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Curso Coordenação Pedagógica Introdução “Os desafios do coordenador pedagógico: Mais do que resolver problemas de emergência e explicar as dificuldades de relacionamento ou aprendizagem dos alunos, seu papel é ajudar na formação dos professores” • As redes de ensino, sejam elas públicas ou privadas, devem assegurar aos professores condições para que sigam aprendendo ao longo de todo o exercício profissional, pois esta é uma das condições fundamentais para garantir a boa qualidade da docência. • E o coordenador pedagógico, em parceria com a direção escolar, tem entre suas funções articular redes de aprendizagem que instalem e sustentem processos de formação e (auto) formação de professores. • Dentro das inúmeras mudanças que ocorrem na sociedade atual, de ordem econômica, política, social, ideológica, a escola, como instituição de ensino e de práticas pedagógicas, enfrenta muitos desafios que comprometem a sua ação frente às exigências que surgem. • Assim, os profissionais, que nela trabalham, precisam estar conscientes de que os alunos devem ter uma formação cada vez mais ampla, promovendo o desenvolvimento das capacidades desses sujeitos. • Para tanto, torna-se necessária a presença de um coordenador pedagógico consciente de seu papel, da importância de sua formação continuada e da equipe docente, além de manter a parceria entre pais, alunos, professores e direção. • De acordo com o Regimento Escolar, Artigo nº. 129/2006-Resolução CEE/TO, "a função de coordenação pedagógica é o suporte que gerencia, coordena e supervisiona todas as atividades relacionadas com o processo de ensino e aprendizagem, visando sempre à permanência do aluno com sucesso." • Já segundo Clementi (apud Almeida), cabe ao coordenador "acompanhar o projeto pedagógico, formar professores, partilhar suas ações, também é importante que compreenda as reais relações dessa posição." • Partindo desse pressuposto, podem-se identificar as funções formadora, articuladora e transformadora do papel desse profissional no ambiente escolar. • Considerando a função formadora, o coordenador precisa programar as ações que viabilizem a formação do grupo do grupo para qualificação continuada desses sujeitos. Consequentemente, conduzindo mudanças dentro da sala de aula e na dinâmica da escola, produzindo impacto bastante produtivo e atingindo as necessidades presentes. • Assim, muitos formadores encontram na reflexão da ação, momentos riquíssimos para a formação. Isso acontece à medida que professores e coordenadores agem conjuntamente observando, discutindo e planejando, vencendo as dificuldades, expectativas e necessidades, requerendo momentos individuais e coletivos entre os membros do grupo, atingindo aos objetivos desejados. • As relações interpessoais permeiam a prática do coordenador que precisa articular as instâncias escola e família sabendo ouvir, olhar e falar a todos que buscam a sua atenção. • Conforme Almeida(2003), na formação docente, "é muito importante prestar atenção no outro, em seus saberes, dificuldades", sabendo reconhecer e conhecer essas necessidades propiciando subsídios necessários à atuação. • Assim, a relação entre professor e coordenador, à medida que se estreita e ambos crescem em sentido prático e teórico(práxis), concebe a confiança, o respeito entre a equipe e favorece a constituição como pessoas. • Na parceria escola X família, esse profissional é requerido para estreitar esses laços e mantê-los em prol da formação efetiva dos educandos à medida que cada instância assuma seu papel social diante desse ato indispensável e intransponível. • Como ressalta Alves(apud Reis,2008) "homens que através de sua ação transformadora se transformam.É neste processo que os homens produzem conhecimentos, sejam oa mais singelos, sejam os mais sofisticados, sejam aqueles que resolvem um problema cotidiano, sejam os que criam teorias explicativas." • Assim, é papel do coordenador favorecer a construção de um ambiente democrático e participativo, onde se incentive a produção do conhecimento por parte da comunidade escolar, promovendo mudanças atitudinais, procedimentais e conceituais nos indivíduos. • Os órgãos colegiados são espaços que proporcionam essa formação à medida que a participação, o compromisso e o protagonismo de seus componentes, pais, alunos, professores, coordenação e direção, ocasionem transformações significativas nesse ambiente. • Cabe ao coordenador atuar coletivamente e visualizar esses espaços como oportunidades para o desempenho das suas funções. • Apesar das inúmeras responsabilidades desse profissional já descritas e analisadas aqui, o coordenador pedagógico enfrenta outros conflitos no espaço escolar, tais como tarefas de ordem burocrática, disciplinar, organizacional. • Assumir esse cargo é sinônimo de enfrentamentos e atendimentos diários a pais, funcionários, professores, além da responsabilidade de incentivo a promoção do projeto pedagógico, necessidade de manter a própria formação, independente da instituição e de cursos específicos, correndo o perigo de cair no desânimo e comodismo e fatores de ordem pessoal que podem interferir em sua prática. • Muitas vezes, a escola e o coordenador se questionam quanto à necessidade desse profissional e chegam à conclusão que esse sujeito pode promover significativas mudanças, pois esse trabalha com formação e informação dos docentes, principalmente. • O espaço escolar é dinâmico e a reflexão é fundamental a superação de obstáculos, socialização de experiências e fortalecimento das relações interpessoais. • O coordenador pedagógico é peça fundamental no espaço escolar, pois busca integrar os envolvidos no processo ensino-aprendizagem mantendo as relações interpessoais de maneira saudável, valorizando a formação do professor e a sua, desenvolvendo habilidades para lidar com as diferenças com o objetivo de ajudar efetivamente na construção de uma educação de qualidade. Aspetos Históricos • O coordenador pedagógico muito antes de receber esse nome, existia na escola com as mais diferentes denominações e funções. Às vezes atuava como fiscal, era ele quem checava o que ocorria em sala de aula e normatizava o que podia ou não ser feito. • Não tinha muito conhecimento pedagógico e não conseguia criar vínculos, pois não era visto pelos colegas como alguém confiável para compartilhar experiências. • Outras vezes o coordenador pedagógico era um mero atendente, sem campo específico de atuação, apagando focos de incêndio e, perdido no cotidiano escolar, não conseguia construir propostas que envolvessem o grupo em um trabalho coletivo. • O coordenador pedagógico ao passar dos anos se faz cada vez mais necessário e começa a se explicitar para muitos dos envolvidos que vários estilos de coordenar os trabalhos nas escolas estão em construção. • Certa inquietação acompanha essas práticas singulares e às vezes isoladas, demonstrando de diferentes maneiras a importância de definir espaços, os quais ainda não estão assegurados e, por muitas vezes, são ameaçados pelas relações de poder que permeiam o ambiente escolar. • Estas diferentes maneiras estão implícitas nas ações do coordenador, que todos os dias tem a difícil tarefa de ligar e interligar pessoas. • Por outro lado, já é possível perceber um movimento criativo e com iniciativas próprias, que por não estar institucionalizado, está em processo de construção e conquista do seu próprio espaço. • Nesse sentido, é preciso um tempo de acomodação