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O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO ARTICULADOR DA FORMAÇÃO CONTINUADA Meire Lúcia Andrade da Silva 1 RESUMO Esta pesquisa teve como objetivo analisar o papel do coordenador pedagógico enquanto agente articulador da formação continuada dos professores e foi aplicada na Escola Estadual José Damasceno Vasconcelos escola da rede estadual de ensino I e II, localizada em Miracema do Tocantins. Participaram desta pesquisa 04 professores de 1º ao 5º ano e 05 professores do 6º ao 9º ano, sendo dos turnos matutino e vespertino, dois coordenadores pedagógicos e a diretora da escola, os instrumentos utilizados para a coleta de dados fora: a pesquisa bibliográfica, observação, entrevista informal, questionário aberto e análise documental. Sendo assim, o problema desta investigação se concentrou em perceber de que forma a articulação que o coordenador pedagógico desenvolve na escola contribui para o processo de formação de professores? Os resultados apontaram que o trabalho desenvolvido pela coordenação pedagógica na escola contribui para a reflexão e tomada de consciência dos professores, caracterizando dessa forma em formação, contribuindo para a melhoria do ensino-aprendizagem. O espaço/tempo de formação em serviço acontece no horário de atividade de coordenação, não abrangendo nesse momento o coletivo da escola, mas, pequenos grupos e individualmente, uma vez, que esse horário é combinado e organizado por áreas disciplinares. O estudo foi pautado principalmente nas obras bibliográficas de teóricos da educação como Saviane (2002), Fusari (2008), Garrido (2008), Minayo (2001), Nóvoa (1992), Imbernóm (2009 e 2010) e Vasconcelos (2009). Palavras – chave: Coordenador pedagógico, ensino - aprendizagem, articulação, reflexão, formação continuada. 1 Assessora de Gabinete da Diretoria Regional de Ensino – DRE, Miracema do Tocantins, acadêmica do curso de pós graduação em Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal do Tocantins2010/2011. INTRODUÇÃO A realidade contemporânea demanda profissionais da educação críticos e transformadores de um panorama de perplexidade diante das aceleradas mudanças sociais, das novas configurações do mundo do trabalho e das novas exigências de aprendizagem. Como afirma Alarcão (2008: 32). O grande desafio dos professores é ajudar a desenvolver nos alunos, a capacidade de trabalho autônomo e colaborativo, mas também, o espírito crítico. O desenvolvimento do espírito crítico se faz no diálogo, no confronto de ideias e de práticas, na capacidade de ouvir o outro, mas também ouvir a si próprio e de autocriticar. E isto só é possível num ambiente humano de compreensiva aceitação. Se a escola como instituição não quiser estagnar, deve interagir com as transformações ocorridas, no mundo e no ambiente que a rodeia. Deve entrar na dinâmica atual marcada pela abertura, pela interação e pela flexibilidade. As instituições, à semelhança das pessoas são sistemas abertos, estão em permanente interação com o ambiente que as cerca, que as estimula ou condiciona que lhes cria contextos de aprendizagem. A educação de qualidade é uma busca constante das instituições de ensino, para que isso se torne realidade são necessárias ações que sustentem o trabalho em equipe. As organizações precisam cada vez mais de profissionais responsáveis, dinâmicos e inteligentes, com habilidades para resolver problemas e tomar decisões. Um desses profissionais é o coordenador pedagógico, que tem que ir além do conhecimento teórico, pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é necessário percepção e sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que se manter sempre atualizado, buscando fontes de informações e refletindo sobre sua prática como nos fala Nóvoa (1992: 36) “a experiência não é nem formadora nem produtora. É a reflexão sobre a experiência que pode provocar a produção do saber e a formação”. Com esse pensamento ainda é necessário destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de todos, assim o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto para motivar a sua equipe. O trabalho em equipe é fonte inesgotável de superação e valorização do profissional. A atribuição essencial do coordenador pedagógico