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ENSINO MÉDIO 2asérie MANUAL DOPROFESSOR GeografiaO Sistema de Ensino pH apresenta um material capaz de auxiliar o aluno a enxergar os caminhos que ele poderá seguir, possibilitando que, ao fi nal do Ensino Médio, ele tenha desenvolvido um pensamento crítico para atuar como cidadão, enfrentar os desafi os da sociedade e obter excelentes resultados no Enem e nos demais vestibulares do Brasil. 4Caderno 296777 526257417 CAPAS_PH_GEO_PROF_C4-EM2.indd 2 13/06/17 12:42 Geografia Manual do Professor Aluísio de Araújo Costa Júnior Cláudio Ribeiro Falcão Luiz Antônio Duarte pH_EM2_C4_001a004_IN_GEO_MP.indd 1 6/13/17 1:18 PM Uma publicação Sistema de ensino pH : ensino médio : caderno 1 a 4 : humanas, 2ª série : professor. -- 1. ed. -- São Paulo : SOMOS Sistemas de Ensino, 2017. Vários autores. Conteúdo: Língua portuguesa I -- Redação -- História -- Geografia. 1. Geografia (Ensino médio) 2. História (Ensino médio) 3. Livros-texto (Ensino médio) 4. Português (Ensino médio) 5. Português - Redação (Ensino médio) I. Hormes, Raphael. II. Caldas, Marcelo. III. Vieira, Igor. IV. Augusto Neto. 16-01961 CDD-373.19 Índices para catálogo sistemático: 1. Ensino integrado: Livros-texto: Ensino médio 373.19 2017 ISBN 978 85 468 1075-8 (PR) Código da obra 526257417 1ª edição 1ª impressão Impressão e acabamento Créditos das imagens de abertura: Ciências Humanas: T photography/ Shutterstock, Rubens Chaves/Pulsar Imagens, Klaus Vedfelt/Iconica/Getty Images, Alf Ribeiro/Shutterstock, Sandra Moraes/Shutterstock, R.Marcio Jose Bastos Silva/Shutterstock (História), Thiago Leite/Shutterstock (Geografia) Direção de inovação e conteúdo: Guilherme Luz Direção executiva de integração: Claudio Falcão Direção editorial: Luiz Tonolli e Renata Mascarenhas Coordenação pedagógica e gestão de projeto: Fabrício Cortezi de Abreu Moura Gestão de projeto editorial: Camila Amaral Souza Desenvolvimento pedagógico: Filipe Couto Revisão pedagógica: Ribamar Monteiro Gestão e coordenação de área: Alice Silvestre e Camila De Pieri Fernandes (Linguagens), Wagner Nicaretta e Brunna Paulussi (Ciências Humanas) Edição: Cíntia Leitão, Juliana Mendonça Biscardi e Vivian Marques Viccino (Língua Portuguesa e Redação), Ana Vidotti e Carla Rafaela Monteiro (História), Andressa Serena de Oliveira, Elena Judensnaider, Karine M. dos S. Costa e Marina Nobre (Geografia) Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga Planejamento e controle de produção: Paula Godo, Fabiana Manna, Adjane Queiroz e Daniela Carvalho Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Kátia Scaff Marques (coord.), Rosângela Muricy (coord.), Adriana Rinaldi, Ana Curci, Ana Paula C. Malfa, Brenda T. de Medeiros Morais, Carlos Eduardo Sigrist, Célia Carvalho, Cesar G. Sacramento, Danielle Modesto, Diego Carbone, Gabriela M. de Andrade, Larissa Vazquez, Lilian M. Kumai, Luciana B. de Azevedo, Luís Maurício Boa Nova, Marília Lima, Marina Saraiva, Maura Loria, Patricia Cordeiro, Patrícia Travanca, Paula T. de Jesus, Raquel A. Taveira, Ricardo Miyake, Sueli Bossi, Vanessa de Paula Santos, Vanessa Nunes S. Lucena Edição de arte: Daniela Amaral (coord.), Catherine Saori Ishihara Diagramação: Casa de Tipos, Karen Midori Fukunaga Iconografia e licenciamento de texto: Sílvio Kligin (superv.), Cristina Akisino (coord.), Denise Durand Kremer (coord.), Claudia Bertolazzi, Claudia Cristina Balista, Daniel Cymbalista, Ellen Colombo Finta, Ellen Silvestre, Fernanda Regina Sales Gomes, Fernando Cambetas, Iron Mantovanello, Jad Silva, Karina Tengan, Roberta Freire Lacerda Santos, Roberto Silva e Sara Plaça (pesquisa iconográfica), Liliane Rodrigues, Luciana Castilho, Paula Claro e Thalita Corina da Silva (licenciamento de textos) Tratamento de imagem: Cesar Wolf, Fernanda Crevin Ilustrações: Casa de Tipos, Júlio Dian Cartografia: Eric Fuzii, Alexandre Bueno Capa: Gláucia Correa Koller Foto de capa: Sanjatosi/Shutterstock Projeto gráfico de miolo: Gláucia Correa Koller Todos os direitos reservados por SOMOS Sistemas de Ensino S.A. Rua Gibraltar, 368 – Santo Amaro São Paulo – SP – CEP 04755-070 Tel.: 3273-6000 © SOMOS Sistemas de Ensino S.A. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) pH_EM2_C4_001a004_IN_GEO_MP.indd 2 6/13/17 1:18 PM Sumário geral CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 5 19 M Ó D U LO 20 22 M Ó D U LO 11 20 M Ó D U LO 26 23 M Ó D U LO 16 21 M Ó D U LO 31 24 M Ó D U LOG EO G R A FI A Transportes no Brasil Regionalização brasileira: região Nordeste Regionalização brasileira: região Concentrada Regionalização brasileira: Amazônia Regionalização brasileira: o Centro-Oeste As relações internacionais do Brasil pH_EM2_C4_001a004_IN_GEO_MP.indd 3 6/13/17 1:18 PM HABILIDADES E COMPETÊNCIAS Competência de área 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1 – Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. H2 – Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. H3 – Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos. H4 – Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura. H5 – Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades. Competência de área 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6 – Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. H7 – Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H8 – Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico-social. H9 – Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. H10 – Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Competência de área 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11 – Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. H12 – Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. H13 – Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. H14 – Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. H15 – Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Competência de área 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 – Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. H17 – Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H18 – Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações socioespaciais. H19 – Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. H20 – Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. Competência de área 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação conscientedo indivíduo na sociedade. H21 – Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social. H22 – Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. H23 – Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. H24 – Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. H25 – Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Competência de área 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 – Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 – Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e(ou) geográficos. H28 – Relacionar o uso das tecnologias com os impactos socioambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. H29 – Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 – Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. pH_EM2_C4_001a004_IN_GEO_MP.indd 4 6/13/17 1:18 PM 19 Módulo OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES • A implantação da cultura do rodoviarismo • As ferrovias brasileiras (histórico, degradação e retomada atual) • As hidrovias (problemática) • Os portos brasileiros (sucateamento, projetos recentes) • H18 - Analisar diferentes processos de produção ou cir- culação de riquezas e suas implicações socioespaciais. • Compreender as causas da implantação do rodoviarismo no Brasil, contextualizando-as ao momento político de- senvolvimentista dos anos 1950. • Explicar os pontos positivos e negativos dos modais aplicados à realidade brasileira. • Avaliar as condições estruturais dos sistemas de trans- porte do Brasil. • Compreender os benefícios da intermodalidade e de outras formas de integração do país. Transportes no Brasil INTRODUÇÃO Más condições de rodovias elevam em média 30% o custo de escoamento de grãos A má qualidade da pavimentação das rodovias brasileiras usadas no transporte de soja e milho aumenta, em média, em 30,5% o custo operacional para o escoamento dos grãos. A ava- liação está em pesquisa divulgada hoje [25 maio 2015] pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT). Segundo o estudo, no Norte e Nordeste, o problema é mais grave, com au- mento médio de 48,3% no custo. No Sul e Sudeste, a qualidade das estradas implica alta média de 26% nos custos operacionais. De acordo com a pesquisa, a malha rodoviária brasileira deixa a desejar em relação a concorrentes mundiais na ex- portação de soja e milho. A CNT destacou que o Brasil tem 1,7 milhão de quilômetros de rodovias, segundo o Sistema Nacional de Viação. Dessa extensão, 12,4%, ou 213 mil qui- lômetros, estão pavimentados. Isso corresponde a 25 quilô- metros de pavimentação para cada mil quilômetros quadra- dos de território. “Esse índice é, em média, 18 vezes menor do que o norte-americano e 14 vezes menor que o chinês”, ressaltam os técnicos, no estudo. Segundo o diagnóstico da entidade, as deficiências nas estradas causam alto consumo de combustível, desgaste ace- lerado da frota de veículos e maior índice de acidentes. Isso onera os custos com a realização do transporte, o que pode afetar os valores do frete cobrado pelo serviço. Além dos pro- blemas de infraestrutura, a CNT considera inadequada a dis- tribuição modal de transporte. “Os problemas logísticos estão