das conquistas e avaliação da prática, pois o aprendizado vem de buscas por respostas, práticas pedagógicas e relações do cotidianoescolar que influenciam diretamente no trabalho pedagógico. • Junto a essa multiplicidade de ações do coordenador pedagógico, é necessário um trabalho que valorize a análise da realidade através da interligação dos olhares de todos os atores do contexto escolar, objetivando um movimento de aprender através da construção coletiva da realidade. • É assim que vai se delineando o sentido de ser um coordenador de processos de aprendizagem e de desenvolvimento tão complexos como os que vivenciamos diariamente nas escolas. O trabalho deve estar sempre direcionando para o coletivo. A COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA NO BRASIL • A idéia de um trabalho pedagógico, de viés fiscalizador, inicia-se, no Brasil, com as escolas jesuíticas. O documento Ratio Studiorium, publicado em 1599, determinava, rigorosamente, a organização das escolas jesuítas localizadas em qualquer parte do mundo, de modo a dar uma unidade de atuação e assegurar os interesses da Igreja Católica. • Os jesuítas, no dizer de Manacorda (1999, p. 202), “campeões máximos na luta da Igreja Católica contra o protestantismo”, precisavam assegurar o cumprimento das regras estabelecidas no Ratio Studiorum. Assim, as escolas possuíam o Prefeito de Estudos que configurava uma idéia fiscalizadora do cumprimento das regras estabelecidas pelo Ratio Studiorum. • As Reformas Pombalinas que traziam em seu bojo idéias anticlericais, influenciadas pelo movimento doutrinário denominado enciclopedismo, resultou na expulsão dos jesuítas de Portugal e de suas colônias. • Assim, em 1759 toda a organização das escolas jesuíticas, no Brasil, foi extinta e que na época consistia em: 17 colégios e seminários, 25 residências, 36 missões, “sem contar os seminários menores e as escolas de ler e escrever, instaladas em quase todas as aldeias e povoações onde existiam casas da companhia de Jesus” • O Brasil ficou sem sistema organizado de ensino durante largo período. Em 1772, o governo lançou as aulas régias que consistiam no ensino de disciplinas isoladas como cálculo, letras, artes, latim, grego e retórica, ministrado por leigos, padres e capelães. • • Em 1799, Portugal autorizou ao Vice-rei o direito de “nomear anualmente um professor para visitar as aulas e informar- lhe sobre o estado da instrução” Esses professores fiscalizavam o funcionamento das escolas, os métodos de ensino, o comportamento dos professores e o aproveitamento dos alunos. • Percebe-se a presença do pensamento fiscalizador, no momento em que, pela primeira vez na história, o governo assume os encargos da educação no Brasil. • Em 1808, a Coroa Portuguesa, fugindo da ocupação francesa, instalou-se no Brasil, sob regência de Dom João VI. Com o objetivo de atender as necessidades culturais e educacionais da nobreza que compunha a corte, Dom João VI implantou várias medidas no âmbito educacional e cultural. • Nenhuma medida foi tomada para beneficiar as condições culturais, sociais e econômicas da população. Assim, as aulas régias mantiveram-se durante todo período. • A primeira lei para instrução pública, promulgada em 1827, determinava a criação de escolas de primeiras letras em todas as cidades vilas e vilarejos e propunha um método de ensino mútuo, de origem inglesa. Nesse método, os alunos mais adiantados, sob supervisão de professores, instruíam os demais colegas. • Percebe-se, neste período histórico que caracteriza o Primeiro Império, a função fiscalizadora exercida pelo professor. • Em 1854, o governo imperial, estabeleceu mecanismo de controle e inspeção em todas as escolas, colégios, e instituições de ensino, através da criação da Inspetoria Geral de Instrução Pública Primária e Secundária da Corte, administrada por um Inspetor Geral, a quem cabia a fiscalização e padronização das rotinas escolares e vigilância sobre os professores. • Cabia-lhe, também, informar, anualmente, ao governo a situação da instrução primária e secundária, nas províncias. • Considerando que o município onde se localizava a Corte servia de modelo, cada província organizou também mecanismos próprios de fiscalização das escolas e dos professores. • Verifica-se que a idéia fiscalizadora atravessa a educação desde os jesuítas até o final do Império e, como vemos, mantém-se até ao governo, liderado pelos militares. • No período da primeira república, a educação manteve as mesmas bases trazidas desde a Colônia e o Império. Nos primeiros anos do regime republicano, o contexto educacional não sofreu alterações significativas. • A fiscalização, orientação, controle e inspeção do processo educacional consistia em tarefa do inspetor escolar, “provável ancestral do coordenador pedagógico” • Nos anos 20, surge a figura dos técnicos em educação. A propagação, no Brasil, dos ideais da Escola Nova e a criação da Associação Brasileira de Educação (ABE) impulsionaram essa categoria profissional. Medina (2002) denominou, entre os quatro momentos que identificou, como sendo o primeiro momento da coordenação pedagógica no Brasil. • Em 1925, por decreto federal, foi criado o Departamento Nacional do Ensino e o Conselho Nacional de Ensino. Esse decreto marca o início da criação de órgãos específicos para o trato de assuntos educacionais, pois até então, esses assuntos estavam vinculados a outras repartições, tais como Ministério da Justiça e Negócios Interiores, Ministério da Instrução, Correios e Telégrafos. • A separação entre o âmbito administrativo e técnico sinaliza a condição para a desvinculação da figura do supervisor da figura do diretor e do inspetor. • É quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência técnica, em lugar da fiscalização para detetar falhas e aplicar punições, que esse profissional passa a ser chamado de supervisor. • Ao trazermos a palavra de Saviani com a denominação supervisor, cabe-nos esclarecer que, conforme Rangel (2008), a coordenação é também um designativo que se atribui a conduta supervisora que cria e estimula oportunidade de organização comum e de integração do trabalho em todas as suas etapas. • A palavra pedagógica delimita o âmbito de atuação. Por isso, tratamos como coordenação pedagógica o que os autores Medina e Saviani denominam supervisão. • A ascensão de Getúlio Vargas à presidência da República em 1930, cuja política definiu os rumos do Brasil para uma sociedade capitalista de caráter nacionalista, promoveu uma sequência de reformas educacionais. • Dentre essas reformas, destaca-se a criação de cursos de Pedagogia para, além de formar professores para as disciplinas específicas dos cursos de formação de professores, formar técnicos em educação, cujas funções não eram claramente definidas. Este período configura, para Medina (2002), o segundo momento da coordenação pedagógica no Brasil. • A partir de 1964, um golpe civil e militar implantou o regime autoritário no Brasil. Para ajustar a educação aos interesses do regime, foram implantadas novas reformas na educação brasileira. • Entre elas, a reformulação do curso de Pedagogia orientando-o para a criação de habilitações, centradas no âmbito técnico, particularizadas por função: administração, inspeção, supervisão e orientação. E também para a formação de professores para os cursos de formação do magistério. • Para Saviani (2008), a formação dessas funções era garantir a eficiência e a produtividade do processo educativo. • E isso seria obtido