está associada ao processo de formação em serviço dos professores. Processo denominado de Educação Continuada, tanto nos textos oficiais de secretarias municipais e estaduais de educação, como na literatura recente sobre formação em serviço. A Educação Continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e do fazer humano, como práticas que se transformam constantemente. A formação continuada de professores justifica-se para que se criem condições geradoras de competências e inovações para intervenções propositivas nas situações que vão ocorrendo. É uma concepção de formação que faz das práticas profissionais dos professores contextos de “requalificação do coletivo de trabalho.” (NÓVOA, 1992: 32). É o conhecimento construído naquilo que Schon (1987 apud ALARCÃO 2008) designa por reflexão na ação e reflexão sobre a ação e sobre a reflexão na ação. Os professores devem ser agentes ativos de seu próprio conhecimento e o contexto de trabalho deve propiciar espaços de requalificação da competência profissional. A formação continuada visa incentivar a postura de sujeitos críticos, reflexivos e transformadores, capazes de refletir sobre suas ações, com vistas a produzir saberes que lhes permitam avançar em práticas pedagógicas mais significativas e relevantes para atender as demandas da sociedade. Durante o desenvolvimento do projeto, percebemos que a escola não promovia essa ação pedagógica, surgindo então, a necessidade de pesquisar sobre a temática o papel do coordenador pedagógico como articulador da formação continuada dos professores, uma vez que sabemos da importância da formação continuada para a efetivação de uma práxis docente mais refletida e comprometida, contribuindo para a melhoria da educação. Este estudo teve como problema a seguinte questão: “perceber de que forma a articulação que o coordenador pedagógico desenvolve na escola contribui para o processo de formação de professores?” Sendo assim, teve como objetivo geral: contribuir para a formação docente como dinâmica interativa no âmbito de contribuir para a inovação educacional e na melhoria da qualidade do ensino, bem como, mobilizar os recursos necessários à formação contínua, por meio do intercâmbio com as escolas e da colaboração com entidades ou instituições competentes; Neste sentido, para possibilitar a investigação fez-se necessário desmembrar este objetivo geral em três específicos: Investigar o contexto histórico da função do supervisor/coordenador pedagógico e suas implicações para a formação continuada de professores; Refletir a concepção de formação continuada que o quadro docente e a equipe gestora da escola apresentam e identificar como ocorre a articulação do coordenador pedagógico no momento de promover a formação continuada de professores na escola. O Contexto da pesquisa se deu na Escola Estadual José Damasceno Vasconcelos, situada à Rua Osvaldo Vasconcelos n° 1820, no centro da cidade, criada no dia 29 (vinte e nove) de outubro de 1948 às dezesseis horas no salão da residência do Sr. Cristino Santos sendo denominado de Grupo Escolar José Damasceno Vasconcelos. O nome “José Damasceno Vasconcelos” deu-se ao fato de que este cidadão, por volta de 1934 a 1937, não media esforços para desenvolver empreendimentos voltados para a educação local e por este motivo tornou-se patrono da escola que até hoje adota seu nome. A escola funciona nos três turnos: matutino, vespertino e noturno, atendendo alunos de 2º ao 9º ano do Ensino Fundamental e a Modalidade EJA (Educação de Jovens e Adultos – 1° Segmento). A escolaatende diretamente a comunidade notória mais humilde financeiramente com sua população chegando a baixos níveis em relação à renda familiar. O propósito de ter escolhido esta Unidade de Ensino para a realização dessa pesquisa se deu pelo fato de atuar como coordenadora pedagógica na mesma e ter elaborado e apresentado o projeto em questão. A pesquisa foi consubstanciada em autores como: Saviane (2002), que aborda a trajetória do supervisor pedagógico desde a chegada dos jesuítas no Brasil, com o plano de ensino adotado por eles Rátio Studiorum, trazendo a função supervisora por meio de uma figura denominada prefeito geral de estudos. Com as reformas ocorridas na educação a função supervisora recebeu outras