há alguns casos de comercialização no mercado negro do produto que se encontrava estocado em empresas, instalações ou equipamentos sucateados, voltando ao mercado ou, muitas vezes, sendo descartado indevidamente, intencionalmente ou por vazamentos, contaminando o meio ambiente. 115 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO Figura 12 – Óleo ascarel (20 toneladas) encontrado pelo Ibama no porto do Rio Grande (RS) Figura 13 – Sucata supostamente contaminada por ascarel que seria leiloada em Brasília em 2012 Em 2011, no 4º Encontro Técnico Anual da Associação dos Engenheiros da Cetesb – Asec, estimou-se que o Brasil tem cerca de 200 mil toneladas de resíduos de ascarel e apenas 1% desse total é tratado adequadamente a cada ano. Esse é apenas um dos exemplos de produtos cancerígenos já bem conhecidos que se deve monitorar, sendo que anualmente milhares de novos produtos químicos chegam às indústrias sem que haja o conhecimento pleno dos riscos que todos eles oferecem ao ser humano e ao meio ambiente. Dessa forma, o desafio para a SST é enorme e constante. Na segurança, melhor pecar pelo excesso de cuidado do que pela falta dele. Saiba mais O Ministério do Meio Ambiente fez um estudo em que propõe um Plano Nacional de Gerenciamento e Eliminação de PCBs para atender à Convenção de Estocolmo. Esse documento pode ser acessado em: BRASIL. Estudo sobre as Bifenilas Policloradas: proposta para atendimento à “Convenção de Estocolmo”, Anexo A – Parte II. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, [s.d.]. Disponível em: <http://www.mma.gov. br/estruturas/sqa_prorisc_upml/_arquivos/estudo_sobre_as_bifenilas_ policloradas_82.pdf>. Acesso em: 8 fev. 2016. 116 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV No quadro a seguir são apresentados os principais agentes químicos carcinógenos ocupacionais: Quadro 7 – Agentes químicos carcinógenos ocupacionais Grupo 1 – Carcinógenos para seres humanos Órgão-alvo em seres humanos Principais usos Arsênico e seus compostos Pulmões, pele Indústria do vidro, metais e pesticidas Cromo IV e seus compostos Pulmões, cavidade nasal, pele Eletrodeposição de metais, corantes, indústria do couro, cimento e outros Coaltar, piche, fuligem Pulmões, pele, bexiga Conservante de madeiras, construção de estradas Óleo mineral impuro Pele Lubrificantes usados ou reciclados Óleo de baleia Pele Combustível, lubrificante Pó de algumas madeiras Cavidade nasal Indústria madeireira, carpintaria, marcenaria, indústria moveleira Grupo 2 A – Carcinógenos prováveis para seres humanos Órgão-alvo em seres humanos Principais usos Creosoto Pele Indústria de plásticos, têxteis, borracha, componentes elétricos, preservativo de madeiras. Fonte: Brasil (2006a, p. 51-52). 7.3.1 Câncer de pele Esse tipo de câncer representa um quarto, ou seja, 25% dos casos de câncer no Brasil. Por sorte, ele apresenta um alto potencial de cura quando é detectado precocemente. O câncer de pele divide-se em dois tipos básicos, sendo o primeiro o não melanoma, que compreende o carcinoma basocelular ou epidemoide, e o melanoma. O primeiro, não melanoma, é o mais frequente, representando praticamente 20% dos novos casos de câncer, mas apresenta altos índices de cura e também uma das mais baixas taxas de mortalidade. Ele acomete mais frequentemente a cabeça e o pescoço por ficarem mais frequentemente expostos ao sol (radiação ultravioleta). Já o melanoma, que é mais raro, representando em torno de 5% dos casos de câncer de pele, é muito grave por se multiplicar rapidamente (metástase) e, por isso, possui uma alta letalidade. Assim, atividades que necessitam que o trabalhador fique exposto ao sol devem ser acompanhadas, tendo o uso de protetores solares, óculos, chapéu, vestimentas adequadas etc. como aliados quando não forem possíveis medidas coletivas que evitem a exposição desses trabalhadores. No entanto, não somente o sol é responsável por esse tipo de câncer, sendo que, novamente, teremos que nos preocupar com a exposição e o contato com agentes químicos que têm esse potencial de dano à saúde do trabalhador. 117 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO Como podemos observar na tabela a seguir, a letalidade do melanoma é muito alta e, mesmo com uma frequência baixa, deve-se investir na prevenção. Tabela 5 – Estimativas de câncer de pele no Brasil Dados apresentados pelo Instituto nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Não melanoma Melanoma Homens Mulheres Total Homens Mulheres Total Estimativas de novos casos - 2016 80.850 94.910 175.760 3.000 2.670 5.670 Número de mortes - 2013 1.020 782 1.802 910 649 1.559 Infelizmente, no Brasil, as campanhas de prevenção ao câncer de pele têm baixa eficiência devido a hábitos culturais e estéticos. As pessoas buscam se expor ao sol para obter um corpo bronzeado, como indicação de saúde e beleza, sendo que, na realidade, a cor está indicando que a pele ficou exposta a um excesso de radiação e, portanto, reagiu, alterando sua cor. Também há a realidade de um grande número de trabalhadores do comércio informal que passam o dia expostos ao sol. Outro fator que atrapalha a prevenção é o custo dos protetores solares, que faz com que quem os compra busque economizar no seu uso e na frequência do seu uso, tornando-o ineficaz na sua proteção. Assim, a informação e a conscientização tornam-se, novamente, as