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Fisiopato - Neuro

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Patologia Básica de 
Neurônios e Glia 
 
 A principal unidade funcional do SNC é o neurônio 
que possui capacidade única de receber e 
transmitir as informações. 
 Grupo de neurônios pode apresentar vulnerabilidade 
seletiva a várias agressões, uma vez que eles 
compartilham uma ou mais dessas propriedades. 
Como diferentes regiões do encéfalo participam de 
diferentes funções, o padrão de sinais e sintomas 
clínicos após uma lesão depende tanto da região do 
encéfalo envolvida como processo patológica. 
 Neurônios maduros são incapazes de realizar a 
divisão celular, assim, a destruição, mesmo de um 
pequeno número de neurônios essenciais para uma 
função específica, pode deixar indivíduo com 
déficits neurológicos. 
 Além de neurônios, o SNC contém outras células, 
como astrócitos e oligodendrócitos, que formam a 
glia. 
 Quase todas as afecções do SN podem provocar 
atrofia, degeneração, necrose, apoptose, 
hipertrofia ou proliferação de suas células. EM 
muitos casos, tais alterações são semelhantes e 
independentes dos diversos agentes causais sendo 
inespecíficas. Em algumas doenças são menos 
comuns do que em outras. Assim, para melhor 
conhecimento e interpretação das doenças é 
necessário primeiro estudar as reações e lesões 
básicas antes da exposição sistemática dos 
processos patológicos. 
TECIDO NERVOSO NORMAL 
 Neurônios possuem núcleo redondo, vesiculoso com 
nucléolo nítido. Citoplasma abundante e possui os 
corpúsculos de Nissl (substância tigróide) e 
neurofibrilas (responsáveis pelo transporte). 
 Corpúsculos de Nissl são formados por retículo 
endoplasmático rugoso - síntese proteica. 
 Neurônios têm forma e tamanho variados de 
acordo com sua localização e função. 
 Todo neurônio possui um único axônio de diâmetro 
constante e suas ramificações ocorrem próximas 
à extremidade distal, podem ou não ser revestidos 
por bainha de mielina. Além do axônio, o corpo 
celular pode ter dendritos, que se ramificam já a 
curta distância. Sua função é ampliar a superfície 
da célula e receber contatos sinápticos. Os 
corpúsculos de Nissl são encontrados na porção 
proximal de dendritos, mas nunca no axônio. Além 
disso, os dendritos nunca são mielinizados. 
 
 As células de Purkinje do córtex cerebelar enviam 
grandes dendritos ramificados à camada molecular, 
pobre em células, mas rica em sinapses. Já as 
células granulosas do córtex cerebelar são os 
menores neurônios do organismo, com núcleos 
comparáveis ao de linfócitos. 
Patologia Básica de 
Neurônios e Glia 
 
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 Os neurônios também acumulam pigmentos. Os 
neurônios da substância negra do mesencéfalo 
contêm melanina no citoplasma. Já os neurônios 
motores da medula espinal acumulam lipofuscina 
(pigmento amarelo) constituída por restos 
degenerados de organelas intracelulares. 
 A substância branca normal não contém corpos 
celulares de neurônios, somente células gliais, 
axônios e bainhas de mielina. 
 As células da Glia normais não têm citoplasma 
visível, sendo identificadas pela morfologia do núcleo. 
 Os astrócitos e oligodendrócitos têm núcleo 
redondo menor que o do neurônio e nucléolo 
pequeno. O núcleo do astrócitos é maior e mais 
frouxo que o do oligodendrócitos. Já a micróglia tem 
núcleo pequeno, alongado em forma de vírgula, com 
cromatina densa, também sem nucléolo. 
 
 ASTRÓCITOS 
 Para serem devidamente observados são 
necessárias técnicas especiais como 
imunohistoquímica para GFAP. 
 
 Protoplasmáticos predominam na substância 
cinzenta. Têm prolongamentos mais numerosos, 
curtos, delicados e ramificados que os dos 
astrócitos fibrosos, que ocorrem na substância 
branca. Muitos prolongamentos de ambos 
terminam em vasos sanguíneos, o “pé sugador”. 
 