por meio da racionalização que envolvia o planejamento do processo sob o controle de técnicos supostamente habilitados, passando os professores a plano secundários, isto é, subordinação racionaldos meios. • Aqui configura-se o terceiro momento da coordenação pedagógica, no Brasil, conforme identificação de Medina. • A estruturação do curso de Pedagogia em habilitações, entre elas a supervisão configura a perspectiva de profissionalização dessa função, ancorada na demanda e a especificação das características da profissão, desenhadas pelos cursos de Pedagogia. • No final do período autoritário, inicia - se questionamentos no Brasil sobre o papel dos especialistas em educação e, em especial do coordenador pedagógico, identificado por Medina (2002) como o quarto e último momento da coordenação pedagógica. • E a transição para o quinto momento? • “Um novo conteúdo, portanto, se impõe, hoje, para a supervisão educacional: novas relações se estabelecem e novos compromissos desafiam os profissionais da educação a uma nova prática não mais voltada só para a qualidade do trabalho pedagógico e suas rigorosas formas de realização, mas também e, sobremaneira, compromissada com a construção de um novo conhecimento – o conhecimento emancipação -, com as políticas públicas e a administração da educação no âmbito mais geral.” O Papel do Coordenador Pedagógico ➢ Romper com a divisão radical entre concepção e execução. ➢ Fortalecer a democratização do processo pedagógico, valorizando a participação consciente e responsável de todos que fazem a escola nas decisões sobre o planejamento e orientação do seu trabalho e sobre o funcionamento geral da escola, visando ao seu contínuo aprimoramento. Atua como mediador e assessor no planejamento, acompanhamento, orientação e avaliação de processos educacionais. Coordenador Pedagógico Junto à Direção Junto aos especialistas afins Junto à Comunidade em geral Junto aos Professores Junto aos alunos Junto aos familiares Junto aos Funcionários ➢ Criar um bom vínculo de confiança com os(as) professores(as), constituindo-se num(a) parceiro(a) presente, disponível, exigente, estimulador(a). ➢ Planejar e coordenar situações de aprendizagem que promovam a atividade mental construtiva do (a) professor (a) num contexto de resolução de problema, pesquisa, reflexão, diálogo permanente com diferentes interlocutores. ➢ Observar sistematicamente o(a) professor(a) na sua atuação diária, na relação com os demais membros de sua comunidade de aprendizagem, com os alunos e seus familiares e na participação em reuniões diversas. ➢ Conversar francamente com o(a) professor sobre adequações e inadequações observadas em classe, registrando-as, para que o(a) mesmo(a) tome maior consciência delas e invista nas mudanças necessárias. ➢ Analisar as diferentes produções do(a) professor(a), principalmente, seus registros reflexivos sobre a própria prática, dando ao(à) mesmo(a) retornos pertinentes, seguros e construtivos. ➢ Ajudar os(as) professores(as) a desenvolverem a sua competência profissional (capacidade de articular recursos cognitivos múltiplos – conceitos, conhecimen- tos, informações, hipóteses, esquemas de inferência e de processamento, métodos) para resolver situa- ções complexas ou incertas da prática educativa (Perrenoud). ➢ Estabelecer metas com cada professor(a) sobre os aspectos que devem ser priorizados na sua capacitação visando à transformação dos esquemas orientadores da prática de cada um(a) “habitus”, negociando as formas como serão operacionalizadas as referidas metas e explicitando os critérios de avaliação. ➢ Ajudar o(a) professor(a) a construir uma nova visão do erro (trocando a visão funcional pela estrutural – aquela que passa pela compreensão das razões dos erros, a partir de sua própria atuação como orientador(a). ➢ Valorizar as didáticas específicas, estudando-as junto com os(as) professores(as) e discutir criticamente uma prova, um plano, uma atividade elaborada pelo (a) professor(a). ➢ Estimular e orientar o(a) professor(a) a tornar-se um(a) pesquisador(a) em seu universo de trabalho, para que possa mobilizar-se na busca de respostas, ressignificando aprendizagens anteriores e avançando na produção de conhecimento didático. O papel da Coordenação Pedagógica na escola • O papel do coordenador pedagógico no contexto escolar tem sido alvo de discussões e redefinições. Até algum tempo atrás, a sua principal função era compreendida como uma ação de controle da prática pedagógica, uma espécie de inspetor escolar. • Ao longo da década de 1980, esta ideia começou a ser questionada. Um acirrado debate em torno da democratização do ensino colocou em evidência a formação dos professores, como meio de garantir a elevação dos padrões de qualidade da educação. • Os estudos sobre a formação de professores apontavam para uma formação profissional baseada numa epistemologia da prática, ou seja, na valorização da prática profissional como momento de construção de conhecimento, através da reflexão, análise e problematização de situações vivenciadas no âmbito do exercício profissional. • Isto resultou numa revisão do trabalho do coordenador pedagógico, que passou a assumir um papel preponderante na formação docente. É ele que está na escola, ao lado do professor, e que possui todas as condições para de fato concretizar as políticas de formação permanente de professores. • Esta perspectiva redefine o papel do coordenador pedagógico, que deixa de ser apenas um fiscal das práticas educativas ou uma espécie de “gerente”, responsável pelas atividades burocráticas e administrativas da escola. • O coordenador pedagógico é corresponsável pela sala de aula, pelo trabalho realizado pelo professor e pelos resultados dos alunos. Ele faz parte do corpo de professores e sua função principal se divide entre a formação de professores e a gestão do Projeto Político Pedagógico da escola. • Uma rápida reflexão sobre o trabalho dos coordenadores pedagógicos mostra o quanto eles estão sendo engolidos pelo cotidiano da escola, dedicando boa parte do tempo de sua rotina para resolver problemas de emergência, fazer atendimentos rápidos ou apenas para fiscalizar o trabalho dos professores. • No entanto, isso é muito pouco, pois seu papel principal é ajudar na formação dos professores e na gestão pedagógica da escola. • Isto não significa que o coordenador pedagógico deva abandonar as demais atividades que integram a sua função, mas é preciso reconhecer sua função precípua de formador e articulador, para não se deixar engolir pelas demandas do cotidiano. • A proposta é que, aos poucos, o coordenador pedagógico possa redesenhar suas funções, legitimando-se como formador e parceiro dos professores. • No processo de construções coletivas, o coordenador pedagógico precisa “ser um outro que analisa a situação sob pontos de vista às vezes ocultos para o professor”. Nessa mediação, é preciso, entretanto, considerar que os professores não são alunos do coordenador pedagógico, mas profissionais em formação. • Isto implica considerar os professores como sujeitos intelectualmente ativos, ou seja, reconhecer que os professores, assim como as crianças, também constroem conhecimentos a partir de suas representações e que suas aprendizagens também acontecem por aproximações sucessivas. • Afinal de contas, “formar não é ensinar às pessoas determinados conteúdos, mas sim trabalhar coletivamente em torno da resolução de problemas. A formação faz- se na ‘produção’, e não no ‘consumo’, do saber” • Deste