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Intoxicação por mercúrio

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Objetivos 
1. Diferenciar doença ocupacional de acidente de trabalho. 
2. Classificar as doenças relacionadas ao trabalho (classificação de Schilling), listando as mais frequentes. 
3. Identificar as principais medidas de prevenção de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo 
intoxicações. 
4. Caracterizar o quadro de saúde do trabalhador no Brasil (aspectos clínico-epidemiológicos). 
5. Identificar a Legislação e as políticas públicas que norteiam a saúde do trabalhador (Portarias 3120/98; 
777/04; 1339/00 e as NRs 5, 7, 9, 32 e a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador). 
6. Descrever os efeitos e as manifestações clínicas decorrentes da intoxicação por mercúrio - hidrargirismo. 
7. Identificar os agentes intoxicadores que causam efeitos neurotóxicos, encontrados no ambiente de 
trabalho. 
8. Identificar os danos ambientais ocasionados pelo uso do mercúrio (água, ar, solo e animais). 
9. Identificar os aspectos sociais e legais que amparam as pessoas que desenvolveram agravos à saúde por 
via laboral. 
1. Doença ocupacional x acidente de trabalho. REFERÊNCIA: Caderno de Atenção Básica – nº41 Saúde do Trabalhador 
e da Trabalhadora. 1 
1 Doenças relacionadas ao Trabalho são doenças produzidas ou que têm seu curso modificado, antecipado 
ou agravado pelas condições de trabalho. É importante lembrar-se de que não é preciso ter vínculo 
empregatício formal, carteira de trabalho assinada para se caracterizar a doença como sendo provocada pelo 
trabalho. Todo(a) trabalhador(a), urbano e rural, formal e informal, celetista ou estatutário, está sujeito a 
adoecer em decorrência do trabalho. 
REFERÊNCIA: Caderno de Atenção Básica – nº5 Saúde do Trabalhador 
Doenças relacionadas ao trabalho 
As doenças do trabalho referem-se a um conjunto de danos ou agravos que incidem sobre a saúde dos 
trabalhadores, causados, desencadeados ou agravados por fatores de risco presentes nos locais de trabalho. 
Manifestam-se de forma lenta, insidiosa, podendo levar anos, às vezes até mais de 20, para manifestarem o 
que, na prática, tem demonstrado ser um fator dificultador no estabelecimento da relação entre uma doença 
sob investigação e o trabalho. Também são consideradas as doenças provenientes de contaminação acidental 
no exercício do trabalho e as doenças endêmicas quando contraídas por exposição ou contato direto, 
determinado pela natureza do trabalho realizado. 
Tradicionalmente, os riscos presentes nos locais de trabalho são classificados em: 
Agentes físicos – ruído, vibração, calor, frio, luminosidade, ventilação, umidade, pressões anormais, 
radiação etc. 
Agentes químicos - substâncias químicas tóxicas, presentes nos ambientes de trabalho nas formas de gases, 
fumo, névoa, neblina e/ou poeira. 
Agentes biológicos – bactérias, fungos, parasitas, vírus, etc. 
Organização do trabalho – divisão do trabalho, pressão da chefia por produtividade ou disciplina, ritmo 
acelerado, repetitividade de movimento, jornadas de trabalho extensas, trabalho noturno ou em turnos, 
organização do espaço físico, esforço físico intenso, levantamento manual de peso, posturas e posições 
inadequadas, entre outros. 
É importante destacar que no processo de investigação de determinada doença e sua possível relação com o 
trabalho, os fatores de risco presentes nos locais de trabalho não devem ser compreendidos de forma isolada 
e estanque. Ao contrário, é necessário apreender a forma como eles acontecem na dinâmica global e cotidiana 
do processo de trabalho. 
Nesse sentido, o resumo a seguir trata das doenças do trabalho consideradas pela Área Técnica de Saúde do 
Trabalhador, do Ministério da Saúde, como prioridades para notificação e investigação epidemiológica, 
visando à intervenção sobre a situação provocadora do evento. Ressalte-se que cada estado ou município 
tem autonomia para a inclusão de outras doenças, em função de suas específicas necessidades regionais e 
locais. 
1 Acidente de trabalho (AT) é um evento súbito ou agudo ocorrido no exercício de atividade laboral, que 
pode ter como consequência a perda de tempo, dano material e/ou lesões ao(à) trabalhador(a). Pode acarretar 
dano à saúde, potencial ou imediato, provocando lesão corporal ou perturbação funcional, que causa direta 
ou indiretamente a morte, a perda ou a redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho 
(BRASIL, 2006). Podem acontecer em qualquer situação em que o(a) trabalhador(a) esteja a serviço da 
empresa ou agindo em seu interesse. Também são considerados acidentes de trabalho as agressões ou 
violências sofridas no ambiente de trabalho, acidentes ou agressões ocorridas no trajeto da residência para o 
trabalho ou vice-versa. 
Não é preciso ter vínculo empregatício formal, carteira de trabalho assinada, para se caracterizar o evento 
como acidente de trabalho. Este pode ocorrer com quaisquer trabalhadores(as), independentemente de seu 
tipo de vínculo ou inserção no mercado de trabalho. Apesar do uso consagrado, a denominação "acidente" é 
inadequada, por sugerir que é um evento fortuito e casual. Na maioria dos casos, são eventos potencialmente 
previsíveis e preveníveis. São sempre um alerta sobre as condições de trabalho. Geralmente chegam para 
atendimento pelas eAB/eSF os acidentes de trabalho menos graves, cuja ocorrência costuma ser preditor de 
casos mais graves. De acordo com a definição adotada pelo Sinan na Ficha de Investigação Acidente de 
Trabalho Grave, “são considerados acidentes de trabalho aqueles que ocorram no exercício da atividade 
laboral, ou no percurso de casa para o trabalho e vice-versa (acidentes de trajeto), podendo o(a) 
trabalhador(a) estar inserido tanto no mercado formal quanto no informal de trabalho. São considerados 
Acidentes de Trabalho Graves aqueles que resultam em morte, aqueles que resultam em mutilações e aqueles 
que acontecem com menores de 18 anos”. 
É importante ressaltar que, nos casos de AT com óbito, o tempo estipulado de 12 horas após o acidente para 
considerá-lo fatal é, na prática, variável. O óbito pode ocorrer em até dias ou meses após o acidente. Nesses 
casos, se a notificação no Sinan for feita após se ter conhecimento do óbito, será registrado como AT com 
óbito. Se for algum tempo após, a ocorrência do óbito poderá ser registrada como desfecho, após a 
investigação, no fechamento do caso no sistema. Em geral, acompanhar o caso até o seu encerramento é uma 
tarefa da equipe de vigilância em saúde. Importante destacar que os ATs envolvendo crianças e adolescentes 
devem ser notificados e investigados como AT graves independentemente da gravidade do tipo e natureza 
da lesão. Além disso, considerando que estar trabalhando já é uma situação não aceitável para crianças e 
adolescentes, ou seja, configura uma situação de violência, também deve ser registrada na ficha específica 
de violência do Sinan. 
Seguindo uma nomenclatura anteriormente utilizada pela Previdência Social, também o SUS especifica os 
acidentes de trabalho como AT típicos e AT de trajeto. Essa forma de classificação, acrescida da 
especificação dos tipos de circunstâncias, auxilia na adoção das distintas abordagens de proteção e de 
prevenção. Os ATs Típicos são aqueles que ocorrem durante o exercício da própria atividade de trabalho, 
no ambiente de trabalho. Por exemplo: queda de andaime em trabalhador(a) da Construção Civil; choque 
elétrico em obra, em outro estabelecimento, em conserto de linha de transmissão; acidentes com máquinas 
e equipamentos etc. São considerados Acidentes de Trajeto aqueles que ocorrem no percurso da residência 
para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção. Nele estão incluídos 
tanto os acidentes de transporte como outros acidentes e violências interpessoais. No caso de motoristas 
profissionais de táxis, caminhões e ônibus, mototaxistas, entregadores de encomendas, que utilizam 
motocicletas, conhecidos como “motoboys”, trabalhadores(as)de empresas de eletricidade e de telefonia, 
vendedores(as) ambulantes e outros, que têm a rua como espaço de trabalho, os acidentes de trânsito 
(colisões, atropelamentos e outros) são considerados acidentes de trabalho típicos de suas atividades, e não 
de trajeto. Outro grupo de acidentes de importância crescente são as diversas formas de violência no trabalho, 
que se expressam desde agressões verbais, assédio moral, assédio sexual, agressões físicas, suicídios e 
homicídios. Essas violências atingem inúmeras categoriais profissionais, sendo os grupos mais expostos os 
policiais civis e militares, guardas de trânsito, guardas penitenciários, vigilantes; profissionais da Educação 
e da Saúde, entre outros. Os fatores mais comuns responsáveis pela ocorrência de AT são: improvisação e 
arranjo físico inadequado do espaço de trabalho; falta de proteção em máquinas perigosas e obsoletas; 
ferramentas defeituosas; possibilidade de incêndio e explosão; exigência de esforço físico intenso, como 
levantamento manual de peso, posturas e posições anômalas. A esses fatores se somam a pressão das chefias 
por produtividade, ritmo acelerado na realização das tarefas, repetitividade de movimentos, jornadas de 
trabalho extensas, com horas extras em excesso; ausência de pausas, trabalho noturno ou em turnos, que 
predispõem o(a) trabalhador(a) a se acidentar. Também a presença de animais peçonhentos; substâncias 
tóxicas nos ambientes de trabalho podem ocasionar acidentes do trabalho, entre outras. 
Na investigação de outras causas de Lesões por Causas Externas, que não o acidente laboral, a eAB/eSF 
deve estar atenta para situações de violência interpessoal/autoprovocada, agravo este de notificação 
compulsória, em conformidade com a definição presente na respectiva ficha de notificação e investigação 
do Sinan: Caso suspeito ou confirmado de violência doméstica/intrafamiliar, sexual, autoprovocada, tráfico 
de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, tortura, intervenção legal e violências homofóbicas contra 
mulheres e homens em todas as idades. No caso de violência extrafamiliar/ comunitária, somente serão 
objetos de notificação as violências contra crianças, adolescentes, mulheres, pessoas idosas, pessoa com 
deficiência, indígenas e população LGBT (grifo dos autores). A seguir, apresenta-se o fluxograma de manejo 
dos ATs pelas eAB/eSF. 