 Funções dos astrócitos: 
1. Sustentação mecânica do tecido nervoso – 
contêm citoplasma filamentos intermediários 
(vimentina e proteína gliar fibrilar ácida – 
GFAP) também chamados de fibras gliais. Os 
astrócitos e seus prolongamentos constituem 
trama ancorada nos vasos, na qual se apoiam 
os neurônios e outras células. 
2. Interação dos astrócitos com as células 
endoteliais dos capilares é essencial para a 
para a modificação destas, para constituir a 
barreira hemato-encefálica. 
3. Na substância cinzenta, os prolongamentos 
dos astrócitos protoplasmáticos envolvem os 
neurônios, mantendo um microambiente 
adequado às funções metabólicas destes. 
4. Prolongamentos dos astrócitos funcionariam 
como isolantes elétricos de certas sinapses, 
impedindo que excite indesejavelmente 
sinapses vizinhas. 
5. Captam neurotransmissores liberados e 
facilitam o retorno dos precursores aos 
neurônios para reutilização. 
6. Função na cicatrização através da gliose e 
astrócitos gemistocísticos. 
 OLIGONDEDRÓLIA 
 Mostra corpo celular arredondado e pequeno e 
poucos prolongamentos, curtos, finos e pouco 
ramificados. 
 Responsáveis pela formação e manutenção das 
bainhas de mielina para os axônios do SNC, 
função que nos nervos periféricos é 
desempenhada pelas células de Schwann. 
 MICRÓGLIA 
 Apresenta citoplasma escasso formando 
delgados prolongamentos a partir das 
extremidades da célula, que se ramificam 
dicotomicamente. 
 A única função é reagir a lesões do tecido 
nervoso fagocitando restos celulares 
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ALTERAÇÕES PATOLÓGICAS NEURÔNIOS 
 Cromatólise: dispersão dos corpúsculos de Nissl e 
deslocamento do núcleo para a periferia. É uma 
reação precoce, reversível que corresponde ao 
desarranjo do retículo endoplasmático rugoso. 
Acontece especialmente nos grandes neurônios 
motores após interrupção da continuidade dos 
axônios (axotomia) nos nervos periféricos; 
processo associa-se a aumento do RNA ribossômico 
e da síntese proteica para a regeneração axonal 
(reação axonal ou retrógrada). 
 
 Atrofia: célula sofre redução do volume celular, 
atingindo principalmente o citoplasma. 
 
 Atrofia neuronal simples: retração do corpo 
neuronal com basofilia citoplasmática e 
hipercromasia nuclear. 
 Atrofia pigmentar: acúmulo de lipofuscina 
 
 Necrose: causa mais comum anóxia, geralmente 
ocorre na isquemia, além da retração do corpo 
celular coexistem retração do núcleo e 
hipereosinofilia citoplasmática. Núcleo adquire 
forma triangular, seguido de cariólise (necrose 
isquêmica – neurônio isquêmico ou “vermelho”. 
 
 Neurônios quase sempre sofrem necrose 
liquefativa e desaparecem (geralmente por 
fagocitose). Raramente, porém podem sofrer 
calcificação mantendo o contorno, inclusive os 
dendritos. 
 Alteração neurofibrilar do Alzheimer: encontrados 
novelos de neurofibrilas em torno dos núcleos ou 
ocupando todo o pericárdio, resultantes 
principalmente do acúmulo da proteína tau 
hiperfosforilada. Deposição no citoplasma de 
proteína fibrilar dando ao neurônio aspecto em 
chama de vela. 
 
 Corpúsculo de inclusão nuclear: aparece em 
doenças virais resultante da replicação viral. Na 
raiva, o característico corpúsculo de inclusão 
citoplasmático é diagnóstico da doença. 
 
 Armazenamento: citoplasma pode acumular 
substâncias nas doenças de armazenamento. Um 
grupo dessas doenças, as denominadas 
esfingolipidioses, o material acumulado é um lipídeo 
cujo tipo varia conforme a enzima lisossômica 
deficitária. 
ALTERAÇÕES ASTRÓCITOS 
 São poucas as alterações morfológicas dos 
astrócitos, que podem sofrer tumefação, necrose, 
hipertrofia e proliferação, sobretudo nos 
processos de reparação do tecido nervoso. 
 Tumefação de astrócitos, por acúmulo de sódio e 
água intracitoplasmáticos, ocorre na isquemia, em 
algumas intoxicações e nos TCEs, constituindo uma 
das alterações mais importantes no edema 
cerebral citotóxico. Depende do aumento da 
expressão de aquaporina-4. 
 Gliose: indicador histopatológico mais importante de 
lesão do SNC, independentemente da etiologia, e é 
caracterizada tanto pela hipertrofia quanto pela 
hiperplasia dos astrócitos. 
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 Astrócitos gemistocísticos: núcleos dos astrócitos 
aumentam de tamanhoe se tornam vesiculares, 
desenvolvendo nucléolos proeminentes. Citoplasma 
se expande, tornando-se rosa-brilhante e 
relativamente irregular ao redor de um núcleo 
excêntrico, a partir do qual surgem numerosos 
prolongamentos vigorosos e ramificados 
 
 Os astrócitos gemistocísticos sintetizam grande 
quantidade de GFAP. Ao longo de alguns meses, o 
volume do citoplasma diminui e as fibrilas se 
condensam, assumindo aspecto refringente 
eosinófilo, que caracteriza o astrócitos fibroso 
patológico (volume menos, mas fibrilas ainda podem 
ser vistas em HE – forma cicatricial). 
 
