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ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DA DINÂMICA DE ALTERAÇÃO DA PAISAGEM DE ITAJAÍ, SC, ENTRE OS ANOS DE 1985 E 2013

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 U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ 
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS 
 DA TERRA E DO MAR 
Curso de Engenharia Ambiental 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DA DINÂMICA DE ALTERAÇÃO 
DA PAISAGEM DE ITAJAÍ, SC, ENTRE OS ANOS DE 1985 E 2013. 
 
 
 
Gisely de Sá Ribas 
 
Orientador: Rosemeri Carvalho Marenzi, Dr. 
Co-orientador: Hélia Faria Espinoza, Dr. 
 
Itajaí, novembro /2013 
 
ii 
 U N I V E R S I D AD E D O V AL E D O I T AJ AÍ 
CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS 
 DA TERRA E DO MAR 
Curso de Engenharia Ambiental 
 
 
 
 
 
 
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 
ANÁLISE ESPACIAL E TEMPORAL DA DINÂMICA DE ALTERAÇÃO 
DA PAISAGEM DE ITAJAÍ, SC, ENTRE OS ANOS DE 1985 E 2013. 
Gisely de Sá Ribas 
 
 
Monografia apresentada à banca 
examinadora do Trabalho de 
Conclusão de Curso de Engenharia 
Ambiental como parte dos requisitos 
necessários para a obtenção do 
grau de Engenheiro Ambiental. 
 
 
 
 
Itajaí, novembro /2013 
 
iii 
 
 
 
 
iv 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Deus, por me proporcionar a cada novo dia força e coragem para enfrentar a dura, 
mas também amável jornada. E que assim se perpetue. 
 
v 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente agradeço à Deus, pelas oportunidades a mim dispostas, pela força e 
fé e que mesmo em meio a dificuldades, que nunca se perca o amor. 
A minha mãe Inês e a minha avó Severa, que sempre me incentivaram e apoiaram 
desde a infância dedicando grande parte de seu tempo a mim. 
À minha orientadora Rosemeri Carvalho Marenzi pelo apoio, atenção e por me 
receber de braços abertos nesse projeto. À minha co-orientadora Hélia Farias Espinoza, por 
todo incentivo, amizade e paciência em todas as orientações. 
E como já dizia Vinícius de Moraes: “Eu poderia suportar, embora não sem dor, que 
tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus 
amigos”, lembrando de todos os amigos que estiveram presentes durante esses cinco anos 
de caminhada com todos seus tropeços: Augusto Santos da Cruz, Elizandra Alves Muniz, 
Vanessa da Silva, Patrick Ricardo, Flávio Santos, Angela Sfreedo Gosh e tantos outros, meu 
sincero agradecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Jamais se nos apresentara tão majestosa a força criadora da terra, como aqui, onde, 
em exuberante plenitude, o mundo das plantas brota de todos os lados, fertilizados pelos 
raios de sol equatorial acima das águas fecundantes. 
 “Reise in Brasilien” (Viagem pelo Brasil, 1817 – 1820) publicado em 1823. 
 
vii 
RESUMO 
A cobertura florestal de Itajaí foi intensamente alterada, especialmente na planície, ocupada 
pelos assentamentos urbanos e pelos sistemas agropastoris, predominando a rizicultura na 
área rural. Portanto, considerando a importância da função ecológica das florestas, este 
trabalho objetivou analisar a dinâmica de alteração da paisagem no município de Itajaí, SC, 
entre 1985, 1995 e 2013, com fins de subsidiar a conservação de fragmentos florestais 
remanescentes. Foi utilizada pesquisa bibliográfica e documental e Sistema de Informação 
Geográfica para elaboração de cartas de uso e cobertura do solo, A elaboração das cartas 
de uso e cobertura do solo se deu por meio de imagens dos satélites Landsat e Quickbird, 
respectivamente dos anos de 1985, 1995 e 2010, e do ano de 2013, essa última para fins de 
comparação visual para interpretação e atualização. Pela análise das políticas públicas 
ambientais foi possível verificar que incide sobre Itajaí um conjunto de instrumentos legais 
restritivos a ocupação desenfreada, mas que necessitam ser adotadas de fato. Quanto a 
análise dos mapas em escala temporal foi possível observar que a cobertura florestal no 
município ocupava menores dimensões no ano de 1985, em função de haverem maiores 
áreas de cultura e reflorestamento. Já no ano de 1995 as áreas de floresta começaram a 
expandir, em função do abandono do cultivo, da agropecuária e do dinamismo econômico 
da região, direcionado ao desenvolvimento portuário, bem como pelo dinamismo 
demográfico com a expansão urbana. Já no ano de 2010 até 2013, as áreas de floresta se 
apresentam em maior abrangência de que nos anos anteriores, porém fragmentadas entre 
si. Devido a essa problemática de fragmentação, foram propostas como áreas prioritárias a 
conservação, as unidades de conservação, que ainda estão apenas no papel e precisam ser 
demarcadas ou ampliadas ou manejadas; a morraria do São Roque pelo expressividade em 
área e em estado de conservação; e demais quatro fragmentos menores pela importância 
como remanescentes de Floresta Ombrófila Densa de planície (Aluvial e das terras Baixas). 
O levantamento do uso e cobertura dos solos de Itajaí mostrou-se como uma ferramenta 
necessária para uma política de desenvolvimento adequada a região, considerando suas 
características de susceptibilidade as inundações. 
Palavras-chaves: Dinâmica Espacial; Dinâmica Temporal; Conservação; Fragmentação; 
Ecologia da paisagem. 
. 
 
 
viii 
ABSTRACT 
The forest cover of Itajaí was intensely altered, especially in the plain, occupied by urban 
settlements and pastoral systems, predominantly rice farming in rural areas. Therefore, 
considering the importance of the ecological function of forests, this study aimed to analyze 
the dynamics of landscape change in the city of Itajaí, SC, between 1985, 1995 and 2013, 
with the purpose of supporting the conservation of remaining forest fragments. Was used 
literature and documents and Geographic Information System for charters use and land 
cover. The preparation of letters of use and land cover was given through images from 
Landsat and QuickBird, respectively for the years 1985, 1995 and 2010 and the year 2012, 
the latter for comparison to visual interpretation and update. For the analysis of 
environmental public policies was possible to verify that focuses on Itajaí a set of legal 
instruments restrictive occupancy rampant, but in fact need to be adopted. As the analysis of 
the temporal scale maps it was observed that the forest cover in the city occupied smaller 
part in 1985, due to their have larger areas of culture and reforestation. Already in 1995 the 
forest areas began to expand, due to the abandonment of cultivation of agricultural and 
economic dynamism of the region, directed to port development, as well as the demographic 
dynamics of urban expansion. In the year 2010 until 2013, forests areas are presented in 
greater scope that in previous years, however fragmented among themselves. Due to this 
problem of fragmentation, it has been proposed as priority conservation areas, the 
conservation areas, which are still only on paper and need to be marked or expanded or 
managed; Morraria of São Roque to the expressive area and condition; and other four 
fragments with smaller importance as the remnants of Tropical Rain Forest lowland (alluvial 
and land-offs). The lifting of the use and land cover of Itajaí show up as a necessary tool for 
development policy appropriate to the region, considering its characteristics of susceptibility 
to flooding. 
Keywords: Dynamic Space; Temporal Dynamics; Conservation; Fragmentation, Landscape 
Ecology. 
 
 
ix 
SUMÁRIO 
RESUMO .............................................................................................................................. vii 
Tabelas ................................................................................................................................ xiv 
1 Introdução ..................................................................................................................... 15 
1.1 Contextualização do tema ..................................................................................... 15 
1.2 Objetivos ...............................................................................................................16 
1.2.1 Geral .............................................................................................................. 16 
1.2.2 Específicos ..................................................................................................... 16 
2 Fundamentação teórica ................................................................................................ 17 
2.1 Dinâmica da paisagem .......................................................................................... 17 
2.1.1 Exploração madeireira .................................................................................... 17 
2.1.2 Atividade agropecuária ................................................................................... 18 
2.1.3 Reflorestamento ............................................................................................. 19 
2.1.4 Setor portuário ................................................................................................ 21 
2.2 Ecologia da paisagem ........................................................................................... 22 
2.3 Mata atlântica e alteração da paisagem ................................................................. 25 
2.3.1 Fragmentação da Mata Atlântica .................................................................... 28 
2.3.2 Sucessão natural da mata atlântica ................................................................ 30 
2.4 Sistema de informação geográfica ......................................................................... 32 
2.4.1 Uso do SIG na dinâmica da paisagem ............................................................ 34 
3 Metodologia .................................................................................................................. 35 
3.1 Área de Estudo ...................................................................................................... 36 
3.1.1 Localização .................................................................................................... 36 
 
x 
3.1.2 Caracterização socioeconômica ..................................................................... 36 
3.1.3 Caracterização do meio físico ......................................................................... 37 
3.2 Procedimentos metodológicos ............................................................................... 37 
3.2.1 Levantamento do dinamismo e de políticas públicas ...................................... 37 
3.2.2 Levantamento e mapeamento do uso e cobertura do solo ................................... 38 
4 Resultados e discussão ................................................................................................ 45 
4.1 Fatores de influência na paisagem ........................................................................ 45 
4.1.1 Política Pública Ambiental .............................................................................. 45 
4.1.2 Dinamismo econômico ................................................................................... 54 
4.1.3 Dinamismo demográfico ................................................................................. 56 
4.2 Dinâmica da paisagem de Itajaí ............................................................................. 57 
4.2.1 Paisagem de Itajaí em 1985 ........................................................................... 57 
4.2.2 Paisagem de Itajaí em 1995 ........................................................................... 59 
4.2.3 Paisagem em Itajaí em 2010 .......................................................................... 61 
4.2.4 Paisagem de Itajaí ao longo do tempo (1985 a 2010) ..................................... 63 
4.3 Dinâmica de alteração da paisagem ...................................................................... 67 
4.4 Elementos da ecologia da paisagem ..................................................................... 73 
4.4.1 Manchas da paisagem de Itajaí ...................................................................... 75 
4.4.2 Matriz da paisagem de Itajaí ........................................................................... 78 
4.4.3 Corredores da paisagem de Itajaí ................................................................... 80 
4.5 Fragmentos florestais indicados a conservação .................................................... 85 
5 Considerações finais .................................................................................................... 90 
6 Referências .................................................................................................................. 92 
 
