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SISTEMA DE ENSINO
CRIMINOLOGIA
Modelos Teóricos da Criminologia
Livro Eletrônico
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Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Sumário
Modelos Teóricos da Criminologia .............................................................................................. 4
Iluminismo ........................................................................................................................................ 4
Escola Clássica ................................................................................................................................ 5
Criminologia Positivista ................................................................................................................ 7
Positivismo no Brasil .....................................................................................................................12
Críticas ao Positivismo .................................................................................................................13
Escolas Intermediárias ................................................................................................................ 14
Correcionalismo ............................................................................................................................ 14
Escola de Lyon ............................................................................................................................... 14
Escola de Marburgo .......................................................................................................................15
Escola Técnico-Jurídica .................................................................................................................16
Terza Scuola .................................................................................................................................... 17
Escola de Defesa Social ............................................................................................................... 18
Defesa Social Radical ....................................................................................................................19
Defesa Social Moderada ...............................................................................................................19
Críticas à Defesa Social ............................................................................................................... 22
Modelos Teóricos da Criminologia ............................................................................................ 23
Modelo Clássico e Neoclássico da Opção Racional ............................................................... 23
Teorias das Atividades Rotineiras ............................................................................................. 25
Teorias do Entorno Físico ................................................................................................... 26
Modelo Positivista ........................................................................................................................ 27
Orientações de Cunho Biológico ................................................................................................28
Orientações de Cunho Psicológico .............................................................................................31
Orientações de Cunho Sociológico ............................................................................................ 33
Modelo da Reação Social ............................................................................................................. 33
Enfoque Dinâmico .........................................................................................................................34
Resumo ............................................................................................................................................ 37
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Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Mapas Mentais ..............................................................................................................................43
Questões de Concurso ................................................................................................................. 50
Gabarito ........................................................................................................................................... 77
Referências ..................................................................................................................................... 78
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Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
MODELOS TEÓRICOS DA CRIMINOLOGIA
Olá, tudo bem? Vamos dar continuidade às nossas aulas para o concurso da Polícia Federal.
Deixo mais uma vez meu Instagram para quem quiser acompanhar as “lives” de Crimino-
logia: @profmaribarreiras.
Agora que já sabemos o que é, para que serve, quais objetos analisa e quais métodos em-
prega a Criminologia, vamos avançar.
Hoje vamos começar a estudar os modelos teóricos da Criminologia. Os modelos teóricos 
são grupos de teorias que analisam de modo similar a questão criminal. Segundo a classifi-
cação de García-Pablos de Molina, os modelos teóricos são quatro:
• modelo clássico e neoclássico da opção racional;
• modelo positivista;
• modelo da reação social; e
• enfoque dinâmico.
Mas para entendermos os modelos teóricos, sobretudo os dois primeiros, vamos começar 
falando sobre as duas correntes de pensamento que fazem parte do nascimento da Crimino-
logia: as escolas Clássica e Positivista. Aliás, o embate entre essas escolas é tema comum 
nas provas de Criminologia. Vamos ver, igualmente, as escolas intermediárias. Apesar de es-
ses temas não estarem especificados no seu edital (e de nunca estarem especificados nos 
editais de Criminologia do Cebraspe), o Cebraspe cobra esses conhecimentos e aqui é o mo-
mento oportuno de apresentá-los.
Depois de compreender as diferenças entre essas correntes, passaremos para os mode-
los teóricos especificamente.
IlumInIsmo
A Europa, nos séculos XV a XVIII, vivenciou o que se convencionou chamar de Antigo 
Regime. Era a época das monarquias absolutistas, com o regime centralizado nas mãos do 
rei. A figura do rei era sagrada e incontestável e a visão teocêntrica do mundo, amplamente 
dominante. Nesse período, o sistema penal era caótico, cruel e arbitrário. Os réus não possu-
íam as garantias processuais e penais que hoje existem em qualquer sistema democratica-
mente sólido.
No século XVIII surgiu o Iluminismo, movimento filosófico que exaltou o poder da razão 
em detrimento do poder da religião. Ideologias absolutistas e religiosas foram substituídas 
pelo conhecimento racional do mundo. O Iluminismo, portanto, promoveu o culto à razão e 
passou a fornecer explicações racionais para os problemas sociais. O movimento iluminista 
é considerado a base tanto dos autores clássicos do Direito Penal quanto dos autores positi-
vistas da Criminologia.
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Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Escola clássIca
Na esfera penal, o Antigo Regime contava com práticas punitivas bárbaras, aleatórias, 
desproporcionais. No século XVIII, com o advento do Iluminismo, novos códigos penais en-
tram em cena, com técnicas mais humanas e racionais de punição. Nasce, então, um Direito 
Penal como conhecemos hoje, com elaboradas racionalizações e construções dogmáticas. O 
fundador da moderna dogmática penal foi o alemão Paul Johann Anselm von Feuerbach, mais 
conhecido nos estudos penais pelo último sobrenome.
Os autores clássicos, como já vimos na primeira aula, reconhecem que as pessoas são 
seres racionais, que possuem livre-arbítrio, ou seja, podem fazer escolhas. O cometimento 
de um crime é fruto de uma decisão que implica quebra do pacto social de convivência pa-
cífica. O delinquente deve ser punido pelo mal que causou com a sua escolha. A ele, então, 
são aplicáveis as penas previstas no ordenamento jurídico, utilizando-se a técnica dedutiva 
de subsumir uma conduta a uma norma penal incriminadora (a dedução é típica do Direito, 
lembre-se! A Criminologia usa técnica indutiva, mas nessa época a Criminologia ainda não 
havia nascido propriamente como ciência, de modo que os clássicos são, sobretudo, juristas 
da área penal). A Escola Clássica teve na Itália grande epicentro.
Os clássicos consideram que o crime é, antes de tudo, um ente jurídico. É necessário que 
haja uma previsão legal para que uma conduta seja considerada criminosa.
O enfoque clássico, portanto, se vale de um método dedutivo: parte da regra geral (normas 
jurídicas por exemplo) para analisar o fenômeno criminal. O método é também abstrato, pois 
baseia-se sobretudo na lei, um comando genérico. A lei é justa e deve ser aplicada de maneira 
racional e igualitária para todos.
A Escola Clássica não estava tão interessada em entender a razão pela qual alguém deci-
de cometer um crime.
As bancas, como já sabemos, gostam de utilizar o termo etiologia. Se refere à busca de ex-
plicações das causas do comportamento criminoso. A Escola Clássica não estava, portanto, 
preocupada com a etiologia dos delitos.
Assim, a Escola Clássica pouco contribuiu com a etiologia. Mas foi a Escola Clássica que 
se preocupou, pela primeira vez, em fundamentar, delimitar e legitimar a pena. Em substitui-
ção ao sistema penal caótico e desumano do Antigo Regime, a Escola Clássica forneceu um 
panorama legislativo humanitário e racional, mostrando que a pena poderia e deveria ser útil, 
justa e proporcional.
A pena, para os clássicos, deve ter nítido caráter de retribuição pela responsabilidade mo-
ral do delinquente (imputabilidade moral), de modo a restaurar a ordem externa social.
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Modelos Teóricos da Criminologia
CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Os principais autores clássicos relembrados por terem contribuído para a Criminologia são 
os seguintes:
Feuerbach
Feuerbach foi o principal redator do Código Bávaro de 1813. Lá, situou o Direito Penal den-
tro do Direito Público e o separou do processo penal. Fez a distinção entre crime e outros 
tipos de ilícitos. Desenhou a autonomia da disciplina (Direito Penal) e colocou a tarefa de criar 
delitos e impor penas nas mãos do soberano, entregando ao Estado a exclusividade do poder 
criminal. Defendeu a separação entre direito e moral. Especificou que as penas deviam estar 
previamente declaradas em leis e que somente com observância dessas leis o Direito Penal 
podia ser aplicado, dando forte ênfase ao direito positivado, ao princípio da legalidade e, por-
tanto, à proteção das liberdades individuais do cidadão.
