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Superior Tribunal de Justiça HABEAS CORPUS Nº 528.500 - SP (2019/0248132-7) RELATOR : MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR IMPETRANTE : MARIO JOEL MALARA ADVOGADO : MÁRIO JOEL MALARA - SP019921 IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : WELINGTON FABIANO DE MAULA (PRESO) INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO EMENTA HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO CAUTELAR. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. VERIFICAÇÃO. 1. Com o advento da Lei n. 12.403/2011, a prisão cautelar passou a ser, mais ainda, a mais excepcional das medidas, devendo ser aplicada somente quando comprovada a inequívoca necessidade, devendo-se sempre verificar se existem medidas alternativas à prisão adequadas ao caso concreto. 2. O paciente é tecnicamente primário e portador de bons antecedentes, além disso, a quantidade de droga apreendida não é vultosa (2,9 g de cocaína), logo, apesar de minimamente fundamentada a prisão, não está demonstrada a periculosidade do agente, a ponto de justificar o encarceramento preventivo. A prisão, in casu, revela-se medida desproporcional (HC n. 475.587/RS, Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 21/3/2019). 3. Existem medidas alternativas à prisão que melhor se adequam à situação do paciente, uma vez que o crime imputado não foi cometido com violência nem grave ameaça à pessoa. 4. Ordem concedida para substituir a prisão preventiva imposta ao paciente, nos Autos n. 1500160-68.2019.8.26.0556/SP, pelas medidas alternativas à prisão previstas no art. 319, I, IV e V, do Código de Processo Penal, a serem implementadas pelo Juízo de Direito da Vara Criminal da comarca competente. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, conceder o habeas corpus nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília, 22 de outubro de 2019 (data do julgamento). Ministro Sebastião Reis Júnior Relator Documento: 1880167 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/11/2019 Página 1 de 5 Superior Tribunal de Justiça HABEAS CORPUS Nº 528.500 - SP (2019/0248132-7) RELATÓRIO O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR: Trata-se de habeas corpus, com pedido liminar, impetrado em benefício de Welington Fabiano de Maula – preso, desde 6/4/2019, porque condenado, em primeiro grau, pela prática do crime de tráfico de entorpecentes (2,9 g de cocaína – fl. 234) –, em que se aponta como autoridade coatora a Quinta Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, que denegou a ordem de habeas corpus ali impetrada (Habeas Corpus n. 2161352-69.2019.8.26.0000/SP), mantendo a prisão preventiva imposta pelo Juízo de Direito da 3ª Vara Criminal da comarca de Araraquara/SP (Autos n. 1500160-68.2019.8.26.0556/SP). Daí a presente impetração, em que se alega constrangimento ilegal consistente na ausência de fundamento para a prisão do paciente antes do trânsito em julgado da decisão condenatória (fls. 3/10). Aduz a defesa técnica que é de se observar o possível equívoco da respeitável sentença em afirmar que 2,0 (duas gramas) de cocaína constituem-se de "a vultuosa quantidade", que somada à natureza da droga, são efeitos a justificar a não aplicação do redutor em sem máximo legal, bem como o estabelecimento do regime prisional inicial no menos gravoso e também a substituição da privativa de liberdade por restritivas de direito (fl. 4). Postula, então, a revogação da prisão preventiva imposta até o julgamento do presente remédio heroico. Liminar deferida para substituir a prisão preventiva imposta ao paciente, nos Autos n. 1500160-68.2019.8.26.0556/SP, pelas medidas alternativas à prisão previstas no art. 319, I, IV e V, do Código de Processo Penal, a serem implementadas pelo Juízo de Direito da Vara Criminal da comarca competente (fl. 288). Documento: 1880167 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/11/2019 Página 2 de 5 Superior Tribunal de Justiça Prestadas as informações pela autoridade apontada como coatora (fls. 296/304), o Ministério Público Federal opinou pela denegação da ordem (fls. 306/310). É o relatório. Documento: 1880167 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/11/2019 Página 3 de 5 Superior Tribunal de Justiça HABEAS CORPUS Nº 528.500 - SP (2019/0248132-7) VOTO O EXMO. SR. MINISTRO SEBASTIÃO REIS JÚNIOR (RELATOR): Busca a impetração a revogação da prisão cautelar imposta ao paciente. No caso, a meu ver, encontra-se presente a plausibilidade jurídica das alegações. Registre-se que, com o advento da Lei n. 12.403/2011, a prisão cautelar passou a ser, mais ainda, a mais excepcional das medidas, devendo ser aplicada somente quando comprovada a inequívoca necessidade, devendo-se sempre verificar se existem medidas alternativas à prisão adequadas ao