Acidentes fatais – devem gerar notificação e investigação imediata. Em se tratando de acidente ocorrido 
com trabalhadores do mercado formal, acompanhar a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho 
(CAT) pela empresa, que deverá fazê-la até 24 horas após a ocorrência do evento. 
Acidentes graves – acidentes com trabalhador menor de 18 anos independentemente da gravidade; acidente 
ocular; fratura fechada; fratura aberta ou exposta; fratura múltipla; traumatismo crânio-encefálico; 
traumatismo de nervos e medula espinhal; eletrocussão; asfixia traumática ou estrangulamento; 
politraumatismo; afogamento; traumatismo de tórax/abdome/bacia, com lesão; ferimento com menção de 
lesão visceral ou de músculo ou de tendão; amputação traumática; lesão por esmagamento; queimadura de 
III grau; traumatismo de nervos e da medula espinhal e intoxicações agudas. 
2. Doenças relacionadas ao trabalho (classificação de Schilling), listando as mais frequentes. REFERÊNCIA: BOLETIM 
CIPA – UNESP. 
Doenças mais comuns no ambiente de trabalho. 
• LER/DORT: São lesões ocorridas em ligamentos, músculos, tendões e em outros segmentos corporais 
relacionados com o uso repetitivo de movimentos, posturas inadequadas e outros fatores como a força 
excessiva. Atingem a capacidade motora dos membros. 
LER: Lesão por Esforço Repetitivo 
DORT: Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho 
Alguns exemplos de LER/DORT: 
– Síndrome do Túnel do Carpo: Inflamação do tecido que reveste os tendões; 
– Tendinite: Inflamação dos tendões; 
– Epicondinite: Inflamação das estruturas do cotovelo; 
– Bursite: Inflamação das articulações dos ombros; 
– Lombalgia: Dor localizada na região lombar da coluna; 
– Hérnia de Disco: Se caracteriza pela saída do disco intervertebral do centro da coluna, atingindo 
raízes nervosas. 
• PAIR (Perda Auditiva Relacionada ao Trabalho): diminuição gradual da audição decorrente da 
exposição contínua a níveis elevados de ruídos. Além da perda auditiva, outras alterações importantes podem 
prejudicar a qualidade de vida do trabalhador. 
Exemplo de doenças do ouvido: 
– Barotrauma do ouvido médio: É um conjunto de manifestações decorrentes de alterações súbitas 
da pressão do ar ambiental, produzindo uma redução absoluta ou relativa da pressão no ouvido médio, 
podendo causar sangramento de sua mucosa e da membrana timpânica e, possivelmente, sua ruptura. 
• Doenças das Vias Aéreas: Provocam fibrose ou endurecimento do tecido pulmonar, em razão do acúmulo 
de poeira tóxica nos pulmões. Exemplos: 
– Silicose: Causada pela inalação de pó de sílica. Provoca febre, dificuldades respiratórias e cianose 
(a pessoa fica arroxeada); 
– Asbestose: Causada pela inalação de partículas de amianto. Ocorre como tentativa do pulmão de 
cicatrizar suas fibras; 
– Bissinose: Causada pela exposição a poeiras orgânicas de algodão, linho, cânhamo ou sisal. Afeta 
principalmente trabalhadores do ramo têxtil; 
– Pneumoconiose do Mineiro do Carvão 
(Pulmão Negro): São várias doenças respiratórias 
encontradas em mineiros de carvão, causando uma 
reação tecidual que deixa o pulmão negro; 
– Estanhose: Causada pela inalação de 
fumos, poeiras e deposição de estanho nos 
pulmões. 
• Intoxicações Exógenas 
– Agrotóxicos; 
– Chumbo; 
– Mercúrio; 
 – Solventes Orgânicos 
REFERÊNCIA: Caderno de atenção básica nº 41 
A nocividade do trabalho pode estar relacionada a insumos e matérias-primas, objetos, máquinas e 
ferramentas utilizados, que podem produzir lesões e situações de risco à saúde, como a presença de poeiras, 
substâncias químicas e agentes físicos perigosos ou nocivos; a organização do trabalho, expressa na duração, 
intensidade, exigências de produtividade, jornada de trabalho em turnos e noturno, relações conflituosas com 
a chefia e os colegas, que podem causar sofrimento e adoecimento. Além disso, a nocividade pode se estender 
para além do trabalho, afetando o ambiente domiciliar, os familiares, a vizinhança e o ambiente geral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este quadro ajuda a entender a presença de fatores de risco para a saúde nas situações de trabalho e seus 
possíveis efeitos sobre a saúde dos(as) trabalhadores(as). Entretanto, no cotidiano de trabalho, raramente se 
observa a exposição a um fator de risco isoladamente, sendo frequente a exposição simultânea a vários desses 
fatores de risco, o que potencializa os efeitos. Por exemplo: a exposição simultânea a certos solventes 
orgânicos e ao ruído pode produzir quadros de surdez mais graves e mais precoces do que a exposição apenas 
ao ruído. A relação entre o trabalho e o processo de adoecimento dos(as) trabalhadores(as) pode ser melhor 
compreendida ao considerar a classificação proposta por Schilling (Quadro 2), que combina a abordagem 
clínico-individual com a coletivo-epidemiológica e agrupa as doenças, segundo a contribuição ou o “papel 
causal” desempenhado pelo trabalho no adoecimento. 
Quadro 2 – Relação do trabalho com o adoecimento de trabalhadores(as), segundo a Classificação de 
Schilling. 
 
 
 
 
 
 
Esta classificação foi adotada para a elaboração da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho, disposta do 
Anexo LXXX da Portaria de Consolidação n.º 5, de 28 de setembro de 2017 (BRASIL, 2017a), com a 
finalidade de orientar os profissionais de saúde sobre a possível relação do adoecimento com a exposição a 
riscos para a saúde presentes no trabalho. 
Ela está organizada em “dupla entrada”: a Lista A, que considera o agente ou grupos de agentes patogênicos 
responsáveis peloadoecimento ou que guardam evidências sólidas de nexo causal entre a exposição e a 
doença; e a Lista B, que tem como referência os códigos dos grupos de patologias definidos na Classificação 
Estatística Internacional de Doenças (CID-10), com elenco de aproximadamente 400 agravos relacionados 
ao trabalho. 
Esta forma de organização permite ao profissional consultar a lista a partir do reconhecimento da exposição 
a um agente, fatores de risco ou condição adversa de trabalho referidos ou identificados na entrevista com 
o(a) trabalhador(a) (anamnese ocupacional) ou a partir dos problemas de saúde que o(a) trabalhador(a) 
apresenta ao ser atendido no serviço de saúde. 
3. Principais medidas de prevenção de doenças relacionadas ao trabalho, incluindo intoxicações. REFERÊNCIA: 
DOENÇAS RELACIONADAS AO TRABALHO - Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde – Ministério da 
Saúde – 2001. 
Medidas de proteção da saúde e prevenção de doenças e agravos relacionados ao trabalho aplicáveis 
aos processos e ambientes de trabalho e ao trabalhador: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA: EBSERH - Manual de procedimentos de segurança do trabalho para empresas prestadoras de serviços 
COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO - CIPA 
As prestadoras de serviço devem constituir CIPA, devidamente registrada, com base no quadro I da NR 5 da 
Portaria 3.214/78. A CIPA da contratada deve participar, sempre que convidada, das reuniões da CIPA da 
contratante, promovendo integração entre as duas comissões. 
REFERÊNCIA: Associação Nacional de Medicina do Trabalho – Ministério do Trabalho 
DOENÇAS OCUPACIONAIS 
Lesões por esforços repetitivo/Distúrbios Osteo musculares relacionados ao Trabalho (tendinites, 
tenossinovites e lesões de ombro). 
Principais causas: 
– Movimentos repetitivos 
– Posturas inadequadas 
– Pressão psicológica 
Prevenção: 
– Adequação do mobiliário, redução da necessidade do número de repetições; pausas e exercícios 
preparatórios e compensatórios. 
– Definição de metas adequadas; boas relações interpessoais, clareza sobre o que é esperado de cada 
profissional. 
– Programas de incentivo à prática regular de atividades físicas e ingestão frequente de líquidos. 
Dorsalgias (hérnias de disco, “problemas de coluna”) 
Principais causas: 
– Movimentos repetitivos e força com uso do tronco 
– Levantamento e transportes de pesos 
– Posturas inadequadas 
– Obesidade e sedentarismo (fatores não necessariamente ocupacionais, porém muito significativos) 
Prevenção: 
– Adequação do mobiliário e equipamentos, fracionamento das cargas e do número de repetições (redução 
da velocidade de execução das tarefas). 
– Pausas e exercícios preparatórios e compensatórios. 
– Programas de incentivo à educação alimentar e à prática regular de atividades físicas. 
Transtornos mentais (depressão/ansiedade/stress pós-traumático) 
Principais causas: 
– Alta demanda, imprecisão quanto às expectativas 
– Metas inalcançáveis 
– Trabalho extremamente monótono 
– Percepção de trabalho “sem importância” 
– Violência no trabalho 
– Situações momentâneas e súbitas de alto nível de estresse 
– Testemunha constante de sofrimento humano de terceiros (profissionais de saúde, assistentes sociais) 
Prevenção: 
– Definição de metas adequadas; boas relações interpessoais; melhora da comunicação, reconhecimento do 
valor do trabalho realizado. 
– Programas de prevenção da violência nas atividades com risco elevado de assaltos/envolvimento ou 
repressão de atos violentos. 
– Programa de apoio e acompanhamento de profissionais vítimas de violência no trabalho ou submetidos a 
situações de estresse agudo de alta intensidade. 
– E de profissionais que lidam constantemente com o sofrimento humano de terceiros. 
Transtornos das articulações 
Principais causas: 
– Posturas inadequadas 
– Movimentos repetitivos associados a cargas (membros inferiores) 
– Obesidade e sedentarismo (fatores não necessariamente ocupacionais, porém muito significativos) 
Prevenção: 
– Adequação do mobiliário, redução da necessidade de uso da força e do número de repetições; pausas e 
exercícios preparatórios e compensatórios. 