 A gliose pode ser anisomorfa, em que o redor das 
áreas de infarto apresenta astrócitos dispostos 
irregularmente com fibras orientadas em todas as 
direções. Já a gliose isomorfa é caracterizada pelas 
fibras gliais que se arranjam ordenadamente na 
camada molecular, perpendicularmente à pia-
aracnoide. 
 Os corpos amiláceos, arredondados, laminados, 
hialinos, basófilos e PAS-positivos, são constituídos 
principalmente de polímeros de glicose. São 
encontrados nos prolongamentos distais, sendo 
vistos nas regiões subpiais, perivasculares e 
subependimárias. Número aumenta com a idade. 
ALTERAÇÕES OUTRAS CÉLULAS DA GLIA 
 Os oligodendrócitos são células que envolvem seus 
prolongamentos citoplasmáticos em torno dos 
axônios e formam a mielina. A lesão ou apoptose 
das células oligodendrogliais são um aspecto dos 
distúrbios desmielinizantes adquiridos e das 
leucodistrofias. Em algumas doenças 
neurodegenerativas, aparecem inclusões 
intracitoplasmáticas. 
 As células ependimárias, que são células epiteliais 
colunares ciliares que revestem os ventrículos, não 
possuem padrões específicos de reação 
 A micróglia é constituída por células fagocíticas 
derivadas do mesoderma que atuam como 
macrófagos residentes. Possíveis respostas: 
 Proliferação e atividade fagocitária – tornam-
se globosos e carregados de restos celulares e 
lipídeos (macrófagos espumosos xantomizados 
ou células granulo gordurosas). 
 
 Proliferação difusa ou nodular ao redor de 
neurônios lesados, constituindo os nódulos 
microgliais e figuras de neuroniofagia. 
 
 Transformação em células alongadas ou em bastão, 
presentes em processos inflamatórios crônicos. 
 Transformação células gigantes multinucleadas 
 
EDEMA CEREBRAL 
 O edema do parênquima cerebral resulta da saída 
aumentada de líquido dos vasos sanguíneos ou de 
lesão nas várias células do SNC. 
 Edema vasogênico: aumento do líquido extracelular 
causado pela ruptura da barreira hematoencefálica 
e pelo aumento da permeabilidade vascular, 
permitindo que o líquido se desloque do 
compartimento intravascular para espaços 
intercelulares do encéfalo. Pode ser localizado ou 
generalizado, como após lesão isquêmica – 
substância branca. 
 Edema citotóxico: aumento líquido intracelular 
secundário à lesão da membrana celular neuronal, 
glial ou endotelial – lesões difusas na substância 
cinzenta. 
 Geralmente, as condições associadas ao edema 
generalizado frequentemente possuem elementos 
de edema vasogênico e citotóxico. 
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 No edema generalizado, os giros se encontram 
aplanados, sulcos intercalados, estreitados e as 
cavidades ventriculares, comprimidas. 
 Com expansão, pode ocorrer herniação. 
 
HIDROCEFALIA 
 É o acúmulo de excesso de líquido cefalorraquidiano 
(LCR) no interior do sistema ventricular que ocorre 
em consequência do comprometimento do fluxo e 
da reabsorção. 
 Produção excessiva é causa rara que pode 
acompanhar tumores do plexo coroide. 
 
