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ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E COBERTURA DO SOLO DA MICROBACIA DO CÓRREGO DA SAUDADE, UBERABA - MG


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REVISTA CAMINHOS DE GEOGRAFIA 
http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/ 
ISSN 1678-6343 
DOI: http://dx.doi.org/xxxxxxxxxxxxxxx 
 
Caminhos de Geografia Uberlândia v. 00, n. 1 Mês/Ano p. 00–00 Página 0 
 
ANÁLISE MULTITEMPORAL DO USO E COBERTURA DO SOLO 
DA MICROBACIA DO CÓRREGO DA SAUDADE, UBERABA - MG 
 
Mariane Silva Iglesias 
Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Pós-Graduação em 
Geoprocessamento, Uberaba, MG, Brasil 
marianeiglesias@hotmail.com 
 
Monielle Avelar Carneiro 
Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia do Triângulo Mineiro, Pós-Graduação em 
Geoprocessamento, Uberaba, MG, Brasil 
monielleavelar@hotmail.com 
 
RESUMO 
Com o crescimento populacional é notável os problemas ambientais devido à falta de 
cobertura do solo, assoreamento e poluição dos rios. O gerenciamento de bacias 
hidrográficas torna-se um recurso fundamental para mitigação desses problemas, uma vez 
que possibilitam o monitoramento dos avanços de atividades antrópicas, tais como 
agricultura e pecuária. Baseado nisso, o objetivo do estudo foi detalhar o uso e ocupação 
do solo na microbacia do córrego da Saudade, por meio da análise multitemporal nos anos 
de 1988, 1998, 2008 e 2018. Os recursos foram tratados pelos softwares Qgis e IDRISI 
Selva que resultaram em dados quantitativos, mapas de mudanças e de perdas e ganhos 
que evidenciaram as alterações durante esse período. Nos primeiros 10 anos é perceptível 
o crescimento de áreas de florestas, provável efeito da promulgação da Constituição de 
1988; nos anos seguintes é perceptível o aumento das atividades agrícolas, efeito causado 
pelo incentivo desenfreado para abertura de créditos de máquinas e equipamentos, além da 
negligência de autoridades de órgãos competentes e públicos em meio a esse avanço. 
Palavras-chave: Análise multitemporal. Uso e ocupação. Bacia hidrográfica. 
Geoprocessamento. 
 
 
MULTITEMPORAL ANALYSIS OF SOIL USE AND COVERAGE 
OF THE MICROBACIA OF THE CÓRREGO DA SAUDADE, UBERABA - MG 
 
ABSTRACT 
With population growth, environmental problems are notable due to the lack of soil cover, 
silting and pollution of rivers. The management of watersheds becomes a fundamental 
resource for mitigating these problems, since they make it possible to monitor the progress 
of anthropic activities, such as agriculture and livestock. Based on this, the objective of the 
study was to detail the use and occupation of the soil in the watershed of the stream of 
Saudade, through multitemporal analysis in the years of 1988, 1998, 2008 and 2018. The 
resources were treated by the software Qgis and IDRISI Selva that resulted in quantitative 
data, maps of changes and losses and gains that showed the changes during this period. In 
the first 10 years, the growth of forest areas is noticeable, a likely effect of the promulgation 
of the 1988 Constitution; in the following years, the increase in agricultural activities is 
noticeable, an effect caused by the unrestrained incentive to open credits for machinery and 
equipment, in addition to the negligence of authorities of competent and public bodies in the 
midst of this advance. 
 
Keywords: Multitemporal analysis. Use and occupation. Hydrographic basin. 
Geoprocessing. 
 