– Definição de metas adequadas; boas relações interpessoais, clareza sobre o que é esperado de cada um. 
– Programas de incentivo à prática regular de atividades físicas e ingestão frequente de líquidos. 
Varizes nos membros inferiores 
Principais causas: 
– Trabalho em pé ou sentado com pouca movimentação 
– Obesidade e sedentarismo (fatores não necessariamente ocupacionais, porém muito significativos) 
Prevenção: 
– Análise ergonômica das tarefas para adequação do mobiliário e equipamentos, permitindo a alternância de 
posturas e mobilidade no posto de trabalho; exercícios preparatórios e compensatórios. 
– Programas de incentivo à educação alimentar e à prática regular de atividades físicas de intensidade 
moderada. 
Transtornos auditivos (principalmente perda auditiva) 
Principais causas: 
– Exposição a ruídos 
– Trabalho com produtos químicos, principalmente solventes (tinner, tolueno, xileno e similares) 
Prevenção: 
– Proteção coletiva com isolamento das fontes de ruído (medida mais importante). 
– Uso de protetor auditivo (medida complementar – não deve ser a única proteção). 
– Ventilação exaustora e/ou isolamento dos processos com uso de solventes. 
– Uso de máscaras de proteção: protetores respiratórios específicas para produtos químicos (medida 
complementar: não deve ser a única proteção). 
REFERÊNCIA: HARRISON - Medicina Ocupacional e Ambiental – 2016 
Medidas de prevenção para intoxicação por mercúrio 
A consciência do perigo constante da exposição aos vapores de mercúrio, juntamente ao manuseio correto 
de materiais e à atenção meticulosa nas condições de higiene nos locais de trabalho, diminui as exposições 
potenciais. 
O uso de ventilação e a proteção respiratória adequada são imprescindíveis em todas as operações que 
utilizam compostos de mercúrio. 
Cuidados especiais no manuseio e no descarte de compostos de mercúrio evitam a contaminação acidental 
dos locais de trabalho. 
A vigilância médica de trabalhadores expostos ao mercúrio inclui histórias detalhadas e exames 
neurológicos, assim como urinálises periódicas. 
 
4. Quadro de saúde do trabalhador no Brasil (aspectos clínico-epidemiológicos). REFERÊNCIA: 1º Boletim 
Quadrimestral – 2014 
No dia 28 de abril de 1969, uma explosão numa mina no estado norte-americano da Virginia matou 78 
mineiros. Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu a data como o Dia Mundial da 
Segurança e Saúde no Trabalho, em memória às vítimas de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho. 
Neste dia são celebrados eventos no mundo todo para a conscientização dos trabalhadores e empregadores 
quanto aos riscos de acidentes no trabalho. A data foi instituída no Brasil pela Lei nº 11.121/05. Segundo 
dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), divulgados em 2013, têm-se 
• 2,02 milhões de pessoas morrem a cada ano devido a enfermidades relacionadas com o trabalho. 
• 321 mil pessoas morrem a cada ano como consequência de acidentes no trabalho. 
• 160 milhões de pessoas sofrem de doenças não letais relacionadas com o trabalho. 
• 317 milhões de acidentes laborais não mortais ocorrem a cada ano. 
• A cada 15 segundos, um trabalhador morre de acidentes ou doenças relacionadas com o trabalho. 
• A cada 15 segundos, 115 trabalhadores sofrem um acidente laboral. 
Os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) colocam o Brasil como quarto colocado no 
ranking mundial de acidentes fatais de trabalho 
A tabela 09 apresenta as 20 principais doenças (Classificação Internacional de Doenças - CID) com maiores 
ocorrências para o benefício Auxílio Doença. Essas 20 doenças representam 50,17% de todos os 
afastamentos relativos ao público em estudo,que se restringe aos segurados empregados de empresas com 
CNPJ e CEI observados entre 2000 e 2011 – Brasil. 
 
Percebe-se que doenças motivadas por fatores de riscos ergonômicos e mentais superam os traumáticos, 
conforme se visualiza nas tabelas seguintes. Nesse duodecênio as doenças do grupo M e Dia Mundial em 
Memória às Vítimas de Acidentes de Trabalho Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes de 
Trabalho 11 F (riscos ergonômicos e mentais) da CID, juntas alcançaram peso de 20,76% de todos os 
afastamentos, superando aquelas do grupo S-T (traumáticos) com 19,43% do total. Juntas elas respondem 
por 40,25% de todo o universo previdenciário. 
 
 
REFERÊNCIA: Notificações de Acidentes de Trabalho – BVMS – 2006 
Nos últimos 30 anos acumulam-se estudos que nos ajudam a mensurar sua ocorrência em parcelas da 
população trabalhadora do País e a estimar suas dimensões em outras parcelas da população não cobertas 
por sistemas de informação oficiais. 
 
 
 
REFERÊNCIA: Boletim Epidemiológico 
Intoxicações exógenas relacionadas ao trabalho no Brasil, 2007-2016 
Também os trabalhadores que manuseiam agrotóxicos são mais vulneráveis aos efeitos nocivos associados 
a esses compostos, por constituírem um grupo de alto risco de exposição. O uso de agrotóxicos não se 
restringe à zona rural do Brasil e causa impactos sociais, ambientais e aumento dos gastos públicos com 
recuperação ambiental e atenção à saúde, desde a prevenção até o tratamento das intoxicações exógenas e 
afastamentos ou aposentadorias por invalidez. 
- Afastamento 
Em 2017, a dorsalgia foi a doença que mais afastou os brasileiros dos postos de trabalho. Foram 83,8 mil 
casos. Nos últimos dez anos, a enfermidade tem liderado a lista de doenças mais frequentes entre os auxílios-
doença concedidos pelo INSS. 
Em segundo lugar está fratura de perna, incluindo tornozelo, com 79,5 mil casos, seguido por fratura ao nível 
do punho e da mão, com registro de 60,3 mil casos. 
Os transtornos mentais e comportamentais também têm afastado muitos trabalhadores. Episódios 
depressivos, por exemplo, geraram 43,3 mil auxílios-doença em 2017 – foi a 10ª doença com mais 
afastamentos. Mesma posição de 2016. 
Enfermidades classificadas como outros transtornos ansiosos também apareceram entre as que mais 
afastaram em 2017 (15ª posição). Foram 28,9 mil casos. O transtorno depressivo recorrente apareceu na 21ª 
posição entre as doenças que mais afastaram. Foram 20,7 mil auxílios. 
A neoplasia maligna mamária (câncer de mama) apareceu pela primeira vez nos últimos três anos entre as 
enfermidades mais incidentes. Foi a 20ª doença que mais gerou auxílio-doença em 2017: 21 mil casos. 
Os dados acima são relativos aos auxílios-doença previdenciários (sem relação com acidente ou doença do 
trabalho). 
Acidentários – Considerando-se apenas os auxílios acidentários, ou seja, decorrentes de acidente ou doença 
do trabalho, foram as fraturas as que mais afastaram os trabalhadores no ano passado. Somando-se fraturas 
de punho e mão, perna, pé e antebraço são quase 63 mil casos. 
Entre os benefícios acidentários, a dor nas costas também aparece entre as doenças que mais afastaram no 
ano passado. Foi a quinta com maior número de auxílios – 11,8 mil. 
Em 2016, havia sido a terceira que mais afastou. Outros transtornos ansiosos geraram 2,2 mil auxílios-doença 
acidentários e foi a 20ª enfermidade que mais afastou. Episódios depressivos acometeram 2,1 mil 
trabalhadores e ficou na 21ª posição entre os afastamentos. 
5. Legislação e as políticas públicas que norteiam a saúde do trabalhador (Portarias 3120/98; 777/04; 1339/00 e as NRs 5, 
7, 9, 32 e a Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador). REFERÊNCIA: Portaria nº 3.120, de 1º de julho de 
1998 
PORTARIA Nº 3120: O Ministro de Estado da Saúde, no uso da atribuição que lhe confere o art. 87, inciso 
II, da Constituição Federal, tendo em vista o disposto em seu art. 200, inciso II, combinado com os preceitos 
da Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, e considerando que as determinações contidas na NOB-SUS 
01/96 incluem a Saúde do Trabalhador como campo de atuação da atenção à saúde; considerando as 
determinações contidas na Resolução no 220, de 6 de março de 1997, do Conselho Nacional de Saúde, e na 
Instrução Normativa no 01/97, de 15 de maio de 1997, do Ministério da Saúde, resolve: 
Art. 1º Aprovar a Instrução Normativa de Vigilância em Saúde do Trabalhador no SUS, na forma do Anexo 
a esta Portaria, com a finalidade de definir procedimentos básicos para o desenvolvimento das ações 
correspondentes. 
Art. 2º Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação. 
2 - Conceituação básica 
A Vigilância em Saúde do Trabalhador compreende uma atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, 
no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos 
à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, 
organizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar e avaliar intervenções sobre esses 
aspectos, de forma a eliminá-los ou controlá-los. 
A Vigilância em Saúde do Trabalhador compõe um conjunto de práticas sanitárias, articuladas supra-
setorialmente, cuja especificidade está centrada na relação da saúde com o ambiente e os processos de 
trabalho e nesta com a assistência, calcado nos princípios da vigilância em saúde, para a melhoria das 
condições de vida e saúde da população. 
A Vigilância em Saúde do Trabalhador não constitui uma área desvinculada e independente da vigilância 
em saúde como um todo mas, ao contrário, pretende acrescentar ao conjunto de ações da vigilância em saúde 
estratégias de produção de conhecimentos e mecanismos de intervenção sobre os processos de produção, 
aproximando os diversos objetos comuns das práticas sanitárias àqueles oriundos da relação entre o trabalho 
e a saúde. 
3 - Princípios 
A Vigilância em Saúde do Trabalhador pauta-se nos princípios do Sistema Único de Saúde, em consonância 
com os Sistemas Nacionais de Vigilância Sanitária e de Vigilância Epidemiológica, articulada com a área 
assistencial. 
Além disso, tendo em vista a complexidade e a abrangência do objeto da vigilância, guarda peculiaridades 
que transpõem os limites setoriais da saúde, implicando a ampliação de sua abordagem. 