modo, é preciso reconhecer que os conteúdos da formação dos professores estão na sala de aula, nos problemas que o professor enfrenta cotidianamente. • A sala de aula deve serconsiderada, ao mesmo tempo, o ponto de partida e o ponto de chegada das ações formativas. É por ela e para ela que devem ser direcionados todos os esforços da formação. Sem isto, não faz sentido despender tantos esforços. • Assim, a escola se configura como um espaço de aperfeiçoamento profissional, organizada e dinamizada por um projeto próprio, que orienta as ações e fortalece o trabalho colaborativo entre os professores, coordenadores e diretores. • A escola é uma comunidade de aprendizagem, que aprende e se qualifica permanentemente através da reflexão sobre suas ações e atribuições. • A sala de aula deve ser considerada, ao mesmo tempo, o ponto de partida e o ponto de chegada das ações formativas. • Neste contexto, o coordenador pedagógico assume o lugar de um profissional mais experiente, cujo papel é o de supervisionar e corresponsabilizar-se pelo trabalho do professor na sala de aula. • Nesse sentido, entendemos que o coordenador pedagógico tem como função principal articular redes de aprendizagem que instalem e sustentem processos de formação e (auto)formação de professores. • Quando está em jogo a reconstrução da escola como espaço de democratização de conhecimentos, há que se assegurar as melhores condições para os professores construírem e realizarem um projeto educativo que, de fato, viabilize o direito de aprender de todos os alunos. • Para realizar bem o seu trabalho como formador, o coordenador pedagógico precisa ganhar a confiança dos professores e colocar-se no lugar de parceiro. • A dimensão subjetiva da formação dos professores não é menos importante do que as outras, pelo contrário, o coordenador pedagógico precisa estabelecer com seus professores uma relação que permita uma discussão honesta sobre os desafios da sala de aula. • Ambos precisam aprender a dizer o que não sabem e juntos devem procurar as alternativas. • Para ajudar os professores a qualificar o seu trabalho, o coordenador pedagógico precisa considerar o conhecimento produzido acerca das estratégias formativas e adequá-las aos diversos conteúdos previstos, em diferentes espaços formativos. • Não é de qualquer jeito que se faz formação de professores. Para realizar um trabalho de qualidade, é preciso conhecer a discussão sobre o objeto de conhecimento e sobre os processos de aprendizagem, tanto dos alunos como dos professores. • Isto implica assumir o conhecimento didático como eixo estruturante do trabalho do coordenador pedagógico. • Vale destacar também que não está dado que o coordenador pedagógico sabe todas as coisas. Além disto, para assumir esta função não basta ter sido um bom professor. • As funções profissionais de professores e coordenadores pedagógicos não são as mesmas, portanto, remetem a um conjunto de competências distintas. Os coordenadores pedagógicos enfrentam problemas profissionais para além daqueles que são inscritos pela atuação docente na sala de aula e na escola. • Por este motivo, esta função exige assumir o lugar de um profissional mais experiente que supervisiona e orienta a prática dos professores. Ser um excelente professor alfabetizador, por exemplo, não é suficiente para realizar a formação permanente de professores alfabetizadores. • Lerner ao afirmar que os professores precisam ser capazes de gerir processos de ensino e de aprendizagem da leitura e da produção de textos, que coloquem, no centro, propósitos didáticos e comunicativos, delineia questões distintas dos problemas docentes, a serem resolvidas pelo coordenador pedagógico. • Ao considerar essa afirmativa sobre saberes docentes implicados na formação de leitores e escritores na escola, toma relevo uma nova dimensão do conhecimento a ser construído pelo coordenador pedagógico: o conhecimento sobre a formação permanente de educadores. • O conteúdo foco de um professor alfabetizador é o conhecimento didático de alfabetização, enquanto que o conteúdo foco de um coordenador que pretende formar um professor alfabetizador deve ser como ensinar o conhecimento didático de alfabetização para o professor. • Assim, torna-se óbvio que para comunicá- lo aos professores, pressupõe-se que os coordenadores pedagógicos o conheçam. Por este motivo, eles precisam estar em formação permanente, assim como os professores. A Coordenação Pedagógica e a Formação Contínua de Professores • A elaboração de propostas para a formação contínua de professores configura uma das mais significativas atuações do coordenador pedagógico nesse espaço de mudanças que constitui- se a escola. • A pesquisa realizada por Medina (2002) aponta a produção do professor como o objeto de trabalho do coordenador pedagógico. Essa produção manifesta-se na aprendizagem do aluno. Assim, o coordenador pedagógico contribui para um desempenho docente mais qualificado, opondo-se a uma atuação linear, hierarquizada e burocrática. • Segundo Medina (2002, p. 155) o coordenador pedagógico “assume uma posição de problematizador do desempenho docente”. Dessa forma, expressa um posicionamento de indagar, comparar, responder, opinar, duvidar, questionar, apreciar, revelar situações de ensino em geral e, em especial, as classes regidas pelo professor. • O coordenador pedagógico, no dizer de Medina (2002, p. 159), que tiver como ponto de partida e de chegada o pensamento de que a escola, como instituição social, precisa ser pensada dialeticamente, cria um espaço novo e diferente daquele que, historicamente, foi ocupado e que se caracterizou pelo controle e, também, também, como refúgio burocrático • Esse posicionamento problematizador do desempenho docente, torna o coordenador pedagógico um agente de mudanças e ao mesmo tempo constitui-se num imenso desafio. E como enfrentá-lo? • A garantia de efetividade da atuação do coordenador pedagógico na intencionalidade de qualificar o trabalho docente depende de muitos fatores. Entre eles, destacam-se: • - reflexão contínua sobre as mudanças na sociedade que se refletem na escola, demandando novos saberes, novos posicionamentos, novas metodologias; - definição da intencionalidade e planejamento do trabalho a ser desenvolvido; • - estabelecimento de canais de comunicação e colaboração consistentes com os professores criando um clima de confiança de modo que os professores possam reconhecer seus saberes e os aspetos que necessitam ser superados e aperfeiçoados; • - articulação do trabalho de formação contínua ao projeto político pedagógico da escola para que o professor tome consciência de sua ação sobre o contexto no qual atua; - identificação de espaços/tempo em que a formação continuada dos professores se concretize; • - aceitação dos professores em suas singularidades, tanto individuais quanto coletivas. • Ainda, segundo o pensamento de Thurler (2002, p. 90) os professores precisam ser considerados como: • [...] atores plenos de um sistema que eles devem contribuir para transformar, no qual devem engajar-se ativamente, mobilizando o máximo de competências e fazendo o que for preciso para que possam ser construídas novas competências a curto ou médio prazo. • A autora citada argumenta a favor de um processo de formação contínua duradouro contrapondo-se a algumas ações de formação concentradas em poucos dias, em jornadas intensivas. • Propõe uma concepção de formação contínua mais abrangente composta por um conjunto de formas de