Buscar

Modelos Teoricos de Criminologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 89 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SISTEMA DE ENSINO
CRIMINOLOGIA
Modelos Teóricos da Criminologia
Livro Eletrônico
2 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
II – Modelos teóricos da Criminologia .............................................................................4
Iluminismo .....................................................................................................................4
Escola Clássica ...............................................................................................................5
Feuerbach ......................................................................................................................6
Marquês de Beccaria ......................................................................................................6
Francesco Carrara .......................................................................................................... 7
Giovanni Carmignani ....................................................................................................... 7
Criminologia Positivista ..................................................................................................8
Cesare Lombroso ......................................................................................................... 10
Raffaele Garofalo ......................................................................................................... 12
Enrico Ferri .................................................................................................................. 13
Positivismo no Brasil .................................................................................................... 14
Críticas ao Positivismo ................................................................................................. 15
Modelos Teóricos da Criminologia ................................................................................. 16
Modelo Clássico e Neoclássico da Opção Racional ........................................................ 16
Teorias da Opção Econômica (“Economic Choice”) .........................................................17
Teorias das Atividades Rotineiras ................................................................................. 19
Teorias do Entorno Físico ............................................................................................ 20
Modelo Positivista ........................................................................................................22
Orientações de Cunho Biológico....................................................................................22
Orientações de Cunho Psicológico ................................................................................25
Orientações de Cunho Sociológico ............................................................................... 28
Modelo da Reação Social ..............................................................................................29
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
3 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Enfoque Dinâmico ........................................................................................................ 30
Resumo ........................................................................................................................33
Mapas Mentais .............................................................................................................39
Exercícios .....................................................................................................................43
Gabarito .......................................................................................................................57
Gabarito Comentado .................................................................................................... 58
Referências Bibliográficas ............................................................................................83
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
4 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
II – MODELOS TEÓRICOS DA CRIMINOLOGIA
Olá, tudo bem? Antes de mais nada deixo meu Instagram para quem quiser acompanhar: 
@profmaribarreiras.
Agora que já sabemos o que é, para que serve, quais objetos analisa e quais métodos em-
prega a criminologia, vamos avançar.
Hoje vamos começar a estudar os modelos teóricos da Criminologia. Os modelos teóricos 
são grupos de teorias que analisam de modo similar a questão criminal. Segundo a classifi-
cação de García-Pablos de Molina, os modelos teóricos são quatro:
• modelo clássico e neoclássico da opção racional;
• modelo positivista;
• modelo da reação social; e
• enfoque dinâmico.
Mas para entendermos os modelos teóricos, sobretudo os dois primeiros, vamos começar 
falando sobre as duas correntes de pensamento que fazem parte do nascimento da Crimi-
nologia: as escolas Clássica e Positivista. Depois de compreender as diferenças entre elas, 
passaremos para os modelos teóricos especificamente.
IlumInIsmo
A Europa, nos séculos XV a XVIII, vivenciou o que se convencionou chamar de Antigo Re-
gime. Era a época das monarquias absolutistas, com o regime centralizado nas mãos do rei. 
A figura do rei era sagrada e incontestável e a visão teocêntrica do mundo, amplamente do-
minante. Nesse período, o sistema penal era caótico, cruel e arbitrário. Os réus não possuíam 
as garantias processuais e penais que hoje existem em qualquer sistema democraticamente 
sólido.
No século XVIII surgiu o Iluminismo, movimento filosófico que exaltou o poder da razão 
em detrimento do poder da religião. Ideologias absolutistas e religiosas foram substituídas 
pelo conhecimento racional do mundo. O Iluminismo, portanto, promoveu o culto à razão e 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
5 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
passou a fornecer explicações racionais para os problemas sociais. O movimento iluminista 
é considerado a base tanto dos autores clássicos do Direito Penal quanto dos autores positi-
vistas da Criminologia.
Escola clássIca
Na esfera penal, o  Antigo Regime contava com práticas punitivas bárbaras, aleatórias, 
desproporcionais. No século XVIII, com o advento do Iluminismo, novos códigos penais en-
tram em cena, com técnicas mais humanas e racionais de punição. Nasce, então, um direito 
penal como conhecemos hoje, com elaboradas racionalizações e construções dogmáticas. 
O fundador da moderna dogmática penal foi o alemão Paul Johann Anselm von Feuerbach, 
mais conhecido nos estudos penais pelo último sobrenome.
Os autores clássicos, como já vimos na primeira aula, reconhecem que as pessoas são 
seres racionais, que possuem livre-arbítrio, ou seja, podem fazer escolhas. O cometimento 
de um crime é fruto de uma decisão que implica quebra do pacto social de convivência pa-
cífica. O delinquente deve ser punido pelo mal que causou com a sua escolha. A ele, então, 
são aplicáveisas penas previstas no ordenamento jurídico, utilizando-se a técnica dedutiva 
de subsumir uma conduta a uma norma penal incriminadora (a dedução é típica do Direito, 
lembre-se! A Criminologia usa técnica indutiva, mas nessa época a Criminologia ainda não 
havia nascido propriamente como ciência, de modo que os clássicos são, sobretudo, juristas 
da área penal). A Escola Clássica teve na Itália grande epicentro.
Os clássicos consideram que o crime é, antes de tudo, um ente jurídico. É necessário que 
haja uma previsão legal para que uma conduta seja considerada criminosa.
O enfoque clássico, portanto, se vale de um método dedutivo: parte da regra geral (normas 
jurídicas por exemplo) para analisar o fenômeno criminal. O método é também abstrato, pois 
baseia-se sobretudo na lei, um comando genérico. A lei é justa e deve ser aplicada de maneira 
racional e igualitária para todos.
A Escola Clássica não estava tão interessada em entender a razão pela qual alguém deci-
de cometer um crime.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
6 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
As bancas, como já sabemos, gostam de utilizar o termo etiologia. Se refere à busca de ex-
plicações das causas do comportamento criminoso. A Escola Clássica não estava, portanto, 
preocupada com a etiologia dos delitos.
Assim, a Escola Clássica pouco contribuiu com a etiologia. Mas foi a Escola Clássica que 
se preocupou, pela primeira vez, em fundamentar, delimitar e legitimar a pena. Em substitui-
ção ao sistema penal caótico e desumano do Antigo Regime, a Escola Clássica forneceu um 
panorama legislativo humanitário e racional, mostrando que a pena poderia e deveria ser útil, 
justa e proporcional.
A pena, para os clássicos, deve ter nítido caráter de retribuição pela responsabilidade mo-
ral do delinquente (imputabilidade moral), de modo a restaurar a ordem externa social.
Os principais autores clássicos relembrados por terem contribuído para a Criminologia 
são os seguintes:
FEuErbach
Feuerbach foi o principal redator do Código Bávaro de 1813. Lá, situou o Direito Penal 
dentro do Direito Público e o separou do processo penal. Fez a distinção entre crime e outros 
tipos de ilícitos. Desenhou a autonomia da disciplina (Direito Penal) e colocou a tarefa de criar 
delitos e impor penas nas mãos do soberano, entregando ao Estado a exclusividade do poder 
criminal. Defendeu a separação entre direito e moral. Especificou que as penas deviam estar 
previamente declaradas em leis e que somente com observância dessas leis o direito penal 
podia ser aplicado, dando forte ênfase ao direito positivado, ao princípio da legalidade e, por-
tanto, à proteção das liberdades individuais do cidadão.
marquês dE bEccarIa
Cesare Bonesana, conhecido como Marquês de Beccaria, publicou, em 1764, Dos delitos 
e das penas, que serviu de base para a valorização da dignidade das pessoas e para a conse-
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
7 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
quente humanização das penas, em contraposição à crueldade das sanções existentes até a 
primeira metade do século XVIII. Para Beccaria, o indivíduo escolhe ou não obedecer às leis, 
mas o Estado não poderia escolher tratamentos cruéis e desumanos. As leis, para ele, deve-
riam ser simples, conhecidas pelo povo. E as penas deveriam estar previstas nessas leis. Ele 
criticava o sistema de provas que não admitia o testemunho da mulher, não dava atenção ao 
depoimento do condenado e era complacente com a tortura. Preocupava-se com a situação 
deplorável das prisões e defendia a necessidade de provas robustas para a condenação de 
alguém. A obra de Cesare Bonesana é considerada fundamental para o Direito Penal liberal e 
para a Criminologia clássica. Veja alguns trechos:
O juiz deve fazer um silogismo perfeito. A premissa maior deve ser a lei geral; a menor, a ação 
conforme ou não à lei; a consequência, a liberdade ou a pena. Se o juiz for obrigado a elaborar um 
raciocínio a mais, ou se o fizer por sua conta, tudo se torna incerto e obscuro. (...) Quando as leis 
forem fixas e literais, quando apenas confiarem ao magistrado a missão de examinar os atos dos 
cidadão, para indicar se esses atos são conforme a lei escrita, ou se a contrariam (...) então não se 
verão mais os cidadãos submetidos ao poder de uma multidão de ínfimos tiranos (...). À proporção 
que as penas forem mais suaves, quando as prisões deixarem de ser a horrível mansão do deses-
pero e da fome (...) as leis poderão satisfazer-se com provas mais fracas para pedir a prisão1.
