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Apostila Sociologia da Educação 1

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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 
1 
 
MARÍLIA CARVALHO TELES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÁGUA BRANCA-PI 
2017 
 
Fonte: https://www.centrodeestudoseformacao.com.br/cursos-online/sociologia-da-educacao 
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Diretor Geral 
Eloan Coimbra Lima 
 
Diretora Acadêmica 
Eloane Coimbra Lima 
 
Secretária Acadêmica 
Ginoã das Graças Coimbra Lima 
 
Coordenação do Curso 
Cleidinalva Maria Barbosa Oliveira 
 
Coordenação do Nead 
Tiago Soares da Silva 
 
TELES, Marilia Carvalho. 
 Sociologia da Educação. 1ª ed. Água Branca; ISEPRO – Cursos de Graduação. 
77p. 
 
Bibliografia 
 
1. Pedagogia 2. Educação 3. Título. 
 
Ficha Catalográfica 
Todos os direitos em relação ao design deste material são reservados à ISEPRO. 
Todos os direitos quanto ao conteúdo deste material são reservados ao autor. 
Todos os direitos de Copyright deste material didático são à ISEPRO. 
 
 
 
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Apresentação do Curso....................................................... 
Apresentação da Disciplina................................................... 
UNIDADE 01 
HISTÓRIA E CONCEITO DA SOCIOLOGIA 
1. História e conceito da Sociologia.......................................................... 
ATIVIDADE........................................................................................................ 
FÓRUM.............................................................................................................. 
 
UNIDADE 02 
TEORIAS SOCIOLÓGICAS 
2. Teorias Sociológicas................................................................................. 
2.1 O positivismo - Augusto Comte....................................................................... 
2.2 Herberte Spencer - Evolucionismo................................................................... 
2.3 Le Play - Pioneiro do Método Monográfico...................................................... 
2.4 Karl Marx - Sociologia Crítica e Econômica.................................................. 
2.5 Gabriel Tarde - Teoria da Imitação.................................................................. 
ATIVIDADE........................................................................................................ 
FÓRUM............................................................................................................. 
 
 
UNIDADE 03 
VERTENTES SOCIOLÓGICOS VOLTADOS PARA A CONSTRUÇÃO 
CAPITALISTA 
3. Vertentes Sociológicas Voltadas para a Construção Capitalista........................... 
3.1 Emile Burkeiem - Realismo Sociólogo...........................................................3 
3.2 Georg Simmel - Formalismo Sociólogo........................................................... 
3.3 Leopold Von Wiese - Sociologia das Relações sociais................................... 
3.4 Vilfredo Pareto - Mecanismo Sociológico....................................................... 
3.5 Max Weber - Sociologia Compreensiva......................................................... 
ATIVIDADE......................................................................................................... 
FÓRUM............................................................................................................... 
 
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UNIDADE 04 
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL 
4. Estratificação Social................................................................................... 
ATIVIDADE.....................................................................................................
FÓRUM...........................................................................................................
.. 
UNIDADE 05 
CULTURA E SOCIOLOGIA 
5. A Cultura é uma perspectiva comum do mundo.................................................. 
5.1 A Cultura é um conjunto de verdades............................................................. 
5.2 A Cultura é um conjunto de valores............................................................. 
5.3 A Cultura é um conjunto de normas............................................................ 
5.4 A Cultura, subcultura e contracultura......................................................... 
ATIVIDADE.................................................................................................... 
FÓRUM............................................................................................................. 
UNIDADE 06 
GLOBALIZAÇÃO E SOCIEDADE 
6. Globalização e Sociedade....................................................................... 
ATIVIDADE.................................................................................................... 
FÓRUM.............................................................................................................. 
REFERÊNCIAS................................................................................................. 
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A concretização de um curso superior em Pedagogia na modalidade à 
distância tem como meta o atendimento às necessidades de toda comunidade 
quanto ao acesso e atendimento ao um ensino superior de qualidade. Desse modo, 
propõe-se a importância para o curso de Pedagogia numa perspectiva histórico-
cultural, tendo como eixo articulador a interdisciplinaridade e a busca da construção 
de um currículo integrador. 
As disciplinas pedagógicas que formulam o currículo foram moldadas para 
uma sociedade cujo princípio da qualidade torna-se prioridade a partir da relação 
teoria-prática de um trabalho docente de qualidade que procure satisfazer as 
necessidades de aprendizagem, enriquecendo as experiências do educando no 
processo educativo. 
É dentro desta ideia que o curso de Pedagogia do ISEPRO na modalidade à 
distância constitui-se de uma base comum formada pelos conhecimentos de 
ciências humanas aliadas a tecnologia, de uma parte diversificada com uma 
ampliação dos fundamentos na leitura do fazer pedagógico dentro da escola e da 
sociedade e uma parte complementar com o objetivo de trabalhar os problemas 
educativos da realidade educacional em vista a qualificação do professor com novas 
formas de intervenções como aplicações de ferramentas metodológicas. 
O ISEPRO tem como recurso didático-educacional o uso de materiais como 
apostilas/livros, plataformas virtuais, internet, vídeos e principalmente um excelente 
sistema de acompanhamento à distância através de tutores e monitores. É válido 
salutar que este curso otimiza sempre seus resultados pelas experiências existentes 
e atendem a ampla procura de profissionais da área educacional. 
Os profissionais da área da educação serão orientados a sempre desenvolver 
a capacidade de intervenção científica e técnica assegurando a reflexão critica 
permanente sobre sua prática e realidade educacional historicamente 
contextualizada. O que espera deste docente é sua capacidade de (re) construir seu 
projeto pessoal e profissional a partir da compreensão da realidade histórica e 
profissional diante das políticas que direcionam as práticas educativas na sociedade. 
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A sociologia nasce como ciência ao mesmo tempo que a vida em sociedade 
começa a se organizar de uma nova forma. Neste novo modo de organizar a vida, 
observa-se uma profunda transformação nas relações de trabalho, marcada agora 
por uma relação contratual de trabalho, concomitante à crença na ideia de 
progresso. 
A sociologia nasce e firma-se como uma tentativa de compreensão de 
situações novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista. Por isto, o 
século 19 é particularmente importantenão somente para o pensamento ocidental 
quanto para o surgimento da sociologia. Neste sentido, a revolução industrial pode 
ser considerada um marco significativo para esta ciência, uma vez que ela instaura 
novas formas de organizar a vida social. 
A introdução das máquinas na produção não apenas destruiu o artesão 
independente, que antes possuía somente um pequeno pedaço de terra cultivado 
nos seus momentos livres. 
No campo mais geral, este aumento progressivo de população redundou no 
surgimento de alguns problemas sociais que antes não se tinha notícia, tais como: 
acréscimo da prostituição, do suicídio, do alcoolismo, do infanticídio, da 
criminalidade, da violência etc. Estas transformações consolidam a sociologia como 
ciência, uma vez que todos estes problemas transformam-se em valiosos objetos de 
investigação. Sendo assim, a própria sociedade passa a se constituir em um 
problema sociológico. Não é por mero acaso que a sociologia, enquanto instrumento 
de análise, inexistia nas relativamente estáveis sociedades pré-capitalistas, já que o 
ritmo e o nível das mudanças que aí se verificavam não chegavam a colocar a 
sociedade como um problema a ser investigado. 
Desse modo, esta apostila enfatiza todos estes pontos que compõem o 
processo de evolução da sociedade, não deixando de dinamizar os relatos voltados 
para a ótica educacional. 
 
 
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UNIDADE 01 
História e Conceito da 
Sociologia 
 
Fonte: http://cultura.culturamix.com/arte/obras-de-arte-modernas 
9 Sociologia da Educação 
1. História e conceito da Sociologia 
 