Como princípios, esquematicamente, pode-se considerar: 
3.1 - Universalidade: todos os trabalhadores, independentemente de sua localização, urbana ou rural, de sua 
forma de inserção no mercado de trabalho, formal ou informal, de seu vínculo empregatício, público ou 
privado, autônomo, doméstico, aposentado ou demitido são objeto e sujeitos da Vigilância em Saúde do 
Trabalhador. 
3.2 - Integralidade das ações: o entendimento de atenção integral à saúde do trabalhador, compreendendo a 
assistência e recuperação dos agravos, os aspectos preventivos implicando intervenção sobre seus fatores 
determinantes em nível dos processos de trabalho e a promoção da saúde que implicam ações articuladas 
com os próprios trabalhadores e suas representações. A ênfase deve ser dirigida ao fato de que as ações 
individuais/curativas articulam-se com as ações coletivas, no âmbito da vigilância, considerando que os 
agravos à saúde do trabalhador são absolutamente preveníveis. 
3.3 - Pluriinstitucionalidade: articulação, com formação de redes e sistemas, entre as instâncias de vigilância 
em saúde do trabalhador e os centros de assistência e reabilitação, as universidades e centros de pesquisa e 
as instituições públicas com responsabilidade na área de saúde do trabalhador, consumo e ambiente. 
3.4 - Controle social: incorporação dos trabalhadores e das suas organizações, principalmente as sindicais, 
em todas as etapas da vigilância em saúde do trabalhador, compreendendo sua participação na identificação 
das demandas, no planejamento, no estabelecimento de prioridadese adoção de estratégias, na execução das 
ações, no seu acompanhamento e avaliação e no controle da aplicação de recursos. 
3.5 - Hierarquização e descentralização: consolidação do papel do município e dos distritos sanitários como 
instância efetiva de desenvolvimento das ações de vigilância em saúde do trabalhador, integrando os níveis 
estadual e nacional do Sistema Único de Saúde, no espectro da ação, em função de sua complexidade. 
3.6 - Interdisciplinaridade: a abordagem multiprofissional sobre o objeto da vigilância em saúde do 
trabalhador deve contemplar os saberes técnicos, com a concorrência de diferentes áreas do conhecimento 
e, fundamentalmente, o saber operário, necessários para o desenvolvimento da ação. 
3.7 - Pesquisa-intervenção: o entendimento de que a intervenção, no âmbito da vigilância em saúde do 
trabalhador, é o deflagrador de um processo contínuo, ao longo do tempo, em que a pesquisa é sua parte 
indissolúvel, subsidiando e aprimorando a própria intervenção. 
3.8 - O caráter transformador: a intervenção sobre os fatores determinantes e condicionantes dos problemas 
de saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho com o entendimento de que a vigilância em 
saúde do trabalhador, sob a lógica do controle social e da transparência das ações, pode ter na intervenção 
um caráter proponente de mudanças dos processos de trabalho, a partir das análises tecnológica, ergonômica, 
organizacional e ambiental efetuadas pelo coletivo de instituições, sindicatos, trabalhadores e empresas, 
inclusive, superando a própria legislação. 
4 - Objetivos 
De forma esquemática pode-se dizer que a vigilância em saúde do trabalhador tem como objetivos: 
 a - conhecer a realidade de saúde da população trabalhadora, independentemente da forma de inserção no 
mercado de trabalho e do vínculo trabalhista estabelecido, considerando: 
 a1 - a caracterização de sua forma de adoecer e morrer em função da sua relação com o processo de 
trabalho; 
 a2 - o levantamento histórico dos perfis de morbidade e mortalidade em função da sua relação com o 
processo de trabalho; 
 a3 - a avaliação do processo, do ambiente e das condições em que o trabalho se realiza, identificando os 
riscos e cargas de trabalho a que está sujeita, nos seus aspectos tecnológicos, ergonômicos e organizacionais 
já conhecidos; 
 a4 - a pesquisa e a análise de novas e ainda desconhecidas formas de adoecer e morrer em decorrência do 
trabalho; 
 b - intervir nos fatores determinantes de agravos à saúde da população trabalhadora, visando eliminá-los 
ou, na sua impossibilidade, atenuá-los e controlá-los, considerando: 
 b1 - a fiscalização do processo, do ambiente e das condições em que o trabalho se realiza, fazendo cumprir, 
com rigor, as normas e legislações existentes, nacionais ou mesmo internacionais, quando relacionadas à 
promoção da saúde do trabalhador; 
 b2 - a negociação coletiva em saúde do trabalhador, além dos preceitos legais estabelecidos, quando se 
impuser a transformação do processo, do ambiente e das condições em que o trabalho se realiza, não prevista 
normativamente; 
 c - avaliar o impacto das medidas adotadas para a eliminação, atenuação e controle dos fatores 
determinantes de agravos à saúde, considerando: 
 c1 - a possibilidade de transformar os perfis de morbidade e mortalidade; 
 c2 - o aprimoramento contínuo da qualidade de vida no trabalho; 
 d - subsidiar a tomada de decisões dos órgãos competentes, nas três esferas de governo, considerando: 
 d1 - o estabelecimento de políticas públicas, contemplando a relação entre o trabalho e a saúde no campo 
de abrangência da vigilância em saúde; 
 d2 - a interveniência, junto às instâncias do Estado e da sociedade, para o aprimoramento das normas 
legais existentes e para a criação de novas normas legais em defesa da saúde dos trabalhadores; 
 d3 - o planejamento das ações e o estabelecimento de suas estratégias; 
 d4 - a participação na estruturação de serviços de atenção à saúde dos trabalhadores; 
 d5 - a participação na formação, capacitação e treinamento de recursos humanos com interesse na área; 
 e - estabelecer sistemas de informação em saúde do trabalhador, junto às estruturas existentes no setor 
saúde, considerando: 
 e1 - a criação de bases de dados comportando todas as informações oriundas do processo de vigilância e 
incorporando as informações tradicionais já existentes; 
 e2 - a divulgação sistemática das informações analisadas e consolidadas. 
5 - Estratégias 
A vigilância em saúde do trabalhador, como um conjunto de práticas sanitárias contínuas, calcada, entre 
outros princípios, na interdisciplinaridade, na pluriinstitucionalidade, no controle social, balisada na 
configuração do Sistema Único de Saúde, e tendo como imagem-objetivo a melhoria da qualidade de vida 
no trabalho, pressupõe o estabelecimento de estratégias operacionais para alcançá-la. 
Embora cada Estado, Região ou Município, guardadas suas características, deva buscar a melhor forma de 
estabelecer suas próprias estratégias de vigilância, alguns pressupostos podem ser considerados como 
aplicáveis ao conjunto do SUS. Dentre os passos que podem ser estabelecidos na estratégia de 
operacionalização das ações, buscando manter uma lógica seqüencial de consolidação da vigilância, pode-
se destacar: 
5.1 - Onde já existam estruturas, estaduais e municipais, de saúde do trabalhador - Programas, Coordenações, 
Divisões, Gerências, Centros, Núcleos - promover e/ou aprofundar a relação institucional com as estruturas 
de Vigilância Epidemiológica, Vigilância Sanitária e Fiscalização Sanitária, buscando a superação da 
dicotomia existente em suas práticas, em que o objeto de ação da vigilância, em geral, não contempla o 
processo de produção e sua relação com a saúde dos trabalhadores. Com este intuito, recomenda-se a 
constituição de equipes multiprofissionais para a execução de ações interdisciplinares e pluriinstitucionais. 
5.2 - Recomenda-se a criação de comissão, na forma colegiada, com a participação de trabalhadores, suas 
organizações sindicais e instituições públicas com responsabilidades em saúde do trabalhador, vinculada 
organicamente ao SUS e subordinada aos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, com a finalidade de 
assessorá-lo na definição de políticas, no estabelecimento de diretrizes e prioridades, e no acompanhamento 
e avaliação da execução das ações de saúde do trabalhador. 
5.3 - Dada a abrangência e as dificuldades operacionais de se implementarem, simultaneamente, ações de 
vigilância em todos os ambientes de trabalho, em um dado município ou região, faz-se necessário o 
planejamento dessas ações com o estabelecimento de prioridades, visando a intervenções de impacto, com 
efeitos educativos e disciplinadores sobre o setor. Para tanto, recomenda-se a adoção de alguns critérios 
como: 
 - Base Sindical: Uma vez que um determinado sindicato de trabalhadores, com alguma tradição de luta 
pela saúde identifique e encaminhe situações-problema, junto à estrutura de vigilância, desencadeia-se uma 
ação integrada que visa atuar não apenas na empresa denunciada, mas nas principais empresas abrangidas 
por aquela categoria de trabalhadores. O investimento da ação nesta base deve considerar a capacidade de 
reprodutibilidade, a partir do sindicato em questão e para o movimento sindical como um todo, numa dada 
região. 
 - Ramo Produtivo: Consiste na atuação em todas as empresas com o mesmo perfil produtivo, capaz de se 
constituir em fonte de risco para a saúde, preponderantes numa dada região, independente da capacidade de 
mobilização dos sindicatos envolvidos. A utilização deste critério pode se dar por avaliação epidemiológica 
dos casos notificados, denúncias sucessivas ou análise dos processos produtivos. O investimento da ação, 
neste caso, visa à mudança dos processos de forma integrada,sem a punição de uma empresa em particular, 
mas intervindo em todas as empresas daquele setor e, em especial, nas que apresentam grande concentração 
de trabalhadores, sempre buscando a atuação conjunta com os sindicatos das categorias expostas. 
 - Território: Consiste na intervenção por varredura, em pequena área geográfica previamente delimitada 
(setor censitário, distrito de saúde, bairro, distrito industrial etc.), de todos os processos produtivos capazes 
de gerar dano à saúde. O investimento da ação, neste caso, visa abranger todos os trabalhadores, ao longo 
do tempo, a despeito de sua forma de inserção no mercado de trabalho e seu vínculo de emprego, a partir da 
elaboração de mapas dos processos produtivos, de modo a estabelecer um perfil de risco à saúde dos 
trabalhadores. 
 - Epidemiológico (evento-sentinela): Consiste na intervenção nas empresas, a partir de agravos à saúde 
dos trabalhadores que podem representar um problema coletivo, ainda não detectado, e mesmo um problema 
epidemiológico relevante, mas submerso. A intervenção dirige-se à maior ou às maiores empresas 
considerando os aspectos potenciais de freqüência e/ou gravidade dos eventos-sentinela. 