FrancEsco carrara
Francesco Carrara escreveu o Programa de Direito Criminal, de 1859. Para ele, o crime não 
é um ente de fato, mas sim um ente jurídico. Ou seja, só existe crime porque há uma norma 
dizendo que tal fato é um crime. Os indivíduos possuem livre-arbítrio e decidem se comportar 
de maneira contrária à lei, sendo a pena uma retribuição jurídica que pretende restabelecer a 
ordem externa violada. Se o crime é um ente jurídico, deve ser estudado a partir das normas, 
em obediência a um método dedutivo, lógico-abstrato.
GIovannI carmIGnanI
Giovanni Carmignani foi um jurista italiano igualmente preocupado em fundamentar o 
direito de castigar. Para ele, o direito de punir se fundamentava na necessidade de manter a 
paz social. A pena não deve se preocupar tanto em castigar, mas sim em evitar delitos futuros.
1 BECCARIA, Cesare Bonesana, Marches di, Dos delitos e das penas. São Paulo: Martin Claret, 2014, p. 21-24.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
8 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
crImInoloGIa PosItIvIsta
Depois dos clássicos (século XVIII), vieram os positivistas (século XIX). Antes de falar da 
Criminologia Positivista, vamos falar um pouquinho sobre o Positivismo de maneira geral, 
pois isso vai ajudar a fixar o conteúdo.
O Positivismo foi uma corrente filosófica formulada pelo francês Auguste Comte, no início 
do século XIX. A Europa passava por uma transição rumo à modernidade, com urbanização 
e industrialização. Comte defendia que, para enfrentar essas mudanças, os seres humanos 
também deveriam passar por uma reforma, nesse caso intelectual. Nessa transformação de 
pensamento, era necessário passar a explicar os fenômenos, naturais e sociais, por meio da 
sua observação (emprego dos sentidos humanos) e por meio da compreensão das leis natu-
rais que os regem. A humanidade já havia passado pelo estado teológico (em que se pensava 
que deuses e seres sobrenaturais seriam responsáveis por reger o mundo); pelo estado me-
tafísico (típico do pensamento clássico, em que se pensava que com argumentações lógicas, 
abstratas e racionais seria possível compreender o mundo); e agora estava pronta para in-
gressar no estado positivo, em que o ser humano empregaria a observação e o trabalho em-
pírico (concreto, positivo) para, de maneira científica, compreender a natureza e a sociedade, 
rumo ao progresso.
Visto isso,fica mais fácil compreender o positivismo criminológico, ou Escola Positivista, 
ou simplesmente Escola Positiva. Vou relembrar aqui, para você, algumas ideias que estuda-
mos na primeira aula.
A Criminologia tem como objeto o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. A Cri-
minologia passa a estudar o delinquente a partir da segunda metade do século XIX, com o 
advento da filosofia positivista.
Opondo-se ao racionalismo dedutivo dos clássicos, os positivistas defendem a obser-
vação dos fenômenos criminais, com primazia para a experiência sensitiva humana. A ideia 
era aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos das ciências naturais. Como não era 
possível realizar essa aplicação em relação às normas (grande objeto de estudo dos penalis-
tas clássicos), começa-se a estudar o próprio delinquente. Muitos autores identificam que aí 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
9 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
nasce, verdadeiramente, a Criminologia como ciência. Afinal, é nesse momento que a Crimi-
nologia começa a se valer do método indutivo, empírico e multidisciplinar.
Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do deter-
minismo biológico ou do determinismo social. No determinismo biológico, acredita-se que 
diferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais propensos ao crime. São doenças, 
patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são 
as características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Em ambos os casos, 
não há espaço para a escolha do indivíduo. Há, nessa Escola, muito interesse pelo estudo da 
etiologia do delito. Ou seja, com o positivismo a Criminologia passa a tentar entender a razão 
pela qual uma pessoa comete um crime.
É típica do pensamento clássico a adoção de penas proporcionais ao mal causado. A pena, 
para os clássicos, é sobretudo retribuição. É característica do pensamento positivista a ado-
ção de medidas de segurança com finalidade curativa, pelo tempo em que persistisse a pato-
logia. A medida de segurança é uma medida de defesa social (defesa da sociedade) contra o 
criminoso, que será sempre psicologicamente anormal.
Os autores positivistas foram bastante influenciados pelo pensamento evolucionista de 
Charles Darwin, que acreditava que alguns seres eram mais evoluídos que outros. Depois de 
Darwin demonstrar a teoria da evolução das espécies, o antropólogo inglês Herbert Spencer 
(século XIX) defendeu que os pobres, os incapazes, os imprudentes, eram inaptos para o cres-
cimento intelectual e seriam superados pelos indivíduos mais aptos. Seu pensamento evolu-
cionista buscava justificar o neocolonialismo: os colonos, dos países ocupados, seriam seres 
inferiores, que não haviam passado por uma evolução completa. As raças inferiores teriam 
menos sensibilidade. Era inútil ofertar a elas muita educação ou instrução, sendo mais lógico 
reservar-lhes os trabalhos manuais. As ideias de Darwin e de Spencer influenciaram bastante 
os positivistas, para quem, como veremos, os indivíduos não eram todos iguais.
O positivismo, de maneira geral, foi crucial para a Criminologia: era essencialmente in-
terdisciplinar, tendo construído seu pensamento a partir da aglutinação de várias ciências; 
abandonou a perspectiva fortemente centrada nos saberes jurídicos dos clássicos; trouxe, 
portanto, o método indutivo, empírico e interdisciplinar para o centro dos estudos; e transfor-
mou o delinquente em objeto de profunda análise.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
10 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Vamos, agora, analisar o pensamento dos principais autores positivistas e suas três fases 
principais: antropológica, jurídica e sociológica.
cEsarE lombroso
Lombroso foi médico e antropólogo italiano. Ele é o principal expoente da fase antropoló-
gica do positivismo. Com sua obra O homem delinquente, de 1876, fundou o que se convencio-
nou chamar de fase antropológica do positivismo criminológico. Para a maioria dos autores, 
é com Lombroso que a Criminologia pode passar a ser considerada uma ciência e por isso ele 
é considerado o pai da Criminologia.
Utilizou algumas ideias de fisionomistas para tentar fazer um retrato do delinquente. Vá-
rias características corporais das pessoas eram analisadas, tais como estrutura do tórax, 
tamanho das mãos e das pernas, quantidade de cabelo, altura, peso, barba, rugas, tamanho 
da cabeça etc. A ideia era partir da observação da realidade para chegar a regras gerais sobre 
o comportamento delinquente. Tratou, então, de aplicar o método empírico e indutivo para 
analisar o fenômeno criminal.
Para Lombroso, o crime era um fenômeno biológico, e não um ente jurídico: o delinquen-
te é um selvagem (ele não é igual ao restante da população!) que já nasce criminoso por 
ser possuidor de algum tipo de epilepsia. Por isso, Lombroso utiliza amplamente o conceito 
de criminoso nato. Os fatores ambientais, sociais, ou seja, exógenos, externos ao indivíduo, 
apenas têm o poder de desencadear os fatores clínicos, biológicos, endógenos. Há, portanto, 
forte negação do livre-arbítrio, já que o criminoso é um ser moralmente inferior (não evoluiu!), 
um louco moral, com evidências de atavismo. A característica atávica é aquela que já estava 
presente em ascendentes distantes e que reaparece em determinado indivíduo.