Marquês de Beccaria
Cesare Bonesana, conhecido como Marquês de Beccaria, publicou, em 1764, Dos delitos 
e das penas, que serviu de base para a valorização da dignidade das pessoas e para a conse-
quente humanização das penas, em contraposição à crueldade das sanções existentes até a 
primeira metade do século XVIII. Para Beccaria, o indivíduo escolhe ou não obedecer às leis, 
mas o Estado não poderia escolher tratamentos cruéis e desumanos. As leis, para ele, deve-
riam ser simples, conhecidas pelo povo. E as penas deveriam estar previstas nessas leis. Ele 
criticava o sistema de provas que não admitia o testemunho da mulher, não dava atenção ao 
depoimento do condenado e era complacente com a tortura. Preocupava-se com a situação 
deplorável das prisões e defendia a necessidade de provas robustas para a condenação de 
alguém. A obra de Cesare Bonesana é considerada fundamental para o Direito Penal liberal e 
para a Criminologia clássica. Veja alguns trechos:
O juiz deve fazer um silogismo perfeito. A premissa maior deve ser a lei geral; a menor, a ação 
conforme ou não à lei; a consequência, a liberdade ou a pena. Se o juiz for obrigado a elaborar um 
raciocínio a mais, ou se o fizer por sua conta, tudo se torna incerto e obscuro. (...) Quando as leis 
forem fixas e literais, quando apenas confiarem ao magistrado a missão de examinar os atos dos 
cidadãos, para indicar se esses atos são conforme a lei escrita, ou se a contrariam (...) então não 
se verão mais os cidadãos submetidos ao poder de uma multidão de ínfimos tiranos (...). À pro-
porção que as penas forem mais suaves, quando as prisões deixarem de ser a horrível mansão do 
desespero e da fome (...) as leis poderão satisfazer-se com provas mais fracas para pedir a prisão1.
1 BECCARIA, Cesare Bonesana, Marches di, Dos delitos e das penas. São Paulo: Martin Claret, 2014, p. 21-24.
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CRIMINOLOGIA
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Francesco Carrara
Francesco Carrara escreveu o Programa de Direito Criminal, de 1859. Para ele, o crime não 
é um ente de fato, mas sim um ente jurídico. Ou seja, só existe crime porque há uma norma 
dizendo que tal fato é um crime. Os indivíduos possuem livre-arbítrio e decidem se comportar 
de maneira contrária à lei, sendo a pena uma retribuição jurídica que pretende restabelecer a 
ordem externa violada. Se o crime é um ente jurídico, deve ser estudado a partir das normas, 
em obediência a um método dedutivo, lógico-abstrato.
Giovanni Carmignani
Giovanni Carmignani foi um jurista italiano igualmente preocupado em fundamentar o di-
reito de castigar. Para ele, o direito de punir se fundamentava na necessidade de manter a paz 
social. A pena não deve se preocupar tanto em castigar, mas sim em evitar delitos futuros. 
crImInologIa PosItIvIsta
Depois dos clássicos (século XVIII), vieram os positivistas (século XIX). Antes de falar da 
Criminologia Positivista, vamos falar um pouquinho sobre o Positivismo de maneira geral, 
pois isso vai ajudar a fixar o conteúdo.
O Positivismo foi uma corrente filosófica formulada pelo francês Auguste Comte, no início 
do século XIX. A Europa passava por uma transição rumo à modernidade, com urbanização 
e industrialização. Comte defendia que, para enfrentar essas mudanças, os seres humanos 
também deveriam passar por uma reforma, nesse caso intelectual. Nessa transformação de 
pensamento, era necessário passar a explicar os fenômenos, naturais e sociais, por meio da 
sua observação (emprego dos sentidos humanos) e por meio da compreensão das leis natu-
rais que os regem. A humanidadejá havia passado pelo estado teológico (em que se pensava 
que deuses e seres sobrenaturais seriam responsáveis por reger o mundo); pelo estado me-
tafísico (típico do pensamento clássico, em que se pensava que com argumentações lógicas, 
abstratas e racionais seria possível compreender o mundo); e agora estava pronta para in-
gressar no estado positivo, em que o ser humano empregaria a observação e o trabalho em-
pírico (concreto, positivo) para, de maneira científica, compreender a natureza e a sociedade, 
rumo ao progresso.
Visto isso, fica mais fácil compreender o positivismo criminológico, ou Escola Positivista, 
ou simplesmente Escola Positiva. Vou relembrar aqui, para você, algumas ideias que estuda-
mos na primeira aula.
A Criminologia tem como objeto o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. A Cri-
minologia passa a estudar o delinquente a partir da segunda metade do século XIX, com o 
advento da filosofia positivista.
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CRIMINOLOGIA
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Opondo-se ao racionalismo dedutivo dos clássicos, os positivistas defendem a obser-
vação dos fenômenos criminais, com primazia para a experiência sensitiva humana. A ideia 
era aplicar, nas ciências humanas, métodos oriundos das ciências naturais. Como não era 
possível realizar essa aplicação em relação às normas (grande objeto de estudo dos penalis-
tas clássicos), começa-se a estudar o próprio delinquente. Muitos autores identificam que aí 
nasce, verdadeiramente, a Criminologia como ciência. Afinal, é nesse momento que a Crimi-
nologia começa a se valer do método indutivo, empírico e multidisciplinar.
Para os positivistas, o livre-arbítrio era uma ilusão. O delinquente era escravo do deter-
minismo biológico ou do determinismo social. No determinismo biológico, acredita-se que 
diferenças genéticas entre os indivíduos os tornam mais propensos ao crime. São doenças, 
patologias que levam o indivíduo a se tornar um delinquente. No determinismo social, são 
as características do ambiente social que levam um indivíduo ao crime. Em ambos os casos, 
não há espaço para a escolha do indivíduo. Há, nessa Escola, muito interesse pelo estudo da 
etiologia do delito. Ou seja, com o positivismo a Criminologia passa a tentar entender a razão 
pela qual uma pessoa comete um crime.
É típica do pensamento clássico a adoção de penas proporcionais ao mal causado. A 
pena, para os clássicos, é sobretudo retribuição. É característica do pensamento positivista 
a adoção de medidas de segurança com finalidade curativa, pelo tempo em que persistisse 
a patologia. A medida de segurança é uma medida de defesa social (defesa da sociedade) 
contra o criminoso, que será sempre psicologicamente anormal.
Os autores positivistas foram bastante influenciados pelo pensamento evolucionista de 
Charles Darwin, que acreditava que alguns seres eram mais evoluídos que outros. Depois de 
Darwin demonstrar a teoria da evolução das espécies, o antropólogo inglês Herbert Spencer 
(século XIX) defendeu que os pobres, os incapazes, os imprudentes, eram inaptos para o cres-
cimento intelectual e seriam superados pelos indivíduos mais aptos. Seu pensamento evolu-
cionista buscava justificar o neocolonialismo: os colonos, dos países ocupados, seriam seres 
inferiores, que não haviam passado por uma evolução completa. As raças inferiores teriam 
menos sensibilidade. Era inútil ofertar a elas muita educação ou instrução, sendo mais lógico 
reservar-lhes os trabalhos manuais. As ideias de Darwin e de Spencer influenciaram bastante 
os positivistas, para quem, como veremos, os indivíduos não eram todos iguais.
O positivismo, de maneira geral, foi crucial para a Criminologia: era essencialmente in-
terdisciplinar, tendo construído seu pensamento a partir da aglutinação de várias ciências; 
abandonou a perspectiva fortemente centrada nos saberes jurídicos dos clássicos; trouxe, 
portanto, o método indutivo, empírico e interdisciplinar para o centro dos estudos; e transfor-
mou o delinquente em objeto de profunda análise.
Vamos, agora, analisar o pensamento dos principais autores positivistas e suas três fases 
principais: antropológica, jurídica e sociológica.
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CRIMINOLOGIA
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Cesare Lombroso
Lombroso foi médico e antropólogo italiano. Ele é o principal expoente da fase antropoló-
gica do positivismo. Com sua obra O homem delinquente, de 1876, fundou o que se convencio-
nou chamar de fase antropológica do positivismo criminológico. Para a maioria dos autores, é 
com Lombroso que a Criminologia pode passar a ser considerada uma ciência e por isso ele é 
considerado o pai da Criminologia.
Utilizou algumas ideias de fisionomistas para tentar fazer um retrato do delinquente. Vá-
rias características corporais das pessoas eram analisadas, tais como estrutura do tórax, 
tamanho das mãos e das pernas, quantidade de cabelo, altura, peso, barba, rugas, tamanho 
da cabeça etc. A ideia era partir da observação da realidade para chegar a regras gerais sobre 
o comportamento delinquente. Tratou, então, de aplicar o método empírico e indutivo para 
analisar o fenômeno criminal.