denominações como: diretor de estudos e comissários, inspetor escolar e por fim o supervisor, sendo que a sua função era de fiscalizar e controlar o trabalho do professor, até ganhar o nome de coordenador pedagógico para retirar a idéia de fiscalizador e controlador. Medeiros; Rosa (1987), que apresenta as discussões dos ENSCPs (Encontros Nacionais de Supervisores e Coordenadores Pedagógicos), encontros estes que caracterizaram o momento de voz dos coordenadores e educadores nos quais puderam expor suas experiências e propor alternativas para um novo atuar na educação, visando uma ação democrática. Minayo (2001), que aborda a importância da pesquisa para a educação, visando elucidar dúvidas, sem a pretensão de quantificar os fatos. Fusari (2008) discute a importância da escola como lócus de formação contínua e o coordenador pedagógico sendo um dos profissionais responsáveis por articular esse processo, cabendo ao professor à responsabilidade pelo seu processo de formação. Nóvoa (1992), fala da importância da formação de professores centrada na escola, baseada na trilogia de Schon, da reflexão na ação, da reflexão sobre a ação e da reflexão sobre a reflexão na ação. Imbernóm (2009 e 2010) discute a importância da formação continuada centrado nos professores e nas situações problemáticas de seu trabalho, destacando também a importância de outros fatores que contribuem para o desenvolvimento profissional do professor como: salário, nível de participação e decisão, carreira, clima de trabalho etc. Vasconcelos (2009) aborda uma visão diferenciada do supervisor, não mais aquele fiscalizador, controlador do professor, mas, um supervisor coordenador articulador do trabalho pedagógico na escola, que trabalha junto aos professores, discutindo com eles os problemas e as possíveis soluções para a melhoria do ensino – aprendizagem. Garrido (2008), ressalta que o trabalho do professor coordenador é essencialmente a formação continuada em serviço, ao promover a reflexão dos professores sobre suas práticas docentes, está favorecendo a tomada de consciência dos professores. A autora destaca a importância de um espaço coletivo e formador para o coordenador, no qual ele possa refletir sobre sua prática, trocar experiência e crescer profissionalmente. 1-Identidade do coordenador pedagógico A História da educação no Brasil só começa a ser registrada a partir de 1549, com a chegada dos jesuítas. A educação vem sofrendo profundas mudanças em suas estruturas, devido às novas formas de produções de trabalhos, esta demanda vêm no intuito de acompanhar a evolução do capitalismo que vive um padrão de acumulação flexível, decorrente da globalização, que por sua vez requer uma nova forma de relação entre o Estado (escola) e a Sociedade (população). Segundo Ferreira está nova relação requer: “(...) novo principio educativo, ou seja, um novo projeto pedagógico, por meio do qual a sociedade pretende formar os intelectuais trabalhadores, os cidadãos/produtores para atender as novas demandas postas pela a globalização da economia e pela a reestruturação produtiva” (FERREIRA, 2006, p. 34). A globalização trouxe e está trazendo profundas modificações principalmente no mundo do trabalho, porque os recursos tecnológicos estão ai, e as indústrias estão se adaptando a eles, por isto, a educação também tem que aderir a esta modificação tentando a todo custo fazer com que seu aluno/ trabalhador aprorie de conhecimentos que irão facilitar o manuseio dos mesmos, a estes recursos. Para dá conta de abarcar as novas exigências do trabalho, onde sua característica principal é a flexibilidade de produção, foi necessário aos poucos banalizar? os modos de produções existentes nas fábricas conhecido como Taylorista/Fordista (padrão produtivo capitalista que se fundamentou basicamente na produção em massa), presente no mundo do trabalho, estes tinham por finalidade a divisão do processo produtivo, onde o planejamento estava separado da execução, ou seja, uns pensavam e outros executavam a mediação entre estas duas categorias ficava por conta dos coordenadores, que tinha a função de supervisionar o trabalho dos produtores de serviço. Por isto estes modos de produção vêm sendo substituídos pelo o Toyotismo (forma particular de expansão do