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1 Prova II – Atenção Clínico-Cirúrgica I Síndrome metabólica Obesidade é o acúmulo anormal ou excessivo de reserva energética sob a forma de gordura, com potencial de agravo à saúde – classificada quanto ao índice de massa corporal (IMC): 30,0-34,9 Kg/m2: obesidade grau I 35,0 e 39,9 Kg/m2: obesidade grau II Maior que 40,0 Kg/m2: obesidade grau III Predisposição genética, sobre a qual atuam fatores ambientais relacionados com os estilos de vida, em que incluem hábitos alimentares e atividade física (desequilíbrio entre ingesta calórica e gasto energético) – doença multifatorial. Fisiopatologia: não explicada, mas acredita-se na existência de problemas na manutenção de saciedade. É uma doença metabólica considerada fator de risco para diversas patologias: hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, dislipidemia, apneia do sono, doença cardiovascular aterosclerótica, hepatite esteatótica não alcoólica, refluxo gastresofágico, osteoartropatia degenerativas, etc. Epidemiologia: estima-se que 13% da população adulta sejam obesos. Também afeta cerca de 42 milhões de crianças. Responsável por 20% de todas as mortes nos EUA – segunda principal causa de morte evitável, ficando atrás só do tabagismo. No Brasil, obesidade afeta 20% da população adulta, enquanto o sobrepeso chega a 50%. S ÍNDROME METABÓL ICA Síndrome metabólica é o conjunto de alterações cardiometabólicas que aumentam o risco de desenvolvimento de diabetes e/ou aterosclerose. O diagnóstico de síndrome metabólica é realizado pela presença de obesidade central (circunferência abdominal >102cm no homem e 88cm na mulher), IMC não tem tanta importância, com pelo menos 2 fatores abaixo: Triglicerídeos > 150 mg/dL; HDL < 40 mg/dL em homens ou <50 mg/dL em mulheres; Pressão arterial > 130/85 mmHg ou HAS prévia Glicemia jejum >100mg/dL ou DM2 prévia. Obesidade visceral modula a relação do metabolismo com a função vascular, produzindo citocinas pró- inflamatórias, como fator de necrose tumoral alfa e interleucina 6. Também se associa a elevações do fibrinogênio, PAI-1 e possivelmente mais fatores de coagulação, caracterizando estado pró-trombótico. Insulina reduz lipólise nos adipócitos, mas alteração na sinalização aumenta lipólise levando a aumento de ácidos graxos livres. No fígado, esses ácidos graxos servem de substrato para síntese de triglicerídeos (placas de gordura) e elevam produção do VLDL – esteatose hepática não alcoólica. Insulina é produzida no pâncreas em resposta à hiperglicemia estimulando o uso da glicose em vários tecidos. Na resistência à insulina, o tecido adiposo, o músculo e as células hepáticas não respondem adequadamente à insulina e glicemia permanece alta. Resistência à insulina há redução do óxido nítrico levando a alterações vasculares que predispõe a aterosclerose. O tratamento é: 1º: mudança no estilo de vida – atividade física e dieta hipocalórica. 2°: mono ou plurifarmacoterapia. 3º: cirurgia bariátrica. C IRURGIA BARIÁTR ICA É o padrão-ouro para obesidade grave (grau III) refratária – nunca é 1ª opção de tratamento. Refrataria: indivíduos obesos por pelo menos 5 anos e histórico de pelo menos 2 tratamentos conservadores. As indicações para cirurgia são: IMC > 40 kg/m2 IMC > 35 kg/m2 associada a comorbidade relacionada como HAS, DM2, dislipidemia, apneia do sono, osteoartrose, entre outras. IMC > 30 kg/m2 associado a diabetes tipo 2 mal controlado – cirurgia metabólica. DM2 grave 2 Prova II – Atenção Clínico-Cirúrgica I Os resultados são satisfatórios e sustentados, por isso o número de operações está aumentando. As possíveis modalidades cirúrgicas são: Restritivas: gastrectomia vertical e banda gástrica. Disabsortivas: by-pass jejunocólico e jejunoileal – aumenta diarreia, esteatorreia, distúrbios hidroeletrolíticos e cirrose por crescimento bacteriano. Mistas: gastrectomia distal, by-pass gástrico em Y e duodenais switches. Houve diminuição acentuada na morbidade devido curva de aprendizado, serviços de referência, equipe multidisciplinar e via de acesso (laparoscopia). Complicações Precoces (até 6 semanas): fístulas (50% de mortalidade), embolia pulmonar (IMC mais alto), sangramento, atelectasias, pneumonias e infecções de ferida. Tardias (a partir de 7 