É importante salientar que os critérios acima não obedecem à ordem de hierarquia e tampouco são 
excludentes, podendo ser utilizados de forma combinada. 
5.4 - Como estratégia de consolidação das ações de vigilância em saúde do trabalhador é fundamental que 
os Estados e os Municípios contemplem o tema na revisão de seus códigos de saúde. 
REFERÊNCIA: PORTARIA Nº 777, DE 28 DE ABRIL DE 2004 
PORTARIA Nº 777: Dispõe sobre os procedimentos técnicos para a notificação compulsória de agravos 
à saúde do trabalhador em rede de serviços sentinela específica, no Sistema Único de Saúde – SUS. 
Art. 1º Regulamentar a notificação compulsória de agravos à saúde do trabalhador - acidentes e doenças 
relacionados ao trabalho – em rede de serviços sentinela específica. 
§ 1° São agravos de notificação compulsória, para efeitos desta portaria: 
I - Acidente de Trabalho Fatal; 
II - Acidentes de Trabalho com Mutilações; 
III - Acidente com Exposição a Material Biológico; 
IV - Acidentes do Trabalho em Crianças e Adolescentes; 
V - Dermatoses Ocupacionais; 
VI - Intoxicações Exógenas (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais 
pesados); 
VII - Lesões por Esforços Repetitivos (LER), Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho 
(DORT); 
VIII - Pneumoconioses; 
IX - Perda Auditiva Induzida por Ruído – PAIR; 
X - Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho; e 
XI - Câncer Relacionado ao Trabalho. 
§ 2° O Instrumento de Notificação Compulsória é a Ficha de Notificação, a ser padronizada pelo Ministério 
da Saúde, segundo o fluxo do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). 
Art. 2º Criar a Rede Sentinela de Notificação Compulsória de Acidentes e Doenças Relacionados ao 
Trabalho, enumerados no § 1° do artigo1º, desta Portaria, constituída por: 
I - centros de Referência em Saúde do Trabalhador; 
II - hospitais de referência para o atendimento de urgência e emergência e ou atenção de média e alta 
complexidade, credenciados como sentinela; e 
III - serviços de atenção básica e de média complexidade credenciados como sentinelas, por critérios a serem 
definidos em instrumento próprio. 
Art. 3º Estabelecer que a rede sentinela será organizada a partir da porta de entrada no sistema de saúde, 
estruturada com base nas ações de acolhimento, notificação, atenção integral, envolvendo assistência e 
vigilância da saúde. 
Parágrafo único. Os procedimentos técnicos de Vigilância em Saúde do Trabalhador deverão estar 
articulados com aqueles da vigilância ambiental, sanitária e epidemiológica. 
Art. 4º Definir que a formação e qualificação dos trabalhadores do SUS, para a notificação dos agravos 
relacionados ao trabalho, na rede de cuidados progressivos do Sistema deverá estar em consonância com as 
diretrizes estabelecidas na Política de Educação Permanente para o SUS, prioritariamente, pactuada nos 
Pólos de Educação Permanente. 
Art. 5º Estabelecer que caberá à Secretaria de Atenção à Saúde e à Secretária de Vigilância em Saúde, do 
Ministério da Saúde, a definição dos mecanismos de operacionalização do disposto nesta Portaria. 
Parágrafo único. A definição dessas diretrizes deverá ocorrer no prazo de até 60 (sessenta) dias, a contar da 
publicação desta Portaria. 
Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação. 
REFERÊNCIA: PORTARIA Nº 1339, DE 18 DE NOVEMBRO DE 1999 
Considerando a importância da definição do perfil nosológico da população trabalhadora para o 
estabelecimento de políticas públicas no campo da saúde do trabalhador, resolve: 
Art. 1º Instituir a Lista de Doenças relacionadas ao Trabalho, a ser adotada como referência dos agravos 
originados no processo de trabalho no Sistema Único de Saúde, para uso clínico e epidemiológico, constante 
no Anexo I desta Portaria. 
(IMPRESSO) - NRS e Políticas – IMPRESSAS 
6. Efeitos e manifestações clínicas do hidrargirismo. REFERÊNCIA: Harrison – Medicina Interna – 2017 
FISIOPATOLOGIA 
O mercúrio produz toxicidade ao se ligar a grupos sulfidrila, desse modo, inibindo sistemas enzimáticos e 
rompendo a integridade da membrana celular. 
O mercúrio também se liga a grupos amida, amina, carboxila e fosforila. 
Metilmercúrio inibe a colina acetiltransferase, uma enzima fundamental para a formação da acetilcolina. 
O mercúrio elementar é ou foi usado em amálgama dentária, instrumentos de calibração, galvanoplastia, 
extração de ouro, manômetros e termômetros. Mercúrio elementar acumulado em baixo de tapetes ou 
soalhos, em domicílios, resultou em toxicidade clínica. Injeção parenteral crônica de mercúrio elementar — 
não mais prescrita clinicamente, mas ainda realizada por indivíduos, mesmo que raramente —pode produzir 
neurotoxicidade. 
O mercúrio elementar ingerido é pouco absorvido pelo trato gastrointestinal e praticamente não causa 
toxicidade. Em contraposição, aproximadamente 75% do vapor de mercúrio elementar inalado são 
absorvidos através dos pulmões. Uma vez absorvido, o mercúrio elementar é distribuído aos tecidos e 
eritrócitos, onde é oxidado para a forma mercúrica. 
Algum mercúrio elementar atravessa a barreira hematoencefálica, e a oxidação dentro do sistema nervoso 
central leva à acumulação de mercúrio bivalente no cérebro, porque o mercúrio ionizado não cruza 
facilmente a barreira hematoencefálica. 
Mercúrio inorgânico pode ser um componente de desinfetantes, fogos de artifício, conservantes e 
substâncias de revelação fotográfica. Aplicação de cremes ou pomadas que contenham mercúrio inorgânico 
sobre a pele (intacta ou danificada) pode resultarem uma absorção sistêmica de mercúrio. 
Soluções de mercúrio inorgânico são corrosivas para o trato gastrointestinal, mas até 15% do mercúrio 
inorgânico ingerido são absorvidos através da mucosa gastrointestinal. Depois da absorção, o sal de mercúrio 
inorgânico é ionizado e atravessa pouco a barreira hematoencefálica. Entretanto, mercúrio bivalente 
absorvido pode ser reduzido à forma metálica, que cruza a barreira hematoencefálica. 
Mercuriais orgânicos são usados como pesticidas, conservantes e desinfetantes. Usinas termelétricas a 
carvão são uma fonte importante de mercúrio para o meio ambiente. Mercuriais elementares e inorgânicos 
depositados no ambiente são bioconvertidos em compostos de mercúrio orgânico que constituem 
contaminantes reconhecidos da cadeia alimentar, particularmente em peixes. O consumo de peixe é a fonte 
de quase todo o metilmercúrio na população geral. A FDA e a Environmental Protection Agency (EPA) 
recomendam evitar o consumo de peixes com concentrações mais altas de mercúrio —cavala, tubarão, peixe-
espada e peixe-porco (ou peixe-batata) do Golfo do México. As mulheres em idade reprodutiva e grávidas 
devem limitar o consumo de peixecom teor médio de mercúrio: filé de atum fresco, albacora ou atum branco 
enlatado, garoupa, peixe-relógio, truta de água salgada, enchova, lagosta, halibute, hadoque, vermelho e siri. 
Mercúrio orgânico é altamente lipossolúvel, bem absorvido através do tratogastrointestinal e amplamente 
distribuído por todo o corpo. Os compostos orgânicos de mercúrio são metabolizados no organismo; 
compostos de mercúrio de cadeia longa são rapidamente metabolizados para mercúrio inorgânico, enquanto 
compostos de mercúriode cadeia curta (p. ex., metilmercúrio) são metabolizados lentamente para mercúrio 
inorgânico. O mercúrio orgânico cruza prontamente a barreira hematoencefálica, e a oxidação dentro do 
sistema nervoso central leva à acumulação do íon mercúrico no cérebro. 
Mecanismo de efeito tóxico e algumas manifestações clínicas 
O mercúrio elementar (Hg) não é bem absorvido; contudo, é volátil e forma vapor altamente absorvível. O 
mercúrio inorgânico é absorvido pelos intestinos e pela pele. O mercúrio orgânico é bem absorvido por 
inalação e ingestão. O mercúrio elementar e o orgânico atravessam a barreira hematencefálica e a placenta. 
A inalação aguda do vapor de Hg causa pneumonite e edema pulmonar não cardiogênico que provocam 
morte, sinais e sintomas referidos ao SNC e polineuropatia 
A exposição crônica maciça causa toxicidade no SNC; as exposições mais leves deprimem a função renal, a 
velocidade de condução motora, a memória e a coordenação A ingestão aguda de mercúrio inorgânico causa 
gastrenterite, síndrome nefrítica ou insuficiência renal aguda, hipertensão, taquicardia e colapso 
cardiovascular com morte depois da exposição a doses entre 10 e 42 mg/kg 
A ingestão do mercúrio orgânico causa gastrenterite, arritmias e lesões dos núcleos da base, da substância 
cinzenta e do cerebelo com doses > 1,7 mg/kg 
A exposição maciça durante a gravidez causa anomalias da migração dos neurônios fetais e provoca 
deficiência intelectual grave. As exposições leves durante a gestação (decorrentes do consumo de peixe) 
estão associadas a declínios do desempenho neurocomportamental da prole. 
REFERÊNCIA: Manual de SP + HARRISON - Medicina Ocupacional e Ambiental - 2016 
O mercúrio leva à inibição enzimática e a alterações das membranas celulares através da reação com grupos 
sulfidrila, carboxila, fosforila e amida. O principal órgão-alvo do vapor de mercúrio é o cérebro, mas também 
causa danos renais, imunológicos, endócrinos, musculares, gastrintestinais e cutâneos. 
 
VIAS 
Varia conforme a forma química do mercúrio e da via de exposição. 
 Absorção 
Cerca de 80% do vapor de mercúrio metálico é absorvido pelos pulmões através da inalação. A absorção 
gastrointestinal do mercúrio metálico e desprezível e considerada não tóxica em uma ingestão acidental de 
pequeno volume (mercúrio de termômetros). Os sais de mercúrio inorgânico podem ser absorvidos de 7 a 
10% quando ingeridos, e somente 1% após contato com a pele intacta. O metilmercúrio é bem absorvido 
pelo intestino (90%). 
