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Teoria das Penas

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Faculdade Estácio de Sá (Unidade de Boa Viagem)
Ensino Superior 
Disciplina: Direito Penal II
Teoria das Penas 
A pena é nada mais que uma sanção imposta pelo Estado, quando um indivíduo realiza uma conduta ilícita, antijurídica e culpável, perante a esfera penal. Desse modo, o Estado irá agir diante infração cometida, de forma legalizada e escrita. Tendo esse conceito em mãos, irei apresentar uma análise sobre as teorias que, de um modo geral, buscam denominar a finalidade das penas. Originalmente, as teorias sobre as finalidades da pena são classificadas como absolutas/retributivas, relativas/preventivas, mistas/ecléticas e agnósticas. 
Na teoria retributiva, a pena tem função primordial de punição, com objetivo de compensar o crime. Porém, ela não tem a minima preocupação com quem praticou o crime. Tem a função semelhante da pena nos tempos mais antigos (Idade Média), vendo como meio de “vingança”. Um dos principais defensores dessa teoria era Kant, onde é evidente uma grande influência filosófica de base ética e moral no seu estudo dessa teoria. No caso de Kant, ele carregava o ideal de que: aquele que pratica um mal deve receber um mal por um imperativo de justiça, e a necessidade de justiça se confunde com a própria racionalidade humana. Além disso, Kant defendia que o homem é o fim de todas as coisas, jamais um meio para o fim. Para argumentar, ele criou sua famosa hipótese da ilha: “O que se deve acrescer é que, se a sociedade civil chega a dissolver-se por consentimento de todos os seus membros, como se, por exemplo, um povo que habitasse uma ilha se decidisse a abandoná-la e se dispersar, o último assassino preso deveria ser morto antes da dissolução a fim de que cada um sofresse a pena de seu crime e para que o crime de homicídio não recaísse sobre o povo que descuidasse da imposição dessa punição; porque então poderia ser considerado como cúmplice de tal violação pública da Justiça” (Emmanuel Kant, A doutrina do direito, p. 178-179).
No caso da teoria preventiva, temos um ataque direto à teoria anterior, sob o argumento de que é irracional a imposição de uma pena “por fazer justiça”. Nesse caso, a teoria preventina não trata a pena como forma de vingança ou expiação, mas sim de prevenção, aplicando no réu uma punição, que é encarada como forma de segurança do meio social. Partindo da ideia geral, podemos divididr em preventiva geral, a qual tem por característica a intimidação da sociedade para a não prática do ilícito, e preventiva especial, que possui como objeto o próprio condenado. 
Já na teoria mista, temos o ideal de unificação das duas teorias anteriores (retributiva e preventiva), porque qualquer uma destas, atuando em sentido próprio, são insuficientes para atingir e solucionar os problemas sociais, garantindo a proteção e os direitos dos cidadãos. Nesse caso, a teoria tem tríplice finalidade das penas: retribuição, prevenção e ressocialização. Uma presença dessa teoria é legislação art. 59, caput, do CP. 
Por fim, temos a teoria agnóstica, que nega a qualquer finalidade legitimadora para a pena. Os discursos das teorias preventivas e retributivas é falso, pois absolutamente incapaz de cumprir suas promessas. Não há justiça, racionalidade ou legitimidade democrática para a chamada retribuição, acrescentando ainda a dificuldade em encontrar seu objetivo (retribuir a lesão, a culpabilidade, a ruptura da expectativa social?) e a ausência de instrumentos para aferir qual seria a pena “justa”. A finalidade preventiva seria uma falácia, pois não há qualquer demonstração empírica sobre a efetividade da pena como instrumento para evitar crimes. Pelo contrário, penas cruéis são impostas há séculos, e o crime permanece como um problema sempre apontado pela opinião popular. Todas as teorias legitimadoras são discursos pseudorracionalizantes destituídos de qualquer demonstração lógica ou empírica, restando negado qualquer atributo positivo à pena. Daí a conclusão de que a teoria é negativa.
Referências bibliográficas
JUNQUEIRA, Gustavo. Manual de direito penal : parte geral / Gustavo Junqueira e Patrícia Vanzolini. – 5. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, 2019.
CAMPOS, Maria Lemos de. Teorias da pena: funções e legitimação do direito de punir estatal – 2011. Disponível em: https://www.diritto.it/teorias-da-pena-funcoes-e-legitimacao-do-direito-de-punir-estatal/. Acesso em: 06/10/2020.
MENEZES, Felipe. Teorias da Pena - 2017. Disponível em: https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/562323128/teorias-da-pena. Acesso em: 07/10/2020
KANT, Immanuel. A doutrina do direito. Tradução Edson Bini. São Paulo: EDIPRO, 2003.
MORAES, Henrique Viana Bandeira. Das funções da Pena – 2013. Disponivel em: 
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/das-funcoes-da-pena/#:~:text=TEORIA%20RELATIVA%20OU%20PREVENTIVA%20DA%20PENA&text=A%20teoria%20relativa%20ou%20preventiva,preventivo%20%C3%A0%20pr%C3%A1tica%20do%20delito. Acesso em: 06/10/2020

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