capitalismo monopolista do Japão), “que tem forma de produção mais flexível e desregulamentada” (Dourado e Paro, 2001, p.18). A equipe pedagógica é responsável pela coordenação, implantação e implementação, no estabelecimento de ensino, das Diretrizes Curriculares definidas no Projeto Político Pedagógico e no Regimento Escolar, em consonância com a política educacional e orientações emanadas da Secretaria de Estado da Educação. A equipe pedagógica é composta por professores graduados em Pedagogia e em áreas á fins. Fazem parte da Organização do Trabalho Pedagógico: Conselho de Classe, Projeto Político Pedagógico, Plano de Trabalho Docente, Planejamento/Hora Atividade, Avaliação, Instâncias Colegiadas e Gestão Escolar. 2- Papel do coordenador Pedagógico. Educação de qualidade é uma busca constante das instituições de ensino, para que isso se torne realidades são necessárias ações que sustentem um trabalho em equipe e uma gestão que priorize a formação docente contribuindo para um processo administrativo de qualidade conforme Chiavenato (1997, p.101), “não se trata mais de administrar pessoas, mas de administrar com as pessoas. As organizações cada vez mais precisam de pessoas proativas, responsáveis, dinâmicas, inteligentes, com habilidades para resolver problemas, tomar decisões”. Nessa perspectiva devemos identificar as necessidades dos professores e com eles encontrar soluções que priorizem um trabalho educacional de qualidade esse trabalho é desenvolvido pelo coordenador pedagógico. Dentro das diversas atribuições está o ato de acompanhar o trabalho docente, sendo responsável pelo elo entre os envolvidos na comunidade educacional. A questão do relacionamento entre o coordenador e o professor é um fator crucial para uma gestão democrática, para que isso aconteça com estratégias bem formuladas o coordenador não pode perder seu foco. O coordenador precisa estar sempre atento ao cenário que se apresenta a sua volta valorizando os profissionais da sua equipe e acompanhando os resultados, essa caminhada nem sempre é feita com segurança, pois as diversas informações e responsabilidades o medo e a insegurança também fazem parte dessa trajetória, cabe ao http://www.diaadia.pr.gov.br/cge/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=68 http://www.diaadia.pr.gov.br/cge/arquivos/File/8854be4217e3d80f9228.pdf http://www.diaadia.pr.gov.br/cge/arquivos/File/8854be4217e3d80f9228.pdf coordenador refletir sobre sua própria prática para superar os obstáculos e aperfeiçoar o processo de ensino e aprendizagem. 3- Relato das atividades desenvolvidas na escola foco de estudo. Entendemos que a abordagem presente na perspectiva da pesquisa-ação indica um caminho mais efetivo, a forma "interativa reflexiva". Nessa perspectiva, procurou- se: vincular o conhecimento da realidade, da própria prática, à ação; Este trabalho de pesquisa-açãoiniciou-se com a análise de depoimentos feitos por meio de entrevistas não diretivas com os professores. Esses dados subsidiaram o entendimento de como se davam as práticas pedagógicas desses profissionais e nos instigaram ao tema aqui abordado. Iniciou-se então a pesquisa bibliográfica no âmbito de subsidiar os professores de forma a motivá-los à inovação da prática docente. Após a elaboração do projeto o mesmo foi apresentado à equipe escolar em reunião pedagógica em dia de planejamento. Foi feito um cronograma de monitoramento em sala de aula no âmbito de poder assessorar mais de perto o professor em sua prática docente. Foram realizadas as oficinas de dinâmicas para trabalhar em sala de aula envolvendo os diversos conteúdos, os professores receberam apostilas e foram subdivididos em grupos para realização de algumas provas com as dinâmicas e oficina de jogos pedagógicos onde cada docente apresentou um jogo para que todos pudessem trocar metodologias inovadoras, os jogos foram confeccionados por eles mesmos com materiais recicláveis e outros materiais como EVA, cartolinas e outros. Os docentes declararam que, a partir da intervenção do projeto, passaram a detectar com mais facilidade e clareza os problemas que surgem em sua prática pedagógica, a partir de diálogos constantes com ela. Despertaram também para a importância e necessidade de se conquistar perante o corpo administrativo