Para Lombroso, o crime era um fenômeno biológico, e não um ente jurídico: o delinquen-
te é um selvagem (ele não é igual ao restante da população!) que já nasce criminoso por 
ser possuidor de algum tipo de epilepsia. Por isso, Lombroso utiliza amplamente o conceito 
de criminoso nato. Os fatores ambientais, sociais, ou seja, exógenos, externos ao indivíduo, 
apenas têm o poder de desencadear os fatores clínicos, biológicos, endógenos. Há, portanto, 
forte negação do livre-arbítrio, já que o criminoso é um ser moralmente inferior (não evoluiu!), 
um louco moral, com evidências de atavismo. A característica atávica é aquela que já estava 
presente em ascendentes distantes e que reaparece em determinado indivíduo.
Lombroso era, então, um evolucionista (seguia os ensinamentos de Darwin): ele entendia 
que algumas pessoas seriam dotadas de uma predisposição primitiva para a delinquência. 
Pessoas mais “evoluídas”, mais distantes de seus antecessores primitivos, não seriam crimi-
nosas por não serem portadoras dessas características inatas que levavam ao crime.
Ele emanou conceitos bastante preconceituosos sobre as mulheres, consideradas cru-
éis, mentirosas, fracas, tagarelas e indiscretas. As mulheres criminosas, para Lombroso, 
estavam intimamente associadas à prostituição. As grandes categorias de criminoso para 
Lombroso são:
• o criminoso nato;
• o louco moral;
• o epilético;
• o criminoso louco;
• o criminoso ocasional;
• e o criminoso passional.
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CRIMINOLOGIA
Mariana Barreiras
Nas primeiras edições de O Homem delinquente, Lombroso traça uma distinção entre o crimi-
noso nato, o louco moral e o epilético, mas com a evolução de seus estudos, ele chega à con-
clusão de que criminalidade nata,loucura moral e epilepsia se confundem e se fundem.
Repare que ele não utiliza a categoria de criminoso habitual, que será empregada por seu su-
cessor, Enrico Ferri.
Categorias de criminoso
Lombroso
Criminoso nato (louco moral, epilético)
Criminoso louco
Criminoso ocasional
Criminoso passional
Não há, em sua obra, uma preocupação em traçar nitidamente a distinção conceitual entre 
cada uma das categorias. Partindo do pressuposto – equivocado – que essas categorias são 
conceitos de cristalina compreensão, focou sua atenção em tirar medidas, analisar e compa-
rar a fisionomia e outras características corporais dos criminosos de cada tipo, buscando o 
tipo criminal.
Raffaele Garofalo
Raffaele Garofalo foi um jurista italiano. Com sua obra Criminologia, de 1885, deu início à 
fase jurídica do positivismo criminológico. Ele dizia que o crime é a revelação de uma natureza 
degenerada. Introduziu o conceito de temibilidade (ou periculosidade), que é a perversidade 
constante e ativa do delinquente e a quantidade do mal que se deve temer desse criminoso. 
Esse conceito foi importante para a proposta dos positivistas de aplicação de medida de segu-
rança, espécie de sanção penal com finalidade curativa que, diferentemente da pena, não deve 
ter prazo, mas sim ser aplicada pelo tempo em que persista a patologia. A finalidade da medida 
de segurança, como o próprio nome já diz, é tratar o criminoso e proteger a sociedade (medida 
de defesa social) de pessoas desprovidas dos sentimentos de piedade e probidade.
Garofalo defendia, ainda, a existência de um conceito de delito natural, ou seja, condutas 
que seriam consideradas crimes em todos os tempos e locais, tais como o parricídio, o la-
trocínio e o homicídio por mera brutalidade. Ele postulava a adoção de – e chegou mesmo a 
redigir – um código penal internacional, no qual previa duas categorias de penas: eliminação 
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CRIMINOLOGIA
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absoluta, que nada mais é do que a pena de morte, destinada aos homicidas; e eliminação 
relativa, para os demais tipos de delinquente. Dentro da eliminação relativa havia as seguin-
tes espécies: “marooning” ou transporte com abandono (abandono do delinquente em algum 
lugar isolado, como um deserto, ou uma ilha remota, por exemplo); internação perpétua em 
colônia penal no exterior; internação por tempo indeterminado no exterior; confinamento em 
asilos por tempo indeterminado, que era o tipo de pena apropriada para loucos e alcoólatras; 
e trabalho compulsório.
Para ele, as categorias de criminoso seriam:
• Criminoso assassino: delinquente típico, egoísta, que segue o apetite instantâneo, 
como um selvagem ou uma criança, e que apresenta sinais externos, físicos;
• Criminoso enérgico ou violento: delinquente que possui senso moral, mas é desprovido 
de compaixão;
• Criminoso ladrão ou neurastênico: delinquentes desprovidos de probidade. Possuem, 
em geral, olhos vivazes, nariz achatado.
Categorias de criminoso
Lombroso Garofalo
Criminoso nato Criminoso assassino
Criminoso louco Criminoso enérgico ou violento
Criminoso ocasional Criminoso ladrão ou neurastênico
Criminoso passional
Enrico Ferri
Enrico Ferri foi genro e sucessor de Lombroso. Com sua obra Sociologia Criminal, de 1900, 
inaugurou a fase sociológica do positivismo criminológico. Defendia, assim como o sogro, que 
o livre-arbítrio era uma ficção, mas reconhecia a existência de fatores antropológicos (ex: con-
dições orgânicas), físicos (cosmo-telúricos, como clima e condições atmosféricas) e sociais 
(como política, densidade populacional, religião, família) que influenciavam no cometimento 
de um crime. Com base nesses fatores, e muito influenciado pela aplicação dos métodos das 
ciências naturais às ciências humanas, formulou a “lei da saturação”: assim como um líquido 
se comporta de maneiras diferentes a depender da temperatura, o nível de criminalidade seria 
determinado pelas condições do meio físico e social, combinadas com as tendências congêni-
tas e impulsos ocasionais dos indivíduos.
Ferri dividiu os criminosos em cinco categorias:
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• Criminoso nato: era impulsivo e incorrigível, agindo de maneira desproporcional aos mo-
tivos da ação;
• Criminoso louco: é levado ao crime por uma doença mental e pela atrofia da moral;
• Criminoso ocasional: apresenta menor periculosidade, maior possibilidade de ser rea-
daptado socialmente e é condicionado por fatores ambientais, como provocação, ne-
cessidades, facilidades, sem os quais a delinquência não ser verificaria;
• Criminoso passional: age impelido por alguma paixão pessoal, política ou social;
• Criminoso habitual: delinquente urbano, criado em um ambiente de miséria, que come-
ça com leves faltas e incorre numa escalada rumo aos crimes graves;
Categorias de criminoso
Lombroso Garofalo Ferri
Criminoso nato Criminoso assassino Criminoso nato
Criminoso louco Criminoso enérgico ou violento Criminoso louco
Criminoso ocasional Criminoso ladrão ou assassino Criminoso ocasional
Criminoso passional Criminoso passional
Criminoso habitual
Ferri, por dar o devido peso aos fatores sociais, é considerado o pai da sociologia cri-
minal. Ele explicava que o delinquente é um anormal, que só comete delitos porque vive em 
sociedade. E segundo Ferri, é papel da sociedade se defender dessas ameaças, por meio de 
medidas de defesa social (que viriam a dar origem às atuais medidas de segurança). Para 
ele, a pena-castigo, por tempo determinado, não era adequada, suficiente. Era fundamental 
que os delinquentes fossem colocados em isolamento por tempo indeterminado, para que só 
saíssem quando estivessem curados ou corrigidos, ou seja, para que retornassem ao meio 
social somente quando demonstrassem capacidade de interagir em sociedade sem represen-
tar ameaças.
PosItIvIsmo no BrasIl
No Brasil, três autores são particularmente identificados como conectados às ideias da 
Escola Positivista Italiana:
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CRIMINOLOGIA
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Tobias Barreto
Tobias Barreto, em seu livro Menores e loucos em direito criminal, de 1884, apesar de pos-
suir uma concepção humanista, afirma que o direito de punir é consequência de uma fórmula 
científica, algébrica, de imposição da pena aos criminosos, que perturbam a ordem social. 
Tobias Barreto, assim como Lombroso, tinha uma visão bastante preconceituosa da mulher, 
considerada um ser que se deixava levar pelas paixões e que, quando apaixonada, era incapaz 
de pensar em qualquer outro assunto que não o amor.