interação e de cooperação que possibilitem a criação de condições para a pesquisa-ação, a prática reflexiva e a profissionalização interativa e estimulem a sinergia das competências profissionais de todos. A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO DE FORMAÇÃO CONTÍNUADOS PROFESSORES • A proposição de um projeto de formação contínua, mesmo que sobre a liderança do coordenador pedagógico, não prescinde do apoio dos demais gestores da escola e será elaborado de acordo com as demandas identificadas pelo coletivo da escola. • A elaboração do projeto configura um processo de construção de conhecimentos e compreensão da realidade vinculado à construção do compromisso para transformar e inovar a escola, como, também, prever tempo/espaço e recursos para executá-lo, sustentado nos seguintes princípios à luz do pensamento de Sánchez Núñez (2008): • - realista - focalizar na realidade educativa da escola, detectando as necessidades de mudanças e contrapondo-se a qualquer desvinculação do projeto de formação contínua da prática educativa desenvolvida na escola; - coerente - de modo que as estratégias que serão propostas sejam adequadas aos objetivos propostos pelo projeto; • flexível - de forma que diante de determinadas circunstâncias haja a possibilidade de introduzir ações que sejam de interesse imediato dos professores e não previstas no projeto; - viável - adequado aos recursos e possibilidades disponíveis na escola; • - processo de aprendizagem dinâmico - garantindo a aprendizagem em serviço e a aplicação do aprendido na prática; - articulação entre a teoria e a ação de forma que a teoria sirva de referência à prática e a prática à teoria; • - auto-avaliação como estratégia de melhoria da prática docente, promovendo o coletivo dos professores e o desenvolvimento cooperativo; - consideração dos saberes e experiências dos professores para que possam, depois de analisadas e avaliadas, desencadear processo de melhora na prática docente; • assessoramento e apoio individualizado aos professores com o objetivo de oportunizar aos reflexões e a solução de problemas surgidos na prática docente; - aprendizagem entre iguais de forma que os professores possam compartilhar saberes e práticas e debater problemas comuns; • - apoio institucional de modo que o projeto de formação docente componha o plano global da escola; - diversidade dos agentes no desenvolvimento do programa possibilitando a participação de outros profissionais: gestores, especialistas, professores convidados, outros. • O processo de elaboração do projeto envolve um processo de maturação de idéias, caracterizado por observações, análises, comparações, indagações, reflexões e sistematizações. • Assim, consiste num processo gradual que requer reflexão, contínuas retomadas, compreensão das problemáticas que envolvem o processo de ensino e aprendizagem e dos múltiplos aspectos que constituem as problemáticas detectadas na escola. • A participação do coletivo dos professores na sua elaboração configura-se como condição fundamental para vencer as resistências e as tensões que possam emergir, além de promover o envolvimento e a sinergia fundamental para a eficaz implementação do projeto (LÜCK, 2003). ELEMENTOS DO PROJETO DE FORMAÇÃO CONTÍNUA DOS PROFESSORES • A elaboração do projeto fundamenta, organiza, sistematiza e direciona a proposta de formação contínua de professores. • A estrutura de qualquer projeto fundamenta-se no método científico, razão pela qual, tem em sua estrutura os mesmos elementos, conforme. • No entanto, dependendo de sua finalidade, pode ter variações, destacando aspetos considerados importantes. • Elementos básicos de um projeto • 1. Identificação do projeto 2. Descrição da situação-problema 3. Proposição de objetivos 4. Definição de metas 5. Delineamento de método, estratégias e procedimentos • 6. Especificação de cronograma 7. Identificação de recursos e custos 8. Proposição de monitoramento e avaliação (LÜCK, 2003, p. 92). • Sugestão de elementos para compor um Projeto de Formação Contínua de Professores • 1. Identificação do Projeto • - visa apresentar as informações básicas para a caracterização do projeto: título, escola, setor, responsáveis pela execução, clientela, duração. • 2. Justificativa • - consiste na descrição da realidade específica, através da caracterização de das situações que demandam ação de inovação, de melhoria ou de transformação na escola. • 3. Proposição de objetivos • - determina os resultados que se pretende alcançar com a realização do projeto, alcançáveis no tempo previsto. • 4. Definição de metas • - consiste na especificação quantitativa do projeto. • • 5. Fontes que subsidiaram a elaboração do projeto • - identificam a procedência do projeto, tais como: Plano Global da Escola, Projeto Político Pedagógico, demandas expressas pelos professores, pelos alunos, pela comunidade escolar em geral, estudos teórico, outros. • • 6. Referências teóricas que sustentam o projeto • - referem-se aos fundamentos teóricos que sustentam o projeto. • 7. Princípios que norteiam o Projeto • - expressam aos princípios que fundamentam o projeto, tais como: realismo, coerência, flexibilidade, viabilidade, articulação teoria e prática, outros. • 8. Etapas • - consiste na descrição das etapas de elaboração do projeto, tais como: - levantamento as necessidades de formação contínua dos professores, delineamento do projeto, - apresentação e discussão com os professores e demais gestores da escola; efetivação de reformulações sugeridas, - execução do projeto. • 9. Desenvolvimento do Projeto • - refere-se ao traçado dos múltiplos tempos e espaços que constituirão a efetivação do Projeto, considerando a disponibilidade e recursos disponíveis na escola: • Exemplos: • - Grupos de estudos sobre um tema específico - Grupo de Estudos para análise do pensamento educativo de autor ou autores selecionados pelos professores • - Oficinas pedagógicas - Mini-fóruns - Orientações individuais • - Orientações ao desenvolvimento de carreira - Plenárias pedagógicas - Outras. • 10. Especificação do cronograma • - refere-se à especificação do tempo a ser disponibilizado ou necessário à execução do projeto. • 11. Identificação de recursos e custo • - refere-se a descrição dos recursos e custos necessários à efetivação do projeto • • 12. Proposição de monitoramento e avaliação • - refere-se ao conjunto de procedimentos de monitoramento da execução do projeto e avaliação e dos resultados, para assegurar a sua execução, no tempo previsto. • Mas com os recursos disponíveis, e, acima de tudo, identificar a necessidade de medidas corretivas durante o processo, de modo que se assegure, no decorrer de toda a sua execução, o alcance dos objetivos e das metas previstas (LÜCK, 2003) O QUE NÃO PODE FALTAR NA ROTINA DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA • Dentre as muitas atribuições do coordenador, organizamos abaixo, aquelas que consideramos fundamentais para o exercício profissional dentro da escola: 1) Reunião de formação • Deve ser articulada ao contexto de trabalho e centrada na reflexão sobre as práticas de sala de aula e a aprendizagem dos alunos. Tem como principal objetivo construir coletivamente respostas para os problemas pedagógicos enfrentados pelo grupo. Em algumas regiões, é chamada de horário de trabalho coletivo 16 • (HTC); em outras, de atividade complementar (AC). • Há lugares que possibilitam um encontro formativo mensal de oito horas, além de mais três ou quatro horas semanais – caso dos municípios do Projeto Chapada. • Alguns garantem apenas o horário semanal de duas, três ou quatro horas. Essa variação depende da estrutura e do funcionamento da formação no município e na escola. • Para essas reuniões, os coordenadores organizam acervo de materiais que podem ser utilizados pelos professores, discutem atividades consideradas bons modelos, retomam planejamentoanterior e refletem com o grupo de professores sobre o impacto na sala de aula, de modo a ajudar o professor a seguir planejando. • Elaboram conjuntamente projetos didáticos, planos de aula, sequências didáticas, atividades, enfim, o coordenador oferece as melhores condições para que o grupo de professores planeje o trabalho a ser desenvolvido na sala de aula. 2) Observação e acompanhamento do trabalho docente • O acompanhamento da sala de aula é uma importante ferramenta para melhorar a prática pedagógica, pois se centra especificamente nos problemas didáticos. • Podemos dizer que é na classe que se materializa todo o trabalho da formação permanente estabelecida na escola e prevista no planejamento. Entretanto, em muitas instituições, essa ainda é uma conquista a ser feita. • Em uma escola que está implantando um processo formativo, tanto os docentes iniciantes quanto os mais experientes podem resistir a abrir as portas da sua sala de aula para essa finalidade, por isso ela precisa ser cuidadosamente encaminhada. • É importante que, no início, os professores se ofereçam voluntariamente para terem suas aulas observadas. O passo seguinte é fazer o planejamento do conteúdo que será observado junto com o docente que receberá a visita do CP. • Posteriormente, o formador deve ter uma reunião individual com o professor para dar devolutivas orais ou escritas e, juntos, replanejarem as intervenções para a atividade seguinte. O conteúdo da observação pode também ser usado na formação coletiva, a fim de tratar com todo o grupo os pontos que foram evidenciados. • Nesses momentos, é importante que o professor compartilhe com os colegas as observações que fez da sua própria aula e as devolutivas que recebeu do CP antes de esse último tecer os seus comentários. Uma variação desse formato é ter os próprios professores observando uns aos outros. Dessa forma, constrói-se uma cultura de observação na escola de forma ética e colaborativa. 3) Acompanhamento • A orientação ao docente pode ser realizada diretamente, como foi descrito na situação de observação da classe, ou de modo indireto, por meio da análise de planos de ensino, projetos e sequências didáticas, planos de aula, atividades, produções e cadernos dos alunos, atividades avaliativas e registros. • Para tanto, o CP precisa reservar em sua rotina um tempo para avaliar esses documentos e estabelecer o dia da semana em que receberá o material e o devolverá com as observações. • O CP pode tratar disso individualmente com cada professor ou combinar com eles que os documentos serão discutidos durante a formação permanente. 4) Planejamento da formação • O CP vai elaborar e rever periodicamente o projeto de formação e montar as pautas de cada reunião. Em geral, para essa tarefa, é necessário estudar e pesquisar referências bibliográficas e videográficas. 5) Organização do acervo • O projeto político pedagógico, os planos anuais dos cursos, os projetos e as sequências didáticas, os portfólios e as avaliações, entre outros, são documentos de trabalho para o CP. Portanto, devem estar sempre em ordem para serem consultados e servirem para a montagem do acervo e da memória pedagógica da instituição. 6) Planejamento e estudo das práticas formativas • Estudar, investigar e planejar práticas formativas, a fim de atingir os objetivos do projeto de formação, são procedimentos que demandam tempo. • O CP precisa ver os vídeos que pretende tematizar, aprofundar seus conhecimentos sobre as estratégias a serem usadas e o conhecimento didático específico para ajudar os professores a compreenderem melhor o objeto de ensino e a maneira de ensinar. 7) Produção de registros • Relatórios das observações de sala de aula e das análises dos planos dos professores precisam ser registrados por escrito, tanto para dar devolutivas quanto para o próprio planejamento do CP. Assim, cabe a ele organizar o portfólio da formação, bem como o de cada professor, pois isso o ajuda no acompanhamento da formação continuada. 8) Reunião com alunos e professores • Cabe também ao CP observar e avaliar os alunos, sempre em parceria com os professores, a fim de planejar o apoio pedagógico necessário ou mesmo comunicar aos estudantes os aspectos em que precisam melhorar. • Além desses momentos garantidos na rotina semanal, é preciso assegurar um momento de formação para o CP, que pode ser organizado e encaminhado pela Secretaria de Educação local ou realizado por um colega ou supervisor mais experiente. • Afinal, o CP também precisa fazer parte de um coletivo que esteja constantemente refletindo sobre o conhecimento didático e o da formação. • Como organizar o tempo? • Importante lembrar que não há uma rotina fixa predeterminada. A organização do tempo deve ser pensada de acordo com as especificidades e os objetivos do trabalho de cada CP e o projeto político pedagógico da escola. O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO UM DOS ARTICULADORES DO RELACIONAMENTO FAMÍLIA- ESCOLA • O coordenador pedagógico deve estar compromissado em função de uma proposta pedagógica libertadora. Demo (1994), afirma que “o papel da educação é um fator de mudança na sociedade que tende a formar bons cidadãos, cientes de seus direitos e deveres perante a sociedade”. • Para que haja envolvimento e participação ativa de professores, diretor, funcionários, aluno e família é preciso que o coordenador pedagógico acompanhe as ações que esses indivíduos desempenham direta ou indiretamente na busca por excelência no processo de ensino-aprendizagem. • Assim, o coordenador deve desempenhar o seu trabalho de forma que motive e estimule a participação e o empenho de todos os envolvidos no processo educativo, apropriando-os de reflexões para compreensão dos problemas encontrados para a busca de soluções, visando sempre uma autonomia pedagógica. • Contudo esse processo precisa ser fundamentado, também em uma reflexão teórico-prática de forma a facilitar o relacionamento entre professores, educandos e familiares. • Observando a postura dos educandos que compõem o ambiente escolar contemporâneo percebe-se que eles buscam na escola um ambiente em que possam ascender socialmente, socializando e trocando experiências, propiciando a eles um amadurecimento que dever ser mediado de perto pelo corpo docente e intermediado pelo coordenador pedagógico de forma que possa ser aproveitado em sua plenitude. • Além deste aspecto, por muitas vezes o jovem ingressa cedo no mercado de trabalho para colaborar na renda familiar, nesta ocorrência o coordenador em um trabalho conjunto com os professores deve observá-lo constantemente e subsidiá-lo para que não ocorra a sua evasão da escola • • É importante que o coordenador juntamente com o corpo docente se preocupe com esse processo de socialização do discente, possibilitando a ele a construção da sua identidade individual e coletiva quiçá favorecer ao educando um ambiente diferente do conflituoso encontrado na sua casa. • Organizando trabalhos pedagógicos que favoreçam a aprendizagem de todos, visando à vigilância e a correção de problemas que possam ocorrer no processo