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Processo Tributário-Teoria e prática - Vitorio Cassone

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SUMÁRIO 
1 PROCEDIMENTO E PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL 
1.1 Nota introdutória 
1.2 Procedimento e processo administrativo 
1.3 Princípios que informam os processos administrativos federais 
1.3.1 Processo Administrativo Fiscal federal: fundamento 
1.4 Estrutura do CTN 
1.5 Obrigação tributária – CTN, art. 113 
1.6 Fato gerador – CTN, art. 114 
1.7 Crédito tributário – CTN, arts. 139 a 141 
1.8 Lançamento tributário – CTN, art. 142 
1.8.1 Natureza jurídica 
1.8.2 Eficácia declaratória ou constitutiva – doutrinas 
1.8.3 Base de cálculo em moeda estrangeira – CTN, art. 143 
1.8.4 Lançamento reporta-se ao fato gerador – CTN, art. 144 
1.8.5 Lançamento notificado – Alteração – CTN, art. 145 
1.8.6 Modificação nos critérios jurídicos – CTN, art. 146 
1.9 Modalidades de lançamento 
1.9.1 Lançamento por declaração – CTN, art. 147 
1.9.1.1 Retificação pelo contribuinte – CTN, arts. 147, 
§ 1º e 160 
1.9.1.2 Retificação de ofício – CTN, art. 147, § 2º 
1.9.1.3 Lançamento em face de dados inexatos – CTN, 
art. 148 
1.9.2 Lançamento de ofício – CTN, art. 149 
1.9.2.1 Lançamento de ofício propriamente dito 
1.9.2.2 Lançamento em face da revisão efetuada pelo 
Fisco 
1.9.3 Lançamento por homologação – CTN, art. 150 
1.9.3.1 Homologação expressa – Exemplo 
1.9.3.2 Débito não pago – Exigibilidade imediata 
1.10 Lançamento existente em todos os tributos 
1.11 Lançamento quando a questão é posta em juízo 
1.12 Decadência e prescrição 
1.12.1 Conceito e distinção 
1.12.2 Efeitos provocados pela EC nº 8/77 
1.13 Prazo para decidir administrativamente 
1.14 Prescrição intercorrente 
1.15 Extinção do crédito tributário 
1.16 Motivação no processo administrativo e judicial 
1.17 Controle administrativo da legalidade do ato – Verdade real ou 
material 
1.18 Prazo para guarda de documentos 
1.19 Ampla defesa, devido processo legal e duplo grau de jurisdição 
1.20 Depósito para recurso administrativo e judicial 
1.21 Contribuições Previdenciárias – Processo administrativo e judicial – 
concomitância: impossibilidade 
1.22 Prova emprestada 
1.23 Consulta fiscal 
1.24 Denúncia espontânea da infração – CTN, art. 138 
1.25 Controle de constitucionalidade pelo Tribunal Administrativo 
1.26 Julgador: responsabilidade por seus atos 
1.27 Preclusão e coisa julgada administrativa 
1.27.1 Preclusão administrativa 
1.27.2 Coisa julgada administrativa 
1.28 Desistência no processo administrativo para ir ao judiciário 
1.29 Recurso de ofício – Hipóteses de não cabimento 
1.30 Crédito tributário – Resumo esquemático 
1.31 Processo Administrativo Fiscal Federal 
1.31.1 Os fundamentos constitucionais e infraconstitucionais 
1.31.2 Processo Administrativo Fiscal Federal – Decreto 7.574, 
de 29-09-2011 – Esquema simplificado 
1.32 Tribunal de Impostos e Taxas do Estado de São Paulo 
2 AÇÕES JUDICIAIS EM MATÉRIA TRIBUTÁRIA – O CPC/2015 
2.1 O CPC 2015, sua Exposição de Motivos e o Direito de ação 
2.2 Ações judiciais tributárias 
2.3 Aplicação efetiva e supletiva do CPC/2015 
2.3.1 Aplicação supletiva do CPC e a Teoria do Diálogo das 
Fontes 
2.4 Petição inicial 
2.5 Os recursos e o efeito suspensivo 
2.6 Depósito prévio 
2.7 Duplo grau de jurisdição e Remessa necessária 
2.8 Coisa julgada formal e material 
2.8.1Coisa julgada – Limites objetivos e subjetivos – Preclusão 
2.9 Erro de cálculo e sentença de mérito 
2.1 0Tutela provisória 
2.11 Ação civil pública 
3 A ÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA 
3.1 O Mandado de Segurança na CF/88 e o art. 1º da Lei nº 12.016/09 
3.1.1 Direito líquido e certo e prova pré-constituída 
3.1.2 Ilegalidade ou abuso de poder 
3.1.3 Violação ou justo receio – MS preventivo ou repressivo 
3.1.4 MS contra ato concreto ou lei em tese 
3.1.5 Desistência no MS: possibilidade de renovar, ou não, a 
pretensão 
3.2 Art. 2º da Lei nº 12.016/09 – Hipóteses em que a competência para a 
ação do MS é federal 
3.3 Art. 3º da Lei nº 12.016/09 – Terceiro em condições idênticas 
3.4 Art. 4º da Lei nº 12.016/09 – MS em casos urgentes – Procedimento 
3.5 Art. 5º da Lei nº 12.016/09 – Hipóteses em que não se concederá MS 
3.6 Art. 6º da Lei nº 12.016/09 – Petição inicial – Autoridade coatora 
3.7 Art. 7º da Lei nº 12.016/09 – Despacho da inicial – Agravo de 
Instrumento – Teoria da causa madura 
3.8 Art. 8º da Lei nº 12.016/09 – Obstáculos ao normal andamento do 
processo 
3.9 Art. 9º da Lei nº 12.016/09 – Remessa do mandado citatório à entidade 
subordinante 
3.10 Art. 10 da Lei nº 12.016/09 – Indeferimento da inicial – Apelação – 
Litisconsorte ativo 
3.11 Art. 11 da Lei nº 12.016/09 – Execução de tarefas pelo serventuário 
do Cartório 
3.12 Art. 12 da Lei nº 12.016/09 – Parecer do Ministério Público – 
Conclusão dos autos 
3.13 Art. 13 da Lei nº 12.016/09 – Mandado concedido – Transmissão da 
sentença 
3.14 Art. 14 da Lei nº 12.016/09 – Apelação – Sentença sujeita 
obrigatoriamente ao duplo grau de jurisdição 
3.15 Art. 15 da Lei nº 12.016/09 – Suspensão de Segurança – Grave lesão 
3.16 Art. 16 da Lei nº 12.016/09 – Competência originária dos tribunais – 
Liminar – Agravo de Instrumento 
3.17 Art. 17 da Lei nº 12.016/09 – Decisões – Não publicação do acórdão 
no prazo de 30 dias – Substituição por notas taquigráficas 
3.18 Art. 18 da Lei nº 12.016/09 – Decisões proferidas em única instância 
pelos tribunais – Recursos cabíveis 
3.19 Art. 19 da Lei nº 12.016/09 – Mérito não decidido – Possibilidade de 
propor ação própria 
3.20 Art. 20 da Lei nº 12.016/09 – Processos de MS – Prioridade, 
salvo Habeas Corpus 
3.21 Arts. 21 e 22 da Lei nº 12.016/09 – MS coletivo 
3.21.1 O objeto tutelado no MSC – Direitos coletivos e 
individuais homogêneos 
3.22 Art. 23 da Lei nº 12.016/09 – MS – Decadência em 120 dias 
3.23 Art. 24 da Lei nº 12.016/09 – Litisconsórcios – Aplicação do CPC 
3.24 Art. 25 da Lei nº 12.016/09 – Descabimento dos Embargos 
Infringentes e dos honorários advocatícios 
3.25 Art. 26 da Lei nº 12.016/09 – Não cumprimento das decisões – Crime 
de desobediência 
3.26 Art. 27 da Lei nº 12.016/09 – Regimentos Internos e Leis de 
organização judiciária – Adaptação 
3.27 Art. 28 da Lei nº 12.016/09 – Vigência da Lei do MS 
3.28 Art. 29 da Lei nº 12.016/09 – Revogações 
3.29 Nota final 
4 AÇÃO DECLARATÓRIA 
4.1 Conceito 
4.2 Ação declaratória e ação anulatória: distinção 
4.3 Depósito tributário em ação judicial 
4.4 Limites da coisa julgada fiscal 
4.5 Prescrição – Direito potestativo 
4.6 Correção monetária 
4.7 Direito de crédito e o art. 166 do CTN 
5 AÇÃO ANULATÓRIA DO ATO DECLARATIVO DA DÍVIDA 
5.1 Aspectos gerais 
5.2 Dívida tributária e não tributária – Execução e o CPC/2015 
5.3 Ação que denegar a restituição – CTN, art. 169 
5.4 Depósito judicial prévio e a SV 28 
5.5 Jurisprudência 
6 AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO 
6.1 Introdução 
6.2 A disposição no CTN 
6.3 Quem pode consignar 
6.4 Foro competente 
6.5 Referências jurisprudenciais 
7 AÇÃO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO 
7.1 Introdução 
7.2 Art. 165 do CTN – Direito à restituição 
7.3 Juntada de documentos 
7.4 Art. 166 do CTN – Quem pode pedir a restituição 
7.5 Art. 167 do CTN – Juros de mora e penalidades pecuniárias 
7.6 Art. 168 do CTN – Prescrição 
7.7 Art. 169 do CTN – Prescrição 
7.8 Súmulas e julgados do STJ 
7.9 Precatório 
8 AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL 
8.1 A CF/88, o CTN/66, a Lei 4.320/64, o CPC/2015 e a LEF 6.830/80 
8.1.1 Reflexões doutrinárias 
8.1.2 Diligências para localização de bens do devedor – 
Necessidade 
8.2 Certidão da Dívida Ativa – CDA 
8.3 Exceção de pré-executividade 
8.4 Processo administrativo fiscal – Juntada 
8.5 Responsabilidade tributária do sócio – Penhora 
8.5.1 Incidente de desconsideração da personalidade jurídica – 
Hipótese direta e inversa 
8.6 Embargos do devedor 
8.6.1 Prazo 
8.7 Embargos de terceiro 
8.8 Meação do cônjuge 
8.9 Recursos 
8.10 Prescrição: interrupção e suspensão 
8.10.1 Prescrição intercorrente 
8.11 Protexto extrajudicialde CDA da União 
9 AÇÃO CAUTELAR FISCAL 
9.1 Considerações gerais 
9.2 Medida cautelar fiscal preparatória ou incidental 
9.3 Foro competente 
9.4 Jurisprudência 