associados à carência e à má qualidade da infraestrutura, a uma inadequada distribuição modal [entre as diversas opções para o transporte], à falta de incentivo para a inter ou multimodalidade e à concentração geográfica das estruturas disponíveis, que leva à saturação da capacidade de escoamento de algumas regiões”, avalia a pesqui- sa. O estudo destaca que os modais ferroviário e hidroviário, al- ternativos à rodovia, não recebem os investimentos necessários. De acordo com a confederação, as ferrovias, por serem mais seguras, econômicas e menos poluentes do que as ro- dovias seriam mais apropriadas ao perfil geográfico brasi- leiro. Entretanto, é uma modalidade pouco utilizada e com oferta insuficiente. Já o transporte por hidrovias, em função do baixo custo da tonelada por unidade de distância e gran- de capacidade de movimentação da carga, seria adequado ao traslado de produtos com baixo valor agregado, caso 5 Tr an sp o rt e s n o B ra si l G E O G R A F IA M — d u lo 1 9 pH_EM2_C4_005a010_M19_GEO_MP.indd 5 6/13/17 1:18 PM de commodities (produtos básicos com cotação internacio- nal) como a soja e o milho. “Entretanto, o modal apresenta baixa velocidade e, no caso brasileiro, reduzidas disponibi- lidade e frequência”, ressalta a CNT. Para a pesquisa Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho foram entrevista- dos os responsáveis por logística das maiores exportadoras de soja e milho do país. O trabalho baseia-se também em estudos anteriores da CNT, como o Plano de Transporte e Logística e a Pesquisa CNT de Rodovias, ambos de 2014. BRANCO, Mariana. Más condições de rodovias elevam em média 30% o custo de escoamento de grãos. Agência Brasil. 25 maio 2015. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-05/ cnt-qualidade-de-rodovias-eleva-em-mais-de-30-custo- de-escoamento-de-graos>. Acesso em: 6 jan. 2017. A reportagem pode ser utilizada para iniciar o estu- do deste módulo. Leia o texto com os alunos, se possível distribuindo cópias a eles ou mostrando na internet. Após a leitura do texto, os alunos poderão compreender a rela- ção dos meios de transporte com a competividade do se- tor produtor e, consequentemente, com a sua capacidade de geração de riqueza e emprego. O Brasil apresenta problemas na conservação da sua malha de transportes e também na utilização de modais em relação à distância e ao tipo de carga transportada. Tudo isso contribui para a elevação do Custo Brasil, indi- cador econômico que mede quanto é difícil para os em- presários produzir no país. Juntamente à apresentação do texto, uma boa manei- ra de iniciar a aula é apresentar aos alunos a definição de Custo Brasil. Em seguida, peça a eles que conversem em grupos e selecionem fatores que poderiam tornar o indi- cador elevado. Em outras palavras, questione os alunos sobre o que dificulta o empreendedorismo no país. Algumas possibilidades bastante coerentes de respos- ta são: Um dos objetivos deste módulo é contribuir para que o aluno compreenda o impacto dos transportes na pro- dutividade das empresas e na dinâmica da economia do Brasil. ESTRATÉGIAS DE AULA AULA 1 Após a introdução proposta, ainda na primeira aula, os alunos deverão compreender que o Brasil é um país extre- mamente dependente do transporte rodoviário. Embora nas últimas décadas tenha ocorrido uma melhor distri- buição dos investimentos entre os modais de transporte, hoje, aproximadamente 60% das cargas são transportadas com caminhões. Também deverão entender que esse fato eleva o Custo Brasil, ou seja, dificulta investimentos no se- tor produtivo do país. Para evidenciar a enorme dependência do modal, o professor pode apresentar à turma jornais e revistas que mostrem greves recentes dos trabalhadores rodoviários. É possível notar facilmente que, em geral, essas greves não têm grande duração – o que mostra quanto a sociedade depende do setor. Temendo maiores consequências na economia, rapidamente governos e órgãos de represen- tação da classe trabalhadora da categoria, como os sindi- catos, chegam a um acordo. Exponha aos alunos as consequências mais imediatas de uma longa greve dos trabalhadores rodoviários, como o desabastecimento de produtos nos supermercados (mui- tos dos quaiscompõem a cesta básica), demissões no co- mércio, entre outras. Mostre que, embora existam vanta- gens, como a flexibilidade (transporte porta a porta), esse é um modal que tende a ser extremamente caro para as longas distâncias e para o transporte de grandes volumes. No Brasil, existe um grande fluxo de caminhões que percorrem longas distâncias para fazer entregas de mer- cadorias. A inadequação do meio de transporte faz com que o frete da viagem seja mais caro, e esse valor é re- passado para o consumidor final do produto transpor- tado. Com a utilização de um modal mais adequado, os fretes no Brasil ficariam mais baratos e consequentemen- te os produtos seriam ofertados a preços mais baixos (abrangendo um maior mercado consumidor e trazen- do maiores lucros para comerciantes e distribuidores), ou, mesmo que não houvesse reajuste no preço final do produto, empresas de comércio e distribuição também tenderiam a apresentar maiores lucros. Em qualquer si- tuação, é provável haver uma maior geração de riqueza e maior distribuição, por conta da possibilidade de gera- ção de novos empregos. Carga tributária elevada Falta de qualificação da mão de obra Burocratização excessiva Taxa de juros elevada CUSTO BRASIL 6 pH_EM2_C4_005a010_M19_GEO_MP.indd 6 6/13/17 1:18 PM ➜ Rodoviarismo • Rodovias privatizadas – Mais qualidade – Mais opções • Desenvolvimento imediatista • Interesses da indústria automobilística • Uso político/eleitoral (rodovias são construídas mais rapidamente) • Opção inadequada • Território muito extenso ➜ Ferrovias • Divergentes • Sucateadas • Bitolas diferentes • Interesses da indústria automobilística ➜ Potencial hidroviário subaproveitado ➜ Decadência dos portos • Portos pequenos • Pouca mecanização ➜ Caos aéreo • Aumento do consumo • Não acompanhamento da infraestrutura • Privatizações SUGESTÃO DE QUADRO Ao final da Aula 1, resolva com a turma a questão 1 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios da seção Desenvol- vendo habilidades, sobretudo as questões 3, 4 e 5. Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili- zação das questões da seção Aprofundando o conheci- mento. AULA 2 Na segunda aula apresente as características dos ou- tros meios de transporte no Brasil. A relação com o Custo Brasil pode continuar sendo feita. Assim, a ineficiência da maioria dos nossos portos (baixa capacidade para realizar operações de carga e descarga) e aeroportos (atrasos e cancelamentos constantes de voos) é um fator que contri- bui para a elevação do indicador. Sobre os sistemas ferroviário e hidroviário, estimule os alunos a falar sobre os fatores que fazem com que esses modais apresentem uma menor variação de cus- to conforme o aumento da distância percorrida. Expli- que a eles que geralmente essas duas modalidades de transporte têm custos iniciais e finais muito elevados em razão das operações de carga e descarga de na- vios e trens. Conforme a distância aumenta, não há o acréscimo de muitas novas despesas. O inverso ocorre no sistema rodoviário: o custo de carga e descarga é relativamente pequeno e um grande valor é acrescido à medida que as distâncias são percorridas (seguro ele- vado, pedágios, grande consumo de combustível, entre outros). Veja a imagem abaixo e, se possível, faça a sua repro- dução na lousa. Ela pode ajudar a compreender a relação entre custo e distância dos meios de transporte. C u s to d e t ra n s p o rt e p o r u n id a d e d e v o lu m e 0 200 600 km Distância Caminhão Comboio Barco Relação entre o custo e a distância dos meios de transporte no deslocamento de mercadorias FONTE: Atlas DÕEntremont, 1997. Uma discussão importante pode ser feita ainda so- bre os minerodutos (sistema de tubulações por onde se transportam minérios) existentes no Brasil e a enorme quantidade de água que demandam. Entre os anos de 2014 e 2015, algumas regiões do Brasil vivenciaram uma forte estiagem que resultou numa crise de desabasteci- mento em algumas cidades. Seria sustentável o investi- mento nessa modalidade de transporte? Uma compara- ção pode ser feita com os impactos ambientais gerados por outros meios de transporte. Por exemplo, no rodo- viarismo é alta a quantidade de emissões de dióxido de carbono e gases poluentes para a atmosfera. Você pode fornecer dados do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) ou do Relatório de Impacto Ambiental (Rima) referentes a alguma rodovia ou ferrovia para ajudar no debate. Ao final desta aula, resolva com a turma a questão 2 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios da seção Desenvol- vendo habilidades, sobretudo as questões 1 e 2. Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili- zação das questões da seção Aprofundando o conheci- mento. 