Nina Rodrigues
Nina Rodrigues, em As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil, de 1894, cri-
ticou o ecletismo de Tobias Barreto e negou o livre-arbítrio invocando a heterogeneidade da 
cultura mental dos brasileiros. Com postulados racistas, Nina Rodrigues dizia que o negro 
era briguento, violentonas impulsões sociais e muito dado à embriaguez. Chegou a defender 
a existência de, pelo menos, quatro Códigos Penais no Brasil, que atendessem diversidades 
raciais e regionais,
Afrânio Peixoto
Afrânio Peixoto, autor de Hygiene, de 1917, foi no Brasil o defensor da eugenia (eu: boa; 
genus: geração). Defendia a importância da medicina eugênica preventiva para o trabalho po-
licial: deviam ser investigados e resolvidos os problemas biológicos da gestação, para a pro-
dução de entes sadios, válidos. Em seu livro Criminologia, de 1933, defendeu que a disposição 
ao crime é hereditária e que, por isso, é necessário fazer uma seleção das pessoas que quere-
mos em nossa sociedade. Partindo de premissas polêmicas, entendia que apenas as pessoas 
biologicamente dignas deveriam prosperar, e que seria a realização de um sonho impedir a 
procriação de doentes, loucos, degenerados.
crítIcas ao PosItIvIsmo
Como problemas comuns aos teóricos positivistas podem ser citados a patologização do 
fenômeno delitivo e a concepção do entorno social como mero fator desencadeante da crimi-
nalidade. Houve, ademais, erros metodológicos cometido pelos positivistas. Um deles foi ana-
lisar clinicamente pessoas que já haviam sido selecionadas pelo sistema sucessivo de freios 
que é o Direito Penal, desconsiderando os estereótipos que guiam seu funcionamento e as 
consequências e estigmas que o próprio sistema penal provoca nos criminosos. Outro erro foi 
o de considerar que características encontradas nos delinquentes eram típicas desse grupo, 
esquecendo-se que os mesmos traços podiam estar presentes na população de maneira geral.
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Escolas IntErmEdIárIas
As escolas intermediárias são aquelas que não se encaixam nos modelos das Escolas 
Clássica e Positivista, e que por vezes tentam compatibilizar os pensamentos das duas cor-
rentes, ora se aproximando mais de uma, ora de outra.
corrEcIonalIsmo
Comentamos, em nossa primeira aula, que para a visão correcionalista, o criminoso é um 
fraco, uma pessoa cuja vontade deve ser direcionada. O delinquente não é capaz de dirigir a 
sua vida, sendo necessária a intervenção do Estado, que deve adotar postura pedagógica e 
de piedade. Algumas ideias correcionalistas anteciparam preceitos positivistas, como a ideia 
de tratamento penal individualizado, seguindo as necessidades de cada apenado. Elas per-
mearam algumas importantes reformas penitenciárias, buscando individualizar a pena com 
critérios humanitários.
O correcionalismo nasce na Alemanha no século XIX. Em 1867, Karl Röeder lança sua 
obra As doutrinas fundamentais reinantes sobre o delito e a pena recuperando ideias de outro 
alemão, Karl Krause. Para Krause, o Estado era uma comunidade fraternal e tolerante, que 
não buscaria a vingança, mas sim a melhoria moral dos membros da sociedade. Assim, no 
pensamento correcionalista de Röeder, seria obrigação do Estado corrigir ou melhorar moral-
mente o delinquente. Essa obra foi traduzida na Espanha por Francisco Giner de los Rios, onde 
encontrou terreno fértil.
O jurista e criminólogo espanhol Pedro Dorado Montero, autor de O Direito Protetor dos 
Criminosos, defendia que todos os valores são relativos. Não haveria um delito natural, como 
defendia Garofalo. Havia um determinismo mitigado em sua obra, pois entendia que os indi-
víduos estão determinados a realizar certas ações, mas essas ações não são delitos ontolo-
gicamente. A sociedade é quem diz se uma ou outra conduta é criminosa. Todos os delitos 
são uma criação política e, por conseguinte, a sociedade não tem o direito de eliminar os 
delinquentes, mas tem, sim, o dever de educá-lo para que ele seja do jeito que ela determina 
ser o correto. O delinquente teria, para Dorado Montero, o direito de exigir da sociedade que o 
eduque e o proteja.
Escola dE lyon
Os franceses da Escola de Lyon são considerados precursores da Criminologia por alguns 
autores. É mais apropriado dizer que integram uma posição intermediária entre clássicos e 
positivistas.
Alexandre Lacassagne era um médico francês dos séculos XIX e XX que se opôs direta-
mente às ideias de Lombroso. Ele defendia que há dois tipos de fatores que influenciam na 
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escolha pela prática de um crime: os fatores predisponentes (como os físicos) e os fatores 
determinantes (como os sociais, que são decisivos para a prática do crime). Usava metá-
fora para ilustrar que a sociedade abriga em seu seio uma série de micróbios, que são os 
delinquentes, que não se desenvolvem se o meio não é adequado. Assim, para Lacassagne, 
cada sociedade tem o criminoso que merece. Se há mais desorganização social, há mais 
criminosos.
Gabriel Tarde foi outro importante expoente da Escola de Lyon. Juiz criminal, também se 
opôs a algumas ideias de Lombroso. Para Tarde, eram as causas sociais, e não as somáti-
cas, que influenciavam as diferentes taxas criminais. A escola do crime era a praça, a rua. Ele 
propugnava a existência de três leis da imitação: o indivíduo, em contato próximo com outros, 
imita-os na proporção direta do contato que mantêm entre si; o inferior imita o superior, os 
jovens imitam os mais velhos, os pobres imitam os ricos etc.; se duas modas se sobrepõem, a 
mais nova substitui a mais antiga. Assim, se há contato social deletério, haverá criminalidade. 
Por ter essa visão de necessidade de investigação sociológica da delinquência, ele também é 
considerado um dos pais da sociologia criminal.
Escola dE marBurgo
Também conhecida como Escola Sociológica Alemã ou Jovem Escola Alemã de Política 
Criminal, conferia decisiva importância à Política Criminal dentro do Direito Penal. Encabeça-
da por Franz Von Liszt, estava desligada das disputas de escolas e defendia a necessidade de 
investigações sociológicas e antropológicas. Em síntese, essa escola defendia: análise cien-
tífica da realidade criminal, dirigida à busca das causas do crime (etiologia), em vez de con-
templação filosófica ou jurídica; e relativização do problema do livre-arbítrio, levando à com-
patibilização das penas com as medidas de segurança, para que o sistema penal pudesse 
contar com instrumentos flexíveis e multifuncionais, capazes de intimidar algumas pessoas 
e curar outras. Diz-se que a principal contribuição dessa escola foi distinguir os imputáveis 
dos inimputáveis, com a distinção de pena para os imputáveis e medida de segurança para 
os inimputáveis.
Liszt defendia que a pena justa é a pena necessária e que a finalidade preventiva especial 
(dirigida ao delinquente) da pena se cumpre dependendo do tipo de criminoso:
• Para o criminoso ocasional (que não necessita ser ressocializado), a pena é uma inti-
midação, uma recordação de que ele não deve cometer crimes;
• Para o criminoso corrigível, a pena deve ter o fim de ressocializar, de corrigir (prevenção 
especial positiva, como veremos nas próximas aulas);
• Para o criminoso habitual (que não é passível de ressocialização), a pena deve servir 
como neutralização, inocuização, para que ele, isolado, deixe de cometer novos crimes 
(prevenção especial negativa).
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Essa escola busca, portanto, um equilíbrio entre os sistemas clássico e positivista. Von 
Liszt, particularmente, defendia a ciência total do Direito Penal, da qual deveriam fazer parte 
o Direito, a Antropologia, a Psicologia, a Estatística, a Criminologia, a Política Criminal. Para 
Liszt, o Código Penal era a carta magna do delinquente e o Direito Penal, a barreira intrans-
ponível da política criminal. Ou seja, o código Penal existia para defender os criminosos dos 
abusos estatais e as autoridades estariam obstadas de tentar buscar objetivos de dominação 
e poder por meio do sistema criminal. As políticas criminais punitivistas teriam uma barreira, 
a dogmática penal, cujos sólidos princípios nunca deveriam ser ultrapassados.
Se, como veremos nas próximas aulas, hoje são comuns as manifestações contrárias às 
penas privativas de liberdade, muito se deve a essa Escola. Algumas das primeiras manifesta-
ções contrárias às penas privativas de liberdade de curta duração surgiram com o Programa 
de Marburgo de Von Liszt, em 1882, e a sua “ideia de fim no Direito Penal”, quando sustentou 
que a pena justa é a pena necessária.