da escola o lugar de educador, obtendo, assim seu reconhecimento; percebe-se que falta embasamento teórico por parte dos próprios professores, sendo, portanto, necessário buscá-lo para conduzir suas práticas; amadureceram a idéia de que os problemas não se resolvem facilmente, e observaram que muitos deles não são apenas do professor, pois a política da escola contribui para o surgimento de novos problemas e dificulta a resolução de outros; atribuíram grande importância aos momentos coletivos que tiveram para aprofundar estudos, trocar experiências e dividir angústias vividas na prática pedagógica. As principais dificuldades encontradas pelos profissionais, observadas na análise dos dados obtidos por meio de entrevista, depoimentos e relatórios, estão relacionadas à falta de momentos coletivos entre os professores; à dificuldade dos professores de realizarem o planejamento e a escassez de materiais didáticos para serem trabalhados nas aulas. Levando em consideração os itens apresentados anteriormente, é possível afirmar que a falta de momentos de reflexão coletivos entre os professores limitam o desenvolvimento das suas aulas e de sua função de educadores dentro da escola. A dificuldade dos professores de realizarem o planejamento e de distribuir os conteúdos por série se justifica é determinado pela sua falta de fundamentação teórica e pela indisponibilidade de tempo para estudo, assim como pelo seu envolvimento com projetos festivos da escola. Quanto à dificuldade de problematizar as aulas, os professores justificam que em certos momentos é difícil levantar questões sobre o conteúdo desenvolvido, aprofundando-se em reflexões mais voltadas para as realidades dos alunos. Pois, os mesmos encontram resistência da escola e dos alunos quando buscam uma prática pedagógica mais compromissada com valores educativos. Vale ressaltar que as dificuldades encontradas foram as mais diversas e/ou especificas para cada realidade escolar. E o mais interessante é que os professores, apesar de terem superado algumas das dificuldades anteriores, continuam enxergando situações na prática pedagógica que limitam o desenvolvimento das suas aulas e de suas funções como educadores. Entendemos que a falta de estabilidade empregatícia e a rotatividade dos professores nas escolas são fatores que contribuem negativamente para uma atuação reflexiva dos professores e, conseqüentemente, para transformação da prática pedagógica, pois prejudicam a relação de confiança, amizade, respeito e apoio que se estabelece entre os diversos profissionais no âmbito escolar, favorecidos pelo tempo de atuação numa mesma escola. Por outro lado, a adaptação/cristalização de determinadas relações também podem contribuir negativamente para a atuação reflexiva dos professores, pois os mesmos se acomodam frente à prática pedagógica, não buscando novos referenciais teóricos, metodologias de ensino, formação continuada e não problematizando os temas das aulas. Diante do subtítulo exposto, A metodologia foi desenvolvida da seguinte maneira: Coordenou-se a elaboração coletiva e acompanhou-se a efetivação do Projeto Político Pedagógico e do Plano de Ação deste projeto; orientando através de reuniões pedagógicas toda a comunidade escolar na construção de um processo pedagógico, em uma perspectiva democrática; participando e intervindo, junto à direção, na organização do trabalho pedagógico escolar, no sentido de realizar a função social e a especificidade da educação escolar; coordenando a construção coletiva e a efetivação da Proposta Pedagógica Curricular do estabelecimento de ensino, a partir das políticas educacionais da Secretaria de Estado da Educação e das Diretrizes Curriculares Nacionais e Estaduais; orientou-se o processo de elaboração dos Planos de Trabalho Docente junto ao coletivo de professores do estabelecimento de ensino; promovendo e coordenando reuniões pedagógicas e grupos de estudo para reflexão e aprofundamento de temas relativos ao trabalho pedagógico visando à elaboração de propostas de intervenção relacionadas à qualidade de ensino para todos; realizou-se momentos de estudos previsto no projeto de formação continuada dos profissionais do estabelecimento de ensino, que teve como finalidade a realização e o aprimoramento do