Lombroso era, então, um evolucionista (seguia os ensinamentos de Darwin): ele entendia 
que algumas pessoas seriam dotadas de uma predisposição primitiva para a delinquência. 
Pessoas mais “evoluídas”, mais distantes de seus antecessores primitivos, não seriam crimi-
nosas por não serem portadoras dessas características inatas que levavam ao crime.
Ele emanou conceitos bastante preconceituosos sobre as mulheres, consideradas cru-
éis, mentirosas, fracas, tagarelas e indiscretas. As  mulheres criminosas, para Lombroso, 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
11 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
estavam intimamente associadas à prostituição. As grandes categorias de criminoso para 
Lombroso são:
• o criminoso nato;
• o louco moral;
• o epilético;
• o criminoso louco;
• o criminoso ocasional;
• e o criminoso passional.
Nas primeiras edições de O Homem delinquente, Lombroso traça uma distinção entre o cri-
minoso nato, o louco moral e o epilético, mas com a evolução de seus estudos, ele chega à 
conclusão de que criminalidade nata, loucura moral e epilepsia se confundem e se fundem.
Repare que ele não utiliza a categoria de criminoso habitual, que será empregada por seu 
sucessor, Enrico Ferri.
Categorias de criminoso
Lombroso
Criminoso nato (louco moral, epilético)
Criminoso louco
Criminoso ocasional
Criminoso passional
Não há, em sua obra, uma preocupação em traçar nitidamente a distinção conceitual entre 
cada uma das categorias. Partindo do pressuposto – equivocado – que essas categorias são 
conceitosde cristalina compreensão, focou sua atenção em tirar medidas, analisar e compa-
rar a fisionomia e outras características corporais dos criminosos de cada tipo, buscando o 
tipo criminal.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
12 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
raFFaElE GaroFalo
Raffaele Garofalo foi um jurista italiano. Com sua obra Criminologia, de 1885, deu início à 
fase jurídica do positivismo criminológico. Ele dizia que o crime é a revelação de uma natureza 
degenerada. Introduziu o conceito de temibilidade (ou periculosidade), que é a perversidade 
constante e ativa do delinquente e a quantidade do mal que se deve temer desse criminoso. 
Esse conceito foi importante para a proposta dos positivistas de aplicação de medida de se-
gurança, espécie de sanção penal com finalidade curativa que, diferentemente da pena, não 
deve ter prazo, mas sim ser aplicada pelo tempo em que persista a patologia. A finalidade da 
medida de segurança, como o próprio nome já diz, é tratar o criminoso e proteger a sociedade 
(medida de defesa social) de pessoas desprovidas dos sentimentos de piedade e probidade.
Garofalo defendia, ainda, a existência de um conceito de delito natural, ou seja, condutas 
que seriam consideradas crimes em todos os tempos e locais, tais como o parricídio, o la-
trocínio e o homicídio por mera brutalidade. Ele postulava a adoção de – e chegou mesmo a 
redigir – um código penal internacional, no qual previa duas categorias de penas: eliminação 
absoluta, que nada mais é do que a pena de morte, destinada aos homicidas; e eliminação 
relativa, para os demais tipos de delinquente. Dentro da eliminação relativa havia as seguin-
tes espécies: “marooning” ou transporte com abandono (abandono do delinquente em algum 
lugar isolado, como um deserto, ou uma ilha remota, por exemplo); internação perpétua em 
colônia penal no exterior; internação por tempo indeterminado no exterior; confinamento em 
asilos por tempo indeterminado, que era o tipo de pena apropriada para loucos e alcoólatras; 
e trabalho compulsório.
Para ele, as categorias de criminoso seriam:
• Criminoso assassino: delinquente típico, egoísta, que segue o apetite instantâneo, 
como um selvagem ou uma criança, e que apresenta sinais externos, físicos;
• Criminoso enérgico ou violento: delinquente que possui senso moral, mas é desprovido 
de compaixão;
• Criminoso ladrão ou neurastênico: delinquentes desprovidos de probidade. Possuem, 
em geral, olhos vivazes, nariz achatado.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
13 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Categorias de criminoso
Lombroso Garofalo
Criminoso nato Criminoso assassino
Criminoso louco Criminoso enérgico ou violento
Criminoso ocasional Criminoso ladrão ou neurastênico
Criminoso passional
EnrIco FErrI
Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Com sua obra Sociologia Criminal, de 1900, 
inaugurou a fase sociológica do positivismo criminológico. Defendia, assim como o sogro, 
que o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência de fatores antropológicos 
(ex: condições orgânicas), físicos (cosmo-telúricos, como clima e condições atmosféricas) 
e sociais (como política, densidade populacional, religião, família) que influenciavam no co-
metimento de um crime. Com base nesses fatores, e muito influenciado pela aplicação dos 
métodos das ciências naturais às ciências humanas, formulou a “lei da saturação”: assim 
como um líquido se comporta de maneiras diferentes a depender da temperatura, o nível de 
criminalidade seria determinado pelas condições do meio físico e social, combinadas com as 
tendências congênitas e impulsos ocasionais dos indivíduos.
Ferri dividiu os criminosos em cinco categorias:
• Criminoso nato: era impulsivo e incorrigível, agindo de maneira desproporcional aos 
motivos da ação;
• Criminoso louco: é levado ao crime por uma doença mental e pela atrofia da moral;
• Criminoso ocasional: apresenta menor periculosidade, maior possibilidade de ser rea-
daptado socialmente e é condicionado por fatores ambientais, como provocação, ne-
cessidades, facilidades, sem os quais a delinquência não ser verificaria;
• Criminoso passional: age impelido por alguma paixão pessoal, política ou social;
• Criminoso habitual: delinquente urbano, criado em um ambiente de miséria, que come-
ça com leves faltas e incorre numa escalada rumo aos crimes graves;
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
14 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Categorias de criminoso
Lombroso Garofalo Ferri
Criminoso nato Criminoso assassino Criminoso nato
Criminoso louco Criminoso enérgico ou 
violento
Criminoso louco
Criminoso ocasional Criminoso ladrão ou 
assassino
Criminoso ocasional
Criminoso passional Criminoso passional
Criminoso habitual
Ferri, por dar o devido peso aos fatores sociais, é considerado o pai da sociologia cri-
minal. Ele explicava que o delinquente é um anormal, que só comete delitos porque vive em 
sociedade. E segundo Ferri, é papel da sociedade se defender dessas ameaças, por meio de 
medidas de defesa social (que viriam a dar origem às atuais medidas de segurança). Para 
ele, a pena-castigo, por tempo determinado, não era adequada, suficiente. Era fundamental 
que os delinquentes fossem colocados em isolamento por tempo indeterminado, para que só 
saíssem quando estivessem curados ou corrigidos, ou seja, para que retornassem ao meio 
social somente quando demonstrassem capacidade de interagir em sociedade sem represen-
tar ameaças.
PosItIvIsmo no brasIl
No Brasil, três autores são particularmente identificados como conectados às ideias da 
Escola Positivista Italiana:
Tobias Barreto
Tobias Barreto, em seu livro Menores e loucos em direito criminal, de 1884, apesar de pos-
suir uma concepção humanista, afirma que o direito de punir é consequência de uma fórmula 
científica, algébrica, de imposição da pena aos criminosos, que perturbam a ordem social. 
Tobias Barreto, assim como Lombroso, tinha uma visão bastante preconceituosa da mulher, 
considerada um ser que se deixava levar pelas paixões e que, quando apaixonada, era incapaz 
de pensar em qualquer outro assunto que não o amor.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
15 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Nina Rodrigues
Nina Rodrigues, em As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil, de 1894, cri-
ticou o ecletismo de Tobias Barreto e negou o livre-arbítrio invocando a heterogeneidade da 
cultura mental dos brasileiros. Com postulados racistas, Nina Rodrigues dizia que o negro 
era briguento, violento nas impulsõessociais e muito dado à embriaguez. Chegou a defender 
a existência de, pelo menos, quatro Códigos Penais no Brasil, que atendessem diversidades 
raciais e regionais.
