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OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA-2

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OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA
Cristiane Silva Neves
Pós- graduação em Gestão em Saúde Pública Coletiva e da família no Instituto Específico de Ensino, Pesquisa e Pós- graduação, Campus Gurupi - TO, Rua Presidente Castelo Branco nº 1778. Centro. 
Email: contato@ieptocantins.com.br.
RESUMO
A obesidade pode ser definida como o armazenamento de gordura no organismo associado a risco para a saúde, devido à sua relação com diversas complicações metabólicas, sendo a obesidade definida basicamente como o excesso de peso. A causa da obesidade ainda não esta bem estabelecida e pode por isso, ser considerada uma doença crônica multifatorial, com subtipos e evidências recentes sugerem componentes genéticos. Atualmente a obesidade é um problema de saúde pública mundial, tanto em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, pois ambos apresentam elevação de sua prevalência. As principais ferramentas clínicas para diagnosticar a obesidade em indivíduos iguais ou maiores de 18 anos são: o índice de massa corporal (IMC) e o perímetro abdominal na cicatriz umbilical, medida em centímetros. O excesso de gordura e de peso corporal não deve ser encarado apenas como um problema estético, mas como um grave distúrbio de saúde que reduz a expectativa de vida e ameaça sua qualidade. Sendo assim é útil e necessário um planejamento do tratamento que estabeleça medidas preventivas para a manutenção do peso saudável, adoção de um estilo de vida e alimentação adequadas, exercícios físicos e uma permanente educação alimentar. O presente estudo teve como objetivo conhecer os aspectos que envolvem a obesidade na adolescência e sua relevância na saúde pública. 
PALAVRAS CHAVES: Adolescência, Obesidade e Saúde Pública.
1 INTRODUÇÃO
Segundo Coutinho (2001), a obesidade é um problema comum entre adolescentes e uma das doenças mais frustrantes e difíceis de tratar, sendo sua causa multifatorial, podendo contribuir fatores genéticos, endócrinos, dietéticos, psicológicos, culturais e socioeconômicos. 
Conforme Ministério da Saúde (2006) a prevalência de obesidade e sobrepeso cresceu de forma importante nos últimos 30 anos, no cenário das doenças crônicas não transmissíveis, a obesidade destaca – se por ser simultaneamente uma doença e um fator de risco para doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, apnéia do sono, Diabetes Mellitus, hiperlipidemia, entre outras.
Cristiane Silva Neves
De acordo com Pinheiro (2004), houve um aumento da prevalência da obesidade no Brasil torna – se ainda mais relevante, ao verificar-se que este aumento, apesar de estar distribuído em todas as regiões do país e nos diferentes estratos socioeconômicos da população, é proporcionalmente mais elevado entre as famílias de baixa renda. 
Segundo o INCA (2002) a obesidade vem aumentando rapidamente no mundo, sendo considerado um importante problema de saúde pública tanto para os países desenvolvidos como em desenvolvimento levando o governo a criar uma série de iniciativas tais como: O Programa Nacional de Combate à Obesidade no ano de 2005 e integrado no Plano Nacional de Saúde 2004 – 2010. Razões para estas iniciativas devem – se ao fato da obesidade ser uma importante causa de doença e de morte. 
Segundo Neto (2003, pg. 185 – 194) é útil: 
Estabelecer planejamento de tratamento, medidas preventivas que estimulem a manutenção de um peso saudável, a adoção de um estilo de vida e de uma alimentação adequados, exercícios físicos regulares e uma permanente educação alimentar. Ainda segundo o autor o tratamento nada tem haver com os padrões culturais de beleza ou de estética, devendo ser encarado como uma oportunidade única para melhor qualidade da saúde de cada paciente. 
De acordo com Neto (2003) essas considerações iniciais, podem – se refletir em como atuar adequadamente na prevenção e no tratamento da obesidade na adolescência, sendo nosso principal foco a busca da promoção, do equilíbrio e da estabilidade nutricional. 
Conforme o Ministério da Saúde (2006) a proposta de intervir na reversão no quadro de excesso de peso tanto no nível populacional quanto no cuidado individual, devem ser elaboradas sobre os diversos conhecimentos da sociedade sobre alimentação, corpo, atividade física e saúde. 