A sociologia constitui um projeto intelectual tenso e contraditório. Para alguns 
ela representa uma poderosa arma a serviço dos interesses dominantes, para outros 
ela é a expressão teórica dos movimentos revolucionários. A sua posição é 
notavelmente contraditória. De um lado, foi proscrita de inúmeros centros de ensino. 
Foi fustigada, em passado recente, nas universidades brasileiras, congelada pelos 
governos militares argentino, chileno e outros do gênero. (MARTINS, 2006) 
Em 1968, os coronéis gregos acusavam-na de ser disfarce do marxismo e 
teoria da revolução. Enquanto isso, os estudantes de Paris escreviam nos muros da 
Sorbone que "não teríamos mais problemas quando o último sociólogo fosse 
estrangulado com as tripas do último burocrata”. (MARTINS, 2006) 
Como compreender as avaliações tão diferentes dirigidas com relação a esta 
ciência? Para esclarecer esta questão, torna-se necessário conhecer, ainda que de 
forma bastante geral e com algumas omissões, um pouco de sua história. Isto me 
leva a situar a sociologia - este conjunto de conceitos, de técnicas e de métodos de 
investigação produzidos para explicar a vida social – no contexto histórico que 
possibilitou o seu surgimento, formação e desenvolvimento. (BERGER, 1986) 
A trajetória desta ciência tem sido uma constante tentativa de dialogar com a 
civilização capitalista, em suas diferentes fases. Na verdade, a sociologia, desde o 
seu início, sempre foi algo mais do que uma mera tentativa de reflexão sobre a 
sociedade moderna. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um 
forte desejo de interferir no rumo desta civilização. Se o pensamento científico 
sempre guarda uma correspondência com a vida social, na sociologia esta influência 
é particularmente marcante. (BERGER, 1986) 
Os interesses econômicos e políticos dos grupos e das classes sociais, que 
na sociedade capitalista apresentam-se de forma divergente, influenciam 
profundamente a elaboração do pensamento sociológico. Procuro apresentar, em 
termos de debate, a dimensão política da sociologia, a natureza e as consequências 
de seu envolvimento nos embates entre os grupos e as classes sociais e refletir em 
que medida os conceitos e as teorias produzidos pelos sociólogos contribuem para 
manter ou alterar as relações de poder existentes na sociedade. 
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Sociologia da Educação 
Podemos entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento 
moderno. A evolução do pensamento científico, que vinha se constituindo desde 
Copérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova área do conhecimento ainda 
não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo social. Surge posteriormente à 
constituição das ciências naturais e de diversas ciências sociais. (MARTINS, 2006). 
A sua formação constitui um acontecimento complexo para o qual concorrem 
uma constelação de circunstâncias, históricas e intelectuais, e determinadas 
intenções práticas. O seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que 
coincide com os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da 
consolidação da civilização capitalista. (MARTINS, 2006). 
A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o 
resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em 
compreender as novas situações de existência que estavam em curso. O século 
XVIII constitui um marco importante para a história do pensamento ocidental e para 
o surgimento da sociologia. As transformações econômicas, políticas e culturais que 
se aceleram a partir dessa época colocarão problemas inéditos para os homens que 
experimentavam as mudanças que ocorriam no ocidente europeu. A dupla revolução 
que este século testemunha - a industrial e a francesa - constituía os dois lados de 
um mesmo processo, qual seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista. A 
palavra sociologia apareceria somente um século depois, por volta de 1830, mas 
são os acontecimentos desencadeados pela dupla revolução que a precipitam e a 
tornam possível. (DEMO, 2000) 
Não constitui objetivo desta parte do trabalho proceder a uma análise destas 
duas revoluções, mas apenas estabelecer algumas relações que elas possuem com 
a formação da sociologia. A revolução industrial significou algo mais do que a 
introdução da máquina a vapor e dos sucessivos aperfeiçoamentos dos métodos 
produtivos. (DEMO, 2000) 
Ela representou o triunfo da indústria capitalista, capitaneada pelo empresário 
capitalista que foi pouco a pouco concentrando as máquinas, as terras e as 
ferramentas sob o seu controle, convertendo grandes massas humanas em simples 
trabalhadores despossuídos. (MARTINS, 2006). 
Cada avanço com relação à consolidação da sociedade capitalista 
representava a desintegração, o solapamento de costumes e instituições até então 
existentes e a introdução de novas formas de organizar a vida social. A utilização da 
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Sociologia da Educação 
máquina na produção não apenas destruiu o artesão independente, que possuía um 
pequeno pedaço de terra, cultivado nos seus momentos livres. Este foi também 
submetido á uma severa disciplina, a novas formas de conduta e de relações de 
trabalho, completamente diferentes das vividas anteriormente por ele. 
Num período de oitenta anos, ou seja, entre 1780 e 1860, a Inglaterra havia 
mudado de forma marcante a sua fisionomia. País com pequenas cidades, com uma 
população rural dispersa, passou a comportar enormes cidades, nas quais se 
concentravam suas nascentes indústrias, que espalharam produtos para o mundo 
inteiro. (FRIGOTTO, 2000) 
Tais modificações não poderiam deixar de produzir novas realidades para os 
homens dessa época. A formação de uma sociedade que se industrializava e 
urbanizava em ritmo crescente implicava a reordenação da sociedade rural, a 
destruição da servidão, o desmantelamento da família patricial etc. 
A transformação da atividade artesanal em manufatureira e, por último, em 
atividade fabril, desencadeou uma maciça emigração do campo para a cidade, 
assim como engajou mulheres e crianças em jornadas de trabalho de pelo menos 
doze horas, sem férias e feriados, ganhando um salário de subsistência. Em alguns 
setores da indústria inglesa, mais da metade dos trabalhadores era constituída por 
mulheres e crianças, que ganhavam salários inferioresdos homens. 
A desaparição dos pequenos proprietários rurais, dos artesãos 
independentes, a imposição de prolongadas horas de trabalho etc, tiveram um efeito 
traumático sobre milhões de seres humanos ao modificar radicalmente suas formas 
habituais de vida. Estas transformações, que possuíam um sabor de cataclisma, 
faziam-se mais visíveis nas cidades industriais, local para onde convergiam todas 
estas modificações e explodiam suas consequências. Estas cidades passavam por 
um vertiginoso crescimento demográfico, sem possuir, no entanto, uma estrutura de 
moradias, de serviços sanitários, de saúde, capaz de acolher a população que se 
deslocava do campo. (FRIGOTTO, 2000) 
Manchester, que constitui um ponto de referência indicativo desses tempos, 
por volta do início do século XIX era habitada por setenta mil habitantes; cinquenta 
anos depois, possuía trezentas mil pessoas. As consequências da rápida 
industrialização e urbanização levadas a cabo pelo sistema capitalista foram tão 
visíveis quanto trágicas: aumento assustador da prostituição, do suicídio, do 
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Sociologia da Educação 
alcoolismo, do infanticídio, da criminalidade, da violência, de surtos de epidemia de 
tifo e cólera que dizimaram parte da população, etc. 
É evidente que a situação de miséria também atingia o campo, principalmente 
os trabalhadores assalariados, mas o seu epicentro ficava, sem dúvida, nas cidades 
industriais. 
Um dos fatos de maior importância relacionados com a revolução industrial é 
sem dúvida o aparecimento do proletariado e o papel histórico que ele 
desempenharia na sociedade capitalista. Os efeitos catastróficos que esta revolução 
acarretava para a classe trabalhadora levaram-na a negar suas condições de vida. 
As manifestações de revolta dos trabalhadores atravessaram diversas fases, como a 
destruição das máquinas, atos de sabotagem e explosão de algumas oficinas, 
roubos e crimes, evoluindo para a criação de associações livres, formação de 
sindicatos etc. 
A consequência desta crescente organização foi a de que os "pobres" 
deixaram de se confrontar com os "ricos"; mas uma classe específica, a classe 
operária, com consciência de seus interesses, começava a organizar-se para 
enfrentar os proprietários dos instrumentos de trabalho. 
Nesta trajetória, iam produzindo seus jornais, sua própria literatura, 
procedendo a uma crítica da sociedade capitalista e inclinando-se para o socialismo 
como alternativa de mudança. 
Qual a importância desses acontecimentos para a sociologia? O que merece 
ser salientado é que a profundidade das transformações em Gurso colocava a 
sociedade num plano de análise, ou seja, esta passava a se constituir em 
"problema", em "objeto" que deveria ser investigado. Os pensadores ingleses que 
testemunhavam estas transformações e com elas se preocupam não eram, no 
entanto, homens de ciência ou sociólogos que viviam desta profissão. Eram antes 
de todos homens voltados para a ação, que desejavam introduzir determinadas 
modificações na sociedade. Participavam ativamente dos debates ideológicos em 
que se envolviam as correntes liberais, conservadoras e socialistas. 
Eles não desejavam produzir um mero conhecimento sobre as novas 
condições de vida geradas pela revolução industrial, mas procuravam extrair dele 
orientações para a ação, tanto para manter, como para reformar ou modificar 
radicalmente a sociedade de seu tempo. Tal fato significa que os precursores da 
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Sociologia da Educação 
sociologia foram recrutados entre militantes políticos, entre indivíduos que 
participavam e se envolviam profundamente com os problemas de suas sociedades. 
A partir da terceira década do século XIX, intensificam-se na sociedade 
francesa as crises econômicas e as lutas de classes. A contestação da ordem 
capitalista, levada a cabo pela classe trabalhadora, passa a ser reprimida com 
violência, como em 1848, quando a burguesia utiliza os aparatos do Estado, por ela 
dominado, para sufocar as pressões populares. Cada vez mais ficava claro para a 
burguesia e seus representantes intelectuais que a filosofia iluminista, que passava 
a ser designada por eles como "metafísica", "atividade crítica inconsequente", não 
seria capaz de interromper aquilo que denominavam estado de "desorganização", de 
"anarquia política" e criar uma ordem social estável. (FRIGOTTO, 2000) 
Determinados pensadores da época estavam imbuídos da crença de que para 
introduzir uma "higiene" na sociedade, para "reorganizá-la", seria necessário fundar 
uma nova ciência. Durkheim, ao discutir a formação da sociologia na França do 
século XIX, refere-se a Saint-Simon da seguinte forma: "O desmoronamento do 
antigo sistema social, ao instigar a reflexão à busca de um remédio para os males 
de que a sociedade padecia, incitava-o por isso mesmo a aplicar-se às coisas 
coletivas. Partindo da ideia de que a perturbação que atingia as sociedades 
europeias resultava do seu estado de desorganização intelectual, ele entregou-se à 
tarefa de pôr termo a isto. Para refazer uma consciência nas sociedades, são estas 
que importa, antes de tudo, conhecer. Ora, esta ciência das sociedades, a mais 
importante de todas, não existia; era necessário, portanto, num interesse prático, 
fundá-la sem demora". (FRIGOTTO, 2000) 
Como se percebe pela afirmação de Durkheim, esta ciência surge com 
interesses práticos e não "como que por encanto", como certa vez afirmara. 
Enquanto resposta intelectual à "crise social" de seu tempo, os primeiros sociólogos 
irão revalorizar determinadas instituições que segundo eles desempenham papéis 
fundamentais na integração e na coesão da vida social. A jovem ciência assumia 
como tarefa intelectual repensar o problema da ordem social, enfatizando a 
importância de instituições como a autoridade, a família, a hierarquia social, 
destacando a sua importância teórica para o estudo da sociedade. 
 