Afrânio Peixoto
Afrânio Peixoto, autor de Hygiene, de 1917, foi no Brasil o defensor da eugenia (eu: boa; 
genus: geração). Defendia a importância da medicina eugênica preventiva para o trabalho 
policial: deviam ser investigados e resolvidos os problemas biológicos da gestação, para a 
produção de entes sadios, válidos. Em seu livro Criminologia, de 1933, defendeu que a dis-
posição ao crime é hereditária e que, por isso, é necessário fazer uma seleção das pessoas 
que queremos em nossa sociedade. Partindo de premissas polêmicas, entendia que apenas 
as pessoas biologicamente dignas deveriam prosperar, e que seria a realização de um sonho 
impedir a procriação de doentes, loucos, degenerados.
crítIcas ao PosItIvIsmo
Como problemas comuns aos teóricos positivistas podem ser citados a patologização 
do fenômeno delitivo e a concepção do entorno social como mero fator desencadeante da 
criminalidade. Houve, ademais, erros metodológicos cometido pelos positivistas. Um deles 
foi analisar clinicamente pessoas que já haviam sido selecionadas pelo sistema sucessivo de 
freios que é o Direito Penal, desconsiderando os estereótipos que guiam seu funcionamento 
e as consequências e estigmas que o próprio sistema penal provoca nos criminosos. Outro 
erro foi o de considerar que características encontradas nos delinquentes eram típicas desse 
grupo, esquecendo-se que os mesmos traços podiam estar presentes na população de ma-
neira geral.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
16 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
modElos tEórIcos da crImInoloGIa
Vistas essas escolas principais, podemos compreender os modelos teóricos. A Crimino-
logia, ao tentar explicar a gênese do problema criminal, vem desenhando diferentes modelos 
teóricos. Seguindo a sistematização realizada por Antonio García-Pablos de Molina e Luiz 
Flávio Gomes, esses modelos teóricos criminológicos podem ser agrupados em quatro cate-
gorias:
• modelo clássico e neoclássico da opção racional;
• modelo positivista;
• modelo da reação social;
• enfoque dinâmico.
Antes de passarmos para a análise de cada um desses grandes modelos, quero chamar a 
atenção para um detalhe. Acabamos de compreender o embate entre clássicos e positivis-
tas, e isso será válido aqui novamente. No entanto, agora, ao abordar os dois primeiros mo-
delos, não falaremos somente dessas escolas (clássica e positivista). Os modelos são algo 
mais amplo que as escolas que eles contêm em seu interior. O modelo clássico e neoclássico 
abrange a Escola Clássica, mas abarca outras teorias. O modelo positivista não se reduz à 
Escola Positivista, mas certamente a inclui.
Além disso, é importante que não pensemos nos modelos como necessariamente exclu-
dentes entre si. Os modelos servem apenas para agrupar algumas teorias que têm traços 
comuns, ou seja, servem a fins didáticos, mas uma escola ou teoria pode perfeitamente ter 
traços predominantes de um modelo e outros traços que a conectem a outro modelo.
Vamos, então, analisar os traços gerais de cada modelo.
modElo clássIco E nEoclássIco da oPção racIonal
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
17 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
É o modelo dos clássicos, neoclássicos (autores contemporâneos que recuperam as 
ideias dos clássicos) e de outros teóricos. O traço comum que os une é a crença de que o 
crime é fruto de uma decisão racional e livre do infrator, baseada em critérios de utilidade e 
oportunidade. Não se preocupam tanto com a etiologia, ou seja, com a busca das causas da 
delinquência. Tratam, ao contrário, de ver qual é situação presente em que um crime acontece 
e, por isso, essas teorias também são chamadas de teorias situacionais (referente à situação 
presente) da criminalidade. No modelo da opção racional existe uma preocupação com a 
existência de penas justas e úteis e uma crença de que o delinquente e o não delinquente são 
seres essencialmente iguais.
Dentro desse modelo, não existe uma preocupação com o passado do delinquente, com 
as causas que possam ter influído na decisão racional de cometer o crime. O que importa, 
afinal, é ele ter feito a escolha pelo crime. O enfoque recai, portanto, sobre o presente do autor, 
sobre sua autonomia para decidir e sobre o utilitarismo de suas ações.
O modelo da opção racional nasce com o Iluminismo, e parte das ideias de contrato social 
e da existência de uma visão consensual da sociedade, ou seja, do pressuposto de que as 
pessoas se juntaram e, de comum acordo, resolveram viver em grupos sociais. Nessa época, 
o dogma do livre-arbítrio serviu de suporte a uma resposta legal, racional e justa ao crime. É o 
que já vimos quando estudamos a Escola Clássica. Mais modernamente, as teorias de opção 
racional ganharam outros contornos, que passaremos a analisar agora.
Em linhas gerais, considera-se que há três suborientações criminológicas no modelo de 
opção racional:
• Teorias da opção econômica (neoclassicismo de viés economicista);
• Teorias das atividades rotineiras (das oportunidades, situacionais);
• Teorias do meio ou entorno físico (espaciais, ecológicas).
Teorias da opção econômica (“Economic choicE”)
Também denominada de neomodernismo ou escola neoclássica, tem orientação econo-
micista, sendo fruto da grande influência da economia nas ciências sociais. Para essa teoria, 
nada distingue o ser humano delinquente do não delinquente do ponto de vista da racionali-
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
18 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
dade de seu comportamento. O criminoso avalia o lucro que pode obter, qual a potencial dura-
ção de uma eventual pena privativa de liberdade, e enquanto os mecanismos de autoproteção 
– empregados pelas vítimas em potencial do delito – elevam os custos do crime. O dogma do 
livre-arbítrio passa a servir para responder à questão: qual é o modelo da atuação humana?
Para essas teorias de viés economicista, o  ser humano, ao  usar seu livre-arbítrio, faz, 
a todo tempo, ponderações de custos e benefícios, e com o ato delitivo, não é diferente. A per-
gunta que o potencial delinquente faz é: o que ele vai ganhar e o que ele pode vir a perder 
se praticar um delito. Naturalmente, é um cálculo complexo, sobre o qual incidem variados 
fatores, e que pode ter que ser feito às pressas e com as eventuais limitações cognitivas do 
delinquente. Nessa conta, como custos, entram, por exemplo, a pena, as perdas materiais, 
a desaprovação da conduta por outras pessoas, o sentimento de culpa, o medo de vingança 
etc. Como ganhos, podem ser considerados os proveitos materiais do crime, os lucros, a gra-
tificação emocional, a aprovação da conduta por terceiros, o sentimento de justiça etc.
Os teóricos desse modelo tentam também definir quanto os desempregose desigualda-
des contribuem para a criminalidade. O castigo é um custo da atividade criminal que, sendo 
certo e severo, pode diminuir as taxas de delinquência. É uma teoria que, portanto, confia mui-
to no efeito dissuasório da lei penal e nas instituições de controle social formal. Na década 
de 1970, o neoclassicismo teve muito sucesso, sobretudo nos Estados Unidos. Isso se deveu 
basicamente a três fatores: o fracasso do positivismo em identificar os fatores criminógenos; 
o fracasso dos programas ressocializadores; e o aumento das taxas de criminalidade. O setor 
privado das companhias de seguro, com seus estudos de custos sobre a chance de ocorrên-
cia de um delito, e com a percepção de que o crime é um evento mundano, mas cujos riscos 
podem ser geridos, ajudou a desenvolver algumas dessas teses.
Nesse neoclassicismo, o castigo, a retribuição, a pena de morte voltaram a ser estudados, 
discutidos. O efeito dissuasório das sanções, chamado de deterrence em inglês, retornou para 
o centro dos debates criminológicos, configurando um neorretribucionismo, que buscava dar 
resposta rápida ao problema criminal. A aplicabilidade do enfoque economicista, no entanto, 
é apenas relativa, já que nem todos os delitos seriam fruto de uma decisão racional e econô-
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
19 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
mica. São ideias válidas para a criminalidade patrimonial e para a criminalidade organizada, 
mas não totalmente generalizáveis para os demais delitos.
tEorIas das atIvIdadEs rotInEIras
Também chamadas de teorias das oportunidades, ou teorias situacionais, entendem que 
a racionalidade da opção delitiva está ligada às oportunidades, às situações presentes que o 
delinquente vivencia, colocando relevância nos fatores temporais e espaciais do momento da 
ocorrência de um crime. Esse grupo de teorias sublinha o fracasso das instâncias de controle 
social.