principais aliadas para se combater esse risco, pois ele não está presente somente nos ambientes de trabalho, mas também na rotina familiar, de lazer etc. Saiba mais Veja as recomendações do Inca, do Ministério da Saúde, a respeito da prevenção do câncer de pele: BRASIL. Prevenção do câncer da pele. Revista Brasileira de Cancerologia, Brasília, v. 49, n. 4, p. 203, 2003. Disponível em: <http://www.inca.gov.br/ rbc/n_49/v04/pdf/norma1.pdf>. Acesso em: 8 fev. 2016. Quadro 8 – Fatores de risco para câncer de pele não melanoma Agente Arsênio, alcatrão, creosoto, fuligem, luz solar, hidrocarbonetos policíclicos, óleo mineral, ortoarsenicais, radiação ultravioleta, drogas antineoplásicas, radiação ionizante. Ocupação Guia de montanhismo, mineiro, canteiro, ocupação ao ar livre, pedreiro, soldador, vendedor, trabalhador rural, salva-vidas, agentes de saúde, pescador, guarda de trânsito. Atividade econômica Construção civil, gaseificação de carvão, pesca, produção de coque, trabalho rural, refinaria de petróleo. Fonte: Brasil (2012a, p. 49). 118Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV Quadro 9 – Fatores de risco para câncer de pele melanoma Agente Campo eletromagnético, radiação ultravioleta, sol. Ocupação Piloto de avião, farmacêutico, químico, operador de telefone, mineiro, canteiro, serralheiro elétrico, instalador telefone/ telégrafo. Atividade econômica Indústria de produtos minerais não metálicos, indústria têxtil. Fonte: Brasil (2012a, p. 49). 7.3.2 Câncer de pulmão Entre os tumores malignos, é o mais comum, sendo que ele apresenta um incremento de 2% por ano nos casos em nível mundial. Esse tipo de câncer está fortemente ligado ao consumo de tabaco (90% dos casos), sendo que, no ano de 2012, registrou-se 1,82 milhão de casos no mundo, tendo uma média de sobrevida em 5 anos de 13% a 21 % em países desenvolvidos e de 7% a 10% nos demais. Esse tipo de câncer se tornou, no último século, uma das principais causas de morte que pode ser evitada. Pode-se verificar, na tabela a seguir, que no Brasil há mais de 27 mil casos diagnosticados por ano com uma estimativa de serem ultrapassados os 28 mil casos em 2016. Tabela 6 – Estimativas de câncer de pulmão no Brasil Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Câncer de Pulmão Homens % Mulheres % Total Estimativas de novos casos - 2016 17.330 61% 10.890 39% 28.220 Número de mortes - 2013 14.811 60% 9.675 40% 24.490 Estatisticamente, sabe-se que os fumantes têm de vinte a trinta vezes mais risco de ter câncer de pulmão, mas outros fatores também podem contribuir para se desenvolver esse tipo de câncer, sendo a exposição ao cigarro de outros fumantes, ou fumo passivo, a exposição ao asbesto e a hereditariedade os mais comuns. Em relação ao tabagismo, a legislação vem buscando proteger os não fumantes, restringindo os locais onde se pode fumar e investindo em campanhas que oferecem um bom auxílio para a redução do tabagismo, mas ainda estamos longe de vencer essa guerra. Portanto, as campanhas devem ser constantes. Quanto à exposição a agentes químicos nos ambientes de trabalho, com a correta identificação, podem-se criar as barreiras de proteção adequadas e, com os exames médicos, fazer o controle adequado para se garantir a proteção da saúde do trabalhador. 119 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO Quadro 10 – Fatores de risco para câncer de pulmão Agente Asbesto, arsênico, asfalto, alcatrão, ácido inorgânico forte, acrilonitrila, berílio e compostos, bisclorometil-éter, clorometilmeti- éter, cádmio, chumbo, cloreto de vinil, cromo, DDT, drogas antineoplásicas, emissão de forno de coque, emissão de gases combustíveis, fuligem, fumos químicos, gases (amônia, óxido de nitrogênio, dióxido de cloro e enxofre), HPA, inseticidas não arsenicais, manganês, níquel, sílica livre cristalina. Poeiras: de carvão, madeira, rocha/quartzo e de cimento, radônio, sílica, urânio, radiação ionizante. Ocupação Bombeiro hidráulico, encanador, eletricista, mecânico de automóvel, mineiro, pintor, soldador, trabalho com isolamento, trabalho em navios e docas, trabalho na conservação do couro, soprador de vidro, limpeza e manutenção, mecânico. Atividade econômica Construção, cortume, fundição de metais: cobre, ferro e aço; indústrias: alumínio, borracha, cimento e gesso, gráfica e de papel, têxtil, metalúrgica, de metal pesado, indústria nuclear, de eletroeletrônicos, de aeronaves e de aparelhos médicos, de vidro; produção de fertilizantes, coque e negro de fumo, mineração, trabalho rural; fábrica de baterias, produção de pigmentos. Fonte: Brasil (2012a, p. 51). 7.3.3 Mesotelioma de pleura e peritônio Esse tipo de câncer afeta os tecidos de revestimento (mesotélio), como a pleura, que recobre os pulmões, sendo o mais frequente (81% dos casos), seguido do peritônio, que recobre os órgãos do abdômen, representando 15% dos casos, e, por último, o do pericárdio, que envolve o coração e representa apenas 4% dos casos. Trata-se de um câncer grave, pois leva ao óbito 4 entre 5 pacientes nos doze primeiros meses. Ele está relacionado, na maioria dos casos, à atividade ocupacional, sendo a exposição ao asbesto a causa mais frequente (de 70% a 95% dos casos), sendo que as barreiras de proteção que visam eliminar a exposição a esse agente são o método mais eficaz de combatê-lo. Quadro 11 – Fatores de risco para mesotelioma de pleura e peritônio Agente Asbesto/amianto Ocupação Borracheiro, maquinista, mecânico, pintor, torneiro mecânico Atividade econômica Construção civil e construção naval; indústrias: equipamentos ferroviários, têxtil, química, não metálica e de pedras, papel e madeira; manufatura de produtos de fricção Fonte: Brasil (2012a, p. 53). 