 
 
14 
 
Sociologia da Educação 
 
 
 1. Qual sua concepção sobre Sociologia? E qual sua relação com a educação? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Como o aluno pode entender a Sociologia voltada para a educação? 
 
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Sociologia da Educação 
 
Teorias 
Sociológicas 
 
UNIDADE 02 
Fonte: http://abraabocacidadao.blogspot.com.br/2013/12/dia-internacional-dos-direitos- 
humanos.html 
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Sociologia da Educação 
2. Teorias Sociológicas 
 
2. 1 O positivismo - Augusto Comte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Positivismo é um conceito que possui distintos significados, englobando tanto 
perspectivas filosóficas e científicas do século XIX quanto outras do século XX. 
Desde o seu início, com Augusto Comte (1798-1857) na primeira metade do século 
XIX, até o presente século XXI, o sentido da palavra mudou radicalmente, 
incorporando diferentes sentidos, muitos deles opostos ou contraditórios entre si. 
Nesse sentido, há correntes de outras disciplinas que se consideram "positivistas" 
sem guardar nenhuma relação com a obra de Comte. Exemplos paradigmáticos 
disso são o Positivismo Jurídico, do austríacoHans Kelsen, e o Positivismo 
Lógico (ou Círculo de Viena), de Rudolph Carnap, Otto Neurath e seus associados. 
Para Comte, o Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. 
Surgiu como desenvolvimento sociológico do Iluminismo, das crises social e moral 
do fim da Idade Média e do nascimento da sociedade industrial - processos que 
tiveram como grande marco a Revolução Francesa (1789-1799). Em linhas gerais, 
ele propõe à existência humana valores completamente humanos, afastando 
radicalmente a teologia e a metafísica (embora incorporando-as em uma filosofia da 
história). Assim, o Positivismo associa uma interpretação das ciências e uma 
classificação do conhecimento a uma ética humana radical, desenvolvida na 
segunda fase da carreira de Comte. 
Fonte: https://filosofiapagano.wordpress.com/filosofia-iii/comte-sociologia-e-sociocrazia/ 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Comte
http://pt.wikipedia.org/wiki/Conceito
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XX
http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Comte
http://pt.wikipedia.org/wiki/1798
http://pt.wikipedia.org/wiki/1857
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XXI
http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo_Jur%C3%ADdico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hans_Kelsen
http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo_L%C3%B3gico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo_L%C3%B3gico
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%ADrculo_de_Viena
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnap
http://pt.wikipedia.org/wiki/Otto_Neurath
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_M%C3%A9dia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sociedade_industrial
http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolu%C3%A7%C3%A3o_Francesa
http://pt.wikipedia.org/wiki/1789
http://pt.wikipedia.org/wiki/1799
http://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Metaf%C3%ADsica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_hist%C3%B3ria
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_da_hist%C3%B3ria
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Humanismo
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Sociologia da Educação 
 
O método geral do positivismo de Auguste Comte consiste na observação dos 
fenômenos, opondo-se ao racionalismo e ao idealismo, por meio da promoção do 
primado da experiência sensível, única capaz de produzir a partir dos dados 
concretos (positivos) a verdadeira ciência(na concepção positivista), sem qualquer 
atributo teológico ou metafísico, subordinando a imaginação à observação, tomando 
como base apenas o mundo físico ou material. O Positivismo nega à ciência 
qualquer possibilidade de investigar a causa dos fenômenos naturais e sociais, 
considerando este tipo de pesquisa inútil e inacessível, voltando-se para a 
descoberta e o estudo das leis (relações constantes entre os fenômenos 
observáveis). 
Em sua obra Apelo aos conservadores (1855), Comte definiu a palavra 
"positivo" com sete acepções: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. 
O Positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de 
conhecimento verdadeiro. Assim sendo, desconsideram-se todas as outras formas 
do conhecimento humano que não possam ser comprovadas cientificamente. Tudo 
aquilo que não puder ser provado pela ciência é considerado como pertencente ao 
domínio teológico-metafísico caracterizado por crendices e vãs superstições. Para 
os positivistas o progresso da humanidade depende única e exclusivamente dos 
avanços científicos, único meio capaz de transformar a sociedade e o planeta Terra 
no paraíso que as gerações anteriores colocavam no mundo além-túmulo. 
O Positivismo é uma reação radical ao Transcendentalismo idealista alemão e 
ao Romantismo, no qual os afetos individuais e coletivos e a subjetividade são 
completamente ignoradas, limitando a experiência humana ao mundo sensível e ao 
conhecimento aos fatos observáveis. Substitui-se a Teologia e a Metafísica pelo 
Culto à Ciência, o Mundo Espiritual pelo Mundo Humano, o Espírito pela Matéria. 
A ideia-chave do Positivismo Comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo 
com a qual o entendimento humano passou e passa por três estágios em suas 
concepções, isto é, na forma de conceber as suas ideias e a realidade: 
 
1. Teológico: o ser humano explica a realidade por meio de entidades 
supranaturais (os "deuses"), buscando responder a questões como "de onde 
viemos?" E "para onde vamos?"; além disso, busca-se o absoluto; 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Racionalismo
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Apelo_aos_conservadores&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/1855
http://pt.wikipedia.org/wiki/Subjetividade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_dos_Tr%C3%AAs_Estados
18 
 
Sociologia da Educação 
 
2. Metafísico: é uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. 
No lugar dos deuses há entidades abstratas para explicar a realidade: "o 
Éter", "o Povo", "o Mercado financeiro", etc. Continua-se a procurar responder 
a questões como "de onde viemos?" e "para onde vamos?" e procurando o 
absoluto. É a busca da razão e destino das coisas, é o meio termo entre 
teológico e metafísico. 
3. Positivo: etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das coisas, 
mas sim o "como", por meio da descoberta e do estudo das leis naturais, ou 
seja, relações constantes de sucessão ou de coexistência. A imaginação 
subordina-se à observação e busca-se apenas pelo observável e concreto. 
 
Seria exagero atribuir aos positivistas a Proclamação da República: é no 
processo de consolidação da mesma que se verifica a influência que exerceram, 
destacando-se o Coronel Benjamim Constant (que, depois, foi homenageado com o 
epíteto de "Fundador da República Brasileira"). 
De acordo com Valentim (2010): 
 
A partir da segunda metade do século XIX, as ideias de Augusto Comte 
permearam as mentalidades de muitos mestres e estudantes militares, 
políticos, escritores, filósofos e historiadores. Vários brasileiros adotaram, 
ou melhor, se converteram ao Positivismo, dentre eles o professor de 
matemática da Escola Militar do Rio de Janeiro Benjamin Constant, o mais 
influente de todos. Tais influências estimularam movimentos de caráter 
republicano e abolicionista, em oposição à monarquia e ao escravismo 
dominante no Brasil. A Proclamação da República, ocorrida através de um 
golpe militar, com apoio de setores da aristocracia brasileira, especialmente 
a paulista, foi o resultado “natural” desse movimento. 
 
A conformação atual da bandeira do Brasil é um reflexo dessa influência na 
política nacional. Na bandeira lê-se a máxima política positivista Ordem e Progresso, 
surgida a partir da divisa comtiana O Amor por princípio e a Ordem por base; o 
progresso por meta, representado as aspirações a uma sociedade justa, fraterna e 
progressista. 
Outros positivistas de importância para o Brasil foram Nísia Floresta 
Augusta (a primeira feminista brasileira e discípula direta de Auguste Comte), Miguel 
Lemos,Euclides da Cunha, Luís Pereira Barreto, o marechal Cândido Rondon, Júlio 
de Castilhos, Demétrio Ribeiro, Carlos Torres Gonçalves, Ivan Monteiro de Barros 
Lins,Roquette-Pinto, Barbosa Lima, Lindolfo Collor, David Carneiro, David Carneiro 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Benjamin_Constant_Botelho_de_Magalh%C3%A3es
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bandeira_do_Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ordem_e_Progresso
http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%ADsia_Floresta_Augusta
http://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%ADsia_Floresta_Augusta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Lemos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Lemos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Euclides_da_Cunha
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pereira_Barreto
http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ndido_Rondon
http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Prates_de_Castilhos
http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Prates_de_Castilhos
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dem%C3%A9trio_Ribeiro
http://pt.wikipedia.org/wiki/Carlos_Torres_Gon%C3%A7alves
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ivan_Monteiro_de_Barros_Lins
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ivan_Monteiro_de_Barros_Lins
http://pt.wikipedia.org/wiki/Roquette-Pinto
http://pt.wikipedia.org/wiki/Barbosa_Lima
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lindolfo_Leopoldo_Boekel_Collor
http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Carneiro
19 
 