 CIRCULAÇÃO DE LÍQUOR 
 LCR formado nos plexos coroides dos 
ventrículos laterais passa para o terceiro 
ventrículo pelos buracos de Monroe e, pelo 
aqueduto de Sylvius, vai para o quarto ventrículo 
e, deste, passando pelos orifícios de Luschka e 
Magendie, se escoa para o espaço 
subaracnóideo; há formação de LCR também 
nos plexos coroides dos terceiro e quarto 
ventrículos; a partir da cisterna magna, já no 
espaço subaracnóideo, o LCR banha a medula e, 
circulando rostralmente, atinge as cisternas da 
base do cérebro e o espaço subaracnóideo 
periencefálico, onde é absorvido pelas 
granulações aracnoides e, em menor 
quantidade, através das bainhas pia-
aracnóideas.. 
 O LCR é produzido pelo plexo coroide no interior do 
sistema ventricular, que normalmente circula 
através do sistema ventricular e penetra na 
cisterna magna na base do tronco encefálico 
através dos forames de Luschka e de Magendie. O 
LCR presente no espaço subaracnoide banha as 
convexidades cerebrais superiores e é absorvido 
pelas granulações aracnoides. 
 Aumento do volume do LCR no interior dos 
ventrículos causa aumento de suas dimensões e 
pode elevar pressão intracraniana. 
 Se aparece na infância, antes do fechamento das 
suturas cranianas, ocorre aumento do perímetro 
encefálico. Se surge após fechamento, está 
associada à expansão dos ventrículos e aumento da 
pressão intracraniana. 
 Obstrutiva: sistema ventricular estiver obstruído e 
não se comunicar com espaço subaracnoide. 
 Comunicante: sistema ventricular se comunica com 
espaço subaracnoide e há aumento do tamanho de 
todo sistema ventricular. 
 Ex-vácuo: aumento compensatório no volume 
ventricular secundário à redução do volume 
cerebral, difuso ou focal. 
 Clínica: criança apresenta-se sonolenta e 
desidratada devido aos vômitos que acompanham a 
alta pressão intracraniana – sinal do sol poente. Já 
nos adultos, os sinais são de hipertensão craniana. 
 A porção mais afetada é a substância branca, há 
degeneração dos axônios do centro semioval e da 
cápsula interna, devido ao estiramento pelos 
ventrículos dilatados. 
 Os principais neurônios afetados são os 
responsáveis pela motricidade dos MMII. 
 CAUSAS DE BLOQUEIO ADQUIRIDAS 
 Processos inflamatórios crônicos, que levem à 
gliose subependimárias do IV ventrículo e/ou a 
fibrose da leptomeninge da base, dificultando o 
fluxo de LCR pelas cisternas. Principais causas 
de hidrocefalia obstrutiva inflamatória: 
neurocisticercose, neurotuberculose, cripto, 
toxoplasmose e neurosífilis. 
 Hemorragia subaracnóidea, a presença de 
sangue na leptomeninge causa reação 
inflamatória crônica e fibrose. 
 Tumores que reduzem o 4º ventrículo. 
 Hidrocefalia por produção excessiva do LCR: 
papiloma do plexo coróideo, ocorre nos 
ventrículos na infância. 
 CAUSAS DE BLOQUEIO CONGÊNITAS 
 Manifestam-se nos primeiros dias de vida. 
 Malformações do aqueduto de Sylvius. 
 Malformação de Arnold Chiari: anomalia da 
fossa posterior pequena, com herniação 
permanente do bulbo e do cerebelo através do 
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forame magno, passando ao canal espinal 
cervical. Quase sempre há meningocele e 
hidrocefalia associadas. 
 
 
HIPERTENSÃO INTRACRANIANA 
 A pressão intracraniana (PIC) depende da cavidade 
craniana e dos constituintes intracranianos. A 
normalidade está entre 5 e 20 cmH20 
 Clínica: cefaleia holocraniana (compressão de ramos 
nervosos meníngeos), vômitos em jato (compressão 
dos centros bulbares) e edema de papila. 
 
 CAUSAS 
 Lesões expansivas localizadas podem aumentar 
o volume de um hemisfério cerebral. Efeito 
amplificado pelo edema cerebral – hematomas, 
abscessos e tumores. 
 Fatores que atuam difusamente podem causar 
edema cerebral difuso e, portanto, aumento 
global de volume do encéfalo – anóxia sistêmica 
ou processos inflamatórios. 
 A herniação é o deslocamento do tecido encefálico 
para além das dobras durais rígidas ou através de 
aberturas no crânio devido ao aumento da pressão 
intracraniana. 
 Hérnia de cíngulo (subfalcina): expansão unilateral ou 
assimétrica de hemisfério cerebral deslocando o 
giro do cíngulo sobre a foice – pode levar à 
compressão da artéria cerebral anterior e ramos 
causando infarto hemorrágico. 
 Hérnia de uncus (transtentorial): passagem do giro 
parahipocampal (uncus) para a fossa posterior 
através do orifício da tenda do cerebelo, onde se 
localiza o mesencéfalo. Geralmenteunilateral e 
consequência do aumento de volume de um 
hemisfério cerebral, edema em torno da lesão 
ajuda a pressionar. Efeitos: 
 Comprometimento do terceiro nervo craniano, 
resultando em dilatação pupilar e 
comprometimento dos movimentos oculares do 
lado da lesão. 
 Lesão da artéria cerebral posterior levando à 
um infarto, geralmente hemorrágico, em seu 
território. São chamados de infartos calcarinos 
por abrangerem região da área visual primária. 
 Alongamento do mesencéfalo leva a distorção 
ou esgarçamento das veias e artérias 
perfurantes que suprem o tronco encefálico 
superior levando as hemorragias de Duret. 
 
