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0 ESTUDO RETROSPECTIVO 1 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................................................. 5 Figuras........................................................................................................................................ 5 Gráficos ...................................................................................................................................... 7 Mapas ........................................................................................................................................ 9 Tabelas ..................................................................................................................................... 10 Apresentação ...................................................................................Erro! Indicador não definido. Capítulo 1 .................................................................................................................................... 18 O MEIO AMBIENTE ...................................................................................................................... 18 1. Introdução ......................................................................................................................... 19 2. A Ocupação do Território .................................................................................................. 21 3. A Cidade e seu Meio Ambiente no Período Recente (1990-2015) ................................... 33 4. Recife: Território de Vulnerabilidades .............................................................................. 37 5. Considerações Finais ......................................................................................................... 39 5.1. Ativos estratégicos ...................................................................................................... 39 5.2. Debilidades Estruturais: principais passivos ............................................................... 42 5.3. Principais inflexões e mudanças ................................................................................. 44 6. Principais Desafios ............................................................................................................ 45 Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 45 Capítulo 2 .................................................................................................................................... 48 ESPAÇO URBANO E MOBILIDADE ................................................................................................ 48 1. Introdução ......................................................................................................................... 49 2. Elementos da Formação do Espaço Urbano do Recife ..................................................... 50 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201479 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201480 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201491 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201492 2 3. Análise do Processo de Urbanização Recente: 1990-2015 ............................................... 63 3.1. Recife no contexto metropolitano .............................................................................. 63 3.2. Padrões de uso e ocupação do solo e de edificação ................................................... 65 3.3. Redefinição das centralidades .................................................................................... 77 3.4. Política habitacional e programas de urbanização ..................................................... 79 3.5. Mobilidade urbana ...................................................................................................... 82 3.6. Processo de urbanização recente – visão de síntese .................................................. 87 4. Considerações Finais ......................................................................................................... 89 4.1. Pontos de inflexão e mudança .................................................................................... 89 4.2. Fatores de inércia/permanências e resistências à mudança ...................................... 90 4.3. Ativos estratégicos ...................................................................................................... 92 4.4. Debilidades estruturais no espaço urbano do Recife ................................................. 93 5. Principais Desafios ............................................................................................................ 94 Referências Bibliográficas ........................................................................................................... 96 Capítulo 3 .................................................................................................................................... 98 O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO .......................................................................................... 98 1. Introdução ......................................................................................................................... 99 2. A Economia do Recife em uma Leitura de Longo Prazo (1950-2015) ............................... 99 3. Desenvolvimento Recente (1990-2015) ......................................................................... 104 3.1. Recife e seu contexto atual ....................................................................................... 104 3.2. Evolução econômica recente do Recife e do seu contexto ....................................... 109 4. A Dinâmica Econômica Setorial ...................................................................................... 115 4.1. Visão geral da estrutura econômica .......................................................................... 116 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201509 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201510 3 4.2. Perfil setorial da economia formal ............................................................................ 121 4.3. Principais Cadeias Produtivas .................................................................................... 125 4.4. Perfil setorial da economia informal ......................................................................... 136 5. Mercado de Trabalho: Estrutura e Dinâmica .................................................................. 141 5.1. Trajetória recente (1990 a 2014) .............................................................................. 141 5.1.1. Os anos noventa ................................................................................................ 142 5.1.2. Os Anos 2000 ..................................................................................................... 145 5.1.3. Os anos recentes ............................................................................................... 153 6. Produtividade e Ambiente de Negócios ......................................................................... 155 7. Considerações Finais ....................................................................................................... 165 7.1. Principais Inflexões e Mudanças ............................................................................... 165 7.2. Fatores Inerciais/Principais Permanências................................................................ 1677.3. Ativos Estratégicos .................................................................................................... 168 7.4. Debilidades Estruturais ............................................................................................. 168 8. Principais Desafios .......................................................................................................... 169 Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 171 Apêndice.................................................................................................................................... 173 Capítulo 4 .................................................................................................................................. 177 A INCLUSÃO SOCIAL E O DESENVOLVIMENTO HUMANO ......................................................... 177 9. Introdução ....................................................................................................................... 178 10. Demografia ..................................................................................................................... 179 11. Desenvolvimento Social .................................................................................................. 184 11.1. Determinantes da evolução dos indicadores síntese de desenvolvimento social .... 184 11.2. Situação e evolução de indicadores setoriais ........................................................... 185 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201539 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201540 4 11.2.1. Educação ........................................................................................................... 185 11.2.2. Saúde ................................................................................................................. 189 11.2.3. Segurança Pública ............................................................................................. 192 12. Pobreza e Desigualdade .................................................................................................. 