7 Tr an sp o rt e s n o B ra si l G E O G R A F IA M ó d u lo 1 9 pH_EM2_C4_005a010_M19_GEO_MP.indd 7 6/13/17 1:18 PM ATIVIDADES COMPLEMENTARES SUGESTÃO I O passe livre é realidade em algumas cidades do mun- do, inclusive no Brasil. Os alunos podem pesquisar, indivi- dualmente ou em grupo, quais cidades brasileiras adotam a política e como ela foi implementada. Nesses casos, o serviço de transporte de passageiros em ônibus pertence ao Estado? Pertence a empresas privadas que são contra- tadas pelo poder público para prestar o serviço gratuita- mente? Mesmo nos casos de cidades que não adotaram o passe livre, as empresas de ônibus ganham algum incen- tivo fiscal? Esses são alguns questionamentos que podem ser res- pondidos na atividade. Os resultados podem ser apresen- tados para a turma em sala de aula. SUGESTÃO II A redução da velocidade máxima permitida nas rodovias é uma tendência verificada no mundo inteiro. Aparente- mente contraditória, essa é uma medida que visa diminuir os congestionamentos. Isso porque, para grande parte dos engenheiros de tráfego, a fluidez do trânsito, ou seja, a passagem da maior quantidade de veículos por unidade de tempo, nada tem a ver com elevadas velocidades máxi- mas permitidas. Automóveis deslocando-se a velocidades menores melhoram a fluidez e a capacidade da rodovia, já que a distância entre os veículos é reduzida. Além disso, os estrangulamentos, as freadas inesperadas e os conflitos nos acessos tendem a diminuir. Tudo isso sem considerar as colisões, que diminuem numericamente e em nível de pe- riculosidade. Um experimento utilizando grãos de arroz foi realizado pelo Departamento de Transportes de Washington para demonstrar isso e pode ser realizado em sala de aula. Veja o vídeo na seção Material de apoio ao professor. MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR LIVROS MATOS, Carlos de. Redes, nodos e cidades: transformação da metrópole latino-americana. In: RIBEIRO, Luiz Cesar de Queiroz (Org.). Metrópoles: entre a coesão e a fragmenta- ção, a cooperação e o conflito. São Paulo: Perseu Abramo; Rio de Janeiro: Fase, 2004. PHE – Plano Hidroviário Estratégico. Ministério dos Trans- portes, Brasília, 2013. PNIH – Plano Nacional de Integração Hidroviária. Ministé- rio dos Transportes, Brasília, 2013. PNLP – Plano Nacional de Logística Portuária. Secretaria dos Portos – Presidência da República, Brasília, 2012. PNLT – Plano Nacional de Logística e Transportes. Ministé- rio dos Transportes, Brasília, 2010. VAINER, Carlos B. e outros. Cidades rebeldes: passe livre e as manifestações que tomaram as ruas do Brasil. São Pau- lo: Carta Maior/Boitempo, 2013. VALENTE, Amir Mattar et al. Qualidade e produtividade nos transportes. São Paulo: Cengage Learning, 2008. VASCONCELOS, E. A. de. Transporte e meio ambiente: conceitos e informações para análise de impactos. São Paulo: Annablume, 2008. SITES Agência Nacional dos Transportes Terrestres. Disponível em: <www.antt.gov.br>. Acesso em: 8 mar. 2017. Ministério dos Transportes. Disponível em: <www. transportes.gov.br>.Acesso em: 8 mar. 2017. Mobilidade urbana – com Nabil Bonduki. Disponível em: <http://diplomatique.org.br/mobilidade-urbana-com- nabil-bonduki/>. Acesso em: 8 mar. 2017. Se a cidade fosse nossa. Disponível em: <http:// seacidadefossenossa.com.br>. Acesso em: 8 mar. 2017. U.S. Department of Transportation (Experiência sobre fluidez do trânsito). Disponível em: <www.transportation. gov/>; <www.youtube.com/watch?v=8G7ViTTuwno>. Acesso em: 8 mar. 2017. FILMES A luta pelo transporte em São Paulo. Direção: Jean Man- zon. Brasil, 1952. (10 min). Ir e vir. Direção: Carlos Sanches. Brasil, 2008. (56 min). O transporte dos cariocas. Direção: Jean Manzon. Brasil, 1954. (10 min). GABARITO COMENTADO PRATICANDO O APRENDIZADO 1. c. Considerando que o enunciado pede a análise das conexões somente intrarregionais, ou seja, dentro da própria região, ao cruzar no gráfico as linhas Origens e Destinos, conclui-se que o Sudeste apresenta maior intensidade e o Centro-Oeste, o menor fluxo. 2. e. Como mencionado corretamente na alternativa e, o Sistema de Integração Intermodal é o plane- jamento estratégico do sistema de transportes, aproveitando a potencialidade de cada um dos 8 pH_EM2_C4_005a010_M19_GEO_MP.indd 8 6/13/17 1:18 PM modais, otimizando a circulação e o escoamento da produção. Estão incorretas as alternativas: a, porque o conceito não se refere à competitividade das empresas; b, porque o conceito não se refe- re ao sistema tributário; c, porque o sistema não concebe o investimento em um só modal, mas, ao contrário, na integração dos diferentes modais; d, porque o conceito não se refere ao sistema de ar- recadação de impostos do governo em suas dife- rentes esferas. 3. a. Os portos são: I. Tubarão-Vitória (ES). II. Itaqui (MA). III. Santos, que escoa parte da produção de grãos do Centro-Oeste, embora não seja especia- lizado nesse tipo de exportação. IV. São Sebastião (SP). V. Paranaguá (PR). VI. Estão em operação os complexos petroquímicos portuários em: Pecém (CE), Suape (PE) e Itaguaí (RJ). 5. d. O porto de Paranaguá, no Paraná, é um dos prin- cipais portos brasileiros engajados no comércio de produtos agrícolas produzidos em São Paulo e Mato Grosso do Sul, além dos estados do Sul, como Santa Catarina e o próprio Paraná. Com a modernização e a industrialização brasileira dos últimos vinte anos, outros produtos passaram a fa- zer parte da pauta exportadora e importadora do porto, como industrializados, líquidos, madeira e papel. A alternativa a é falsa: na região Sudeste, o escoamento de ferro e manganês é via Tubarão, no Espírito Santo; carvão, via Imbituba, em San- ta Catarina; gás e petróleo, via São Sebastião, em São Paulo, e via Rio de Janeiro. A alternativa b é falsa, pois a barrilha é produzida no Sudeste, na região de Cabo Frio, no Rio de Janeiro. A alterna- tiva c é falsa; como exemplo de terminal graneleiro da Vale podemos destacar o porto de Tubarão, no Espírito Santo. A alternativa e é falsa, pois frango congelado, madeira, pisos cerâmicos, máquinas, papel e fumo são típicos dos portos catarinenses de Itajaí e São Francisco do Sul. DESENVOLVENDO HABILIDADES 1. d. Como mencionado corretamente na alternativa d, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, ligando Bauru (SP) a Corumbá (MS), teve como objetivo a integração do território entre regiões com vazios demográficos e mais desenvolvidas, diferente- mente das ferrovias, que se concentravam majo- ritariamente ao redor da zona produtora de café. Estão incorretas as alternativas: a e c, porque não havia produção sistemática no interior do país; b, porque no século XIX a base econômica era o café; e, porque o objetivo não era o êxodo rural. 2. c. Projetos de levantamento e pesquisa como o Ra- dam-Brasil revelaram o enorme potencial mineral da região Norte do país. O Estado nacional como agente indutor do processo de desenvolvimen- to promoveu a criação dos projetos regionais e atraiu investimentos de capital para sua realiza- ção. É o caso da construção da Ferrovia dos Ca- rajás: embora tenha sido implantada justamente com a finalidade apenas de escoar a produção mineral, com o tempo acabou se tornando uma ferrovia multimodal, mais bem articulada. A al- ternativa a é falsa, porque, apesar do grande po- tencial, a produção energética ainda é pequena e destinada, até o momento, ao consumo local. A alternativa b é falsa, já que a produção se dá em escala industrial. A alternativa d é falsa, por- que a logística envolvida está na exportação de matérias -primas. A alternativa e é falsa, pois a pro- dução é de recursos minerais metálicos. 3. b. Uma das principais mudanças socioeconômicas decorrentes da expansão cafeeira em São Paulo foi a implantação e expansão da rede ferroviária. Esse processo permitiu uma penetração cada vez maior de população em direção ao interior, favo- recendo a expansão da produção além do escoa- mento através do porto de Santos. No entanto, a falta de visão estratégica de longo prazo de seus gestores na época fez com que as ferrovias tives- sem problemas desde o início, com traçados irre- gulares ou bitolas dos trens diferentes, que invia- bilizavam qualquer tipo de integração. O mesmo aconteceu com as rodovias, mal construídas e sem infraestrutura em seu percurso, apontando para um modelo econômico preocupado apenas com as exportações e gerando ganhos apenas a uma minoria de proprietários rurais e banqueiros. A al- ternativa a é falsa, pois os imigrantes, na época, viajavam por estradas. A alternativa c é falsa, pois os aportes de capital às ferrovias eram promovi- dos pelos grandes cafeicultores, proprietários de terra. A alternativa d é falsa, porque para muitos fazendeiros a mão de obra estrangeira era impres- cindível na produção. A alternativa e é falsa, já que as terras eram concentradas nas mãos de poucos grandes proprietários, denotando uma forte con- centração fundiária. 4. d. Atualmente qualquer grande obra civil está sujei- ta a análises de impacto ambiental no momento de seu projeto, construção e manutenção. Após o projeto ser analisado, o relatório final ainda deve passar por audiência pública. Nessa fase os diver- sos segmentos sociais envolvidos na obra apontam problemas e soluções para a aprovação final, mu- danças ou até mesmo o arquivamento do projeto. 9 Tr an sp o rt e s n o B ra si l G E O G R A F IA M — d u lo 1 9 pH_EM2_C4_005a010_M19_GEO_MP.indd 9 6/13/17 1:18 PM A alternativa a é falsa. As populações rurais não devem permanecer isoladas e sem acesso a diver- sos melhoramentos universalizados, possíveis de chegar via integração por sistemas de transporte. A alternativa b é falsa. Os movimentos migratórios nos anos 1960-1980 gerados por problemas rela- cionados às más condições de vida no campo fo- ram excessivos e provocaram enormes problemas nas cidades. É importante a fixação econômica das populações rurais para que, com isso, tenham acesso a bens materiais que possam garantir uma vida digna. A alternativa c é falsa. É justamente nas áreas rurais onde se pratica a agricultura familiar que as melhorias nas condições de vida e de pro- dução são imprescindíveis. A agricultura familiar abastece os centros urbanos com produtos que não podem ser obtidos nas lavouras comerciais de grandes latifúndios. A alternativa e é falsa. A aber- tura e a pavimentação de estradas devem seguir parâmetros ambientais bem definidos e adequa- dos. A recuperação de áreas degradadas é difícil ou, às vezes, impossível. 