Sociologia da Educação 
Jr., João Pernetta, Luís Hildebrando Horta Barbosa, Júlio Caetano Horta 
Barbosa, Alfredo de Morais Filho, Henrique Batista da Silva Oliveira, Eduardo de 
Sá e inúmeros outros. 
Houve no Brasil dois tipos de positivismo: um positivismo ortodoxo, mais 
conhecido, ligado à Religião da Humanidade e apoiado pelo discípulo de 
Comte Pierre Laffitte, e um positivismo heterodoxo, que seaproximava mais dos 
estudos primeiros de Augusto Comte que criaram a disciplina da Sociologia e 
apoiado pelo discípulo de Comte Émile Littré. 
2.2 Herbert Spencer - Evolucionismo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tendo vivido num tempo de grandes avanços científicos, o filósofo inglês 
Herbert Spencer (1820-1903) foi o principal representante do evolucionismo nas 
ciências humanas. Ele intuiu a existência de regras evolucionistas na natureza antes 
de seu compatriota, o naturalista Charles Darwin (1809-1882), formular a 
revolucionária teoria da evolução das espécies. É ele o autor da expressão 
"sobrevivência do mais apto", muitas vezes atribuída a Darwin. 
O filósofo aplicou à sociologia ideias que retirou das ciências naturais, criando 
um sistema de pensamento muito influente a seu tempo. Suas conclusões o levaram 
a defender a primazia do indivíduo perante a sociedade e o Estado, e a natureza 
como fonte da verdade, incluindo a verdade moral. No campo pedagógico, Spencer 
Fonte: https://historianovest.blogspot.com.br/2010/07 
/herbert-spencer-o-ideologo-da-luta-pela.html?m=1 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Jo%C3%A3o_Pernetta&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hildebrando_Horta_Barbosa&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Caetano_Horta_Barbosa
http://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%BAlio_Caetano_Horta_Barbosa
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Alfredo_de_Morais_Filho&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Henrique_Batista_da_Silva_Oliveira&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_de_S%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eduardo_de_S%C3%A1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pierre_Laffitte
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Littr%C3%A9
20 
 
Sociologia da Educação 
fez campanha pelo ensino da ciência, combateu a interferência do Estado na 
educação e afirmou que o principal objetivo da escola era a construção do caráter. 
"Ele dizia que os conhecimentos úteis, que serviriam para formar os homens de 
negócios e produzir o bem-estar pessoal, eram desprezados em favor do ensino das 
humanidades, que davam mais prestígio", diz a professora Maria Angélica Lucas, da 
Universidade Estadual de Maringá. 
Para Spencer, havia uma lei fundamental da matéria, que ele chamou de lei 
da persistência da força. Segundo ela, a tendência natural de todas as coisas é, 
desde a primeira interação com forças externas, sair da homogeneidade rumo à 
heterogeneidade e à variedade. À medida que as forças vindas de fora continuam a 
agir sobre o que antes era homogêneo, maior se torna o grau de variedade. 
 
2.3 Le Play- Pioneiro do método monográfico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sociólogo francês Frédéric Le Play (1806-1882) atuou como investigador 
social no período de consolidação da disciplina sociológica. Apesar de produzir uma 
obra numerosa, ele não aparece com destaque nas histórias da sociologia. Embora 
seja levado em conta por vários autores, ocupa uma posição secundária. Tomo 
como exemplos dois trabalhos relativamente recentes sobre a formação da 
sociologia. Lepenies (1996), procurando descrever o debate entre literatos e críticos 
literários, de um lado, e cientistas sociais, sobretudo sociólogos, de outro, recupera o 
papel de diversos autores que não se colocam na corrente consagrada como a 
principal formadora da disciplina. 
Fonte: 
http://historiademorganica.blogspot.com.br/2013/03/cristian 
ismo-contemporaneo.html 
21 
 
Sociologia da Educação 
Neste seu relato, Le Play aparece como um sociólogo católico e próximo ao 
romantismo (1996, p.48). O tipo de estudo que Le Play realizava era próximo a um 
dos pólos do debate entre “uma orientação cientificista, pronta a imitar as ciências 
naturais”, em contraposição a “uma atitude hermenêutica, que aproxima a disciplina 
da literatura” (LEPENIES, 1996, p. 11). Entretanto, não há uma exploração maior 
quanto à posição da sociologia leplayana neste debate. 
Levine (1997) propõe um caminho diferente na busca de uma compreensão 
da disciplina sociológica. Seu objetivo é “realizar um estudo crítico das histórias 
anteriormente contadas pelos próprios sociólogos de modo empático, a fim de 
revelar o valor que essas histórias tiveram para aos primeiros momentos de 
adaptação”. Para tanto, relata “a história da sociologia no século passado 
apresentando a sequência de histórias que os próprios sociólogos contaram sobre 
sua tradição” (1997, p.23). 
Este exercício do autor é interessante, pois permite perceber que de fato 
Frédéric Le Play não ocupa uma posição expressiva nas diversas formas de se 
contar a história da sociologia. Dentro do que ele denomina de narrativas pluralistas, 
há uma referência significativa a Le Play: trata-se da taxonomia utilizada por Pitirim 
Sorokin (CONTEMPORARY SOCIOLOGIAL THEORIES, 1928), que inclui uma 
“escola sintética e geográfica de Le Play” (1997, p.33). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 Karl Marx - Sociologia crítica e econômica 
22 
 
Sociologia da Educação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Karl Heinrich Marx, intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina 
comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico 
político e jornalista. 
O pensamento de Marx influencia várias áreas, especialmente Filosofia, 
Geografia, História, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, Ciência Política, 
Antropologia, Economia e Teologia. Outras áreas também são influenciadas por seu 
pensamento, tais como Biologia, Psicologia, Comunicação, Administração, Turismo, 
Design, Arquitetura, entre outras. 
As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a política - conhecidas 
coletivamente como marxismo - afirmam que as sociedades humanas progridem 
através da luta de classes: um conflito entre a classe burguesa que controla a 
produção e um proletariado que fornece a mão de obra para a produção. Ele 
chamou o capitalismo de "a ditadura da burguesia", acreditando que seja executada 
pelas classes ricas para seu próprio benefício, Marx previu que, assim como os 
sistemas socioeconômicos anteriores, o capitalismo produziria tensões internas que 
conduziriam à sua auto-destruição e substituição por um novo sistema: o socialismo. 
Ele argumentou que uma sociedade socialista seria governada pela classe 
trabalhadora a qual ele chamou de "ditadura do proletariado", o "estado dos 
trabalhadores" ou "democracia dos trabalhadores". Marx acreditava que o socialismo 
viria a dar origem a uma apátrida, uma sociedade sem classes chamada de 
Fonte: https://www.zazzle.com/karl+marx+postcards/ 
23 
 
Sociologia da Educação 
comunismo. Junto com a crença na inevitabilidade do socialismo e do comunismo, 
Marx lutou ativamente para a implementação do primeiro, argumentando que os 
teóricos sociais e pessoas economicamente carentes devem realizar uma ação 
revolucionária organizada para derrubar o capitalismo e trazer a mudança sócio-
econômica. 
Em uma pesquisa realizada pela Radio, da BBC, em 2005, foi eleito o maior 
filósofo de todos os tempos. Além disso, Marx é normalmente citado, juntamente 
com Émile Durkheim e Max Weber, como um dos três principais arquitetos da 
sociologia moderna. Ainda em outro campo, a obra de Marx sobre economia lançou 
as bases para a compreensão atual do trabalho e de sua relação com o capital, 
muito influenciando o pensamento econômico subsequente. 
Durante a vida de Marx, suas ideias receberam pouca atenção de outros 
estudiosos. Talvez o maior interesse tenha se verificado na Rússia, onde, em 1872, 
foi publicada a primeira tradução do Tomo I d'O Capital. Na Alemanha, a teoria de 
Marx foi ignorada durante bastante tempo, até que em 1879 um alemão estudioso 
da Economia Política, Adolph Wagner, comentou o trabalho de Marx ao longo de 
uma obra intitulada Allgemeine oder theoretische Volkswirthschaftslehre.A partir de 
então, os escritos de Marx começaram a atrair cada vez mais atenção. 
Nos primeiros anos após a morte de Marx, sua teoria obteve crescente 
influência intelectual e política sobre os movimentos operários (ao final do século 
XIX, o principal locus de debate da teoria era o Partido Social-Democrata alemão) e, 
em menor proporção, sobre os círculos acadêmicos ligados às ciências humanas – 
notadamente na Universidade de Viena e na Universidade de Roma, primeiras 
instituições acadêmicas a oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx. 
Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado 
de Kant, Nietzsche e Hegel um de seus grandes representantes. Foi um dos maiores 
(para muitos, o maior) pensadores de todos os tempos, tendo uma produção teórica 
com a extensão e densidade de um Aristóteles, de quem era um admirador. Marx 
criticou ferozmente o sistema filosófico idealista de Hegel. Enquanto que, para 
Hegel, da realidade se faz filosofia, para Marx a filosofia precisa incidir sobre 
a realidade. Para transformar o mundo é necessário vincular o pensamento à prática 
revolucionária, união conceitualizada como práxis: união entre teoria e prática. 
A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades 
capitalistas. Mas é uma crítica que não se limita a teoria em si. Marx, aliás, se 
http://pt.wikipedia.org/wiki/BBC
http://pt.wikipedia.org/wiki/2005
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim
http://pt.wikipedia.org/wiki/Max_Weber
http://pt.wikipedia.org/wiki/R%C3%BAssia
http://pt.wikipedia.org/wiki/1872
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Capital
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
http://pt.wikipedia.org/wiki/1879
http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_Pol%C3%ADtica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Adolph_Wagner
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XIX
http://pt.wiktionary.org/wiki/locus
http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Social-Democrata_da_Alemanha
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncias_humanas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Viena
http://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Roma
http://pt.wikipedia.org/wiki/Kant
http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hegel
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
http://pt.wikipedia.org/wiki/Idealismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Realidade
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pr%C3%A1xis
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capitalismo
24 
 
