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1 Economia Internacional Prof. Paulo Costacurta de Sá Porto Unifesp - 2o semestre de 2015 Lista de Exercícios 3 – Resolução (questões selecionadas) 1a Questão – Considere a seguinte tabela abaixo de comércio internacional de um determinado país para três setores, em US$ milhões (dados fictícios): Automóveis Aço Café Total Exportação 10.000 25.000 0 35.000 Importação 8.500 2.500 15.000 26.000 Um economista afirma que, para um país com a estrutura de comércio internacional acima, é de se esperar que predomine o comércio intra-indústria no caso de produtos manufaturados (como automóveis). Já no caso de commodities agrícolas (como o café) e industriais (como o aço), é de se esperar que predomine o comércio inter-indústria. a) Calcule o Índice de Grubel-Lloyd (IGL) para cada um dos produtos acima. b) Você concorda ou discorda da afirmação anterior do economista? Justifique. a) IGL (auto) = ((10.000+8500) -10.000-8500 (100)) / (10.000+8500) = 92%; IGL (aço) = ((25.000+2500) -25.000-2500 (100)) / (25.000+2500) = 18%; IGL (café) = ((0+15.000) -0-15.000 (100)) / (0+15.000) = 0% b) Concordo com a afirmação do economista, pois de fato no caso do produto manufaturado (os automóveis) o comércio que predomina é o intra- indústria, onde o IGL é de 92%. Já no caso da commodity agrícola (o café) e da commodity industrial (o aço) o comércio que predomina é o inter-indústria (IGL de 0% e 18%, respectivamente. IGLs altos (acima de 70%) estão associados ao comércio intra-indústria, enquanto IGLs baixos (abaixo de 30%) estão associados ao comércio inter-indústria. 2 2a Questão – Explique a diferença entre comércio intra-indústria e comércio inter- indústria. Se a razão capital-trabalho dos países fosse disponível, como determinar o padrão de comércio intra-indústria e comércio inter-indústria? E se esta razão não estiver disponível? Comércio intra-indústria é o comércio entre produtos diferenciados dentro do mesmo setor, o qual reflete as economias de escala obtidas pela especialização em uma pequena variedade de produtos diferenciados. Já o comércio inter-indústria é o comércio entre produtos de diferentes setores, o qual reflete as diferentes dotações de fatores ou as vantagens comparativas obtidas pelas diferentes produtividades do trabalho dos vários países. Se a razão capital- trabalho dos países for disponível, determina-se o padrão de comércio comparando a razão capital-trabalho de dois países. Se estas forem similares, predomina o comércio intra-indústria entre os dois países; se estas forem bem diferentes predomina o comércio inter-indústria entre os dois países. Se esta não for disponível, determina-se o padrão de comércio calculando o Índice de Grubel- Lloyd (IGL) com os dados de comércio entre os dois países em um determinado setor. Se o IGL for alto (acima de 70%) predomina o comércio intra-indústria entre os dois países naquele setor; se o IGL for baixo (abaixo de 30%) predomina o comércio inter-indústria entre os dois países naquele setor. 3a Questão – Com relação aos principais modelos teóricos explicativos do comércio internacional (modelo ricardiano, modelo Heckscher-Ohlin e modelo de concorrência monopolística), comente quanto à validade destes modelos: seus resultados principais, suas implicações, seus problemas e a evidência empírica. Quanto aos resultados, no modelo ricardiano os países tendem a exportar os produtos cuja produtividade do trabalho é alta, e há uma tendência a uma especialização quando os países comercializam entre si. Já no modelo de Heckscher e Ohlin, os países tendem a exportar os produtos que usam de maneira intensiva seus fatores abundantes, e importam os produtos que usam de maneira intensiva seus fatores escassos. No modelo de concorrência monopolística, os países tendem a se especializar na produção de um pequeno úmero de produtos dentro de um setor e trocam estes produtos por produtos semelhantes com países de dotação de recursos semelhante. Quanto às 3 implicações, no modelo ricardiano as diferenças de produtividade do trabalho desempenham um papel importante no comércio internacional, e as vantagens comparativas é que são importantes, não as vantagens absolutas. No modelo de Heckscher e Ohlin, o comércio internacional reflete as diferenças entre os recursos dos países. Além disso, o comércio internacional afeta o preço dos fatores causado assim variações na distribuição de renda dos países. Já no modelo de concorrência monopolística, o comércio internacional reflete a presença de economias de escala. A presença de economias de escala permite especialização e troca de produtos quando os países têm recursos semelhantes. Quanto aos problemas, o modelo ricardiano prevê um grau de especialização extremo por não levar em conta os outros fatores de produção, as práticas de política comercial e a presença de custos de transporte. Além disso, o modelo assume que o comércio internacional não tem efeito na distribuição de renda dos países, não leva em conta o papel da diferença de recursos entre os países, e ignora o papel da economia de escala como uma causa do comércio internacional. No caso do modelo de