xi 
ANEXO 1. MAPA DE MACROZONEAMENTO DE ITAJAÍ ................................................. 102 
ANEXO 2. MAPA DE ZONEAMENTO DE ITAJAÍ .............................................................. 103 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xii 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1 - Elementos da paisagem. Fonte: Marenzi (2005) adaptado de Burel e Baudy 
(2002). ................................................................................................................................. 23 
Figura 2 - Fluxograma dos procedimentos metodológicos. Fonte: Autor. ............................. 39 
Figura 3 - Classes temáticas para o mapa de uso e cobertura da terra por classificação 
automática. Fonte: Autor. ..................................................................................................... 40 
Figura 4 - Classes temáticas para o mapa de uso e cobertura da terra por classificação 
manual. Fonte: Autor. .......................................................................................................... 41 
Figura 5 - Fluxograma dos elementos da ecologia da paisagem. Fonte: Autor. ................... 43 
Figura 6 - Mapa do Levantamento Aéreo realizado em 1966. Fonte: Autor adaptado de 
IBGE, 1981. ......................................................................................................................... 55 
Figura 7 - Mapa temático de uso e cobertura da terra de Itajaí em 1985. Fonte: Autor. ....... 58 
Figura 8 - Mapa temático do uso e cobertura da terra de Itajaí 1995. Fonte: Autor. ............. 60 
Figura 9 - Mapa temático de uso da terra de Itajaí em 2010. Fonte: Autor. .......................... 62 
Figura 10 – Representação gráfica do uso e cobertura do solo de Itajaí em 1985, 1995 e 
2010. ................................................................................................................................... 64 
Figura 13 - Áreas de cultivo no município de Itajaí em 2013. Fonte: Autor. .......................... 65 
Figura 14 - Mapa de uso e ocupação da terra de Itajaí, 2013, classificado manualmente. 
Fonte: Autor. ........................................................................................................................ 68 
Figura 15 - Análise espacial do município de Itajaí do ano de 2010 atualizada para 2013. 
Fonte: Autor. ........................................................................................................................ 70 
Figura 16 - Áreas de cultivo no município de Itajaí, 2013. Fonte: Autor. .............................. 70 
Figura 17 - Áreas de reflorestamento em Itajaí, 2013. Fonte: Autor. .................................... 71 
Figura 18 - Área de Floresta de Encosta em estágio inicial, em Itajaí, 2013. Fonte: Autor. .. 72 
Figura 19 - Mapa dos elementos da paisagem em Itajaí, 2013. Fonte: Autor. ...................... 74 
Figura 20 - Mapa das manchas do município de Itajaí. Fonte: Autor. ................................... 76 
Figura 21 - Mapa da matriz do município de Itajaí. Fonte: Autor. ......................................... 79 
Figura 22 - Mapa dos corredores do município de Itajaí. Fonte: Autor. ................................ 81 
Figura 23 - Banff National Park, Alberta, Canadá. Fonte: Arquitetura Sustentável, 2013 ..... 84 
 
xiiiFigura 24 - Ecodutos, ambos na Holanda. Fonte: Arquitetura Sustentável, 2013. ................ 84 
Figura 25 - Mapa das unidades de conservação de Itajaí. Fonte: FAMAI. ........................... 87 
Figura 26 - Cultivo de eucaliptos em encosta no Brilhante, Itajaí. Fonte: Autor. ................... 88 
Figura 27 - Fragmentos florestais no município de Itajaí. Fonte: Adaptado Google Earth, 
2013. ................................................................................................................................... 89 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xiv 
TABELAS 
Tabela 1 - Principais políticas públicas nacionais. ............................................................... 45 
Tabela 2 - Principais políticas públicas estaduais. ............................................................... 49 
Tabela 3 – Principais políticas públicas municipais. ............................................................. 50 
Tabela 4 - Macrozonas previstas no Plano Diretor de 2006. Fonte: Adaptado de PMI, 2006.
 ............................................................................................................................................ 52 
Tabela 5 - Macrozonas do Plano Diretor de 2008. Fonte: Adaptado de PMI, 2008. ............. 52 
Tabela 6 - Macrozonas definidas pelo Plano Diretor de 2012. Fonte: Adaptado de PMI, 2012.
 ............................................................................................................................................ 53 
Tabela 7 - Dinamismo demográfico. Fonte: Adaptado IBGE, 2013. ..................................... 56 
Tabela 8 - Valores de área e % das classes de uso e cobertura do solo de Itajaí em 1985. 59 
Tabela 9 - Valores de área e % das classes de uso e cobertura do solo de Itajaí em 1995. 61 
Tabela 10 - Valores de área e % das classes de uso e cobertura do solo de Itajaí em 2010.
 ............................................................................................................................................ 63 
Tabela 11 - Valores de área e % das classes de uso e cobertura do solo de Itajaí em 2010 
atualizada em 2013. ............................................................................................................ 69 
Tabela 12 - Elementos da ecologia da paisagem de Itajaí. .................................................. 82 
 
 
15 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA 
 
O Bioma Mata Atlântica abrange um conjunto de formações vegetais, entre elas: 
Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica), Floresta Ombrófila Mista (Floresta de 
Araucária), Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Campos de 
Altitude, Manguezais, Restingas e Brejos, abrangendo desde o sul do RN até o norte do RS 
(SCHÄFFER & PROCHNOW, 2002). 
No município de Itajaí, SC, este Bioma está representado pela Floresta Ombrófila 
Densa ou Floresta Atlântica propriamente dita, distribuída paralelamente ao Oceano 
Atlântico. Por isto compõe a Zona Costeira, associada aos ecossistemas manguezais, 
restingas e brejos litorâneos, denominados de Formações Pioneiras, de acordo com Veloso 
et al. (1991). Contudo, esta cobertura florestal foi intensamente alterada em Itajaí, 
especialmente na planície, ocupada pelos assentamentos urbanos e pelos sistemas 
agropastoris, predominando a rizicultura na área rural. 
As florestas atenuam os efeitos impactantes do meio, como os processos erosivos e 
a lixiviação, contribuindo para regularizar o fluxo de drenagem e reduzir o assoreamento das 
zonas ripárias (MAGALHÃES, 2000). Contudo, com a fragmentação destas se tem a perda 
da função ecológica da floresta, sendo que para Sevegnani & Jorgeane (2000), esta protege 
a fauna local, mantém a quantidade e a qualidade das águas, evita o assoreamento, 
controla a erosão, filtra os resíduos de produtos químicos e minimiza os efeitos de 
deslizamentos e de enchentes. 
De acordo com Matteucci & Colma (1998) a vegetação é o resultado da expressão 
dos fatores ambientais, refletindo sobre o solo, clima, disponibilidade de água e nutrientes, 
além de inúmeros indicadores ecológicos na avaliação de grandes áreas. Para Voss & 
Emmons (1996), o conhecimento atual sobre as florestas são necessárias para avaliar 
prioridades para pesquisa e conservação das paisagens. 
O estudo da paisagem alia-se a novas técnicas geográficas para representar 
graficamente o posicionamento da superfície terrestre, onde as tecnologias computacionais 
proporcionam base para facilitar e identificar fenômenos ocorridos em uma determinada 
posição espacial, tendo como ferramenta o Sistema de Informação Geográfica (SIG), 
conforme indica Moreira (2007). 
Portanto, este trabalho utilizará o SIG para compreender a dinâmica da paisagem em 
Itajaí com foco na fragmentação da cobertura florestal, comparando com a situação de uso e 
cobertura do solo de 1985, 1995 e 2010, atualizada e complementada com a realidade de 
 
16 
2013. Como resultado deste trabalho se buscará indicar as áreas a serem especialmente 
protegidas ou a serem recuperadas no município, e dessa forma, minimizar problemas 
socioeconômicos e ambientais provenientes dos deslizamentos pela ausência de cobertura 
florestal nas encostas e das inundações pela redução das florestas de planície. 
 
 
1.2 OBJETIVOS 
1.2.1 Geral 
Este trabalho tem como objetivo geral analisar a dinâmica de alteração da paisagem 
no município de Itajaí, SC, entre 1985, 1995 e 2013, com fins de subsidiar a conservação de 
fragmentos florestais remanescentes. 
1.2.2 Específicos 
 Levantar e mapear o uso e a cobertura da terra de Itajaí existente entre 1985, 1995 e 
2010 com fins de comparação da dinâmica de alteração; 
 Levantar e mapear o uso e cobertura da terra de Itajaí em 2013 com fins de analise 
da dinâmica e da ecologia da paisagem; 
 Relacionar os fatores socioambientais que interferiram na dinâmica da paisagem de 
Itajaí entre 1985, 1995 e 2013; 
 Indicar fragmentos florestais prioritários para conservação, considerando amostras 
representativas da Floresta Ombrófila Densa e seus estágios sucessionais. 
 