Sociologia da Educação 
posiciona contra qualquer separação drástica entre teoria e prática, entre 
pensamento e realidade, porque essas dimensões são abstrações mentais 
(categorias analíticas) que, no plano concreto, real, integram uma mesma totalidade 
complexa. 
O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de 
qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominância da 
materialidade sobre a ideia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento 
daquela, e a compreensão das coisas em seu movimento, em sua Inter 
determinação, que é a dialética. Portanto, não é possível entender os conceitos 
marxianos como forças produtivas, capital, entre outros, sem levar em conta o 
processo histórico, pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração do real, 
tendo como pressuposto que o real é movimento. 
Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. E 
o trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, 
sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, 
suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de 
formação da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é 
radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá 
identificar a alienação do trabalho como a alienação fundante das demais. E com 
esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências, tendo sua 
compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência. 
Marx nunca escreveu um livro dedicado especificamente à metodologia das 
ciências sociais para expor, mas deixou, dispersas por numerosas obras escritas, 
um conjunto de reflexões metodológicas, nas quais desenvolve o seu próprio 
método por meio da crítica ao idealismo especulativo hegeliano e à economia 
política clássica. 
Segundo Marx, Hegel e seus seguidores criaram uma dialética mistificada, 
que buscava explicar especulativamente a história mundial como 
autodesenvolvimento da Ideia absoluta. 
Já os economistas clássicos naturalizavam e desistoricizavam o modo de 
produção capitalista, concebendo a dominação de classe burguesa como uma 
ordem natural das relações econômicas, a partir de um conceito abstrato de 
indivíduo, homo economicus. Por isso, os economistas clássicos recorriam a 
"robsonadas", isto é, narrativas de trocas de produtos entre caçadores e pescadores 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Materialismo_hist%C3%B3rico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Determinismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dial%C3%A9tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7as_produtivas
http://pt.wikipedia.org/wiki/Capital_(economia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Trabalho_(economia)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_de_produ%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%A3o_social
http://pt.wikipedia.org/wiki/Aliena%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Modo_de_produ%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Modo_de_produ%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_economicus
25 
 
Sociologia da Educação 
primitivos, para ilustrar as suas teorias econômicas. Marx atribuía essa mistificação 
ao fetichismo da mercadoria, e não a uma intenção consciente. 
Em oposição aos filósofos idealistas e aos economistas clássicos, Marx 
propunha a investigação do desenvolvimento histórico das formas de produção e 
reprodução social, partindo do concreto para o abstrato e do abstrato para o 
concreto. 
 
2.5 Gabriel Tarde - teoria da imitação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gabriel Tarde batizado como Jean-Gabriel 
de Tarde, filósofo, sociólogo e criminalista francês, nasceu em Sarlat, em uma 
família de origem nobre, em 12 março de 1843 e faleceu em Paris em 12 de maio de 
1904, aos 61 anos de idade. Faz seus estudos secundários em Sarlat e obteve em 
1860 um bacharelado em letras, seguido por um de ciências. Preparou-se para 
entrar na Escola Politécnica, mas, por causa de problemas de saúde, abandonou a 
idéia e matriculou-se no Curso de Direito em Toulouse, terminando em 1866 em 
Paris. Em 1867 iniciou o trabalho de secretário assistente do judiciário e, depois, no 
cargo de juiz suplente, entre os anos de 1869 a 1875, e enfim, juiz de Instrução até 
1894, todos na região de Sarlat. Em 1877 desposa a filha de um conselheiro da 
corte de Bourdeaux, com quem tem três filhos. 
Tarde começou sua carreira de pesquisas na Criminologia, uma ciência nova 
desenvolvida pela escola italiana do final do século XIX, também chamada de 
Fonte: https://www.britannica.com/biography/Gabriel-Tarde 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fetichismo_da_mercadoria
26 
 
Sociologia da Educação 
Antropologia Criminal, através de suas experiências como juiz de Instrução. Publicou 
vários artigos e se opôs, em um grande debate publicado nas revistas 
especializadas, ao criminologista italiano Cesare Lombroso, professor de medicina 
legal, psiquiatria e antropologia criminal da Universidade de Turim. 
Publicou regularmente na Revue Philosophique a partir do ano de 1880, e nos 
Archives D'Anthropologie Criminelle, desde 1887. Além dos trabalhos no campo da 
Criminologia, publicou também artigos nas áreas da Sociologia, Filosofia, Psicologia 
Social e Economia. Em 1894 foi nomeado diretor do serviço de estatística judiciária 
do Ministério da Justiça em Paris, cargo que conservou até a sua morte. 
Em Paris, continuou com uma vida intensa ligada à pesquisanas Ciências 
Sociais e Humanas: colóquios, congressos, artigos e polemicas fazem parte do seu 
cotidiano intelectual. Polêmica nas Ciências Sociais, principalmente com Émile 
Durkheim, ao qual se opõe na definição e metodologia da Sociologia. Contrário a 
este desenvolveu uma Sociologia a partir do comportamento e ações dos indivíduos, 
abrindo caminho para a análise social da subjetividade, bem como das relações 
entre emoção e sociedade. 
A partir de 1896, foi conferencista na École Libre de Sciences Politiques e no 
Collège Libre des Sciences Sociales, e em 1900 aceitou a regência da cátedra de 
Filosofia Moderna no Collège de France onde permaneceu até a sua morte em 12 
de maio de 1904. Os seus principais trabalhos, fora o conjunto de artigos publicados, 
são: La Criminalité Comparée, (Félix Alcan, Paris, 1886), Les Lois de L'Imitation. 
Etude Sociologique, (Félix Alcan, Paris, 1890), La Philosophie Pénale, (Storck, Lyon 
et Masson, Paris, 1890), Les Transformations du Droit, Etude Sociologique, (Félix 
Alcan, Paris, 1893), La Logique Sociale, (Félix Alcan, Paris, 1895), Essais et 
Mélanges Sociologiques, (Ed. Maloine, 1895), L'Opposition Universelle, (Félix Alcan, 
Paris, 1897), Les Lois Sociales, (Félix Alcan, Paris, 1898), Etudes de Psychologie 
Sociale, (Giard et Brière, Paris, 1898), Les Transformations du Pouvoir, (Félix Alcan, 
Paris, 1899), L'Opinion et la Foule, (Félix Alcan, Paris, 1901), e Psychologie 
Economique, Félix Alcan, Paris, 1902. 
Teve uma reduzida influência entre os cientistas sociais, na França, após sua 
morte, se comparado, sobretudo a influência exercida por Durkheim. No Brasil, foi 
lido apenas como um suporte para o estudo da sociologia forense sem, contudo, 
maiores influências para os cientistas sociais locais. 
27 
 
Sociologia da Educação 
Nos Estados Unidos, entretanto, foi visto como um dos fundadores da 
sociologia francesa, no mesmo nível de Durkheim, conforme a Introduction to the 
Science of Sociology, de Robert Park e Ernest Burgess, principal manual de 
sociologia desde país, entre os anos de 1920 a 1940. Gabriel Tarde exerceu grande 
influência nos interacionistas da Escola de Chicago, tendo a categoria de Imitação 
servido, segundo Antunes (2003, p. 10) para definir o conceito de atitude, nos 
estudos de Thomas e Znaniecki (1918) sobre a migração e adaptação camponesa 
da Polônia para os Estados Unidos, e, segundo Mattelart (1996, p. 317) os trabalhos 
de Robert Park sobre os espaços de interação entre os mass media e a vida 
democrática. Perdeu, contudo, importância com o advento da análise funcionalista 
de Talcott Parsons, a partir dos anos de 1940, influenciou, também, vários 
pensadores alemães, sobretudo, na contemporaneidade, Jürgen Habermas. 
Atualmente, sua obra vem sendo revisitada internacionalmente e, desde a 
década de noventa do século passado, vem sendo reeditada, principalmente, pela 
nova tendência dos estudos sociais em resgatarem a subjetividade e as emoções 
como elementos significativos para o entendimento da sociedade, bem como, 
através dos esforços de pesquisas atuais no sentido de compreensão do processo 
de formação do indivíduo e da individualidade contemporânea. 
A Sociologia de Gabriel Tarde tem por alvo principal a compreensão da 
relação entre os indivíduos e a sociedade através das relações interpsíquicas, isto é, 
como espaço de subjetividade que se realiza, na sua forma comunicacional, pela e 
através da troca intersubjetiva. Dá primazia aos indivíduos na relação social, 
enquanto criação e formação de processos sociais sempre instáveis, produtos que 
são das relações entre subjetividades que ao interagirem fundam espaços de 
acomodação ou de resistências. 
Ou seja, de processos sociais que vivem, a todo o momento, tensionados 
pelas forças da conservação e da inovação. Na tentativa de ampliar as bases 
compreensivas de seus estudos e pesquisas, enfatiza o jogo de três categorias, por 
ele considerado como fundamentais e que administram todos os fenômenos sociais. 
Estas categorias são as da repetição, da oposição e da adaptação (TARDE, 1898). 
A categoria da oposição para Tarde equivale, exclusivamente, à figura sob a 
qual uma diferença se distribui na repetição para limitar esta e abri-la a uma nova 
ordem ou a um novo infinito. Por exemplo, quando os homens se opõem no 
processo interativo (TARDE, 1898, p. 136), parecem renunciar a um processo de 
28 
 