trabalho pedagógico escolar; organizando, junto à direção da escola, a realização dos Pré- Conselhos e dos Conselhos de Classe, de forma a garantir um processo coletivo de reflexão-ação sobre o trabalho pedagógico desenvolvido no estabelecimento de ensino; coordenou-se a elaboração acompanhando a efetivação de propostas de intervenção decorrentes das decisões do Conselho de Classe; subsidiou-se o aprimoramento teórico- metodológico do coletivo de professores do estabelecimento de ensino, promovendo estudos sistemáticos, trocas de experiência, debates e oficinas pedagógicas; organizou- se a hora-atividade dos professores do estabelecimento de ensino, de maneira a garantir que esse espaço-tempo fosse de efetivo trabalho pedagógico; procedeu-se à análise dos dados do aproveitamento escolar de forma a desencadear um processo de reflexão sobre esses dados, junto à comunidade escolar, com vistas a promover a aprendizagem de todos os alunos; participando do Conselho Escolar, subsidiando teórica e metodologicamente as discussões e reflexões acerca da organização e efetivação do trabalho pedagógico escolar; coordenando, junto à direção, o processo de distribuição de aulas e disciplinas, a partir de critérios legais, didático-pedagógicos e do Projeto Político Pedagógico do estabelecimento de ensino. 4- Trabalhando com alunos. Nosso objetivo em relação à participação dos alunos juntamente com a equipe pedagógica foi: caracterização e acompanhamento de turmas e grupos, participação no processo de avaliação e recuperação do aluno de forma a colaborar na analise dos indicadores de aproveitamento escolar, evasão e repetência. No que se refere à equipe pedagógica buscou-se desenvolver uma ação integrada com o corpo docente e a coordenação pedagógica, visando à melhoria do rendimento escolar, por meio da aquisição de bons hábitos de estudo; assistenciando o aluno na análise de seu desempenho escolar e no desenvolvimento de atitudes responsáveis em relação aos estudos, ampliando a participação no processo de integração escola-família- comunidade. Nosso objetivo em relação ao trabalho do professor junto à equipe pedagógica foi: Participação doprocesso de elaboração do planejamento escolar, bem como das elaborações de projetos extra-classe; auxiliando o educador sempre que possível, na escolha de materiais necessários para o melhor andamento das aulas ou em qualquer atividade onde o professor solicite recursos que a escola não dispõe no momento; planejou-se palestras que contribuíram com os conteúdos que os professores veem trabalhando em sala se aula; coordenou-se reuniões pedagógicas, informando os professores de suas obrigações e direitos na escola; propiciou-se conselhos de classe diferenciados onde o educador juntamente com a equipe pedagógica pôde traçar estratégias de recuperação de notas e rendimento dos alunos; O desenvolvimento das ações previstas foram realizadas na própria escola, com a comunidade escolar de acordo com as condições básicas e financeiras da escola. Para os momentos com os professores em sala de aula, foi elaborado um instrumento de acompanhamento específico de acordo com o planejamento semanal e com a prática pedagógica. Na realização de algumas ações como formação continuada, utilizou-se PARCERIAS da seguinte forma: reuniões quinzenais nos momentos de planejamento na escola, com o orientador educacional e com representantes de vários segmentos: Conselho Tutelar, Policlínica, Ministério Público, Assistente Social, Psicólogo e equipe da DRE. Os recursos utilizados foram: materiais, humanos, financeiros, tecnológicos, metodológicos, bibliográficos e pedagógicos. CONCLUSÃO O presente trabalho nos permitiu concluir que a que a escola, dada à natureza do trabalho que desenvolve, tem um sério compromisso com a liberdade no âmbito da sociedade brasileira ao lado de outras instituições civis. Entretanto, acredita-se que os gestores devem ter a clareza de que um novo projeto educacional organicamente articulado com um novo projeto histórico-social exige dedicação, esforço, participação e cooperação de todos os educadores envolvidos no processo educativo. O perfil da Educação Brasileira apresentou significativas mudanças nas últimas décadas. O momento em que vivemos exige reflexões conscientes e