Escola técnIco-JurídIca
Nasceu na Itália, em 1910, em uma aula magna proferida por Arturo Rocco, na Univer-
sidade de Sassari, em discurso denominado Il problema e il metodo della scienza del diritto 
penale. Em sua fala, Rocco criticou os métodos que vinham sendo empregados e que, por 
um lado, buscavam um direito racional ou ideal; por outro, traziam para o direito discussões 
políticas, sociais, morais ou psicológicas. Ele defendia um retorno do Direito Penal ao campo 
estritamente jurídico, e uma análise que se limitasse ao Direito Penal positivado (ou seja, às 
leis penais existentes). Dava bastante importância à análise da finalidade e função social das 
normas, dizendo que a elaboração dogmática deveria ser guiada por um espírito realista. Para 
que esse espírito realista se concretize, é importante que a superestrutura do direito conheça 
os fenômenos humanos e sociais que estão debaixo dele e que seja feita constante análise 
das funções e finalidades das instituições jurídicas. A elaboração científica do Direito Penal 
seria escalonada em três fases:
• Fase de interpretação (ou exegética): investigação do sentido do direito positivo. Por 
meio da interpretação teleológica (investigação do fim buscado pela lei), devemos cap-
tar qual é o bem jurídico objeto de tutela pelo tipo penal.
• Fase sistemática: coordenação dos diferentes princípios extraídos da fase de interpretação.
• Fase crítica: determinação de como o direito “deve ser”. Podem ser propostas reformas, 
seja para alterar dispositivos, eliminar alguns institutos ou incorporar outros. Essa incor-
poração de novas instituições jurídicas seria, para ele, a política criminal.
Ou seja, essa escola surge como reação tanto ao idealismo dos clássicos como ao em-
pirismo do positivismo. Desejava conferir importância aos aspectos jurídicos do crime, e não 
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às variantes antropológicas ou sociais. É, sobretudo, uma reação científica em direção ao 
verdadeiro Direito Penal. Para seus defensores, a ciência penal era autônoma e não deveria se 
confundir com outras ciências filosóficas, estatísticas, explicativas (Criminologia) ou políticas 
(política criminal). Para essa Escola, o delito é pura relação jurídica, para o qual são previstas 
penas (direcionadas aos imputáveis) e medidas de segurança (direcionadas aos inimputá-
veis). Essas penalidades teriam função preventiva, geral (direcionada a toda a sociedade) e 
especial (direcionada ao delinquente, para que não volte a cometer outros delitos). A Escola 
Técnico-Jurídica acreditava que cada indivíduo é livre para escolher o caminho do delito e, 
portanto, fundamentava a punição na responsabilidade moral de cada um.
Outro grande expoente da Escola Técnico-Jurídica foi o jurista alemão Karl Binding.
Karl Binding desenvolveu, em sua obra As normas e sua contravenção, a Teoria das Nor-
mas, em que traçou a distinção entre norma e lei. Para tanto, ele partiu da análise dos tipos 
penais, que são comandos mandamentais, ou seja, contêm uma ordem. Sua teoria diz que 
não existe, por exemplo, uma lei determinando que é proibido matar alguém. O que existe na 
lei é exatamente o comando contrário: “Matar alguém” (art. 121 do Código Penal brasileiro). 
Assim, quando o indivíduo comete um homicídio ele não descumpre a lei (afinal a lei diz “Ma-
tar alguém”). Ao contrário, ele realiza o comando da lei (e se submeterá à pena que consta da 
mesma lei). Assim, para Binding, o criminoso, ao cometer um crime, não infringe a lei (“Matar 
alguém”), mas sim a norma penal (“É proibido matar”) contida nessa lei, seja ela de proibição 
(“É proibido matar”) ou de mandato de ação (“É obrigatório prestar socorro às pessoas”).
Os expoentes da Escola Técnico-Jurídica, em função desse estudo dogmático, normativo, 
são também, por vezes, elencados como pertencentes à Escola Clássica do Direito Penal.
tErza scuola
A Terza Scuola italiana, também chamada de Positivismo Crítico, ou Escola Eclética, re-
alizou uma tentativa de harmonizar os postulados do positivismo com os dogmas clássi-
cos. Seus principais representantes foras Bernardino Alimena, Manuel Carnevale e Giovanni 
(João) Battista Impallomeni. O nome da escola se deve ao artigo Una terza scuola di Diritto 
Penale in Italia, escrito em 1892 por Carnevale. Eles defendiam que o delito é produto de uma 
pluralidade muito complexa de fatores endógenos e exógenos. Conservaram a importância 
da antropologia e da sociologia criminal. Postulavam a substituição da tipologia positivista 
(criminoso nato, criminoso louco, criminoso habitual, etc...) por outra mais simplificada, que 
distinguia os delinquentes em ocasionais, habituais e anormais. Não aceitavam a categoria 
de criminoso nato pela fatalidade (determinismo) que ela trazia consigo.
Os autores da Terza Scuola adotaram a divisão dos criminosos em imputáveis e inimpu-
táveis, na mesma linha da Escola de Política Criminal Alemã. García-Pablos de Molina afirma 
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que, em relação ao conceito de livre-arbítrio, defenderam uma postura eclética, a depender 
das circunstâncias de cada caso: a possibilidade de se usar tanto a pena, fundamentada na 
responsabilidade moral, na dirigibilidade da ação, na voluntariedade; quanto a medida de se-
gurança, fundamentada na temibilidade ou indirigibilidade do delinquente2. Mas a maioria dos 
autores defende que a Terza Scuola, ao fazer a distinção entre imputáveis e inimputáveis, não 
adotou postura eclética quanto ao livre-arbítrio, e sim que, em realidade, rechaçou esse con-
ceito. Afinal, para Bernardino Alimena, a responsabilidade moral (que embasaria o emprego da 
pena) não estaria calcada no livre-arbítrio, mas sim num determinismo psicológico. A pessoaseria imputável se a sua estrutura psíquica fosse normal e permitisse que ela pautasse suas 
condutas por escolhas3. A dirigibilidade da ação (base da responsabilidade moral) derivaria da 
normalidade psíquica do indivíduo (que ele não escolhe) e não do livre-arbítrio.
Para a Terza Scuola, o crime era um fenômeno individual e social. Para alguns autores, a 
pena, nessa Escola, visava a defesa social e tinha caráter aflitivo4. Para outros, a pena tinha, 
preferencialmente, finalidade preventiva5. Em realidade, há uma variedade de posições sobre a 
pena – e outros tópicos – dentro da Terza Scuola.
Escola dE dEfEsa socIal
Existem várias vertentes de defesa social, mas a ideia central é que se deve defender a so-
ciedade frente à periculosidade do delinquente. Representado pelo italiano Filippo Gramatica 
e pelo francês Marc Ancel, o movimento de defesa social é uma filosofia penal, uma política 
criminal, e não uma nova teoria sobre a criminalidade.
A primeira formulação se dá com Adolf Prins, no livro A defesa social e as transformações 
do Direito Penal, de 1910. Prins foi, ao lado de Van Hammel (professor da Universidade de 
Amsterdã) e Von Liszt, um dos fundadores da União Internacional de Direito Penal em 1889. 
Foi também responsável pelo primeiro ciclo da defesa social. Ele defendia que era o Direito 
Penal deveria se encarregar da proteção da segurança e moralidade coletivas, e lutar contra a 
periculosidade criminal. Como a periculosidade poderia existir independentemente do come-
timento de delitos, sua teoria acabava por legitimar o emprego de medidas penais pré-delitu-
ais. Ao mesmo tempo, Prins determinava que a segurança coletiva deveria ser alcançada com 
o mínimo de sacrifício individual.
Esse primeiro ciclo de defesa social dura até o fim da primeira guerra. No período entre 
guerras tem lugar o segundo ciclo de defesa social, com leve declínio das teses defensivistas 
2 GARCÍA-PABLOS de Molina. GOMES, Luiz Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos. 5 ed. São Paulo: RT, 
2006, p. 153-154.
3 VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018, p. 87-88.
4 Cf. MORAES, Alexandre Rocha Almeida de; FERRACINI Neto, Ricardo. Criminologia. Salvador: JusPodium, 2019, p. 156; PEN-
TEADO Filho, Nestor Sampaio. Manual Esquemático de Criminologia. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 39.