Os principais autores dessas teorias são Lawrence Cohen e Marcus Felson que, em 1979, 
publicaram Social Change and crime rate trends: a routine activity approach2.
Na aula que vem, vou falar do ALBERT COHEN e de sua teoria da subcultura delinquente, que 
é bastante cobrada em provas. Não confunda com o Lawrence Cohen daqui, que até hoje não 
figurou em provas.
Para Cohen e Felson, não basta um delinquente disposto para que o crime aconteça. É ne-
cessária também uma oportunidade propícia ou situação idônea, assim como a ausência de 
guardiões. O aumento das taxas de criminalidade desde a Segunda Guerra Mundial não esta-
ria vinculado à pobreza ou à desigualdade, até mesmo porque vários índices sociais haviam 
apresentado significativa melhora. Haveria, sim, uma delinquência de subsistência, consequ-
ência da situação miserável de parcela da população, mas esse tipo de crime seria apenas 
uma pequena fração da criminalidade global.
Assim, Cohen e Felson explicavam que, em realidade, o incremento da delinquência esta-
ria vinculado com a forma concreta de organização das atividades sociais rotineiras da vida 
moderna, da sociedade pós-industrial: muitos deslocamentos; lares que ficam desprotegidos 
por muito tempo porque as pessoas trabalham por longas horas e em locais distantes de 
2 Em tradução livre: Mudança Social e tendências das taxas criminais: a teoria das atividades rotineiras.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
20 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
suas residências; abundância de contatos interpessoais em espaços públicos massificados; 
numerosidade de objetos valiosos e de luxo nas ruas e vitrines; proliferação da vida noturna; 
crescimento do número de estabelecimentos comerciais com funcionamento 24 horas; de-
bilidade progressiva do controle social informal (não andamos à pé, não conhecemos mais 
nossos vizinhos). Uma pesquisa de Felson demonstrou que os homens com vida noturna ati-
va testemunhavam mais atos de violência e se viam com frequência implicados em eventos 
dessa natureza se comparados com aqueles que não eram boêmios.
O aumento dos crimes guardaria, portanto, relação com a organização das atividades co-
tidianas, rotineiras, lícitas da sociedade. Para esses autores, a prática de um crime decorreria 
de três fatores: um delinquente motivado; um objeto (alvo) apropriado – valioso e acessível –; 
e a ausência de guardiões (polícia, vigilantes). Essa teoria foi criticada exatamente por utilizar 
o conceito bastante vago de “delinquente motivado” e por dar muita ênfase ao momento de 
ocorrência do delito, fechando os olhos para as causas últimas do delito. Diz-se que era mais 
uma teoria da vitimização (quem está mais propenso a ser vítima de um crime) do que da 
criminalidade (pois não se interessava pela etiologia do delito).
tEorIas do Entorno FísIco
Também chamadas de teorias espaciais ou ecológicas, conferem relevância ao espaço 
físico como fator criminógeno. Certos espaços físicos conferem facilidades ao delinquente e 
é por isso que o delito se concentra em tais locais. Aqui se encaixam algumas das ideias das 
teorias chamadas ecológicas, como a Escola de Chicago. Pretende-se, nas teorias espaciais, 
prevenir o delito por meio do desenho arquitetônico e urbanístico da cidade.
Em 1972, o arquiteto e urbanista americano Oscar Newman publicou o livro “Defensible 
Space” (espaço defensável), em que defendia a adoção de um modelo arquitetônico para am-
bientes residenciais que inibiria o delito por potencializar as relações sociais de vizinhança e 
possibilitar maior eficácia do controle social informal. Analisando alguns projetos de moradia 
popular, ele percebeu que muitos dos espaços públicos desses projetos eram mais propícios 
à criminalidade, ao vandalismo e à sujeira se comparados aos espaços privados. Acreditava, 
então, que seria possível reduzir as taxas criminais pelo desenho arquitetônico dessas mora-
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
21 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
dias, o que afetaria tanto o comportamento dos habitantes como o de possíveis delinquentes. 
Sua teoria partia da premissa de que os habitantes deveriam adotar o papel de agentes-chave 
para a própria segurança. Logo, tanto elementos físicos (arquitetônicos) quanto sociais fa-
zem parte do espaço defensável. Newman defendia que uma área é mais segura quando há 
um sentimento de propriedade e responsabilidade sobre ela. Para que um espaço defensável 
seja criado, quatro fatores devem estar presentes:
• territorialidade (a sensação de que os ambientes pertencem aos moradores);
• vigilância natural (a possibilidade dos moradores de ver o que está acontecendo);
• imagem (o desenho arquitetônico das construções não pode ser estigmatizante, mas 
sim passar uma sensação de segurança e cuidado); e
• arredores (chamado por Newman de “milieu”, diz respeito ao entorno das construções, 
que devem ser áreas seguras, bairros movimentados, com edifícios governamentais).
Esse modelo arquitetônicodificultaria a execução de crimes também pela criação de bar-
reiras e obstáculos, físicos ou simbólicos, que aumentariam o risco para o potencial infrator. 
A essa criação de barreiras, que dificultam o acesso ao alvo criminal, ou seja, que aumenta-
riam o risco da atividade criminosa dá-se o nome de “target hardening”. Assim, seria necessário 
que os espaços das cidades contassem com iluminação apropriada, possibilidade de obser-
vação exterior dos espaços públicos, necessidade de identificação de estranhos e visitantes 
etc. As teorias espaciais levam bastante em consideração os pontos quentes (“hot spots”) da 
criminalidade (lugares com maior incidência criminal e que merecem uma intervenção urbanís-
tica) e pode-se dizer, aliás, que existe uma seletividade espacial do crime, ou seja, que o crime 
não se distribui igualmente por todas as áreas da cidade, havendo zonas mais criminógenas 
que outras.
As teorias das atividades rotineiras (situacionais) e as teorias do meio físico (ecológicas) 
possuem muitos pontos de contato. Em primeiro lugar, porque a existência de certos am-
bientes criminógenos (teorias ecológicas) pode influenciar decisivamente naqueles elemen-
tos considerados necessários para a ocorrência de um crime para as teorias situacionais: 
delinquente motivado; um objeto (alvo) apropriado – valioso e acessível –; e ausência de 
guardiões (polícia, vigilantes). Se existe uma viela estreita com pouca iluminação e sobre a 
qual há escassa visibilidade, a situação para o delito está criada. E como segundo ponto de 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
22 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
contato, ambas partem do conceito de livre-arbítrio para analisar a situação presente, aquele 
momento final, concreto, em que o delinquente passa da cogitação à ação. Nesse marco de 
teorias, portanto, o livre-arbítrio serve menos para compreender a etiologia do crime, e mais 
para embasar programas de prevenção ao criminal.
modElo PosItIvIsta
Dentro do Modelo Positivista, o livre-arbítrio perde valor. Trata-se, aqui, de um grupo bas-
tante eclético de teorias, que possuem em comum a busca pelas causas do delito. É, portanto, 
um modelo em que ganha força a etiologia criminal. Nascido com as teorias mais simplistas 
e deterministas da Escola Positivista do Século XIX, esse modelo foi sendo enriquecido com 
teorias mais complexas, embasadas em estatísticas e em outros saberes, e assistiu a uma 
progressiva mitigação daquele determinismo radical de Lombroso.
O estudo desse modelo costuma seguir uma classificação pedagógica. Segundo o fator 
considerado preponderante na explicação das causas do delito, as teorias são divididas em:
• biológicas;
• psicológicas; e
• sociológicas.
orIEntaçõEs dE cunho bIolóGIco
As orientações biológicas são dotadas de altíssimo grau de empirismo, já que é ainda 
mais fácil empregar a observação a partir dos sentidos humanos quando o objeto de análise 
é o corpo de alguém. Há, aqui, uma busca constante e detalhada das razões do crime no corpo 
do criminoso. São teorias que partem do princípio positivista da diversidade (que considera 
que o ser humano delinquente é diferente do não delinquente) e que possuem mais vocações 
clínicas e terapêuticas do que aplicações político-criminais.