 Mais raramente, pode haver secção da base do 
pedúnculo cerebral levando a hemiplegia 
ipsilateral. 
 Hérnia de amígdalas (tonsilar): deslocamento das 
tonsilas cerebelares através do forame magno – 
risco de morte ao causar compressão do tronco 
encefálico e comprometer a respiração vital e os 
centros cardíacos no bulbo. 
 Hérnia transcalvariana: para fora do crânio, 
geralmente através de orifício de craniotomia. 
 
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 A excitotoxicidade em lesões cerebrais isquêmicas 
é promovida por aminoácido excitatório endógeno, 
principalmente o glutamato. O que predispõe o SNC 
a uma maior suscetibilidade a lesões em eventos 
isquêmicos. 
 O glutamato é o neurotransmissor presente em 
maior quantidade no SNC, cerca de 80% dos 
neurônios possuem algum receptor para glutamato. 
 Esse aa participa em situações de isquemia central 
global (parada cardíaca, fibrilação atrial) e isquemia 
focal (AVC isquêmico). Além da participação em 
desordens agudas e crônicas do SNC. 
LESÕES CEREBRAIS ISQUÊMICAS 
 A isquemia causa uma área periférica de perda 
funcional (penumbra) e área central (necrose). 
 Após isquemia focal, os tratamentos são pouco 
eficientes. A fisioterapia visa promover a 
neuroplasticidade, fazendo com que outra área 
cerebral assume a função da área comprometida. 
 Na privação energética, há despolarização do 
terminal pré-sináptico, o que leva a entrada de íons 
Ca2+ liberando glutamato na fenda sináptica. 
 Em condições normais, glutamato é recaptado pela 
glia e terminal pré-sináptico, em processo 
dependente de energia. Na isquemia, receptação 
não acontece, havendo hiperestimulação dos 
receptores ionotrópicos do glutamato – entrada de 
Na+ e Ca+2 e saída de K+. 
 O excesso de sódio na célula leva a um aumento da 
pressão osmótica (entrada de água – edema) e 
despolarização do receptor pós-sináptico (libera 
mais glutamato – expande lesão). 
 Receptores metabotrópicos do glutamato 
estimulam a imobilização do cálcio intracelular. 
Assim, na isquemia há um aumento muito grande da 
concentração intracelular deste íon. 
 O cálcio ativa enzimas líticas, aumenta a formação 
de radicais livres por ativação da NO sintetase e 
leva a lesão mitocondrial. 
 Cálcio -> morte celular -> ativação micróglia e 
astrócitos -> reação inflamatória -> aumento 
permeabilidade microcapilares -> edema 
 A reperfusão tecidual é o único meio de salvar a 
região de penumbra, mas está associada a um 
aumento da formação de espécies reativas de 
oxigênio e sobrecarga mitocondrial de Ca2+. 
 Isquemia -> excitotoxicidade da região central -> 
necrose -> ativação resposta inflamatória -> 
apoptose região periférica. 
 As lesões levam a uma resposta inflamatória pela 
ativação da micróglia e dos astrócitos, que causam 
lesão neuronal e aumento da permeabilidade 
vascular, com entrada de infiltrado leucocitário e 
potencialização da resposta. 
 Alvos potenciais para intervenções: liberação 
excessiva de glutamato, hiperestímulo de 
receptores de glutamato, resposta inflamatória, 
estresse oxidativo e morte celular. 
 Complicações para tratamento: janela terapêutica 
curta, comorbidades, efeitos colaterais e avaliação 
de eficácia baixa. 
 AVC ISQUÊMICO USO DE TROMBOLÍTICOS 
 Administrar fator tecidual ativador de 
plasminogênio recombinante, o que converte o 
plasminogênio em plasmina, que degrada a 
fibrina, desfazendo o trombo. 
 SOMENTE com certeza para AVC isquêmico, 
pois piora quadro hemorrágico. 
 Janela terapêutica de, no máximo, 6 horas. 
Após esse período, haverá piora do quadro e 
AVC hemorrágico, pois vaso já está danificado 
e com reperfusão haverá hemorragia. 
Excitoxicidade em 
Lesões Isquêmicas 
 
Excitoxicidade em 
Lesões Isquêmicas

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