Sociologia da Educação 
crescimento ou a um processo de multiplicação indefinidos para formar totalidades 
limitadas, permitindo, assim, a constituição de infinitos de uma outra espécie, uma 
repetição de outro caráter e formato que, se de um lado, adapta-se ou acomoda-se, 
logo se volta contra ela mesma, em novas oposições, e assim sucessivamente 
(TARDE, 1897 e 1898). 
A adaptação é, pois, uma categoria sob a qual correntes de repetição se 
cruzam e se integram numa repetição superior. Os processos repetitivos não se 
desenrolam, por sua vez, sem uma resistência individual e coletiva. Tarde chega a 
afirmar que são os inovadores em constante oposição à adaptação que inventam e 
reinventam o social, a partir da resistência dos que se recusam a imitar ou adaptar-
se às formas pensadas como convencionais em um tempo e espaço determinado. 
A repetição, que se estabelece ou acomoda-se através de um processo de 
imitação, não se faz, deste modo, sem a resistência e sem a oposição (TARDE, 
1897). Uma oposição sempre é seguida, por sua vez, por uma adaptação da 
sociedade, dos grupos e dos indivíduos (TARDE, 1898). É esta adaptação que 
permite uma estabilidade provisória que, por sua vez, será sempre desestabilizada 
no processo de surgimento de uma nova diferença ou invenção, realizada pela 
oposição e resistências ao já instituído, e assim por diante. 
A invenção ou diferença para Tarde (1890), deste modo, aparece entre 
repetições, e cada repetição supõe uma diferença de mesmo grau que ela. Isto é, 
Tarde, segundo Delueze (1988, p. 137), vê "a imitação como a repetição de uma 
invenção, a reprodução como repetição de uma variação, a irradiação como 
repetição de uma perturbação, a somação como repetição de um diferencial...". A 
sociedade, segundo Tarde, desta maneira, pode ser definida pelo processo de 
imitação. 
A invenção, para Tarde, contudo, não é uma ação simplesmente individual. 
Afirma em um dos seus mais importantes textos, (1890, p. 86), que a invenção 
"atravessa o indivíduo", o que significa dizer que as novas ações individuais não são 
a demonstração exclusiva de uma subjetividade especial, pois a influência externa 
está também presente enquanto expressão imitativa. Segundo Antunes (2003, p. 7), 
então, as leis lógicas da imitação atuam quando uma inovação é considerada por 
uma subjetividade individual como mais proveitosa ou adequada do que as demais. 
A categoria de intersubjetividade é pensada, deste modo, como uma 
consequência do estabelecimento da subjetividade. A intersubjetividade é, para 
29 
 
Sociologia da Educação 
Tarde (1901, p. 47), uma consequência da natureza sócio comunicativa dos 
indivíduos. Os indivíduos, deste modo, são supra sociais, antes de social (TARDE, 
1890, p. 111). 
Marsden (2000, p. 54), por sua vez, afirma que Gabriel Tarde oscila entre a 
análise de um individualismo subjetivo, propícia à ação da categoria da invenção, e 
a comunicação intersubjetiva embora, acredite, que está oscilação seja mais 
aparente do que real. Em Les Lois de l'imitation. Etude Sociologique, sua obra mais 
conhecida, Tarde (1890) vai defender de forma mais explícita uma sociologia do 
pluralismo das relações dinâmicas entre indivíduos e grupos sociais na formação 
societária e condenar, ao mesmo tempo, as teorias organicistas e evolucionistas da 
sociedade. 
Vê nos processos de imitação e adaptação a característica constante do fato 
social. A imitação está para ele, contudo, ligada ao processo de identificação, emsuas múltiplas e possíveis direções de propagação, que ocupam o vasto terreno que 
vai das categorias de dominação a de controle e influência, por exemplo, mais 
também até as categorias de resistência e de contra repetição. 
A categoria da imitação é, para Tarde, a fonte da oposição e da inovação. A 
invenção, ou a ação subjetiva individual ou relacional, deste modo, é vista por ele 
em sua obra e, principalmente, nos estudos La Logique Sociale, (TARDE, 1895) e 
Études de Psychologie Sociale, (TARDE, 1898a), como a adaptação social 
elementar. 
Elementar, por ser capaz de se espalhar e se fortificar em uma série circular 
envolvendo as categorias de repetição, oposição e adaptação. O que a faz 
sobrepujar a categoria de oposição, que é eliminada ou apaziguada pela sua própria 
expansão, levando-a a alargar-se e reencontrar um dos seus caminhos de imitação 
em uma nova invenção (TARDE, 1895). 
É, desta forma, a repetição que existe para a diferença. Em L´Opposition 
Universelle Tarde (1897, p. 445) afirma que nem a oposição e nem mesmo a 
adaptação traduzem a representação da diferença em si mesma: como aquela 
diferença que a nada se opõe e que de nada serve, ou como a diferença que se 
estabelece como o fim das coisas. 
O processo de repetição, assim, ao aprofundar-se nesta concepção, se 
localiza entre duas diferenças e executa um movimento de passagem constante de 
uma ordem de diferença a outra. Ou seja, como tarde (1895a) informa nos Essais et 
30 
 
Sociologia da Educação 
Mélanges Sociologique, da diferença externa à diferença interna, da diferença 
elementar à diferença transcendente, da diferença infinitesimal à diferença pessoal e 
monadológica. Portanto, a repetição ao ter por objetivo apenas ela mesma, pode ser 
definida como o processo pelo qual a diferença não aumenta nem diminui, mas vai 
se individualizando. 
Para Deleuze (1988, p. 269) é inteiramente falso reduzir a Sociologia de 
Gabriel Tarde a um psicologismo ou mesmo a uma psicologia social. O que Tarde 
censura em Durkheim é o seu pressuposto de tomar como dado o que é preciso 
explicar, a similaridade entre os indivíduos sociais. Combate, assim, a visão de uma 
realidade sui generis e exterior aos indivíduos sociais, e coloca como alternativa a 
dimensão teórica de que a sociedade é constituída pelas interações simples e 
pequenas invenções de homens comuns, que interferem entre correntes imitativas, 
adaptando-se, resistindo e reformulando a lógica social a cada novo com junto de 
movimentos inter-relacionais (TARDE, 1897). A subjetividade e as emoções, deste 
modo, são regatadas como elementos presentes e significantes dos indivíduos 
sociais e das suas inter-relações com outros sujeitos sociais. 
Tarde instaura, assim sendo, uma forma de olhar para o social, bastante 
significativa para a análise das ciências sociais e, principalmente, para as análises 
sociológicas e antropológicas: a análise das microssituações e das micro relações 
sociais. Micro relações que não se estabelecem, necessariamente, apenas, entre 
dois indivíduos, mas que já se encontram em processo de gestação criativa em um e 
cada indivíduo social relacional de um tempo e espaço singular. O que amplia o 
debate sobre o social para as relações constitutivas das relações entre emoção e 
formas de sociabilidade, emergidas em cada singularidade histórica específica. 
Através do método de microanálise e da subjetividade, tarde busca 
compreender como se elabora continuamente a construção e a constituição do 
social. Edificação realizada através das relações entre sujeitos singulares e suas 
inter-relações, movidos por um processo dialético constante entre as categorias da 
diferença e da repetição. 
A elaboração teórica e metodológica de Gabriel Tarde, enfim, permite 
entender o como e o porquê a repetição soma e integra pequenas variações para 
resgatar, o que ele chama em La Logique Sociale (1895), de o diversamente 
diferente. A releitura da obra de Tarde, deste modo, é fundamental para aqueles que 
enveredam pela sociologia e antropologia da emoção, e procuram desvendar os 
31 
 
Sociologia da Educação 
 
 
1. Caracterize as teorias sociológicas em suas essências. 
 
 
pressupostos lógicos das formas possíveis de sociabilidade e, especificamente, da 
sociabilidade Ocidental. 
 
 
 
 
 
 
 
 Como as teorias sociológicas podem e devem ser trabalhadas 
dentro da educação? 
 