7.3.4 Câncer de bexiga Esse tipo de câncer possui três subtipos diferentes, sendo que a diferenciação se dá pelo tipo de célula de revestimento da bexiga que está afetada. 120 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV O carcinoma de células de transição é o mais frequente e se localiza nas células mais internas deste órgão. O carcinoma de células escamosas se dá nas células delgadas e planas e, geralmente, está associado a casos de irritação prolongada ou infecções de bexiga. Por último, tem-se o adenocarcinoma, que acomete as células glandulares ou de secreção e costuma estar associado a longos períodos de inflamação ou irritação da bexiga. O Ministério da Saúde relaciona esse tipo de câncer à exposição ocupacional ao HPA (PAH 2-naftilamina, 4-aminobifenil e benzidine). Também está relacionado com exposição a substâncias como aminas aromáticas e seus derivados, agrotóxicos, alcatrão, benzeno, betume, fumos metálicos, hulha mineral, parafina, emissão de fornos de coque e outros. Tabela 7 – Estimativas de câncer de bexiga no Brasil Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Câncer de Bexiga Homens % Mulheres % Total Estimativas de novos casos - 2016 7.200 74% 2.470 26% 9.670 Número de mortes - 2013 2.542 70% 1.099 30% 3.642 Novamente, a melhor forma de combate é a prevenção, evitando a exposição do trabalhador aos agentes agressores. Quadro 12 – Fatores de risco para câncer de bexiga Agente Aminas aromáticas, azocorantes, benzeno, benzidina, cromo/cromatos, fumo e poeira de metais, agrotóxico, hidrocarboneto policíclico aromático, óleos, petróleo, droga antineoplásica, tintas, 2-naftalina, 4-aminobifenil. Ocupação Cabeleireiro, maquinistas, mineiro, metalúrgico, motorista de caminhão e de locomotiva, pintor, trabalhador de ferrovias, trabalho no forno de coque, tecelão. Atividade econômica Agricultura, construção, fundição, extração de óleos e gorduras animais e vegetais, sapatos, têxtil, manufatura de eletroeletrônicos, mineração, siderurgia; indústria de: alimentos, alumínio, borracha e plásticos, sintéticos, tinturas, corantes, couro, gráfica, de metais, petróleo, química e farmacêutica, tabaco; cabeleireiros e barbeiros. Fonte: Brasil (2012a, p. 54). 7.3.5 Câncer de cavidade nasal, sinonasal, nasofaringe, orofaringe e laringe Esses tipos de câncer possuem baixa taxa de ocorrência, sendo que, na maioria dos casos, estão relacionados à exposição a agentes ocupacionais, como radiação ionizante, poeiras orgânicas, asbesto, entre outros, e sendo a proteção contra a exposição a esses agentes a melhor forma de prevenção desse tipo de câncer. Segundo o Inca, no Brasil,o câncer de laringe é o mais frequente a acometer a região da cabeça e pescoço, sendo 25% dos casos de tumores malignos nesta região, mas representando apenas 2% entre 121 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO as doenças malignas. Na tabela a seguir apresentam-se os números entre homens e mulheres, bem como os óbitos decorrentes deste tipo de câncer. Tabela 8 – Estimativas de câncer de laringe no Brasil Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Câncer de Laringe Homens % Mulheres % Total Estimativas de novos casos - 2016 6.360 87% 990 13% 7.350 Número de mortes - 2013 3.636 88% 506 12% 4.141 Quadro 13 – Fatores de risco para câncer de cavidades nasais e seios paranasais Agente Cromo, níquel, óleo de corte, poeira de madeira, poeira de couro, poeiras de cimento, de cereais, têxtil e couro, amianto, formaldeído, radiação ionizante, organoclorados, níquel e seus compostos. Ocupação Carpinteiros e marceneiros, forneiros (em geral, da indústria química, de coque e de gás), mineiros, pedreiros, sapateiros, encanador, mecânico de automóvel. Atividade econômica Fundição de níquel, indústria: da madeira, produção de álcool isopropílico, couro e calçado, têxtil, papel e petróleo, serraria e marcenaria, oficina mecânica, fundição, agricultura. Fonte: Brasil (2012a, p. 56). Quadro 14 – Fatores de risco para câncer da cavidade oral, da faringe e da laringe Agente Óleo de corte, amianto, poeira de madeira, poeira de couro, poeiras de cimento, de cereais, têxtil e couro, amianto, formaldeído, sílica, fuligem de carvão, solventes orgânicos e agrotóxico. Ocupação Cabeleireiro, carpinteiro, encanador, instalador de carpete, moldador e modelador de vidro, oleiro, açougueiro e barbeiro, mineiro e canteiro, pintor, mecânico de automóveis. Atividade econômica Agricultura e criação de animais; indústrias: têxtil, couro, metalúrgica, borracha, construção civil, oficina mecânica, fundição, mineração de carvão. Fonte: Brasil (2012a, p. 56). 7.3.6 Câncer hematológico Leucemia Trata-se de uma doença maligna que afeta os leucócitos (glóbulos brancos), sendo que a sua característica fundamental é apresentar um acúmulo de células jovens anormais que passam a substituir as células sanguíneas normais na medula óssea. 