10 A FAZENDA PÚBLICA EM JUÍZO 
10.1 Introdução 
10.2 Fazenda Pública: significado 
10.3 Foro competente 
10.4 Prazo em dobro e intimação pessoal 
10.5 Revelia 
10.6 Bens e direitos públicos indisponíveis 
10.7 Advocacia Geral da União (AGU) 
10.8 A AGU nas ações de interesse da União – Acordos ou transações 
10.8.1 Transação tributária – Dação em pagamento 
10.8.2 Anteprojeto sobre transação tributária 
10.8.3 Transação tributária na Itália – Fisco & Escola 
10.9 Crédito tributário: não constituição, não interposição de recursos ou 
desistência, arquivamento 
10.10 Custas, emolumentos, taxas e depósito prévio 
10.11 Honorários do perito 
10.12 Execuções não embargadas pela Fazenda Pública – Honorários 
10.13 Autenticação de cópias reprográficas 
10.14 Certidões pela Internet 
10.15 Suspensão de segurança 
10.15.1 Legislação básica 
10.15.2 Processamento da SS em MS 
10.15.3 Jurisprudência 
10.16 Responsabilidade do parecerista – LC nº 73/93 
11 RECURSO EXTRAORDINÁRIO E RECURSO ESPECIAL 
11.1 Introdução 
11.2 O RE e o REsp na CF/88 
11.3 RE e REsp – Interposição única ou conjunta 
11.3.1 Recurso adesivo 
11.4 RE – Demonstração da repercussão geral 
11.5 Julgamento do RE e REsp repetitivos 
11.6 Agravo em Recurso Especial e em Recurso Extraordinário 
11.7 Embargos de divergência 
11.8 RE e REsp – Esgotamento das vias ordinárias 
11.9 Embargos de declaração e prequestionamento 
11.10 Controle de constitucionalidade – Art. 97, CF/88 e SV 10 
11.11 Controle de constitucionalidade no STJ 
11.12 Reclamação ao STF e ao STJ 
11.13 Súmulas Vinculantes – STF 
11.14 Controle de constitucionalidade na CF/88 
11.14.1 Inconstitucionalidade formal e material – Decisões do 
STF 
11.14.2 Quadro exemplificativo sobre o controle de 
constitucionalidade das leis 
12 AÇÃO RESCISÓRIA 
12.1 Introdução 
12.2 Natureza jurídica 
12.3 Art. 966 do CPC/2015 
12.4 Súmula 343 do STF 
12.5 Arts. 967 a 974 do CPC/2015 
12.6 Prazo – Decadência 
12.7 Valor da causa 
12.8 Sentença de mérito transitada em julgado – Posterior declaração de 
inconstitucionalidade em sede de fiscalização abstrata – Descabimento da 
relativização da autoridade da coisa julgada – Postulado da segurança 
jurídica – Ação rescisória – Doutrinas 
ANEXOS 
 
1 
PROCEDIMENTO E PROCESSO 
ADMINISTRATIVO FISCAL 
1.1 NOTA INTRODUTÓRIA 
A ideia central dos autores foi a de elaborar um livro com os aspectos básicos dos 
Processos Administrativo e Judicial Tributários, procurando fornecer elementos para uma sólida 
formação acadêmica. 
Contudo, não ficaram nisso. O conteúdo foi preparado de modo a poder auxiliar os 
profissionais recém-formados a darem os primeiros passos e enfrentar, com relativa segurança, 
as complexidades que tais processos encerram. 
Para tanto, examinamos as disposições que a Constituição Federal de 1988 reserva a tais 
processos, o Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25-10-66), e, de passagem, fazemos 
referência a algumas leis ordinárias e normas infralegais pertinentes à matéria 
Em vista não só do dinamismo da legislação, como também da evolução jurisprudencial, 
será preciso completar a pesquisa, principalmente quando se passa da fase de formação 
acadêmica para a solução dos casos concretos. 
1.2 PROCEDIMENTO E PROCESSO ADMINISTRATIVO 
O Processo Tributário tem como ponto de partida a Carta da República, de cujo art. 5º 
selecionamos um inciso, a saber: 
“LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral 
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela 
inerentes.’’ 
O inciso LV do art. 5º da CF/88 está admitindo que se esteja em fase processual, ao 
utilizar-se do termo litigantes, motivo pelo qual é preciso distinguir entre: 
a) Procedimento Administrativo Fiscal: para indicar o lançamento (por qualquer de 
suas modalidades) não impugnado pelo sujeito passivo, exaurindo-se com o 
pagamento do montante do tributo e seus acréscimos legais. 
b) Processo Administrativo Fiscal: que se instaura no exato momento em que o 
lançamento é impugnado pelo sujeito passivo. Destarte, andou bem o Decreto nº 
70.235/72 (com força de lei – ADI-MC 1.922-9 e 1.976-7, DJU 24-11-2000), que 
dispõe sobre o processo administrativo fiscal federal, ao estabelecer: “Art. 14. A 
impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento.’’ 
c) Processo Judicial Tributário: que se desenvolve perante o Poder Judiciário. 
Nelson Nery Junior e Rosa Maria de Andrade Nery, examinando a Ampla Defesa, anotam:1 
“A garantia constitucional da ampla defesa aplica-se ao processo administrativo e ao 
judicial. Sua incidência na esfera recursal administrativa tem como consequência o 
direito de o administrado/contribuinte/jurisdicionado recorrer pagando apenas as 
despesas do próprio recurso (preparo), quando for o caso. […] … a LPA (Lei 
9.784/99), art. 64 par. único deve ser interpretada conforme a CF, sendo proibida 
a reformatio in pejus quando apenas o administrado interpuser recurso, porquanto a 
decisão não pode ser incongruente e, sendo o recurso ato voluntário da parte, incide o 
princípio tantum devolutum quantum appellatum, o que significa que a 
Administração somente pode ver a decisão agravar a situação do administrado, se 
ela, Administração, houver interposto, também, recurso contra a decisão 
administrativa. Entender-se o contrário caracteriza ofensa à CF 5º XXXV (“A lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.”).” 
Rubens Gomes de Sousa coloca a questão nestes termos:2 
“Falar de procedimento é falar de lançamento. Lançamento é, em tese, o objetivo do 
procedimento fiscal. Para efeitos práticos, procedimento tributário e lançamento são 
a mesma coisa.’’ 
A existência de processo administrativo é matéria de lei. Se esta o instituir (provavelmente 
há municípios que não têm processo administrativo), deve assegurar o contraditório e a ampla 
defesa. Se a lei admite o recurso hierárquico e avocatória ou homologação pela autoridade 
administrativa superior, não poderia a Fazenda Pública ir ao judiciário, quando a decisão não lhe 
é favorável, pois essa nos parece a exegese mais correta. 
Dirceu Antonio Pastorello assim se manifesta:3 
“A Fazenda Pública não só pode, como de hábito deve, ir a juízo pedir a anulação de 
decisão administrativa a ela contrária proferida quando: (a) houver manifesta 
ilegalidade no julgamento; (b) for proferida contra orientação uniforme, mansa e 
pacífica do Plenário do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal 
Federal; (c) houver prova robusta de desvios éticos de comportamento dos julgadores 
que tenham influído na desoneração do contribuinte.’’ 
1.3 PRINCÍPIOS QUE INFORMAM OS PROCESSOS 
ADMINISTRATIVOS FEDERAIS 
Encontramos, no art. 37, caput, da Constituição Federal de 1988, os princípios 
fundamentais que informam a Administração Pública da U-E-DF-M, aplicáveis ao processo 
administrativo fiscal: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. 
A Lei nº 9.784, de 29-1-1999, regula o Processo Administrativo no âmbito da 
Administração Pública Federal, e dela reproduzimos os seguintes artigos: 
“Art. 1º Esta lei estabelece normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito 
da Administração Federal direta e indireta, visando, em especial, à proteção dos 
direitos dos administrados e ao melhor cumprimento dos fins da Administração. 
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da 
legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, 
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. 
Art. 69. Os processos administrativos específicos continuarão a reger-se por lei 
própria, aplicando-se-lhes apenassubsidiariamente os preceitos desta Lei.” 
(Grifamos) 
Maria Sylvia Zanella Di Pietro bem esclarece que “o processo administrativo é formal no 
sentido de que deve ser reduzido a escrito e conter documentado tudo aquilo que ocorre no seu 
desenvolvimento; é informal no sentido de que não está sujeito a formas rígidas”.4 
1.3.1 Processo Administrativo Fiscal federal: fundamento 
Tendo em vista que é praticamente impossível tratar dos inúmeros Processos 
Administrativos Fiscais estaduais e municipais, cuidamos neste livro dos aspectos básicos do 
Processo Administrativo Fiscal federal, que contém, todavia, vários elementos que podem servir 
de orientação para os Processos Administrativos Fiscais das três esferas de governo. 