32 
 
Sociologia da Educação 
 
 
Fonte: http://constituindodh.blogspot.com.br/ 
UNIDADE 03 
Vertentes Sociológicas 
Voltadas para a 
Construção Capitalista 
33 
 
Sociologia da Educação 
 
3. Vertentes Sociológicas Voltadas para a Construção Capitalista 
 
3.1 Emile Durkeiem- Realismo Sociológico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pai do realismo sociológico, Émile Durkheim, explica o social pelo social, 
como realidade autônoma. Tratou em especial dos problemas morais (o papel que 
desempenham, como se formam e se desenvolvem), concluindo que a moral 
começa concomitantemente à vinculação com o grupo. 
Durkheim considerava a educação como imagem e reflexo da sociedade, 
como um fato fundamentalmente social. 
Algumas ideias de Durkheim: 
 A primeira e mais fundamental regra é considerar os fatos sociais como 
coisas. A sociedade se comparava a um animal: possui um sistema de órgãos 
diferentes onde cada um desempenha um papel específico. Alguns órgãos 
seriam naturalmente mais privilegiados do que outros. Esse privilégio, por ser 
natural, representaria um fenômeno normal, como em todo organismo vivo 
onde predomina a lei da sobrevivência dos mais aptos e a luta pela vida; 
 O homem nasce egoísta e só a sociedade, por meio da educação, pode 
torná-lo solidário. A educação é ação exercida pelas gerações adultas sobre 
as gerações que não se encontram ainda preparadas para a vida social; 
Fonte: http://desciclopedia.org/wiki/%C3%89mile_Durkheim 
 
34 
 
Sociologia da Educação 
 
 A educação é um esforço contínuo para preparar as crianças para a vida em 
comum. Daí a necessidade de impor às crianças maneiras adequadas de ver, 
sentir e agir, às quais elas não chegariam espontaneamente; 
 Os fins da educação devem ser determinados pela sociologia. Pedagogia e 
educação não representam mais do que um anexo da sociedade e da 
sociologia, portanto, deveriam existir sem autonomia; 
 Por meio da educação deve-se suscitar e desenvolver na criança certo 
número de estados físicos, intelectuais e morais, exigidos pela sociedade 
política no conjunto e pelo meio espacial a que ela particularmente se destina. 
 
Diferente de outros estudiosos que buscavam em outras ciências explicações 
para os fatos sociais, Durkheim vai tratar essas questões dentro do próprio social: 
 
Pouco se preocuparam até hoje os sociólogos em caracterizar e definir o 
método que aplicam aos estudos dos fatos sociais. É assim que, em toda a 
obra de Spencer, o problema metodológico não ocupa nenhum lugar pois a 
Introduction à la science sociale, cujo título podia dar essa ilusão, está 
consagrada à demonstração das dificuldades e da possibilidade da 
Sociologia, e não a exposição dos processos de que ela se deve servir. 
(DURKHEIM, 1982). 
 
Foi estabelecendo um método que fosse próprio dessa nova vertente do 
conhecimento que Durkheim tentou colocar a Sociologia no rol das ciências 
empíricas e objetivas. Para tanto, ele buscou no livro “As Regras do Método 
Sociológico” situar as regras para se estudar os fatos sociais e as principais, 
resumidamente, são as seguintes: 
1. Deve o pesquisador observar os fatos sociais como coisas e, nesse caso, 
como coisas sociais. Ou seja, é preciso adotar uma atitude mental, 
observando o fato de fora para dentro; 
2. Afastar-se de todas as pré-noções; Segundo Durkheim era necessário 
trabalhar o fato social em si, afastando todas as ideias pré-estabelecidas 
acerca do fenômeno a ser investigado. 
3. Definir claramenteas coisas de que se quer tratar; 
4. Estudar os fatos sociais através de suas formas nas quais se apresentam, 
isolados de suas manifestações individuais. Ou seja, é preciso considerar os 
fatos sociais em seus aspectos mais gerais e comuns, não em suas formas 
individuais; 
5. Entender que um fato social é normal para um determinado tipo social, 
considerado numa fase determinada de seu desenvolvimento, quando ele se 
35 
 
Sociologia da Educação 
produz na média das sociedades dessa espécie, considerada na fase 
correspondente de sua evolução; 
6. Mostrar que a generalidade do fenômeno se deve às condições gerais da 
vida coletiva, no tipo social considerado; 
7. Fazer a verificação quando esse fato se relaciona a uma espécie social que 
ainda não consumou a sua evolução integral; 
8. Pesquisar separadamente a causa eficiente que o produz e a função social 
que ele cumpre; 
9. A causa determinante de um fato social deve ser buscada entre os fatos 
sociais antecedentes e não entre os estados das consciências individuais; 
10. A origem primeira de todo processo social de alguma importância deve ser 
buscada na constituição do meio social (volume + densidade: número de 
indivíduos e intensidade das interações entre eles). 
 
Fonte: Texto disponível em: https://www.passeidireto.com/arquivo/18602012/o-lugar-da-psicologia-
na-sociologia-de-drkaim 
 
 
Buscando a reflexão de uma Sociologia imposta no campo das ciências 
positivas e suas possibilidades no plano epistemológico, a Escola Sociológica 
Francesa, criada pelo teórico Émile Durkheim, vai centralizar seus esforços na 
discussão com as ciências que buscavam formas de compreensão, tomando como 
ponto de partida o homem e o aplicando ao conhecimento do reino social. Tais 
ciências buscavam a parte para compreender o todo, e para tanto, usavam a 
Psicologia, por exemplo, para analisar o homem como membro da sociedade. 
Para superar o discurso filosófico de que o particular explicava o universal, 
era necessário que a Sociologia estabelecesse fundamentos que dotassem de 
realidade os fenômenos sociais. Era preciso que a vida coletiva fosse caracterizada 
por uma realidade particular e independente. 
Assim, foi delineando esse trajeto que Durkheim observou que o fenômeno 
social possuía características que o respaldava na condição de um acontecimento 
distinto de outros. O caso, por exemplo, dos fatos sociais serem exteriores e 
anteriores as consciências individuais, além de exercerem sobre o indivíduo uma 
coerção, coloca esses fenômenos como uma força independente do homem 
enquanto ser individual. Nessa perspectiva, Durkheim tratou de colocar a sociedade 
como ponto de partida, historicamente anterior e superior ao indivíduo, para se 
explicar o social. 
36 
 
Sociologia da Educação 
Com efeito, para Durkheim, a garantia de uma sociedade harmônica, repousa 
na existência de algo que é comum a todos os indivíduos, por exemplo, uma 
linguagem, um sistema de crenças, leis etc. Ou seja, são essas condições comuns e 
impostas a todos os indivíduos que garantem a manutenção da sociedade e fazem 
com que eles possam conviver harmoniosamente. O indivíduo, em Durkheim, passa, 
então, a depender da sociedade da qual absorve valores morais que conduzem sua 
convivência nesse universo social. 
 
3.2 Georg Simmel- Formalismo Sociólogo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Georg Simmel foi um sociólogo alemão. Professor universitário admirado 
pelos seus alunos, sempre teve dificuldade em encontrar um lugar no seio da rígida 
academia do seu tempo. Filho de Edward Simmel e Flora Bodstein, Georg Simmel 
foi o último dos sete filhos do casal com ascendência judia tanto pelo lado do pai 
como da mãe. Apesar disso, a mãe tinha sido batizada luterana, assim como Georg. 
Em 1874 Edward Simmel, dono de uma fábrica de chocolate morre, deixando 
uma grande fortuna como herança. Julius Friedländer, amigo da família e também 
dono de respeitável fortuna adquirida no ramo da música, torna-se tutor de Georg 
tendo-lhe, mais tarde, deixado uma herança expressiva a qual lhe permitiu seguir a 
vida acadêmica. 
Fonte: http://tdcsek.blogspot.com.br/20 
10/06/georg-simmel.html 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Soci%C3%B3logo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alemanha
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luterana
http://pt.wikipedia.org/wiki/Chocolate
http://pt.wikipedia.org/wiki/Heran%C3%A7a
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica
37 
 
Sociologia da Educação 
Diplomou-se na Universidade de Berlim passando pelos cursos de filosofia. 
Sua tese de doutorado, também em filosofia, levou o título de A natureza da matéria 
segundo a monadologia física de Kant e rendeu-lhe o título no ano de 1881. 
Em 1885 foi designado como Privatdozent na mesma Universidade de Berlim 
e ganhava apenas o que vinha das taxas pagas pelos estudantes que se inscreviam 
em seus cursos. Em 1901, tornou-se ainda "professor extraordinário", mas jamais foi 
incorporado de modo formal e definitivo na academia berlinense.Em 1890 casou-se 
com Gertrud Kinel, diplomada também em Berlim, de família católica. Os dois não 
tiveram filhos. 
Em 1912, ele foi nomeado professor em Estrasburgo, então uma cidade que 
pertencia ao Império Germânico. No entanto, o autor morreu em 1918, aos 60 anos 
de idade. Muito antes do grande tratado sociológico de Max Weber - Economia e 
Sociedade -, a Alemanha já conhecia o desenvolvimento consistente de uma 
discussão epistemológica voltada para a determinação do objeto, métodos e temas 
da ciência sociológica: reunindo diversos escritos produzidos em momentos 
anteriores, Georg Simmel apresentou sua "Soziologie" em 10 capítulos (e diversos 
outros excursos) no ano de 1908 e contribuiu decisivamente para a consolidação 
desta ciência na Alemanha. 
Nesta obra, ele trata especificamente da sociologia (Capítulo 1 - O problema 
da sociologia) e aprofunda a análise das formas de sociação (objeto da sociologia), 
como a dominação (capítulo 3), o conflito (capítulo 4), o segredo (capítulo 5), os 
círculos sociais (capítulo 6) e a pobreza (capítulo 7). Ao mesmo tempo, reflete sobre 
os determinantes quantitativos da vida social (capítulo 2), bem como sobre a relação 
entre a vida grupal e a individualidade (capítulo 10). 
Simmel desenvolveu a sociologia formal, ou das formas sociais, influenciado 
pela filosofia kantiana (o neokantismo era uma corrente muito forte na Alemanha da 
época) que distinguia a forma do conteúdo dos objetos de estudo 
do conhecimento humano. Tal distinção pretendia tornar possível o entendimento da 
vida social já que no processo de associação (Vergesellschaftung, termo que 
cunhou para o estudo da sociologia) o invariante eram as formas em que os 
indivíduos se agregavam e não os indivíduos em si. 
Os processos qualitativos, no entanto, que assumiam tais formas também 
deveriam ser estudados pela sociologia geral, subproduto da formal, como a 
concebia Simmel. O autor não conferia aos grupos sociais unidades hipostasiadas, 
38 
 