objetivas para reais tomadas de decisões em todos os setores da sociedade, principalmente no que se refere ao educacional, já que o contexto histórico-social é determinante e determinado pela ação educativa e, nesse sentido, a atividade pedagógica deve assumir um caráter tão novo como a própria realidade social desta época, a qual não tem qualquer precedente na história. Assume-se, desta forma, que há condições concretas para mudanças educacionais, pois a prática pedagógica está diretamente relacionada à visão de homem, de mundo, de sociedade como orientação filosófica para ação de ensinar e aprender. Cabe ressaltar que as características da Proposta Pedagógica como totalidade, identidade, intencionalidade, dinamismo, construção democrática e transparência devem ser preservadas. Com o Projeto intitulado “O papel do coordenador pedagógico como articulador da formação continuada dos professores” constitui-se num instrumento de acompanhamento da Proposta Pedagógica em movimento, acredita-se que sua construção coletiva é que vai legitimá-lo, tendo em vista a diversidade de idéias, compreensão das diferenças, da pluralidade e dos objetivos em comum estabelecidos pela equipe da coordenação pedagógica. Para atingir os objetivos visados, foi necessário: Levar em consideração os diversos aspectos inter-relacionados das atividades-fim pedagógicas e das atividades de apoio técnico-administrativas; buscar a participação dos membros das comunidades interna e externa da escola; participação esta que deve abranger a implementação das medidas voltadas ao aperfeiçoamento da escola; inspirar uma atitude permanente de observação, reflexão, crítica e aperfeiçoamento dos objetivos e prioridades da escola. Considerando os objetivos estabelecidos no presente artigo, entendemos que os professores indicam uma maior capacidade de perceberem os problemas surgidos na prática pedagógica, dialogando com eles, pois a estratégia da pesquisa-ação, utilizada durante o projeto 1º momento, coloca o objeto da pesquisa – o professor - como sujeito pesquisador de sua própria prática pedagógica. Os professores, agindo de uma maneira interativo-reflexiva, passam a lidar com os problemas da prática pedagógica de maneira singular, variando com a realidade escolar. Em termos específicos, pode-se dizer que o que mais se destacou como dificuldade para a mudança da prática pedagógica dos professores-docentes refere-se à dificuldade de construção de ações coletivas dentro da escola. Outro ponto é que a própria escola acaba não assumindo pedagogicamente algumas disciplinas enquanto componente do currículo escolar. Os professores pretendem continuar seus estudos, mostrando maior capacidade de perceberem os problemas surgidos na sua prática pedagógica, valorizando o planejamento e entendendo a importância de um projeto político pedagógico e de maior clareza nos critérios de avaliação escolar. O coordenador que busca a elaboração de uma nova visão de mundo, responde também pela oportunidade da análise consciente e pela erradicação do arbítrio e do dogmatismo. O coordenador não conseguirá isso sozinho, e é a própria impossibilidade de ação individual que deverá orientá-lo para a necessidade do trabalho coletivo e do respeito às necessidades da maioria. Se for este seu compromisso político, será em torno desse compromisso que sua competência deverá se manifestar. A função do coordenador pedagógico nos dias atuais se mostra bem mais ampla e o profissional dessa área entende a verdadeira essência desse termo: “coordenador” aquele que vê o geral, que vê além e articula ações com o coletivo da escola. Coordenador o que procura a “visão sobre”, no interesse da função coordenadora e articuladora de ações é também quem estimula oportunidades de discussão coletiva, crítica e contextualizada do trabalho O coordenador de hoje sabe que precisa ser um constante pesquisador e com isso poderá contribuir. O foco de atenção do coordenador no trabalho de formação é tanto individual quanto coletivo: deve contribuir com o aperfeiçoamento profissional de cada um dos professores e ajudar a constitui-los enquanto grupo. Sua práxis comporta as dimensões: reflexiva, pois auxilia na compreensão dos processos de aprendizagem existentes no interior da escola, é organizativa