5 VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018, p. 88.
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a princípio, mas com a recepção de algumas ideias em diversas legislações. Terminada a se-
gunda guerra, com o cenário de desolação, mortes e fome, ocorre a consolidação das ideias 
de defesa social. Nasce formalmente, em 1949, a Sociedade Internacional de Defesa Social 
(SIDS) e surgem, dentro do movimento, duas grandes tendências: uma tendência radical, de 
Filippo Gramática, e uma tendência moderada, de Marc Ancel.
dEfEsa socIal radIcal
A tendência radical, também conhecida como direção de Gênova, decorre do pensamen-
to do italiano Filippo Gramática. Ele desenvolveu a teoria de que era necessário empregar o 
Direito Penal Subjetivo, e com isso ele pretendia colocar o indivíduo no núcleo central do sis-
tema. A responsabilidade penal pelo dano causado deveria ser substituída pela categoria de 
antissocialidade subjetiva. O ponto de apoio do sistema penal não deve ser o bem jurídico, e 
sim os indivíduos, em torno do qual deveria gravitar todo o sistema jurídico. A estrutura biop-
síquica da personalidade das pessoas seria a base para a intervenção estatal. A velha pena 
retributiva, inútil e prejudicial, deveria ser abolida, em prol de medidas educativas e curativas. 
Não deveria haver uma pena para cada delito, mas sim uma medida para cada pessoa. Essas 
medidas não seriam elemento de poder do Estado contra os indivíduos, mas sim elemento 
de socialização, de melhora do indivíduo e de toda a sociedade. Gramática defendia a subs-
tituição do Direito Penal por um Direito de Defesa Social, para o qual propugnava as seguin-
tes ideias:
• Eliminação das causas de desamparo do indivíduo na sociedade;
• Estado não tem direito de castigar, mas sim de socializar;
• Medidas de defesa social devem ter caráter preventivo, terapêutico e pedagógico;
• Medidas de defesa social devem levar em conta a antissocialidade subjetiva (persona-
lidade) e não o dano causado (responsabilidade);
• Procedimento de defesa social termina com a cura.
Essa teoria, por se valer de critérios tão subjetivos como a antissocialidade e a necessida-
de de socializar, curar os indivíduos, acaba dando margem à prática de abusos penais6.
dEfEsa socIal modErada
Também conhecida como Nova Defesa Social, a defesa social moderada tem no magis-
trado francês Marc Ancel seu principal expoente. Ele foi um dos redatores do Programa Míni-
mo, um conjunto de regras aprovadas em 1954 por criminalistas da Sociedade Internacional 
de Defesa Social. Essa aprovação pode ser considerada como uma vitória do pensamento 
moderado no seio do movimento. Nessa nova orientação, o próprio conceito de defesa social 
6 VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018, p. 107.
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é atualizado. Não se trata somente de defender a sociedade dos criminosos, mas também de 
defender o criminoso do crime, de afastá-lo da reincidência. Trata-se de realizar a prevenção 
do crime com o tratamento humanitário dos delinquentes. A ideia aqui, não é acabar com o 
Direito Penal, mas sim individualizar ao máximo a resposta punitiva, para potencializar a res-
socialização do indivíduo. Marc Ancel rechaçava o determinismo positivista, suspeitava da 
classificação dos delinquentes e acreditava na explicação dinâmica do crime. Mas ele recha-
çava também as ideias radicais de Gramática e tratou de recuperar a ideia de livre arbítrio e 
responsabilidade, que, para ele, deveria ser dividida entre o indivíduo e a sociedade. Na defesa 
social moderada de Marc Ancel, o protagonismo é conferido àqueles que são objeto das leis 
penais. Ou seja, a preocupação maior não é defender a sociedade do crime, mas sim fazer 
com que os delinquentes de adaptem, se harmonizem com a sociedade, evitando a reincidên-
cia. O Direito Penal é, portanto, uma instância de controle social legítima, que deve andar de 
mãos dadas com a política criminal, as ciências sociais e a Criminologia.
Como dissemos no começo do tópico, a defesa social é menos uma teoria sobre a crimi-
nalidade, e mais uma linha político-criminal, que defende:
• que o crime é um fato social e humano, de modo que é importante “desjuridizar”, ou 
seja, mitigar um pouco o valor do tecnicismo e da dogmática, em prol da valorização 
das ciências humanas e do desenvolvimento de uma política criminal situada entre o 
Direito Penal e a Criminologia, que busque o constante aperfeiçoamento das institui-
ções penais;
• que é necessário analisar os fatores psicológicos e sociológicos que deram origem ao 
cometimento do crime;
• e que é necessário decidir qual a melhor atitude a se tomar contra o autor do delito, 
para além de uma mera qualificação jurídica e com a eliminação do sentido retributivo 
da pena (preocupação com a reinserção do delinquente por meio do tratamentoe ne-
cessidade de reforma penitenciária).
A ideia central, portanto, reside em articular a defesa da sociedade e a reinserção do cri-
minoso mediante a ação coordenada do Direito Penal, da Política Criminal, da Criminologia e 
da Ciência Penitenciária, valendo-se de bases científicas e humanitárias ao mesmo tempo. O 
Direito Penal não pode lutar contra o crime isoladamente. Deve dividir essa tarefa com outras 
disciplinas, para conhecer a personalidade do delinquente e ser capaz afastar a sua periculo-
sidade de forma individualizada e humanitária.
A meta não é castigar o delinquente, não é neutralizá-lo, mas proteger eficazmente a so-
ciedade e o criminoso, por meio de estratégias preventivas penais e não penais, aí incluída a 
ressocialização. O castigo tem dupla finalidade: defender a sociedade do crime e ressociali-
zar o criminoso que, como membro da sociedade, nela deve ser reincorporado com dignidade. 
Como diz García-Pablos de Molina, “é uma imagem bem distinta da do ‘pecador’ (dos clássicos), 
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da ‘fera perigosa’ (dos positivistas’), da do ‘inválido’ (dos correcionalistas’) ou da ‘vítima’ (do 
marxismo’)”7.
Em 1985, o Programa Mínimo foi acrescido de um Adendo. Os debates que levam à reda-
ção do Adendo tiveram lugar em reuniões da SIDS realizadas na América, sobretudo na Ve-
nezuela (1976) e no México (1979). Decidiu-se que era necessário revisar o Programa Mínimo 
para incluir grandes transformações sociais e ideológicas com caráter universal (acima das 
peculiaridades das legislações nacionais).
Dá-se o nome de Novíssima Defesa Social a essa vertente de Defesa Social pós-Adendo. 
Seus principais postulados são:
• permanente exame crítico das instituições penais vigentes, buscando sua reforma ou 
abolição – daí falar-se que é um movimento “preterpenal”8, e que uma de suas caracte-
rísticas é a mutabilidade;
• vinculação do Direito Penal a todos os ramos de conhecimento humano – e daí decorre 
o antidogmatismo do movimento;
• enxugamento da legislação penal, com a descriminalização de delitos de pequena 
monta;
• promoção da criminalização de infrações contra a economia e infrações estatais (cor-
rupção, abuso de poder, crime do colarinho branco etc.);
• desenvolvimento de atividades socializadoras que ajudem o condenado a não reincidir;
• e promoção da reforma penitenciária9.
Em 1987, a Sociedade Internacional de Defesa Social acrescenta mais um trecho ao seu 
nome: Por uma Política Criminal Humanista. O Estado não apenas deve ser democrático, 
como deve realizar todas as suas políticas sob a regência do princípio de humanidade10. A 
SIDS continua existindo nos dias atuais.
No Brasil, é comum que se associe a esse movimento algumas leis que endurecem o com-
bate à criminalidade dos poderosos, como a Lei dos crimes contra o Sistema Financeiro Na-
cional, conhecida como Lei do Colarinho Branco (Lei n. 7.492/86), a Lei dos crimes ambientais 
(Lei n. 9.605/98) e a Lei de Lavagem de Dinheiro (Lei n. 9.613/98).
7 GARCÍA-PABLOS DE MOLINA, Antonio; GOMES, Luis Flávio. Criminologia: introdução a seus fundamentos teóricos; introdu-
ção às bases criminológicas da Lei n. 9.099/95, Lei dos Juizados Especiais Criminais. 5ª ed. São Paulo: RT, 2006, p. 155.
8 Segundo o Dicionário Aulete Digital, o prefixo “preter” é elemento de formação de algumas palavras, às quais dá a ideia de 
distanciamento, ultrapassamento, excesso. F. lat. Praeter (além de).
9 VIANA, Eduardo. Criminologia. 6 ed. Salvador: JusPodium, 2018, p. 109.
10 Societé Internationale de Défense Sociale. La Societé Internationale de Défense Sociale y por uma política criminal huma-
nista. Disponível em: http://defensesociale.org/historia/. Acesso em 29 abr. 2020.