Sociologia da Educação 
 
supervalorizadas com relação ao indivíduo (um distanciamento seu com relação a 
Durkheim, por exemplo). Antes via neste o fundamento dos grupos, daí que as 
formas para Simmel constituem-se em um processo de interação entre tais 
indivíduos, seja por aproximação, seja pelo distanciamento, competição, 
subordinação, etc. 
As principais formas de socialização estudadas por Simmel em sua obra são: 
 A determinação quantitativa do grupo: investigação entre o número de 
indivíduos no seio das formas de vida coletiva, ou seja, o modo como o 
aspecto quantitativo afeta o tipo de relação social existente. Neste tópico, 
Simmel mostrou que estar isolado, em uma relação exclusiva entre duas 
pessoas e, por fim, entre três, produz diferentes tipos de interação entre as 
pessoas. 
 Dominação e subordinação: as relações de poder não são unilaterais e é 
preciso explicar como as formas de comandoe obediência estão 
relacionadas. Dentre os tipos de relação de poder, Simmel destacou a 
obediência do grupo a um indivíduo, a dominação do grupo ou a dominação 
de regras impessoais. 
 O conflito: os indivíduos vivem em relações de cooperação, mas também de 
oposição, portanto, conflitos são parte mesma da constituição da sociedade. 
Seriam momentos de crise, um intervalo entre dois momentos de harmonia, 
vistos, portanto, numa função positiva de superação das divergências. 
Influenciou assim as concepções do conflito presentes na obra de Lewys 
Coser eRalf Dahrendorf. 
 Pobreza: constitui um tipo de relação na qual o indivíduo acha-se na 
dependência de outros, provocando, ao mesmo tempo, a necessidade de 
assegurar o socorro social. 
 A individualidade: ela pode ser de dois tipos. Sua forma quantitativa significa 
que todo indivíduo possui a mesma dignidade formal, ou seja, são iguais 
entre si. Mas, do ponto de vista qualitativo, todos procuram afirmar sua 
singularidade, sua personalidade, diferenciando-se dos demais. 
Assim, apesar do seu caráter fragmentado, o livro "Sociologia" lançou as 
bases da orientação hermenêutica de sociologia (depois retomada e aprofundada 
por Max Weber), bem como explorou importantes temáticas da análise sociológica, 
como a questão do indivíduo e dos grupos sociais. Muitos entendem que sua 
39 
 
Sociologia da Educação 
abordagem foi vital para o desenvolvimento do que ficou conhecido como 
microssociologia, uma análise dos fenômenos no nível das interações diretas entre 
as pessoas. 
 
3.3 Leopold Von Wiese- Sociologia das Relações Sociais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A obra de Wiese caracteriza-se pela preocupação em desenvolver a 
sociologia como disciplina científica autônoma, com objeto e método próprios que a 
diferenciem das outras ciências, especialmente das que também se dedicam ao 
estudo do homem. A construção do objeto da ciência social é levada a cabo, por 
Wiese, por meio de um processo de abstração: os fatos sociais estudados 
conjuntamente por disciplinas como o direito, a economia política e a história são 
separados de seu sentido e finalidade, passando a ser considerados, simplesmente, 
como fenômenos de associação (aproximação) e dissociação (afastamento) entre os 
indivíduos. 
O objeto da sociologia é constituído, para Wiese, não pelos fatores de ordem 
biológica, psicológica e política que impulsionam os indivíduos na vida em 
sociedade, mas, sim, pelas diversas situações de distância que se estabelecem 
entre eles como decorrência da atuação destes fatores, e pelo modo como se 
desenvolvem os processos de aproximação e afastamento que levam à modificação 
de tais situações de distância. 
Fonte: http://www.lexikon-der-wehrmacht .de/Personenregister/ 
S/SteinbatzL.htm 
40 
 
Sociologia da Educação 
No que diz respeito ao método, Wiese opta por iniciar seus estudos pelo 
indivíduo, entendido como "Eu social" (soziale Ich), isto é, como ser que interage 
com o meio social - ao contrário do "Eu pessoal" (persönliche Ich), que é inato, 
imutável e insondável. A razão para que o indivíduo constitua o ponto de partida da 
ciência social está em que, para Wiese, o comportamento e as intenções dos seres 
humanos individuais são mais facilmente inteligíveis do que os dos grupos. São de 
salientar-se, ainda, com relação ao método, a preferência pelo estudo dos 
fenômenos presentes, em detrimento dos passados, e, principalmente, o cuidado em 
afastar da sociologia todo e qualquer juízo valorativo, com o propósito de conferir-lhe 
caráter meramente descritivo. 
A sociologia de Wiese tem, pois, um cunho eminentemente formalista, não 
apenas por privilegiar, em seu objeto, a forma das relações sociais sobre o seu 
conteúdo, mas também em razão de seu objetivismo metodológico. O sistema 
sociológico wieseniano é baseado nas categorias abstratas do processo, relação, 
distância e, por último, contato social. 
A ciência social ocupa-se, para Wiese, como já observamos, de processos de 
associação e dissociação entre indivíduos, indivíduos e grupos ou de grupos entre 
si, embora estes últimos sempre possam ser desdobrados em processos da primeira 
espécie. Os processos sociais são onipresentes e ininterruptos, constituindo, em 
Wiese, o substrato da vida social. 
Os indivíduos estão constantemente envolvidos em uma infinidade de 
processos sociais que os levam a aproximar-se ou afastar-se de seus semelhantes, 
modificando situações de distância anteriormente existentes. As relações sociais, 
por sua vez, não correspondem a outra coisa senão a estas situações de maior ou 
menor distância entre os sujeitos, tomadas em um dado momento do 
desenvolvimento de processos de associação e dissociação. São o resultado de 
processos sociais em determinado instante. 
A intensidade das relações é, pois, determinada pela distância existente entre 
as pessoas. O conceito de distância social, em Wiese, é multifacetado, sendo 
inúmeros os fatores que conduzem à aproximação e ao afastamento entre os 
homens - a linguagem, o sexo, a idade, a classe social, os hábitos etc. - e diversos, 
também, os pontos de vista sob os quais esta distância pode ser medida. Entre um 
grupo de indivíduos que obedece certas regras de etiqueta, por exemplo, pode-se 
identificar a proximidade decorrente do convívio, que é facilitado por tais regras, e, 
41 
 
Sociologia da Educação 
ao mesmo tempo, o distanciamento imposto pela preservação da intimidade, 
também imposta pela etiqueta. 
A exemplo das demais categorias da sociologia wieseniana, a noção de 
contato social é de caráter formal; seu conteúdo e a finalidade com que são 
estabelecidos não são, em princípio, objeto da investigação sociológica. 
A categoria do contato social é ampla, e compreende contatos físicos, 
psíquicos e físico-psíquicos. São fenômenos de curta duração, que não constituem 
processos sociais de associação e dissociação, mas que podem, todavia, 
desencadeá-los, dando origem a novas relações sociais. Os contatos sociais 
provocam, também, modificações e até a eliminação de relações já existentes. 
A principal classificação dos contatos sociais é a que os divide em primários e 
secundários. Aqueles são contatos próximos, imediatos, estabelecidos através do 
tato, da visão frente a frente, da fala ou até do olfato, ao passo que estes últimos são 
contatos que se produzem a maiores distâncias. Os contatos secundários podem ser 
mantidos com o auxílio de meios de comunicação a distância - telefone, carta, rádio 
etc. – ou consistir, simplesmente, no pensar em outra pessoa, no desejar sua 
presença etc. Estes últimos contatos, vividos apenas internamente, também são 
classificados por Wiese como contatos unilaterais. 
A categoria do contato social não está entre as mais importantes para a teoria 
de Wiese, que se interessa, antes de tudo, pelos processos de associação e 
dissociação entre indivíduos e grupos e pelas relações sociais decorrentes de tais 
processos. A noção de contato social é, em comparação a estas outras categorias, 
uma noção ainda mais geral e abstrata, já que são caracterizados como contatos 
sociais tanto aqueles contatos que resultam no aparecimento de processos sociais 
(um encontro entre pai e filho, por exemplo) como aqueles que desaparecem sem 
deixar vestígios (o contato, que pode ser meramente visual, entre dois 
desconhecidos que viajam juntos no mesmo ônibus e que nunca mais voltam a se 
encontrar). Embora também possa ser entendida como o resultado de infinitos 
contatos sociais, não é sob esta perspectiva, mas, sim, sob a perspectiva dinâmica 
dos processos de aproximação e afastamento que a vida em sociedade é tomada 
por Wiese como objeto da ciência social. 
 
 
42 
 
Sociologia da Educação 
3.4 Vilfredo Pareto - Mecanismo sociológico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na sociologia, Pareto contribuiu para a elevação desta disciplina ao estatuto 
de

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