122 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV Para questões ocupacionais, a sua prevenção está associada à eliminação da exposição a agentes, como radiações ionizantes, campos eletromagnéticos, agrotóxicos clorados, benzeno, tabagismo, entre outros. Tabela 9 – Estimativas de leucemia no Brasil Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Leucemia Homens % Mulheres % Total Estimativas de novos casos - 2016 5.540 55% 4.530 45% 10.070 Número de mortes - 2013 3.439 54% 2.877 46% 6.316 Quadro 15 – Fatores de risco para leucemias e mielodisplasias Agente Acrilonitrila, compostos halogenados, aminas aromáticas, drogas antineoplásicas, tricloroetileno, butadieno, óxido de metais, radiação, benzeno, solventes, agrotóxicos. Ocupação Trabalhadores do setor elétrico, da cadeia de petróleo. Atividade econômica Indústria de calçados, plásticos, borracha e de madeira, siderurgia, refinaria de petróleo, postos de gasolina. Fonte: Brasil (2012a, p. 58). Quadro 16 – Fatores de risco para mieloma múltiplo Agente Agrotóxicos, radiação ionizante, metal pesado, solventes orgânicos. Ocupação Cosmetologista. Atividade econômica Indústria metalúrgica, trabalho rural. Fonte: Brasil (2012a, p. 58). Quadro 17 – Fatores de risco para linfomas não Hodgkin Agente Agrotóxicos, aminas aromáticas, benzidina, benzeno, bifenil policlorado, tetracloreto de carbono, solventes orgânicos, radiação ionizante e ultravioleta, tetracloreto de carbono. Ocupação Trabalhadores dos setores de transporte rodoviário e ferroviário, operadores de rádio e telégrafo, trabalho em laboratórios fotográficos, galvanizador. Atividade econômica Indústrias: couro e calçados, borracha e plástico, cerâmica e porcelana, laticínios, madeira, têxtil; trabalho rural, transporte rodoviário, usinas elétricas, lavagem a seco. Fonte: Brasil (2012a, p. 60). 123 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO 7.3.7 Câncer de estômago e esôfago O câncer de estômago, no Brasil, ocupa a terceira posição entre os homens e quinta entre as mulheres. O mais frequente (95% dos casos) é do tipo adenocarcinoma, seguido pelo linfoma (3% dos casos) e, por fim, o leiomiossarcoma. Apresenta-se principalmente em homens por volta dos setenta anos de idade. Tabela 10 – Estimativas de câncer de estômago no Brasil Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Câncer de estômago Homens % Mulheres % Total Estimativas de novos casos - 2016 12.920 63% 7.600 37% 20.520 Número de mortes - 2013 9.142 64% 5.040 36% 14.182 Já o câncer de esôfago, no Brasil, ocupa a sexta posição entre os homens e a décima terceira entre as mulheres. Tabela 11 – Estimativas de câncer de esôfago no Brasil Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Câncer de esôfago Homens % Mulheres % Total Estimativas de novos casos - 2016 7.950 74% 2.860 26% 10.810 Número de mortes - 2013 6.203 78% 1.727 22% 7.930 Ele apresenta uma alta agressividade com baixa taxa de sobrevida, estando em sexto lugar entre os que mais levam ao óbito. Há diversas atividades profissionais que estão relacionadas com este tipo de câncer, sendo as atividades de mineradores algumas das mais citadas, devido a poeiras minerais, bem como atividades nas quais se encontram poeiras metálicas, que contenham sílica ou asbesto, poeira de carvão, nego de fumo, entre outros. Assim, a prevenção, evitando a exposição do trabalhador, deve ser adotada nestas atividades. Quadro 18 – Fatores de risco para câncer do estômago e esôfago Agente Poeiras da construção civil, de carvão e de metal, vapores de combustíveis fósseis, óleo mineral, herbicidas, ácido sulfúrico e negro de fumo. Ocupação Homens: engenheiro eletricista e mecânico, trabalhadores de extração de petróleo, motoristas de veículos a motor, trabalhadores de lavanderias/ lavagem a seco. Mulheres: trabalhadoras da indústria eletrônica, trabalhadoras de limpeza. Atividade econômica Indústrias: construção civil, metalúrgica, de couro, mineração e agricultura. Fonte: Brasil (2012a, p. 61). 124 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV 7.3.8 Câncer de fígado Esse tipo de câncer está entre os dez mais comuns, sendo que em 80% dos casos é do tipo agressivo, conhecido como cirrose hepática (carcinoma hepatocelular ou hepatocarcinoma). Está mais relacionado ao alcoolismo ou a casos de hepatite crônica. Nos casos ocupacionais, está relacionado com exposição a agrotóxicos, ao arsênico e a seus compostos, cloreto de vinila, solventes orgânicos, entre outros. Se considerarmos os trabalhadores da área da saúde, a contaminação biológica torna-se um risco pelo potencial de contrair algum tipo de hepatite (B ou C). A hepatite B pode ser prevenida com uso de vacina. Tabela 12 – Estimativas de câncer de fígado no Brasil Dados apresentados peloInstituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Câncer de fígado Homens % Mulheres % Total Número de mortes - 2013 5.012 57% 3.759 43% 8.772 Quadro 19 – Fatores de risco para câncer de fígado Agente Arsênio, cloreto de vinila, solventes, fumos de solda, bifenil policlorado. Ocupação Mecânico de veículos a motor, trabalho rural. Atividade econômica Usinas de polimerização de policloreto de vinila (indústria de plásticos). Fonte: Brasil (2012a, p. 62). 