195 13. Inclusão Social ................................................................................................................. 198 4.1. Inclusão de gênero .................................................................................................... 198 4.2. Inclusão de raça: população negra e violência ......................................................... 199 4.3. Inclusão da população LGBT ..................................................................................... 200 4.4. Inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais ..................................... 201 14. Considerações Finais ....................................................................................................... 202 14.1. Principais inflexões e mudanças ............................................................................... 202 14.2. Fatores Inerciais ........................................................................................................ 204 14.3. Ativos Estratégicos .................................................................................................... 205 14.4. Debilidades Estruturais ............................................................................................. 205 15. Principais Desafios .......................................................................................................... 206 Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 207 Apêndice.................................................................................................................................... 210 Capítulo 5 .................................................................................................................................. 239 SÍNTESE: DESAFIOS ESTRATÉGICOS ........................................................................................... 239 1. Construir uma Cidade Menos Desigual ........................................................................... 240 2. Enfrentar sua Vulnerabilidade Face aos Impactos das Mudanças Climáticas e às Heranças ........................................................................................................................................ 243 3. Ampliar a Oferta, Valorizar e Democratizar Espaços Públicos e Investir na Construção de Novo Padrão de Civilidade e Convivência ....................................................................... 246 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201563 https://mcpdocs.sharepoint.com/clientes/recife/Documentos/Produto%204%20-%20Estudo%20retrospectivo.docx#_Toc433201564 5 4. Fazer do Recife uma Cidade Competitiva, Inovadora e Referência como Polo Terciário Nacional, Revertendo Tendência a Perda de Peso Relativo no Contexto Regional ....... 247 5. Transitar para Novo Padrão de Ocupação do Território e Mobilidade .......................... 250 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURAS Figura 1. Vila de Olinda e Porto do Recife (Século XVI)............................................................... 22 Figura 2. Vista a partir de Olinda, século XVII ............................................................................. 23 Figura 3. Foto aérea da cheia de 1975 - bairros da Ilha do Retiro e Ilha do Leite ...................... 28 Figura 4. Foto aéreas da cheia de 1975. Nota-se os bairros do Derby, Graças e Madalena. ..... 29 Figura 5. Foto aérea da praia de Boa Viagem, 2009. Título da Foto dada pelo autor: quem se importa com sombra na praia? ................................................................................................... 30 Figura 6. Crescimento da mancha urbana do Recife .................................................................. 32 Figura 7. Gráfico da variabilidade do nível médio do mar na costa do Recife-PE. ...................... 34 Figura 8. Mapa das áreas inundadas nos cenários de elevação do nível do mar em 0,5 m e 1,0 m.................................................................................................................................................. 36 Figura 9. Avenida Alfredo Lisboa ................................................................................................. 54 Figura 10. Avenida Guararapes ................................................................................................... 54 Figura 11. Paisagem da Boa Vista, tomada da Faculdade de Direito para o sul. ........................ 56 Figura 12. Imagem 3D Google Earth com configuração atual do conjunto construído de Boa Viagem ......................................................................................................................................... 62 6 Figura 13. Foto aérea do mesmo trecho na década de 1970 (a linha vermelha demarca edifício de apartamentos existente como referência de localização). .................................................... 62 Figura 14. Fragmento de paisagem urbana contemporânea entre os bairros dos Aflitos e Jaqueira ....................................................................................................................................... 67 Figura 15. Implantação característica da década de 1980 (esquerda) ....................................... 73 Figura 16. Paredões de estacionamento nos prédios residenciais dos anos 1990 (centro) ....... 73 Figura 17. Recuo ajardinado exigido na Lei dos 12 Bairros (direita) ........................................... 73 Figura 18. Polo Médico ................................................................................................................78 Figura 19. Porto Digital ................................................................................................................ 78 Figura 20. Palafitas ...................................................................................................................... 81 Figura 21. Ocupações nas encostas do Recife. ............................................................................ 81 Figura 22. Bairro de Boa Viagem ............................................................................................... 240 Figura 23. Palafitas no Rio Capibaribe ....................................................................................... 240 Figura 24. Parque dos Manguezais ........................................................................................... 243 Figura 25. Carência de saneamento .......................................................................................... 244 Figura 26. Estádios de futebol do Recife inundados ................................................................. 245 Figura 27. Parque 13 de Maio ................................................................................................... 246 Figura 28.Rua do Bom Jesus ...................................................................................................... 246 Figura 29. Polo de TIC / Economia Criativa ............................................................................... 248 Figura 30. Polo médico .............................................................................................................. 248 Figura 31. Verticalização intensa ............................................................................................... 250 Figura 32. Trânsito na Av. Agamenon Magalhães ..................................................................... 250 7 GRÁFICOS Gráfico 1. Projeção das emissões totais de carbono de todos os setores avaliados .................. 37 Gráfico 2. População do Recife entre 1900 e 2010 ..................................................................... 53 Gráfico 3. Taxa média geométrica de crescimento anual entre 1950 e 2010 ............................ 53 Gráfico 4. Número de imóveis residenciais vendidos e Índice de Velocidade de Vendas .......... 69 Gráfico 5.Área total de construção de imóveis residenciais e média de tamanho dos apartamentos .............................................................................................................................. 69 Gráfico 6. Recife: Total (em milhões) e taxa média anual (% a.a.) de crescimento da população residente – 1950 / 1960 / 1970 / 1980 / 1991 / 2000 / 2010 ................................................... 101 Gráfico 7. Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Produto Interno Bruto (PIB) – 2012 ................................................................................................................................................... 107 Gráfico 8. Brasil, Nordeste, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: PIB per capita – 2012 ........................................................................................................................................... 108 Gráfico 9. Pernambuco, RMR e Recife: Distribuição do VAB por Atividade Econômica – 2012 ................................................................................................................................................... 108 Gráfico 10. Pernambuco (Total, RMR e Demais Regiões) e Recife: Taxa média anual de crescimento real do PIB – 1996/2000, 2000/2010, 2010/2012 e 1996/2012 .......................... 110 Gráfico 11. Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa média anual de crescimento real do PIB – 1996/2000, 2000/2010, 2010/2012 e 1996/2012 .................................................................... 111 Gráfico 12. Recife: Taxas anuais de crescimento real do PIB – 2000 a 2012 ............................ 