semanas): obstruções intestinais, hérnias incisionais, úlceras marginais anemia ferroprivas e desnutrição proteica. Limitações: pacientes com riscos específicos, baixa adesão ao acompanhamento multidisciplinar e impossibilidade de atender à demanda. C IRURGIA METABÓL ICA Qualquer intervenção do tubo digestivo, que tem como finalidade o controle do diabetes do tipo 2, com ou sem medicação através de mecanismos independentes da perda de peso, e também secundariamente por perda de peso. Eixo êntero-insular é responsável pelo metabolismo glicêmico – TGI é o maior órgão endócrino Incretinas são peptídeos gastrointestinais com efeito direto sobre a homeostase glicêmica – fazem sinalização para o pâncreas e sinalizam ao SNC sobre a saciedade. GLP-1 (semelhante glucagon) – íleo terminal ↑ sensibilidade insulínica e secreção de insulina ↓ esvaziamento gástrico. GIP (insulinotrópico gastrointestinal) – duodeno ↑ sensibilidade insulínica e secreção de insulina Entero-hormônios Grelina: único orexígeno conhecido – secretado no fundo gástrico – dá fome Peptídeo YY: hiporexígeno e inibe motilidade Fisiopatologia cirúrgica: exclusão funcional do fundo gástrico e duodeno (inibe grelina e GIP), passagem de nutrientes pelo intestino distal (estimula GLP-1) e aceleração do esvaziamento gástrico. Saciedade devido diminuição da grelina e aumento do peptídeo YY e GLP-1 Efeito incretínico devido aumento sensibilidade à insulina e função endócrina pancreática associado ao GLP-1 A redução da resistência à insulina é ligada às alterações estruturais provocadas pelas cirurgias. Abdome agudo na infância Urgências abdominais não traumáticas na infância. Na criança, a dor de barriga pode ter diversas etiologias, que vão de gastrointestinais a pulmonares e infecciosas. A idade da criança é essencial para diagnóstico preferencial, pois dependendo da faixa etária há etiologias prevalentes. Dor abdominal que preocupa: severa, acompanhada de choro, acorda de noite, interrompe brincadeiras, súbita e recidivante, acompanhada de vômitos, sintomas sistêmicos (febre) e alterações físicas (fezes com sangue). Exame físico é importante para descartar causas extra-abdominais e criar vínculo Geral: taquicardia e sinais de choque Abdome: peritonismo (localizado/generalizado), distensão e massas palpáveis. Sempre palpar bolsa escrotal – hérnia inguinal Exames complementares: hemograma, urina 1 e Rx Rx normal: pouco de ar no cólon e estomago. Rx anormal: ar no delgado (exceto <1 ano) Não realizar exames contrastados, pois não auxilia e aumenta risco cirúrgico. Evitar pedir TC O abdome agudo obstrutivo em decúbito dorsal tem aparência de “empilhamento de moedas”. Na posição ortostática, é possível observar presença de níveis hidroaéreos. Se for obstrutivo, perguntar de cirurgias prévias. 3 Prova II – Atenção Clínico-Cirúrgica I Intervenções cirúrgicas realizadas são laparoscopia e laparotomia exploradora. Alarmes cirúrgicos do recém-nascido Os sinais de alarme cirúrgico do TGI são vômitos biliosos, hipersialorréia, distensão abdominal, não eliminação de mecônio nas primeiras 24 horas, febre, hipoatividade, desidratação e hiperemia da parede abdominal. Hipersialorréia: salivação em excesso é sinal de atresia de esôfago, uma malformação em que a parte proximal do esôfago termina em fundo cego. Pré-natal: polidrâmnio Pós-natal: taquipneia, cianose e hipersialorréia. Diagnóstico: 0,3 mL de contraste iodado para identificar no raio X, passar sonda para aspirar Vômitos biliosos indicam obstrução do TGI, presença de polidrâmnio no pré-natal. Sem distensão abdominal: atresia de duodeno, no raio X o sinal da dupla bolha é patognomônico (estômago e duodeno) . Com distensão abdominal (sem eliminação de mecônio – vômitos podem ser fecaloides): atresia de íleo (cone de transição), íleo meconial (fibrose cística), megacólon congênito (ausência de plexo mesentérico fazendo com que alça não dilate) e ânus imperfurado. Quanto mais distante a obstrução, maior a distensão das alças. Sinais de alarme do trato urinário são: diagnóstico pré-natal, massa abdominal, oligoâmnio, oligúria ou anúria – obstrução uretero-pélvica, uretero-vesical e válvula uretra posterior. Sinais de alarme do trato respiratório são cianose, taquipneia e diagnóstico pré-natal – malformação adenomatóide cística