7.3.9 Câncer de pâncreas Esse tipo de câncer é de difícil detecção e, por ser agressivo, possui uma alta taxa de mortalidade. Estatisticamente, no Brasil, ele representa apenas 2% entre todos os tipos de câncer que são diagnosticados e 4% das mortes. Tabela 13 – Estimativas de câncer de pâncreas no Brasil Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Câncer de pâncreas Homens % Mulheres % Total Número de mortes - 2013 4.374 50% 4.336 50% 8.710 Nos casos ocupacionais, relaciona-se com exposição ao cloreto de vinila, hidrocarbonetos aromáticos, entre outros. A prevenção e a proteção ao trabalhador da sua exposição, com o uso de barreiras de proteção ou substituição das substâncias agressivas a saúde, são as ações mais indicadas contra esse tipo de câncer. 125 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO Quadro 20 – Fatores de risco para câncer de pâncreas Agente Solventes, tetracloroetileno, estireno, cloreto de vinila, epicloridrina, HPA, agrotóxico. Ocupação Trabalho rural, trabalhadores de manutenção industrial. Atividade econômica Indústria de petróleo. Fonte: Brasil (2012a, p. 63). 7.3.10 Câncer de mama Trata-se do tipo mais comum entre as mulheres, sendo responsável por 1/4 dos novos casos diagnosticados anualmente. No homem, representa apenas 1% do total de casos. Tabela 14 – Estimativas de câncer de mama no Brasil Dados apresentados pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) Câncer de mama Homens % Mulheres % Total Número de mortes - 2013 181 1% 14.207 99% 14.388 Entre os fatores ocupacionais, destaca-se a exposição à radiação ionizante. Outros fatores também são citados pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2012a), como a exposição passiva ou ativa à fumaça do tabaco ou a metais como ferro, chumbo, mercúrio, entre outros. Entre as substâncias químicas, destacam-se o benzeno, solventes orgânicos e o óxido de etileno, bem como agrotóxicos organoclorados. Quadro 21 – Fatores de risco para câncer de mama Agente Agrotóxico, benzeno, campos eletromagnéticos de baixa frequência, campos magnéticos, compostos orgânicos voláteis, hormônios, dioxinas. Ocupação Cabeleireiro, operador de rádio e telefone, enfermeiro e auxiliar de enfermagem, comissário de bordo, trabalho noturno. Atividade econômica Indústrias: borracha e plástico, química, refinaria de petróleo, manufatura de PVC. Fonte: Brasil (2012a, p. 66). 7.3.11 Câncer de cérebro e do sistema nervoso central Esse tipo de câncer tem baixa incidência nos casos de câncer e nas taxas de mortalidade. As questões ocupacionais que estão relacionadas com esse tipo incluem atividades na indústria de 126 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV agrotóxicos, da borracha, do plástico, de transformação de papel, em refinarias de petróleo, usinas nucleares, e exposição à radiação, a campos magnéticos e a certas substâncias, como inseticidas não arsenicais, formaldeído e chumbo. Quadro 22 – Fatores de risco para câncer do cérebro Agente Agrotóxicos, arsênico, radiação, ondas e campo eletromagnético, chumbo, mercúrio, óleo mineral, HPA. Ocupação Serviços elétricos e de telefonia, trabalho rural. Atividade econômica Indústrias: borracha e plástico, gráfica e do papel, petróleo, têxtil e de agrotóxico; refinaria, usina nuclear e produção e reparo de veículos a motor. Fonte: Brasil (2012a, p. 67). Saiba mais Para melhor aprofundamento sobre o tema de Câncer ocupacional e como deve acontecer a vigilância no ambiente de trabalho e no controle dos casos já diagnosticados, leia os seguintes manuais: BRASIL. Diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. Rio de Janeiro: Inca, 2012. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/inca/ Arquivos/diretrizes_cancer_ocupa.pdf>. Acesso em: 8 fev. 2016. ___. Vigilância do câncer relacionado ao trabalho e ao ambiente. Rio de Janeiro: Inca, 2006e. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publicacoes/ex_ocup_ambient2006.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2016. 8 PNEUMOCONIOSES As doenças pulmonares de origem ocupacional estão diretamente relacionadas com o tempo de exposição do trabalhador à substância inalada, a intensidade e toxidade dessa substância, bem como a suscetibilidade biológica e fisiológica do indivíduo exposto. Deve-se observar também qual o estado físico em que a sustância se encontra e sua dimensão aerodinâmica e solubilidade. A dimensão da partícula determina a região que ela irá alcançar no sistema respiratório. No quadro a seguir, pode-se observar essa relação de penetração do sistema respiratório e a relação de doenças que podem se originar dessa exposição. 127 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO Quadro 23 – Relação de penetração das partículas no sistema respiratório Tipo de partícula Tamanho de partícula Região Estruturas anatômicas Localização Doenças relacionadas Fração inalável Partículas < 100 µm. Vias aéreas superiores (entrada pelo nariz e boca). Nariz Boca Nasofaringe Orofaringe Laringofaringe Laringe Extratorácica Irritação do septo nasal, laringe e faringe Câncer de faringe Câncer de laringe Fração torácica Partículas < 25 µm. Região traqueobronquial (penetração além da laringe, nas vias aéreas superiores e nas vias aéreas dos pulmões). Traqueia Brônquios Bronquíolos Torácica (pulmonar) Broncoconstrição Bronquite crônica Câncer bronquial Fração respirável Partículas < 10 µm. Região de troca de gases (penetração além dos bronquíolos terminais entrando na região de troca gasosa dos pulmões). Bronquíolos respiratórios Dutos alveolares Sacos alveolares Alvéolos Alveolar Pneumoconioses