No mundo inteiro a obesidade na adolescência tem sido um grande problema de saúde pública, sendo assim um grande desafio a ser mais bem entendido e controlado tanto para os profissionais de saúde como também e para os familiares, devendo haver uma atenção maior por parte de ambos, em proporcionar uma melhor qualidade de vida a estes adolescentes. 
No Brasil há atualmente um número elevado de obesos jovens, se comparado há décadas anteriores e isso demanda ações pontuais e urgentes por parte da equipe de saúde e dos gestores de saúde e governantes tanto para reduzir este índice quanto para prevenir complicações em longo prazo que interfiram negativamente na saúde dos mesmos. 
Desta forma a Organização Mundial de Saúde (2006), reforçou a ideia de que os adolescentes devem ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos e também ser alertados sobre o risco de uma vida sedentária e os problemas que esse estilo de vida pode ocasionar. 
Por todos os motivos acima relacionados é fundamental conhecer melhor as principais causas que levam esta população a se tornar obesa precocemente e delinear quais ações de saúde e, especificamente do profissional enfermeiro, que podem efetivamente mudar este panorama. 
Este estudo teve por objetivo conhecer os aspectos que envolvem a obesidade na adolescência e sua relevância na saúde pública, tendo como objetivos específicos identificar as causas e fatores relacionados à obesidade na adolescência; estabelecer relação entre a obesidade na adolescência e as políticas de saúde pública no Brasil; relacionar medidas para evitar a obesidade na adolescência e destacar a atuação do profissional enfermeiro na educação e prevenção da obesidade na adolescência. 
2 DESENVOLVIMENTO
“Ainda não há uma definição precisa aceita por toda literatura para obesidade em adolescentes, o desejável seria uma definição baseada em peso e altura que são dados fáceis de serem obtidos na pratica clínica” (COUTINHO, 2001, pg. 209). 
Segundo o Ministério da Saúde (2006) a obesidade pode ser definida como o armazenamento de gordura no organismo associado a risco para a saúde, devido à sua relação a diversas complicações metabólicas, sendo a obesidade definida basicamente como o excesso de peso. 
Ainda conforme o Ministério da Saúde (2006) o Índice de Massa Corporal (IMC) é o índice recomendado para a medida da obesidade em nível populacional e na prática clínica, sendo este índice relacionado entre o peso e a estatura expresso em Kg/m (IMC = Peso (Kg) /Altura (M), ao quadrado. 
2.1 EPIDEMIOLOGIA
De acordo com Neto (2003) a epidemiologia estima a probabilidade ou o risco de se adoecer por causa de uma determinada enfermidade a que estão expostos indivíduos que integram uma determinada população. “Sendo que sua gravidade foi medida por suas complicações como entidade mórbida, assim como por sua associação com diversas doenças e agravos à saúde” (VELASQUEZ, 2004, pg. 308). 
“A obesidade é uma das doenças nutricionais que mais tem apresentado aumento em seus números, não apenas em países ricos, mas também em países em desenvolvimento” (FISBERG, 2005, pg. 11 – 12). “Sua prevalência aumentou nas ultimas décadas em todo o mundo, inclusive nos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde anteriormente predominavam os problemas relacionados à desnutrição” (SLATER, 2010, pg. 164). 
Segundo dados do IBGE (2010) a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF, 2008/09), mostra-se que no Brasil, houve um aumento de adolescentes obesos de 3,7% para 21,7% em meninos e de 7,6% para 19% nas meninas, variando entre 16 a 18% no Norte e Nordeste e entre 20 a 27% no Sudeste, no Sul e Centro Oeste do país na faixa etária entre 10 e 19 anos, sendo o maior índice em famílias com maior renda. 
Para Cavalcanti (2010) a obesidade vem sendo um problema desaúde pública mundial cuja prevalência vem aumentando ate mesmo nós países em desenvolvidos e em populações jovens. 
De acordo com Pinheiro (2004) a obesidade está sendo considerada a mais importante desordem nutricional nos países desenvolvidos, devido ao aumento de sua incidência, sendo possível que atinja 10% da população destes países e que mais de um terço da população norte – americana esteja acima do peso desejável, em regiões economicamente avançadas, onde os padrões de prevalência podem ser tão altos quanto em países em industrialização. Ainda segundo o autor, nas Américas, estudos demonstram que o padrão de obesidade para ambos os sexos vem aumentando, tanto em países desenvolvidos como em países em desenvolvimento, onde se observou um aumento da obesidade, entre homens, na proporção de 12.3% para 19,9%, e entre mulheres de 16,9% para 24,9%. 