Algumas teorias biológicas, sobretudo aquelas mais radicais, ao atribuir o delito a pato-
logias do indivíduo, deixam ileso o sistema social, como se o modo de organização do gru-
po social não tivesse sua parcela de responsabilidade pelos delitos existentes. Atualmente, 
as explicações de cunho biológico são bastante mais complexas e dinâmicas do que aquelas 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
23 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
advindas do positivismo do século XIX. Hoje, elas conseguem perceber que há uma pluralidade 
de fatores atuando para dar origem ao fenômeno delitivo. Não se trata mais do determinismo 
biológico puro, de um homem preso ao seu destino antropologicamente e biologicamente tra-
çado.
Conectada com a biologia está a sociobiologia, para a qual os fatores biológicos, ambien-
tais e os processos de aprendizagem podem, dinâmica e conjuntamente, levar à criminalida-
de. Para a sociobiologia, é preciso romper com a ideia de equipotencialidade, pois as pessoas 
não têm idêntica capacidade de aprender e de socializar. Fatores ambientais e biológicos 
influenciam nesses processos de aprendizagem e socialização, podendo, portanto, contribuir 
para a criminogênese. Há quem defenda, por exemplo, que a falta de glicose, ou de certos mi-
nerais e vitaminas pode afetar o desenvolvimento cerebral e levar a transtornos de conduta. 
Dentro desse grupo estão teorias sobre o impacto etiológico:
• do deficit de minerais e vitaminas (a falta de certos elementos afetaria o desenvolvi-
mento cerebral e poderia levar a transtornos de conduta);
• da hipoglicemia (deficit de glicose pode prejudicar o desenvolvimento do cérebro);
• das alergias (quadros alérgicos estariam associados a comportamentos sociais irre-
gulares);
• das contaminantes ambientais (a presença de chumbo, mercúrio ou de alguns gases 
estaria associada a transtornos de conduta);
• dos fatores ambientais (fatores térmicos, acústicos, luminosos, urbanísticos, por exem-
plo, teriam componente etiológico);
Dentro da sociobiologia, tem destaque a obra de Clarence Ray Jeffery, ou simplesmente 
Jeffery. Ele presidiu a Sociedade Americana de Criminologia nos anos de 1977 e 1978 e usou 
essa posição para fazer ecoar suas ideias. Sua teoria sociobiológica defendia que a condu-
ta humana derivava de variantes tanto ambientais quanto genéticas e que a aprendizagem 
era, aliás, um processo psicobiológico: conforme vamos aprendendo, mudanças ocorrem na 
estrutura bioquímica e celular do cérebro. Para ele, portanto, a conduta criminal resultava da 
soma de código genético (ou cerebral) com o ambiente. Ele clamava por uma criminologia 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
24 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
comportamental interdisciplinar, com contribuições da sociologia, biologia, medicina e psi-
cologia3.
Jeffery tem viés prevencionista e defende que mais juízes, mais policiais, mais prisões 
significam mais reclusos, mas não necessariamente menos delitos. Como, para ele, existiria 
ligação entre baixa inteligência, o cromossomo XYY e a criminalidade, ele defendia uma in-
tervenção agressiva e eficaz do infrator, com o controle ambiental de sua vida e com a mo-
dificação das condições biológicas (engenharia genética, equilíbrio bioquímico cerebral por 
meio de dieta, medicamentos, cirurgias). Afinal, se o cérebro determina a conduta, é no cére-
bro que devemos atuar para controlar o crime. Ou seja, haveria uma substituição do sistema 
de justiça criminal por um sistema de intervenções biomédicas. Esse tratamento deveria ser 
realizado, sobretudo, onde nasce a conduta criminal, isto é, fora do cárcere.Aliás, a biologia 
deveria ser utilizada para a prevenção de delitos desde o pré-natal.
Ele cunhou uma sigla bastante conhecida na criminologia de língua inglesa, o CPTED, que 
significa Crime Prevention Through Enviromental Design, ou seja, prevenção de crime por meio 
de desenho ambiental. Busca-se, nessa abordagem, reduzir o crime de maneira interdisci-
plinar, com arquitetos, engenheiros e policiais, apenas para citar alguns profissionais, tra-
balhando juntos. Nesse ponto, o pensamento de Jeffery dialoga com as teorias do meio ou 
entorno físico, porque nos dois casos o espaço físico desempenha papel fundamental.
Castração Química
No tocante aos autores de delitos sexuais graves, existe hoje grande discussão mundial 
sobre o tratamento médico de natureza hormonal antiandrógena (THA). Trata-se do empre-
go, nesses delinquentes, de hormônios que diminuam o desejo sexual no momento em que 
eles tenham que ser devolvidos à vida em sociedade. Essas medidas, popularmente conhe-
cidas como “castração química”, são adotadas em alguns estados norte-americanos, como 
Califórnia e Florida, na Coreia do Sul, na Rússia e em vários outros países. Alguns estudos 
já demonstraram que a aplicação de hormônios possui diversos efeitos colaterais, às vezes 
3 PLATT, Tony; TAKAGI, Paul. Biosocial Criminology: a critique. In: Crime and Social Justice. N. 11, (primavera-verão 1979), pp. 
5-13.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
25 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
irreversíveis, que podem representar riscos às pautas éticas dos sistemas jurídicos democrá-
ticos4.
Atualmente, no Brasil, não existe a previsão desse tipo de pena. O PL n. 552/2007 tentou 
introduzir, em nosso ordenamento, a pena de castração química nas hipóteses em que o autor 
condenado por alguns crimes sexuais, como estupro, atentado violento ao pudor e corrupção 
de menores, fosse considerado pedófilo. O projeto acabou não indo à votação e foi arquivado. 
O art. 5º, inciso XLVII, da Constituição Federal, dispõe que não haverá penas de caráter perpé-
tuo ou cruéis. O inciso XLIX do mesmo artigo dispõe que a integridade física do preso deve ser 
preservada. Considerando que alguns tratamentos hormonais podem se revelar irreversíveis, 
que os efeitos colaterais podem ser muito adversos e que as medidas ultrapassam a barreira 
da integridade física do delinquente, penas desse tipo dificilmente seriam consideradas cons-
titucionais pelo Poder Judiciário brasileiro.
Perfil Genético do Agressor
No Brasil, a Lei n. 12.654/2012 prevê a coleta de perfil genético como forma de identifica-
ção criminal. Ela pode ser empregada em duas situações.
A primeira hipótese se refere aos casos em que a identificação criminal é necessária às 
investigações policiais. Ao lado dos já conhecidos processos datiloscópicos e fotográficos, 
pode ser coletado material biológico para a obtenção do perfil genético.
A segunda hipótese se refere aos condenados por crime praticado dolosamente, com 
violência de natureza grave contra a pessoa ou por qualquer dos crimes previstos na Lei n. 
8.072/1990 (lei dos crimes hediondos). Eles serão submetidos, obrigatoriamente, à identifica-
ção do perfil genético, mediante extração de DNA por técnica adequada e indolor.
Do ponto de vista criminológico, é importante considerar que as informações genéticas 
devem servir para a criminalística, para o trabalho pericial de encontrar vestígios e determi-
nar a autoria de um delito. Pelo próprio texto da Lei, os dados coletados não poderão revelar 
traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinação genética de gê-
nero. Ou seja, as informações dos bancos de dados de perfil genético podem ser utilizadas 
para facilitar a investigação criminal, mas não para que se traço um paralelo, como fazia o 
4 Reghelin, Elisangela Melo. “Castração” química, liberdade vigiada e outras formas de controle sobre delinquentes sexuais. 