 
17 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 DINÂMICA DA PAISAGEM 
 
O desmatamento foi, e continua sendo, a causa mais comum de destruição das 
paisagens e seus habitats, de acordo com Townsend et al. (2006). Na região da área de 
estudo, bem como comparativamente em outras regiões do Brasil, há diversos setores 
econômicos que geraram o desmatamento, destacando-se: 
 
2.1.1 Exploração madeireira 
No Brasil, de acordo com Almeida (2012), a redução da área florestal nativa é um 
dos mais graves problemas ambientais, responsável por aproximadamente 76% das 
emissões de CO2, além de reduzir a biodiversidade. 
A exploração da madeira deu-se início nos primórdios da sociedade para a produção 
de energia para o homem. Segundo Lima (1996), cerca de 43% do consumo mundial da 
madeira é para a produção de energia. No Brasil, aproximadamente 21,5% do consumo total 
da madeira é para a geração de energia, sendo da mesma ordem das hidroelétricas e 
combustíveis fósseis (MELO, 1979 apud LIMA, 1996). 
Leão (2000) reproduz a frase escrita em 1613 por John Evelyn, “Sem madeira, sem 
reino”, alegando a importância das florestas e sua preservação, sendo umas das primeiras 
iniciativas de revitalização das florestas inglesas. Grande parte das florestas inglesas foi 
devastada, servindo de alimento a indústria siderúrgica, fazendo com que muitos 
proprietários rurais plantassem árvores para vender às indústrias. A densa floresta 
brasileira, que de acordo com o autor, impressionou os colonizadores portugueses há mais 
de 500 anos atrás e vem sendo intensamente explorada nesse decorrer do tempo, restando 
dos 3,5 mil quilômetros de metros quadrados de florestas, apenas pequenas remanescentes 
e manchas isoladas. 
As florestas litorâneas constituíram a primeira fonte de riquezados colonizadores 
portugueses. A quantidade de Pau-Brasil era enorme, e a madeira dura e resistente era 
largamente utilizada na construção civil, assim como o lenho extraído que era utilizado como 
corante (LEÃO, 2000). 
A madeira que Portugal retirou do Brasil, em especial do Nordeste brasileiro para 
obras e reparos na Europa, eram madeiras de qualidade nobre, foi um capítulo apagado da 
 
18 
história brasileira, que até hoje está sob panos quentes (FREYRE, 2004 apud CABRAL e 
CESCO, 2008). 
A ocupação do território catarinense se deu de forma diferente dos demais territórios 
brasileiros, foi colonizado por pequenos grupos de colonizadores, devido a isso, a atividade 
agrícola foi reduzida e a floresta foi mais conservada quando comparada ao restante do 
país. 
Câmara e Leal (2005) ressaltam que a indústria madeireira eliminou quase que 
completamente as matas de araucária nos estados do sul, madeiras de lei, assim como 
madeiras para lenha que eram exploradas sem a mínima preocupação futura. Portanto, a 
indústria madeireira foi forte e muito presente no sul do Brasil, gerando, até meados do 
século passado, um grau considerável de crescimento econômico, sendo que para Cabral & 
Cesco (2008), esse desenvolvimento, contudo, solapou rapidamente sua própria base 
natural de sustentação, argumentando que faltou uma política mais forte e efetiva de 
reflorestamento que pudesse ter minorado o grau de devastação das florestas locais. 
Além dos usos econômicos, o autor destaca as derrubada de madeira e abertura de 
florestas para a atividade agrícola, possibilitando a formação de lavouras, necessárias para 
fornecer alimento aos moradores da região. 
Segundo PMI (2013), durante todo o século XVIII, a grande atividade econômica 
desenvolvida nas terras de município foi à extração de madeira, que ocasionou o 
agrupamento de moradores que se fixaram por toda a região da foz do Rio Itajaí-Açú. Foi 
tão indiscriminada e depredadora a derrubada de madeira que, já no final do século XVIII, o 
governo português decretou ser privilégio real o corte das melhores espécies. 
Segundo Moreira (1995), os fluxos de exportação e produção intensificaram tanto, 
que o porto foi conhecido entre os anos 60 e 70 como o maior Porto Madeireiro do país. 
Portanto, para Lima (1996) a demanda por madeira, e a extração desenfreada trouxe uma 
série de problemas a região de Itajaí, onde grande parte da cobertura vegetal já 
desapareceu restando poucos fragmentos a serem conservados. 
 
2.1.2 Atividade agropecuária 
A agricultura e a pecuária exercem forte pressão, tanto sobre as florestas como em 
ecossistemas abertos, causando perda de biodiversidade. Desmatamento, uso do fogo, 
intenso, pastoreio, monocultura, mecanização intensiva e uso indiscriminado de agrotóxicos, 
diminuem a diversidade e alteram a qualidade e disponibilidade de água, quer pela 
contaminação por agrotóxicos, quer pelo assoreamento decorrente da erosão dos solos 
(MMA, 2003). 
 
19 
Grandes áreas foram por inúmeras vezes derrubadas, onde um ciclo de cultivo, 
colheita e derrubada era mantido. O uso do fogo com o objetivo de eliminar restos de 
vegetação no solo, reformar pastagens ou de facilitar o cultivo, constitui-se em alternativa 
barata e rápida para muitos agricultores; entretanto, a queima de restos de cultura destrói a 
camada de matéria orgânica do solo e os micro-organismos ali presentes (MMA, 2003). 
Quando por sua vez abandonada, a área passava pelo processo de sucessão, onde 
emergiam novamente as espécies da mata atlântica, reiniciando o ciclo de estágios. Sendo 
assim, a floresta estava em constante regeneração. 
A exploração agrícola da região de Itajaí, segundo Schaffer e Prochnow (2002), 
intensificou-se a partir da década de XVIII e início XIX, onde nesse período, os agricultores 
executavam o plantio sobre as cinzas da floresta recém-queimada que dispensava o 
processo de aração, capina e utilização de fertilizantes químicos ou orgânicos, onde o 
rendimento do solo apresentava-se maior. Porém, o manejo inadequado leva o solo a 
processos de erosão, onde exigem mais fertilizantes e tornam-se mais vulneráveis. 
A região do Vale do Itajaí tem aproximadamente 36% dos rizicultores e detém cerca 
de 24% da população de Santa Catarina (CEPA, 2004). 
Aproximadamente 80% do território do município são de área rural, sendo que a 
diversidade de culturas, várias de hortaliças, grãos e gramíneas. São de grande expressão 
no município: milho, aipim, diversas frutas, e ainda, a piscicultura de água doce compõem o 
variado leque de atividades desenvolvidas pelos homens dos campos itajaienses (PMI, 
2013). Segundo a Epagri (2010), no município de Itajaí são destaques a produção de arroz 
irrigado, cebola e fumo e em expansão a pecuária de leite e a olericultura. Itajaí tem uma 
história e uma tradição com a rizicultura, o que tem mantido o agricultor familiar no campo, 
às áreas de cultivo do arroz no município chega a 2000 ha de área plantada (PMI, 2013). 
Um problema da região de Itajaí, abordado por Salerno (2002) apud Schaffer e 
Prochnow (2002), se refere aos sistemas agropastoris em área de floresta nativa. O gado 
provoca erosão no solo, pela pressão exercida do casco dos animais, especialmente no 
período chuvoso. Segundo IBGE (2011), o município de Itajaí conta com 12.130 cabeças de 
gado, 1.036 eqüinos e 1.159 ovinos. 
. 
2.1.3 Reflorestamento 
Uma característica importante da atividade econômica de reflorestamento do país é a 
existência de uma área significativa de plantio com espécies exóticas, que segundo Brasil 
(2007), foi e é muito importante para viabilizar a ampliação da oferta de madeira e estimular 
grandes empresas industriais a repor as florestas utilizadas como matéria-prima, com o 
plantio de novas árvores. 
 
20 
Em escala nacional, de acordo com BRASIL (2007), a demanda de reflorestamento 
cresceu no país, ao contrário das florestas nativas, cujo consumo vem caindo nos últimos 
anos, e a tendência é a redução dessa exploração, decorrente de medidas preventivas 
adotadas. 
Segundo A Notícia (2009), a exploração madeireira de nativas em Santa Catarina 
nos anos de 1960 e 1970, chegava a aproximadamente 2,5 milhões de metros cúbicos ao 
ano, onde as reservas estavam se limitando e sumindo, surgindo então à possibilidade de 
introdução de espécies exóticas com Pinnus e Eucaliptus. 
Itajaí, segundo dados do IBGE (2011), produz na silvicultura cerca de 147.580 m³ de 
madeira de lenha e 9.560 m³ de toras, também destacando o Pinnus e Eucaliptus. 
O eucaliptus é proveniente da Austrália, foi descoberto e levado a Europa por meio 
de expedições de botânicos europeus, segundo Leão (2000). A espécie desenvolveu-se 
bem em clima europeu, independente do tipo de solo o qual era plantado. Foi cultivado para 
purificar o ar e por suas propriedades medicinais, pois contem uma espécie de goma 
canforada. Lima (1996) confirma que o eucalipto era conhecido por seu poder curativo da 
malária e outras doenças. Os ingleses exportaram o eucalipto para suas colônias para 
afastar os insetos, melhorar as condições climáticas. Logo após, segundo Leão (2000), 
descobriu-se a resistência de sua madeira, sendo assim empregou-se o seu uso na 
construção civil. Hoje em dia, o eucalipto é a árvore mais cultivada em todo o mundo. 
As plantações de eucalipto no Brasil tornaram-se um setor industrial em grande 
expansão (LIMA, 1996), sendo a indústria de celulose a principal responsável por essa 
expansão, em escala mundial. O segundo setor que consome uma proporção grande de 
madeiras oriunda de eucaliptos é o de carvão vegetal, para abastecimento da indústria 
siderúrgica (BRITO e BARRICHELLO, 1979 apud LIMA, 1996). 
Um dos efeitos apontados por Lima (1996), das plantações de Eucaliptus é que a 
espécie leva a desertificação, vulnerabilizando o ecossistema pela alta demanda de água, a 
qual a espécie esgota do solo, utilizando-se da umidadedo solo e do próprio lençol freático, 
desestabilizando o ciclo hidrológico. 
Quanto ao Pinus, em países da Europa e da América do Norte, é a matéria-prima 
tradicional para a indústria de papel, de acordo com Leão (2000), cultura essa que foi 
absorvida pelo Brasil nos anos de 1920, onde diversas espécies foram introduzidas. 
Segundo o autor, a indústria de resina alavancou devido à indústria farmacêutica, em que a 
espécie P. elliotti foi eleita para a extração, devido à alta produção de resina ou seiva de 
 