caso concreto. Com efeito, verifica-se da análise da decisão que converteu a prisão em flagrante em preventiva que o Magistrado singular se limitou aos seguintes fundamentos (fl. 56): [...] Enfim, a prisão em flagrante encontra-se formalmente em ordem, não sendo o caso de relaxamento da prisão ou concessão de liberdade provisória. Ao contrário, considerando a natureza hedionda do delito, imperiosa a meu ver a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. Isto porque, d.v., os motivos ensejadores da prisão cautelar encontram-se presentes, senão vejamos. Ora, os policiais receberam informação detalhada acerca do tráfico e, ao averiguarem, identificaram o autuado e localizaram droga. Por conseguinte, imperiosa a manutenção da medida segregatória, inclusive em garantia da ordem pública. Não se olvide que crimes dessa natureza – tráfico de drogas – trazem intranquilidade à população e desassossego às famílias; portanto, repito, imperiosa a manutenção da prisão em atenção aos anseios da sociedade e como forma de garantir-se a ordem pública. Ademais, necessário ressaltar que não foi iniciada a instrução; assim, necessária a custódia em garantia da instrução criminal. Cabe lembrar, por pertinente, que eventual residência fixa e ocupação lícita não conferem ao agente o direito de obter a liberdade provisória, quando presentes os motivos da prisão cautelar; [...] Logo, observa-se da atenta leitura dos autos que a instância de origem não apontou nenhum elemento contundente a respeito da necessidade da segregação cautelar. Inclusive, denota-se que o paciente é tecnicamente primário e portador de Documento: 1880167 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/11/2019 Página 4 de 5 Superior Tribunal de Justiça bons antecedentes, além disso, a quantidade de droga apreendida não é vultosa (2,9 g de cocaína – fl. 234), logo, apesar de minimamente fundamentada a prisão, não está demonstrada a periculosidade do agente, a ponto de justificar o encarceramento preventivo. A prisão, in casu, revela-se medida desproporcional (HC n. 475.587/RS, Ministro Antonio Saldanha Palheiro, Sexta Turma, DJe 21/3/2019). Nesse sentido: a prisão preventiva é medida excepcional e se revela como última providência a ser adotada, pelo período estritamente necessário, somente quando as demais cautelas não se mostrarem adequadas ou suficientes. A prisão preventiva somente se legitima em situações em que ela for o único meio eficiente para preservar os valores jurídicos que a lei penal visa proteger (HC n. 446.539/PI, da minha Relatoria, Sexta Turma, DJe 2/10/2019). Por conseguinte, existem medidas alternativas à prisão que melhor se adequam à situação do paciente, uma vez que o crime imputado não foi cometido com violência nem grave ameaça à pessoa. Assim, a aplicação das medidas consistentes em: a) comparecimento periódico emjuízo para informar e justificar suas atividades (art. 319, I, do CPP); b) proibição de ausentar-se da comarca e do país, sem autorização judicial (art. 319, IV, do CPP); e c) recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga (art. 319, V, do CPP) mostra-se suficiente para garantir a ordem pública, a conveniência da instrução criminal e a aplicação da lei penal. Em face do exposto, concedo a ordem para substituir a prisão preventiva imposta ao paciente, nos Autos n. 1500160-68.2019.8.26.0556/SP, pelas medidas alternativas à prisão previstas no art. 319, I, IV e V, do Código de Processo Penal, a serem implementadas pelo Juízo de Direito da Vara Criminal da comarca competente. Documento: 1880167 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/11/2019 Página 5 de 5 Superior Tribunal de Justiça CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEXTA TURMA Número Registro: 2019/0248132-7 HC 528.500 / SP MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 15001606820198260556 21613526920198260000 EM MESA JULGADO: 22/10/2019 Relator Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. DOMINGOS SAVIO DRESCH DA SILVEIRA Secretário Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA AUTUAÇÃO IMPETRANTE : MARIO JOEL MALARA ADVOGADO : MÁRIO JOEL MALARA - SP019921 IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO PACIENTE : WELINGTON FABIANO DE MAULA (PRESO) INTERES. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico Ilícito e Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins CERTIDÃO Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: A Sexta Turma, por unanimidade, concedeu o habeas corpus, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Rogerio Schietti Cruz, Nefi Cordeiro, Antonio Saldanha Palheiro e Laurita Vaz votaram com o Sr. Ministro Relator. Documento: 1880167 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 05/11/2019 Página 6 de 5
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