Vasconcelos (2006, pg. 418) afirmou que a situação nutricional em diferentes países vem rapidamente se alterando e que aspectos singulares de transição nutricional são encontrados em virtude das grandes mudanças no estilo de vida, nos padrões de dieta e, consequentemente nas condições de saúde das populações e que esta tendência, nunca tinha atingido proporções epidêmicas como atualmente tem–se registrado. 
Para Slater (2010) houve um aumento da incidência de sobrepeso e obesidade em idades cada vez mais precoces, tendo despertado a preocupação de pesquisadores e profissionais da área de saúde, em razão dos danos e agravos à saúde provocados pelo excesso de peso. 
“Dessa forma a obesidade constitui um dos grandes problemas de saúde pública devido à sua alta prevalência, à sua persistência ao longo da vida e às comorbidades associadas” (CARVALHO, 2006, pg. 418). 
2.2 ETIOLOGIA
De acordo com Marafon (2006) a obesidade é um problema de saúde pública em cuja etiologia, determinantes sociais têm relevância, sendo que intervenções com adolescentes encontram condições biopsicossociais complexas que exigem que se trabalhe com abordagens amplas que considerem os determinantes culturais e sociais do problema. 
Já Vargas (2011) nos mostra que a adolescência é um período crítico para o desenvolvimento da obesidade, particularmente devido à sua predominância de atividades de lazer sedentárias e práticas alimentares inadequadas. 
Para Coutinho (2001) embora haja diversas teorias, a causa da obesidade ainda não está bem estabelecida, pode ser considerada uma doença crônica multifatorial, com subtipos e evidências recentes sugerem componentes genéticos. 
De acordo com Dantas (2005) quando se avalia clinicamente um paciente obeso, devem-se considerar diversos fatores predisponentes que podem desempenhar um papel expressivo no desequilíbrio energético que pode determinar o seu excesso de peso tais como: 
Falta de atividade física: O nível de atividade física reduziu drasticamente nos países desenvolvidos, devido à locomoção ser realizada em automóvel, aliado à falta de segurança nos bairros, sendo a população de baixa renda a mais vulnerável ao sedentarismo e à obesidade. De forma significativa, diversos itens de conforto como controle remoto, telefone celular, estão cada vez mais presentes no estilo de vida moderno contribuindo para a diminuição do gasto energético, sendo que o hábito de assistir à televisão, também desempenha importante papel na etiologia da obesidade. 
Fatores hormonais: Quando se busca explicar a epidemia global da obesidade, certamente os esforços devem se concentrar na identificação do fator ambiental. Em países com hábito de vida ocidentalizado, o meio ambiente predominante caracteriza – se por oferta ilimitada de alimento barato, palatável, prático e de alta concentração energética, aliado a isso um sedentarismo crescente, principalmente nas grandes cidades, onde a prática de atividade física torna–se cada vez mais difícil. 
Fatores genéticos: Para obesidade, a influência genética mais comumente é a poligênica. Ela confere ao indivíduo uma susceptibilidade que resulta de fator genético que, de forma bastante complexa, pode inter – relacionar – se. Inúmeros marcadores genéticos relacionam–se com a obesidade e suas conseqüências metabólicas, mas ainda mais isso ocorre nas formas poligênicas de obesidade. 
Hábitos alimentares: O consumo de alimento calórico com elevado teor de lipídio e carboidrato deriva, predominantemente, de alimento processado e de alta densidade energética, sendo que o consumo de verduras e legumes diminuiu 26% e o de fibra, 18%. Para promover hábito alimentar mais saudável, principalmente na infância e adolescência, mesmo esbarrando na forte influência que a propaganda de alimentos exerce sobre este público alvo, existem intervenções comunitárias bem sucedidas que podem auxiliar na redução da obesidade. 
Conforme Oliveira (2003) vários fatores são importantes na gênese da obesidade, como os genéticos e fisiológicos; no entanto, os que poderia explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares. 