quando tenta articular o trabalho dos diversos atores da escola, é também conectiva possibilitando elos não só entre os professores, a direção, pais de alunos e demais profissionais da educação, é interventiva quando o coordenador ajuda a modificar práticas arraigada que impede a reflexão e é também avaliativa, pois exige que todo processo educativo seja repensado, visando à melhoria. Neste sentido, a atuação da coordenação pedagógica se dá no campo da mediação, pois quem está diretamente vinculado à tarefa de ensino, é o professor. O supervisor relaciona-se com o professor visando sua relação diferenciada, qualificada com os alunos. Neste contexto, é preciso atentar para a necessária articulação entre a pedagogia da sala de aula e a pedagogia institucional, uma vez que, o que está em questão é a mesma tarefa: a formação humana, ou seja, a formação dos alunos, dos professores, da coordenação e dos pais. É importante lembrar que a coordenação pedagógica é exercida por um educador, e como tal deve estar no combate a tudo aquilo que desumaniza a escola: a reprodução da ideologia dominante, o autoritarismo, o conhecimento desvinculado da realidade, a evasão, a lógica classificatória e excludente, a discriminação social na e através da escola. Com base nos estudos realizados e co-relatos acima citados, conclui-se que a prática pedagógica está sempre nesse processo contínuo em busca da construção do saber, o quesignifica a constituição de uma conduta de vida profissional. Tal conduta irá conduzir o processo educativo aos níveis da prática reflexiva e da ciência aplicada. A importância dessa mudança na prática pedagógica implica a releitura da função do professor como profissional reflexivo e da escola como organização promotora do desenvolvimento do processo educativo. A valorização e melhor remuneração que o profissional docente almeja, depende em boa parte de formação e atuação profissional, portanto, a valorização do magistério precisa ter três bases sólidas: Uma boa formação inicial, boa formação continuada e boas condições de trabalho, salário e carreira. Munido desses elementos o ambiente dentro e fora da sala de aula dará bons resultados. Essa caminhada em busca de renovação de conhecimentos é cíclica e se processa durante toda a vida profissional. É preciso partir do pressuposto de que o ensino de um nível tem estreita correlação com outros níveis e que um complementa o outro. Faz parte também da atuação do coordenador relaciona-se com os alunos, para auxiliar na superação de suas dificuldades, relacionada à aprendizagem e relacionamento de professor/aluno. No que se refere ao contato direto com os professores de classe os supervisores devem tratar de assuntos pertinentes aos aspectos didático-pedagógico como: intercomunicação de idéias com os professores a respeito do trabalho realizado na sala de aula; estudo para aprofundar e esclarecer as propostas pedagógicas e etc. O coordenador pedagógico é visto como uma pessoa que deve orientar o trabalho do professor, preocupar-se também com a capacitação dos recursos humanos regentes de sala de aula, dando a eles a oportunidade para os mesmo refletirem sobre as dificuldades existentes dentro da sala de aula. Estas capacitações devem ser com pessoas que convivem com as mesmas angustias que o grupo que está sendo capacitados, para ter o efeito esperado, que é transformar as dificuldades encontradas no seu trabalho em um ensino eficiente. O trabalho do coordenador pedagógico é uma atividade de grupo, embora haja momentos que ele precisa se isolar para refletir sobre as dificuldades manifestadas pelo grupo, para tentar clarear as atividades definidas pelo grupo como problema. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALARCÃO, Isabel. A Formação do Professor Reflexivo. In: ALARCÃO, Isabel. Professores Reflexivos em uma Escola Reflexiva. 6ª Ed. São Paulo: Cortez, 2008. ALONSO, M. A supervisão e o desenvolvimento profissional do professor. In Ferreira, N. S. C. (org.) Supervisão educacional para uma escola de qualidade. São Paulo: Ed. Cortez, 2002. ARAÚJO, Ulisses F. A construção de escolas democráticas: histórias sobre complexidade, mudanças e resistências. São Paulo: Moderna, 2003, pág. 41. 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