6. b. A ferrovia Madeira-Mamoré (em Rondônia) tinha o objetivo de escoar a produção de borracha natural de seringueira no período do ciclo da borracha, no início do século XX. A borracha era um produ- to importante para indústrias dos Estados Unidos e Europa, inclusive para o setor automobilístico. Entretanto, a construção da ferrovia fracassou em razão de problemas técnicos, desconhecimento do meio ambiente amazônico e doenças tropicais que atingiramos trabalhadores. 8. a. A falta de um planejamento estratégico mais inci- sivo e eficiente deixa o Brasil ainda sob forte ma- triz de transporte calcada sobre o sistema rodoviá- rio, que tem pior desempenho e maiores custos quando se trata de analisar a rede de transporte num país continental. A implantação de extensas redes de transporte depende de investimentos de longo prazo a partir de decisões suprapartidárias para que o país possa tirar o atraso em relação à demanda das redes ferroviária e hidroviária. A al- ternativa b é falsa, já que a malha ferroviária rus- sa está concentrada na porção ocidental de seu território. A alternativa c é falsa, pois cargas mais pesadas devem ser transportadas por ferrovia ou hidrovia. A alternativa d é falsa, já que as ferrovias causam menos impactos ambientais se compara- das às rodovias. A alternativa e é falsa, pois as fer- rovias possuem, em média, velocidade de tráfego menor que a das rodovias. APROFUNDANDO O CONHECIMENTO 1. b. A implantação de infraestruturas de transporte como rodovias, hidrovias e ferrovias em direção ao Norte objetiva reduzir os custos nas exporta- ções de produtos do agronegócio, como a soja. Como grande parte dos mercados consumidores estão no hemisfério Norte, a exemplo da União Europeia, o investimento em infraestrutura é fun- damental para a competitividade dos produtos brasileiros. 4. c. Como apontado corretamente na alternativa c, o corredor de exportação é um sistema integrado de transportes multi ou intermodal em áreas dota- das de infraestrutura para armazenamento e pro- cessamento, permitindo o rápido escoamento de produtos de grande volume para exportação. ANOTA‚ÍES 10 pH_EM2_C4_005a010_M19_GEO_MP.indd 10 6/13/17 1:18 PM 20 Módulo OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES • A região Concentrada (Sul 1 Sudeste) • O processo de ocupação • O desenvolvimento econômico das regiões Sudeste e Su l • H9 - Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. • Caracterizar o processo de ocupação da região Con- centrada. • Reconhecer a primazia econômica do Sudeste brasileiro. • Identificar tendências e processos geográficos recen- tes nas grandes cidades do Sudeste. Regionalização brasileira: região Concentrada INTRODUÇÃO Com base na regionalização elaborada pelos pro- fessores Mílton Santos e Maria Laura Silveira, conhecida como “os quatro brasis”, introduzimos neste módulo o es- tudo da geografia regional brasileira. Antes de começar a trabalhar os aspectos econômicos e socioespaciais da região Concentrada, que engloba o Su- deste e o Sul do Brasil, é importante resgatar o conceito de região, estudado no Caderno 1. Se julgar necessário, é pos- sível retomar com a turma as três propostas de regionaliza- ção apresentadas também no Caderno 1: IBGE, Complexos Geoeconômicos e Quatro Brasis, destacando suas diferenças. ESTRATÉGIAS DE AULA AULA 1 Propomos que as aulas sigam duas linhas mestras, que se aplicam tanto ao Sudeste quanto ao Sul. A primeira poderia abordar o histórico de ocupação dessas regiões. Assim, na primeira aula, sugerimos o desenvolvimento de atividades que permitam aos alunos conhecer mais sobre os processos de ocupação do Sudeste e do Sul. Durante muito tempo a região Sul esteve sob disputa en- tre o Império português e o Império espanhol. A Coroa por- tuguesa conseguiu o domínio sobre essas terras estimulando incialmente a vinda de imigrantes da ilha da Madeira e das ilhas dos Açores. No litoral de Santa Catarina, por exemplo, até hoje é possível notar a influência cultural dessa colonização iniciada no século XVIII. A culinária com muitos frutos do mar, o sotaque próprio e o folclore rico em alegorias são algumas características marcantes dessa influência. Por meio de fotografias ou vídeos, procure mostrar isso aos alunos. Veja alguns links para consultas na seção Material de apoio ao professor. No século XIX, o governo brasileiro estimulou a vin- da de imigrantes italianos e alemães para a região, ten- do em vista que um maior povoamento poderia garantir a soberania do país sobre as terras do Sul, uma vez que a região continuava sendo alvo de disputas. A influência cul- tural dessas populações também pode ser percebida até os dias de hoje na região. É possível observar a influência arquitetônica alemã em muitas casas, o fato de a primei- ra igreja de diversas cidades ser muitas vezes luterana, as festas típicas italianas e alemãs, os nomes das cidades, os sobrenomes das famílias, entre outras características. A ocupação do Sudeste, por sua vez, está intimamen- te ligada aos ciclos econômicos do açúcar, do ouro e do café – os dois últimos tiveram grande poder de atração po- pulacional em razão das oportunidades de trabalho criadas. 11 R e g io n a liz a çã o b ra si le ir a : re g iã o C o n ce n tr a d a G E O G R A F IA M — d u lo 2 0 pH_EM2_C4_011a015_M20_GEO_MP.indd 11 6/13/17 1:19 PM Inclui-se nesse fluxo a chegada de grande contingente de escravizados e imigrantes europeus. A partir de 1930 a indus- trialização concentrada no Sudeste confirmou a capacidade da região em atrair população. Ao final da aula 1, resolva com a turma a questão 1 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios da seção Desenvol- vendo habilidades, sobretudo as questões 3, 4 e 5. Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili- zação das questões propostas na seção Aprofundando o conhecimento. AULA 2 Para a segunda aula, a proposta é dar enfoque a as- pectos da economia do Sul e do Sudeste do país. É im- portante deixar claro que o setor terciário predomina em todas as regiões do país, não apenas nas duas que são ob- jeto de estudo do módulo e que compõem a região Con- centrada. Nas regiões Sul e Sudeste encontramos a maior quantidade de indústrias do Brasil, sobretudo no Sudeste. Além disso, é a região historicamente mais industrializada e também se destaca por possuir maior média salarial do setor no país. A partir dessa informação, é possível desen- volver a noção de deseconomia de aglomeração. Ao contrário das economias de aglomeração, que se- riam as vantagens para o setor produtivo encontradas em áreas de intensa aglomeração urbano-industrial, as des- vantagens recebem o nome de deseconomias de aglome- ração. É importante destacar que as grandes cidades do Sudeste, como São Paulo, apresentam tanto economias quanto deseconomias de aglomeração. O que acon- tece é que, dependendo da especificidade do tipo de negócio, as desvantagens podem superar as vantagens, e vice-versa. A presença de sindicatos fortes, mão de obra mais cara, elevado valor de terrenos, problemas urbanos como o sentimento de insegurança e os congestionamen- tos são alguns exemplos de deseconomias de aglomera- ção. Sobre o tema, sugerimos a leitura do texto que se encontra neste endereço eletrônico: <http://alunosonline. uol.com.br/geografia/economias-aglomeracao.html>. Não restam dúvidas de que as deseconomias de aglo- meração impactam tanto na produtividade dos negócios dessas grandes cidades – ao afastar investimentos – quan- to na qualidade de vida dos seus habitantes, fazendo-as perder capacidade de atração populacional ou até mesmo repelir população. Contribuem, portanto, para o fenôme- no da desmetropolização, ou seja, a diminuição do ritmo de crescimento da população metropolitana, fenômeno intensificado no Brasil a partir dos anos 1990. Atualmente, as cidades que mais crescem não são as grandes metrópoles, mas sim as pequenas e as médias ci- dades. É importante destacar para os alunos que a desme- tropolização não implica necessariamente a diminuição da população das metrópoles, ou seja, a involução urbana. A diminuição de suas taxas de crescimento já caracteriza o fenômeno, que vem acontecendo no Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo. Os dados da tabela a seguir podemser fornecidos aos alunos (por meio de anotações na lousa ou distribuição de cópias) para reforçar o que foi dito. Segundo o IBGE, das onze maiores cidades brasileiras, apenas Manaus e Brasília cresceram acima da média nacional entre 2000 e 2010. Esse fato pode ser contextualizado em sala de aula com o atual momento histórico, ou seja, com a tendência de flexibili- zação da economia e com o novo patamar de acumulação proporcionado pelo fenômeno da globalização. Ao final da Aula 2, resolva com a turma a questão 2 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios da seção Desenvol- vendo habilidades, sobretudo as questões 1 e 2. Brasil: população das maiores cidades (2000-2010) Classifi cação/cidade População em 2000 Classifi cação/cidade População em 2010 Crescimento 1o São Paulo 10 434 252 1o São Paulo 10 659 386 2,15% 2o Rio de Janeiro 5 857 904 2o Rio de Janeiro 5 940 224 1,4% 3o Salvador 2 443 107 3o Salvador 2 480 790 1,54% 4o Brasília 2 051 146 6o Brasília 2 469 489 20,3% 5o Fortaleza 2 141 402 5o Fortaleza 2 315 116 8,11% 6o Belo Horizonte 2 238 526 4o Belo Horizonte 2 258 096 0,87% 7o Manaus 1 405 835 9o Manaus 1 718 584 22,24% 8o Curitiba 1 587 315 7o Curitiba 1 678 965 5,77% 9o Recife 1 422 905 8o Recife 1 472 202 3,46% 10o Porto Alegre 1 360 590 10o Porto Alegre 1 365 039 0,32% 11o Belém 1 280 614 11o Belém 1 351 618 5,54% FONTE: UOL Notícias. Maiores cidades do Brasil crescem menos do que média nacional, aponta Censo, 4 nov. 2010. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/ cotidiano/ultimas-noticias/2010/11/04/maiores-cidades-do-brasil-crescem-menos-do-que-resto-do-pais-aponta-censo.htm>. Acesso em: 6 mar. 2017. 12 pH_EM2_C4_011a015_M20_GEO_MP.indd 12 6/13/17 1:19 PM I. REGIÃO CONCENTRADA ➜ Sul 1 Sudeste • Região brasileira mais bem inserida na Terceira Revolução Industrial • Maior quantidade de aparatos técnicos da Terceira Revolução Industrial II. OCUPAÇÃO a) Sul ➜ Ocupação diferenciada • Imigrantes europeus (açorianos, italianos, ale- mães, etc.) • Influência cultural (arquitetura, festas, igreja lu- terana, etc.) • Controle das fronteiras • Pequenas propriedades b) Sudeste ➜ Ciclo do açúcar (século XVI) • Capitania de São Vicente (SP) ➜ Ciclo do ouro (século XVIII) • Minas Gerais ➜ Ciclo do café • Vale do Paraíba (RJ) → Oeste paulista • A economia cafeeira contribui para a industriali- zação da região (capitais, infraestrutura, merca- do consumidor, mão de obra) Obs.: Desmetropolização (intensificada a partir de 1990) • Diminuição do ritmo de crescimento da popula- ção das grandes cidades do Sudeste • Maior taxa de crescimento da população das ci- dades médias III. ECONOMIA a) Sudeste ➜ Região com o setor produtivo mais diversificado e desenvolvido • Destaque: setor terciário • Grandes indústrias: CSN, Usiminas, automobilís- ticas, etc. • Tecnopolos: Campinas (informática), São José dos Campos (indústria aeroespacial) • Petróleo e gás b) Sul ➜ Policultura alimentar ➜ Agricultura comercial ➜ Pecuária extensiva ➜ Indústria diversificada (têxtil, alimentos, automobi- lística, etc.) SUGESTÃO DE QUADRO ATIVIDADE COMPLEMENTAR Além dos aparatos técnicos da Terceira Revolução Indus- trial, a região concentrada apresenta maior população, diver- sidade industrial, maior produtividade agrícola (agricultura moderna), serviços bastante específicos, entre outros. Os alunos, individualmente ou em grupos, podem buscar mapas temáticos que representem a desigualdade macrorregional no Brasil. Posteriormente, os mapas po- dem ser trocados em sala para que todos possam com- partilhar os resultados de suas pesquisas. Uma possibilidade é que alguns mapas sejam esco- lhidos pelos alunos a partir do livro Atlas do Brasil: dispa- ridades e dinâmicas do território (veja a seção Material de apoio ao professor) e vetorizados (para utilização em maior escala) com o auxílio das aulas de informática/mul- timídia da escola. A vetorização é uma técnica que consis- te em transformar linhas e contornos de uma imagem em representações numéricas, permitindo assim melhor quali- dade gráfica e a possibilidade de criar facilmente edições (modificação em cores, tamanho, entre outras). Existem vários softwares gratuitos que permitem a vetorização, como o Inkscape ou o Skencil. MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR LIVROS E ARTIGOS AB’SABER, Aziz N. Os domínios de natureza no Brasil: po- tencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. GALINARI, R.; CROCCO, M. A.; LEMOS, M. B.; BASQUES, M. F. D. O efeito das economias de aglomeração sobre os salários industriais: uma aplicação ao caso brasileiro. Re- vista de Economia Contemporânea, v. 11, n. 3, p. 391-420, set./dez. 2007. Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utilização das questões propostas na seção Aprofundando o conheci- mento. 13 R e g io n a liz a çã o b ra si le ir a : re g iã o C o n ce n tr a d a G E O G R A F IA M ó d u lo 2 0 pH_EM2_C4_011a015_M20_GEO_MP.indd 13 6/13/17 1:19 PM GUIMARÃES, Paulo Ferraz et al. (Org.). Um olhar terri- torial para o desenvolvimento: Sudeste. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So- cial, 2014. MONTORO, Guilherme Castanho Franco et al. Um olhar territorial para o desenvolvimento: Sul. Rio de Janeiro: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, 2014. PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense/Publifolha, 2000. ROCHA, Aristotelina Pereira Barreto; OLIVEIRA, Márcia Sil- va de. Geografia regional do Brasil. Natal: EDFRN, 2011. Disponível em: <www.sedis.ufrn.br/bibliotecadigital/ site/pdf/geografia/Geo_Reg_LIVRO_WEB.pdf>. Acesso em: 6 mar. 2017. ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2003. SANTOS, M.; SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. São Paulo: Record, 2001. SILVA, João Márcio Palheta da; SILVEIRA, Márcio Rogério (Org.). Geografia econômica do Brasil: temas regionais. Presidente Prudente: FCT/Unesp, 2002. SILVEIRA, Márcio Rogério. A importância econômica das estradas de ferro: Sul do Brasil. In: SILVA, João Márcio Palheta da; SILVEIRA, Márcio Rogério (Org.). Geografia econômica do Brasil: temas regionais. Presidente Pru- dente: FCT/Unesp, 2002a. p. 117-135. SUZIGAN, W.; FURTADO, J.; GARCIA, R.; SAMPAIO, S. E. K. Aglomerações industriais no estado de São Paulo. Revista de Economia Aplicada, v. 5, n. 14, p. 695-717, 2001. THÉRY, Hervé; DE MELO, Neli. Atlas do Brasil: disparida- des e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2005. VIDEIRA, Sandra Lúcia; COSTA, Pierre Alves; FAJARDO, Sérgio. (Org.). Geografia econômica: (re)leituras contem- porâneas. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2011. SITES Instituto de Preservação e Difusão da História do Café e da Imigração. Disponível em: <www.inci.org.br>. Acesso em: 17 abr. 2017. Museu Etnográfico Casa dos Açores. Disponível em: <www.casadosacores.sc.gov.br>. Acesso em: 17 abr. 2017. Secretaria da Cultura do Paraná. Disponível em: <www. cultura.pr.gov.br>. Acesso em: 17 abr. 2017. Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul. Disponível em: <www.cultura.rs.gov.br>. Acesso em: 17 abr. 2017. GABARITO COMENTADO PRATICANDO O APRENDIZADO 1. a. A região Concentrada é integrada pelas regiões Sudeste e Sul do IBGE, sendo a que apresenta maior densidade técnica, científica e informacional no território brasileiro. Também é a região do país com a maior população e o mais alto poder de consumo, o que explica o maior aporte de investi- mentos estrangeiros a partir da década de 1990. 2. b. Como mencionado corretamente na alternativa b, a área em destaque corresponde à bacia sedimen- tar do Paraná, província geológica desenvolvida ao longo das Eras Paleozoica e Mesozoica. Estão incorretas as alternativas: a, porque o nome dado ao planalto correspondente à bacia sedimentar do Paraná é o planalto Meridional;c, porque a Mata dos Pinhais ocupa uma área menor restrita à por- ção centro-meridional da região Sul; d e e, porque a planície dos Pampas e o escudo sul-rio-granden- se situam-se no extremo sul da região Sul. 3. a. Como mencionado corretamente na alternativa a, o oeste de Santa Catarina e o sudoeste do Paraná registram a presença histórica e cultural do gaú- cho. Estão incorretas as alternativas: b, porque a região Sul apresenta a menor superfície do país; c, porque Chile e Peru não são fronteiriços com a região Sul; d, porque a afirmação define o domínio territorial português e atualmente a fronteira do território; e, porque a região Sul foi área de grande atração de colonos europeus. 4. b. Como mencionado corretamente na alternativa b, a partir da segunda metade do século XIX, a produção cafeeira no Vale do Paraíba resulta na transformação do espaço econômico e so- cial, cujos benefícios serão posteriormente usa- dos para o embasamento da produção indus- trial. Estão incorretas as alternativas: a, porque a industrialização foi um processo que se seguiu à cafeicultura; c, porque a mineração destacou- -se no século XVIII no interior do território; d e e, porque não correspondem às atividades de destaque na região do século XIX. 5. c. Os slides são da região Sudeste, a mais populosa, com maior PIB e mais industrializada do país. Nas últimas décadas, houve uma desconcentração in- dustrial para regiões com mão de obra mais barata e que ofereceram incentivos fiscais, como a Nor- deste e a Sul. Porém, a região concentra os setores de tecnologia mais avançada, a melhor infraestru- tura de transportes e telecomunicações, além de apresentar o centro financeiro mais desenvolvido do país. 14 pH_EM2_C4_011a015_M20_GEO_MP.indd 14 6/13/17 1:19 PM DESENVOLVENDO HABILIDADES 2. a. Na Era Mesozoica, graças à deriva continental, ocorreu a fragmentação da Gondwana (continente que era formado por América do Sul, África, Aus- trália, Antártida e Índia). Um dos eventos foi a se- paração entre a América do Sul e a África em razão da divergência entre as placas tectônicas com gra- dual formação do oceano Atlântico. Em decorrên- cia desses eventos tectônicos, houve intensa ativi- dade vulcânica na região da bacia sedimentar do Paraná, que ocupa partes das atuais regiões Cen- tro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil. Com o tempo, o intemperismo e a pedogênese do basalto (rocha magmática/ígnea extrusiva/vulcânica) deram ori- gem ao solo mais fértil existente no país, a terra roxa, também denominada nitossolo. 