Segundo Nogueira (2010) notou-se que os fatores mais estudados da obesidade são os biológicos relacionados ao estilo de vida, especialmente no que diz respeito ao binômias dieta e atividade física. Ainda segundo o autor tais investigações se concentram nas questões relacionadas ao maior aporte energético da dieta e na redução da prática da atividade física com incorporação do sedentarismo, configurando um estilo de vida ocidental contemporâneo. 
Cunha (2009) relatou que é clara a preferência dos adolescentes por refeições rápidas e práticas, por serem alimentos que estão presentes na mídia e chama a atenção, sendo que esse tipo de dieta ocidentalizada contém alimentos ricos em gordura e de alto valor calórico, e aliado a este fato, encontra-se ainda a redução na prática de atividade física dos jovens, podendo assim contribuir para o ganho de peso. 
2.3 DIAGNÓSTICO
“Quando a obesidade é severa, o leigo a identifica tanto quanto o especialista, no entanto, a distinção entre a normalidade e a obesidade leve é extremamente difícil de ser diagnosticada” (COUTINHO, 2001, pg. 224). 
Segundo Neto (2003, pg. 185 – 194) as principais ferramentas para diagnosticar a obesidade em indivíduos iguais ou maiores de 18 anos são: 
O índice de massa corporal (IMC) e o perímetro abdominal na cicatriz umbilical, medida em centímetros. Outros métodos utilizados são a ultrassonografia abdominal e a tomografia computadorizada. Sendo que os indivíduos que tenham o IMC maior que 25 kg/m² são considerados “em risco” de desenvolver comorbidades secundárias à obesidade. 
Mello (2004) afirmou que a escolha de um ou vários métodos deve ser criteriosa, devendo – se considerar sexo, idade e maturidade sexual para se obter valores de referência e classificação da obesidade. 
Rezende (2010, pg. 91) relata que um fator que limita a aplicação de IMC é que ele não e capaz de fornecer informações relacionadas com a composição corporal e as pessoas com elevada quantidade de massa muscular podem apresentar elevado IMC, mesmo que a gordura corporal não seja excessiva. 
2.4 TRATAMENTO
Para Coutinho (2001) no que diz respeito à saúde dos adolescentes o tratamento é difícil tanto para o profissional quanto para os pacientes. Ainda segundo o autor os adolescentes mais jovens são mais difíceis de tratar do que os mais velhos, por estarem menos motivados. 
“O tratamento da obesidade é complexo e deve ser multiprofissional e interdisciplinar, pois, mais do que a simples redução de peso, ele deve visar à mudança no estilo de vida, que devem ser mantidas para sempre” (BUENO, 2011, pg. 576). 
Segundo o Ministério da Saúde (2006) o profissional de saúde deve objetivar a integralidade do ser humano em qualquer espaço de intervenção e construir uma prática que correlacione questões sociais, psicológicas, genéticas, clínicas e alimentares implicadas no sobrepeso/obesidade, tanto em indivíduos quanto em coletividade, promovendo a alimentação saudável e a prática de atividade física, assimcomo acompanhar o estado nutricional e de saúde da população usuária, devendo fazer parte do cotidiano das ações de saúde. 
Para Neto (2003) faz parte do tratamento do obeso o planejamento de uma abordagem clínica geral. Segundo o autor, um tratamento adequado de deve prever as seguintes etapas: 1) manutenção de um peso saudável; 2) prevenção do ganho de peso; 3) estabilização do peso; 4) manejo de comorbidades; e 5) perda de peso. 
Bueno (2011) relata que a associação da prática de exercícios físicos com as mudanças nos hábitos cotidianos pode alcançar, de forma eficaz, todas as camadas sociais da população, sendo estratégias que correspondem às principais formas de tratamento não farmacológico da obesidade. “E útil ao planejamento do tratamento, estabelecer medidas preventivas para a manutenção do peso saudável, adoção de um estilo de vida e alimentação adequada, exercícios físicos e uma permanente educação alimentar” (NETO, 2003, pg. 191). 
Pereira (2000) relatou que deve – se questionar a relação entre a redução de peso e de gordura corporal no tratamento da obesidade, sendo que os quais, na maioria das vezes, são utilizados como sinônimos de forma errônea, sendo possível reduzir a gordura corporal, sem diminuir o peso quando, por exemplo, ocorre ganho de massa muscular. Ainda segundo o autor o aumento de massa muscular pode ser superior ao peso de gordura, levando ao aumento do peso corporal total, assim a ênfase no tratamento da obesidade deve ser na redução da gordura corporal, já que apenas a perda de gordura promoverá benefícios à saúde. 