Enfisema Alveolite Câncer pulmonar Fonte: Brasil (2012a, p. 67). De forma geral, o trato respiratório é um sistema bastante resiliente, porém, em atividades em que o trabalhador tende a aumentar o ritmo de sua respiração, como trabalhos mais intensos, levando-o a respirar pela boca, a substância inalada, conforme a sua reatividade e solubilidade, poderá gerar reações agudas ou crônicas na medida em que for se depositando nos alvéolos, provocando edemas ou inflamações, podendo levar a fibroses ou formação de granuloma. Para que se possa chegar a um diagnóstico de uma doença pulmonar que esteja relacionada ao trabalho, será necessário observar três dados importantes: • histórico de exposição; • diagnóstico de uma doença pulmonar específica; • o nexo causal que sustente a exposição ao processo patológico. Para isso, deve-se observar o processo de trabalho executado pelo trabalhador e possíveis exposições ao agente tóxico, seu grau de exposição, o tempo entre a exposição e o início dos sintomas e os equipamentos de proteção respiratória utilizados (ou não). Existem fatores de risco não ocupacionais quedevem ser observados, como o tabagismo, atividades executadas fora do ambiente de trabalho que exponham o trabalhador a agentes tóxicos, entre outros. Entre as doenças das vias aéreas, pode-se destacar a asma ocupacional, geralmente desencadeada pela exposição a concentrações elevadas de agentes irritantes. Outra enfermidade é a bronquite industrial, relacionada a uma alta concentração de poeiras no ambiente, desencadeando dispneia e tosse com escarro. 128 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV Trabalhadores como bombeiros e outros que respondem a chamados de emergência muitas vezes ficam expostos a misturas complexas de substâncias prejudiciais ao trato respiratório. Alguns gases irritantes, como amônia e cloro, levam minutos para provocar manifestações clínicas agudas, sendo que, no caso da amônia, serão irritações severas nas vias superiores. A exposição ao asbesto é a exposição mais difundida de poeira mineral, tendo uma alta morbidade e mortalidade entre os que foram expostos. A silicose é outra preocupação, sendo que essa enfermidade já é registrada desde o tempo do Egito antigo, sendo uma enfermidade que mata em pouco tempo. Os trabalhadores mais expostos são os que se encontram na fabricação de abrasivos de cerâmicas que possuem sílica, bem como na mineração e na moagem de metais e não metais, fundições, entre outros. O quadro a seguir apresenta uma lista de pneumoconioses com denominações mais específicas, seus agentes etiológicos e sua apresentação anatomopatológica. Quadro 24 – Pneumoconioses, poeiras causadoras e processos anatomopatológico Pneumoconiose Agente(s) etiológico(s) Processo anatomopatológico Silicose Sílica livre Fibrose nodular Asbestose Todas as fibras de asbestos ou amianto Fibrose difusa Pneumoconiose do trabalhador do carvão (PTC) Poeiras contendo carvão mineral e vegetal Deposição macular sem fibrose ou com diferenciados graus de fibrose Silicatose Silicatos variados Fibrose difusa ou mista Talcose Talco mineral (silicato) Fibrose nodular e/ou difusa Pneumoconiose por poeira mista Poeiras variadas contendo menos que 7,5% de sílica livre Fibrose nodular estrelada e/ou fibrose difusa Siderose Óxidos de ferro Deposição macular de óxido de ferro associado ou não com fibrose nodular e/ou difusa Estanose Óxido de estanho Deposição macular sem fibrose Baritose Sulfato de bário (barita) Deposição macular sem fibrose Antimoniose Óxidos de antimônio ou Sb metálico Deposição macular sem fibrose Pneumoconiose por rocha fosfática Poeira de rocha fosfática Deposição macular sem fibrose Pneumoconiose por abrasivos Carbeto de silício (SiC) Óxido de Alumínio (Al2O3) Fibrose nodular e/ou difusa Berilose Berílio Granulamotose tipo sarcoide. Fibrose durante evolução crônica Pneumopatia por metais duros Poeiras de metais duros (ligas de W, Ti, Ta contendo Co) Pneumonia intersticial de células gigantes. Fibrose durante evolução Pneumonites por hipersensibilidade (alveolite alérgica extrínseca) Poeiras orgânicas contendo fungos, proteínas de penas, pelos e fezes de animais Pneumonia intersticial por hipersensibilidade (infiltração linfocitária, eosinofílica e neutrofílica na fase aguda e fibrose difusa na fase crônica). Fonte: Brasil (2006c, p. 13-14). 129 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO Observação As pneumoconioses são frequentemente assintomáticas nas fases iniciais, o que torna a radiografia simples de tórax periódica de extrema importância para o diagnóstico e a intervenção precoce, gerando benefícios diretos para o trabalhador. 8.1 Pneumoconioses não fibrogênicas Durante muito tempo, essa enfermidade foi diagnosticada erroneamente como silicose, porém, observou-se que trabalhadores que carregavam carvão e manipulavam grafita, ficando expostos à poeira do carvão ou à grafita e não expostos à sílica, apresentavam um tipo de pneumoconiose, a não fibrogênica ou também conhecida como pneumoconiose do mineiro de carvão (PMC), que, em exames radiológicos, era indistinguível em relação à silicose crônica, porém, apresentava uma patologia totalmente distinta. Os trabalhadores que mais estão sujeitos a essa enfermidade são os que ficam expostos a fumos metálicos, como os soldadores, a poeiras minerais, como mineradores de carvão vegetal, entre outros. 