21 
grande qualidade. O Pinnus do sul do Brasil, além de ser matéria prima para a produção de 
celulose, é também utilizado para fabricação de móveis, sendo muito estimado no meio 
madeireiro. 
2.1.4 Setor portuário 
Muitas cidades brasileiras têm como atividade econômica o setor portuário. De 
acordo com Portos do Brasil (2013), a costa, de 8,5 mil km navegáveis, movimenta cerca de 
700 milhões de toneladas no setor portuário e 90% das exportações, sendo que o Brasil 
conta com 34 portos públicos, 42 terminais de uso privativo e 3 complexos portuários de 
concessão privada. 
O porto de Itajaí foi fundado em 1902, entretanto seus estudos e obras de 
melhoramento foram iniciados em 1895, com intenção de facilitar a navegabilidade entre 
Itajaí e Blumenau (BATSCHAUER (2011). Para o autor, com o advento de diversos 
terminais portuários trabalhando concomitantemente no mesmo rio, o porto que então se 
categorizava como “Porto Público de Itajaí", passou a ser integrante do “Complexo portuário 
do Itajaí”. Este complexo é formado pelo Porto Público, APM Terminais Itajaí, Portonave S/A 
e demais terminais privativos instalados a montante (PMI, 2013). 
O local é estratégico, abrangendo um raio de 600 km os principais municípios do 
estado de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Nesse sentido, percebe-
se o quanto este complexo portuário interfere no desenvolvimento do município de Itajaí e 
da região, bem como de todo o país, como salienta Batschauer (2011). Para o autor, o 
município cresceu a sombra do porto, no entorno das atividades portuárias. 
De acordo com PMI (2013), o município possui um dinamismo econômico invejável 
sendo que além da economia básica, tem o turismo como ponto de expansão, o setor de 
armazenagem de contêineres e alta produção no ramo de logística. Muitas das áreas 
antigamente de pastagens já estão sendo utilizadas como depósitos de containeres. 
Segundo o zoneamento do município, instituído na Lei complementar nº 215 de 2012 
(PMI, 2012), há áreas em Itajaí que estão sendo destinadas como de interesse do Porto, 
para suas futuras expansões. Sendo assim, áreas estão se tornando de apoio ao Porto. 
O Plano Diretor prevê a realocação dos depósitos de container, hoje situados por 
todo o município para uma área mais próxima ao porto e dotada de infraestrutura viária 
especial. Haverá ainda a necessidade de realocação em outros bairros e indenização das 
famílias e das habitações que ali se encontram e que sofrerão impactos com a consolidação 
destas atividades industriais pesadas (PMI 2006). Ainda no mesmo documento, é sugerido a 
 
22 
alocação dos contêineres preferencialmente nas margens da BR-101, poupando, assim, o 
restante da cidade do convívio com a poluição visual. 
O zoneamento atual estabelece áreas diferenciadas de uso e ocupação do solo, 
visando dar a cada região a utilização mais adequada, seguindo as determinações do 
macrozoneamento definidas pelo Plano Diretor do Município, sendo definida a MZUE - 
Macrozona de Uso Especial, destinada prioritariamente ao uso industrial, às atividades 
portuárias, e às atividades de transporte de carga e logística (PMI, 2012). Observando o 
mapa do macrozoneamento (ANEXO 1), essas áreas são as destinadas a expansão do 
porto. 
2.2 ECOLOGIA DA PAISAGEM 
 
A paisagem é definida, segundo UICN (1984) apud Marenzi (2004), como sendo a 
expressão do produto da interação espacial e temporal do indivíduo com o meio. Já Rocha 
(1995), cita a paisagem como sendo o resultado da interação dos componentes geológicos 
quando expostos a ação do clima, fatores geomorfológicos, bióticos e antrópicos, em escala 
temporal, refletindo hoje a acumulação da evolução e da história das culturas. O principal 
responsável pela alteração da paisagem é o homem. 
Emídio (2006) propõe uma definição integradora de paisagem, como sendo um 
mosaico heterogêneo formado por unidades que interagem entre si. Lang e Blaschek (2009) 
conceituam a paisagem como sendo um sistema integrador, contendo componentes do 
meio ambiente e social. 
As diversas concepções do conceito de paisagem trazem uma análise mais 
abrangente do tema, diversificando e pluralizando as visões. As estruturas da paisagem são 
fortemente formadas e alteradas pelo homem (LANG e BLASCHKE, 2009), especificamente 
o uso do solo. 
A ecologia da paisagem, de acordo com Fornari (2001), é o ramo que se ocupa da 
inter-relação entre o homem e a paisagem, ao ambiente modificado, e que 
permanentemente sofre alterações. Já de acordo com Emídio (2006), o termo designa o 
estudo das inter-relações do homem com o meio, com o objetivo de ordenar a ocupação 
humana por meio do conhecimento dos limites e das potencialidades de uso das diferentes 
porções territoriais. O termo surgiu como um estudo que destaca as paisagens naturais, 
manejo e a conservação dos recursos. 
 
23 
A ecologia da paisagem, de acordo com Marenzi & Eccel (2005), relaciona o estudo 
das inter-relações entre os fatores que contribuem na formação das unidades que compõem 
a paisagem. Ela permite o entendimento dos processos naturais e culturais que atuam no 
ecossistema nas questões de análise e planejamento ambiental. 
Os atributos espaciais do comportamento do ecossistema, segundo Cabral (2011), 
são fortemente combinados com as atividades humanas que afetam as características 
espaciais e os movimentos de energia e matéria da paisagem, portanto o estudo da 
heterogeneidade vertical e horizontal de uma unidade ecológica, formadora da paisagem é 
fundamental. 
A ecologia da paisagem considera a paisagem de maneira holística, ou seja, em sua 
totalidade e em dimensão ecológica, considerando os aspectos culturais, sociais, políticos e 
ambientais, onde o enfoque depende do detalhamento que se necessite ou do caráter do 
estudo a ser realizado, assim como a escala de trabalho (MARENZI & ECCEL, 2005). 
A estrutura da paisagem se apóia em três aspectos básicos, de acordo com Lang e 
Baschek (2009), sendo: a estrutura dos elementos da paisagem; função ou interações entre 
os elementos; e desenvolvimento e mudança das estruturas e funções ao longo do tempo. 
Para Forman & Godron (1986), a paisagem é composta por matrizes, corredores e 
manchas, sendo esses os elementos estruturais da paisagem. Burel e Baudry (2002) 
designam como um padrão paisagístico o mosaico, formado por manchas e uma rede 
formada por corredores, limitados por uma borda que interage com a matriz, conforme 
Figura 1. 
 
Figura 1 - Elementos da paisagem. Fonte: Marenzi (2005) adaptado de Burel e Baudy (2002). 
 
24 
 
A matriz é o elemento dominante, que controla o funcionamento e a dinâmica geral 
da paisagem, sustentando a diversidade biológica, tendo por base a composição 
homogênea, sendo extensa e conectada, exercendo um controle funcional sobre a área 
(FORMAN e GODRON, 1981). Abrange o todo, envolve os demais e engloba os elementos 
funcionais da paisagem. 
Alguns critérios são propostos na definição da matriz, segundo Forman e Godron (1986), 
como a: 
 Área relativa: a matriz é o elemento mais extenso em sua totalidade; 
 Conectividade: a matriz é o elemento mais conexo entre as demais formas, 
adentrando-a nas demais; 
 Controle da dinâmica: a matriz exerce maior influência na dinâmica da paisagem 
futura. 
As manchas são os menores elementos individuais que se podem observar na 
paisagem, como citam Lang & Baschek (2009),sendo que geralmente as manchas resultam 
da associação de diferentes espécies vivas, ou seja, são geralmente dominadas por uma 
combinação específica de espécies na sua aparência. As manchas são a reunião das 
espécies predominadas pela matriz, porém possui composição de comunidade distinta, que 
as difere das áreas adjacentes, e mantém conectividade entre si pelos corredores 
(FORMAN e GODRON, 1981). 
Das categorias de manchas, de acordo com Forman e Godron (1986), podem ser 
reconhecidas em: manchas de perturbação, manchas remanescentes, manchas de 
distribuição de recursos ambientais e as causadas por alterações antrópicas (manchas 
agrícolas ou de habitações). 
As manchas de perturbação são causadas por evento que promova mudança 
significativa no padrão normal da paisagem, como ressaltam Forman e Godron (1986). 
Podem ser citados eventos como o fogo, escorregamentos, tempestades, pragas de insetos, 
migrações de mamíferos, extrações de madeiras ou derrubadas de florestas, como citam 
Sharpe et al., (1987). 
Já as manchas remanescentes são as que estão em meio a um mar de 
perturbações, manchas de vegetação poupadas pelo fogo, que a posteriori, passarão a 
 
25 
servir como ilhas fontes de sementes necessárias ao processo de regeneração como cita 
Filho (1998). 
Logo as manchas de regeneração, assemelham-se as remanescentes, porém com 
origem distinta, onde um processo de regeneração ocorre quando após uma perturbação, 
ocorre um processo de sucessão vegetal (FILHO, 1998). 
Já as causadas por alterações antrópicas, que são as manchas agrícolas, surgem da 
seleção de um certo local, que segundo Filho (1998) sejam favorável de acordo com a 
fertilidade do solo. As manchas de habitações relacionam-se as atividades sócio-
econômicas, onde os ambientes alteram-se devido à presença humana. 
De acordo com Lang e Baschek (2009), os corredores são definidos como elementos 
estruturais lineares, como conexões entre elementos de paisagem que funcionalmente estão 
conectados. Alguns corredores podem ser considerados como linhas guias e importantes 
contribuintes do aumento da biodiversidade, sendo nesse caso, definidos como corredores 
ecológicos. 
Os corredores, de acordo com Forman e Godron (1981), podem ser de três tipos: 
Linhas-correntes de forma linear que podem ser estradas, trilhas, cercas, diques, canais; 
Faixas-corredores que são mais largas que as linhas usuais com a presença de vegetação, 
geralmente estradas; e Cursos de água propriamente ditos considerando a vegetação ao 
entorno. Segundo os autores, os corredores diferem em suas funções ecológicas e 
utilização dos organismos. 
As funções ecológicas dos corredores são descritas por Marenzi & Eccel (2005), 
como sendo: Habitat: onde se cria um microclima e a área de borda existente propicia 
condições de habitat para as espécies. Condutor: onde a forma linear tende a produzir fluxo, 
gerando condução. Filtro: onde o movimento entre os corredores serve como recursos para 
a matriz promovendo a heterogeneidade. Sumidouro: causando desaparecimento de 
organismos, sementes e outros. 
 