Curitiba: Juruá, 2017.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
26 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
positivismo, entre certas características corporais (somáticas) ou comportamentais e a prá-
tica delitiva. Não se trata, na Lei n. 12.654/2012, de explicar a etiologia criminal em aspectos 
biológicos, mas sim de elucidar investigações e diminuir a impunidade com a coleta e o cru-
zamento de dados genéticos dos delinquentes.
orIEntaçõEs dE cunho PsIcolóGIco
Os modelos de cunho psicológico explicam o comportamento criminal a partir de deter-
minados processos psíquicos. Eles se valem da Psicologia, da Psiquiatria e da Psicanálise.
Psiquiatria
A Psiquiatria ou Psicopatologia delimita os conceitos de enfermidades mentais, tentan-
do estabelecer a correlação entre doenças psíquicas e crimes. Nas concepções primitivas, 
o delinquente era endemoniado, maldito, anormal. Depois, a teoria da loucura moral, ou insa-
nity, propugnou a hereditariedade da enfermidade mental. Posteriormente, a teoria da loucura 
moral foi sendo substituída pela teoria da personalidade criminal, que acredita na existência 
de um conjunto de características ou uma estrutura psicológica delitiva por si própria. Todas 
essas teorias têm em comum o fato de rechaçarem a normalidade do delito e acolherem a 
ideia de que o delinquente sofre algum tipo de enfermidade que o torna diferente das demais 
pessoas.
A Psiquiatria estuda qual impacto têm na etiologia criminal fatores como os retardos 
mentais; os delírios; as dependências de drogas e álcool; as esquizofrenias (perda de contato 
com a realidade e corte na continuidade biográfica do doente); as paranoias; os transtornos 
de estado de ânimo e do humor; as neuroses (transtornos de ansiedade); os transtornos se-
xuais; os transtornos no controle dos impulsos; as psicopatias (doenças que levam a incapa-
cidade de estabelecimento de laços de lealdade e que se manifestam com traços de egoísmo, 
impulsividade, ausência de sentimento de culpa).
Psicologia
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
27 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
A Psicologia estuda os processos mentais e os comportamentos humanos. As contri-
buições para a criminologia podem ter vários enfoques. A psicologia pode se aproximar do 
fenômeno delitivo analisando as motivações internas do indivíduo, com uma abordagem mais 
introspectiva; ou estudando o comportamento externalizado; ou, ainda, investigando os estí-
mulos do meio em que o delinquente está inserindo. Dentro do modelo teórico positivista, de 
que estamos tratando, a psicologia desempenha, portanto, importante papel causalista, isto 
é, etiológico.
Outra tarefa de extrema relevância desenvolvida pela psicologia criminal encontra-se na 
criminologia clínica, que procura compreender como funciona a mente dos indivíduos que 
se envolvem com a delinquência para a definição de estratégias de intervenção com vistas à 
reinserção do apenado.5 É comum que os psicólogos empreguem a fenomenologia criminal,um método de análise para entender a vivência do paciente no mundo e o modo como esse 
paciente se percebe no mundo. Na fenomenologia, descreve-se o crime de forma detalhada; 
estuda-se como o crime surge, quais são os tipos de execução do delito e elaboram-se tipo-
logias de autores. Segundo Eduardo Viana, a fenomenologia criminal se ocupa da análise das 
formas de surgimento da criminalidade e elaboras classes de execução do crime e tipologia 
de autores.6
Alguns fatores psicológicos que atuam na criminogênese são:
• mimetismo: imitação de modelos criminais;
• ambição acentuada: desejo de lucro fácil, imediato;
• abulomania: ego fraco, submissão, pessoa do estilo “Maria vai com as outras”, que, 
incapaz de tomar decisões, é influenciada a participar de algum delito;
• insensibilidade moral: egoísmo extremo, ausência de sentimento altruísta, de compai-
xão;
• necessidade de status: gosto por posições de destaque, evidência; e
• rebeldia: espírito de oposição, desobediência.
Psicanálise
5 SÁ, Alvino Augusto de. Criminologia clínica e psicologia criminal. São Paulo: RT, 2007, p. 18.
6 VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018, p. 185.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
28 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
A Psicanálise examina a estrutura psicodinâmica da personalidade: conflitos, frustrações, 
motivações e interpretações que o delinquente dá a seu ato. A Psicanálise conduz a certo de-
terminismo biológico em função da primazia que atribui às forças do inconsciente.
Sigmund Freud, neurologista e psiquiatra austríaco, desenvolveu a teoria dos instintos, 
em que conferiu muita importância ao instinto sexual, com fortes implicações na personali-
dade das pessoas. Segundo Freud, haveria dois instintos básicos nas pessoas: o da vida, ou 
eros, com forte componente sexual; e o de morte, de destruição, ou thanatos7. As raízes do 
crime podem estar associadas à força destrutiva inata de thanatos.
Para Freud, e para a psicanálise em geral, há três instâncias mentais – Id, Ego e Superego 
– que devem andar equilibradas para a estabilidade mental do indivíduo. O Id, componente 
inato das pessoas, consiste nos desejos, vontades e pulsões primitivas pelo prazer. O Ego e o 
Superego não nascem com as pessoas. O Ego começa a se desenvolver nos primeiros anos 
de vida das pessoas e se forma a partir da interação do ser humano com o mundo real. É a 
instância da personalidade que equilibra a psique da pessoa, buscando regular os impulsos 
do Id e satisfazê-los de modo menos imediatista e mais realista. Já o Superego começa a se 
desenvolver a partir do quinto ano de vida do indivíduo e diz respeito à representação que a 
pessoa faz dos valores morais e culturais. O Superego aconselha o Ego, dizendo-lhe o que é 
moralmente aceito e quais princípios devem ser seguidos.
Os atos humanos, incluídos os delitos, são respostas que expressam o equilíbrio ou de-
sequilíbrio dessas instâncias psíquicas, como, por exemplo, a fraqueza do superego, instân-
cia que cuida da interiorização de normas. O complexo de Édipo (fase do desenvolvimento 
psicossexual da criança do sexo masculino, que se caracteriza quando o menino começa a 
sentir forte atração pela figura materna e rivaliza com a figura paterna) tem um poderoso efei-
to criminógeno, por gerar culpa, cujo componente autopunitivo leva ao delito. Todos os atos 
humanos, para Freud, possuem uma explicação que só pode ser revelada pela introspecção, 
que acesse o inconsciente.
Na primeira etapa do pensamento de Freud, de cunho mais psicológico, a agressividade 
era vista como um instinto sexual, de natureza reativa, defensiva, não determinada biologi-
camente. Por volta de 1920, Freud muda de opinião, optando por um enfoque mais biológico 
7 GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; intro-
dução às bases criminológicas da Lei n. 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5ª ed. São Paulo: RT, 2006, p. 204.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
29 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
para sua teoria dos instintos. A partir daí, ele passa a considerar a destrutividade um fenôme-
no primário da vida, de origem biológica. E a inibição desse impulso agressivo se daria com a 
formação, na infância, do superego.
orIEntaçõEs dE cunho socIolóGIco
As teorias criminológicas têm adotado, cada vez mais, um enfoque sociológico. Mas lem-
bre-se que a sociologia criminal não é algo novo. Ferri é considerado o pai da sociologia 
criminal porque, ainda no seio da Escola Positivista do século XIX, dava o devido peso aos 
fatores sociais e compreendia que as pessoas somente cometem delitos porque vivem em 
sociedade.
Mais modernamente, considera-se que a sociologia tem dois troncos principais. O euro-
peu, vinculado a Durkheim, e o norte-americano, derivado originalmente da Escola de Chicago 
(ambos serão analisados na próxima aula).
A Sociologia criminal entende que o crime é um fenômeno social causado por variados 
fatores (como família, educação, pobreza, costumes, moral) e que guarda relação com situa-
ções ordinárias da vida cotidiana. Há forte influência de fatores espaciais e ambientais na di-
nâmica criminal, sendo que as estruturas e conflitos sociais desempenham papel importante 
na delinquência urbana.
Os enfoques sociológicos possuem em comum um forte caráter empírico, ou seja, anali-
sam a realidade dos fatos criminais para entender por que ocorre o crime. Além disso, são en-
foques bastante pragmáticos, preocupados em ter uma aplicação político-criminal concreta 
na sociedade analisada.