O Decreto nº 70.235, de 6-3-72, que dispõe sobre o Processo Administrativo Fiscal 
Federal, recebido como Lei pela CF/88 cf. ADI-MC 1.922/DF, vige com alterações posteriores, 
cujas normas foram consolidadas pelo Decreto nº 7.574, de 29-9-2011, posteriormente alterado 
pelo Decreto 8.853, de 22-9-2016, sob o seguinte título: “Regulamenta o processo de 
determinação e de exigência de créditos tributários da União, o processo de consulta relativo à 
interpretação da legislação tributária e aduaneira, à classificação fiscal de mercadorias, à 
classificação de serviços, intangíveis e de outras operações que produzam variações no 
patrimônio e de outros processos que especifica, sobre matérias administradas pela Secretaria da 
Receita Federal do Brasil”. 
Na Questão de Ordem no RE 105.169-8/DF (DJU 10-8-89), o Min. Sydney Sanches, em 
voto-vista, fundamenta o Decreto nº 70.235/72 nos Atos Institucionais nos 5/68 e 12/69, e no 
Decreto-lei nº 822/69, cujo art. 2º outorgou ao Poder Executivo o poder de regular o processo 
administrativo (fls. 378-379). 
1.4 ESTRUTURA DO CTN 
O CTN foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 na qualidade de lei 
complementar. Confira-se: 
“Art. 146. Cabe à lei complementar: 
III – estabelecer normas gerais em matéria de legislação 
tributária, especialmente sobre: 
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;” 
Vamos examinar todos esses institutos constitucionais do direito tributário. 
Antes, porém, é importante observar a estrutura do CTN, pois ela nos ajuda, por exemplo, 
a entender por que com a ocorrência do fato gerador a obrigação tributária é, nesse 
momento, ilíquida, que o lançamento transforma em líquida; ou que a isenção exclui o crédito 
tributário: 
“Livro Segundo 
NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO 
Artigos 96 a 218 
Título I 
LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
Artigos 96 a 112 
Título II 
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 
Artigos 113 a 138 
Título III 
CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
Artigos 139 a 193 
Título IV 
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA 
Artigos 194 a 218” 
1.5 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA – CTN, ART. 113 
A obrigação tributária é assim definida pelo CTN: 
“Art. 113. A obrigação tributária é principal e acessória. 
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o 
pagamento de tributo ou penalidade e extingue-se juntamente com o crédito dela 
decorrente. 
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as 
prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da 
fiscalização dos tributos. 
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em 
obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária.” 
Assim, com a ocorrência do fato gerador, surge a obrigação tributária ilíquida, que o 
lançamento torna líquida, certa e exigível. 
1.6 FATO GERADOR – CTN, ART. 114 
O fato gerador é assim definido pelo CTN: 
“Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como 
necessária e suficiente à sua ocorrência. 
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da 
legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure 
obrigação principal.” 
Para que se considere fato gerador tributário, é necessário que o fato se subsuma 
(corresponda rigorosamente) à hipótese de incidência estabelecida em lei, consubstanciando 
o princípio da legalidade e o tipo tributário fechado, no sentido de que todos os elementos da 
hipótese de incidência devem estar previstos em lei, sob pena de, faltando apenas um, não se 
terá instituído o tributo. E se posteriormente for editada lei para complementar, somente nesta se 
caracteriza a vigência. 
1.7 CRÉDITO TRIBUTÁRIO – CTN, ARTS. 139 A 141 
O CTN trata do crédito tributário nestes termos: 
“Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza 
desta. 
Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus 
efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua 
exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem. 
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituído somente se modifica ou 
extingue, ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluída, nos casos previstos nesta 
Lei, fora dos quais não podem ser dispensadas, sob pena de responsabilidade 
funcional na forma da lei, a sua efetivação ou as respectivas garantias.” 
O art. 139 está dizendo que com a ocorrência do fato gerador surge, instantaneamente, a 
obrigação tributária, que é ilíquida, que o lançamento (definitivo ou certificado) converte em 
crédito tributário. 
1.8 LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO – CTN, ART. 142 
Estabelece o CTN: (ver AgR-RE 454.753, STF, 2ª Turma) 
“Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito 
tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente 
a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a 
matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo 
e, sendo o caso, propor a aplicação da penalidade cabível.” 
Vários são os aspectos que envolvem o lançamento tributário, quer quanto às suas 
modalidades, quer em relação aos demais institutos que gravitam em torno dele, tais como a 
decadência, a prescrição, o crédito tributário na sua exigibilidade e na sua extinção, a denúncia 
espontânea.5 
Passamos, então, a examinar os aspectos básicos do lançamento. 
1.8.1 Natureza jurídica 
Em face de sua importância, nos itens seguintes examinaremos a natureza jurídica do 
lançamento, pois ele encerra o prazo de decadência.6 
1.8.2 Eficácia declaratória ou constitutiva – doutrinas 
Três são as doutrinas que procuram explicar os efeitos jurídico-tributários do lançamento, 
a saber: 
a) Teoria declaratória: afirma que o lançamento tem apenas o efeito de declarar o 
crédito tributário, em face do fato gerador ocorrido, motivo pelo qual o lançamento 
não poderia constituir algo que já estava constituído. 
Que o lançamento declara um determinado crédito, está correto. Todavia, a crítica que 
fazemos a essa teoria é no sentido de que ela não distingue uma obrigação tributária ilíquida de 
uma obrigação tributária tornada líquida pelo lançamento, ficando tão somente no 
sentido declaratório do lançamento. 
b) Teoria constitutiva: afirma que o lançamento tem por fim certificar se o fato 
gerador deveras ocorreu, pelo que por ele tão somente se constitui o crédito 
tributário. 
Se assim fosse, de constituir o crédito tributário (no sentido de inovar a ordem jurídica), 
estar-se-ia levando em consideração não a alíquota de 12% estabelecida pela lei vigente no 
momento da ocorrência do fato gerador, mas a alíquota de 15% ou 7% estabelecida pela lei 
vigente no momento do lançamento, pois neste momento o crédito ficaria constituído. 
c) Teoria declaratória e constitutiva (dualista): por ela, a natureza jurídica do 
lançamento é declaratória, porque declara uma situação (um fato gerador que 
ocorreu – 12%) preexistente (ao lançamento); e constitutiva do crédito tributário, 
porque pelo lançamento se apura umcrédito tributário líquido (na sua 
quantificação), certo (certeza jurídica) e exigível (judicialmente, se não satisfeito). 
Pertencemos a esta última corrente doutrinária majoritária, que, como esperamos ter 
demonstrado, está em perfeita harmonia com o CTN. 
Com efeito, o lançamento, nos termos do CTN: 
1. declara a ocorrência do fato gerador (art. 142); 
2. constitui o crédito tributário (art. 142); 
3. é retroativo (art. 144); 
4. fixa o termo inicial da prescrição: no momento (dia) em que o lançamento 
é definitivo, fixa-se o termo inicial do prazo de prescrição da ação de execução 
fiscal (art. 174). 
1.8.3 Base de cálculo em moeda estrangeira – CTN, art. 143 
Dispõe o CTN: 
“Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja 
expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda 
nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.” 
Pode haver hipóteses em que a legislação preveja que a base de cálculo do tributo esteja 
expressa em moeda estrangeira, caso em que deverá ser convertida em moeda nacional ao 
câmbio do dia da ocorrência do fato gerador. 
A “lei” será da pessoa política competente para exigir o tributo. 
1.8.4 Lançamento reporta-se ao fato gerador – CTN, art. 144 
Dispõe o CTN: 
“Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação 
e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. 
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato 
gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de 
fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas, 
ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, 
para o efeito de atribuir a responsabilidade tributária a terceiros. 
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos 
de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador 
se considera ocorrido.” 
O caput do art. 144 não deixa dúvidas ao estabelecer que o lançamento reporta-se à data da 
ocorrência do fato gerador, não influindo na apuração do montante do tributo a eventual 
alteração legislativa posterior. 
O § 1º do art. 144 admite que se aplica ao lançamento a legislação superveniente à data de 
ocorrência do fato gerador, que institua novos critérios de apuração do tributo devido, que não 
se confundem com a modificação nos critérios jurídicos no exercício do lançamento (ver art. 
146 logo adiante), de natureza interpretativa (motivo pelo qual a legislação superveniente não 
pode retroagir para ser aplicada em relação a fato gerador ocorrido anteriormente). 
Do AgRg no AI 1329960/SP (STJ, 1ª Turma, Luis Fux, unânime, 03-02-2011, DJe 22-02-
2011), reproduzimos os seguintes trechos: 
“8. A Primeira Seção, quando do julgamento do REsp 1134665/SP, Dje 18-12-2009, 
sujeito ao regime dos “recursos repetitivos”, reafirmou o entendimento de que: “8. O 
lançamento tributário, em regra, reporta-se à data da ocorrência do fato ensejador da 
tributação, regendo-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou 
revogada (artigo 144, caput, do CTN). 
9. O artigo 144, § 1º, do Codex Tributário, dispõe que se aplica imediatamente ao 
lançamento tributário a legislação que, após a ocorrência do fato imponível, tenha 
instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os 
poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito 
maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir 
responsabilidade tributária a terceiros. 
10. Consequentemente, as leis tributárias procedimentais ou formais, conducentes à 
constituição do crédito tributário não alcançado pela decadência, são aplicáveis a 
fatos pretéritos, razão pela qual a Lei 8.021/90 e a Lei Complementar 105/2001, por 
envergarem essa natureza, legitimam a atuação fiscalizatória/investigativa da 
Administração Tributária, ainda que os fatos imponíveis a serem apurados lhes sejam 
anteriores (Precedentes da Primeira Seção: EREsp 806.753/RS, Rel. Min. Herman 
Benjamin, j. 22-8-2007, DJe 01.09.2008; EREsp 726.778/PR, Rel. Min. Castro 
Meira, j. 14-2-2007, DJ 05.03.2007; e EREsp 608.053/RS, Rel. Ministro Teori 
Albino Zavascki, j. 09.08.2006, DJ 04.09.2006).” 