Segundo Paumgartten (2011) os tratamentos farmacológicos, sempre aliados às dietas e exercícios, devem ser reservados para os pacientes obesos que não responderam apenas às abordagens comportamentais. Ainda segundo o autor, embora causem perda de peso nas primeiras semanas de tratamento, a redução de peso atribuível aos anorexígenos é em geral modesta, sendo que em quase todos os casos, a perda de peso alcançada com os inibidores de apetite e revertida quando o medicamento e interrompido e devido à obesidade ser uma condição crônica, e o peso é recuperado com a interrupção do fármaco e provável que esses pacientes tomem esses medicamentos por anos, ou mesmo ao longo de suas vidas. 
De acordo com Vasques (2004) nem sempre o tratamento farmacológico é a primeira opção terapêutica; este deve, antes, compor o tratamento que deva ser pautado numa abordagem multidisciplinar, no entanto quando se trata de transtornos psiquiátricos como depressão atípica, síndrome do comer noturno e/ou transtorno do comer noturno estão presentes contribuindo para o ganho de peso, devemos considerar a farmacoterapia. 
3 COMPLICAÇÕES E/OU AGRAVOS DECORRENTES DA OBESIDADE
“O excesso de gordura e de peso corporal não deve ser encarado apenas como um problema estético, mas sim como um grave distúrbio de saúde que reduz a expectativa de vida e ameaça sua qualidade” (GUEDES, 2003, pg. 30 – 31). 
Segundo Coutinho (2001) os adolescentes que se tornam adultos obesos terão uma obesidade mais severa do que os que se tornam obesos já adultos. Adolescente obeso apresenta um risco maior para desenvolver uma série de doenças e distúrbios, levando a uma diminuição da expectativa de vida, tais como: 
Hipertensão Arterial: a obesidade está ligada em vários adolescentes com alto índice de pressão sanguínea; vários estudos dizem que a relação não é tão grande e que a diferença estaria mais na restrição de sal na dieta de baixa caloria do que na própria perda de peso propriamente dita. 
Doenças cardiovasculares: estudos indicam que a distribuição de gordura no corpo pode ser um predispor da patologia arterial coronariana e que a obesidade pode levar a danos cardíacos tanto estruturais como funcional, mesmo quando não a hipertensão arterial sistêmica. 
Diabetes Mellitus: não há duvidas da relação entre obesidade e o elevado risco de diabetes não insulino – dependente (tipo II), apresentando um aumento no IMC, com valor médio de 37. 
Apnéia do Sono: o único estudo que existe mostra uma incidência de 7% e que déficits neurocognitivos são bastante comuns, mas ainda não se relaciona a apnéia do sono com a síndrome de hipoventilação do obeso. 
Problemas Psicológicos: não são raros os casos de isolamento social, de baixa autoestima e de depressão. Estudos citam que as adolescentes obesas possuem escolaridade inferior, casam menos, possuem uma renda salarial menor e um elevado índice de pobreza familiar em relação às adolescentes que não são obesas e que no caso dos os meninos, estes casam – se menos, mas a renda salarial continua a mesma. 
4 PAPEL DO ENFERMEIRO
Para o Ministério da Saúde (2006) é importante que os profissionais da equipe de saúde desenvolvam ações que melhorem a qualidade de vida do adolescente, cabendo ao profissional enfermeiro as seguintes ações: 
* Trabalhar no aconselhamento tanto do adolescente quanto da família, em relação aos benefícios do tratamento; 
* Orientar a família sobre os riscos que esta doença poderá trazer para o adolescente; 
* Avaliar a eficácia do tratamento, observando as reações adversas e a aceitação do tratamento; 
* Orientar sobre uma alimentação saudável e prevenção do excesso de peso; 
* Realizar ações de vigilância nutricional; 
* Realizar ações que promovam a saúde; 
* Avaliar os casos de riscos e quando for necessário encaminhar para o apoio especializado; 
* Participar e coordenar atividades de educação permanente no âmbito da saúde e nutrição; 
* Realizar consultas de enfermagem; 
* Aferir os dados antropométricos do peso e altura; 
* Realizar um acompanhamento supervisionado do adolescente; 
* Sensibilizar os familiares sobre a prevenção da obesidade nessa fase com palestras, folhetos educativos e visitas domiciliares; 
* Fazer o acompanhamento nutricional do adolescente; 
* Orientar e acompanhar na melhoria da alimentação, mostrando opções de cardápios adequados; 
* Incentivar o adolescente à prática de atividades físicas com regularidade; 
* Orientar os pais sobre a ida regular ao médico, quando essas crianças já se encontram obesas; 
* Convocar outros profissionais de saúde para desenvolver atividades preventivas com o objetivo de diminuir a obesidade entre os adolescentes. 