2.3 MATA ATLÂNTICA E ALTERAÇÃO DA PAISAGEM 
 
As florestas que hoje ocupam aproximadamente 30% da superfície da Terra são 
fundamentais para proteção do solo e da água, contribuindo na regulação do clima do 
 
26 
planeta e garantindo condição de vida a todos os organismos (CAMPANILI et al., 2010). 
Para o autor, na época do descobrimento do Brasil pelos europeus, em 1500, a Mata 
Atlântica, contemplando um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados, 
cobria aproximadamente 15% do território brasileiro. Atualmente seus remanescentes 
ocupam apenas 27% da área original, sendo que as áreas bem conservadas e grandes o 
suficiente para garantir sua biodiversidade não chegam a 8% da área original. 
Ao longo da história do Brasil, foi o bioma que mais sofreu alterações, devido aos 
diferentes ciclos econômicos e a expansão urbana concentrados no litoral, causando 
desmatamentos e, por consequência, a fragmentação da floresta (DEAN, 1996). Devido à 
ameaça que sofre, a alta diversidade e taxa de endemismos encontrados é uma área 
considerada “Hotspot”, conferindo a prioridade máxima para a sua conservação 
(KAGEYAMA& GANDARA, 2005). 
A Lei nº 11.428/2006 dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do 
Bioma Mata Atlântica e considera integrante deste Bioma as seguintes formações florestais 
e ecossistemas associados: Floresta Ombrófila Densa; Floresta Ombrófila Mista, também 
denominada de Mata de Araucárias; Floresta Ombrófila Aberta; Floresta Estacional 
Semidecidual; e Floresta Estacional Decidual, bem como os manguezais, as vegetações de 
restingas, campos de altitude, brejos interioranos e encraves florestais do Nordeste 
(BRASIL, 2006). 
Essa aglutinação de ecossistemas não é tecnicamente apropriada, mas é vantajosa 
sob o ponto de vista conservacionista porque o Domínio Atlântico, ou seja, o conjunto de 
formações legalmente consideradas como pertencentes ao Bioma Mata Atlântica, desfruta 
da proteção assegurada pela Constituição (TONHASCA, 2005). Ainda, para Campanili et al. 
(2010), esse conjunto de fitofisionomias propicia uma significativa diversificação ambiental 
que dá condição para um complexo biótico altamente expressivo. 
O crescimento demográfico, o uso irracional dos recursos naturais e a falta de 
articulações efetivas para melhor gestão dos recursos deste Bioma são, genericamente, 
problemas longe de serem solucionados em escala global (ISERNHAGEN, 2004). Para 
Campanili et al. (2010), atualmente, os impactos sofridos pela Mata Atlântica têm 
proporções severas advindas do avanço ainda mais rápido das cidades, especialmente as 
litorâneas, as grandes obras e empreendimentos, como as hidrelétricas, além das 
minerações e plantio de monoculturas sem controle, gerando a destruição de muitos 
ecossistemas e desastres socioambientais. 
 
27 
No Bioma Mata Atlântica estão inseridas diversas formações vegetais, entre as 
quais, a Floresta Atlântica propriamente dita, também classificada como Floresta Ombrófila 
Densa. Esse nome decorre da umidade em função do clima e da existência de grande 
número de plantas que mantém o ambiente fechado. Esta floresta se encontra distribuída 
paralelamente ao Oceano Atlântico, do sul ao norte do Brasil, compondo a Zona Costeira. 
 Segundo Klein (1984) nas florestas situadas no Vale do Itajaí, as árvores altas 
atingem comumente 30-35 m de altura na planície, não ultrapassando 20-30 m ao longo das 
encostas, como conseqüência da acentuada declividade, sendo que as árvores se 
distribuem por diferentes níveis, possibilitando maior facilidade de acesso à luz, resultando 
em copas mais frondosas. Caracteriza-se pela elevada densidade e extraordinária 
heterogeneidade quanto às espécies de árvores e arbustos (KLEIN, 1979). 
 Considerando que as comunidades vegetais interagem com o meio físico, à medida 
que esse muda, diferentes comunidades se estabelecem, resultando na subdivisão da 
Floresta Ombrófila Densa, sendo: Aluvial, das Terras Baixas, Submontana, Montana ou Alto 
montana, conforme Veloso et al. (1991). Em Itajaí ocorrem apenas as três primeiras 
subdivisões. 
• Aluvial: 
 Segundo o IBGE (1992), a formação Aluvial também é conhecida como formação 
ribeirinha ou “floresta ciliar”, que ocorre ao longo dos cursos de água. A floresta aluvial 
apresenta geralmente um dossel emergente, porém devido à exploração madeireira, sua 
fisionomia torna-se bem aberta. Apresenta muitas palmeiras, lianas lenhosas e herbáceas, 
além de muitas epífitas. 
 Terras baixas: 
Baseado em Schaffer e Prochnow (2002), a Floresta Ombrófila Densa de Terras 
Baixas ocorre em altitudes de até 30 metros, onde a vegetação se caracteriza por ter 
árvores geralmente de porte de 15 a 20 metros de altura, com copas largas. Segundo o 
IBGE (1992), ocupa em geral as planícies costeiras, em terrenos depoucos metros acima 
do nível do mar em planícies de assoreamento, devido à erosão nas serras costeiras e 
enseadas marítimas. 
Constata-se a presença de lianas, sendo as epífitas menos freqüentes, e segundo 
Schaffer e Prochnow (2002), em áreas onde o solo é mais encharcado há grande presença 
de bromélias. 
 
28 
Grandes manchas remanescentes dessa vegetação, de acordo com Schaffer e 
Prochnow (2002), podem ser observadas em meio às pastagens de Ilhota e Gaspar, ou 
apenas margeando a BR 101 em Itajaí, porém essa vegetação atualmente esta 
demasiadamente alterada e/ou reduzida devido às ocupações passadas, atividades 
agrícolas e pecuárias, reflorestamento e áreas de expansão urbana de cidades litorâneas. 
Para os autores, esta formação florestal é a mais ameaçada da Bacia do Rio Itajaí-Açú, 
como afirma Schaffer e Prochnow (2002), onde os remanescentes são esparsos e 
degradados. 
• Sub montana: 
Ocupa as encostas, onde as altitudes vão de 30 a 400 metros, onde de acordo com 
Schaffer e Prochnow (2002) as árvores alcançam mais de 30 metros de altura. Essa 
formação situa-se acima do dissecamento do relevo montanhoso e dos planaltos (IBGE, 
1992). 
As condições climáticas e regime pluviométrico são propícios ao bom 
desenvolvimento, assim como os nutrientes providos das encostas e na decomposição da 
serapilheira nos solos bem drenados das encostas, como afirma Schaffer e Prochnow 
(2002). A formação de serapilheira em florestas de Blumenau é de aproximadamente de 9 a 
11 ton/ano. O epifitismo e as lianas têm presença intensa, formando verdadeiros jardins 
suspensos. 
 
2.3.1 Fragmentação da Mata Atlântica 
 Segundo o MMA (2003) fragmentação é o processo no qual um habitat contínuo é 
dividido em manchas, ou fragmentos, mais ou menos isolados entre si. 
A fragmentação da Mata Atlântica é o processo que mais ameaça a biodiversidade, 
sendo que essa fragmentação em meio a monoculturas torna os remanescentes nativos 
cada vez mais raros e distantes uns dos outros, dificultando o fluxo gênico das espécies e 
contribuindo para diminuição da diversidade. Primack e Rodrigues (2001) afirmam que outra 
consequência da fragmentação é o efeito de borda, que contribui para a redução da 
integridade ecológica e perda da biodiversidade. 
O efeito de borda é a modificação do habitat remanescente devido as influências dos 
habitats alterados ao seu redor. Estas alterações na borda do fragmento podem ser de 
natureza abiótica (microclimáticas), biótica direta (distribuição e abundância de espécies) ou 
 