 
 
mailto:marianeiglesias@hotmail.com
mailto:monielleavelar@hotmail.com
Análise da Dinâmica Espaço-Temporal do Uso e Cobertura do Solo 
da Microbacia do Limo, Uberaba mg 
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INTRODUÇÃO 
 
Os problemas ambientais evoluem de acordo com o avanço das fronteiras urbanas e rurais. O 
crescimento da humanidade está atrelado aos dados alarmantes da deterioração dos recursos 
naturais, destacando-se o solo e a água. Tal fato é facilmente visualizado na paisagem, pela cada vez 
mais crescente falta de cobertura nos solos e consequente assoreamento e poluição dos rios e 
córregos que margeiam a malha urbana (SOUZA e FERNANDES, 2000). 
Para mitigar esses problemas ambientais, é imprescindível o gerenciamento das bacias hidrográficas, 
unidades geomorfológicas fundamentais da superfície terrestre. As bacias são consideradas como 
principais unidades fisiográficas do terreno, porque suas características governam, no seu interior, 
todo o fluxo superficial da água. Com o crescente avanço da agricultura e pecuária faz-se necessária 
a utilização de técnicas que possam auxiliar no monitoramento destas. (TUCCI, 2004). 
Em face da realidade do Brasil, em que a agropecuária é uma das principais atividades econômicas 
existentes, o geoprocessamento surge como alternativa viável para os estudos ambientais, 
sobretudo, no monitoramento da mudança da cobertura vegetal das bacias hidrográficas. Entende-se 
por geoprocessamento, o conjunto de tecnologias que englobam diversas fases, desde a coleta, o 
processamento, a análise até a disponibilização de informações, cujo resultado é apresentar 
referencial geográfico (MARTINS; RODRIGUES, 2012). 
Diante disso, o presente estudo teve como objetivo principal, através da análise multitemporal, 
detalhar o uso e cobertura do solo na microbacia do Córrego da Saudade, em Uberaba - MG. 
Permitindo assim, visualizar as mudanças ocorridas ao longo dos anos na microbacia em relação ao 
uso e ocupação do solo, devido às consequências da ação antrópica pela evolução da agropecuária 
na região. 
 
METODOLOGIA 
 
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
 
A presente pesquisa teve como área de estudo o Alto Curso do Rio Uberaba (Figura 1). A área está 
localizada no Município de Uberaba, no Estado de Minas Gerais, Brasil. A sub-bacia do córrego 
Saudade é a maior das sub-bacias dessa área e localiza-se ao norte da Área de Proteção Ambiental - 
APA do rio Uberaba, apresentando uma área de aproximadamente 52.820 hectares. A área está 
localizada entre as coordenadas geográficas 19°30’ e 19°45’ sul e 47°38’ e 48°00’ oeste de 
Greenwich. (UBERABA, 2005). 
O curso principal – Córrego da Saudade (Figura 2) tem um comprimento, da nascente até a foz, de 
20,494 Km, sendo este o maior afluente do rio Uberaba em que merece destaque o córrego Borá que 
é um afluente de grande importância. Esses dois córregos juntos somam a maior vazão da APA, 
sendo os que mais contribuem com água para o rio Uberaba. O total de nascentes perenes nesta 
microbacia é 117, significando 25,6% do total de nascentes perenes na APA (SEMEA, 2004). 
 
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Figura 1 - Localização Microbacia da Saudade 
 
Fonte: das autoras, 2020 
O clima da região é tropical quente úmido, com inverno frio e seco, sendo o domínio climático 
conceituado como semi-úmido, com 4 a 5 meses secos. A precipitação média anual é de 1584,2 mm, 
com temperatura média anual de 23,2ºC e máxima de 30,2ºC. Nos meses mais quentes (dezembro e 
janeiro), pode-se ter máxima de 31,4ºC e mínima de 17,6ºC e, nos meses mais frios (maio a julho), a 
13,6ºC (SILVA, 2003). 
O município de Uberaba faz parte da unidade de relevo do Planalto Arenítico Basáltico da Bacia do 
Paraná, com solos apresentando características variadas. Na área de estudo, os solos do cerrado 
ocorrem em grande densidade, apresentando relevo medianamente dissecado (NISHIYAMA, 1998). 
 