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CRIMINOLOGIA
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crítIcas à dEfEsa socIal
Antes de se firmar como movimento político-criminal, a Defesa Social foi, e segue sendo, 
uma ideologia empregada para justificar o Direito Penal. Ela é, portanto, racionalizadora ou ra-
cionalizante do sistema penal, e por isso muito condenada pelos criminólogos críticos, que fa-
zem a crítica do Direito Penal. É, por exemplo, o caso de Alessandro Baratta, importante expo-
ente da Criminologia contemporânea, mais especificamente da Criminologia Crítica. Para ele, 
tanto a Escola Clássica quanto a Escola Positivista valeram-se da ideologia de Defesa Social 
como nó teórico. Trata-se, em sua visão, de uma ideologia calcada nos seguintes princípios:
• Princípio de legitimidade: o Estado está legitimado para reprimir a criminalidade por 
meio das instâncias de controle social formal;
• Princípio do bem e do mal: o delito é um dano para a sociedade e o delinquente, um 
elemento disfuncional e negativo do sistema social;
• Princípio de culpabilidade: o crime é expressão de uma atitude interior reprovável (nesse 
aspecto, há uma diferença entre a Escola Clássica, para a qual a culpabilidade tem um 
significado moral-normativo de desvalor, condenação moral, e a Escola Positivista, para 
a qual a culpabilidade tem significado sociopsicológico, de revelar a periculosidade so-
cial de uma pessoa);
• Princípio da finalidade ou da prevenção: a pena não tem, ou não tem somente, a função 
de retribuir, mas de prevenir o crime. Abstratamente prevista, ela é contramotivação ao 
comportamento criminoso. Aplicada concretamente, ela tem a finalidade de promover 
a ressocialização;
• Princípio de igualdade: a lei penal é igual para todos;
• Princípio do interesse social e do delito natural: os crimes tipificados pelas nações ci-
vilizadas representam ofensa a interesses sociais fundamentais, ou seja, a condições 
essenciais à existência de toda sociedade.
No Brasil, Salo de Carvalho explica que o próprio Marc Ancel dizia que o Movimento de 
Defesa Social era uma consequência indireta, secundária da doutrina positivista, já que pre-
ocupada em proteger a sociedade dos indivíduos perigosos. Salo de Carvalho é muito crítico 
do caráter universalista, totalizante do programa repressivo dessa Escola, para a qual seria 
possível estabelecer modelos universais de reforma das instituições e leis penais, já que o fe-
nômeno criminal é humano e desconhece fronteiras. Por tudo isso, Carvalho enxerga que esse 
movimento está na base da política brasileira de drogas, como veremos detalhadamente em 
tópico específico. Por ora, vale reproduzir algumas de suas críticas a essa Escola:
O MDS (Movimento de Defesa Social), ao negar as concepções tradicionais do Direito Penal liberal, 
sobretudo a função retributiva da pena, é pautado no conceito de ressocialização, autoatribuindo à 
sua construção teórica caráter humanista. Contudo a adoção de categorias como periculosidade, 
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CRIMINOLOGIA
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reeducação, personalidade desviante, prevenção da reincidência e aformação de sistema de me-
didas de segurança extrapenais desmentem o projeto humanitário, pois, ao serem deslocadas do 
paradigma etiológico e ao retornarem ao horizonte de ação do Direito Penal, revigoram práticas 
autoritárias e segregacionistas. (...) O projeto de universalização do controle social assume como 
objetivo a reforma dos sistemas penais sob estas bases, propugnando o estabelecimento de luta 
científica contra o delito.11
modElos tEórIcos da crImInologIa
Vistas as escolas principais, podemos compreender os modelos teóricos. A Criminologia, 
ao tentar explicar a gênese do problema criminal, vem desenhando diferentes modelos teóri-
cos. Seguindo a sistematização realizada por Antonio García-Pablos de Molina e Luiz Flávio 
Gomes, esses modelos teóricos criminológicos podem ser agrupados em quatro categorias:
• modelo clássico e neoclássico da opção racional;
• modelo positivista;
• modelo da reação social;
• enfoque dinâmico.
Antes de passarmos para a análise de cada um desses grandes modelos, quero chamar a aten-
ção para um detalhe. Acabamos de compreender o embate entre clássicos e positivistas, e 
isso será válido aqui novamente. No entanto, agora, ao abordar os dois primeiros modelos, não 
falaremos somente dessas escolas (clássica e positivista). Os modelos são algo mais amplo 
que as escolas que eles contêm em seu interior. O modelo clássico e neoclássico abrange a 
Escola Clássica, mas abarca outras teorias. O modelo positivista não se reduz à Escola Positi-
vista, mas certamente a inclui.
Além disso, é importante que não pensemos nos modelos como necessariamente exclu-
dentes entre si. Os modelos servem apenas para agrupar algumas teorias que têm traços 
comuns, ou seja, servem a fins didáticos, mas uma escola ou teoria pode perfeitamente ter 
traços predominantes de um modelo e outros traços que a conectem a outro modelo.
Vamos, então, analisar os traços gerais de cada modelo.
modElo clássIco E nEoclássIco da oPção racIonal
É o modelo dos clássicos, neoclássicos (autores contemporâneos que recuperam as 
ideias dos clássicos) e de outros teóricos. O traço comum que os une é a crença de que o 
crime é fruto de uma decisão racional e livre do infrator, baseada em critérios de utilidade e 
oportunidade. Não se preocupam tanto com a etiologia, ou seja, com a busca das causas da 
11 CARVALHO, Salo de. A política criminal de drogas no Brasil: estudo criminológico e dogmático da Lei 11.343/06. 8 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2016, pp. 79-80.
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delinquência. Tratam, ao contrário, de ver qual é situação presente em que um crime acontece 
e, por isso, essas teorias também são chamadas de teorias situacionais (referente à situação 
presente) da criminalidade. No modelo da opção racional existe uma preocupação com a 
existência de penas justas e úteis e uma crença de que o delinquente e o não delinquente são 
seres essencialmente iguais.
Dentro desse modelo, não existe uma preocupação com o passado do delinquente, com 
as causas que possam ter influído na decisão racional de cometer o crime. O que importa, 
afinal, é ele ter feito a escolha pelo crime. O enfoque recai, portanto, sobre o presente do autor, 
sobre sua autonomia para decidir e sobre o utilitarismo de suas ações.
O modelo da opção racional nasce com o Iluminismo, e parte das ideias de contrato social 
e da existência de uma visão consensual da sociedade, ou seja, do pressuposto de que as 
pessoas se juntaram e, de comum acordo, resolveram viver em grupos sociais. Nessa época, 
o dogma do livre-arbítrio serviu de suporte a uma resposta legal, racional e justa ao crime. É o 
que já vimos quando estudamos a Escola Clássica. Mais modernamente, as teorias de opção 
racional ganharam outros contornos, que passaremos a analisar agora.
Em linhas gerais, considera-se que há três suborientações criminológicas no modelo de 
opção racional:
• Teorias da opção econômica (neoclassicismo de viés economicista);
• Teorias das atividades rotineiras (das oportunidades, situacionais);
• Teorias do meio ou entorno físico (espaciais, ecológicas).
Teorias da Opção Econômica (“Economic Choice”)
Também denominada de neomodernismo ou escola neoclássica, tem orientação econo-
micista, sendo fruto da grande influência da economia nas ciências sociais. Para essa teoria, 
nada distingue o ser humano delinquente do não delinquente do ponto de vista da racionali-
dade de seu comportamento. O criminoso avalia o lucro que pode obter, qual a potencial dura-
ção de uma eventual pena privativa de liberdade, e enquanto os mecanismos de autoproteção 
– empregados pelas vítimas em potencial do delito – elevam os custos do crime. O dogma do 
livre-arbítrio passa a servir para responder à questão: qual é o modelo da atuação humana?
Para essas teorias de viés economicista, o ser humano, ao usar seu livre-arbítrio, faz, 
a todo tempo, ponderações de custos e benefícios, e com o ato delitivo, não é diferente. A 
pergunta que o potencial delinquente faz é: o que ele vai ganhar e o que ele pode vir a perder 
se praticar um delito. Naturalmente, é um cálculo complexo, sobre o qual incidem variados 
fatores, e que pode ter que ser feito às pressas e com as eventuais limitações cognitivas do 
delinquente. Nessa conta, como custos, entram, por exemplo, a pena, as perdas materiais, a 
desaprovação da conduta por outras pessoas, o sentimento de culpa, o medo de vingança 
etc. Como ganhos, podem ser considerados os proveitos materiais do crime, os lucros, a gra-
tificação emocional, a aprovação da conduta por terceiros, o sentimento de justiça etc.