111 Gráfico 13. Pernambuco, RMR e Recife: Índice do volume do PIB – 2000 a 2012 ................... 112 Gráfico 14. Recife, Salvador e Fortaleza: Índice do volume do PIB – 2000 a 2012 ................... 112 8 Gráfico 15. Pernambuco, RMR e Recife: Distribuição do VAB por Atividade Econômica – 1996, 2000, 2010 e 2012 ..................................................................................................................... 113 Gráfico 16. Recife, Salvador e Fortaleza: Distribuição do VAB por Atividade Econômica – 1996, 2000, 2010 e 2012 ..................................................................................................................... 114 Gráfico 17. Recife: Distribuição do VAB por Atividade Econômica – 1996, 2000, 2010 e 2012 114 Gráfico 18. Recife: Distribuição setorial da economia, segundo o emprego formal – 1990, 2000, 2010 e 2013 ............................................................................................................................... 122 Gráfico 19. Recife: Rendimento real da população ocupada – 1996-2000............................... 143 Gráfico 20. Recife: Distribuição da população ocupada, com 10 anos ou mais de idade, por posição na ocupação no trabalho principal – 2000 e 2010....................................................... 147 Gráfico 21. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Distribuição da população ocupada, com 10 anos ou mais de idade, por condição de contribuição para o instituto de previdência oficial no trabalho principal - 2010........................................................................ 149 Gráfico 22. Recife: Distribuição da população ocupada, com 10 anos ou mais de idade, por condição de contribuição para o instituto de previdência oficial no trabalho principal, segundo o nível de escolaridade - 2010 .................................................................................................. 150 Gráfico 23. Recife: Distribuição da população ocupada, com 10 anos ou mais de idade, por condição de contribuição para o instituto de previdência oficial no trabalho principal, segundo a seção de atividade (em %) - 2010 .......................................................................................... 151 Gráfico 24. Recife, Salvador, Fortaleza e Demais municípios da RMR: Evolução da taxa de desemprego aberto – 2000 a 2014 ........................................................................................... 154 Gráfico 25. Brasil, Nordeste, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa média anual de crescimento real da produtividade (valor adicionado/trabalhador) por Atividade Econômica – 2000/2010 .............................................................................................................................. 158 Gráfico 26. Índice das Cidades Empreendedoras – 2014 ......................................................... 160 9 Gráfico 27. Recife: Total (em milhões) e taxa média anual (% a.a.) de crescimento da população residente – 1950 / 1960 / 1970 / 1980 / 1991 / 2000 / 2010 ................................................... 210 MAPAS Mapa 1. Mancha da Macrozona do Ambiente Natural – MAN .................................................. 21 Mapa 2. Comunidades de Interesse Social (CIS) ......................................................................... 27 Mapa 3. Unidade de Conservação da Natureza (UCN) e Imóvel de Proteção de Área Verde (IPAV) do Recife ........................................................................................................................... 40 Mapa 4. Recife e Olinda, Golyath – 1641. (principais caminhos destacados em vermelho). ..... 51 Mapa 5. Plantas de 1906 e 1943 comparando a expansão urbana (Rio Capibaribe, em azul, e Bairro do Recife, em vermelho, destacados para facilitar a localização).................................... 55 Mapa 6. Crescimento da mancha urbana do Recife – 1909 vermelho (escuro:urbanização contínua; claro: urbanização dispersa); 1943 alaranjado; 1965 amarelo; área urbanizada atual em cinza). .................................................................................................................................... 57 Mapa 7. Comparação entre loteamentos e áreas urbanizadas (o destaque em vermelho corresponde aproximadamente ao enquadramento da aerofoto). ........................................... 59 Mapa 8. Região Metropolitana do Recife e os polos de desenvolvimento. ............................... 65 Mapa 9.Esquema simplificado do zoneamento e destaque para zonas especiais, com restrições ou estímulos à ocupação. ............................................................................................................ 72 Mapa 10.Elementos de síntese da dinâmica urbana do Recife. ................................................. 88 Mapa 11. Região de Influência de Recife .................................................................................. 105 Mapa 12. Região de Influência de Fortaleza ............................................................................. 105 Mapa 13. Região de Influência de Salvador .............................................................................. 106 10 Mapa 14. Recife: Síntese do Desenvolvimento Econômico ...................................................... 119 Mapa 15. Recife: Distribuição das Principais Cadeias Produtivas ............................................. 135 Mapa 16. Bairros do Recife: População por bairro em 2010 .................................................... 182 Mapa 17. Bairros do Recife: Taxa (%) de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais em 2010 ........................................................................................................................................... 187 Mapa 18. Bairros do Recife: Total de criminalidade violenta letal e intencional em 2014 ...... 193 Mapa 19. Bairros do Recife: Renda domiciliar mensal em 2010 .............................................. 195 Mapa 20. Comunidades de Interesse Social ............................................................................. 241 TABELAS Tabela 1. Unidades de Conservação Municipais ......................................................................... 31 Tabela 2. Cenários definidos pela UFPE, para elevações de 0,5 m e 1,0 m do nível do mar. ..... 35 Tabela 3. Projeção da geração de Resíduos Sólidos no Recife (t/ano) ....................................... 42 Tabela 4. Composição Gravimétrica dos Resíduos Sólidos do Recife (2010) .............................. 42 Tabela 5. Recife, Salvador e Fortaleza: Características das Regiões de Influência ................... 106 Tabela 6. Recife: Evolução da estrutura econômica e participação setorial no total da RMR e de Pernambuco, segundo o emprego formal – 1990, 2000, 2010 e 2013 ..................................... 124 Tabela 7. Recife: Estoque de empregos formais, segundo as Cadeias Produtivas selecionadas – 2006 e 2013 ............................................................................................................................... 126 Tabela 8. Centro Expandido do Recife: Número de comerciantes informais registrados – 2003 e 2006 ........................................................................................................................................... 137 Tabela 9. Recife: Evolução e dimensão do setor formal e do setor informal (mês de dezembro, em 1.000 pessoas) – 1996 a 2000 ............................................................................................. 144 11 Tabela 10. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa de crescimento média anual da população ocupada, com 10 anos ou mais de idade, segundo a posição na ocupação no trabalho principal (em % a.a.) – 2000 e 2010 ...................................................................... 146 Tabela 11. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Distribuição da população ocupada, com 10 anos ou mais de idade, por nível de instrução (em %) – 2000 e 2010 ......... 148 Tabela 12. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Valor do rendimento nominal médio mensal de todos os trabalhos, das pessoas ocupadas e com rendimento de trabalho – 2000 e 2010 ............................................................................................................. 152 Tabela 13. RMR, Recife e Demais municípios da RMR: Rendimento médio real (1) dos ocupados no trabalho principal – 2008 a 2014 ......................................................................................... 154 Tabela 14. Brasil, Nordeste, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Valor (R$ 1.000, a preços de 2010) e taxa média anual (% a.a.) de crescimento real da produtividade (valor adicionado/trabalhador) segundo a Atividade Econômica – 2000/2010 ................................. 157 Tabela 15. Recife e sua posição nos determinantes do ambiente empreendedor – 2014 ...... 161 Tabela 16. Recife, Fortaleza e Salvador: Classificação no Índice de Cidades Empreendedoras – 2014 ........................................................................................................................................... 162 Tabela 17. Recife: Estoque de empregos formais, segundo as Cadeias Produtivas – 2006/2013 ................................................................................................................................................... 173 Tabela 18.Recife: População residente – 1940, 1950,1960,1970,1980,1991,2000, 2010 e 2015 ................................................................................................................................................... 