29 
indireta (alterações nas interações entre organismos), causadas pelo contato da matriz com 
os fragmentos, propiciadas pelas condições diferenciadas do meio circundante desta 
vegetação (MMA, 2003). 
Segundo Marenzi & Eccel (2005), a paisagem tem função de habitat, pois os 
organismos podem utilizar os conjuntos de manchas, bem como os corredores, sendo que 
esses elementos interessam no sentido de abrigo e alimento aos organismos, bem como 
potencialidade de deslocamento e troca de genes. A distância entre os fragmentos e o 
isolamento entre estes, são responsáveis pelo grau de conectividade entre os fragmentos e 
o habitat contínuo. Populações de plantas e animais em fragmentos isolados têm menores 
taxas de migração e dispersão e, em geral, com o tempo sofrem problemas de troca gênica 
e declínio populacional (MMA, 2003). 
A perda de habitats levando ao desaparecimento de algumas espécies pode impedir 
outras de persistirem ou de recolonizarem o fragmento. Algumas espécies com papel 
funcional múltiplo podem também dificultar ou impedir que outras espécies persistam ou 
recolonizem determinado fragmento. A perda de diversidade local não implica, 
necessariamente, na extinção regional de espécies, mas na perda de diversidade 
propriamente dita (MMA, 2003). 
Dentro de um fragmento existem correlações semelhantes como se existissem 
dentro de uma ilha, onde os indivíduos convivem entre si e ora com algum individuo que 
para lá migra. Fazendo uma analogia, a ilha usada em questão se refere a uma porção 
homogênea inserida numa outra porção homogênea. Como por exemplo, citam Townsend 
et al. (2006), lagos são ilhas num “mar” de terra, topos de montanha são ilhas num “mar” de 
locais próximos ao nível do mar, clareiras em florestas são ilhas num “mar” de árvores. 
A teoria da biogeografia de ilhas teve autoria de MacArthur e Wilson, onde 
explicavam, segundo Bensusan (2006), como o número de espécies numa ilha se mantinha 
aproximadamente constante enquanto a composição taxonômica desse conjunto de 
espécies muda ao longo do tempo, a interpretação dos autores é que os organismos se 
mantêm num equilíbrio dinâmico, onde se uma espécie coloniza a ilha outra se extingue, e 
assim se mantém o equilíbrio. 
Em outras palavras, a teoria se resume em que o número de espécies numa ilha 
depende do equilíbrio entre a taxa de colonização de novas espécies e a taxa de extinção 
de espécies já existentes. A relação leva em consideração as variáveis de tamanho da ilha, 
topografia e elevação, distância da fonte e riqueza da fonte (MACARTHUR, RH & WILSON, 
1967 apud BENSUSAN, 2006). 
 
30 
A taxa de colonização depende do afastamento entre a ilha e a fonte de espécies 
colonizadoras, assim, as ilhas onde o afastamento foi menor, terão uma maior taxa de 
colonização. A extinção, segundo Bensusan (2006), tem relação direta com tamanho da ilha, 
onde ilhas menores possuem maior taxa de extinção. 
Seguindo a linha de pensamento de Townsend et al. (2006), a teoria de MacArthur e 
Wilson faz uma série de previsões, citadas abaixo: 
 O número de espécies em uma ilha torna-se parcialmente constante com o 
passar do tempo; 
 A constante de espécies é o resultado da substituição das espécies, onde 
algumas migram e outras são extintas; 
 Ilhas maiores suportam maior número de espécies do que ilhas menores; 
 O número de espécies de uma ilha diminui conforme o grau de isolamento da 
mesma, ou seja, ilhas mais distantes de áreas fontes tendem a apresentar 
menor biodiversidade. 
. 
2.3.2 Sucessão natural da mata atlântica 
O conceito de sucessão está ligado à natural tendência do meio em estabelecer um 
novo desenvolvimento em uma determinada área, correspondente com o clima e as 
condições de solo locais. Coelho (2000) define sucessão ecológica como sendo uma 
sequência de mudanças estruturais que ocorrem nas comunidades, mudanças essas que 
em muitos casos, seguem padrões mais ou menos definidos. Para o autor, as mudanças se 
superpõem a flutuações e ritmos mais breves, com progressiva ocupação do espaço e 
aumento da complexidade estrutural, sendo que a medida que a sucessão esta avançando, 
a intensidade dos ritmos e flutuações tende a diminuir . 
Se o desenvolvimento se inicia a partir de uma área que não tenha sido antes 
ocupada, como por exemplo, uma rocha ou uma exposição recente de areia, é chamada de 
sucessão primária, como em substratos recém-formados, como indica Coelho (2000). 
Porém se este desenvolvimento se processa numa área que já sofreu modificações, como 
uma área utilizada pela agricultura, ou que sofreu desmatamento, é definido como sucessão 
secundária (ODUM, 2010). A etapa clímax, de acordo com Coelho (2000) é a etapa de 
maior maturidade em uma determinada sucessão. 
 
31 
Portanto, floresta primária, também chamada floresta clímax ou mata virgem, é 
aquela que não sofreu ação antropogênica nenhuma ou sofreu ação, mas sem alterar suas 
características originais de estrutura e espécies. Floresta secundária é a resultante de um 
processo de regeneração ou de uma descaracterização por exploração antropogênica ou 
causas naturais (BRASIL, 1994). 
Considerando a Resolução do CONAMA nº 4 de maio de 1994, no art. 1º: Vegetação 
primária é aquela de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os 
efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamentesuas 
características originais de estrutura e de espécies, onde são observadas área basal média 
superior a 20,00 m²/ha, DAP médio superior a 25 cm e altura total média superior a 20 m. 
A formação natural de clareiras no meio da floresta, segundo Schaffer e Prochnow 
(2002) é comum, sendo que a água se acumula devido à grande presença das epífitas, 
onde muitas vezes os galhos não suportam o peso, formando as clareiras e aumentando a 
luminosidade, permitindo a germinação e o desenvolvimento de espécies exigentes de luz. 
Também a retirada seletiva de espécies de interesse comercial provoca a presença de 
clareiras em meio à floresta. 
Os sistemas secundários, de acordo com IBGE (1992), são as áreas que houve 
intervenção humana para uso da terra, descaracterizando a vegetação primária, assim após 
abandonadas às áreas, após o uso, reagem diferentemente de acordo com o tempo e o uso. 
Porém a nova vegetação que emerge, reflete sempre e de maneira uniforme os parâmetros 
ecológicos do ambiente. 
Considerando a Resolução do CONAMA nº 4 de maio de 1994, no art. 2º: Vegetação 
secundária ou em regeneração é aquela resultante dos processos naturais de sucessão, 
após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas 
naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária (BRASIL, 1994). 
Considerando que a Mata Atlântica tem sofrido extrema redução ao longo de 
décadas, devido a exploração madeireira, agricultura e pastagem, de acordo com Schaffer e 
Prochnow (2002), sendo as florestas atualmente secundárias e, se primária, 
demasiadamente alterada. A aprovação da legislação ambiental mais restritiva tem 
propiciado o avanço do processo sucessional, aumentando o porte da vegetação nas 
encostas. 
Para Campanili et al (2010), nas florestas que se encontram em regeneração, 
encontram-se vários estágios de sucessão, sendo: 
 
32 
• Floresta em estágio inicial de regeneração: popularmente conhecida como 
capoeirinha, surge logo após o abandono de uma área agrícola ou de uma pastagem. Esse 
estágio geralmente vai até seis anos. Cita Schaffer e Prochnow (2002), que nesse estágio 
geralmente há grande presença de capim e samambaias de chão, vassouras e 
vassourinhas, onde a altura geralmente não passa de 4 metros e o diâmetro cerca de 8 cm. 
Segundo a Resolução nº 4 do CONAMA esse estagio tem fisionomia herbáceo/arbustiva de 
porte baixo. 
• Floresta em estágio médio de regeneração: popularmente conhecida como capoeira, 
geralmente inicia depois que a vegetação alcança os seis anos de idade, durando até os 15 
anos. Segundo o a Resolução nº 4 do CONAMA o estagio tem fisionomia arbórea/arbustiva 
com altura média de até 12 metros. A diversidade biológica aumenta, mas ainda há 
predominância de espécies de árvores pioneiras. Segundo Schaffer e Prochnow (2002), as 
árvores chegam a aproximadamente 12 metros e a diversidade biológica aumenta, com 
presença de cipós e taquaras. 
• Floresta em estágio avançado de regeneração: inicia-se geralmente depois dos 15 
anos de regeneração natural da vegetação. Schaffer e Prochnow (2002) afirmam que as 
condições de floresta clímax podem levar de 60 a 200 anos para serem alcançados. 
Segundo a Resolução nº 4 do CONAMA (BRASIL, 1994) a fisionomia semelhante à 
vegetação primária, o estrato é o arbóreo, formando um dossel fechado, com grande 
formação de serrapilheira. A diversidade biológica aumenta gradualmente à medida que o 
tempo passa e que existam remanescentes primários para fornecer sementes. Começam a 
emergir espécies de árvores nobres. 
 
2.4 SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA 
 
O sistema de informação geográfica (SIG), de acordo com Lang e Baschek (2009), 
possibilita o levantamento de dados de extensas áreas, onde se transforma o conteúdo da 
imagem em valores numéricos, e, como indicador, mostrará as mudanças sob determinados 
pontos de vista. 
O SIG pode ser definido por Burrough & Mc Donnell (1998) apud Rocha (2000), 
como um conjunto de ferramentas que coleta, armazena, recupera, transforma e visualiza 
dados sobre o mundo real, para um objetivo real específico. É caracterizado como tendo a 
 