3. a. No norte do Paraná, a existência de solos férteis, como o nitossolo (terra roxa), de coloração verme- lha-escura e formado a partir do intemperismo e da pedogênese de rochas vulcânicas (basalto), fa- voreceu a produção agrícola desde o período do ciclo do café (final do século XIX e início do século XX). Hoje a região também apresenta produção expressiva de soja e cana-de-açúcar. 5. e. O domínio morfoclimático das pradarias apresenta planaltos com colinas (coxilhas), clima subtropical e vegetação de pradarias (campos ou bioma Pampa). Apresenta várias áreas na região sudoeste com areni- zação, isto é, degradação do solo com formação de dunas decorrente de fatores naturais (solo arenoso, erosão pluvial e eólica) e antrópicos (desmatamento para a pecuária bovina e ovina, além da agricultura). 7. c. A descrição refere-se ao Vale do Paraíba, área de maior adensamento populacional urbano e indus- trial do país. 8. c. No início do século XIX, a plantation de café marchou aceleradamente para o Vale do Paraíba fluminense e paulista. A produção cresceu tanto que na década de 1820 o café era o terceiro produto exportado pelo país e na de 1830 já ocupava o primeiro lugar. A rigor, esta questão poderia até ser anulada pela informação incorreta que consta na alternativa c: “capital e mercado externo”. Isso porque o capital que financiou a expansão da lavoura cafeeira, no início do século XIX, era exclusivamente nacional. APROFUNDANDO O CONHECIMENTO 1. a. A configuração espacial da área de influência de uma metrópole revela muito a respeito das ativi- dades econômicas e dos vínculos socioespaciais que ela estabelece com as demais cidades da rede urbana que ela polariza. A área de influência ou polarizada por uma metrópole é função da inten- sidade e da frequência com que os habitantes das áreas polarizadas recorrem às atividades terciárias da metrópole. No caso das metrópoles da região Sul do Brasil, uma característica dessa configuração destacada no mapa é a descontinuidade espacial das áreas de influência tanto de Curitiba quanto de Porto Alegre. Essa descontinuidade, associada ao conhecimento da diáspora migratória de para- naenses e gaúchos acompanhando a expansão da fronteira agrícola nacional, permite relacionar a mi- gração com a localização dos espaços de influên- cia das duas metrópoles. Essa relação é perceptível pela localização de diversos fragmentos espaciais das áreas polarizadas pelas metrópoles meridionais em territórios de vários estados das regiões Centro- -Oeste e Norte. Esses espaços tornaram-se os prin- cipais destinos dos migrantes gaúchos e paranaen- ses nas últimas décadas, principalmente em virtude da disponibilidade de terras baratas. 3. a. O estado do Rio Grande do Sul destaca-se no agro- negócio com importante produção de soja, trigo, milho, arroz, erva-mate, uva, vinho, tabaco, couro, lã, carne bovina, carne de aves e celulose. Parte da produção destina-se ao mercado interno, incluindo a indústria de alimentos e a de calçados. Parte sig- nificativa também se destina à exportação. 4. c. A Campanha Gaúcha corresponde ao domí- nio morfoclimático das pradarias (bioma Pam- pa, clima subtropical e planaltos com coxilhas). A região é caracterizada desde o período colonial pela pecuária bovina de corte para a produção de carne e couro. Hoje, a região também se destaca na pecuária ovina, agricultura (arroz, soja e uva vinícola), silvicultura de eucaliptos para a produção de celu- lose e papel, bem como alguns núcleos industriais. ANOTA‚ÍES 15 R e g io n a liz a çã o b ra si le ir a : re g iã o C o n ce n tr a d a G E O G R A F IA M — d u lo 2 0 pH_EM2_C4_011a015_M20_GEO_MP.indd 15 6/13/17 1:19 PM 21 Módulo OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES • Caracterização física • O processo de ocupação • Desenvolvimento econômico • H9 - Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. • H19 - Reconhecer as transformações técnicas e tec- nológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. • Caracterizar o processo de ocupação da região Centro-Oeste. • Identificar elementos que componham a paisagem na- tural do Centro-Oeste. Regionalização brasileira: o Centro-Oeste INTRODUÇÃO Seguindo com o estudo da geografia regional do Brasil, este módulo propõe o estudo da macrorregião Centro- -Oeste, priorizando uma análise histórico-geográfica e um balanço geral de áreas como trabalho, economia, indus- trialização, transporte e planejamento urbano, contextua- lizando a região para os alunos. ESTRATÉGIAS DE AULA AULA 1 É fundamental que os alunos compreendam que a ex- pansão da fronteira agrícola em direção ao Centro-Oeste foi um dos principais fatores que estimularam a ocupação da região. Os recursos cartográficos são essenciais para a boa compreensão do tema. Portanto, procure apresentar para a turma diferentes mapas, não apenas o mapa polí- tico do Brasil. Pode ser interessante fornecer, por exem- plo, mapas que mostrem o avanço do desmatamento em direção ao Centro-Oeste e Norte do país ao longo das décadas do século XX. Embora o primeiro grande projeto de colonização do Centro-Oeste date da década de 1940, foram processos desencadeados no Sul do país que ocasionaram a expan- são da fronteira agrícola e, consequentemente, um maior povoamentoda região central. Se possível, aprofunde com os alunos a temática da Revolução Verde no Brasil, ocorrida em 1960, que estimulou a instalação de diversas empresas agrícolas do Sul do país no Centro-Oeste, como aquelas que visavam a produção de soja voltada para a ex- portação. Essa modernização agrícola foi incentivada por linhas de crédito especiais criadas pelo regime militar, que encontrava na exportação agrícola um meio de obtenção de divisas para o pagamento de juros da dívida externa. A inserção do grande capital no campo fez com que este se tornasse um espaço cada vez mais voltado ao lucro, em detrimento da agricultura de subsistência. Mostre aos alunos que no mesmo período continuava a ocorrer no Sul um processo de minifundiarização, provoca- do pela partilha das terras por herança – procure lembrar os alunos de que a ocupação do Sul foi baseada no estabele- cimento de diversas pequenas propriedades. Isso significa dizer que pequenos lotes de terra foram repartidos entre múltiplos herdeiros após o falecimento dos seus antigos proprietários, muitos deles imigrantes. 16 pH_EM2_C4_016a019_M21_GEO_MP.indd 16 6/13/17 1:19 PM Comente que os minifúndios surgidos da divisão das pequenas propriedades herdadas possuem, por definição, menos de um módulo rural, ou seja, um lote de terra com produção extremamente baixa, insuficiente para garantir a sobrevivência de uma família. Praticamente sem outra opção, os herdeiros venderam os minifúndios para as em- presas agrícolas que pretendiam, ao adquirirem grande quantidade deles, produzir com lógica empresarial gêne- ros voltados principalmente para exportação. Esse pro- cesso ocasionou o aumento da concentração de terras na região Sul do país. Os sulistas, agora despossuídos de ter- ras, migraram para as cidades ou passaram a adquirir lotes maiores de terra no Centro-Oeste. É possível que durante as explicações os alunos lancem questões como: • Por que a preferência da agricultura empresarial em cultivar soja inicialmente a partir do Sul? • Como diversos sulistas puderam adquirir propriedades no Centro-Oeste maiores que os seus minifúndios? Além de o Sul do país ser uma região dotada de con- siderável infraestrutura na época, ela apresenta condições climáticas mais adequadas para o cultivo de determina- das culturas, como o da soja – originária de áreas de cli- ma temperado. Diga aos alunos que a existência de terras menos valorizadas no Centro-Oeste facilitou a aquisição de terras pelos sulistas. Ao final da Aula 1, resolva com a turma a questão 1 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios propostos na seção Desenvolvendo habilidades, sobretudo as questões 3, 4 e 5. Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili- zação das questões propostas na seção Aprofundando o conhecimento. AULA 2 Nesta aula, dê continuidade à explicação sobre o avanço da fronteira agrícola para o Centro-Oeste, que contribuiu para a sua ocupação. A abertura de estradas na década de 1950 e nas décadas posteriores teve contribui- ção fundamental para os processos mencionados. Além disso, em 1972 foi criada a Embrapa, que teve importante papel na década de 1970, fazendo a calagem dos solos do Cerrado – facilitando o desenvolvimento agrícola da região – e selecionando sementes, conseguindo adaptar a cultura da soja ao clima tropical do Centro-Oeste. Mencione que a construção de Brasília e o aumento da oferta de emprego nas obras de construção da nova capital federal atraíram para a região milhares de pessoas, sobretudo nordestinos. Mostre aos alunos o contraste entre a modernidade da paisagem de Brasília e a precariedade da infraestrutu- ra das cidades-satélites que se formaram em seu entorno para abrigar os trabalhadores mais pobres que participa- ram da construção da atual capital do país; para isso utili- ze fotografias. O Instituto Moreira Salles disponibiliza um amplo acervo de fotografias da época, veja indicação na seção Material de apoio ao professor. Procure caracterizar o Pantanal e o Cerrado. Com posse de alguns conhecimentos sobre a ocupação e a economia da região, é possível propor que os alunos reflitam sobre as principais atividades que contribuíram para a devasta- ção dos biomas, como a agropecuária, a urbanização e a extração de madeira, entre outras. Ressalte que, embora a maior parte das queimadas que ocorrem na região sejam antrópicas, – realizadas pelo ser humano para a abertura de novas áreas agrícolas – algumas ocorrem espontaneamente e estão diretamente relacionadas ao clima e à vegetação do Cerrado. Caso julgue interessante, proponha um exercício de análise de fotografias do Cerrado e climogramas da re- gião Centro-Oeste, solicitando aos alunos que apontem o período em que as queimadas naturais ocorrem com maior frequência. Indicamos a seguir um climograma que pode ser utili- zado para esse trabalho de análise com a turma. 