210 Tabela 19.Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Esperança de vida ao nascer – 1991, 2000 e 2010 .................................................................................................................. 211 Tabela 20.Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Taxa de fecundidade total – 1991, 2000 e 2010 ..................................................................................................................... 211 Tabela 21.Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Taxa de Mortalidade – 1991, 2000 e 2010 ............................................................................................................................... 212 12 Tabela 22. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Taxa de Mortalidade por gênero – 1991 ........................................................................................................................... 212 Tabela 23. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Taxa de Mortalidade por gênero – 2000 ........................................................................................................................... 212 Tabela 24.Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Taxa de Mortalidade por gênero – 2010 ........................................................................................................................... 213 Tabela 25. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente por grupos de idade (em mil pessoas) – 1991, 2000 e 2010 ........................................................... 214 Tabela 26. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Distribuição (%) da população residente por grupos de idade (em mil pessoas) – 1991, 2000 e 2010 .................. 215 Tabela 27.Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Razão de dependência – 1991, 2000 e 2010 ..................................................................................................................... 216 Tabela 28.Microrregiões do Recife: População residente (Pessoas) – 2000 e 2010 ................ 216 Tabela 29. Brasil,Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente por gênero e distribuição percentual – 1991 .................................................................................. 217 Tabela 30. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente por gênero e distribuição percentual – 2000 .................................................................................. 217 Tabela 31. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente por gênero e distribuição percentual – 2010 .................................................................................. 218 Tabela 32. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Taxa (%) de crescimento médio anual da população residente por gênero – 1991, 2000 e 2010 ................................... 218 Tabela 33. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente, por cor ou raça – 1991 ........................................................................................................................... 218 Tabela 34. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Distribuição (%) da população residente, por cor ou raça – 1991 ........................................................................... 219 13 Tabela 35. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente, por cor ou raça – 2000 ........................................................................................................................... 219 Tabela 36.Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Distribuição (%) da população residente, por cor ou raça – 2000 ........................................................................... 219 Tabela 37. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente, por cor ou raça – 2010 ........................................................................................................................... 220 Tabela 38. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Distribuição (%) da população residente, por cor ou raça – 2010 ........................................................................... 220 Tabela 39. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Taxa (%) de crescimento médio anual da população residente, por cor ou raça – 1991/2010 ........................................ 221 Tabela 40. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) – 1991, 2000 e 2010...................................................................... 221 Tabela 41. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: IDHM Renda – 1991, 2000 e 2010 ........................................................................................................................................... 221 Tabela 42. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: IDHM Educação– 1991, 2000 e 2010 ........................................................................................................................................ 222 Tabela 43. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: IDHM Longevidade – 1991, 2000 e 2010 ............................................................................................................................... 222 Tabela 44. Recife, Salvador e Fortaleza: Índice FIRJAN de Desenvolvimento Municipal – 2011 ................................................................................................................................................... 222 Tabela 45. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa (%) de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade – 1991, 2000 e 2010 ............................................... 223 Tabela 46. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa (%) de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade por gênero – 2000 .................................................. 223 Tabela 47. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa (%) de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade por gênero – 2010 .................................................. 223 14 Tabela 48. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Expectativa de anos de estudo – 1991, 2000 e 2010 ...................................................................................................... 224 Tabela 49. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Distribuição (%) das pessoas de 10 anos ou mais de idade, por nível de instrução – 2000 .................................................... 224 Tabela 50. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Distribuição (%) das pessoas de 10 anos ou mais de idade, por nível de instrução – 2010 .................................................... 225 Tabela 51. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Percentual de pessoas com 25 anos ou mais de idade com superior completo – 1991, 2000 e 2010 ................................. 225 Tabela 52. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Percentual de crianças de 0 a 5 anos fora da escola¹ – 2000 e 2010 ..................................................................................... 225 Tabela 53. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Percentual de crianças de 6 a 14 fora da escola¹ – 1991, 2000 e 2010 .................................................................................. 226 Tabela 54. Brasil, Pernambuco, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa de Distorção Idade-Série - Ensino Fundamental de 8 e 9 anos - rede municipal – 2007 e 2014 ........................................ 226 Tabela 55. Brasil, Pernambuco, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa de Reprovação - Ensino Fundamental de 8 e 9 anos - rede municipal – 2007 e 2014 .................................................... 227 Tabela 56. Brasil, Pernambuco, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa de Abandono - Ensino Fundamental de 8 e 9 anos - rede municipal – 2007 e 2014 .................................................... 227 Tabela 57. Brasil, Recife, Salvador e Fortaleza: IDEB Observado - Anos Iniciais do Ensino Fundamental – 2005, 2007, 2009, 2011 e 2013 ........................................................................ 227 Tabela 58. Brasil, Recife, Salvador e Fortaleza: IDEB Observado - IDEB Observado - Anos Finais do Ensino Fundamental – 2005, 2007, 2009, 2011 e 2013 ....................................................... 228 Tabela 59. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Mortalidade Infantil – 1991, 2000 e 2010 ............................................................................................................................... 228 Tabela 60. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Coeficiente de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos) – 2010 e 2013 ......................................................................... 228 15 Tabela 61. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Mortalidade até 5 anos de idade – 1991, 2000 e 2010 ........................................................................................................ 229 Tabela 62. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Coeficiente de mortalidade de menores de 5 anos (por mil nascidos vivos) – 2010 e 2013................................................. 229 Tabela 63. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Razão de Mortalidade Materna (por 100 mil nascidos vivos) – 2010 e 2013 ............................................................... 