1.8.5 Lançamento notificado – Alteração – CTN, art. 145 
Dispõe o CTN: 
“Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser 
alterado em virtude de: 
I – impugnação do sujeito passivo; 
II – recurso de ofício; 
III – iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no art. 
149.” 
Exemplo: 
I – impugnação pelo sujeito passivo: refere-se aqui ao lançamento revisto em face de 
impugnação do sujeito passivo, em que o Fisco concorda com a impugnação do 
contribuinte. Se o crédito tributário notificado consistia em 100, e o contribuinte 
impugnou demonstrando que é 80, o Fisco pode alterá-lo passando o crédito 
tributário de 100 para 80; 
II – recurso de ofício: o recurso de ofício é obrigatório no âmbito do Processo 
Administrativo Fiscal Federal (art. 34 do Decreto nº 70.235/72), cuja decisão, em 
face do recurso de ofício, implica alteração do lançamento; 
III – iniciativa de ofício da autoridade administrativa: a alteração da notificação do 
lançamento se dá desde que presente uma das hipóteses descritas no art. 149 do CTN. 
1.8.6 Modificação nos critérios jurídicos – CTN, art. 146 
Dispõe o CTN: 
“Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão 
administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade 
administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a 
um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua 
introdução.” 
Pode acontecer que a Administração Tributária altere o critério jurídico (interpretativo) 
que mantinha no exercício do lançamento tributário, por motivação própria ou por decisão 
judicial, hipótese em que, em respeito ao princípio da legalidade e à segurança jurídica, o novo 
critério somente passa a surtir efeitos em relação a fatos geradores que ocorram posteriormente 
a sua introdução. 
O Ministro Moreira Alves explica:7 
“O próprio CTN não admite a mudança quando se trata de critério jurídico. Mas, 
quando há mudança de fato, pode ser alterada a motivação. É a retificação do 
lançamento. No momento em que a autoridade o modifica está efetuando um novo 
lançamento, e isto está sujeito a prazo de decadência (obviamente se ocorrer a 
decadência não poderá mais lançar).” 
Rubens Gomes de Sousa ensina:8 
“Quando o fisco, mesmo sem erro, tenha adotado uma conceituação jurídica certa e 
depois pretenda substituí-la por outra igualmente certa, porém mais favorável, no 
sentido de importar em maior tributo, também não pode fazê-lo: com efeito, se 
admitirmos que o Fisco possa variar de critério jurídico na apreciação do fato 
gerador, estaremos admitindo que possa adotar o critério que prefira por motivos de 
simples oportunidade, o que equivale a admitir que a atividade de lançamento 
seja discricionária, quando ao contrário já vimos que se trata de atividade vinculada 
(§ 20).” 
Interessantíssima a solução dada pela 1ª Turma do STF (RE 96.671-4-SP, 
unânime, DJU 21-10-1983), conhecendo do RE da empresa contribuinte (não inclusão do ICM 
no cálculo do FUNRURAL) e dar-lhe provimento. Do voto-condutor do relator, Min. Oscar 
Corrêa, reproduzimos os seguintes trechos: 
“5. Data venia daquelas abalizadas opiniões, aderimos ao voto vencido, ao frisar (fls. 
312): 
‘Com efeito, provou a impetrante o caráter normativo como foram adotadas 
as respostas a consultas, exemplificadas com a que foi dada à Comissão do 
Comércio de Cacau, da Bahia, explicitante da não inclusão do ICM no encontro do 
valorcomercial do produto gravada pelo FUNRURAL – fls. 215. 
Portanto, comportando-se por essa forma, tanto que mensalmente efetuava a sua 
contribuição calculada por aquele parâmetro, à ora apelada não me parece que se 
possa atribuir débito decorrente de diferença de cálculo, num período longamente 
anterior à mudança da interpretação fiscal’ (fls. 315). 
E afirma: 
‘Com todas as letras, o art. 146 do CTN veda essa retroação de critérios. A meu 
ver, não importa que os critérios anteriormente adotados para o cálculo da 
contribuição se inserissem em consulta de outro contribuinte. O que importa é a 
natureza normativa detida pelas deliberações que autorizavam aquela determinada 
forma de cálculo, aplicada a todos os contribuintes, dentre os quais a postulante de 
agora. Digo mais, escritos ou não, os critérios anteriores ganharam foros de 
generalidade, visto que a sua prática não se limitou às relações com aquela 
consulente, mas se estendeu a todos os contribuintes, como dá conta o costumeiro 
recolhimento da contribuição pela ora apelada. 
Logo, quando os órgãos administrativos competentes reviram a matéria, 
introduzindo a combatida modificação de critérios, desde aí havia-se de rejeitar os 
períodos transatos, tal qual a determinação do art. 146 do CTN, no sentido de que 
qualquer modificação nos critérios jurídicos adotados pela autoridade 
administrativa somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito 
passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução. 
É bem o caso dos autos. A modificação do critério de cálculo da contribuição 
ocorreu a teor da aprovação do Parecer nº 34/73, em 14-3-74, e do Parecer 168/74, 
em 1-10-74. Até ali não se discutia a comentada exclusão do ICM, como de 
ordinário agiu a apelada no recolhimento de suas contribuições no assinalado 
período de outubro de 1967 a dezembro de 1973. 
Logo, a meu ver, o levantamento de débito, levado a cabo em 10-7-74 (fls. 40), para 
apurar diferenças de contribuição conforme o cálculo sobre o ICM, viola a dita 
disposição legal, posto que corresponde a período anterior à mudança do critério 
administrativo então pacificamente adotado, quando nada até a data de aprovação 
daquele primeiro parecer, marco da nova regra de cálculo.’ 
6. A conclusão parece-nos irrepreensível e a acolhemos. Como, aliás, ALIOMAR 
BALEEIRO, invocado pela Recorrente, ao comentar o artigo 146 do CTN: 
‘Modificação de critérios: já vimos que entre as normas complementares das leis, 
tratados e decretos, integrantes da ‘legislação tributária’, tal como está conceituada 
nos arts. 96 a 100 do CTN, incluem-se também os atos normativos das autoridades 
administrativas, as decisões dos órgãos singulares ou coletivos, desde que tenham 
eficácia normativa, e as práticas reiteradamente observadas por aquelas 
autoridades. 
Mas essas ‘normas complementares’ também podem ser substituídas por outras ou 
modificadas em seu alcance ou nos seus efeitos. 
Nesses casos, em se tratando de normas relativas ao lançamento, a inovação só se 
aplicará ao mesmo contribuinte se ocorrer fato gerador posteriormente à 
modificação. Sobrevivem as situações constituídas anteriormente, e que são 
definitivas. 
No Agravo de Instr. nº 29603-RGS, 18-06-65, RTJ 34/542, o STF, 2ª Turma, decidira 
já que a mudança de critério ou orientação da autoridade fiscal não pode prejudicar 
o contribuinte que agiu de acordo com o critério anterior, predominante ao tempo 
da tributação.’ 
7. Ora, dos próprios termos da resposta da Comissão Diretora do FUNRURAL (fls. 
215), verifica-se que não se refere ela ao cacau, mas, genericamente, à contribuição 
de 1% devida ao FUNRURAL.” 
No REsp 1130545/RJ. A 1ª Seção do STJ, Luiz Fux, unânime, 09-08-2010, DJe 22-02-
2011, decidiu, a teor da sua ementa a seguinte parcialmente reproduzida: 
“PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE 
CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO E PROCESSO 
ADMINISTRATIVO FISCAL. LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. IPTU. 
RETIFICAÇÃO DOS DADOS CADASTRAIS DO IMÓVEL. FATO NÃO 
CONHECIDO POR OCASIÃO DO LANÇAMENTO ANTERIOR (DIFERENÇA 
DA METRAGEM DO IMÓVEL CONSTANTE DO CADASTRO). 
RECADASTRAMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. REVISÃO DO 
LANÇAMENTO. POSSIBILIDADE. ERRO DE FATO. CARACTERIZAÇÃO. 
[…] 
4. Destarte, a revisão do lançamento tributário, como consectário do poder-dever de 
autotutela da Administração Tributária, somente pode ser exercido nas hipóteses do 
artigo 149, do CTN, observado o prazo decadencial para a constituição do crédito 
tributário. 
5. Assim é que a revisão do lançamento tributário por erro de fato (artigo 149, inciso 
VIII, do CTN) reclama o desconhecimento de sua existência ou a impossibilidade de 
sua comprovação à época da constituição do crédito tributário. 
6. Ao revés, nas hipóteses de erro de direito (equívoco na valoração jurídica dos 
fatos), o ato administrativo de lançamento tributário revela-se imodificável, máxime 
em virtude do princípio da proteção à confiança, encartado no artigo 146, do CTN, 
segundo o qual “a modificação introduzida, de ofício ou em consequência de decisão 
administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade 
administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a 
um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua 
introdução”. 
7. Nesse segmento, é que a Súmula 227/TFR consolidou o entendimento de que ‘a 
mudança de critério jurídico adotado pelo Fisco não autoriza a revisão de 
lançamento’.” 
1.9 MODALIDADES DE LANÇAMENTO 
O CTN, nos arts. 147 a 150, trata dos lançamentos, que são privativos da autoridade 
administrativa, nos termos do art. 142 do CTN: 
a) por declaração (ou misto); 
b) de ofício; e 
c) por homologação (impropriamente nomeado pela doutrina de autolançamento, 
como veremos em subitem logo adiante). 
1.9.1 Lançamento por declaração – CTN, art. 147 
No lançamento por declaração, o contribuinte apresenta formulário (declaração de 
informações), cujos dados nele contidos, se considerados corretos, são tomados pelo Fisco para 
apurar o montante do tributo devido, nos termos do seguinte dispositivo do CTN: 
“Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de 
terceiros, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade 
administrativa informações sobre a matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. 