COLETA E PROCESSAMENTO DE DADOS 
 
Primeiramente, na aquisição dos mapas de uso e ocupação do município de Uberaba em formato raster, 
utilizou-se o site do MapBiomas (https://mapbiomas,org/), nos anos de 1988, 1998, 2008 e 2018. Para 
entendimento desses mapas, consultou-se o código de legendas para os valores dos pixels dos mapas, 
referentes à coleção 4 do MapBiomas. Para confecção do mapa de localização através do Shapefiles do 
Estado de Minas Gerais, Munícípio de Uberaba e da APA do rio Uberaba, utilizou-se a página IDE – 
SISEMA(http://idesisema,meioambiente,mg,gov,br/). 
O processamento das imagens foi realizado através do Qgis 3.10.4. Efetuou-se a reprojeção dos dados 
para o sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS), projeção UTM e zona 23 Sul. 
Posteriormente, realizou-se o recorte das imagens usando as margens da microbacia Córrego da 
Saudade. 
A reclassificação das áreas foi feita utilizando o recurso r.recode do GRASS, uma extensão do Qgis. O 
intuito foi agrupar subclasses afins de uso e ocupação do solo para melhor análise, conforme apresentado 
pela Tabela 1. 
 
 
 
https://mapbiomas,org/
http://idesisema,meioambiente,mg,gov,br/
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Tabela 1 – Reclassificação das subclasses 
Subclasses Nova classe 
Formação Florestal 
Floresta 
Formação Savânico 
Floresta Plantada Reflorestamento 
Formação campestre 
Pastagem 
Pastagem 
Cultura Anual e Perene 
Agricultura 
Cultura Semi-Perene 
Outra área não vegetada Área não vegetada 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Pós reclassificação, foi realizado a análise multitemporal dos dados utilizando o software IDRISI Selva por 
meio da ferramenta Land Change Modeler (LCM), desenvolvido pela Clark University (EUA), o qual 
permite analisar mudanças na cobertura do solo, bem como simular cenários e mitigação de mudanças. 
O modelo foi necessário para construção dos mapas de mudanças de uso e ocupação do solo nos 
períodos de 1988 a 1998, 1998 a 2008 e 2008 a 2018, assim como mapas de ganhos e perdas, dados em 
hectare, para cada classe adotada. 
 
RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Através do Land Change Modeler (LCM), um módulo integrado ao software IDRISI, foi possível avaliar as 
mudanças de cobertura do solo permitindo visualizar as mudanças ocorridas ao longo dos anos na 
microbacia. 
De forma geral, os resultados demonstram que o avanço da agricultura e da agropecuária, acompanham 
o aumento da área não vegetada. Cruz (2003) destaca que, na década de 80, a Bacia do rio Uberaba 
possuía aproximadamente 41% de vegetação natural (cerrado), 46,8 % de pastagens, 11,3% de 
agricultura e menos de 1% de terras urbanizadas, praticamente não existindo vegetação ciliar. 
Semelhantemente, a cobertura vegetal existente na microbacia do Córrego da Saudade vem 
diminuindo ao longo dos anos. 
 
PERÍODO DE 1988 À 1998 
 
No período de 1988 à 1998, como visto na Tabela 2 e Figura 2, a microbacia Córrego da Saudade 
apresentou uma maior área de classes de florestas e reflorestamento (886,45 ha), frente às áreas sem 
cobertura vegetal (pastagem e agricultura), que foi de 869,05 ha. 
No entanto, ainda há elevada perda de floresta por pastagens (447,01 ha). De acordo com GUASQUES 
(2018), o produto agropecuário cresceu mais de quatro vezes no período de 1975 a 2016, 
evidenciado pelo aumento da agricultura no período em questão. 
 