 Distribuição 
Mercúrio atravessa as barreiras hematoencefálica e placentária. Além do cérebro, ele se deposita na tireoide, 
mamas, coração, músculos, rim, adrenais, fígado e pâncreas, podendo estar associado à disfunção desses 
órgãos. A maior concentração de íons mercúrio é nos túbulos renais. O metilmercúrio é lipofílico e se 
distribui em todos os tecidos, incluindo placenta e SNC. 
Os compostos de mercúrio arila e os compostos inorgânicos de mercúrio são distribuídos para vários tecidos, 
mas o cérebro e os rins são os órgãos-alvo principais. Nesses sítios, os compostos se ligam aos grupos 
sulfidrila e interferem em vários sistemas de enzimas celulares. A metalotioneína, uma proteína rica em 
grupos sulfidrila, liga-se ao mercúrio e exerce um efeito protetor nos rins. A absorção dos compostos 
alquílicos de mercúrio pelos eritrócitos na corrente sanguínea é muito rápida e, também, estes se acumulam 
nos tecidos cerebrais. 
 Eliminação 
O mercúrio metálico é e excretado via renal e fecal como mercúrio mercúrico. A meia-vida de excreção pode 
variar, dependendo do órgão de deposição e estado redox, com valores variando de poucos dias a vários 
meses, mas uma fração pode ficar retida por anos em órgãos como rins e cérebro. A meia-vida do mercúrio 
metálico e do mercúrio inorgânico é de 30 a 60 dias. O mercúrio orgânico é excretado predominantemente 
pelas fezes e sua meia-vida é de 70 dias. 
Os níveis desse metal também podem ser medidos nos cabelos e nas unhas. 
REFERÊNCIA: CECIL 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
A inalação crônica de vapor de mercúrio elementar resulta em duas síndromes. 
A primeira síndrome consiste em manifestações neuropsiquiátricas, gengivoestomatite e tremor. O tremor 
é evidente em repouso ou com movimento, e pode ser agravado com movimento intencional. 
A segunda síndrome é o eritismo mercurial, uma constelação neuropsiquiátrica de achados que inclui fadiga, 
insônia, comprometimento da memória, nervosismo, irritabilidade, retraimento, afastamento social, perda 
deconfiança, timidez e depressão. 
A exposição ocupacional crônica ao mercúrio inorgânico pode causar anormalidades psicomotoras e 
neuromusculares subclínicas, bem como comprometimento comportamental de longo prazo. Anormalidades 
neuropsiquiátricas (desatenção, memória, interpretação e desempenho motor) parecem estar relacionadas à 
dose. 
A intoxicação pelo metilmercúrio é cumulativa e se desenvolve ao longo de vários anos. Com base em 
epidemias de intoxicação por metilmercúrio no Japão e no Iraque, nas quais grandes quantidades de mercúrio 
orgânico foram consumidas, os sintomas iniciais são fadiga e parestesia, perioral e de extremidades, 
seguindo-se dificuldades com os movimentos das mãos e perturbações da visão. O quadro clássico da 
intoxicação pelo metilmercúrio é constituído pelo início gradual de ataxia (incoordenação dos movimentos), 
campos visuais reduzidos e disartria (dificuldade de articulação da fala). Outros achados são parestesia 
(dormência, queimação, coceira), surdez, incoordenação, perda de movimento voluntário e retardo mental. 
O quadro completo da toxicidade é de anormalidades psicológicas, cerebelares, sensitivas e motoras. 
Entretanto, quantidades moderadas de metilmercúrio na dieta não foram associadas aos efeitos adversos em 
adultos; a maior preocupação se relaciona a efeitos tóxicos potenciais sobre o feto e o seu sistema nervoso 
central em desenvolvimento. 
REFERÊNCIA: Epidemiologia das substâncias químicas neurotóxicas - Heloísa Pacheco-Ferreira. Profa. Adjunta – 
NESC/UFRJ. Médica Neurologista. Mestre em Saúde doTrabalhador (ENSP/FIOCRUZ). Doutora em Ciências 
MERCÚRIO - INTOXICAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS 
Numa exposição aguda, efeitos respiratórios, cardiovasculares e gastrointestinais são observados. Estudos 
relatam casos de morte por intoxicaçõesagudas, em exposição ao mercúrio metálico, atribuídas à diminuição 
da função respiratória, como resultado de lesões pulmonares graves. A sintomatologia inicial caracteriza-se 
por cólica abdominal, náuseas, vômitos, diarréia, ocorrendo corrosão damucosa intestinal e irritação do trato 
respiratório, acompanhada de dificuldadesrespiratórias, hemorragia gastrointestinal e edema pulmonar. Estes 
sintomas aparecemde duas a oito horas de exposição ao tóxico. Nos que sobrevivem, 24 horas após, podem 
aparecer manifestações neurológicas. 
Na intoxicação crônica, os efeitos sobre o sistema nervoso central são resultantes, principalmente, da 
exposição aos vapores de mercúrio elementar e ao metilmercúrio (MeHg). Estas formas, por atravessarem a 
barreira hematencefálica, podem provocar danos cerebrais irreversíveis. 
O mercúrio elementar, quando inalado na forma de vapores, é quase completamente absorvido (80%), e se 
difunde rapidamente através das barreiras hematencefálica e placentária. A principal via de excreção é 
através da urina. O mercúrio elementar tem um tempode meia-vida biológica de 60 dias,aproximadamente, 
no homem. 
As lesões ocorrem principalmente no córtex cerebral, especificamente no lobo occipital, lobo temporal e 
substância negra. Outros autores sugerem que há uma distribuição uniforme do mercúrio no cérebro. Os 
distúrbios do comportamento e da cognição são os primeiros sinais da intoxicação, caracterizando-se por 
irritabilidade, insônia, diminuição da autoconfiança, diminuição da memória, depressão, dificuldade para 
dormir, pesadelos, fadiga, diminuição da concentração, nervosismo e labilidade emocional. 
No sistema nervoso periférico, a exposição crônica aos vapores pode provocar danos, causando as 
neuropatias periféricas, com diminuição da velocidade de condução nervosa motora e sensitiva. 
Nos rins, órgãos com alta capacidade de concentração do Hg lesões graves podem ser observadas, como 
disfunção glomerular, síndrome nefrótica agudacaracterizada por proteinúria com albuminúria e edema, 
aparecendo após alguns meses de exposição. 
No sistema imunológico, há evidências de danos, caracterizados por diminuição dos níveis das 
imunoglobulinas (IgA e IgG) em especial a última, em prolongadas exposições, assim como no sistema 
cardiovascular - aumento da pressão arterialsistólica/ diastólica e palpitações; hematológico - moderada 
leucocitose, neutrofilia, diminuição da hemoglobulina e hematócrito, aumento da concentração de 
hemoglobulina corpuscular - e hepático, com aumento das transaminases e diminuição na síntese de fatores 
de coagulação. 
O metilmercúrio é distribuído uniformemente em todos os tecidos embora se concentre mais no sangue e no 
cérebro do que o mercúrio elementar e o iônico. Cercade 90 % do metilmercúrio são encontrados nas 
hemácias, onde é lentamente metabolizado a Hg(II). O metilmercúrio tem um tempo de meia-vida biológica 
de 70 dias aproximadamente, no homem, e suas principais vias de eliminação são através dabile e das fezes. 
As lesões ocorrem principalmente no córtex calcário, giro pré e pós-central, girotemporal superior e na 
porção central do cerebelo. O gânglio basal sofre severa destruição. 
Os sintomas predominantes são ataxia, disartria, tremor, constrição do campo visual e distúrbios 
intelectuais. 
Foram observado efeitos tóxicos intra-uterinos em crianças cujas mães se contaminaram durante a gravidez. 
As lesões cerebrais são manifestadas por retardomental, incoordenação e incapacidade para se locomover. 
Genotoxicidade, como aberrações cromossomiais, também são observadas nas intoxicações por esta formade 
Hg. 
A doença provocada pelo metilmercúrio, no Japão, ficou conhecida como a Doença de Minamata (DM), 
enfermidade neurológica induzida por ingestão oral de mercúrio orgânico acumulado em peixes e frutos do 
mar. O primeiro sintoma se caracteriza por distúrbio sensorial, acompanhado por ataxia, distúrbios do 
equilíbrio, diminuição concêntrica do campo visual, distúrbio da marcha, disartria, fraqueza muscular, 
tremor, movimentos anormais dos olhos, distúrbios de audição, anormalidades do paladar e dano mental. 
REFERÊNCIA: HARRISON - Medicina Ocupacional e Ambiental 
Como muitas outras toxinas, o envenenamento por mercúrio causa uma encefalopatia difusa. No estágio 
inicial, a encefalopatia é caracterizada por euforia, irritabilidade, ansiedade e labilidade emocional. A 
exposição mais intensa leva a confusão e a alteração no nível de consciência. Os pacientes podem 
desenvolver tremor e ataxia cerebelar. A perda auditiva, a diminuição do campo visual, a hiper-reflexia e o 
sinal de Babinski podem estar presentes. Todos os sintomas anteriores podem ser observados na intoxicação 
por mercúrio orgânico, mercúrio metálico, vapor de mercúrio ou sais inorgânicos de mercúrio. 
O envenenamento por mercúrio orgânico se apresenta com distúrbios significativos do SNC, com pouco ou 
nenhum envolvimento do sistema nervoso periférico. A neuropatia é associada principalmente ao mercúrio 
inorgânico. 
 
 
Sinais e sintomas 
Mercúrio inorgânico — A inalação de altas concentrações de vapor ou de sais de mercúrio provoca tosse 
e dispneia. As queixas de inflamação na cavidade oral e no trato gastrintestinal ocorrem logo após a 
exposição, com pneumonite química subsequente. As lesões renais causam preocupação especial após a 
exposição ao cloreto de mercúrio e se apresentam como uma diurese inicial, seguida de proteinúria e de 
insuficiência renal oligúrica. 
