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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS BACHARELADO EM DIREITO ALUNO: LEONARDO BIONE DOS ANJOS TURMA: MP16 SALA: 402 PROFESSOR: JOSÉ MANUEL ZEFERINO TEORIA GERAL DO PROCESSO FICHA DE LEITURA (RESUMO) “TRATADO DE DIREITO PRIVADO, VOL. 2” “PRÉ-EXCLUSÃO A CONTRARIEDADE A DIREITO” (AUTOTUTELA COMO HIPÓTESE DE PRÉ-EXCLUSÃO DA CONTRARIEDADE A DIREITO, SEGUNDO PONTES DE MIRANDA) RECIFE 2020 Tratado de Direito Privado, Vol. 2 “pré-exclusão da contrariedade a direito” Pontes de Miranda Autotutela como hipótese de pré-exclusão da contrariedade a direito A princípio, Pontes de Miranda nos explica o fenômeno de pré-exclusão da contrariedade. Primeiramente ele o aponta como suporte fático, onde o ato pode ser ilícito relativo e ilícito absoluto ou stricto sensu; ou ser apenas ato ilícito, ou absoluto. O elemento comum que é a contrariedade a direito, pode não existir, por alguma razão especial, que a lei adote, dessa forma, mesmo que outros elementos se juntem, teremos no fato a “contrariedade a direito menos a contrariedade a direito igual a ZERO”, pois mesmo que uma regra (A) diga que o ato é proibido, temos uma regra (B) especial que diz que não é proibido, logo tornando impossível o ato ser considerado ilícito. Ele também diz como sendo hipóteses da pré-exclusão da contrariedade a direito vários itens, como por exemplo: legítima defesa; estado de necessidade, autotutela ou desforço (maior foco em autotutela). Ele defende a autotutela como sendo a “justiça de mão própria”, querendo dessa forma explicar sua essência. Ela é fazer valer o direito já violado e se defender para evitar que a agressão se consuma (autodefesa) , pois o direito já foi violado na esfera jurídica. Dessa forma não podemos confundir a Autodefesa com a Autotutela. De certo modo, ele explica que a autotutela consiste na substituição do juiz por uma das partes, que deduz a pretensão perante si mesmo e realiza o ato pela imposição da sua decisão sobre a outra parte. Acrescenta que a justiça de mão própria é realizada a partir do direito subjetivo, diferente do estado de necessidade ou da legítima defesa Tem como uma importante característica sua reprovabilidade por ser incriminada a transformação da Justiça em “aleatória e precária” de acordo com Alcalá. Para Pontes de Miranda ela é caracterizada como sendo “perigosa para os mais fracos, ineficiente contra os mais fortes e perturbadora da ordem entre os de igual força” , com isso podemos entender que para se tornar eficiente, é necessário ter “força e capacidade” para realizar autotutela. O ilustre autor também dá um enfoque no excesso de justiça de mão própria, ressaltando na importância de ter um cuidado para que realmente a autotutela não contrarie o direito material. Ele estabelece algumas questões sobre esse excesso: 1) O titular do direito não pode ir além do que o estado iria; 2) Os meios para realizar a autotutela só poderão ser daqueles que o estado usaria; 3) O Titular responderá pelo risco sobre haver a existência do princípio da vedação à autotutela. Pontes de Miranda diz que a autotutela é “ineliminável”. Pois perante certas circunstâncias, ela pode ser a única e exclusiva forma de defender um direito existente. Ele menciona o Art. 345, CP que consistem em “Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência. Parágrafo único “Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa” ele classifica a palavra “lei”, como sendo “Direito”. A autotutela, como justiça de mão própria fica de cara com um princípio, o denominado, “Princípio do monopólio da jurisdição”. Princípio esse que afirma que provocado o estado, somente ele possui uma prerrogativa para dizer qual o direito que cabe quando existir um fato concreto ou conflito de interesses, com o objetivo de resolvê-los. Entretanto, esse princípio não é aplicado na prática, pois existirá circunstâncias que o estado não verificará esse conflito. Por essa razão Pontes de Miranda menciona a ocorrência de justiça de mão própria, definindo como “regressão ocasional que resulta na ausência do estado”, dessa forma, é autorizada a autotutela mesmo que não haja prescrição expressa em lei. Para que seja garantida a incidência da norma especial de exclusão da ilicitude, é necessária a presença dos seguintes pressupostos: 1) não ser possível obter a tempo a tutela jurídica prometida pelo Estado; 2) não ser possível aguardar sem dano irreparável ou de difícil reparação que a tutela jurídica estatal se dê; 3) justiça res ducta, em que um parte exerça a pretensão para a qual seria tendido se fosse para juízo estatal. Vale lembrar que o fato da possível utilização da autotutela não extingue a possibilidade de controle jurisdicional a posteriori. Se houver provocação do juízo, ele examinará, através daquele que sofreu dano, se existe de fato a autotutela ou não. Se qualquer um dos pressupostos não for atendido, prevalecerá a norma geral de ilicitude.
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