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Tabela 2 - Mudanças 1988 à 1998 
Categorias Área [ha] Classes 
1 240,63 Reflorestamento para Floresta 
2 644,58 Pastagem para Floresta 
3 1,24 Floresta para Reflorestamento 
4 447,01 Floresta para Pastagem 
5 18,01 Reflorestamento para Pastagem 
6 110,61 Agricultura para Pastagem 
7 2,32 Área não vegetada para Pastagem 
8 4,41 Floresta para Agricultura 
9 2,32 Reflorestamento para Agricultura 
10 283,91 Pastagem para Agricultura 
11 0,46 Área não vegetada para Agricultura 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Figura 2 - Mudanças ocorridas na microbacia em 1988 à 1998 
 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Observando a Tabela 3 e Figura 3, de perdas e ganhos nesse período, percebemos o aumento no 
número de florestas de quase o dobro de hectares (452,65 para 885,21). Tal fato pode ser reflexo da 
Constituição Federal de 1988, que foi a primeira a tratar do meio ambiente, onde começou a estabelecer 
responsabilidade penal por danos ambientais. 
Importante salientar que, a partir da promulgação da Constituição de 1988, todas as águas brasileiras 
foram consideradas públicas. O domínio hídrico pertencia a União, aos Estados ou aos municípios 
(ANTUNES, 2002). 
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Tabela 3 – Perdas e ganhos de 1988 à 1998 
Classe Perdas [ha] Ganhos [ha] 
Agricultura 110,61 291,10 
Floresta 452,65 885,21 
Pastagem 928,50 577,95 
Reflorestamento 260,96 1,24 
Área não vegetada 2,78 0,00 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Figura 3 - Perdas e ganhos na microbacia em 1988 à 1998 
 
Fonte: das autoras, 2020 
 
PERÍODO DE 1998 À 2008 
 
Nesse período, de acordo com a Tabela 4 e Figura 4, observa-se o avanço da agricultura frente às classes 
florestas (334,47 ha) e pastagem (320,40 ha). 
Segundo BRANDÃO (2005), ao contrário das áreas virgens, áreas ocupadas com pastagens são 
muito mais viáveis de serem convertidas em área com agricultura. A razão para isto, é que boa parte 
do processo de produção de terra apropriada para o plantio de soja (como, por exemplo, a calagem), 
já ocorreu em um momento anterior. 
Não se exclui, naturalmente, a possibilidade de que áreas de floresta amazônica ou de cerrados, que 
tenham iniciado em anos anteriores seu processo de conversão em terra agrícola, possam também 
ter servido de fonte para a expansão recente da área plantada com soja (TORRES, 2004). 
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Tabela 4 - Mudanças 1998 à 2008 
Categorias Área [ha] Classes 
1 0,08 Reflorestamento para Floresta 
2 370,56 Pastagem para Floresta 
3 0,54 Agricultura para Floresta 
4 1,16 Floresta para Reflorestamento 
5 0,23 Pastagem para Reflorestamento 
6 590,32 Floresta para Pastagem 
7 0,31 Reflorestamento para Pastagem 
8 88,81 Agricultura para Pastagem 
9 334,47 Floresta para Agricultura 
10 1,62 Reflorestamento para Agricultura 
11 320,40 Pastagem para Agricultura 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Figura 4 - Mudanças ocorridas na microbacia em 1998 à 2008 
 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Observando a Tabela 5 e Figura 5, destaca - se a diminuição das áreas de floresta, em relação ao período 
anterior (1988 à 1998), que passou de 432,56 ha de ganhos para 554,77 ha de perdas. 
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Segundo Fraga (2004), a perda de mata ciliar, alinhada a alta pressão de pasteja em que as áreas ao 
redor da bacia são submetidas, deixam o solo exposto e vulnerável à erosão. 
O aumento na área de pastagem pode ser explicado, pelo desempenho do Brasil no mercado 
internacional de carnes nesse mesmo período, passando a maior exportador mundial de carne bovina 
em 2004 (BRANDÃO, 2006). 
Cruz (2003) destaca que, nestas áreas de cerrado, é comum encontrar focos de processo erosivo, 
devido ao trilheiro que é formado pelo pisoteio do gado, que ficam em locais sem cobertura vegetal e 
compactados. 
 