5 PREVENÇÕES DA OBESIDADE
O Ministério da Saúde (2006, pg. 77 – 78) afirma que: No que diz respeito à prevenção do sobrepeso/obesidade, a possibilidade de apoio interdisciplinar pode representar um avanço, pois as equipes teriam suporte de profissionais especialistas, além da possibilidade de acesso por parte do usuário às atividades físicas e práticas corporais, essenciais para a promoção do peso saudável e prevenção da obesidade. Segundo o Ministério da Saúde quanto à organização da assistência, cabe particularmente à atenção básica ter uma atitude de promoção à saúde e de vigilância, prevenindo novos casos e evitando que os indivíduos com sobrepeso venham a se tornar obesos. 
Para Souza (2008) teoricamente seria mais fácil prevenir o ganho excessivo de peso em adolescentes, pois eles estão crescendo, ou seja, precisam de energia extra para crescer, e tem a possibilidade de gastar muito mais energia em atividades de lazer que os adultos, entretanto esses possíveis facilitadores parecem não suplantar os muitos fatores que concorrem para a crescente epidemia da obesidade. 
De com Vargas (2011) uma forma de prevenir a obesidade tem como foco a educação nutricional de adolescentes em ambiente escolar, pois há intenso contato do indivíduo com sua escola em suas primeiras décadas de vida, pois a escola possibilita a inserção de conteúdos de educação nutricional no currículo escolar e estimula a prática regular de atividade física. 
Bortolini (2011) relatou que no âmbito do SUS, a Política Nacional de Alimentação e Nutrição e a Política Nacional de Promoção a Saúde prevêem ações especificas para a promoção da alimentação saudável, sendo que essas ações devem considerar os determinantes sociais da saúde, com definições de ações técnicas e políticas, de caráter amplo e intersetorial, querespondam às necessidades de cada território, a partir de estratégias de articulação transversal entre os diversos equipamentos públicos, sociais e a comunidade. 
Segundo Lima (2011) para subsidiar as ações de promoção da alimentação saudável na Atenção Básica, os profissionais de saúde podem fazer uso dos Guias Alimentares, sendo que este guia alimentar para a população brasileira apresenta diretrizes de uma alimentação saudável, com mensagens específicas direcionadas para a população, os profissionais de saúde, a família, o governo. Ainda segundo o autor, a prevenção e acompanhamento da 
Obesidade na Atenção Básica perpassam a organização da Vigilância Alimentar e Nutricional; as ações de promoção da saúde, como alimentação saudável e atividade física ou práticas corporais; o acompanhamento interdisciplinar, respeitando–se as competências específicas; o estabelecimento de metas individuais para os pacientes, de acordo com seu estado de motivação para mudança de comportamento; e o acompanhamento regular, tanto individual quanto em grupos. 
6 EDUCAÇÃO ALIMENTAR
Para Dantas (2005) nos países em desenvolvimento houve uma tendência à deterioração do hábito alimentar. Ainda segundo o autor, no Brasil houve uma redução de 30% no consumo de arroz com feijão, enquanto o consumo de refrigerantes, no Rio de Janeiro, aumentou 268%. 