229 Tabela 64. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa de mortalidade específica por causas externas (por 100 mil habitantes) – 1991, 1996, 2000, 2010 e 2013 .... 230 Tabela 65. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa de mortalidade específica por causas externas - homicídios (por100 mil habitantes) – 1991, 1996, 2000, 2010 e 2013 ........................................................................................................................................ 230 Tabela 66. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Coeficiente de mortalidade por aids (por 100 mil habitantes) – 1990, 1991, 2000, 2010 e 2013 ........................................ 230 Tabela 67. Ranking da taxa de detecção (por 100.000 hab.) de casos de aids notificados no Sinan, declarados no SIM e registrados no Siscel/Siclom¹, segundo capital de residência por ano de diagnóstico. Brasil, 2002-2013²³⁴ ......................................................................................... 231 Tabela 68. Recife: Número de vítimas e taxa de criminalidade violenta letal e intencional – 2009-2014 ................................................................................................................................. 232 Tabela 69. Recife e RPA: Número de vítimas e taxa de criminalidade violenta letal e intencional – 2014 ........................................................................................................................................ 232 Tabela 70. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Percentual de extremamente pobres – 1991, 2000 e 2010 ............................................................................. 232 Tabela 71. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Percentual de pobres – 1991, 2000 e 2010 ..................................................................................................................... 233 Tabela 72. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Renda per capita – 1991, 2000 e 2010 ............................................................................................................................... 233 16 Tabela 73. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Taxa (%) de crescimento médio anual da renda per capita – 1991, 2000 e 2010 ............................................................ 234 Tabela 74. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Índice de Gini – 1991, 2000 e 2010 ........................................................................................................................................... 234 Tabela 75. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Percentual da renda apropriada pelos 20% mais ricos – 1991, 2000 e 2010 ............................................................. 234 Tabela 76. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Percentual da renda apropriada pelos 40% mais pobres – 1991, 2000 e 2010 ......................................................... 235 Tabela 77. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Salvador e Fortaleza: Percentual de crianças em domicílios em que ninguém tem fundamental completo – 2000 e 2010 ................................. 235 Tabela 78. Brasil, Pernambuco, Recife: Homens de 25 anos ou mais de idade responsável pelo domicílio, por nível de instrução – 2010 ................................................................................... 236 Tabela 79. Brasil, Pernambuco, Recife: Mulheres de 25 anos ou mais de idade responsável pelo domicílio, por nível de instrução – 2010 ................................................................................... 236 Tabela 80. Brasil, Pernambuco, Recife: Percentual de homens de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham – 2010 ............................................................................................... 236 Tabela 81. Brasil, Pernambuco, Recife: Percentual de mulheres de 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham – 2010 ............................................................................................... 237 Tabela 82. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente, por tipo de necessidade especial – 2000 ......................................................................................... 237 Tabela 83. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Distribuição (%) da população residente, por tipo de necessidade especial – 2000 ............................................... 237 Tabela 84. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: População residente, por tipo de necessidade especial – 2010 ......................................................................................... 238 Tabela 85. Brasil, Pernambuco, RMR, Recife, Fortaleza e Salvador: Distribuição (%) da população residente, por tipo de necessidade especial – 2010 ............................................... 238 17 Para refletir sobre o presente e pensar o futuro visando estabelecer uma estratégia de longo prazo para a cidade, é fundamental considerar sua história. O processo de constru- ção da cidade informa aonde se chegou e esclarece as marcas que foram sendo construí- das na trajetória de ocupação de seu território. Esta é a base da análise retrospectiva aqui apresentada. Por isso se construiu a “linha do tempo” e se buscou identificar momentos de mudanças rele- vantes, ao mesmo tempo em que se destacam permanências que se consolidam em marcas que caracterizam o Recife ainda hoje. A análise do processo de constituição de uma das mais antigas e importantes cidades brasilei- ras terminou por enfatizar o período mais recente, compreendido desde a década final do século XX (anos 90) até o presente (2015). Nele se destaca esforço para identificar pontos fortes e fragilidades da cidade, ativos estratégi- cos e debilidades estruturais, potencialidades e fragilidades. Tomando como referência o futu- ro a ser construído nas próximas décadas, buscou-se também destacar desafios estratégicos a serem enfrentados. Realiza-se, assim, uma análise situacional que cria bases para apoiar uma reflexão estratégica sobre o Recife. O trabalho foi realizado por equipe multidisciplinar posto que parte de uma abordagem múlti- pla que considera diversas dimensões da realidade recifense: a ambiental, a urbana, a econô- mica e a sociocultural. Cada uma delas é tratada um capítulo do presente texto. Para tanto, se recorreu a estudos disponíveis, informações produzidas por instituições públicas e privadas (que foram tratadas e sistematizadas), planos propostos para seu desenvolvimento e ordenamento do uso de seu território, entre outros trabalhos que tratam do Recife. Uma tentati- va de síntese do resultado do percurso analítico percorrido é apresentada ao final de cada um dos quatro capítulos. E desafios estratégicos para a construção do futuro são enunciados ao final. 18 Capítulo 1 O MEIO AMBIENTE 1 19 1. INTRODUÇÃO A análise retrospectiva da formação do Recife até seus dias atuais começa por situá-lo no ambiente natural onde a cidade foi sendo construída pelo colonizador, há quase 500 anos. Sua trajetória recente é em seguida examinada em mais detalhe com foco no período 1990- 2015 com vistas a identificar sobretudo mudanças relevantes ocorridas na relação da cidade com seu habitat natural, assim como avanços construídos e dificuldades enfrentadas na legislação e na gestão ambiental. Desta análise ressaltam vulnerabilidades importantes que são tratadas num capítulo especial, onde os impactos das mudanças climáticas no Recife são enfatizados, posto que sinalizam para ameaças a serem enfrentadas num futuro próximo. Em seguida, é feita a análise situacional, destacando-se os ativos estratégicos e os principais passivos do Recife, ao lado da explicitação das principais inflexões e mudanças na relação da cidade com seu meio ambiente natural. E para finalizar, são apresentados os principais desafios que a cidade precisa enfrentar na construção de sua sustentabilidade ambiental. Primeiramente deve-se entender as cidades, no ponto de vista conceitual e histórico, como o lócus onde os fluxos de pessoas e de benstomam corpo. Elas são a manifestação física das grandes forças que estão na base de sua construção coletiva, devendo ser focadas as diversas dimensões do desenvolvimento sustentável: o econômico, o social e o ambiental. A sociedade que fizer essa construção apoiada apenas em um ou outro desses fatores, em detrimento aos demais, tenderá ao insucesso e à insustentabilidade. O desequilíbrio destas forças, comumente, gera espaços habitáveis com vulnerabilidades naturais e sociais que se refletem no desenho e na utilização da cidade. A cidade do Recife é um desses lugares, onde as relações da sociedade devem ser entendidas e lidas como fruto das suas opções históricas. É a partir das relações estabelecidas pelas sociedades humanas e o sítio natural que ocupam que se pode compreender como a cidade se apresenta como um conjunto de estruturas físicas que devem propiciar condições favoráveis ao convívio social e ao desenvolvimento econômico. Hoje o ambiente natural, o artificial e o cultural são patrimônios que habitam esse mesmo sítio. Entendendo isto como o nosso Patrimônio Ambiental, um planejamento de visão 20 sistêmica deve vislumbrar o Recife como um Patrimônio que contempla um conjunto de Bens Ambientais a serem trabalhados. Considera-se Patrimônio (do Latim, patris + munus: incumbência, ônus do pai, chefe) como sendo a herança recebida e a ser administrada para usufruto de todos os componentes da sociedade, inclusive