8.2 Pneumoconioses fibrogênicas A pneumoconiose de silicato é causada pela exposição aos asbestos e outros silicatos, conforme a sua concentração e tempo de exposição. Ela provoca, ao longo do tempo, um processo de fibrose dos alvéolos, fazendo com que o pulmão perca sua capacidade de troca gasosa. Dessa forma, ela é bem semelhante à silicose ou à asbestose. A silicose pode ser crônica ou aguda e está relacionada à inalação da sílica livre cristalina, sendo relacionada a atividades de mineração, subterrânea ou mesmo de superfície, como em casos de britagem, moagem ou lapidação, marmorarias, jateamentos com areia, manufatura do vidro, entre outras. Quando se fala em sílica, deve-se saber que a sílica é um material muito duro, encontrado na maior parte das rochas de areia. Ela é encontrada por todo o planeta e, sozinha, constitui praticamente 60%, em peso, de toda a crosta terrestre. Por isso, ela é encontrada na composição de várias matérias-primas, como a areia, o quartzo, o granito, a argila, entre outros. A forma mais conhecida da sílica livre cristalizada é o quartzo, sendo ela a principal causadora da doença chamada silicose. Uma das atividades que têm grande potencial de risco de contaminação é a mineração, pois, na maior parte das etapas produtivas, há a emissão de poeira contendo sílica. Já na construção civil, a escavação de túneis também apresenta grande potencial de risco para exposição à poeira contendo sílica, como também acontece na manutenção, em que se faz o polimento de fachadas. 130 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV Outro setor ao qual se deve ficar bem atento é a indústria de cerâmica, na qual as atividades em que se manuseiam as matérias-primas e diversos outros processos na produção geram poeiras inaláveis contendo sílica. Já na siderurgia, fundição e metalurgia, encontraremos riscos de exposição a essas poeiras em atividades de corte, montagem e desmontagem de tijolos refratários dos fornos, bem como a moldagem e desmoldagem em areia e os processos de acabamento com esmerilhadeiras, lixamento, polimento, entre outros. As atividades de jateamento abrasivo com areia, seca ou úmida, estão proibidas no Brasil, com a publicação da Portaria nº 99, de 19 de outubro de 2004 e, portanto, não se deve mais encontrar essa atividade em operação. A silicose é uma doença silenciosa e que geralmente vai se manifestar anos após a exposição à substância, e, muitas vezes, quando o trabalhador não se encontra mais na empresa. Deve-se saber que é uma doença que não tem cura, por isso deve ser evitada com os métodos de proteção existentes, que permitem a proteção da exposição do trabalhador, prevenindo a doença. Para que a prevenção seja efetiva, é fundamental a conscientização do empresário e do trabalhador, principalmente este último, que é quem irá sofrer as consequências no final. Saiba mais Faça um aprofundamento dos conceitos sobre silicose, bem como, sobre qual é a condição da exposição à sílica no Brasil, estudando O Mapa da Exposição à Sílica no Brasil, disponível em: BRASIL. Mapa da exposição à sílica no Brasil. Brasília:Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: <http://renastonline.ensp.fiocruz.br/recursos/mapa- exposi%C3%A7%C3%A3o-s%C3%ADlica-brasil>. Acesso em: 10 fev. 2016. Pneumoconiose dos trabalhadores de carvão Diferentemente caso do carvão vegetal, no qual a queima e a exposição à fumaça é que provocam o maior dano, que se assemelha aos danos causados pelo tabaco na árvore traqueobrônquica, podendo gerar a bronquite crônica, pois a fumaça é muito irritante para o sistema respiratório, o carvão mineral exige atividades de mineração, nas quais o pó deste material torna-se a maior preocupação. A inalação da poeira do carvão mineral gera um acúmulo no interior dos pulmões, provocando uma reação tecidual, que causa a perda da capacidade respiratória ao longo do tempo. As atividades de mineração, de forma geral, para a extração do carvão mineral, na maioria dos seus processos produtivos, geram grande quantidade de poeira, expondo os trabalhadores a sua contaminação. 131 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO É a doença causada pela inalação de poeiras de carvão mineral, em que há o acúmulo da poeira nos pulmões e, com isso, uma reação tecidual. As ocupações de risco nessa patologia são os mineiros de frente de lavra, detonadores, trabalhadores de transporte e armazenamento de carvão em locais confinados. Pneumoconiose por poeira mista São poeiras que, de forma geral, possuem baixo índice de sílica cristalina, como das atividades em marmorarias, nos processos de corte das pedras e sua manufatura, sendo que hoje os processos de acabamento de pedras ornamentais a seco não são mais permitidos como forma de prevenção. Outros minerais utilizados como abrasivos em fundições, também na indústria de cerâmica, presentes em poeiras inaláveis contendo sericita, mica e outros também podem ser responsáveis por problemas de pneumoconiose. Doenças relacionadas ao asbesto Como já visto, trata-se de um problema mundial e que gerou a necessidade de ações globais, tendo a OIT lançado um programa, ao qual o Brasil aderiu, para combater a exposição ao asbesto, sendo que esse termo é utilizado para se referir a um grupo formado por seis tipos de silicatos minerais fibrosos