Segundo o Ministério da Saúde (2006) uma reeducação alimentar deve ser gradativa, negociando as substituições alimentares, despertando novos prazeres, sugerindo novos alimentos, preparações saudáveis, mas também acessíveis prazerosas e agradáveis, considerando os aspectos econômicos, nutricionais e sensoriais do saber e da aparência. Ainda segundo o Ministério da Saúde para ter uma alimentação saudável não é preciso excluir “os alimentos não saudáveis”, mas é preciso saber equilibrar a quantidade ingerida, evitando exageros e consumos freqüentes de alimentos altamente calóricos, apresentando alternativas, possibilitando ao usuário descobrir o quanto uma alimentação rica em alimentos de baixa densidade calórica pode ser saborosa. 
De acordo com o Ministério da Saúde (2006), a alimentação saudável deve ser diversificada e equilibrada e ainda fornecer todos os componentes necessários ao desenvolvimento e à manutenção do organismo saudável. Ainda conforme o Ministério da Saúde deve ser favorecido alimentações fracionadas, recomendando – se o consumo de 4 a 6 refeições por dia, evitando o consumo de grandes volumes em apenas uma refeição. É importante ressaltar que substituir o almoço e o jantar por lanche não é o recomendado, por não contemplar os valores nutricionais adequados, assim em cada refeição deve – se contemplar um alimento de cada grupo, porém a quantidade indicada vai depender de cada individuo, destacando – se que é recomendado no almoço e no jantar o uso de frutas, legumes e verduras. 
Bueno (2011) relata que a educação alimentar defende que é possível emagrecer e manter o peso comendo diversos alimentos, já que nada deve ser proibido, desde que respeitadas às quantidades estabelecidas previamente, alem de ser um método saudável, sensato e seguro e voltado para a formação de valores, para o prazer, a responsabilidade, a atitude crítica, assim como para o lúdico e a liberdade. 
Para Rodrigues (2006) a dinâmica familiar assumiu um papel considerável na mudança de práticas alimentares para controle o tratamento da obesidade, porém muitas vezes, a família atribui todo o dever de mudança de hábitos alimentares aos filhos, negando assim sua parcela de responsabilidade. 
Bueno (2011, pg. 924) a educação nutricional promoveu o desenvolvimento da capacidade de compreender práticas e comportamentos, e os conhecimentos ou as aptidões resultantes desse processo contribuem para a integração do adolescente com o meio social, proporcionando ao indivíduo condições para que possa tomar decisões para resolução de problemas mediante fatos percebidos. 
De acordo com Vargas (2011) a prática alimentar considerada poucos saudáveis sofreram modificações entre os adolescentes o que sugere que comportamentos característicos dessa faixa etária podem ser modificados mesmo com intervenções de curta duração. 
7 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a apresentação do referencial teórico da pesquisa foi possível constatar que quanto à epidemiologia, a obesidade é uma das doenças nutricionais que mais tem apresentado aumento em seus números, não apenas em países ricos, mas também em países em desenvolvimento (FISBERG, 2005, pg. 11 – 12). Slater (2010) concorda dizendo que a prevalência da mesma aumentou nas últimas décadas em todo o mundo, inclusive nos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde anteriormente predominavam os problemas relacionados à desnutrição. 
Segundo Cavalcanti (2010) a obesidade vem sendo um problema de saúde pública mundial cuja prevalência vem aumentando ate mesmo nós países em desenvolvidos e em populações jovens. Já Carvalho (2006) afirmou que a obesidade constitui um dos grandes problemas de saúde pública devido à sua alta prevalência, à sua persistência ao longo da vida e às comorbidades associadas. 
Para Coutinho (2001) embora haja diversas teorias, a causa da obesidade ainda não está bem estabelecida, pode ser considerada uma doença crônica multifatorial, com subtipos e evidências recentes sugerem componentes genéticos. Dantas (2005) concorda afirmando que quando se avalia clinicamente um paciente obeso, devem-se considerar diversos fatores predisponentes que podem desempenhar um papel expressivo no desequilíbrio energético que pode determinar o seu excesso de peso tais como: a falta de atividade física, fatores genéticos, fatores hormonais e hábitos alimentares. 
Conforme Oliveira (2003) relata vários fatores são importantes na gênese da obesidade, como os genéticos e fisiológicos; no entanto, os que poderia explicar este crescente aumento do número de indivíduos obesos parecem estar mais relacionados às mudanças no estilo de vida e aos hábitos alimentares. Nogueira (2010) afirma dizendo investigações se concentram nas questões relacionadas ao maior aporte energético da dieta e na redução da prática da atividade física com incorporação do sedentarismo, configurando um estilo de vida ocidental contemporâneo. 