§ 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a 
reduzir ou a excluir o tributo, só é admissível mediante a comprovação do erro em 
que se funde, e antes de notificado o lançamento. 
§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de 
ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.” 
É também denominado de lançamento “misto”, porque: (a) o contribuinte apresenta a 
declaração; (b) o Fisco toma os dados nela contidos, apura o tributo a pagar e expede 
notificação ao contribuinte; (c) e o contribuinte paga. 
Entretanto, é possível que esse proceder existiu nos primórdios do IR, porque, 
hodiernamente, o contribuinte, mês a mês, trimestralmente ou em outro período assinalado pela 
legislação, apura o valor do IR e paga, e no formulário de Declaração de Ajuste Anual são feitos 
os eventuais acertos, a maior ou a menor. 
Com efeito, Zuudi Sakakihara não vislumbra, no IR, espécie de lançamento por 
declaração:9 
“Lançamento com base em declaração. O que caracteriza esta modalidade não é a 
simples existência de declaração a cargo do sujeito passivo, ou de terceiros, mas o 
fato de que a autoridade administrativa necessita das informações contidas nessas 
declarações, para poder efetivar o lançamento. Não se caracteriza esta modalidade de 
lançamento quando as declarações são exigidas do sujeito passivo apenas para fins de 
controle e fiscalização do tributo, como ocorre, hoje, com o Imposto de Renda, o 
ICMS,o IPI e outros. 
Tal como se apresenta atualmente o sistema tributário nacional, não se tem 
conhecimento de nenhum tributo, cujo lançamento seja feito com base na declaração 
do sujeito passivo, ou de terceiros.” 
1.9.1.1 Retificação pelo contribuinte – CTN, arts. 147, § 1º e 160 
É direito e dever do contribuinte proceder à retificação da declaração, nos termos do art. 
147, § 1º, antes, porém, de ser notificado do lançamento, porquanto, após a notificação, será esta 
que deve ser atacada através de regular processo. 
Assim, o contribuinte, não se conformando com a notificação, poderá impugná-la no prazo 
de 30 dias, se outro prazo não for fixado pela legislação que trata do tributo: 
“Art. 160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do pagamento, o 
vencimento do crédito ocorre 30 (trinta) dias depois da data em que se considera o 
sujeito passivo notificado do lançamento. 
Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do 
pagamento, nas condições que estabeleça.” 
1.9.1.2 Retificação de ofício – CTN, art. 147, § 2º 
O art. 147, § 2º, trata da retificação na declaração procedida pelo Fisco, em face da 
existência de erro, não importando se em favor do Fisco ou do contribuinte. 
Exemplo: do devido, deixou de deduzir uma antecipação de tributo pago, ou do IR-
fonte que lhe foi descontado por alguma fonte pagadora. 
Américo Lacombe assim se manifesta:10 
“O § 2º determina a retificação de ofício, pela Administração, dos erros contidos na 
declaração do sujeito passivo, e facilmente apuráveis pela sua própria verificação. 
Torna-se, no entanto, necessário que tais erros sejam realmente verificáveis pela 
simples leitura da declaração, erros de cálculo, por exemplo, omissão de rendimentos 
de declaração da fonte pagadora etc.” 
1.9.1.3 Lançamento em face de dados inexatos – CTN, art. 148 
Ainda como modalidade de lançamento por declaração, dispõe o CTN: 
“Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o 
valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, 
mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam 
omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os 
documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, 
ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou 
judicial.” 
O dispositivo trata de hipótese em que o valor ou preço é inferior ao real, acarretando 
menor tributação em relação àquela pretendida pelo Fisco. 
O Fisco só poderá arbitrar o valor ou preço (faturamento, renda, serviço) na presença 
de fortes indícios comprovados, abrindo-se oportunidade ao contribuinte para apresentar 
defesa. 
Em geral, se os indícios são fracos, cabe ao Fisco provar. Se são fortes, inverte-se o ônus 
da prova. 
Ruy Barbosa Nogueira, saudoso mestre das Arcadas-USP, parte do art. 142 e tece 
considerações a respeito do art. 148 do CTN:11 
“Que é atividade vinculada? É a atividade que não pode se separar da legalidade, 
tanto no que respeita ao conteúdo, quanto à forma. 
Mas, como então explicar que na atividade de lançamento a legislação prevê casos de 
discrição? 
Assim, por exemplo, o art. 148 do CTN dispõe que no cálculo do tributo baseado em 
preço ou valor, se omissos ou desmerecedores de fé os dados do contribuinte, 
mediante processo regular poderão ser arbitrados, ressalvada, em caso de 
contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. 
Em primeiro lugar, embora se empregue o adjetivo ‘arbitrado’, como se vê, não se 
trata do arbítrio no sentido de contrário à lei, mas de estimativa mediante ‘processo 
regular’. 
Exatamente neste passo, convém lembrar que a administração, quando autorizada a 
agir discricionariamente, o faz porque a própria lei lhe traça mais de um caminho, 
todos legais, regrados, e ela, em face da situação de fato, pode adotar um dos 
métodos ou critérios legais que a lei lhe faculta. 
Além disso, como muito bem salienta BLUMENSTEIN a chamada providência 
discricionária dentro do lançamento é uma figura diferente da discrição do restante 
do Direito Administrativo, pois aqui ela não é subtraída da apreciação jurisdicional. 
O lançamento resultante da chamada providência discricionária pode ser submetido 
integralmente à revisão dos tribunais administrativos fiscais ou do Poder Judiciário. 
Aliás, isso tudo está previsto no próprio texto do art. 148, citado como caso 
permissivo de discricionariedade que não revogue o princípio da legalidade 
contrastável. 
O que vem a ser obrigatória? 
Obrigatória quer dizer que deve ser procedida de ofício, não é facultativa, mas 
imperativa, não pode deixar de ser cumprida pelo administrador. 
Portanto, quer a apuração quer a apreciação estão estritamente vinculadas à exatidão 
do fato e aos limites da lei.” 
1.9.2 Lançamento de ofício – CTN, art. 149 
O lançamento ex officio é previsto pelo CTN nas seguintes hipóteses: 
“Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa 
nos seguintes casos: 
I – quando a lei assim o determine; 
II – quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma 
da legislação tributária; 
III – quando a pessoa jurídica legalmente obrigada, embora tenha prestado 
declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da 
legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade 
administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo 
daquela autoridade; 
IV – quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento 
definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; 
V – quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente 
obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo precedente; 
VI – quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro 
legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; 
VII – quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, 
agiu com dolo, fraude ou simulação; 
VIII – quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do 
lançamento anterior; 
IX – quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta 
funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou 
formalidade essencial. 
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto 
o direito da Fazenda Pública.” 
Note-se que o art. 149, caput, trata de duas hipóteses: 
a) lançamento de ofício propriamente dito; 
b) lançamento em face da revisão efetuada pelo Fisco. 
1.9.2.1 Lançamento de ofício propriamente dito 
O que denominamos de lançamento de ofício propriamente dito refere-se aos casos em 
que o Fisco é detentor de elementos suficientes para efetuar o lançamento, notificando o 
contribuinte sobre o montante do tributo devido. 
A doutrina costuma dizer que o IPTU pertence à categoria de tributos sujeitos 
a lançamento ex officio. Isto ocorre porque a Prefeitura calcula o valor do tributo com base nos 
dados cadastrais que possui em seus arquivos. No entanto, quem fornece tais elementos é o 
contribuinte, pois é obrigado a preencher o formulário “Inscrição imobiliária”, que contém 
todos os dados para o lançamento. E, sempre que houver alguma alteração no imóvel (reforma, 
permuta, doação, alienação parcial ou total), o contribuinte é obrigado a atualizar os dados 
cadastrais. 
Do STJ, trazemos a colação, a título de exemplo: 
“AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPVA. O SUPERIOR TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA CONSOLIDOU O 
ENTENDIMENTO DE QUE, NOS TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO DE 
OFÍCIO, TAL COMO O IPVA E O IPTU, A PRÓPRIA REMESSA, PELO FISCO, 
DA NOTIFICAÇÃO PARA PAGAMENTO OU CARNÊ CONSTITUIO 
CRÉDITO TRIBUTÁRIO, MOMENTO EM QUE SE INICIA O PRAZO 
PRESCRICIONAL QUINQUENAL PARA SUA COBRANÇA JUDICIAL, NOS 
TERMOS DO ART. 174 DO CTN. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO 
REGIMENTAL DESPROVIDO. 
1. Trata-se, na origem, de exceção de pré-executividade em execução fiscal de IPVA 
em que rejeitada a alegação de prescrição dos créditos referentes aos anos de 2002, 
2003 e 2004. 
2. O STJ consolidou o entendimento de que, nos tributos sujeitos a lançamento de 
ofício, tal como o IPVA e o IPTU, a própria remessa, pelo Fisco, da notificação para 
pagamento ou carnê constitui o crédito tributário, momento em que se inicia o prazo 
prescricional quinquenal para sua cobrança judicial, nos termos do art. 174 do CTN. 
Precedentes: AgRg no Ag 1.399.575/RJ, Rel. Min. HUMBERTO 
MARTINS, DJe 04.11.2011, REsp. 1.197.713/RJ, Rel. Min. ELIANA 
CALMON, DJe 26.08.2010, AgRg no Ag 1.251.793/SP, Rel. Min. HAMILTON 
CARVALHIDO, DJe 08.04.2010, e REsp. 1.069.657/PR, Rel. Min. BENEDITO 
GONÇALVES, DJe 30.03.2009. 