ensino-aprendizagem. • Comprometido com essa realidade, torna- se necessária uma gestão participativa para viabilizar o acompanhamento do coordenador aos fatores externos que envolvem os agentes e assim consiga mediar às relações entre os professores, os alunos e as suas respetivas famílias, de forma flexível e contínua. • Compreendem-se até esse ponto que são múltiplas as atribuições do coordenador pedagógico no âmbito escolar, ou seja, o coordenador além das responsabilidades que já lhes são inerentedepara-se com outros importantes atributos, como por exemplo, a flexibilidade, criatividade e a ação crítica e construtiva que são componentes fundamentais do processo educacional (Lück, 2006), dentre outros. • Ele precisa para que de acordo com o estabelecido, o planejamento seja cumprido pela equipe de professores. Buscando constantemente o comprometimento dos agentes estimulando-os para que todos participem nas decisões, reuniões pedagógicas, conselhos de classe e demais atividades. • • É notável que para estas atribuições do coordenador sejam cumpridas de forma eficaz sendo o relacionamento entre docente, discente e comunidade componentes fundamentais para obtenção de êxito no processo ensino- aprendizagem. • Cada componente deve ter noção de suas responsabilidades, para que o relacionamento interpessoal favoreça maior flexibilidade para a resolução das demandas do cotidiano escolar. Lembrando que, buscar conhecer os discentes, seus problemas, dificuldades e necessidades, possibilita mecanismos para que o coordenador auxilie e oriente os docentes em todos os momentos. Coordenador pedagógico: o co- organizador do ensino • A questão que se coloca imediatamente é: o que caracteriza a função de coordenador? Do ponto de vista ético, espera-se o envolvimento com a construção coletiva do projeto político- pedagógico da escola e o compromisso com a formação continuada dos professores - • elemento importante para atingir o objetivo de socializar a cultura e, nos processos de ensino e aprendizagem, promover a convivência solidária na instituição e intervir na construção da humanidade e da sociedade que queremos. • Na denominação do cargo, já se aponta a tarefa básica: coordenar. Muitas vezes, já se falou do sentido de ordenar. E comandar é um dos primeiros que surgem. • Quem coordena comanda. Embora essa ideia tenda a ser rejeitada quando se trata de Educação, vale fazer uma analogia com o trabalho de um regente de orquestra, de um técnico de futebol ou de alguém que é responsável por produzir, com as respectivas equipes, um resultado favorável não só para o grupo, mas principalmente para aqueles a quem se destina o trabalho: • os espectadores, no caso dos músicos, e a torcida, no caso dos jogadores (obviamente, os alunos, quando se pensa na escola). • Ressaltando, no entanto, que o maestro não precisa saber tocar todos os instrumentos nem o técnico jogar em todas as posições. Assim, não é obrigação do coordenador ter conhecimento profundo sobre todas as áreas nas quais se desenvolve o trabalho de cada professor. • Ordenar não é só mandar. É também comandar. Coordenar é pôr ordem em algo juntamente com alguém. Tal constatação implica um desafio: definir que ordem se deseja no trabalho, pois ela pode ser relacionada ao que é costumeiro - e esse, às vezes, está desgastado e precisa ser revisto. • Para enfrentar humilde e corajosamente esse desafio, como convém a quem assume uma atitude crítica, os coordenadores não podem deixar de considerar - e estimular - as experiências vivenciadas pelos professores, na pluralidade e na diversidade de suas práticas. • No processo de formação docente, na partilha e na ampliação dos saberes, conformam-se também os coordenadores, continuamente. Conformam-se não no sentido de se resignar, mas no de configurar juntos, do jeito que se deseja o trabalho da instituição escolar. Os diferentes desafios para o coordenador pedagógico em cada segmento • Em algumas escolas, um único coordenador pedagógico se responsabiliza por todos os segmentos atendidos. Em outras, há um para cada etapa. • Em qualquer caso, é essencial que o profissional conheça as especificidades do segmento - ou dos segmentos - em que atua para ajustar o foco da formação continuada dos professores. Confira os maiores desafios, as competências e os conhecimentos esperados do coordenador e as sugestões de estratégias de trabalho em cada etapa de ensino. Desafios e estratégias na Educação Infantil • Desafios Promover uma parceria afinada entre o docente e o chamado cuidador - o profissional que costuma ocupar o cargo de auxiliar de professor ou agente educacional é a principal questão. • ''Ele atuará diretamente com a criança, porém, em geral, não tem formação pedagógica'', diz Nancy Nonato de Lima Alves, da Universidade Federal de Goiás (UFG). Também cabe ao coordenador envolver as famílias, cuja participação mais próxima é fundamental nesse segmento. • ''A relação com os pais proporciona importantes situações de conhecimento da criança em suas especificidades e necessidades, ampliando as possibilidades do trabalho pedagógico'', afirma ela. • Competências esperadas - Conhecimento das teorias de Educação Infantil e dos processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança. • - Clareza de que educar e cuidar são indissociáveis nesse segmento. - Domínio das políticas públicas para a área e da legislação específica. - Conhecimento atualizado da produção acadêmica e das pesquisas sobre Educação Infantil. - Facilidade para se relacionar com pessoas e liderança. • stratégias de trabalho - Promover reuniões de formação com professores e auxiliares - juntos e separadamente - para que possam discutir as dificuldades e encontrar soluções para elas. - Estimular a participação de professores e auxiliares nos encontros de formação. • - Fornecer embasamento teórico em Pedagogia a fim de aumentar a bagagem dos titulares e municiar os cuidadores. - Estimular professores e auxiliares a fazer conjuntamente o planejamento das atividades. • - Pensar com a equipe em estratégias para aproximar a família da escola. - Reunir os profissionais de um agrupamento quando há problemas específicos a serem tratados. Ensino Fundamental 1 - 1º ao 5º ano • Desafios Na primeira etapa do Ensino Fundamental, a Alfabetização é o foco principal. Os alunos, porém, também precisam construir outros saberes, como o matemático e o científico. Tudo isso está a cargo de um único docente, o professor polivalente. • ''Se o conhecimento está separado por áreas, fragmentado, cabe ao coordenador ajudá-lo a fazer a articulação'', enfatiza Neide Noffs, professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e assessora da Secretaria Municipal de Educação de Cajamar, na Grande São Paulo. • ''O coordenador pedagógico e os professores têm de entender que a divisão em dois níveis é apenas uma formalidade, pois eles recebem crianças ainda em fase de preparação para um processo de escolarização de nove anos'', diz Maria Angélica Rodrigues Martins, professora da Universidade Católica de Santos. • Competências esperadas - Domínio dos processos de aquisição da linguagem e conhecimento de boas experiências de Alfabetização. - Clareza de que o ensino da leitura e da escrita está contido nos outros conteúdos curriculares. • - Capacidade de articular diferentes saberes, criando atividades que integrem as várias áreas de conhecimento. - Base teórica sobre as etapas do desenvolvimento infantil. • - Observação aguçada para detectar eventuais deficiências