e enfisema lobar congênito Hérnia diafragmática congênita (Bochdalek): decorre do não fechamento dos canais pleuroperitoneais resultando em uma grande abertura. Há um procedimento intrauterino para hiperinsuflar os pulmões e assim empurrar órgãos para fora da cavidade torácica. Doenças pancreáticas A classificação de Marseille de 1984 foi estabelecida uma classificação a partir de tecidos obtidos em cirurgia, estratificando a pancreatite aguda em necrótica, hemorrágica ou pseudocisto. PANCREAT ITE AGUDA As principais etiologias são litíase biliar e álcool – 70% dos casos. Os cálculos biliares (40%) são depósitos de material sólido na vesícula biliar que às vezes se movem para o ducto colédoco, vesícula biliar compartilha com o pâncreas, obstruindo-o – suco pancreático para de fluir. Álcool (30%) mecanismo não é completamente compreendido, risco aumenta com a quantidade de álcool consumido – necessário outros fatores desencadeantes. Geralmente agudiza a pancreatite crônica. A pancreatite aguda resulta da liberação e ativação inadequadas de enzimas. Enzimas são sintetizadas na forma de proenzimas inativas, a ativação inapropriada intrapancreática de tripsina pode ativar outras proenzimas como pró-fosfolipase e pró-elastase, que degradam células adiposas e danificam fibras elásticas dos vasos sanguíneos. Lesão de células acinares leva a liberação de enzimas pancreáticas ativas levando a fusão de grânulos com zimogênio (enzima catepsina B) que é capaz de converter tripsinogênio em tripsina – início processo autodigestivo. Histopatológica: necrotizante ou edematosa. Classificação de Atlanta: pancreatite aguda pode ser classificada em leve ou grave. +3 critérios de Ramson ou +8 de APACHE II 4 Prova II – Atenção Clínico-Cirúrgica I A leve tem 70-80% de cura, com letalidade de 1-2%, a grave tem 20-30% de cura e letalidade entre 80-100% de mortalidade. Complicações sistêmicas: complicações pulmonares, insuficiência renal e síndrome compartimental abdominal – eventos inflamatórios das células acinares levam à progressão para síndrome inflamatória sistêmica (SRIS) Complicações locais: abscesso (coleções intra- abdominais e circunscritas de pus), coleções peri- pancreáticas (coleções líquidas agudas que podem evoluir para necrose ou regredir espontaneamente – podem ser estéreis ou infectadas) e necrose (áreas de tecido não viável). Os critérios de bom prognóstico são Ranson igual ou inferior a 3, Glasgow igual ou inferior a 3, APACHE II igual ou inferior a 8 e Balthazar (uso de tomografia computadorizada). Diversos tipos de sistemas de pontuação ajudam a prever a gravidade da pancreatite aguda, o que pode ajudá-lo a administrar melhor a situação da pessoa. TRATAMENTO Pancreatite leve: hidratação intravenosa, analgésicos para aliviar dor e dieta pastosa e pobre em gorduras, se não apresentar vômitos – basicamente tratamento de suporte. Moderadamente grave: caso não consiga comer nutrição parenteral. Grave: antibioticoterapia profilática. Octreotide inibe a secreção da serotonina e de vários peptídeos GI têm sido utilizadas para a profilaxia e o tratamento da pancreatite aguda As principais complicações da necrose são o aparecimento das coleções, do abscesso e do pseudocisto de pâncreas. Que poderão estar associadas ou não ao sangramento, ao aparecimento de fístula ou ascite pancreática. Necrose com infecção: para o tratamento da necrose pancreática infectada associada ou não à presença de abscessos são indicados uma série de processos cirúrgicos como debridamento com drenagem externa, o associado à lavagem peritoneal pós-operatória. Pseudocisto: o líquido do pseudocisto é estéril e rico em enzimas pancreáticas, mas pode haver sua contaminação levando ao aparecimento de quadro infeccioso – drenagem percutânea. PANCREAT ITE CRÔN ICA A pancreatite crônica é uma inflamação do pâncreas de longa duração, resultante de uma deterioração irreversível da estrutura e da função pancreáticas. Indicações tratamento cirúrgico: dor refratária intensa, complicações adjacentes, estenose colédoco distal ou duodenal, hipertensão portal 5 Prova II – Atenção Clínico-Cirúrgica I segmentar, cistos, fístula pancreática, exclusão de malignidade e destruição progressiva (tratamento conservador). A pancreatojejunostomia látero-lateral em Y-de- Roux (cirurgia de Partington-Rochele) é a escolha de procedimento para descompressão ductal – tipo descompressiva. Não resolve todos os casos de pancreatite crônica, especialmente os que não apresentam ducto pancreático dilatado. A técnica de Frey é do tipo mista (ressecção local da cabeça do pâncreas com pancreatojejunostomia longitudinal), recentemente desenvolvida e que apresenta bons resultados no alívio da dor secundária à pancreatite crônica. A cirurgia mais empregada no tratamento da pancreatite crônica desde 1950 é a duodenopancreatectomia (retira a cabeça do pâncreas), que provou ser efetiva no controle da dor e das complicações da pancreatite crônica. Em 1978, estudo de Traverso e Longmire introduziu a duodenopancreatectomia com preservação pilórica (DPPP) no tratamento da pancreatite crônica, mostrando os benefícios fisiológicos e nutricionais presumíveis com a manutenção do esfíncter gastroduodenal. A cirurgia de Beger (retirada somente da cabeça pancreática) atendeu aos anseios esperados à época de preservação duodenal, bom resultado e manutenção da função glandular. CÂNCER DE PÂNCREAS Muitos cânceres pancreáticos são tumores exócrinos que se desenvolvem das células ductais ou acinares – adenocarcinomas são mais comuns. Fatores de risco: tabagismo, pancreatite crônica, obesidade, homem e negros. O sistema AJCC-UICC determina quatro estádios principais, desde o inicial até doença avançada, com base na classificação TNM — tamanho do tumor, grau de propagação para os nódulos (ou gânglios) linfáticos e metástases à distância. Também podem ser classificados: ressecáveis, marginalmente ressecáveis e irresecáveis. Os adenocarcinomas localmente avançados propagam-se para órgãos adjacentes, os quais podem ser qualquer um dos seguintes (por ordem aproximada de frequência): duodeno, estômago, cólon transverso, baço, glândula suprarrenal ou rim. Em muitos casos também se propagam para vasos sanguíneos ou linfáticos importantes que passem na proximidade do pâncreas Possível disseminação linfática em T1 e T2 (micrometástases). Prognóstico ruim, pois é descoberto tardiamente, adenocarcinoma do pâncreas geralmente já se disseminou a outras partes do corpo antes de ser descoberto. Menos de 2% das pessoas com adenocarcinoma do pâncreas sobrevivem mais de cinco anos após o diagnóstico. Necessária uma abordagem diagnóstica agressiva para detectar câncer de pâncreas mais previamente. Paradiagnóstico, ficar atento a icterícia, elevação de enzimas, intolerância à glicose, dilatação ductal e lesão tumoral. TUMORES NEUROENDÓCRINOS Os tumores endócrinos pancreáticos se originam das ilhotas e das células produtoras de gastrina e frequentemente produzem vários hormônios. Podem ser funcionantes (hipersecreção de algum 6 Prova II – Atenção Clínico-Cirúrgica I hormônio, causando várias síndromes) ou não funcionantes (sintomas obstrutivos). Os não funcionantes secretam aminas e peptídeos biologicamente ativos Neoplasias de crescimento lento – benigno em 70- 80% dos casos. TUMORES CÍST ICOS São consideradas lesões raras – 1% das neoplasias malignas. Correspondem de 10-15% dos cistos pancreáticos. Aumento da incidência devido diagnóstico 90% de origem epitelial. SEROSA (c istoadenomas serosos ) 78% em mulheres – idade média de 63 anos Adenoma microcístico – epitélio cuboide rico em glicogênio São tumores que têm cistos preenchidos de líquido, maioria não precisa ser tratada, a menos que sejam grandes e estejam provocando sintomas. Rara malignização MUCINOSA (c istoadenomas muc inosos ) Tumor cístico mais frequente – 80% ocorre nas mulheres (20-85 anos) Necessita de amplo estudo histológico São tumores que têm cistos preenchidos por uma substância gelatinosa, denominada mucina de crescimento lento. Varia de benigno até muito agressivo – deve ser tratado como neoplasia maligna. PAPILAR MUCINOSA BD-IPMN – Neoplasia papilar mucinosa intraductal do tipo ramo periférico. MD-IPMN – Neoplasia papilar mucinosa intraductal do tipo canal principal. Cirurgia recomendada em ambos em casos. SÓL IDO CÍST ICA PAPIL IFERA Neoplasia incide em mulheres jovens. É um tumor sólido com conteúdo cístico (necrose e hemorragia) Histologicamente com baixo grau de malignidade. Uropediatria Jdjdjdd Ddddd
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