Tabela 5 - Perdas e ganhos de 1998 à 2008 
Classe Perdas [ha] Ganhos [ha] 
Agricultura 89,36 656,49 
Floresta 925,95 371,18 
Pastagem 691,19 679,44 
Reflorestamento 2,01 1,39 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Figura 5 - Perdas e ganhos na microbacia em 1998 à 2008 
 
Fonte: das autoras, 2020 
 
PERÍODO DE 2008 À 2018 
 
Neste período, nota-se a elevada perda de área de pastagem para agricultura (1030,45 ha). 
Segundo TORRES (2004), a conversão de pastagensdegradadas não estaria se dando em detrimento 
da pecuária, mas seria um mecanismo por meio do qual a pecuária estaria conseguindo renovar suas 
pastagens, com consequente aumento da capacidade de lotação dos pastos no futuro, alinhado à 
melhoria genética que vem ocorrendo no setor. 
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Embora a perda de floresta para agricultura não seja relevante (26,05 ha), o desmatamento, 
indiretamente estaria acontecendo, já que a agricultura estaria desalojando a pecuária das áreas 
propícias ao plantio da soja e forçando essa atividade a migrar para área florestadas, em busca de 
terras mais baratas, com o consequente aumento do desmatamento (BRANDÃO, 2005). 
Em estudo realizado na microbacia córrego Alegria, Torres (2007), também observou esse aumento 
desenfreado da agricultura. Essa situação vem ocorrendo com frequência na APA, sem qualquer tipo 
de fiscalização pelos órgão competentes. Os produtores rurais, de uma forma geral, não recebem 
nenhuma orientação da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER) ou de outros 
órgãos públicos. 
 
Tabela 6 - Mudanças 2008 à 2018 
Categorias Área [ha] Classes 
1 396,30 Pastagem para Floresta 
2 0,77 Agricultura para Floresta 
3 358,89 Pastagem para Reflorestamento 
4 1,55 Agricultura para Reflorestamento 
5 265,83 Floresta para Pastagem 
6 0,08 Reflorestamento para Pastagem 
7 108,45 Agricultura para Pastagem 
8 26,05 Floresta para Agricultura 
9 0,39 Reflorestamento para Agricultura 
10 1030,45 Pastagem para Agricultura 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Figura 6 - Mudanças ocorridas na microbacia em 2008 à 2018 
 
Fonte: das autoras, 2020 
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Observando a Tabela 7 e Figura 7, no intervalo de 2008 à 2018, vê-se o avanço da expansão da 
agricultura. Nesse período, houve elevado volume de aporte de recursos de financiamento para agricultura 
e também a abertura do crédito de investimento para máquinas e equipamentos. No triângulo Mineiro, 
destaca-se o cultivo de culturas anuais (milho e soja). 
Segundo Cruz (2003), com o crescimento das atividades econômicas regionais, principalmente a atividade 
agropecuária, a vegetação nativa da bacia do Rio Uberaba, onde está inserida a microbacia em estudo, foi 
substituída pela pastagem e pela agricultura de ciclo curto, processo que tem se intensificados no últimos 
30 anos. 
Abdala (2005) realizou o zoneamento ambiental da APA do Rio Uberaba e observou que a 
deterioração da área é crescente e que vem ocorrendo abertura de novas área para pastagens ou 
cultivos de culturas anuais, como citadas anteriormente. Observou ainda, que não há qualquer 
trabalho de educação ambiental sendo feito em toda a APA. 
 
Tabela 7 - Perdas e ganhos de 2008 à 2018 
Classe Perdas [ha] Ganhos [ha] 
Agricultura 110,77 1056,89 
Floresta 291,88 397,08 
Pastagem 1785,65 374,35 
Reflorestamento 0,46 360,44 
Fonte: das autoras, 2020 
 