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Os teóricos desse modelo tentam também definir quanto os desempregos e desigualda-
des contribuem para a criminalidade. O castigo é um custo da atividade criminal que, sendo 
certo e severo, pode diminuir as taxas de delinquência. É uma teoria que, portanto, confia mui-
to no efeito dissuasório da lei penal e nas instituições de controle social formal. Na década 
de 1970, o neoclassicismo teve muito sucesso, sobretudo nos Estados Unidos. Isso se deveu 
basicamente a três fatores: o fracasso do positivismo em identificar os fatores criminógenos; 
o fracasso dos programas ressocializadores; e o aumento das taxas de criminalidade. O setor 
privado das companhias de seguro, com seus estudos de custos sobre a chance de ocorrên-
cia de um delito, e com a percepção de que o crime é um evento mundano, mas cujos riscos 
podem ser geridos, ajudou a desenvolver algumas dessas teses.
Nesse neoclassicismo, o castigo, a retribuição, a pena de morte voltaram a ser estudados, 
discutidos. O efeito dissuasório das sanções, chamado de deterrence em inglês, retornou para 
o centro dos debates criminológicos, configurando um neorretribucionismo, que buscava dar 
resposta rápida ao problema criminal. A aplicabilidade do enfoque economicista, no entanto, é 
apenas relativa, já que nem todos os delitos seriam fruto de uma decisão racional e econômi-
ca. São ideias válidas para a criminalidade patrimonial e para a criminalidade organizada, mas 
não totalmente generalizáveis para os demais delitos.
tEorIas das atIvIdadEs rotInEIras
Também chamadas de teorias das oportunidades, outeorias situacionais, entendem que 
a racionalidade da opção delitiva está ligada às oportunidades, às situações presentes que 
o delinquente vivencia, colocando relevância nos fatores temporais e espaciais do momento 
da ocorrência de um crime. Esse grupo de teorias sublinha o fracasso das instâncias de con-
trole social.
Os principais autores dessas teorias são Lawrence Cohen e Marcus Felson que, em 1979, 
publicaram Social Change and crime rate trends: a routine activity approach12.
Na aula que vem, vou falar do ALBERT COHEN e de sua teoria da subcultura delinquente, que 
é bastante cobrada em provas. Não confunda com o Lawrence Cohen daqui, que até hoje não 
figurou em provas.
Para Cohen e Felson, não basta um delinquente disposto para que o crime aconteça. É 
necessária também uma oportunidade propícia ou situação idônea, assim como a ausên-
cia de guardiões. O aumento das taxas de criminalidade desde a Segunda Guerra Mundial 
não estaria vinculado à pobreza ou à desigualdade, até mesmo porque vários índices sociais 
haviam apresentado significativa melhora. Haveria, sim, uma delinquência de subsistência, 
12 Em tradução livre: Mudança Social e tendências das taxas criminais: a teoria das atividades rotineiras.
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consequência da situação miserável de parcela da população, mas esse tipo de crime seria 
apenas uma pequena fração da criminalidade global.
Assim, Cohen e Felson explicavam que, em realidade, o incremento da delinquência esta-
ria vinculado com a forma concreta de organização das atividades sociais rotineiras da vida 
moderna, da sociedade pós-industrial: muitos deslocamentos; lares que ficam desprotegidos 
por muito tempo porque as pessoas trabalham por longas horas e em locais distantes de 
suas residências; abundância de contatos interpessoais em espaços públicos massificados; 
numerosidade de objetos valiosos e de luxo nas ruas e vitrines; proliferação da vida noturna; 
crescimento do número de estabelecimentos comerciais com funcionamento 24 horas; de-
bilidade progressiva do controle social informal (não andamos à pé, não conhecemos mais 
nossos vizinhos). Uma pesquisa de Felson demonstrou que os homens com vida noturna ati-
va testemunhavam mais atos de violência e se viam com frequência implicados em eventos 
dessa natureza se comparados com aqueles que não eram boêmios.
O aumento dos crimes guardaria, portanto, relação com a organização das atividades co-
tidianas, rotineiras, lícitas da sociedade. Para esses autores, a prática de um crime decorreria 
de três fatores: um delinquente motivado; um objeto (alvo) apropriado – valioso e acessível –; 
e a ausência de guardiões (polícia, vigilantes). Essa teoria foi criticada exatamente por utilizar 
o conceito bastante vago de “delinquente motivado” e por dar muita ênfase ao momento de 
ocorrência do delito, fechando os olhos para as causas últimas do delito. Diz-se que era mais 
uma teoria da vitimização (quem está mais propenso a ser vítima de um crime) do que da 
criminalidade (pois não se interessava pela etiologia do delito).
Teorias do enTorno Físico
Também chamadas de teorias espaciais ou ecológicas, conferem relevância ao espaço 
físico como fator criminógeno. Certos espaços físicos conferem facilidades ao delinquente e 
é por isso que o delito se concentra em tais locais. Aqui se encaixam algumas das ideias das 
teorias chamadas ecológicas, como a Escola de Chicago. Pretende-se, nas teorias espaciais, 
prevenir o delito por meio do desenho arquitetônico e urbanístico da cidade.
Em 1972, o arquiteto e urbanista americano Oscar Newman publicou o livro “Defensible 
Space” (espaço defensável), em que defendia a adoção de um modelo arquitetônico para 
ambientes residenciais que inibiria o delito por potencializar as relações sociais de vizinhan-
ça e possibilitar maior eficácia do controle social informal. Analisando alguns projetos de 
moradia popular, ele percebeu que muitos dos espaços públicos desses projetos eram mais 
propícios à criminalidade, ao vandalismo e à sujeira se comparados aos espaços privados. 
Acreditava, então, que seria possível reduzir as taxas criminais pelo desenho arquitetônico 
dessas moradias, o que afetaria tanto o comportamento dos habitantes como o de possíveis 
delinquentes. Sua teoria partia da premissa de que os habitantes deveriam adotar o papel 
de agentes-chave para a própria segurança. Logo, tanto elementos físicos (arquitetônicos) 
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quanto sociais fazem parte do espaço defensável. Newman defendia que uma área é mais 
segura quando há um sentimento de propriedade e responsabilidade sobre ela. Para que um 
espaço defensável seja criado, quatro fatores devem estar presentes:
• territorialidade (a sensação de que os ambientes pertencem aos moradores);
• vigilância natural (a possibilidade dos moradores de ver o que está acontecendo);
• imagem (o desenho arquitetônico das construções não pode ser estigmatizante, mas 
sim passar uma sensação de segurança e cuidado); e
• arredores (chamado por Newman de “milieu”, diz respeito ao entorno das construções, 
que devem ser áreas seguras, bairros movimentados, com edifícios governamentais).
Esse modelo arquitetônico dificultaria a execução de crimes também pela criação de bar-
reiras e obstáculos, físicos ou simbólicos, que aumentariam o risco para o potencial infrator. A 
essa criação de barreiras, que dificultam o acesso ao alvo criminal, ou seja, que aumentariam 
o risco da atividade criminosa dá-se o nome de “target hardening”. Assim, seria necessário 
que os espaços das cidades contassem com iluminação apropriada, possibilidade de obser-
vação exterior dos espaços públicos, necessidade de identificação de estranhos e visitantes 
etc. As teorias espaciais levam bastante em consideração os pontos quentes (“hot spots”) 
da criminalidade (lugares com maior incidência criminal e que merecem uma intervenção 
urbanística) e pode-se dizer, aliás, que existe uma seletividade espacial do crime, ou seja, que 
o crime não se distribui igualmente por todas as áreas da cidade, havendo zonas mais crimi-
nógenas que outras.
As teorias das atividades rotineiras (situacionais) e as teorias do meio físico (ecológicas) 
possuem muitos pontos de contato. Em primeiro lugar, porque a existência de certos am-
bientes criminógenos (teorias ecológicas) pode influenciar decisivamente naqueles elemen-
tos considerados necessários para a ocorrência de um crime para as teorias situacionais: 
delinquente motivado; um objeto (alvo) apropriado – valioso e acessível –; e ausência de 
guardiões (polícia, vigilantes). Se existe uma viela estreita com pouca iluminação e sobre a 
qual há escassa visibilidade, a situação para o delito está criada. E como segundo ponto de 
contato, ambas partem do conceito de livre-arbítrio para analisar a situação presente, aquele 
momento final, concreto, em que o delinquente passa da cogitação à ação. Nesse marco de 
teorias, portanto, o livre-arbítrio serve menos para compreender a etiologia do crime, e mais 
para embasar programas de prevenção ao criminal.
modElo PosItIvIsta
Dentro do Modelo Positivista, o livre-arbítrio perde valor. Trata-se, aqui, de um grupo bas-
tante