Heckscher e Ohlin, a equalização no preço dos fatores não ocorre na realidade, devido a tecnologias diferentes, custos de transporte e barreiras comerciais. Além disso, o economista Leontief mostrou na década de 1960, que a relação capital-trabalho dos EUA dizia que este país deveria exportar bens intensivos no uso de trabalho e importar bens intensivos no uso de capital (o oposto da realidade), o mesmo tendo ocorrido para vários países. No modelo de concorrência monopolística poucos setores se encaixam perfeitamente no modelo de concorrência monopolística. Além disso, é difícil prever com exatidão o padrão de comércio (quem vai se especializar em qual produto) e em quais países as firmas se localizarão. Quanto à evidência empírica, o modelo ricardiano tem suporte dos dados referentes a vários países: há uma forte correlação entre as exportações de um país em um produto e sua produtividade do trabalho naquele setor (em geral, a produtividade deve ser alta naquele setor e deve ser alta em relação à produtividade relativa dos outros setores para que isto ocorra). Já no modelo de Heckscher e Ohlin o comércio “Norte-Sul” (entre países desenvolvidos e em desenvolvimento) se adequa em geral ao padrão de comércio descrito por este modelo. Além disso, os dados mostram que o efeito do comércio internacional sobre a distribuição de renda nos países é importante. Finalmente, no modelo de concorrência monopolística o comércio “Norte-Norte” (entre países 4 desenvolvidos) se adequa em geral ao padrão de comércio descrito pelo modelo. Além disso, parte do comércio “Norte-Sul” também é explicável pelas economias de escala (ex.:aviões brasileiros, americanos, europeus e canadenses) 4a Questão – Para cada um dos exemplos abaixo, explique se é um caso de economias de escala internas ou externas: A maioria dos instrumentos musicais de sopro nos EUA é produzida por mais de 12 empresas em Elkhart (EUA); Todos os automóveis Peugeot vendidos no Brasil são importados ou produzidos em Porto Real, RJ; Todas as fuselagens da Airbus, o único produtor de aeronaves grandes da Europa, são montadas em Toulouse, França; A maioria da produção de lingerie no Brasil é fabricada por microempresas em Nova Friburgo, RJ. Os itens a) e d) refletem as economias de escala externas pois a concentração da produção das empresas de um setor em poucas localidades reduz o custo do setor mesmo quando a escala de produção de cada firma individual é pequena. Os benefícios da concentração geográfica de empresas incluem uma maior variedade de firmas de produtos e serviços especializados de suporte ao setor principal e um mercado de trabalho localmais desenvolvido. Nos itens b) e c) as economias de escala internas prevalecem e ocorrem ao nível da firma. Quanto maior a produção de uma empresa, menor será seus custos médios. Isto leva à competição imperfeita, como nos setores automotivo, petroquímico e de aviões, por exemplo. 5a Questão – Avalie a importância relativa das economias de escala e da vantagem comparativa na geração dos seguintes fatos: a) A maioria do alumínio no mundo é fundida na Noruega ou no Canadá; b) Metade do número das aeronaves a jato grandes do mundo é montada em Seattle, EUA; c) A maioria dos semicondutores é fabricada nos EUA ou no Japãp; d) A maioria do uísque escocês é produzida na Escócia; e) Muitos dos melhores vinhos do mundo vêm da França. 5 a) O número pequeno de localidades sugere que há economias de escala externas. Se as operações forem de grande porte, pode haver também economias de escala interna. b) Como as economias de escala são significativas na produção de aviões, esta será feita por um número pequeno de empresas em um número limitado de localidades (como o caso de Seattle, local da fábrica da Boeing) c) Como no item anterior, a produção de semicondutores tem signicativa economias de escala e se concentra em um número pequeno de localidades. Se uma empresa do setor se localizar em uma determinada localidade, as exportações de semicondutores daquele país serão devido às economias de escala e não devido às vantagens comparativas. d) O whiskey escocês “verdadeiro” só pode ser produzido na Escócia! A produção de whiskey requer uma técnica conhecida pelos destiladores locais que estão concentrados na região. Além disso, as condições de solo e clima são favoráveis aos grãos utilizados na produção local de whiskey. Isto reflete a vantagem comparativa da Escócia na produção de whiskey. e) A França possui uma mistura de condições climáticas e de solo que é difícil de se reproduzir em outras localidades do mundo. Isto dá àquele país vantagem comparativa na produção de vinhos. 6a Questão – É bastante comum que um grupo de indústrias mude sua produção para localidades com baixos salários onde a tecnologia da indústria não está mais evoluindo rapidamente quando não é mais essencial ter os mais modernos equipamentos, quando a necessidade por trabalhadores altamente qualificados diminuiu e quando estar na vanguarda das inovações apresenta somente uma pequena vantagem. Explique esta tendência dos grupos de indústrias em termos das teorias das economias externas.
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