Figura 7 - Perdas e ganhos na microbacia em 2008 à 2018 
 
Fonte: das autoras, 2020 
 
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O aumento da degradação ambiental do Cerrado na região Triângulo Mineiro, gerada pelo avanço da 
atividade agropecuária, pode originar grandes impactos, principalmente no que diz respeito à remoção da 
cobertura vegetal natural. 
A exploração agrícola sem adoção de práticas conservacionistas, o cultivo em áreas de nascentes ou de 
preservação permanente, leva à exaustão dos solos e a escassez dos recursos hídricos, sendo uma 
realidade presente nas bacias hidrográficas nos municípios que fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio 
Uberaba. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Observando os resultados obtidos, tem-se a afirmação que o sensoriamento remoto, demonstra ser de 
grande importância para análise multitemporal do uso e cobertura do solo em microbacias. Através dos 
softwares utilizados, foi possível mapear e quantificar as áreas sem cobertura vegetal na microbacia 
Córrego da Saudade. 
No diagnóstico do uso e ocupação do solo nos anos de 1988 à 1998, observou-se o aumento da área de 
classes de floresta e reflorestamento, podendo ser reflexo da Constituição Federal de 1988, que foi a 
primeira a tratar do meio ambiente. Houve também um aumento da área de pastagens, uma 
consequência do crescimento do produto agropecuário desse período. 
Já em 1998 à 2008, fica evidente o crescimento da agricultura, frente às área de florestas e pastagens, 
relacionado ao fato de áreas ocupadas com pastagens serem mais viáveis para se converter em área 
com agricultura. No mesmo período há o aumento da área de pastagem, como consequência do 
Brasil ter passado a ser o maior exportador mundial de carnes do mundo. 
No último período de estudo observa-se a elevada perda de florestas e áreas de reflorestamento para 
agricultura e pecuária, Sendo a microbacia Córrego da Saudade, responsável pela maior vazão da 
APA, há a necessidade de se observar os cuidados emergentes no manejo do mesmo, que podem 
impactar danificando o ecossistema. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ABDALA, V.L. Zoneamento Ambiental da Bacia do Alto Curso do Rio UberabaMG 
como Subsídio para a Gestão do Recurso Hídrico Superficial. 2005, 73 f. Dissertação (Mestrado 
em Geografia) Universidade Federal de Uberlândia UFU, Uberlândia, 2005. 
ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2002, 902 p. 
BRANDÃO, A. S. P.; Rezende, G. C.; Marques, R. W. C. Crescimento agrícola no período 
1999/2004, explosão da área plantada com soja e meio ambiente no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 
Texto para Discussão nº 1062, Janeiro de 2005 
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2003, 180p. 
EASTMAN, J.R. IDRISI Taiga: Guide to GIS and Image Processing. Worcester: ClarkLabs. 2009. 
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FRAGA, V. S.; SALCEDO, I. H. Declines of organic nutriente pools in tropical semiarid 
soils under subsystems farming. Soil Science Society of America Journal, v.68, n.1, p.215-
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MARTINS, T.I.S.; RODRIGUES, S.C. Ocupação e uso da terra na bacia do médio-baixo curso do 
rio Araguari/MG. Revista Boletim de Geográfia. Maringá, v. 30, n.1, p. 55-68, 2012. 
NISHIYAMA, L. Procedimentos de mapeamento geotécnico como base para análises e 
avaliações ambientais do meio físico, em escala 1:100.000: aplicação no município de 
Uberlândia - MG. 1998. Tese (Doutorado). Universidade Federal de São Carlos, UFSCar, USP, São 
Carlos, SP. 1998. 
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SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE (SEMEA). Diagnóstico Ambiental da Área de 
Proteção Ambiental (APA) do Rio Uberaba, 2004, 127 pgs. 
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SILVA, A. M. et al. Erosão e Hidrossedimentologia em Bacias Hidrográficas. Ed. RiMa, São 
Carlos, SP. 2003. 140p 
SOUZA, E. R.; FERNANDES, M. R. Sub-bacias hidrográficas: unidades básicas para o 
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Horizonte, v.21, n.27, p. 15-20, nov./dez. 2000. 
Torres Jr., A. de M.; Rosa, F. R. T.; Nogueira, M. P. Mais boi em menos pasto. Agroanalysis, p. 37-
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