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direitos humanos dos povos indigenas

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
CURSO DE GRADUAÇÃO
DIREITO 
EDERSON TEIXEIRA DE OLIVEIRA
A questão dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas no Brasil: fundamentação, proteção e efetivação acerca do caso Xukuru de Ororubá vs Brasil
NOVA IGUAÇU
2020 
EDERSON TEIXEIRA DE OLIVEIRA
A questão dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas no Brasil: fundamentação, proteção e efetivação acerca do caso Xukuru de Ororubá vs Brasil
Trabalho apresentado ao professor Joaquim Neto
NOVA IGUAÇU
2020 
Refletindo sobre a construção histórica dos direitos podemos perceber que o reconhecimento e a proteção dos direitos humanos estão na base das Constituições Democráticas Moderna através da evolução da relação Estado e sociedade e com o novo olhar, onde antes era prioridade dos deveres dos súditos passou-se à prioridade dos direitos do cidadão gerando um modo diferente de encarar a relação política. Na introdução do livro A ERA DOS DIREITOS de Noberto Bobbio identificamos que a afirmação dos direitos humanos na história recente da humanidade partiu desta inversão lógica de Estado/súdito para Estado/cidadão e da compreensão de que há determinados direitos naturais ao homem, que não depende de um “soberano”, são fundamentais à sua existência, tal como o direito de liberdade religiosa levantado pelas reformas religiosas, nesta perspectiva a afirmação se deu através da Declaração Universal dos Direitos do Homem e com a percepção de que direitos são circunstanciais, depende do ensejo e necessidade do momento. Para Bobbio se não houver uma cobertura, ou seja, se o Estado não proteger e fazer valer o direito, não existirá uma democracia. 
Considerando o direito universal de todo indivíduo podemos observar e analisar o caso do povo indígena Xukuru ( povo formado por aproximadamente 7.700 pessoas, divididas em 24 comunidades na Serra do Ororubá, com área aproximada em 27.555 hectares na região do Agreste de Pernambuco) e sua luta judicial através de um processo administrativo histórico de reconhecimento, titulação e demarcação desde 1989, marcado por mortes, violências, conflitos, enganos e lentidão, que levou o Brasil a ser condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por violar a propriedade coletiva de seu povo, sendo a primeira vez que tal decisão julgou disputa de terra indígena. A decisão da Corte julgou que o povo Xukuru terá direto de receber 1 milhão de dólares de reparação pela lentidão do Estado Brasileiro em devolver suas terras, com a condenação da corte que é inapelável, o Governo Federal terá o prazo de um ano e meio para garantir a retirada dos invasores, pagar as indenizações aos agricultores e criar o fundo de um milhão de dólares em nome do povo indígena no prazo de 18 meses. Essa decisão pretende corrigir o abuso que esse povo sofreu e restituir seus direitos que foram negados covardemente com a total desconsideração da história que o povo indígena representa ao Brasil. Mesmo sendo citado seus direitos na Constituição no artigo 231 e a relação do Estado, sociedade brasileira e os povos indígenas, vimos total desprezo e desconsideração, e como citou Noberto “sem direitos do homem reconhecidos e protegidos, não há democracia; sem democracia, não existem as condições mínimas para a solução pacífica dos conflitos’’ (pag. 1). 
Historicamente buscou-se garantir que, apesar das diferenças de cada indivíduo, existem aspectos básicos de vida humana que precisam ser respeitados e garantidos, essa perspectiva gerou diversas discussões em vários períodos e era, onde os diálogos e conflitos sobre o direito natural foram sendo organizado, melhorado e disseminado. A preocupação em se ter direitos básicos chegou na criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, fim de unificar e resguardar no âmbito universal direitos já existentes, oficializando em documento central. Apesar dos esforços inicialmente a mesma foi declarada como opcional, mesmo aspectos tão essenciais. Atualmente, com toda evolução humana, passamos pela violação constante desses direitos básicos. O povo indígena é um dos grupos sociais que mais sofreram com a falta dessas garantias básicas. 
Nesse contexto de direitos, abusos e luta pela consolidação de conquistas examinamos a Controvérsia de Valladolid que foi uma audiência pública que aconteceu no século XVI entre frei Bartolomé de Las Casas, procurador e defensor dos índios americanos e o teólogo e filósofo Juan Ginés de Sepúlveda, a favor da conquista das Américas e a escravização dos índios,  na cidade de Valladolid com o objetivo de debater a legitimidade da guerra e as escravizações dos indígenas. Esse momento histórico gerou um debate jurídicos que fomentou as Universidades da época gerando claramente o duelo entre a conquista de terras e interesses com o direito natural à vida e liberdade e a visão de “bárbaros” atribuídos aos índios, onde Las Casa foi um grande percurso na mudança teológica e concepção de direto, sendo influenciador no surgimento do Direito Internacional Moderno e dos Direitos Humanos. 
 Concluindo as reflexões e comentários sobre a construção histórica e a fundamentação filosófica dos Direitos Humanos Indígenas observamos a Declaração da ONU sobre direitos indígenas aprovada em 13 de setembro de 2007 em Nova Iorque, representando uma luta de 22 anos na reivindicação de seus direitos no âmbito internacional na busca por melhorias de suas relações com o Estado Nacional, estabelecendo parâmetros mínimos para outros instrumentos Internacionais e Leis Nacionais. De modo geral o desafio de garantir o cumprimento dos direitos estabelecidos e conquistados pelos indígenas é enorme e precisa envolver à todos, sabemos e conhecemos a lentidão da justiça através do caso do Povo Xukuru e a negligência de tantos outros, é necessário conscientizar a Sociedade da dívida que temos com nossos primeiros habitantes e nos comprometer diariamente para que se faça justiça e que haja respeito por aqueles que ajudaram a construir essa nação.

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