0 jan fev (m m ) (° C ) mar Precip Temp min Temp méd abr mai jun jul ago set out nov dez 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Temp méd Cuiabá (MT) FONTE: Disponível em: <https://confins.revues.org/8433#ftn2>. Acesso em: 7 mar. 2017. É provável que os alunos indiquem o mês mais seco de cada climograma – julho, de acordo com a referência acima. No entanto, a resposta correta deve ser agosto ou setembro. Esclareça que, como o auge da estiagem ocorre em julho, no mês de agosto ou setembro há grande quan- tidade de serapilheira depositada nos solos do Cerrado. Os arbustos do Cerrado liberam matéria orgânica no pe- ríodo de estiagem como uma estratégia para compensar a menor disponibilidade de água. A serapilheira, somada ao ambiente ainda seco e às temperaturas diárias eleva- das frequentemente registradas – que podem ser per- cebidas no gráfico através de médias mensais maiores – 17 R e g io n a liz a çã o b ra si le ir a : o C e n tr o -O e st e G E O G R A F IA M — d u lo 2 1 pH_EM2_C4_016a019_M21_GEO_MP.indd 17 6/13/17 1:19 PM provocam constantes queimadas naturais nas áreas de proteção ambiental. Ao final da Aula 2, resolva com a turma a questão 5 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios propostos na seção De- senvolvendo habilidades, sobretudo as questões 9 e 10. Como aprofundamento facultativo, sugerimos a utili- zação das questões propostas na seção Aprofundando o conhecimento. SUGESTÃO DE QUADRO I. OCUPAÇÃO ➜ “Marcha para o Oeste” (anos 1940) ➜ Construção de Brasília (anos 1950) • Abertura de rodovias • Oportunidades de emprego ➜ Expansão da fronteira agrícola (a partir de 1960) ➜ Rápida concentração fundiária Obs.: Calagem (anos 1970) – Técnica de correção da acidez dos solos do Cerrado (Embrapa) ➜ Novo estímulo para a ocupação II. ECONOMIA ➜ Maior região produtora de gêneros agrícolas • Destaque: soja ➜ Pecuária extensiva ➜ Formação de Complexos Agroindustriais ATIVIDADE COMPLEMENTAR Entre os anos 1940 e 1960 os irmãos Villas-Bôas ganha- ram notoriedade por suas expedições no Centro-Oeste brasileiro. Foram pioneiros na busca pela chamada “paci- ficação” dos Xavante (MT) e na idealização e implementa- ção do Parque Indígena do Xingu. Concebido em 1952, o Parque do Xingu previa limites bem mais extensos que aqueles encontrados atualmente. As cabeceiras de vários dos principais rios da região foram excluídas do local. Do ponto de vista ambiental, qual se- ria a importância de incluí-las? Hoje, quais são os riscos e ameaças que os indígenas que vivem no parque sofrem? Uma pesquisa individual ou em grupo pode ajudar os alu- nos a responder a esses e outros questionamentos. Assis- tir ao filme Xingu, de Cao Hamburger, pode ser um bom modo de os alunos coletarem informações e compreen- derem melhor a história da criação do parque. MATERIAL DE APOIO AO PROFESSOR LIVROS E ARTIGOSAB’SABER, Aziz N. Os domínios de natureza no Brasil: po- tencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. FREDERICO, Samuel. Agricultura científica globalizada e fronteira agrícola moderna no Brasil. Confins (on-line). N. 17, 2013. Disponível em: <http://confins.revues.org/8153>. Acesso em: 2 mar. 2017. GUIMARÃES, Paulo Ferraz et al. (Org.). Um olhar territorial para o desenvolvimento: Centro-Oeste. Rio de Janeiro: BNDES, 2014. MARICATO, Armely; FERRARI, Therezinha; HONORINA, Fátima. Indústria. Geografia do Brasil: região Sul. Rio de Janeiro: IBGE, 1977. v. 5, p. 405-452, 1977. PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâ- neo. São Paulo: Brasiliense/Publifolha, 2000. ROSS, Jurandyr L. S (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2003. SILVEIRA, Márcio Rogério. A importância econômica das estradas de ferro: Sul do Brasil. In: SILVA, João Márcio Pa- lheta da; SILVEIRA, Márcio Rogério (Org.). Geografia Eco- nômica do Brasil: temas regionais. Presidente Prudente: FCT/Ed. da Unesp, 2002. p. 117-135. FILME Xingu. Direção de Cao Hamburger. Produção: Fernando Meirelles. Brasil: O2 Filmes/Globo Filmes, 2011. SITES Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://mapas.ibge.gov.br/tematicos/amazonia-legal>. Acesso em: 7 mar. 2017. Instituto Moreira Salles – Exposição As construções de Brasí- lia. Disponível em: <www.ims.com.br/ims/visite/exposicoes/ as-construcoes-de-brasilia>. Acesso em: 3 abr. 2017. GABARITO COMENTADO PRATICANDO O APRENDIZADO 1. c. A alternativa c está correta porque a afirmação do agricultor remete ao fato de que fatores climáticos, ao contrário dos edafológicos, não são passíveis de serem controlados com tecnologia, e, por isso, é necessário que os produtores agrícolas busquem áreas com condições climáticas mais favoráveis. As 18 pH_EM2_C4_016a019_M21_GEO_MP.indd 18 6/13/17 1:20 PM alternativas incorretas são: a e d, porque o agricultor pode alterar a qualidade do solo; b e e, porque o agricultor não pode alterar as condições climáticas. 2. e. Como mencionado corretamente na alternativa e, os elementos do texto como inundações periódi- cas, clima tropical semiúmido e presença do Maciço de Urucum apontam para a planície do Pantanal. Estão incorretas as demais alternativas, porque não correspondem às características citadas no texto. 3. b. Como mencionado corretamente na alternativa b, as nascentes da bacia do Araguaia, no estado de Goiás, encontram-se ameaçadas por causa da erosão, inten- sificada pela agropecuária da região em solos areno- sos. Estão incorretas as alternativas: a, porque os solos da região não são jovens; c, d e e, porque o processo responsável pela erosão não é a urbanização, a ocu- pação de encostas ou a extração de rochas. 4. e. Nos últimos anos aconteceram graves conflitos entre povos indígenas e fazendeiros pela posse da terra em estados como Bahia, Mato Grosso e Roraima. Porém, a maior incidência de conflitos, alguns com assassinatos de indígenas a mando de latifundiários ou em confrontos com a polícia de- correntes de processos de reintegração de posse, ocorreram em Mato Grosso do Sul, atingindo prin- cipalmente as etnias guarani caioá e terena. 5. a. Como mencionado corretamente na alternativa a, o Pantanal se caracteriza por uma formação vege- tal complexa de porte arbóreo, arbustivo e herbá- ceo, representada por Cerrado, Floresta Tropical, Caatinga e Campos. Estão incorretas as alternativas: b, porque coníferas são características de clima frio; c, porque a alternativa descreve a Mata dos Cocais; d, porque o Pantanal é uma depressão cortada pelo rio Paraguai; e, porque a alternativa descreve a Mata Atlântica. DESENVOLVENDO HABILIDADES 1. c. Como mencionado corretamente na alternativa c, a pecuária nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil é produzida predominantemente segundo o modelo de criação extensiva, em grandes proprie- dades, pasto natural e destinada ao corte. Estão incorretas as alternativas: a e b, porque o modelo utilizado não é o intensivo; d, porque o confinamen- to do gado caracteriza o modelo intensivo e não há escassez de rebanhos; e, porque a produção da pecuária leiteira ocorre em áreas próximas ao mer- cado consumidor e, portanto, na região Sudeste. 2. b. A maior vocação agropecuária da região Centro- -Oeste ficou mais acentuada com a solução do pro- blema da acidez do solo pela técnica de calagem, o que deixou a região mais exposta à expansão da fronteira agrícola com crescente desmatamento das áreas de cerrado e com a inclusão do Pantanal como área de criação de gado. 3. d. O perfil orientado de nordeste para sudoeste atra- vessa respectivamente a parte amazônica de Mato Grosso, entrando pelo Cerrado e culminando com o Pantanal Mato-Grossense. APROFUNDANDO O CONHECIMENTO 1. c. As atividades econômicas predominantes (pecuá- ria extensiva, produção de carvão vegetal, agricul- tura comercial), a expansão da fronteira agrícola sobre a região e a área de 22% são características do Cerrado, mencionadas corretamente na alter- nativa c. Estão incorretas as alternativas: a, pois na caatinga predomina a agricultura de subsistência e ela responde por 10% do país; b, pois no bioma original da Mata Atlântica ocorre a maior concen- tração urbano-industrial do país e responde por 13%; d, pois além do pantanal responder por ape- nas 2% do território, na região se encontra o ex- trativismo vegetal, a pesca e a pecuária; e, pois as pradarias ou campos correspondem a 2% do país e ocorre o predomínio da agropecuária. 2. a. O estado de Goiás seguiu a tendência nacional a partir da década de 1970, ou seja, houve uma queda substancial na taxa de natalidade, o que reduziu a taxa de crescimento da população. As- sim, a população absoluta continuou crescendo, mas em ritmo cada vez mais baixo. Fatores como urbanização, emancipação feminina e difusão de anticoncepcionais foram importantes para reduzir a natalidade e fecundidade. 