33 
capacidade de inserir e integrar, em uma única base de dados, informações espaciais 
provenientes de dados cartográficos, censitários, imagens de satélites e modelos numéricos 
de terrenos (CÂMARA e MEDEIROS, 1998 apud ROCHA, 2000). Lang e Blaschke (2009) 
observam que a grande parte dos dados que trabalhamos hoje em dia, tem relação com o 
espaço, à obtenção, arquivo, gestão, manipulação, análise e difusão que são tarefas do 
SIG, portanto o SIG documenta, visualiza e analisa esses dados. 
No SIG cada tipo de informação é armazenado em uma camada, chamada plano de 
informação (PI), em uma base de dados comum, onde os dados podem ser armazenados e 
representados em formato vetorial (pontos, linhas e polígonos) e matricial (grades e 
imagens), com seus respectivos atributos (dados, tabelas e informações pertinentes). A 
medida que as informações temáticas cruzadas são integradas com o uso do SIG, geram-se 
novas informações ou mapas derivados das originais, bem como a análise espacial e a 
modelagem dos ambientes que possibilitam gerar cenários futuros (FLORENZANO, 2011). 
A diferença básica entre um sistema CAD e um SIG é que segundo, Rocha (2000), o 
CAD não incorpora a possibilidade de realização de análises espaciais ou funções 
geográficas. 
Brito (2005) ressalta que nas ultimas décadas o uso do sensoriamento remoto 
aplicado no mapeamento do solo e cobertura vegetal vem se mostrado eficiente, além dos 
softwares para o processamento de imagens virem se multiplicando, para facilitar o uso das 
imagens de satélite. 
Segundo Rocha (2000), os satélites de recursos naturais são os que possuem mais 
sistemas disponíveis, eles cobrem praticamente grande parte da totalidade terrestre, tendo 
em vista que sua orbita é polar. Dentre os sistemas disponíveis, cita-se LANDSAT, SPOT, 
CBERS, IRS, IKONOS, dentre outros. 
O sistema utilizado no presente estudo é o LANDSAT, que foi colocado em órbita em 
1972, com o nome ERTS-1 (Earth Resources Technological Satellite – 1), segundo Rocha 
(2000). Trabalha com os sensores TM (Thematic Mapper) e MSS (Multiespectral Scanner 
System), com respectivamente sete e quatro bandas em cada. O autor afirma que é o mais 
utilizado nas práticas dos estudos ambientais. Em 1999, foi lançado o LANDSAT 7, com os 
sensores ETM + (Enhanced Thematic Mapper) e PAN (Pancromatico), onde consegue 
resoluções de até 15 metros, encontrando-se a uma altura de 705 km.No Brasil, o INPE e 
algumas empresas privadas comercializam as imagens do LANDSAT 4, 5 e 7, onde as 
cenas são cobertas por áreas de 185 X 185 km. 
 
34 
As imagens Quickbird adquiridas por sensores orbitais de alta resolução espacial são 
consideradas como uma boa alternativa para mapeamento de áreas urbanas. Tais imagens 
consistem de bandas multiespectrais, de menor resolução espacial, e pancromática, de 
maior resolução espacial. A resolução espacial das imagens Quickbird é de 70 cm no modo 
pancromático, e de 2,5 m no modo multiespectral. Uma das características das imagens do 
satélite Quickbird é que possuem efeito de perspectiva, devido a visada do sensor estar 
inclinada em relação a vertical, sendo um problema apresentado quando usa-se a imagem 
em áreas urbanas densas, agravado pela existência de sombras projetadas por edifícios 
(HUINCA et al. 2005). 
2.4.1 Uso do SIG na dinâmica da paisagem 
Almeida et al. (2012), afirmam que a vegetação é um importante indicador 
geoambiental, pois ela sofre influência direta dos fatores climáticos, edafológicos e bióticos. 
A vegetação ainda tem o importante papel na estabilização, tendo em vista que protege o 
solo dos processos erosivos, facilita a distribuição, infiltração e acúmulo da água pluvial e 
influência as condições climáticas do ambiente. 
A vegetação é um importanteelemento estabilizador, direta ou indiretamente, ao 
passo que sofre intensas alterações, pois a capacidade de infiltração e acumulação natural 
desse recurso nas zonas de alteração, nos aqüíferos e consequentemente sua capacidade 
de alimentar as plantas, animais e os homens são reduzidos; modifica-se também a 
pedogênese aumentando a possibilidade de erosão pluvial pela falta da interceptação das 
gotas da chuva e aumento de sua energia potencial (ALMEIDA et al. 2012). 
Portanto, conhecer a alteração da cobertura vegetal pode ser uma forma adequada 
de relação com a descaracterização ambiental por meio das atividades humanas. Estudos 
de análise da cobertura e uso do solo utilizam como ferramentas o Sistema de Informação 
Geográfica e o Sensoriamento Remoto, de acordo com Rocha (2000). O SIG permite 
processar um grande volume de informações provenientes de diversas fontes. 
De acordo com Ponzoni e Shimabukuro (2009) a aplicação de técnicas de 
sensoriamento remoto no estudo da vegetação, inclui a necessidade de conhecer e 
compreender o processo de interação entre a radiação eletromagnética e as diversas 
fitofisionomias. Para esses autores, a distribuição espacial dos elementos da vegetação, sua 
densidade e orientação definem a arquitetura do dossel, como por exemplo, a distribuição 
espacial de um reflorestamento que vai depender de como foram arranjadas as sementes 
no plantio, podendo ser observadas nitidamente via imagem de satélite. 
 
35 
Entre os estudos de análise temporal da cobertura vegetal e uso do solo por meio do 
uso de imagens de satélite, destaca-se Primack & Rodrigues (2000) comparando os anos de 
1988, 1997 e 1999 em São Sebastião, São Paulo; Campos (2001) trabalhando com dados 
de 1965 a 1999 na Represa de Jurumirim, São Paulo, com fins de análise das agressões 
antrópicas; e que utilizam com ferramenta o sistema de informação geográfica. 
Brito (2005) ressalta a importância que a análise da cobertura do solo traz em 
relação à compreensão do espaço e das mudanças ocorridas, uma vez que o ambiente esta 
em constante modificação e transformação, devido principalmente ao aumento das 
atividades antrópicas. Rosa (2003) apud Brito (2005) ressalta que o estudo da cobertura do 
solo é importante no desenvolvimento de inventário hídrico, controle de inundações, 
identificação de áreas com processos erosivos, avaliação de impactos ambientais, 
formulação de políticas econômicas, etc. 
 
3 METODOLOGIA 
 
A pesquisa segundo Gil (1999) é um processo formal e sistemático de 
desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir 
respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. 
Na categorização de Salomon (1999), a pesquisa em questão é considerada 
exploratória e descritiva, pois tem como objetivo a definição do problema, gerando propostas 
de solução. 
 Na classificação de Gil (2001), a metodologia da pesquisa foi classificada: 
 Quanto aos objetivos como: exploratória, que tem por finalidade a descoberta de 
práticas ou diretrizes que precisam ser modificadas e alternativas ao conhecimento 
existente; 
 Quanto aos procedimentos como: bibliográfica, desenvolvida com material já 
publicado; documental que busca fontes em documentos e provas sobre o 
conhecimento; operacional que desenvolve métodos e técnicas para a solução de 
problemas e tomadas de decisões; 
 Quanto à metodologia: quantitativa, pois se pode traduzir em números; qualitativa 
que estuda a relação entre o mundo e o sujeito. Portanto, neste trabalho, a pesquisa 
é quali-quantitativa. 
 
36 
3.1 ÁREA DE ESTUDO 
3.1.1 Localização 
A área de estudo se refere ao município de Itajaí, Santa Catarina, com área de 304 
Km², localizado nas coordenadas de 26º 54’ de latitude Sul e 48º 39’ de longitude Oeste. 
Atualmente a população está em 183.000 habitantes, com uma densidade demográfica de 
633,75 hab./Km² de colonização principalmente alemã e açoriana (IBGE, 2011). 
Localizado numa região estratégica, o município de Itajaí esta situado no litoral centro-
norte de Santa Catarina, junto a foz do Rio Itajaí-Açu, e junto ao eixo rodoviário mais 
importante do sul do Brasil, a BR-101. Segundo PMI (2013) o município é considerado o 
mais importante do baixo Vale do Itajaí. 
3.1.2 Caracterização socioeconômica 
A colonização iniciou-se, segundo Moreira (1995), primeiramente devido à invasão 
da ilha pelos espanhóis em 1777, onde justifica o deslocamento de pequenos grupos 
familiares açorianos na tentativa de afastar-se do conflito. A atividade baleeira, que fora 
afastada devido à invasão espanhola, veio a ser vizinha de aproximadamente 12 km da foz 
do Rio Itajaí, devido a esse motivo recebia de todas as províncias forasteiros interessados 
na divisa do trabalho. 
Conforme Moreira (1995), nas colônias agrícolas catarinenses se fazia necessário o 
desenvolvimento de um comércio marítimo para desembarque e comércio de mercadorias 
oriundas da extração agrícola-pesqueira, já que a costa catarinense é toda recortada e 
favorecia o comércio primitivo. O ponto geográfico de Itajaí era favorável a uma futura 
exploração e tinha a vantagem das terras planas na desembocadura do gigantesco curso de 
água que se lançava ao Atlântico. 
PMI (2013) afirma que a ocupação oficial se deu por interesse de João Dias de 
Arzão, companheiro do fundador de São Francisco do Sul em 1658. Naquele ano, ele 
obteve uma sesmaria, que é um lote colonial, às margens do rio Itajaí-Açu, em frente à foz 
do rio Itajaí-Mirim e ali construiu moradia. Seu interesse apenas era o ouro, porém não 
obteve sucesso. Quando os primeiros colonizadores vieram se fixar nas terras junto à foz do 
rio Itajaí-Açu, os indígenas ainda faziam frente à ocupação das mesmas terras que, pouco a 
pouco, lhes foram tomadas. 
Por volta de 1793, ocorre como cita Moreira (1995), um Rush em direção as terras de 
Itajaí, onde se reproduziam como agrícolas-pesqueiros, onde o excedente da produção era 
 
37 
endereçado à troca em pequenas embarcações que faziam da costa catarinense um 
pequeno comércio. O porto de Itajaí integra-se nas relações de comércio da época, pois 
impulsionaram o intercâmbio comercial do litoral. 
O município destaca-se como uma das dez maiores cidades de Santa Catarina, onde 
a economia é sustentada pelo seu histórico complexo portuário, comércio, pesca e setor 
industrial (IBGE, 2011). 
3.1.3 Caracterização do meio físico 
O município de Itajaí está inserido na bacia hidrográfica do Rio Itajaí, sendo a bacia 
mais extensa da vertente atlântica no estado de Santa Catarina, inserida no litoral centro 
norte, como afirma Schettini (2002). Segundo este autor, o rio Itajaí-Açu é o mais importante 
desta bacia, contribuindo com cerca de 90% do aporte fluvial para o estuário e os 10% 
restantes são derivados do Rio Itajaí-Mirim. Ela compreende uma área de 15.000 km², 
distribuídos em 46 municípios e contando com cerca de 800 mil habitantes. 
De acordo com Araújo (2012), o município tem temperatura anual média de 20,4ºC, 
possuindo boa distribuição de chuva ao longo do ano, com médias mensais de 1.755 
milímetros. Segundo Araújo et al.(2006), dadas as condições locais conferem ao clima 
características subtropicais úmidas com verões quentes. 
Conforme classificação de Koppen (1936), o clima é classificado como mesotérmico 
úmido (Cfa), com excesso hídrico de precipitações e deficiências hídricas nulas, onde: C = 
significa climas temperados quentes; a temperatura do mês mais frio está entre 18º C e – 3º 
C; 
 a = temperatura do mês mais quente é superior a 22º C; e 
 f = a falta ou ausência de estação seca, constantemente úmida, isto é, chuva 
em todos os meses; a precipitação média do mês mais seco é superior a 60 mm de 
chuva. 
 