As exposições aos compostos inorgânicos de mercúrio afetam, em principal, o sistema nervoso. As 
manifestações neuropsiquiátricas incluem alterações na personalidade, timidez, ansiedade, perda de 
memória e instabilidade afetiva. Tremor é um sinal inicial de neurotoxicidade. É comum a presença de 
neuropatia sensorial periférica com parestesias distais. Alucinações e demência são manifestações tardias 
muito sérias. 
Mercúrio orgânico — A exposição aos compostos alquílicos de mercúrio resulta no início tardio e insidioso 
de danos progressivos no sistema nervoso, os quais poderão se tornar fatais. Os sintomas iniciais são 
dormência e formigamento nas extremidades e nos lábios. A seguir, ocorre a perda da coordenação motora, 
acompanhada de ataxia da marcha, tremor e perda dos movimentos. Constrição dos campos visuais, perdas 
auditivas centrais, rigidez muscular e espasticidade são condições que ocorrem com reflexos tendinosos 
profundos exagerados. As alterações comportamentais e os danos intelectuais podem ser ocorrências 
relevantes. As doenças renais são raras. 
7. Agentes intoxicadores. REFERÊNCIA: Epidemiologia das substâncias químicas neurotóxicas - Heloísa Pacheco-
Ferreira. Profa. Adjunta – NESC/UFRJ. Médica Neurologista. Mestre em Saúde do Trabalhador (ENSP/FIOCRUZ). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA: Tratado de Neurologia, 12ª edição. Guanabara Koogan, 09/2011 + Medicina Ocupacional e Ambiental, 
5th edição - 2016. 
Acrilamida: trabalhadores que manuseiam a acrilamida monomérica na produção de poliacrilamidas e 
aqueles expostos à acrilamida monomérica usada na argamassa. A intoxicação ocorre por inalação ou 
absorção cutânea. As características do envenenamento incluem irritação cutânea local, perda de peso, 
lassitude e sintomas neurológicos do envolvimento dos sistemas nervosos central e periférico. A exposição 
aguda causa, de modo geral, um estado de confusão, manifestado como desorientação, perda de memória e 
ataxia da marcha. O local principal de ação da acrilamida, entretanto, é o nervo periférico. 
Arsênio: Os compostos arsenicais são usados como preservativos da madeira, como, por exemplo, o 
arsenieto de gálio, usado na indústria de semicondutores, e como desfolhante e dessecante na agricultura. A 
contaminação da água pode ocorrer a partir da filtração de intermediários do arsênio na fundição ou do seu 
uso excessivo na agricultura. A intoxicação aguda por compostos arsenicais leva a náuseas, vômito, dor 
abdominal e diarreia. A neuropatia periférica é a manifestação neurológica mais comum de toxicidade e 
pode ocorrer após exposição aguda ou crônica. 
Dissulfeto de carbono: é utilizado como solvente da produção de perfumes e vernizes, fumigantes e 
inseticidas e na manufatura industrial. A exposição por inalação relativamente curta a um nível tóxico (≥ 
300 ppm) de dissulfeto de carbono causa tontura e cefaleias, seguidas por delirium, mania ou embotamento 
mental. Concentrações superiores a 400 ppm podem apresentar um efeito narcotizante, levando a convulsão, 
coma e insuficiência respiratória. A exposição crônica tem sido associada tanto às anormalidades do sistema 
nervoso central quanto à neuropatia periférica. 
Monóxido de carbono: Se liga à hemoglobina, para formar a carboxi-hemoglobina, e causa hipóxia 
neuronal. A inalação de baixas concentrações (0,01 a 0,02%) de monóxido de carbono causa cefaleia e 
confusão branda. Uma concentração mais elevada, de 0,1 a 0,2%, poderá resultar em sonolência ou estupor, 
e a inalaçãode 1%, por mais de 30 minutos, poderá ser fatal. Inicialmente, os sintomas incluem cefaleia, 
tontura e desorientação. Uma hipóxia mais prolongada ou grave é acompanhada por uma combinação 
variável de tremor, coreia, espasticidade, distonia, rigidez e bradicinesia. A toxicidade decorre da hipoxia 
tecidual e dos danos diretos a estruturas celulares. O CO compete com o oxigênio pela ligação à 
hemoglobina. Ele se liga a outras proteínas, incluindo a mioglobina e a citocromo c oxidase. 
Hexacarbonetos: Representam um grupo de compostos orgânicos voláteis muito utilizados em domicílios 
e indústrias como solventes e adesivos. A doença humana é causada por um metabólito tóxico intermediário, 
a g-dicetona 2,5-hexanediona. Como outros solventes orgânicos, os hexacarbonetos podem induzir uma 
encefalopatia aguda caracterizada por euforia, alucinação e confusão. O efeito eufórico agudo dos 
hexacarbonetos leva ao seu abuso como droga recreacional. 
Chumbo: O chumbo está presente em tintas, baterias, encanamentos, soldas, munições e cabos. A exposição 
aguda a altos níveis é proveniente da ingestão acidental, inalação ou exposição industrial. Ela resulta em 
uma síndrome de cólica abdominal e vômito intermitente, acompanhada por sintomas neurológicos como 
cefaleia, tremor, apatia e letargia. A intoxicação maciça pode levar a convulsões, edema cerebral, estupor ou 
coma e, finalmente, a herniação transtentorial. 
O chumbo interfere nas enzimas sulfidrílicas da biossíntese do heme, especialmente a ácido δ-
aminolevulínico desidratase, a coproporfirina oxidase e a ferroquetalase. Outras enzimas contendo heme 
também são afetadas, incluindo o citocromo P450 no fígado e a citocromo c oxidase mitocondrial. O chumbo 
interfere também nas enzimas ativadas pelo cálcio, nos canais de cálcio e na Ca+ ATPase. Assim também, 
ele tem múltiplos e diversos efeitos bioquímicos prejudiciais sobre o metabolismo celular. 
Manganês: é muito utilizado na fabricação de aço, ligas e soldas. O manganês também é encontrado em 
baterias alcalinas e em vários fungicidas. É mais comum que o envenenamento ocorra na mineração, na 
fundição, na moagem e nas indústrias de fabricação de baterias, embora existam registros ocasionais de 
contaminação ambiental. A síndrome clássica de envenenamento por manganês, ou manganismo, é o 
aparecimento de um distúrbio extrapiramidal que lembra a doença de Parkinson idiopática. Tremor, rigidez, 
fácies “mascarada” e bradicinesia se desenvolvem lentamente. 
Metanol: A neurotoxicidade do metanol é causada principalmente pelo formaldeído e pelo formato (ou ácido 
fórmico). Os pacientes apresentam cefaleia, náusea, vômitos e dor abdominal. A taquipneia, quando 
presente, indica a presença de acidose metabólica significativa. Os sintomas visuais aparecem precocemente 
e oscilam desde turvação visual à cegueira total. Uma acidose grave ocorre em consequência da conversão 
de metanol em formaldeído e ácido fórmico. Vísceras e cérebro apresentam hemorragias petequiais e edema. 
A exposição a grandes quantidades é fatal em 72 h. 
Brometo de metila e iodeto de metila: Acredita-se que os brometos orgânicos sejam mais tóxicos do que 
os de origem inorgânica. Esses sais são usados em estufas e campos para o controle de nematódeos, fungos 
e ervas daninhas. O brometo de metila (BrMe) tem sido associado à toxicidade aguda do sistema nervoso 
central e à neuropatia periférica induzida por exposições mais longas, juntamente à disfunção 
neuropsiquiátrica, cerebelar e do trato piramidal. O iodeto de metila (IMe) tem sido usado em vários 
processos farmacêuticos e da síntese de pesticidas. O IMe é conhecido por ser um narcótico, e relatos de 
casos mencionaram parkinsonismo, sequelas cerebelares e sequelas neuropsicológicas latentes, semelhantes 
aos efeitos do BrMe. 
Óxido nitroso: A exposição excessiva ao óxido nitroso, geralmente no caso de droga de abuso, causa uma 
mieloneuropatia indistinguível daquela causada por deficiência de vitamina B12 (cobalamina). Os pacientes 
se apresentam com parestesias nas mãos e nos pés. Ataxia da marcha, perda sensitiva, sinal de Romberg e 
fraqueza nas pernas podem estar presentes. Os reflexos tendinosos poderão estar diminuídos ou abolidos 
(neuropatia periférica), ou patologicamente exacerbados (envolvimento da medula espinal; i.e., mielopatia). 
O óxido nitroso inativa a vitamina B12 e interfere na conversão dependente de B12 da homocisteína em 
metionina. 
Organofosfatos: usados normalmente como pesticidas e herbicidas e, em menor grau, como aditivos do 
petróleo, antioxidantes e retardadores de chama. Eles são altamente lipossolúveis e são absorvidos pelo 
contato com a pele ou por meio das túnicas mucosas, via inalação e ingestão. Todos os OPs apresentam em 
comum a propriedade de inibir a enzima acetilcolinesterase. 
 
Hexacarbonetos: podem induzir uma encefalopatia aguda caracterizada por euforia, alucinação e confusão. 
Zinco: A mieloneuropatia causada pelo zinco se apresenta de forma semelhante à mielopatia induzida pelo 
óxido nitroso. O zinco está presente em vários alimentos comuns e em alguns cremes dentais. O zinco 
também pode ser inalado como agente de risco ocupacional em soldagem, na construção civil ou na indústria 
automotiva. 
Compostos Orgânicos Voláteis: As síndromes neurológicas ocasionadas por COV (solventes) ocorrem 
após a exposição ocupacional ou a exposição deliberada por abuso por inalação. Os hidrocarbonetos 
aromáticos, especialmente o tolueno, produzem danos cerebrais e cerebelares. Os hidrocarbonetos alifáticos 
causaram surtos de neuropatia periférica em exposições industriais ou recreacionais ao n-hexano ou à metil-
n-butil cetona. 
Os hidrocarbonetos halogenados são tóxicos para o SNC por lesarem membranas de células nervosas e 
alterarem a neurotransmissão; uma fase excitatória é rapidamente seguida por depressão do SNC. Os 
compostos incluem clorofórmio, cloreto de metileno e tetracloroetano. O potencial neurotóxico de uma 
substância é por vezes facilitado por outras no mesmo produto comercial. Monóxido de 
Toxinas Vegetais e Animais 
A intoxicação por Ciguatera ou a síndrome neurotóxica marinha é a mais comum das formas não bacterianas 
de intoxicação alimentar nos EUA e no Canadá. Ela é causada pela ingestão de peixes vermelhos tropicais 
que contêm diversas toxinas nas partes comestíveis; as toxinas supostamente se originam de dinoflagelados. 