3. No caso dos autos, a execução fiscal foi proposta em 07.04.2008, e o despacho que 
ordenou a citação foi proferido em 14.04.2008, o que indica estar prescrito apenas o 
crédito tributário referente ao exercício de 2002, considerando o entendimento 
firmado no REsp. 1.120.295/SP, Rel. Min. LUIZ FUX, DJe 21.05.2010, feito 
submetido ao rito do art. 543-C do CPC. Afastada a Súmula 7/STJ. 
4. Agravo Regimental desprovido.” (AgRg no AREsp 227704/RS, STJ, 1º Turma, 
Napoleão Nunes Maia Filho, unânime, 19-05-2015, Dje 05-06-2015) 
“[…] 
3. À luz do disposto no art. 174, caput, do CTN, a ação para a cobrança do crédito 
prescreve em 5 anos contados da data da sua constituição definitiva, ou no caso, a 
partir do inadimplemento do parcelamento. 
4. O parcelamento suspende a exigibilidade do crédito tributário e interrompe o prazo 
prescricional, que volta a correr no dia em que o devedor deixa de cumprir o acordo. 
5. Transcorridos mais de cinco anos entre o inadimplemento do parcelamento e a 
propositura da execução fiscal, configura-se a prescrição da pretensão à cobrança do 
tributo. 
6. Cumpre ressaltar, por fim, quanto à prejudicialidade da prescrição, uma vez que a 
demora da interposição do pleito executivo deu-se por mecanismos inerentes ao 
Judiciário e não à inércia do fisco, tal conclusão é inviável de modificação na 
instância especial, ante o óbice da Súmula 7 do STJ (REsp 1.102.431/RJ, Rel. Min. 
Luiz Fux, Primeira Seção, DJe 1.2.2010, também submetido ao regime dos recursos 
repetitivos – art. 543-C do CPC). 
Agravo regimental improvido.” (AgRg no AREsp 547167/SC, STJ, 2ª Turma, 
Humberto Martins, unânime, 14-10-2014, Dje 24-10-2014 – Transcrição parcial da 
ementa) 
1.9.2.2 Lançamento em face da revisão efetuada pelo Fisco 
O lançamento em face de revisão de lançamento efetuada pelo Fisco se dá por diversos 
motivos, geralmente em vista de alguma irregularidade que proporcionou pagamento a menor 
do tributo, e só pode ser iniciada enquanto não extinto o crédito tributário. 
Rubens Gomes de Sousa esclarece:12 
“Em matéria de revisão de lançamentos é necessário distinguir entre o erro de fato e 
o erro de direito. O lançamento, como já vimos (§ 26), é um ato 
apenas declaratório que se refere a um fato anterior (o fato gerador); portanto, se na 
constatação das características materiais desse fato, o fisco incorreu em erro, (p. ex., 
se lançou um terreno por 10 metros de frente quando na realidade o terreno tem 15), 
ou se descobre outros fatos que ignorava ou que lhe fossem ocultados, não há 
dúvida que pode fazer novo lançamento ou lançamento suplementar, mesmo depois 
de pago o tributo, porque nestes casos trata-se de erro de fato, isto é, a obrigação 
tributária terá sido criada em desacordo com o fato gerador tal como esse realmente 
ocorreu. Mas se o fisco incorreu em erro de direito, isto é, se cometeu um erro na 
apreciação da natureza jurídica do fato gerador (p. ex. se conceituou como doação 
um contrato que na realidade era uma venda), não pode rever o lançamento: com 
efeito, o direito se presume conhecido, o que significa que ninguém pode alegar que 
o desconhecia ou que errou a seu respeito (Lei de Introdução ao Código Civil, dec. 
Lei 4.657, de 4-9-42, artigo 3º).” 
No AgRg no Ag em REsp 30.272/MG (DJe de 27-10-2011), a 2ª Turma do STJ, Mauro 
Campbell Marques, decidiu que a diferença de padrão de acabamento de imóvel constitui erro 
de fato, podendo o lançamento de IPTU ser corrigido de ofício. 
Finalmente, cumpre registrar que o STF distinguiu entre inscrição da dívida ativa 
e lançamento tributário: 
“Constituição do crédito tributário. Lançamento. Decadência. Inscrição da dívida 
ativa. 
– Inconfundíveis a inscrição da dívida ativa e o lançamento tributário, neste é que 
se verifica a constituição do crédito tributário e o termo ad quem do prazo de 
decadência (art. 173 do CTN). Recurso extraordinário conhecido e provido” (RE 
94.509-1-SP, STF, 1ª Turma, Rafael Mayer, unânime, 2-2-1982, DJU 19-2-1982 – 
Recorrente: União Federal). 
1.9.3 Lançamento por homologação – CTN, art. 150 
O lançamento por homologação é assim definido pelo CTN: 
“Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja 
legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio 
exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, 
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a 
homologa. 
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o 
crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. 
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à 
homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total 
ou parcial do crédito. 
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na 
apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou 
sua graduação. 
§ 4º Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da 
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha 
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o 
crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.” 
O lançamento por homologação costuma ser nomeado de autolançamento, porque o 
contribuinte procederia, ele mesmo, ao lançamento. 
Entretanto, o sujeito passivo não efetua o lançamento propriamente dito, sujeito à 
homologação pela autoridade administrativa. Ele simplesmente exerce a atividade de calcular o 
tributo devido, informar e pagar no prazo assinalado pela legislação. E é toda essa atividade 
(cumprimento das obrigações acessória e principal) que está sujeita à homologação. 
Isso decorre de uma simples leitura do art. 150, caput, do CTN, combinado com o art. 142 
do mesmo Código. 
Ao examinar tal atividade do contribuinte, e o Fisco encontra divergências entre o 
pagamento efetuado ($ 500) e a GIA ($ 800), homologa a parte incontroversa ($ 500), e lança a 
diferença ($ 300). E se o pagamento foi efetuado a maior, cumpre-lhe devolver o valor 
recolhido a maior (princípio da legalidade, da moralidade e da eficiência – art. 37, caput, CF). 
Para esse proceder, descrito nos arts. 142 a 150, o Fisco mantém os mais variados 
controles, internos e externos, inclusive através das fiscalizações “gerais”, “específicas” ou 
“dirigidas”, mormente hodiernamente com os amplos recursos que a informática oferece. 
Esse conjunto de elementos faz com que o servidor público cumpra com o poder e 
o dever de lançar, pois, do contrário, incide em responsabilidade funcional (art. 142, parágrafo 
único, CTN), mormente quando se sabe que, hodiernamente, a maioria dos tributos está sujeita a 
lançamento por homologação.13 
No AgRg no REsp 1.263.829/SP (DJe de 11-11-2011), a 2ª Turma do STJ, HumbertoMartins, decidiu: 
“1. No caso de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados e não 
pagos, o Fisco dispõe de cinco anos para a cobrança do crédito, contados do dia 
seguinte ao vencimento da exação ou da entrega da declaração pelo contribuinte, o 
que for posterior. Só a partir desse momento, o crédito torna-se constituído e exigível 
pela Fazenda pública. Orientação firmada pela Primeira Seção, no julgamento do 
REsp 1.120.295/SP, Rel. Min. Luiz Fux (DJe de 21-5-2010), submetido ao regime do 
art. 543-C do CPC.” 
Sobre ser matéria constitucional ou infraconstitucional, decidiu a 2ª Turma do STF no 
AgR no AI nº 716.397/SP, Joaquim Barbosa, unânime, 5-10-2010, DJe-216 publ. 11-11-2010: 
“TRIBUTÁRIO. DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO. EQUIVOCADA JUNÇÃO 
DOS RESPECTIVOS PRAZOS. MÁ INTERPRETAÇÃO DOS ARTS. 150, § 4º E 
173, I DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. CASO CONCRETO EM QUE O 
ERRO PARTE EXCLUSIVAMENTE DA INTERPRETAÇÃO DOS TEXTOS 
INFRACONSTITUCIONAIS E NÃO HÁ APELO À FUNDAMENTAÇÃO 
CONSTITUCIONAL AUTÔNOMA. IMPOSSIBILIDADE DE CORREÇÃO NA 
FORMA PRETENDIDA. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. 
1. Dentre outras hipóteses, a discussão sobre a má interpretação dos arts. 150, § 4º e 
173, I do CTN teria alçada constitucional se: 1.1. A Constituição previsse a 
existência de normas gerais de direito tributário como condição necessária à 
instituição ou à cobrança da exação e, a despeito de eventual ausência da respectiva 
lei complementar, o Tribunal houvesse por bem aplicar a legislação local sobre o 
tema; 2.2. Para justificar de modo decisivo a aplicação ou a não aplicação da norma 
infraconstitucional fossem invocadas normas constitucionais, de forma explícita ou 
implícita (Precedentes); 2.3. A interpretação dada ao texto legal ambíguo ou vago 
fosse incompatível com a Constituição, independentemente da apresentação expressa 
de fundamentos constitucionais, acarretando o surgimento da afronta e, se inédita e 
originária a contrariedade, tal circunstância fosse devidamente apresentada ao 
Tribunal de origem (Precedentes). 
2. No caso em exame, o Tribunal de origem ampliou equivocadamente o prazo de 
cobrança do tributo com base em exclusiva interpretação do texto infraconstitucional, 
sem apelar explícita ou implicitamente à Constituição para corroborar seu 
entendimento. Por outro lado, há norma geral de direito tributário sobre a matéria, de 
modo que inexiste violação do art. 146, III, b da Constituição. Por fim, a parte-
agravante não argumentou a presença de violações constitucionais autônomas. 
3. Assim, o erro cometido pelo Tribunal de origem não pode ser corrigido na forma 
pretendida pela parte-agravante. Agravo regimental ao qual se nega provimento.” 