3.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 
3.2.1 Levantamento do dinamismo e de políticas públicas 
Esta etapa do trabalho contou com pesquisa bibliográfica e documental pormeio de 
consulta em livros, trabalhos de pesquisa, internet e outros. 
 
38 
3.2.2 Levantamento e mapeamento do uso e cobertura do solo 
Para a realização da análise da área de estudo foram usadas imagens de satélite 
Landsat satélite LS TM, órbita 220 e ponto 79, correspondente aos anos de 1985, 1995 e 
2010, datadas respectivamente de 06 de maio de 1985, 18 de maio de 1995 e 04 de 
fevereiro de 2010, sendo estas imagens também interpretadas e utilizadas para a 
elaboração dos mapas e definição das classes temáticas de uso e cobertura de solo. Estas 
imagens foram obtidas no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) nas sete bandas 
correspondentes, e foram elaboradas diversas composições coloridas RGB (534 – 754) com 
a finalidade de reconhecer melhor os diferentes usos e cobertura dos solos. 
Porém as imagens do satélite Landsat não possuem uma boa resolução em grandes 
escalas, sendo que foi preciso utilizar imagens do satélite Quickbird, do Google Earth, do 
ano de 2012, para atualizar e detalhar o uso e cobertura dos solos assim foi possível obter 
uma comparação dos mapas elaborados com as imagens Landsat e atualizar a imagem de 
2010, principalmente nas encostas de morros e áreas de reflorestamento, devido serem 
locais com maior dificuldade na interpretação por decorrência da sombra. 
Para corrigir os possíveis erros e certificar as áreas interpretadas nos diferentes usos 
e coberturas do solo, foram realizadas saídas de campo. Nas saídas, além das 
confirmações de correta classificação das imagens, os caminhos percorridos foram 
levantados pelo GPS (com pós-correção), permitindo dados com precisões acima de 1 
metro, além de um amplo registro fotográfico, para consultas futuras e com a finalidade de 
homogeneizar as interpretações, e verificar, como por exemplo, que o solo exposto em toda 
a imagem corresponde ao mesmo tipo de informação. 
O projeto foi gerado dentro do sistema SPRING 5.2.2, que é um SIG disponibilizado 
gratuitamente pelo INPE, com funções de processamento de imagens, análise espacial, 
modelagem numérica de terreno e consulta a bancos de dados espaciais. 
Já a saída gráfica (mapas e tabelas) foi gerada no SIG ArcGis 10.0, devido a ser um 
sistema de informação geográfica com melhores ferramentas para a saída, com opções de 
design, biblioteca de símbolos, permitindo que os mapas sejam melhor elaborados. 
Para a análise das imagens e elaboração do mapa de uso e cobertura da terra do 
município foram realizados uma sequência de procedimentos, os quais podem ser melhor 
observados no fluxograma da Figura 2. 
 
39 
Imagens INPE 
(1985, 1995 e 
2010)
Procesamento
SPRING 5.2.2
(INPE)
Classificação Supervisionada 
das imagens nas classes: 
Mata Atlântica 
(FLOD), Reflorestamento, Cu
ltura, Área Urbana, Solo 
Exposto e Água.
Bibliografia Saídas de campo
Base
cartográfica
Imagens 
Quickbird
Fotos
Levantamento 
de dados GPS
Georreferenciamento
(15 pontos de 
controle)
Composição colorida 754 
(RGB) para ano de 
1985, 1995 e 2010
Classificação Manual da 
imagem de 
2010, corrigindo a 
classificação automática
Mapeamento nas classes: FLOD de encosta 
estágio inicial e médio/avançado e FLOD de 
planície estágio inicial e 
médio/avançado, Cultura, Reflorestamento 
e Água.
Mapeamento final. Dados exportados para Arcgis 10.0 e 
executados os mapas finais.
 
Figura 2 - Fluxograma dos procedimentos metodológicos. Fonte: Autor. 
 
Como primeiro passo, foi realizada a leitura da imagem, transformando o formado 
TIFF dentro do IMPIMA (Módulo anexo ao SPRING) para o formato que é possível ser lido 
pelo SPRING. Após, foi criado o banco de dados, dentro do SPRING e o projeto utilizando o 
Datum SAD 69 e as coordenadas que contém o município de Itajaí. 
 
40 
Uma vez importada à imagem para o SPRING, procedeu-se o georeferenciamento a 
partir da utilização de cartografia base e a imagem já georeferenciada de 2010. A cartografia 
base corresponde aos cursos de água e estradas (IBGE escala 1:50.000) e a utilização da 
base SPU (escala 1:2000) do litoral. Também foi utilizada a divisão municipal (limite). Foram 
registrados mais de 15 pontos de controle (pontos de coordenadas conhecidas e 
identificáveis na imagem), utilizando-se polinômios de 2º grau. Essas bases, com suas 
respectivas coordenadas, foram utilizadas para registrar a primeira imagem de 1985. Para 
georreferenciar a segunda imagem de 1995 coletou-se pontos de controle da primeira 
imagem registrada (1985), já georeferenciada. 
Os contrates e composição colorida foram gerados para se obter uma melhor 
apresentação visual da imagem e assim aumentar o poder de discriminação para análise. A 
composição foi 7 no vermelho, 5 no verde, 4 no azul, atenuando o contraste para possibilitar 
uma visualização mais adequada. 
Para a composição do mapa de uso e cobertura da terra, sem a especificação em 
tipologias da vegetação, foi realizada a classificação supervisionada, onde a imagem foi 
dividida em categorias de feições visíveis na imagem. As classes foram agrupadas em seis 
categorias, sendo elas ilustradas na Figura 3. 
 
Figura 3 - Classes temáticas para o mapa de uso e cobertura da terra por classificação 
automática. Fonte: Autor. 
 
Para a realização da classificação supervisionada para o mapa de uso do solo foi 
necessária a utilização de várias combinações entre as bandas do TM-Landsat 2, 3, 4, 5 e 7. 
Cada classe foi analisada cuidadosamente com o auxílio principalmente da imagem 
sintética, gerada pela composição colorida das bandas 754 nos canais RGB, 
respectivamente. 
 
41 
Como resultado desses procedimentos, foram desenvolvidos os mapas de uso e 
cobertura do solo, sendo este realizado no Laboratório de Ecologia da Vegetação Costeira 
do CTTMar/UNIVALI. Nos resultados preliminares, foram obtidos os valores percentuais 
para comparação espacial/temporal das imagens por meio das classes temáticas, as 
mesmas já especificadas acima. Os mapas finais, resultantes dos procedimentos 
executados no SPRING, foram elaborados no Arcgis no mesmo laboratório, devido ao 
melhor resultado estético do mapa. 
Foram realizadas saídas de campo para confirmação das classes de uso e cobertura 
do solo, sendo que com uma câmera digital foram registradas imagens da área de estudo 
para exemplificar como a região vem sendo utilizada e ocupada. Foram utilizadas imagens 
do satélite Quickbird, obtidas pelo Google Earth, que foram mosaicadas utilizando o 
software REGEEMY.EXE, também disponibilizado pelo INPE (Instituto Nacional de 
Pesquisas Espaciais), para montar imagens panorâmicas da região, objetivando ter uma 
melhor visualização e localização durante as saídas de campo. 
 Após esses procedimentos foi realizada a classificação da imagem de 2010, com 
procedimento manual para detalhar o uso e cobertura da terra a partir da interpretação 
visual, com base em Marenzi (2005) nas em classes ilustradas na Figura 4. 
 
Figura 4 - Classes temáticas para o mapa de uso e cobertura da terra por classificação manual. 
Fonte: Autor. 
 
A identificação dos diferentes estágios de sucessão da Floresta utilizou como 
critérios o que estabelece a Resolução CONAMA 04 (BRASIL, 1994) e a Lei da Mata 
Atlântica (BRASIL, 2006). A análise de cada classe foi o produto da interpretação visual da 
imagem e o trabalho de campo, a qual considerou a textura, cor e o padrão das feições 
existentes na imagem. Desta forma, alguns polígonos precisaram ser editados, pois 
algumas vezes coberturas diferentes são agregadas numa mesma classe. Após a análise de 
 
42 
todas as classes e das edições necessárias, foram realizadas mais duas saídas de campo 
para conferência e validação dos dados. 
A composição colorida foi rearranjada para 754 (RGB) como 574 (RGB), pois os 
reflorestamentos e tipologias vegetais diferentes da mata atlântica eram melhor 
identificadas. 
Como apoio a identificação dos diferentes estágios sucessionais de floresta

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