isolados, sendo que eles podem ser combinados. Uma de suas características é possuir grande resistência a altas temperaturas e aos ácidos. Os principais compostos possuem silicato de magnésio hidratado (conhecidos como asbestos brancos), também há com crocidolita (asbesto azul) e os demais com amosita, antofilita, tremolita e actinolita. Apesar de a Europa e América do Norte terem reduzido a sua demanda por esses materiais, a sua produção continua praticamente a mesma forma, pois há demanda em países em desenvolvimento, sendo que esses materiais são largamente usados como isolamentos térmicos. Tanto na produção quanto em seu uso nas aplicações de isolamentos de fornos, canos, estruturas etc. há dispersão de partículas com maior ou menor intensidade, mas com potencial de dano ao trabalhador. As fibras inaladas irão provocar um processo inflamatório crônico que resultará em uma fibrose com distribuição heterogênea por todo o pulmão. Assim, a prevenção continua sendo a melhor solução a se adotar. Avaliação Como se pode perceber, torna-se fundamental o trabalho do profissional prevencionista, desde a identificação dos riscos do ambiente, para que se possa fazer o controle na fonte, em cada processo, atividade, ambiente de trabalho, evitando, assim, que o trabalhador fique exposto aos agentes agressivos 132 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a Unidade IV e sofrendo as consequências ao longo do tempo. Como se pode perceber, essas consequências, além de colocarem a vida em risco, geram muito sofrimento, incapacidade para o trabalho e diversas outras consequências que podem e devem ser evitadas ao se desenvolver uma cultura prevencionista adequada, com consciência de todos, empregador e empregado, e fiscalização adequada, permitindo que se possa trabalhar em segurança, sem comprometer a saúde dos trabalhadores que estão nessas atividades citadas e todas as demais que não foram relacionadas aqui, mas que também expõem o trabalhador a poeiras prejudiciais à saúde. Não é difícil verificar que, pelo fato de as doenças respiratórias levarem tempo para se manifestar, as pessoas têm a falsa impressão de que está tudo bem e de que nada ocorre com elas, permanecendo expostas a esses agentes, como se comprova em qualquer posto de combustíveis onde os trabalhadores que permanecem o dia todo expostos aos vapores, que, entre outras coisas, possuem chumbo, contaminam-se diariamente, em doses homeopáticas (ou não), e não têm a consciência necessária para manter uma atitude correta e segura na sua rotina diária de trabalho. Assim, dentro de um conjunto de programas, onde o PPRA se torna a referência e a base de consulta para o médico que irá fazer seu PCMSO, a integração do trabalho de todos os profissionais de SST irá garantir (ou não) a saúde e a segurança do trabalhador. Fecha-se uma corrente entre os programas que, com a correta identificação dos riscos, seu controle, eliminação (quando possível), monitoramento dos ambientes e acompanhamento médico para monitorar a saúde dos trabalhadores, que será a prova que as medidas estão adequadas e são eficientes, preservando a integridade do trabalhador. Dessa forma, os exames clínicos permitem não só comprovar a eficácia do sistema, como, caso algum problema seja identificado, diagnosticando alguma doença de cunho ocupacional, permitem as adequações necessárias nas barreias de proteção, visando à melhoria contínua do sistema em prol da saúde e segurança dos trabalhadores. Lembrete As pneumoconioses são frequentemente assintomáticas nas fases iniciais, o que torna a radiografia simples de tórax periódica de extrema importância para o diagnóstico e a intervenção precoce, gerando, assim, benefícios diretos para o trabalhador. A integração entre os profissionais de SST é fundamental e importantíssima. Nenhuma ação isolada terá resultados adequados. Quando o médico identificar uma enfermidade causada pela atividade ou ambiente de trabalho, desencadeará uma série de ações de investigação e análise dessas atividades e ambientes em busca das causas dos problemas de saúde, permitindo, assim, que se busquem opções técnicas adequadas e apropriadas para intervenção ou alteração desses processos, matérias-primas, ambientes etc. de forma a garantir a integridade do trabalhador. 133 Re vi sã o: N om e do re vi so r - D ia gr am aç ão : N om e do d ia gr am ad or - d at a MEDICINA DO TRABALHO Dentro das ferramentas de gestão, já abordadas anteriormente ao longo do curso, o ciclo do PDCA, ou Peva (considerando-se a NBR 18801), mostra-se presente na forma de se verificar sempre que os resultados do sistema de proteção são o esperado e, quando não, identificar a causa e permitir ações para a melhoria contínua desse sistema, buscando sua eficácia. O médico do trabalho é encarregado de saber as provas funcionais que deverão ser aplicadas nos exames que compõem o PCMSO. Cada profissional forma uma engrenagem importante nesse sistema e todos eles devem trabalhar sincronizados para que realmente se tenha o resultado adequado. Por isso o profissionalismo e a ética devem estar sempre presentes entre todos. Saiba mais Para mais informações sobre indicadores de doenças ocupacionais, bem como relatórios gerados inclusive sobre internações hospitalares, estude o livro publicado pelo Instituto de
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