Interessante a decisão monocrática do Min. Joaquim Barbosa, da 2ª Turma do STF, no RE 
578.248/SE, de 30-8-2010 (DJe-172 publicação 16-9-2010), e dela destaco: 
“Trata-se de recurso extraordinário (art. 102, III, a e §§ 2º e 3º [sic] da Constituição) 
interposto de acórdão prolatado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe assim 
ementado: […] 
Sustenta-se, em síntese, violação dos arts. 114, 116, 150, § 4º, 173 e 174 do Código 
Tributário Nacional (Lei 5.172/1966) e 145, § 1º da Constituição (‘princípio 
constitucional do direito adquirido e da coisa julgada restrito à via administrativa sob 
o manto do equilíbrio da administração tributária’ – fls. 241). Argumenta-se também 
que o acórdão recorrido desvia-se da orientação firmada por esta Corte nos autos do 
RE 94.462. 
Em que pese o Tribunal de origem ter interpretado mal as disposições do Código 
Tributário Nacional sobre prescrição e decadência, o recurso extraordinário não 
reúne condições de provimento, nos termos das Súmulas 280, 282, 284 e 356/STF. 
Ao contrário do que concluído no acórdão recorrido, a homologação do lançamento 
não é o marco inicial para a contagem do prazo decadencial, de que dispõe a Fazenda 
para constituir o crédito tributário. No chamado lançamento por homologação, 
compete ao contribuinte verificar a ocorrência do fato gerador, apurar o montante 
devido, escriturar as obrigações acessórias pertinentes e recolher os valores antes de 
qualquer atividade fiscal. A obediência aos deveres instrumentais constitui o crédito 
tributário e o pagamento ‘antecipado’ extingue-o condicionalmente. No prazo de 
cinco anos contados a partir do fato gerador, as autoridades fiscais têm o poder-dever 
de fiscalizar a conduta do contribuinte, para com ela concordar ou discordar. Se 
houver a concordância expressa, ocorre a homologação e a Fazenda nada mais terá a 
reclamar, se uma das hipóteses excepcionais de revisão não se fizer presente. Se a 
autoridade fiscal discorda do procedimento ou das conclusões do contribuinte, deve 
proceder ao lançamento por ofício, segundo as regras vigentes. 
Entrementes, caracterizada a inércia da autoridade fiscal pelo prazo de cinco anos, 
ocorre a homologação tácita, de modo que o Fisco também perde o direito à 
constituição do crédito tributário, ausente alguma das hipóteses excepcionais. 
Concluir que o prazo de cinco anos para o lançamento de ofício complementar 
(omissão parcial) ou suplementar (supridor de omissão integral) somente se inicia 
com a homologação, expressa ou tácita, significa usurpar competência legislativa 
para elastecer o prazo de cinco anos e, consequentemente, violar os princípios da 
segurança jurídica e da separação de Poderes, bem como contrariar a regra da 
legalidade.” 
No REsp 1269570/MG (STJ, 1ª Seção, Mauro Campbell Marques, unânime, 23-05-
2012, DJe 04-06-2012), ficou esclarecido que: 
“CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL 
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA (ART. 543-C, DO CPC). LEI 
INTERPRETATIVA. PRAZO DE PRESCRIÇÃO PARA A REPETIÇÃO DE 
INDÉBITO NOS TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR 
HOMOLOGAÇÃO. ART. 3º, DA LC 118/2005. POSICIONAMENTO DO STF. 
ALTERAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA DO STJ. SUPERADO ENTENDIMENTO 
FIRMADO ANTERIORMENTE TAMBÉM EM SEDE DE RECURSO 
REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. 
1. O acórdão proveniente da Corte Especial na AI nos Eresp nº 644.736/PE, Relator o 
Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de 27.08.2007, e o recurso representativo da 
controvérsia REsp. n. 1.002.932/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 
25.11.2009, firmaram o entendimento no sentido de que o art. 3º da LC 118/2005 
somente pode ter eficácia prospectiva, incidindo apenas sobre situações que venham 
a ocorrer a partir da sua vigência. Sendo assim, a jurisprudência deste STJ passou a 
considerar que, relativamente aos pagamentos efetuados a partir de 09.06.05, o prazo 
para a repetição do indébito é de cinco anos a contar da data do pagamento; e 
relativamente aos pagamentos anteriores, a prescrição obedece ao regime previsto no 
sistema anterior. 
2. No entanto, o mesmo tema recebeu julgamento pelo STF no RE n. 566.621/RS, 
Plenário, Rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 04.08.2011, onde foi fixado marco para 
a aplicação do regime novo de prazo prescricional levando-se em consideração a data 
do ajuizamento da ação (e não mais a data do pagamento) em confronto com a data 
da vigência da lei nova (9.6.2005). 
3. Tendo a jurisprudência deste STJ sido construída em interpretação de princípios 
constitucionais, urge inclinar-se esta Casa ao decidido pela Corte Suprema 
competente para dar a palavra final em temas de tal jaez, notadamente em havendo 
julgamento de mérito em repercussão geral (arts. 543-A e 543-B, do CPC). Desse 
modo, para as ações ajuizadas a partir de 9.6.2005, aplica-se o art. 3º, da Lei 
Complementar n. 118/2005, contando-se o prazo prescricional dos tributos sujeitos a 
lançamento por homologação em cinco anos a partir do pagamento antecipado de que 
trata o art. 150, § 1º, do CTN. 
4. Superado o recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.002.932/SP, Primeira 
Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.11.2009. 
5. Recurso especial não provido. Acórdão submetido ao regimedo art. 543-C do 
CPC e da Resolução STJ 08/2008.” 
E no RE 566621/RS, o Pleno do STF, Ellen Gracie, maioria, 04-08-2011, Dje-195 public. 
11-10-2011, decidiu, com repercussão geral no mérito: 
“DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO 
RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – 
VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA 
DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA 
REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS 
AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. 
Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção 
do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o 
prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato 
gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, 
do CTN. 
A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação 
normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos 
contados do pagamento indevido. 
Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser 
considerada como lei nova. 
Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei 
expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle 
judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. 
A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de 
indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões 
deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação 
imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem 
resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança 
jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à 
Justiça. Afastando-se as aplicações inconstitucionais e resguardando-se, no mais, a 
eficácia da norma, permite-se a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações 
ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no 
enunciado 445 da Súmula do Tribunal. 
O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que 
tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à 
tutela dos seus direitos. 
Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 
118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, 
descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco 
impede iniciativa legislativa em contrário. 
Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, 
considerando-se válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão somente às ações 
ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho 
de 2005. 
Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. 
Recurso extraordinário desprovido.” 
1.9.3.1 Homologação expressa – Exemplo 
No IRPF, a pessoa física apresenta declaração ao Fisco, que confere e 
remete notificação ao contribuinte, cujos valores podem, ou não, estar em conformidade com os 
elementos informados pela pessoa física (este tem sido antigo procedimento do Fisco em 
relação ao IRPF, hodiernamente alterado em face de “malha fina” e possibilidade de retificação 
da Declaração via Internet antes de o Fisco emitir notificação de débito). 
Se a notificação está em conformidade com os cálculos apresentados pelo contribuinte, por 
esse ato o Fisco praticou homologação expressa, momento em que o crédito tributário fica 
extinto, nos termos do art. 156 do CTN. 
Se o Fisco apura diferença a maior, ter-se-á homologação expressa com relação à parte 
ratificada; e lançamento de ofício pela diferença, caso em que à pessoa física é assinalado prazo 
para impugnação (arts. 145 e 160). 
Entretanto, o simples “recebimento” da Declaração do contribuinte, ou visto na guia de 
recolhimento, não consiste em homologação do cálculo apresentado pelo contribuinte, que terá 
o prazo de cinco anos para a homologação (art. 150, §§ 1º e 4º). 
Com efeito, a 2ª Turma do STF, à unanimidade, não conheceu do recurso da empresa 
contribuinte, em questão referente ao antigo Imposto sobre Vendas e Consignações (IVC), “cuja 
controvérsia situa-se em definir se o Fisco Estadual pode rever lançamento de tributo, feito 
pelo próprio contribuinte, depois que seus agentes visaram as respectivas guias de 
recolhimento” (fls. 375). Pelo voto do Ministro Moreira Alves (RE 82.396, 23-11-1975, Aud. de 
Publ. de 10-3-1965), assentou: 
“Por outro lado, em se tratando de lançamento por homologação, antes que esta 
ocorra – e o simples visto na guia de recolhimento não é, evidentemente, 
homologação, que tem de ser expressa (art. 150, caput, in fine, do CTN) –, não há 
que se pretender a aplicação do artigo 146 do CTN. 
Deixe-se claro, também, que o simples visto aposto à guia de recolhimento não 
implica a transformação do autolançamento em lançamento misto. Neste, a 
declaração do contribuinte tem função informativa, e é apenas a etapa inicial do 
processo de lançamento, pois este só se conclui quando a autoridade, em notificação 
ao contribuinte, fixa oficialmente o lançamento, através da declaração da existência e 
do valor do débito tributário.” 
1.9.3.2 Débito não pago – Exigibilidade imediata 
É pacífica a jurisprudência dos Tribunais, no sentido de que, no lançamento por 
homologação, não pago o débito, fica dispensada a notificação, podendo o débito ser executado 
de imediato. 
Executado, o contribuinte tem direito à defesa, tanto formal quanto material, apresentando 
elementos efetivamente substanciais para poder inverter a presunção (relativa) da CDA. 