pelas futuras gerações, conforme estabelece o princípio da sustentabilidade no Direito Ambiental brasileiro. Os Bens Naturais devem ser entendidos nos ensinamentos do Jurista Édis Milaré, a saber: “Natural tem a ver com nascer (do latim: nasci, nascer; natus, nascido; naturalis, o que procede do nascimento ou da natureza). Nos processos que são essencialmente naturais ou em fenômenos resultantes da natureza, a mão do homem não intervém: isso pertence a um ordenamento que supera a competência humana. ” Os Bens Artificiais, em contraponto aos Naturais, são frutos do fazer humano. Entende-se Artificial (do latim artificiale, derivado de artificum, derivado de artifex = ars (arte) + fex, de facere (fazer)) como sendo Arte, forma de expressão subjetiva do ser humano. Assim devemos entender os Bens Artificiais como as intervenções no espaço habitável produzidas pela humanidade. Os Bens Culturais são definidos pela Constituição Federal, em seu artigo 216, como os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Nos Bens Culturais se incluem: as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; e os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Entender o Recife como Patrimônio Ambiental no processo de construção diária da cidade que se quer, é entender a responsabilidade de todos nesta tarefa, do poder público em todas as esferas e setores e da sociedade, tendo em foco a integralidade de sua herança natural, artificial e cultural, para fruição de qualidade de vida para a nossa geração e as futuras. Depois de séculos de ocupação, o sitio onde se localiza o Recife guarda importante patrimônio ambiental e registra uma macrozona natural importante, como pode ser observado no Mapa 1. https://pt.wiktionary.org/w/index.php?title=artificiale&action=edit&redlink=1 https://pt.wiktionary.org/w/index.php?title=artificum&action=edit&redlink=1 https://pt.wiktionary.org/w/index.php?title=artifex&action=edit&redlink=1 https://pt.wiktionary.org/wiki/ars https://pt.wiktionary.org/w/index.php?title=-fex&action=edit&redlink=1 https://pt.wiktionary.org/wiki/facere https://pt.wiktionary.org/wiki/express%C3%A3o https://pt.wiktionary.org/wiki/subjetivo https://pt.wiktionary.org/wiki/ser_humano 21 Mapa 1. Mancha da Macrozona do Ambiente Natural – MAN Fonte: Plano Diretor do Recife. 2. A OCUPAÇÃO DO TERRITÓRIO Olinda e Recife nasceram para servir aos desígnios de ocupação portuguesa no Novo Mundo, fundada pelo Donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte Coelho Pereira, provavelmente pouco antes de sua Carta Foral de 12 de março de 1537. Possuía o objetivo de firmar o colonizador europeu, criando condições para a exploração das riquezas das terras tropicais. Nota-se pela sua origem, que as cidades foram criadas dentro da concepção de ocupação colonial, possuindo uma posição estratégica na equação econômica que permitia a exploração de riquezas. Não resulta, portanto, de uma ocupação ocasional ou espontânea de lugar de mercado ou cruzamento de caminhos, mas nasce para criar mercadorias e construir um caminho de riquezas. 22 Figura 1. Vila de Olinda e Porto do Recife (Século XVI) Fonte: Biblioteca da Ajuda citada pelo www.wikiwand.com /pt/olinda Não por acaso o Donatário escolhe a colina mais alta da região, para de lá, com olhos no horizonte, instalar a antiga capital, Olinda. A escolha propiciava um lugar seguro, com um porto marítimo abrigado, espaço para uma área destinada às hortas e ao criatório e proximidade de grandes áreas produtivas. A Figura 1 ilustra a posição geográfica da Vila de Olinda e do porto do Recife no século XVI. Já a Figura 2 apresenta Recife vista a partir de Olinda, segundo a percepção do pintor Franz Prost, no século XVII. 23 Figura 2. Vista a partir de Olinda, século XVII Fonte: atribuída a Frans Post Olinda, como primeiro povoado da capitania, foi criada como cidade além muralha, possuindo um centro administrativo de exercício do poder e residência de seus fundadores nas colinas do atual Sítio Histórico. Possuía os lugares de trabalho, ou melhor dizendo, os lugares do produzir riquezas, os engenhos de açúcar, que hoje se encontram dentro dos limites territoriais da Região Metropolitana do Recife. E os caminhos, que saindo da Vila, faziam a ligação entre a produção do açúcar e o porto escoador de mercadoria, no “arrecife dos navios”, hoje Porto do Recife. Estava pronta a equação de sua sustentação econômica; Vila/Plantação/Porto, como diz o Professor José Luiz da Mota Menezes, em documento preliminar do Plano Diretor de Olinda, 1997, a saber: “Uma enorme e racional, embora complexa, estrutura se armou para o fim previsto da produção de um bem econômico, que trouxe aquela prosperidade, decantada no final do Século XVI, para a Capitania de Duarte Coelho, e que despertou a cobiça dos estrangeiros. ” Em 1631 a Vila de Olinda é tomada e incendiada pelos holandeses, aquela rica vila de quase 100 anos, nunca mais encontraria, no futuro, a posição estratégica dentro da economia regional para a qual foi criada. A mudança da equação econômica Vila/Plantação/Porto, para o Recife holandês, faz de Olinda um mero centro administrativo da Capitania, após a expulsão holandesa em 1654. 24 Como centro da economia da região, o Recife passa a se expandir ocupando manguezais, como descreve o Professor Vasconcelos Sobrinho, no seu “Vegetação dos Mangues da Foz do Capibaribe” no Boletim da Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio do Estado de Pernambuco – Vol. II nº 3 – 1937: “Os rios Capibaribe e Beberibe influem em uma baixada que se esten- de desde o sopé dos morros de Olinda, ao norte, dos morros de Bebe- ribe, de Dois Irmãos e de Tejipió, para o lado do continente, e para o lado do sul se prolonga em planície arenosa até o município do Cabo. Essa baixada é de formação muito recente e se originou, provavelmente, da maneira seguinte: o material de erosão trazido pelas águas dos referidos rios, auxiliado aí pela menor velocidade da corrente motivadapela grande extensão da superfície inundada, decantou elevando o solo: os arrecifes situados à pouca distância, protegeram esses detritos da ação do mar e assim o solo foi subindo aos poucos e à medida que a água se tornava menos profunda, a vegetação hidrófila ia se localizando. Nos terrenos já firmes, ciperáceas e gramíneas, entre outras famílias, formam a população mais numerosa. Nos terrenos alagados uma flo- ra muito interessante e peculiar a tais alagadiços salgados, dá o ulti- mo auxilio à construção da futura textura mais sólida. Mangue é o nome que entre nós tem geralmente esse tipo de vegetação e corresponde ao termo inglês de “mangrove”. A expressão mangue tanto significa a vegetação própria dos alagadiços salgados, como aos mesmos alagadiços, tanto que mangue pode ser sinônimo de pântano, porém, pântano salgado. A cidade do Recife foi se construindo nos terrenos pouco firmes que no tempo de sua fundação já existiam. O lugar foi escolhido apenas pela facilidade de embarque e desembarque de mercadorias. O homem tornou-se então um grande fator de solidificação do terreno, drenando e aterrando para construir”. 25 Desde o seu início o Recife se constrói no lugar das águas salgadas de seu estuário, expandindo seus caminhos e lugares conquistados à água, como bem faz referência o Poeta Carlos Pena Filho: O INÍCIO “No ponto onde o mar se extingue e as areias se levantam Cavaram seus alicerces na surda sombra da terra E levantaram seus muros do frio sono das pedras. Depois armaram seus flancos: Trinta bandeiras azuis plantadas no litoral. Hoje, serena flutua, metade roubada ao mar, Metade à imaginação, pois é do sonho dos homens Que uma cidade se inventa.” (Carlos Pena Filho, Guia Prático da Cidade do Recife – O Início, 1999:129) É possível dizer, com grande possibilidade de certeza, que o desenho do Recife e sua formação se estabeleceu do embate entre os seus residentes e os alagados. Muito do Recife de hoje se deve ao equilíbrio conquistado nessa relação do ser humano com a natureza, ora aquele se impondo com a força de sua arte, ora a natureza com sua força vital. O Recife vem sendo construído desde o início do século XVI. A lógica da sua ocupação foi orientada pelo arranjo dos rios que conformavam o estuário composto pelas bacias do Beberibe, do Tejipió e do Capibaribe – este o principal e mais importante. Durante o processo de urbanização da cidade, a relação dos moradores com este recurso hídrico foi total dependência até o final do Século XVIII. As casas da época estavam voltadas para o Capibaribe e praticamente tudo chegava e saia pelos rios. Com o passar dos anos e com o aumento considerável da população do Recife, a relação da cidade com o rio foi aos poucos se rompendo. A ocupação e aterro das áreas alagadas para uma melhor integração propiciou a circulação com animais e depois dos bondes. Some-se também, a crescente deterioração do rio pelos lançamentos de esgoto e lixo. 26 Atualmente, o rio Capibaribe corta o território de 43 municípios e conta com aproximadamente com 21 afluentes, o que contribui ainda mais para o quadro de degradação e assoreamento de sua calha. Outro fato associado à degradação desse recurso hídrico é a ocupação inadequada das margens, que suprimiu a vegetação original para o estabelecimento das cidades, e por abrigar um grande número de pessoas em situação de pobreza e miséria, consequência do inchaço da cidade e do desenvolvimento não sustentável, especialmente na Região Metropolitana de Recife (MELO, 2009). Ao passar dos anos, o Recife ia experimentando transformações que vinham mudando sua vocação, num curto espaço de tempo – uma ou duas gerações. Inicialmente agroexportadora, depois cidade de um comércio pujante, mais tarde na sua fase industrial. Na primeira metade do século XX, a população da cidade teve sua primeira grande explosão demográfica, passando de algo em torno de 200 mil para 500 mil habitantes, entre os anos 1940 e 1950, como se destaca no capítulo dedicado à inclusão social e desenvolvimento humano. Essa explosão trouxe consigo grande parte dos desafios que nunca foram enfrentados até os dias de hoje. Ela foi registrada pelo sanitarista Saturnino de Brito, com base no censo de 1918 e nas visitas que realizou na cidade, quando constata que no Recife 43% dos domicílios visitados eram mocambos. A ocupação territorial do Recife se notabilizou pela ocupação histórica de áreas de risco. Toda a população pobre, excluída dos processos produtivos da época, instalava-se em áreas menos nobres como as encostas de morro, as planícies alagáveis (aterros de mangues), as margens de rios e canais (onde nascem as palafitas). Este processo retrata a situação crítica de pobreza que perdura aos dias de hoje. Além da ocupação dessas áreas, resultaram dos parcelamentos formais, alguns “bolsões pobreza” que são áreas críticas confinadas em bairros centrais. (SANEAR, 2011) No presente, as 545 Comunidades de Interesse Social mapeadas, que ocupam 32% da área urbanizada do município e abrigam 61% das moradias do Recife, estendem-se desde os morros da zona Norte Casa Amarela e Guabiraba, até os morros da zona Sul (Ibura). Essas ocupações abrigam 53% da população total da cidade (SANEAR, 2015). Ver localização das Comunidades de Interesse Social no Mapa 2. 27 Mapa 2. Comunidades de Interesse Social (CIS) Fonte SANEAR - ATLAS das Infraestruturas Públicas em Comunidades de Interesse Social do Recife. O risco ao qual essa população pobre foi exposta é evidenciado no registro da sucessão histórica de inundações ocorridas, especialmente com prejuízos para estas áreas mais vulneráveis. Em janeiro de 1632 tem-se o primeiro registro de enchentes "causando perdas de muitas casas e vivandeiros estabelecidos às margens do Rio Capibaribe". Em 1638 Maurício de Nassau manda construir a primeira barragem no leito do Rio Capibaribe para proteger o Recife das enchentes, o Dique de Afogados, que tinha mais de dois quilômetros. Hoje esse dique conforma a Rua Imperial. Na sequência, já no século XIX, foram registradas nove enchentes de grande porte no Recife, respectivamente, nos anos de 1824, 1842, 1854, 1862, 1869, 1870, 1884, 1894 e 1899, deixando mortos e desabrigados, além de um rastro de destruição de pontes, casas e estabelecimentos. 28 No século XX, verificou-se a ocorrência de 15 enchentes no Recife, (com destaque inicial para as de 1914 e 1920), intensificadas na década de 60 e 70, quando foram registradas 11 enchentes (1960, 1961, 1965, 1966, 1967, 1970, 1973, 1974, 1975, 1977, 1978). A última data de 2000. Na Figura 3 é possível se ter uma dimensão da cheia ocorrida em 1975. Figura 3. Foto aérea da cheia de 1975 - bairros da Ilha do Retiro e Ilha do Leite Fonte: Acervo da Fundaj. Neste ponto a grande cheia de 1975, que colocou debaixo d’água cerca de 80% da cidade, entre os dias 17 e 18 de julho, matou 107 pessoas e deixou desabrigadas outras 60 mil, foi fundamental para redesenhar o espaço habitado pelos recifenses. Nesta época, bairros inteiros tiveram uma enorme desvalorização imobiliário decorrente da vulnerabilidade a inundações, como Torre, Madalena, Casa Forte, Várzea, dentre outros. Por outro lado, outras áreas mais protegidas ambientalmente se valorizaram como o bairro de Boa Viagem, local considerado seguro contra as enchentes. A Figura 4 apresenta ainda a cheia de 1975, desta feita na perspectiva dos bairros do Derby, Graças e Madalena. 29 Figura 4. Foto aéreas da cheia de 1975. Nota-se os bairros do Derby, Graças e Madalena. Fonte: Acervo da Fundaj. O fenômeno natural das enchentes, provocado também pelo processo antrópico decorrente da ocupação humana do território das águas, mudou, portanto, de forma radical, a espacialização do Recife, abrindo caminho para um novo e grande adensamento da planície em sua facesul litorânea, do Pina até a foz do rio Jaboatão, barrando o crescimento momentâneo do potencial construtivo no Norte e Oeste, da planície. A valorização de áreas mais seguras ante as enchentes trouxe consequências irreversíveis que se evidencia nos dias atuais. A ocupação intensa e a verticalização dominante na frente d’água de Boa Viagem provocou, por exemplo, o fenômeno contemporâneo do sombreamento da faixa de praia a partir do início da tarde em vários trechos da orla (ver Figura 5). 30 Figura 5. Foto aérea da praia de Boa Viagem, 2009. Título da Foto dada pelo autor: quem se importa com sombra na praia? Fonte: Catálogo fotográfico “Facetas de uma Metrópole chamada Recife”, Skyscrapercity. Foto: Duda Rocha. Após obras de proteção contra cheias no final da década de 70, efetivadas com a construção da Barragem do Carpina, de Goitá e da retificação da calha do Capibaribe, o Recife e os recifenses voltaram a dormir. As intervenções lhes conferiram mais segurança. Tanto que a expansão novamente voltou-se para o Norte/Oeste da planície, revalorizando seu território, antes vulnerável às águas. Até então a temática ambiental no Recife e no Brasil não constavam da pauta oficial dos governos nem preocupava a sociedade. Não passavam de alucinações delirantes de poucos visionários. Porém, o mundo começava a dar sinais que devia considerar alguns limites à sanha desenvolvimentista. Em 1972 foi publicado o relatório “Os Limites do Crescimento” - Clube de Roma e também em 1972 ocorreu a famosa Conferência de Estocolmo, onde o foco do debate foi o desenvolvimento e o ambiente, momento em que nasce o conceito de “ecodesenvolvimento”. 31 Na década de 90, a despeito do que o mundo já discutia e mesmo depois do país sediar a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio/92), da criação da Agenda 21, do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e outros avanços de cunho político-ambiental, o Recife elaborou uma legislação urbanística que ampliou os índices construtivos e flexibilizou a ocupação do território. A premissa foi o desenvolvimento da cidade, quebrando a espacialização dos usos determinadas até então, e possibilitando uma ocupação com usos misturados em quase a totalidade de seu território. Um movimento empreendido no sentido contrário da plena ocupação do território, e com o intuito de preservar os espaços com patrimônio ambiental importante, especialmente suas matas e seus alagados, resultou, ao longo do tempo, na criação de 25 Unidades de Conservação (ver Tabela 1). Hoje elas encontram-se em graus diferentes de efetivação e de preservação. Tabela 1. Unidades de Conservação Municipais N° DENOMINAÇÃO INSTRUMENTO DE CRIAÇÃO INSTRUMENTO DE REGULAMENTAÇÃO ÁREA (ha) BAIRRO 01 UP Lagoa do Araçá 16.176/96 (LUOS) 18.029/98 14,2 Imbiribeira 02 Parque Natural Municipal dos Manguezais 16.176/96 (LUOS) 25.565/2010 320,34 Pina 03 UCN Tamandaré 16.176/96 (LUOS) 23.820/08 8,5 Areias 04 UCN Jordão 16.176/96 (LUOS) 23.812/08 38,37 Imbiribeira / Boa Viagem 05 UCN São Miguel 16.176/96 (LUOS) 23.817/08 18,77 Afogados 06 APA Campo do Jiquiá 16.176/96 (LUOS) 21.828/06 54,50 Jiquiá 07 UCN Joana Bezerra 16.176/96 (LUOS) 23.811/08 3,51 Joana Bezerra 08 UCN Mata do Barro 16.176/96 (LUOS) 23.813/08 224,2 Barro 09* APA Mata do Engenho Uchôa (abriga o RVS Mata do Engenho Uchôa) 16.176/96 (LUOS) 17.548/96 192 Ibura 10 APA Mata da Várzea 16.176/96 (LUOS) 22.154/06 713,17 Várzea 11* UCN Curado (abriga o Jardim Botânico do Recife e parte do RVS Mata do Curado) 16.176/96 (LUOS) 23.806/08 113,66 Curado 12* UCN Dois Unidos (abriga a RFU Mata de Dois Unidos) 16.176/96 (LUOS) 23.808/08 52,14 Dois Unidos 13** UCN Dois Irmãos (abriga o Parque Estadual de Dois Irmãos) 16.176/96 (LUOS) 23.807/08 467,82 Dois Irmãos 14 UCN Beberibe 16.176/96 (LUOS) 23.804/08 3.674,2 Guabiraba 15 UCN Caxangá 16.176/96 (LUOS) 23.805/08 102,2 Caxangá 16 UCN Orla Marítima 16.176/96 (LUOS) 23.816/08 57,48 Pina, Boa Via- gem 17 UCN Sítio dos Pintos 16.176/96 (LUOS) 23.818/08 51,3 Sítio dos Pintos 18* UCN Matas do Curado (abriga o RVS Mata São João da 16.176/96 (LUOS) 23.815/08 409,88 Curado 32 Várzea e parte do RVS Mata do Curado) N° DENOMINAÇÃO INSTRUMENTO DE CRIAÇÃO INSTRUMENTO DE REGULAMENTAÇÃO ÁREA (ha) BAIRRO 19 UCN Mata das Nascentes 16.176/96 (LUOS) 23.814/08 293,19 Várzea 20 UCN Iputinga 16.176/96 (LUOS) 23.810/08 31,71 Apipucos 21 UCN Estuário do Rio Capibaribe 16.176/96 (LUOS) 23.809/08 - - 22 APA Açude de Apipucos 16.609/00 22.460/06 89,28 Apipucos 23 UCN Sítio Grande 16.751/02 23.819/08 35,64 Imbiribeira 24 APA das Capivaras 16.719/01 22.326/06 20,75 Apipucos 25 UP Ilha do Zeca 16.869/03 23.825/08 31,87 Ilha Joana Be- zerra Observações: * Conforme a Lei Estadual n º 14.324/2011, as antigas Reservas Ecológicas Estaduais foram categorizadas conforme segue: – a REE Mata do Engenho Uchôa – como Refúgio da Vida Silvestre Mata do Engenho Uchôa – a REE Mata de Dois Unidos – como Reserva de Floresta Urbana Mata de Dois Unidos – a REE Mata São João da Várzea – como Refúgio da Vida Silvestre Mata São João da Várzea – a REE Matas do Curado – como Refúgio da Vida Silvestre Mata do Curado ** Conforme a Lei Estadual nº 11.622/1998, a REE Dois Irmãos foi categorizada como Parque Estadual de Dois Ir- mãos. O Recife desembarca no Século XXI com a herança índices do crescimento demográfico acelerado das décadas de 40 a 70, quando sua população salta de 348 mil habitantes para 1,1 milhão de habitantes (ver este crescimento populacional representado sob a forma de evolução da mancha urbana do Recife na Figura 6). Nas décadas finais do século XX esse crescimento arrefece e a cidade registra 1,4 milhão de habitantes em 2000. Sobre a consequência dos impactos advindos desse padrão de crescimento, o capítulo dedicado ao espaço urbano também tratará do assunto. Figura 6. Crescimento da mancha urbana do Recife 1909 1943 1965 33 Fonte: Museu da Cidade do Recife – Planta da Cidade do Recife, Douglas Fox, 1906; Planta do Recife 1:25.000, Serviço Geográfico do Exército, 1943; Planta do Recife, 1965. Adaptado Google Earth em QGIS - Geraldo Marinho, 2015. Ainda que houvesse planejamento de longo prazo, recursos e vontade política dos governantes, materializar rapidamente a cidade idealizada por ambientalistas e urbanistas, não seria tarefa fácil no tal contexto. O resultado das políticas que vem sendo imprimidas na face dessa planície, é que o Recife tem dando provas cabais dessa debilidade pela insustentabilidade dos serviços ambientais mais básicos. São exemplos a incapacidade interna de prover água à sua população, de tratar os seus resíduos e os efluentes sanitários no seu território, além de não estruturar de forma satisfatória, a sua mobilidade. Para citar um exemplo, os dados do tratamento de esgoto, segundo o ranking do Saneamento Básico nas 100 maiores cidades, publicado pelo Instituto Trata Brasil, que utiliza dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS / ano base 2012, o Recife figura na 68º posição, com 36,62% de tratamento. Significa dizer que, o que se lança in natura, concorre para a piora considerável da qualidade dos rios e canais existentes em seu território. 3. A CIDADE E SEU MEIO AMBIENTE NO PERÍODO RE- CENTE (1990-2015) O rápido e intenso processo de adensamento populacional de certas regiões da cidade ocasionou severos impactos em áreas notadamente frágeis. Após as reformas dos últimos planos diretores e leis de ocupação do solo, o setor imobiliário assumiu um forte protagonismo e influencia decisivamente na construçãodo espaço urbano recifense, do que tem resultado crescente incompatibilidade entre os padrões de ocupação e a geografia física da cidade. A consequência tem sido a ocupação indevida e bem acima da capacidade de suporte urbana e ambiental de partes da cidade. Por outro lado, desde o início dos anos 90, o mundo vem sendo “bombardeado” por notícias impactantes relativas a mudanças climáticas. Nesse contexto, o Recife é incluída em uma posição das mais vulneráveis. 34 O Recife, como se sabe, possui uma altitude média de 4 metros em relação ao nível médio das marés e, considerando que na sua porção Norte e Oeste existem os morros de Casa Amarela e do Ibura, pode-se afirmar que existem várias porções críticas de seu território em relação ao mar. Some-se a isso, o fato do Recife estar numa latitude que favorece os ventos alísios, que trazem mais calor das zonas da região do equador. Todos esses fatores somados, num cenário de aumento de nível do mar, cada vez mais serão percebidos em períodos de marés de sizígia (maré alta) e será cada vez mais lavada pelas águas. Segundo os estudos da Rede Clima, que faz parte da base técnica do painel do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate Change), quando analisando os números das últimas décadas, evidencia-se uma elevação de até 5 cm para cada intervalo de 10 anos. Fez-se ainda um ensaio extrapolando para o ano de 2100, donde se chega a uma elevação de até 1m no nível médio das marés para o Recife. (Ver Figura 7, a seguir). Figura 7. Gráfico da variabilidade do nível médio do mar na costa do Recife-PE. Fonte: Relatório Técnico: A recuperação e análise de dados de nível do mar dos portos de Belém, Recife, Santos e Cananéia. Joseph Harari 1 , Carlos Augusto de Sampaio França 2 & Ricardo de Camargo - USP. Ao mesmo tempo, tem-se constatando que os eventos extremos estão sendo cada vez mais intensos e numa periodicidade menor. Em dias atuais, já são registradas para Recife marés de até 2,8m e num eventual cenário de elevação de mais 1 metro pode-se prever facilmente quais 35 áreas da cidade serão mais impactadas. Cabe indagar: qual será o tratamento dado a elas? Até lá se tenderá a cobrar políticas diferenciadas de ocupação/desocupação para essas áreas. Para tanto, o processo de respostas para demandas dessa natureza deve ser construído desde já, vez que esses territórios hoje se encontram densamente povoados. Essas regiões da cidade merecem um tratamento diferenciado nas legislações de uso do solo, leis ambientais e Planos Diretores, considerando a convivência com a mudança do clima. Com base nos dados do relatório técnico da análise de dados de nível do mar do Porto de Recife, o Departamento de Oceanografia da UFPE elaborou um mapa com as manchas de inundação, utilizando como base as imagens satélite disponíveis. Avaliou dois cenários, um mais conservador com elevação de até 0,5 metros – onde 11,7% do território do município estaria comprometido, e outro mais severo, com 1,0 m de elevação do nível do mar – comprometendo 15,53% do território do município. O impacto na superfície do município pode ser mensurado na Tabela 2, a seguir, e sua visualização na Figura 8. Tabela 2. Cenários definidos pela UFPE, para elevações de 0,5 m e 1,0 m do nível do mar. Scenery Total area (km 2 ) Study area (km 2 ) Loss (km 2 ) Total loss (km 2 ) % Municipality area Benign (SLR = 0,5m) 217 70,44 25,38 25,38 11,70 Critical (SLR = 1,0m ) 217 70,44 33,71 33,71 15,53 Fonte: UFPE/Departamento de Oceanografia. 36 Figura 8. Mapa das áreas inundadas nos cenários de elevação do nível do mar em 0,5 m e 1,0 m. Fonte: Departamento de Oceanografia / UFPE. Por outro lado, a contribuição das cidades na elevação da temperatura média do planeta tem seu contributo na emissão ativa e passiva de gases de efeito estufa (GEE) a partir das suas estruturas. Esse aumento de temperatura tem variado de 1,8 a 4,8°C. Segundo os dados do 1º inventario de emissões de gases de efeito estufa da cidade do Recife, publicado em 2014, a cidade atingirá a casa das 16.708.821 tCO²e. Atualmente emite algo próximo a 4.000.000 tCO²e. Ou seja, nos próximos 25 anos aumentará sua contribuição em 400% (Ver Gráfico 1). 37 Gráfico 1. Projeção das emissões totais de carbono de todos os setores avaliados Fonte: Relatório Técnico: 1º inventario de emissões de gases de efeito estufa da cidade do Recife, 2014. 4. RECIFE: TERRITÓRIO DE VULNERABILIDADES Pelo que foi antes apresentado e sabendo-se que o Recife é um território com vulnerabilidades, é importante identificá-las e a buscar os elementos que reforcem o enfrentamento dessas vulnerabilidades. As vulnerabilidades podem ser melhor entendidas quando divididas em dois grandes blocos, as Vulnerabilidades Naturais e as Vulnerabilidades Sociais. As Vulnerabilidades Naturais são fruto das condições geográficas do território, aliadas à ocupação antrópica realizada ao longo dos anos. No Recife ela sobressai nos seguintes fatores: Densidade populacional média do Recife; Erosão costeira; Mudanças Climáticas; Urbanização desordenada; 38 Ocupação em áreas de risco, inundações e deslizamentos. Já as Vulnerabilidades Sociais são reflexos de direitos não afirmados, devendo o Recife do futuro, resgatar o passivo dos seguintes aspectos: Saneamento e drenagem; Segurança Pública; Saúde Pública; Educação; Transporte Público e mobilidade; Geração de emprego e renda. As Vulnerabilidades Sociais, que será detalhada também no capítulo que abordará o desenvolvimento econômico, deverão sempre ser tratadas por ações estatais integradas. Compreender o Recife como lugar para o exercício de direitos sociais e ambientais determina a cidade como o local ao atendimento às demandas da população quanto ao exercício de seus direitos sociais e ambientais, como lugar onde a sociedade poderá ter atendidos os requisitos factuais para a adequada qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Os Serviços Públicos Ambientais baseiam-se no direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o Estado deve propiciar serviços públicos que garantam este direito, agindo de forma intensiva na proteção da qualidade ambiental ligados a gestão territorial, propiciando um conjunto de serviços, infraestruturas e instalações operacionais de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, e Arborização Urbana. São esses os elementos fundamentais para a relação entre o homem e a sua atuação na construção sustentável do Recife do futuro. Estes elementos devem ser focados sob dois aspectos “o passivo ambiental construído ao longo do tempo da ocupação do território” e “perspectivas para a condução sustentável da 39 construção cotidiana da cidade”. Na perspectiva do futuro deve-se colocar em pauta a questão da Mudança Climática. Partindo-se de algumas premissas para orientar o planejamento de longo, médio e curto prazo, deve-se considerar que o Recife é: Um patrimônio ambiental com suas características Naturais, Culturais e Artificiais, “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (CF. Art.225); um espaço habitável - lugar para as relações da sociedade e da economia; um espaço habitável que possui vulnerabilidades Naturais e Sociais a serem enfrentadas; um espaço habitável que possui territórios a serem preservados nos aspectos Naturais e Culturais; um espaço habitável - lugar para o exercício de direitos ambientais e sociais. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apresenta-se, a seguir, um esforço de síntese resultante da analise retrospectiva e uma tentativa de análise