de conteúdo e tentar saná-las, escalando outro docente da equipe para uma parceria ou solicitando orientação técnica. • Estratégias de trabalho - Facilitar e estimular o acesso dos professores a conhecimentos específicos sobre processos de leitura e escrita e transformá-los em atividades de sala de aula. • - Ajudar os docentes na elaboração e/ou na escolha de materiais didáticos apropriados. - Selecionar experiências bem-sucedidas e criar um arquivo para a consulta coletiva. - Preparação de atividades que trabalhem a autonomia dos alunos. Ensino Fundamental- 6º ao 9º ano • Desafios O maior deles é lidar com os professores especialistas. E o coordenador tem de ganhar legitimidade sem entender profundamente da disciplina. • ''Um dos equívocos mais frequentes nessa etapa é organizar o trabalho de coordenação pedagógica por área de conhecimento, escalando um profissional para cada uma'', diz Neurilene Martins Ribeiro, coordenadora do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (Icep). • Segundo ela, o coordenador pedagógico deve orientar suas ações de formação no sentido de desenvolver no corpo docente um olhar ao mesmo tempo horizontal (''para dentro de cada série'') e vertical (''para a progressão entre os anos''). • Competências esperadas - Visão integrada do ensino e da aprendizagem. - Liderança e capacidade de articular um número maior de professores para reuni- los em diferentes ocasiões e ter familiaridade com técnicas de condução de grupo. • - Consciência de que seu papel é oferecer aos professores conhecimentos pedagógicos capazes de melhorar seu desempenho em sala de aula. - Conhecimento sobre o desenvolvimento físico e emocional que acontece na transição da infância para a adolescência. • Estratégias de trabalho - Orientar o grupo de professores do 6º ano para que discutam formas de receber os alunos. • - Nos horários coletivos de trabalho, abordar a leitura e a escrita como um compromisso de todas as áreas, e não apenas do professor de Língua Portuguesa. - Organizar encontros por série a fim de reforçar a visão do grupo de como as crianças aprendem e discutir especificidades da classe. • - Promover formações por disciplina para proporcionar aos docentes uma visão vertical do ensino e criar um espaço de discussão de conteúdos específicos. Ensino Médio • Desafios Surge a preocupação com o futuro dos alunos, que pode envolver a continuidade dos estudos ou o ingresso no mercado de trabalho - questões que certamente surgirão nas turmas. • Lidar os especialistas continua a ser problema, pois há mais disciplinas, muitas com carga horária reduzida. Nesses casos, é certo que mais professores ficarão menos tempo na escola. • ''Isso dificulta a sua participação nos momentos de formação e o acompanhamento da sala de aula'', afirma Sílvia Cristina Pantano dos Santos, diretora da EE Dr. Adail Luiz Miller, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. • Competências esperadas - Habilidade de articulação para integrar professores de várias áreas. - Conhecimentos sobre o desenvolvimento físico e emocional do adolescente. • Estratégias de trabalho - Promover encontros para que os professores conheçam os meios de acesso ao ensino superior para que possam discutir com os alunos. - Reunir textos sobre o desenvolvimento físico e emocional do adolescente e promover estudos sobre o tema. • - Promover reuniões por disciplina e com todos os professores de cada turma para integrar os esforços. EJA • Desafios O principal é ajudar o professor a entender que adultos aprendem de forma diferente da criança e do adolescente e têm uma vida mais complexa, com emprego, família para sustentar, preocupações e estresse, fatores que influenciam a aprendizagem. • Não por acaso, a evasão escolar é uma das grandes dificuldades. As turmas apresentam diversidade acentuada, com relação ao tempo fora da escola e ao contato com a escrita, e com frequência têm ideias já enraizadas. • “Muitos trazem a concepção de que se aprende a ler juntando as sílabas e são resistentes a qualquer proposta diferente'', diz Edneide da Conceição Bezerra, doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). • Competências esperadas - Conhecimento das diretrizes curriculares específicas da EJA. - Compreensão dos mecanismos de aprendizagem do adulto desde a Alfabetização. • - Facilidade de lidar com a diversidade e capacidade de criar estratégias de ensino versáteis a fim de atender a diferentes necessidades ao mesmo tempo. • Estratégias de trabalho - Orientar os professores a fazer o diagnóstico das turmas para ajustes no planejamento. - Preparar a equipe para ensinar os processos básicos de estudo, como tomar notas das aulas, trabalhar em grupo e fazer pesquisa. • - Organizar reuniões sobre hipóteses de escrita. - Estimular o aproveitamento do repertório cultural e social que os estudantes trazem no planejamento das aulas. Conclusão • A atuação do coordenador no cotidiano escolar requer uma sistematização mais visível, como forma de possibilitar a melhoria da sua intervenção ao longo do ano letivo. • Com o registro das situações encontradas, das intervenções feitas, das leituras sugeridas, das reflexões efetuadas na escola, o coordenador terá subsídios mais concretos para dar continuidade às suas ações e intervenções na prática pedagógica desenvolvida pelo professor. • Neste sentido, é importante refletirmos sobre a diferença de acompanhar e fiscalizar, pois normalmente ao acompanhar o trabalho do professor muitas vezes o coordenador pedagógico é visto como um fiscal, função esta que não trará muitos créditos para o desenvolvimento significativo e de interação para a construção coletiva do projeto escolar. • Um dos fundamentais passos do acompanhamento pedagógico é a avaliação, portanto avaliar o processo pedagógico conduz à reflexão com dados concretos sobre o que acontece de fato na escola, possibilitando obter informações úteis ao nível de sala de aula, tendo em vista os objetivos estabelecidos para o processo de escolarização. • Deixar de acompanhar e avaliar a escola pode significar deixá-la num caminho que produza como consequência final a sua ineficácia. • Avaliar tem com certeza três lados: aluno, professor e os demais membros da equipe pedagógica da unidade escolar. Avaliar o aluno traz sempre consigo a avaliação da prática pedagógica do professor e do trabalho pedagógico desenvolvido pela escola. Assim, se há problemas de aprendizagem, há também problemas de ensino e de organização da gestão escolar. • É importante também oferecer suporte e auxílio para a prática no cotidiano escolar, e para isso será necessário que o coordenador pedagógico utilize freqüente e diversificado instrumento de avaliação para acompanhar mais sistematicamente o processo educativo, propondo intervenções na prática do professor, a fim de contribuir para atingir a excelência no ensino-aprendizagem. • Assim, o papel do coordenador pedagógico como parceiro do professor e da equipe escolar, é estar levando o grupo a refletir sobre a proposta pedagógica desenvolvida na escola e orientar o fazer pedagógico. • Para isso, é importante que no acompanhamento pedagógico seja observado: • - As necessidades de aprendizagem dos alunos. - O trabalho coletivo respeitando o ponto de vista dos colegas. - A Interação com a comunidade escolar (interna e externa). - A visão integrada e dinâmica do currículo em relação à realidade. - O trabalho na perspetiva interdisciplinar.
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