Segundo Neto (2003) as principais ferramentas para diagnosticar a obesidade em indivíduos iguais ou maiores de 18 anos são: O índice de massa corporal (IMC), o perímetro abdominal na cicatriz umbilical, medida em centímetros e outros métodos que podem ser utilizados são a ultrassonografia abdominal e a tomografia computadorizada. Mello (2004) afirmar que a escolha de um ou vários métodos deve ser criteriosa, devendo – se considerar sexo, idade e maturidade sexual para se obter valores de referência e classificação da obesidade. Já Coutinho (2001) relata dizendo que quando a obesidade é severa, o leigo a identifica tanto quanto o especialista, no entanto, a distinção entre a normalidade e a obesidade leve é extremamente difícil de ser diagnosticada. 
Bueno (2011) relata que a associação da prática de exercícios físicos com as mudanças nos hábitos cotidianos pode alcançar, de forma eficaz, todas as camadas sociais da população, sendo estratégias que correspondem às principais formas de tratamento não farmacológico da obesidade. Neto (2003) afirma que é útil ao planejamento do tratamento, estabelecer medidas preventivas para a manutenção do peso saudável, adoção de um estilo de vida e alimentação adequada, exercícios físicos e uma permanente educação alimentar. Já Bueno (2011) complementa dizendo que o tratamento da obesidade é complexo e deve ser multiprofissional e interdisciplinar, pois, mais do que a simples redução de peso, ele deve visar à mudança no estilo de vida, que devem ser mantidas para sempre. 
Segundo Coutinho (2001) os adolescentes que se tornam adultos obesos terão uma obesidade mais severa do que os que se tornam obesos já adultos, apresentando um maior risco para desenvolver uma série de doenças e distúrbios, levando a uma diminuição da expectativa de vida,tais como: Hipertensão arterial, Doenças cardiovasculares, Diabetes Mellitus, Apnéia do sono e Distúrbios psicológicos. Guedes (2003) afirma que o excesso de gordura e de peso corporal não deve ser encarado apenas como um problema estético, mas sim como um grave distúrbio de saúde que reduz a expectativa de vida e ameaça sua qualidade. 
Para Souza (2008) teoricamente seria mais fácil prevenir o ganho excessivo de peso em adolescentes, pois eles estão crescendo, ou seja, precisam de energia extra para crescer, e tem a possibilidade de gastar muito mais energia em atividades de lazer que os adultos, entretanto esses possíveis facilitadores parecem não suplantar os muitos fatores que concorrem para a crescente epidemia da obesidade. Já Vargas (2011) afirma que uma forma de prevenir a obesidade tem como foco a educação nutricional de adolescentes em ambiente escolar, pois há intenso contato do indivíduo com sua escola em suas primeiras décadas de vida, pois a escola possibilita a inserção de conteúdos de educação nutricional no currículo escolar e estimula a prática regular de atividade física. 
Conforme o Ministério da Saúde (2006) para ter uma alimentação saudável não é preciso excluir “os alimentos não saudáveis”, mas é preciso saber equilibrar a quantidade ingerida, evitando exageros e consumos frequentes de alimentos altamente calóricos, apresentando alternativas, possibilitando ao usuário descobrir o quanto uma alimentação rica em alimentos de baixa densidade calórica pode ser saborosa. Bueno (2011) concorda relatando que a educação alimentar defende que é possível emagrecer e manter o peso comendo diversos alimentos, já que nada deve ser proibido, desde que respeitadas às quantidades estabelecidas previamente, além de ser um método saudável, sensato e seguro e voltado para a formação de valores, para o prazer, a responsabilidade, a atitude crítica, assim como para o lúdico e a liberdade. 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Básica à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Obesidade. Cadernos de Atenção Básica, nº. 12 séries A. Normas e Manuais Técnicos. Brasília, 2006. Secretaria de Atenção Básica à Saúde. 
CAVALCANTI, S. B. C, BARROS, G. V. M, SANTOS, M. C. A obesidade abdominal em adolescentes: prevalência e associação com atividade física e hábitos alimentares. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 94, nº3, Março, 2010. Disponível em: http: www.scielo.br. Acessado em: 24 de Novembro de 2011. 
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Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Marabá

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