3. a. O Cerrado está entre os ecossistemas mais ricos e ameaçados no Brasil. Sua localização favoreceu a expansão da fronteira agropecuária a partir dos anos 1970. O processo deu-se, a princípio, de for- ma desordenada e com pouca fiscalização. A alternativa b é falsa, o Cerrado foi um dos úl- timos ambientes naturais do Brasil a ser atingido pela expansão econômica e não é uma área de grande importância na produção cafeeira. A alternativa c é falsa, a falta de fiscalização apro- priada é um dos principais problemas na preser- vação do Cerrado. Além disso, os programas de preservação da Amazônia são de outra natureza. A alternativa d é falsa, o monitoramento é sobre a expansão agropecuária dos 50 municípios citados. A alternativa e é falsa, a expansão de voçorocas resulta de ocupação desordenada do solo, e não de suas qualidades. 19 R e g io n a liz a çã o b ra si le ir a : o C e n tr o -O e st e G E O G R A F IA M — d u lo 2 1 pH_EM2_C4_016a019_M21_GEO_MP.indd 19 6/13/17 1:20 PM 22 Módulo OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES • Caracterização física • O processo de ocupação • Desenvolvimento econômico • H9 - Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial. • Analisar as características físicas e econômicas das di- ferentes sub-regiões nordestinas. • Associar os problemas climáticos da região às dificul- dades socioeconômicas existentes. • Reconhecer os impactos ambientais e socioeconômi- cos dos investimentos recentes na região. Regionalização brasileira: região Nordeste INTRODUÇÃO Continuando o estudo sobre a geografia regional do Brasil, propomos que neste módulo seja apresentado aos alunos o novo padrão de crescimento que o Nordeste vem vivenciando: maiores taxas de crescimento do PIB regional, aumento do consumo, diminuição da miséria, aumento dos investimentos na saúde e na educação pú- blicas, melhoriasna distribuição de renda entre a popula- ção – um resultado da combinação entre o ótimo desem- penho econômico da última década com a ampliação dos investimentos sociais. Embora os resultados positivos não sejam homogê- neos em toda a região, atualmente é possível notar trans- formações significativas até mesmo no Sertão, marcado historicamente por um quadro social mais vulnerável. ESTRATÉGIAS DE AULA AULA 1 Propomos que na primeira aula seja feita uma investiga- ção sobre as razões que contribuíram para que o Nordes- te (juntamente com a região Norte) se configurasse como a região brasileira que apresenta os piores indicadores econômicos e sociais no país. Veja alguns dados a seguir. Eles podem ser impressos e distribuídos aos alunos. Esperança de vida ao nascer (1999) Brasil e grandes regiões Média de idade de ambos os sexos Brasil 68,4 Norte 68,2 Nordeste 65,5 Sudeste 69,4 Sul 70,8 Centro-Oeste 69,1 FONTE: IBGE. Indicadores sociais mínimos. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/tabela1.shtm>. Acesso em: 2 maio 2017. Taxa de urbanização (1996) Brasil e grandes regiões Média de idade de ambos os sexos Brasil 78,4 Norte 62,4 Nordeste 65,2 Sudeste 89,3 Sul 77,2 Centro-Oeste 84,4 FONTE: IBGE. Indicadores sociais mínimos. Disponível em: <www.ibge.gov.br/home/estatistica/ populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/tabela1.shtm>. Acesso em: 2 maio 2017. 20 pH_EM2_C4_020a025_M22_GEO_MP.indd 20 6/13/17 1:20 PM PIB per capita (2011) Brasil e grandes regiões PIB per capita (em mil dólares) Brasil 11 800 Norte 7 610 Nordeste 5 687 Sudeste 15 534 Sul 13 360 Centro-Oeste 15 249 FONTE: CRESPO, Silvio Guedes. Piauí tem PIB africano, e Distrito Federal, europeu. Disponível em: <http://achadoseconomicos.blogosfera.uol.com.br/2013/12/16/piaui-tem-pib-per-capita- africano-e-df-europeu-veja-mapa/>. Acesso em: 13 mar. 2017. É importante destacar que a região Nordeste se desen- volve a partir de uma forte concentração fundiária e de uma economia extrovertida comandada por empresas coloniais portuguesas. No entanto, não podemos apenas nos pren- der ao aspecto colonial, que muitas vezes é utilizado como justificativa simplista para os problemas dessa região. Fazendo um recorte mais recente, é fundamental demonstrar que a região sofreu por décadas com a ine- ficiência das políticas de apoio estatal, carecendo de infraestrutura capaz de fomentar o setor produtivo, além de serviços públicos de qualidade que garantissem o seu desenvolvimento social. As poucas iniciativas a que assistimos ao longo do século XX, às quais cabiam reverter o precário quadro socioeconômico da região, mostraram-se ineficientes e muitas vezes apoderadas por setores da sociedade que as utilizaram para proveito próprio. Como exemplo é possível citar a própria Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), instituições que historicamen- te estiveram relacionadas a escândalos de corrupção e ao comando das oligarquias nordestinas. Nesse momento, é importante discutir a chamada indústria da seca do Sertão, demonstrando que recur- sos destinados ao combate à seca são constantemente desviados para o favorecimento direto da oligarquia nordestina – são incontáveis os casos de obras feitas em grandes fazendas com verba pública – ou indireto, por meio da criação de uma situação de dependência da população mais pobre em relação às políticas assis- tencialistas que muitas vezes criam verdadeiros currais eleitorais. Ao final desta aula, resolva com a turma a questão 1 da se- ção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios propostos na seção De- senvolvendo habilidades, sobretudo as questões 3, 4 e 5. Como aprofundamento facultativo, sugerimos a uti- lização das questões propostas na seção Aprofundando o conhecimento. AULA 2 Na segunda aula é possível enfatizar as transforma- ções recentes que o Nordeste vem apresentando, fenô- meno que tem sido chamado de “milagre nordestino”. O estímulo crescente ao turismo na Zona da Mata – com destaque para a presença do capital internacional inves- tido na rede hoteleira da sub-região –, as políticas esta- duais de incentivos fiscais e a reestruturação recente do polo petroquímico de Camaçari, que agrega até mesmo indústrias automobilísticas como Ford, Continental AG e, mais recentemente, JAC Motors, sem dúvida têm contri- buído para o crescimento da região a taxas superiores à da média brasileira. No Agreste o destaque é a presença do segundo maior polo têxtil do país, que se beneficia da tradicional agricultura do algodão da região e da mão de obra barata. No Sertão, o desenvolvimento de uma fruticultura ir- rigada nas margens do rio São Francisco traz oportunida- des de geração de renda e emprego para a população de cidades como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Vale a pena lembrar que geralmente a fruticultura exige cuidados ma- nuais com sua colheita, o que tende a gerar empregos. O Meio-Norte, por sua vez, constitui-se como área de expansão da fronteira agrícola, recebendo investi- mentos na agricultura da soja e da mamona – esta última tem ganhado espaço a partir da década de 2000 pelo estímulo do governo federal ao uso de biodiesel. Cabe destacar que a expansão dessas lavouras para o Meio- -Norte tem contribuído para a devastação da chamada Mata dos Cocais, muito importante para o sustento de povos tradicionais da sub-região, como as quebradeiras de coco de babaçu. Ao final desta aula, resolva com a turma a questão 2 da seção Praticando o aprendizado. Para casa, sugerimos que os alunos trabalhem os exercícios propostos na seção De- senvolvendo habilidades, sobretudo as questões 1 e 2. Como aprofundamento facultativo, sugerimos a uti- lização das questões propostas na seção Aprofundando o conhecimento. ANOTA‚ÍES 21 R e g io n a liz a çã o b ra si le ir a : re g iã o N o rd e st e G E O G R A F IA M — d u lo 2 2 pH_EM2_C4_020a025_M22_GEO_MP.indd 21 6/13/17 1:20 PM I. INTRODUÇÃO ➜ Histórico de perdas • Extrativismo • Capitanias hereditárias • Ineficiência das políticas de apoio estatal • Região com indicadores econômicos e sociais Obs.: indústria da seca, transformações recentes ➜ Milagre nordestino • Destaque no crescimento econômico II. REGIONALIZAÇÃO ➜ Quatro sub-regiões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte São Luís Teresina Fortaleza Natal Recife Maceió Aracaju Salvador João Pessoa N 290 km 0 OCEANO ATLÂNTICO 10º S Meio-Norte Sertão Agreste Zona da Mata MA PI CE RN PB PE SE AL BA PA TO GO DF MG ESESESESES R io S ã o F ra n c is co R io P ar naí ba Rio To ca n tin s Nordeste: as sub-regiões FONTE: CALDINI, Vera; ÍSOLA, Leda. Atlas geográfico Saraiva. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. p. 72. Adaptado. A) Zona da Mata ➜ Clima tropical úmido ➜ Vegetação original • Mata Atlântica ➜ Forte apelo turístico • Hotéis (ex.: Costa do Sauípe – BA) • Eventos (ex.: Carnaval fora de época) Obs.: benefícios 3 problemas do turismo • Geração de renda e emprego • Dependência excessiva • Atração de investimentos • Estímulo aos fluxos ilegais • Melhoria da infraestrutura (ex.: obras de revitalização) • Segregação socioespacial A1) Zona da Mata açucareira (extensão litorânea do Rio Grande do Norte até o norte da Bahia) ➜ Produção de sal (condições ambientais favoráveis) ➜ Produção histórica de cana-de-açúcar Obs.: problemas do cultivo da cana-de-açúcar • Monoculturas • Mão de obra temporária • Queimadas • Vinhoto A2) Zona da Mata do Recôncavo Baiano (cidades do entorno da baía de Todos-os-Santos) ➜ Polo petroquímico de Camaçari • Grande produção de petróleo • Indústria automobilística (incentivos fiscais) A3) Zona da Mata do sul da Bahia (Ilhéus) ➜ Produção tradicional de cacau • Declínio a partir
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