A título de exemplo, da jurisprudência, trazemos à colação: 
1 – Autolançamento – confissão – execução – desnecessidade de notificação 
“TRIBUTO – AUTOLANÇAMENTO – EXIGIBILIDADE. O instituto do 
autolançamento do tributo, a revelar, em última análise, a confissão do contribuinte, 
dispensa a notificação para ter-se a exigibilidade – precedentes: Recursos 
Extraordinários nº 107.741-7/SP, relator ministro Francisco Rezek, com 
acórdão publicado no Diário da Justiça de 4 de abril de 1986; nº 102.059-8/SP, 
relator ministro Sydney Sanches, com acórdão publicado no Diário da Justiça de 1º 
de março de 1985; nº 93.039-6/SP, relator ministro Djaci Falcão, com acórdão 
publicado no Diário da Justiça de 12 de abril de 1982; nº 93.036-1/SP, relator 
ministro Rafael Mayer, com acórdão publicado no Diário da Justiça de 17 de outubro 
de 1980; e nº 87.229/SP, relator ministro Cordeiro Guerra, com acórdão publicado no 
Diário da Justiça de 31 de março de 1978” (AgR no AI 539.891-3/RS, STF, 1ª 
Turma, Marco Aurélio, unânime, 22-5-2007, DJU 21-9-2007, p. 24 – Agte: Moto 
Cicle Veículos Ltda; Agdo: Estado do Rio Grande do Sul). 
No AgRg no REsp 1.259.563/SP (DJe de 11-10-2011), a 1ª Turma do STJ, Benedito 
Gonçalves, decidiu: 
“1. A Primeira Seção do STJ, em sede de recurso especial repetitivo (art. 543-C do 
CPC), consolidou o entendimento de que, nos tributos sujeitos a lançamento por 
homologação, a apresentação de Declaração de Débitos e Créditos Tributários 
Federais – DCTF, de Guia de Informação e Apuração do ICMS – GIA, ou de outra 
declaração dessa natureza, prevista em lei, é suficiente para a cobrança dos valores 
nela declarados, dispensando-se qualquer outra providência por parte do Fisco. REsp 
962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Seção, julgado em 22-
10-2008, DJe 25-10-2008.” 
1.10 LANÇAMENTO EXISTENTE EM TODOS OS TRIBUTOS 
A questão de saber se o lançamento é indispensável em todos os tributos não encontra 
unanimidade na doutrina. 
Nós não temos dúvida em afirmar que o lançamento é indispensável em todos os tributos, 
em face dos expressos termos do art. 142 c/c arts. 147a 150 do CTN. 
Hodiernamente, mais se faz presente esse controle, na medida em que a informática 
facilita a atividade do Fisco, que procura certificar-se do lançamento desta forma: 
a) constatando que o contribuinte não apresenta a DCTF, a GIA, ou declaração da 
mesma natureza, e/ou não paga o tributo devido, intima-o a apresentar guias de 
recolhimento ou a prestar esclarecimentos; ou adota outras espécies de 
procedimentos; 
b) programa fiscalização dirigida; 
c) realiza fiscalização ampla e geral. 
Gilberto de Ulhôa Canto anota uma particularidade:14 
“2.2 Nenhuma norma legal declara que o lançamento é indispensável, como condição 
de exigibilidade de todos os tributos. […] 
2.4 […] Uma hipótese em que ela estaria configurada seria a dos antigos impostos 
de captação (poll taxes), devidos como prestações de valor predeterminado e igual 
para todos os contribuintes. Exigíveis em data certa, e da totalidade das pessoas. 
2.5 Em tal modalidade de tributos a própria lei já teria definido como fatos geradores 
a mera existência do contribuinte, como o montante do imposto uma soma fixa, o que 
faria desnecessária qualquer determinação quantificadora, e o sujeito passivo, pelo 
caráter geral e indiscriminado do tributo. 
2.6 Fora dessa hipótese não me ocorre outra em que o lançamento seja desnecessário, 
salvo, quem sabe, a possibilidade de sua configuração em certas taxas exigidas como 
contraprestação de serviços públicos de consumação instantâneos como, por 
exemplo, as cobradas pela expedição de certidões: o fato gerador é o próprio serviço, 
o contribuinte é quem o solicita, e o montante já estará previsto em lei sob a forma 
de valor fixo. 
2.7 […] Para que o lançamento seja dispensável – já que nenhuma lei o declara 
absolutamente necessário na totalidade das hipóteses – basta que a constituição e a 
exigibilidade do crédito independem de apuração daqueles elementos.” 
1.11 LANÇAMENTO QUANDO A QUESTÃO É POSTA EM 
JUÍZO 
Nos casos em que o contribuinte, sem apresentar a Declaração de Informações e sem 
efetuar o pagamento (consideremos tributo sujeito a lançamento por homologação), vai a juízo 
contestar a legalidade e/ou constitucionalidade da exigência, tem gerado dúvidas sobre a 
necessidade, ou não, de lançamento, considerada a hipótese de inexistir auto de infração ou 
notificação. 
Nosso entendimento é no sentido de que a “atividade” do contribuinte (art. 150, caput) é 
comunicada ao Fisco via Juízo, e com maior razão havendo depósito judicial, onde o STJ 
decidiu pela “desnecessidade da formal constituição do crédito e decadência que não se opera” 
(EREsp 464.343-DF, 1ª Seção, José Delgado, unânime, 13-2-2008, DJU 3-3-2008, p. 1 –
 RDDT 152/169). 
Seja qual for a corrente doutrinária que vier a prevalecer no Judiciário, parece-nos que, por 
cautela, a Administração Pública deve proceder ao lançamento e mantê-lo suspenso (não 
prosseguir nos atos procedimentais), até decisão judicial transitada em julgado. E o Juiz, de 
regra, não pode proibir o lançamento (art. 2º, CF), pois o Estado (aqui representado pela 
autoridade administrativa) tem o poder e o servidor público competente tem o dever de lançar, 
sob pena de responsabilidade funcional (CTN, art. 142, parágrafo único). 
Rubens Gomes de Sousa é coerente e incisivo:15 
“Sempre que verifique que ocorreu uma situação prevista em lei como dando origem 
a uma obrigação tributária (isto é, um fato gerador) a administração está obrigada a 
fazer o lançamento.” 
No mesmo sentido decidiu o STJ no EREsp 572.603-PR (1ª Seção, Castro Meira, 
unânime, 8-6-2005, DJU 5-9-2005, p. 199; Embargada: Fazenda Nacional), a teor da seguinte 
ementa parcialmente transcrita: 
“3. A suspensão da exigibilidade do crédito tributário na via judicial impede o Fisco 
de praticar qualquer ato contra o contribuinte visando à cobrança de seu crédito, tais 
como inscrição em dívida ativa, execução e penhora, mas não impossibilita a 
Fazenda de proceder à regular constituição do crédito tributário para prevenir a 
decadência do direito de lançar. 
4. Embargos de divergência providos.” 
No mesmo sentido: (1) AgRg nos EDcl no REsp 961.049/SP, STJ, 1ª Turma, Luiz 
Fux, DJe 3-12-2010; (2) REsp 1.129.450/SP, STJ, 2ª Turma, Castro Meira, DJe 28-
2-2011). 
1.12 DECADÊNCIA E PRESCRIÇÃO 
Por força do art. 146-III-b da CF, os institutos da decadência e 
prescrição tributários estão previstos no CTN, motivo pelo qual é nas disposições desta Lei 
Complementar que devem ser buscadas as soluções.16 
O CTN trata da decadência e da prescrição nos seguintes dispositivos (além da situação 
descrita pelo art. 150): 
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se 
após 5 (cinco) anos, contados: 
I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter 
sido efetuado; 
II – da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício 
formal, o lançamento anteriormente efetuado. 
Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com 
o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a 
constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer 
medida preparatória indispensável ao lançamento. 
Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco) anos, 
contados da data da sua constituição definitiva. 
Parágrafo único. A prescrição se interrompe: 
I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (nova redação 
dada pela LC nº 118, de 9-2-2005. Redação anterior: I – pela citação pessoal feita ao 
devedor) 
II – pelo protesto judicial; 
III – por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; 
IV – por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em 
reconhecimento do débito pelo devedor. 
O Pleno do STF, no ERE 94.462-1-SP (Moreira Alves, unânime, 6-10-1982, DJU 17-12-
1982, p. 13209), definiu a forma pela qual o crédito tributário é constituído, cuja ementa é do 
seguinte teor: 
“PRAZOS DE PRESCRIÇÃO E DE DECADÊNCIA EM DIREITO TRIBUTÁRIO. 
Com a lavratura do auto de infração, consuma-se o lançamento do crédito 
tributário (art. 142 do CTN). Por outro lado, a decadência só é admissível no período 
anterior a essa lavratura; depois, entre a ocorrência dela e até que flua o prazo para a 
interposição do recurso administrativo, ou enquanto não for decidido o recurso dessa 
natureza de que se tenha valido o contribuinte, não mais corre prazo para decadência, 
e ainda não se iniciou a fluência de prazo para prescrição; decorrido o prazo para 
interposição do recurso administrativo, sem que ela tenha ocorrido, ou decidido o 
recurso administrativo interposto pelo contribuinte, há a constituição definitiva do 
crédito tributário, a que alude o art. 174, começando a fluir, daí, o prazo 
de prescrição da pretensão do Fisco. 
É esse o entendimento atual de ambas as turmas do STF.”17 
No REsp 734680/RS, decidiu a 1ª Turma do STJ, Luiz Fux, unânime, 20-06-2005, DJ 01-
08-2006, p. 376, a teor da ementa a seguir parcialmente reproduzida: 
4. A exegese do STJ quanto ao artigo 174, caput, do Código Tributário Nacional, é 
no sentido de que, enquanto há pendência de recurso administrativo, não se admite 
aduzir suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mas, sim, um hiato que vai do 
início do lançamento, quando desaparece o prazo decadencial, até o julgamento do 
recurso administrativo ou a revisão ex-officio. Consequentemente, somente a partir 
da data em que o contribuinte é notificado do resultado do recurso ou da sua revisão, 
tem início a contagem do prazo prescricional, razão pela qual não há que se cogitar 
de prescrição intercorrente em sede de processo administrativo fiscal. (RESP 
485738/RO, Relatora Ministra Eliana Calmon, DJ de 13.09.2004, e RESP 
239106/SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi, DJ de 24.04.2000) 
5. Destarte, salvante os casos em

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