Muitas plantas contêm substâncias farmacologicamente ativas que atravessam a barreira hematencefálica, 
com delirium, alucinações, convulsões e sedação ocorrendo em consequência. A cicutoxina, um estimulante 
da cicuta aquática, pode ser ingerida após ser identificada erroneamente como cenoura ou batata-doce 
silvestres. A sedação pode se seguir à estimulação. Outras toxinas, como a andromedotoxina do rododendro, 
são depressoras. 
Uma doença designada konzo se tornou prevalente na África subsaariana quando a raiz da mandioca foi 
usada em períodos de seca. A mandioca contém um cianoglicosídio linamarino, que é enzimaticamente 
convertido em cianeto, que danifica então as células neurais. O quadro clínico é de uma paraplegia espástica 
súbita, simétrica e permanente. 
REFERÊNCIA: Fundamentos em Toxicologia de Casarett e Doull (Lange). AMGH, 01/2012. 
MECANISMOS DE NEUROTOXICIDADE 
-Neuropatias: Certos toxicantes são específicos para neurônios, resultando em sua lesão ou morte. A perda 
de neurônios é irreversível e inclui a degeneração de todas as suas extensões citoplasmáticas, dendritos, 
axônios e da bainha de mielina do axônio A lesão inicial do neurônio é seguida por apoptose ou necrose, 
levando a diminuição permanente de neurônios. 
Tipos de agentes: Alumínio /6-amino-nicotinamida /Arsênio / Bismuto Monóxido de carbono /Tetracloreto 
de carbono/ Cloranfenicol /Cianeto / Doxorrubicina /Etanol /Chumbo/ Manganês/ Mercúrio inorgânico/ 
Metanol/ Brometo de metila/ Metilmercúrio(mercúrio orgânico) 
-Axonopatias: Os distúrbios neurotóxicos denominados axonopatias são aqueles nos quais o sítio primário 
de toxicidade é o próprio axô- nio. O axônio degenera e, com ele, a mielina que está ao seu re- dor. Entretanto, 
o corpo celular dos neurônios permanece intacto. O toxicante provoca uma “transecção química” do axônio 
em algum ponto ao longo de seu comprimento, a qual degenera o axônio distal. Existe uma importante 
diferença no significado da degene- ração axonal no SNC comparada com aquela no SNP: axônios 
periféricos podem se regenerar, enquanto os centrais não. No SNP, células gliais e macrófagos auxiliam a 
regeneração axonal. No SNC, a liberação de fatores inibitórios a partir da mielina danificada e de astrócitos 
danificados interfere efetivamente na regeneração. A relevância clínica da disparidade entre o SNC e o SNP 
é que uma recuperação parcial a total pode ocorrer após a degeneração axonal no SNP, enquanto o mesmo 
evento é irreversível no SNC. 
Tipos de agentes: Acrilamida / Dissulfeto de carbono / Óxido de etileno / Ouro / n-hexano Hidralazina/ 
Lítio /Compostos organofosforados (inibidores EAN)/ Platina (cisplatina) Piridinetiona (piritiona) 
Vincristina (alcaloides da vinca) 
-Mielinopatias: A mielina fornece isolamento elétrico de processos neuronais, e sua ausência provoca 
diminuição e alteração da con- dução de impulsos entre os processos adjacentes. A exposição a toxicantes 
pode resultar em separação entre as camadas de mielina, denominada edema intramielínico, ou perda seletiva 
de mielina, denominada desmielinização. A remielinização no SNC ocorre apenas de forma limitada após a 
desmielinização. No en- tanto, as células de Schwann no SNP são capazes de remielinizar os axônios. 
Tipos de agentes: Telúrio e Chumbo 
-Astrócitos: executam e regulam uma ampla gama de funções fisiológicas no SNC. Parecem ser o principal 
meio de defesa no SNC após a exposição a neurotoxicantes, como um sistema de tamponamento parcial para 
íons osmoticamente ativos e como um depósito para o sequestro e processamento metabólico de moléculas 
endógenas e xenobióticos. 
Tipo de agente: Amônia> Em altas concentrações no SNC, a amônia produz convulsões, resultantes da ação 
despolarizante nas membranas das células, enquanto em baixas concentrações causa estupor (letargia) e 
coma, de acordo com seus efeitos hiperpolarizantes. A intoxicação por amônia está associada a edema 
astrocítico e alterações morfológicas. Concentrações intracelulares elevadas de amônia também têm sido 
implicadas na inibição da síntese neuronal do precursor de glutamato, resultando em diminuição da 
neurotransmissão glutamatérgica, alterações na captação do neurotransmissor (glutamato) e mudanças nas 
respostas metabó- licas mediadas por receptor de astrócitos para sinais neuronais. 
-Neurotoxicidade associada à neurotransmissão: Numerosas toxinas e substâncias químicas sintéticas 
inte- ragem na comunicação intercelular via processo de neurotrans- missão. Esse grupo de compostos pode 
interromper a transmissão de impulsos, bloquear ou acentuar a comunicação sináptica, bloquear a recaptação 
de neurotransmissores ou inter- ferir nos sistemas de segundo mensageiro. Como os alvos para esses 
toxicantes estão localizados por todo o corpo, as respostas não são localizadas; no entanto, são 
estereotipadas, em que cada membro de uma classe tende a ter efeitos biológicos similares. 
Tipos de agentes: Nicotina> exerce seu efeito por se ligar a uma subu- nidade do receptor colinérgico 
nicotínico. O ato de fumar e doses “farmacológicas” de nicotina aumentam os batimentos cardíacos, elevam 
a pressão arterial e contraem os vasos sanguíneos da pele como resultado da estimulação ganglionar do SN 
simpático. 
Cocaína e anfetaminas> As propriedades euforizantes e aditivas da cocaína são derivadas do aumento da 
neurotransmissão dopaminérgica, por bloquear o transportador de recaptação da dopamina (DAT). A 
toxicidade aguda devida a ingestão excessiva ou superdosagem pode resultar em morte súbita. 
8. Danos ambientais causados pelo Mercúrio. REFERÊNCIA: Biologia - Unidade e diversidade da vida - Vol. 3 - Tradução 
da 12ª ed. Norte-americana 
- Os peixes recebem destaque quando se trata de poluição por mercúrio. Usinas que queimam carvão e alguns 
processos industriais colocam mercúrio no ar, depois a chuva o lava para os habitats aquáticos. O mercúrio 
se acumula enquanto sobe pelas cadeias alimentares. 
REFERÊNCIA: Ciência Ambiental - Terra, um Planeta Vivo, 7ª edição. 
O mercúrio é um poluente potencialmente sério dos ecossistemas aquáticos. As fontes naturais de mercúrio 
no meio ambiente incluem as erupções vulcânicas e a erosão dos depósitos naturais de mercúrio, porém, 
preocupa-se mais com a contribuição humana de emissão de mercúrio no meio ambiente por meio de 
processos como a queima de carvão em usinas de energia, incineração de lixo e processamento de metais 
como o ouro. 
Uma importante fonte de mercúrio em muitos ecossistemas aquáticos é a deposição a partir da atmosfera por 
meio da precipitação. A maior parte da deposição é de mercúrio inorgânico (Hg11, mercúrio iônico). Uma 
vez depositado nas águas superficiais, o mercúrio penetra em ciclos bioquímicos complexos, podendo 
ocorrer um processo conhecido como metilação. Com isso, os peixes maiores que comem os peixes menores, 
em uma lagoa, contêm uma concentração mais elevada de mercúrio do que os peixes pequenos e os insetos 
aquáticos dos quais esses peixes se alimentam. 
Os peixes maiores, como o atum e o espadarte (peixe-espada), possuem elevadas concentrações de mercúrio, 
sendo recomendada a limitação do consumo desses peixes. Aconselha-se que mulheres grávidas não os 
comam. 
REFERÊNCIA: Mercúrio: implicações para a saúde e o meio ambiente – 2011 
Segundo Azevedo (2003), o mercúrio apresenta duas características que o torna único como agente tóxico e 
contaminante para o ambiente. Sua volatilidade, por apresentar uma espécie química estável na atmosfera, o 
vapor de mercúrio pode ser transformado em escala global, afetando áreas remotas longe de fontes pontuais 
de contaminação; e a capacidade de sofrer transformações processadas por bactérias para compostos 
alquilmercuriais de cadeia curta, que são lipossolúveis e muito bem absorvidos pelas membranas biológicas 
de praticamente todas as cadeias alimentares. 
Na preparação de amálgamas dentários é usado há mais de 150 anos. O mercúrio, tem influência nas 
propriedades do amálgama dentário e, por esse motivo, é um dos elementos essenciais para sua preparação. 
O amálgama contém, em média, 53% de mercúrio, e é preparado através da reação do mercúrio com uma 
liga de prata, cobre e estanho (na forma de pó). Destaca-se aqui o perigo que representa para a saúde dos 
profissionais e seus auxiliares, já que a contaminação pode ocorrer pelo contato direto com a pele ou pela 
inalação de seus vapores. Há também a exposição de pacientes por mercúrio: o metal derivado do amálgama 
dentário se espalha pelo corpo. As restaurações de amálgama são fontes potenciais de contaminação pelo 
mercúrio através de seus vapores liberados no ar e na cavidade oral e ainda por meio de absorção pela mucosa 
bucal. Não há outro material com as mesmas propriedades como fácil manipulação, alta durabilidade e baixo 
custo, que seja compatível. 
No ambiente, o mercúrio metálico pode se oxidar e se complexar com ácidos húmicos nos solos. A poluição 
do meio aquático pode estar associada à possibilidade de complexação do mercúrio inorgânico com 
compostos orgânicos dissolvidos, possibilitando a manutenção de concentração relativamente elevada nos 
corpos d’água e acesso preferencial à biota. 
A erosão e lixiviação do mercúrio presente nos solos e a sua reemissão para a atmosfera mantêm elevadas 
concentrações do metal no ecossistema amazônico, mesmo após a diminuição do garimpo de ouro. Outro 
fator

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