Hoje, podemos afirmar que as teorias sociológicas (que serão analisadas na próxima aula) 
são as dominantes na Criminologia.
modElo da rEação socIal
O modelo da reação social é, também, uma explicação sociológica do delito, como tantas 
outras que veremos nas próximas aulas. Mas García-Pablos de Molina cataloga esse enfoque 
como um novo modelo porque, a partir da década de 1960, inaugura-se uma nova linha de 
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
30 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
pensamento sociológico. Já falamos um pouco dessa linha em nossa primeira aula, quando 
mencionamos a teoria do labelling approach, que introduziu o controle social formal na lista 
de objetos da Criminologia. Trata-se de um enfoque em que o importante não é compreender 
a razão pela qual alguém comete um crime, mas sim quais são os mecanismos arbitrários 
que fazem com que certas pessoas sejam etiquetadas como criminosas pelas instâncias de 
controle social formal. A etiologia (explicação das causas do crime) perde força. O crime não 
existe ontologicamente, isto é, por si próprio. Parte-se do conceito definitorial de delito: o 
crime é definido e seus autores selecionados discriminatoriamente pelas próprias instâncias 
de controle social formal desenhadas para combater a delinquência. Tambémé conhecido 
como modelo do etiquetamento ou modelo interacionista. Além da teoria do labelling appro-
ach, a criminologia crítica também pode ser encaixada nesse modelo. Vamos estudar essas 
teorias detidamente na próxima aula.
EnFoquE dInâmIco
Também chamado de Criminologia do Desenvolvimento, ou modelos evolutivos, são cor-
rentes que explicam o delito segundo um enfoque dinâmico, considerando que as pessoas 
passam por processos evolutivos e que a gênese dos comportamentos criminosos só pode 
ser encontrada se essa evolução pessoal é analisada. Ou seja, não basta analisar um aspecto 
específico do delinquente, um momento específico de sua vida.
Esse enfoque difere da Criminologia etiológica tradicional, que se valia sobretudo de mé-
todos transversais para analisar a etiologia criminal quase estaticamente. No enfoque dinâ-
mico ganham importância os métodos longitudinais.
Os métodos longitudinais são os estudos de caso ou biografias criminais, que analisam vá-
rios aspectos da pessoa (familiar, educacional, social, psicológico, por exemplo) em diversos 
momentos da vida, para entender os muitos e variados fatores que, caso a caso, e nas distin-
tas fases do curso vital do sujeito, incidem nas carreiras e trajetórias criminais.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
31 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Os métodos transversais, típicos da criminologia tradicional, analisam o sujeito em um de-
terminado ponto no tempo. Não analisam a carreira criminal, mas sim o processo causal que 
levou àquele delito específico, como se as pessoas não mudassem ao longo dos anos.
Memorize assim: o estudo longitudinal vai longe, e o estudo transversal é tradicional.
No enfoque dinâmico, abandonam-se as tipologias da Criminologia clássica e a busca por 
uma explicação etiológica da criminalidade. Essas ideias são substituídas pela análise, bas-
tante empírica e ateórica (não-teórica) de carreiras criminais, que não procuram exatamente 
uma causa para a delinquência, mas sim a descrição da gênese e dos padrões de conduta 
delitivos (quando o padrão se inicia?; qual a frequência delitiva?; quais as modalidades de 
crime?; qual a duração da carreira criminal?).
Exatamente por empregar enfoques longitudinais, dinâmicos, focados na carreira crimi-
nal, a variável idade, aqui, ganha bastante fôlego. Há uma valorização da ideia de “curva da 
idade”, um conceito que vem desde Quetelet, precursor da criminologia pertencente à Escola 
Cartográfica. Segundo esse conceito, é normal que o jovem se envolva em muitos delitos, 
chegando-se a falar de normalidade da delinquência juvenil. A curva de atividade delinquen-
cial vai em ascendente, desde a mais tenra idade do indivíduo, para descer posteriormente, 
por volta dos 20 a 25 anos de idade, sendo pouco provável que a pessoa se envolva em atos 
violentos depois disso.
No tocante à intervenção no delinquente, esse enfoque é bastante preventivo (quanto an-
tes começarem as intervenções, mais frutíferas) e individualizado (deve haver uma interven-
ção diferente para cada delinquente). É uma abordagem muito indicada para o estudo da rein-
cidência criminal. Tem potencial, igualmente, para possuir bastante efeito prático para fins 
penitenciários (classificação do criminoso, análise para progressão de regime ou concessão 
de algum tipo de benefício ou liberdade).
A Criminologia do Desenvolvimento costuma se debruçar, primeiramente, sobre como 
ocorre a continuidade do padrão delitivo e, posteriormente, sobre a mudança desse padrão, 
demonstrando que a maioria dos jovens abandona espontaneamente o padrão delitivo ao 
ingressar na vida adulta. Essa teoria distingue três etapas na carreira criminal:
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
32 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
• ativação;
• agravamento; e
• desistência.
Na ativação, a carreira se inicia e logo pode ir por três caminhos: estabilização (aquele 
comportamento delitivo ganha continuidade); aceleração (a frequência daquele comporta-
mento se acelera); e diversificação (o espectro de delitos se enriquece).
No agravamento, há uma escalada da relevância dos delitos.
Por fim, na desistência pode haver: desaceleração (queda da frequência); especialização 
(que é o oposto da diversificação, e consiste na redução da gama de delitos cometidos); de-
-escalation (progressiva perda da gravidade dos delitos); ou conclusão definitiva da carreira 
criminal.
Essas teorias do curso da vida são, portanto, integrantes de um modelo complexo, di-
nâmico, longitudinal e individualizador, que enfoca nos fatores de risco que atuam sobre os 
indivíduos ao longo de suas vidas.
A psicóloga norte-americana Terrie Moffitt é umas das teóricas contemporâneas inte-
grantes do enfoque dinâmico. Ela diferencia dois tipos de delinquentes:
• Delinquentes cuja carreira criminal se limita à adolescência. Essa delinquência se ex-
plica pelo mimetismo, ou seja, reprodução, imitação de comportamentos que propor-
cionam recursos valiosos. Como, atualmente, é  cada vez mais trabalhoso e lento o 
acesso à vida adulta, com todos os seus poderes e privilégios, os adolescentes imitam 
o comportamento criminal porque isso confere a eles o ingresso na maturidade, ou 
seja, o status de adulto.
• Delinquentes persistentes, que começam a apresentar condutas antissociais já na in-
fância e persistem no comportamento ao longo da vida adulta. Predisposições bioló-
gicas (genética, danos cerebrais, disfunções neurológicas) combinadas com um am-
biente de criação perverso (abuso, negligência, pais delinquentes, pobreza) são fatores 
de risco (não determinantes!) para a delinquência persistente, já que se acumulam ao 
longo dos anos.
O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para Aline Tavares - 09051250452, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título,
a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
https://www.grancursosonline.com.br
https://www.grancursosonline.com.br
33 de 89www.grancursosonline.com.br
Mariana Barros Barreiras
Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
RESUMO
Iluminismo
Antigo Regime (séculos XV a XVIII): monarquias absolutistas. Visão teocêntrica do mun-
do. Sistema penal cruel, arbitrário e caótico.
Iluminismo (século XVIII): movimento filosófico que exaltou o poder da razão em detri-
mento do poder da religião. É considerado base para a Escola Clássica e a Escola Positivista, 
que formam a Criminologia tradicional.
Escola Clássica (Itália, Séc. XVIII)
Crença no livre arbítrio. Delinquente e não delinquente são pessoas essencialmente iguais. 
O crime, ente jurídico que significa quebra do pacto social, é o principal objeto de estudo. Uti-
lização do método dedutivo e abstrato. Preocupação com as normais penais, que devem ser 
justas. A etiologia criminal não era o foco. As penas devem ser proporcionais, legítimas e 
delimitadas e devem estar previstas em leis.
Feuerbach – Fundador da moderna dogmática penal. Delineou a autonomia do Direito 
Penal. Deu ênfase ao princípio da legalidade.
Marquês de Beccaria – Dos delitos e das penas, 1764. Valorização da dignidade das pes-
soas. Humanização das penas.
Francesco Carrara – Programa de Direito Criminal, 1859. Crime é um ente jurídico.

Continue navegando