Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
8 1. INTRODUÇÃO O tema abordado na presente monografia é um estudo sobre a utilização do Facebook e do Instagram como mídias sociais para o desenvolvimento do empreendedorismo digital. O site Vers Contabilidade (online) afirma que, desde os negócios mais tradicionais, como lojas e restaurantes até empresas de tecnologias e startups, o empreendedorismo no Brasil tem se tornado sólido. E com o avanço da internet, o empreendedorismo nos meios digitais ganhou ainda mais força, uma vez que esse tipo de negócio se caracteriza por ter como base a inovação, por vezes estar relacionado à economia criativa, além de ter como ferramentas website e interações nas redes sociais. Nesse cenário, os consumidores compartilham suas marcas prediletas, produzem conteúdo e coparticipam da criação de novas tendências. Segundo Kotler (2003) a internet se tornou um canal de comunicação e disseminação de informações entre pessoas de todas as classes sociais e lugares. A cada dia, empreendedores têm percebido essa importância e buscam nas plataformas digitais a possibilidade de aumentar a credibilidade, as vendas, o reconhecimento e o fortalecimento de suas marcas. As redes sociais têm mudado não só a forma das empresas se comunicarem, como também os processos estratégicos de mercado e construção de marcas. Antigamente a única forma da empresa se relacionar com o consumidor era via comunicação face a face, mas hoje em dia, existem muitos outros meios de comunicação e a internet tem sido utilizada para despertar o interesse, chamar a atenção e prover a relacionamento com o público. Gitomer (2012) afirma que as mídias sociais, por serem redes de interação constante com o público, são aliadas para esses processos. Segundo o Sebrae (online, 2016), em 2015, cerca de 39,1 milhões de consumidores realizaram compras pela internet. O mercado de e-commerce no Brasil tem crescimento de 15,3% ao ano e movimentou R$ 41,3 bilhões na economia brasileira. Dentre os motivos para seu crescimento, considera-se a maior segurança para compras online, as plataformas de e-commerce mais facilitadoras e maiores possibilidades nos meios de pagamentos eletrônicos. A categoria “Modas e Acessórios” é responsável pelo maior volume de transações do e-commerce, representando 14% das vendas. As exposições das peças pelas mídias sociais têm despertado também o interesse dos consumidores pela compra. 9 Considerando esse cenário, a monografia tem por objetivo investigar a importância do Facebook e do Instagram a fim de entender como o marketing digital pode contribuir para o posicionamento da marca de um empreendedor em relação a seus públicos de interesse. Por essa razão, foi realizado um estudo bibliográfico sobre empreendedorismo digital no Brasil e sobre marketing digital e suas ferramentas, além de uma análise sobre como um médio empreendedor digital utiliza as mídias sociais para fortalecimento de marca. A escolha do tema se justifica pelo fato de ser um assunto atual e por estar diretamente relacionado ao escopo de Relações Públicas, já que essa atividade parece contribuir de forma mais holística para o estudo das mídias sociais de forma mais estratégica para uma empresa. Para investigar o impacto do marketing digital nos negócios, foi escolhida a marca Francisca Joias Contemporâneas. Segundo o blog institucional, a Francisca Joias foi criada em 2012 por Sabrina Nunes. Inicialmente a loja era apenas virtual, mas atualmente, além do e- commerce, a empresa tem um espaço físico e conta com revendedoras por todo Brasil. A marca produz cerca de 60 quilos de semijoias por mês e vende mensalmente 12 mil unidades, tendo uma disponibilidade de 3000 peças diferentes. No ano de 2016, a marca fechou o ano com faturamento de R$2,5 milhões e, em 2017, a previsão é de R$ 3 milhões. Segundo entrevista cedida ao IG (online, 2016), Sabrina afirma que tem muitos seguidores no Facebook e Instagram e que por isso valoriza um atendimento diferenciado. A empreendedora afirma que sua operação cresce 10% ao mesma com a venda das semijoias. Para fazer esse trabalho de conclusão de curso, foi utilizada, como metodologia, além da pesquisa bibliográfica, estudo de caso, análise de conteúdo e pesquisa em profundidade. A pesquisa bibliográfica foi importante para investigar os temas empreendedorismo e marketing digital. Com essa pesquisa, pode-se entender como o marketing digital pode ser utilizado a fim de gerar resultados positivos para o negócio. Também foram analisados posts no Facebook e no Instagram da marca Francisca Joias, entre os dias 8 de outubro a 7 de novembro de 2017, para identificar qual tipo de conteúdo gera mais engajamento do público de interesse por meio de curtidas/reações, comentários e compartilhamentos. Foi realizada ainda entrevista com consumidoras da marca para entender como elas percebem o posicionamento e o relacionamento da marca Francisca Joias com seus clientes. 10 A monografia foi dividida em três capítulos. No primeiro capítulo buscou-se entender como surgiu o empreendedorismo no mundo, quando se manifestou no Brasil e como se deu seu crescimento, destacando grandes empreendedores brasileiros, de acordo com pesquisadores sobre o tema, e perceber os novos “caminhos” que o empreendedorismo percorre no ambiente digital. Foi necessário também fazer um levantamento sobre as características do empreendedor. Neste capítulo, destaque para os autores Antônio Maximiano, David Hurvey, Margarida Kunsch, entre outros. No capítulo seguinte, o foco foi abordar conceitos sobre marketing e como é importante para promoção e relacionamento das marcas com seus públicos de interesse. Ao estudar autores como Philipe Kotler, Martha Gabriel e Cris Anderson, procurou-se analisar quais foram algumas mudanças do marketing até o cenário digital. No ultimo capítulo, analisou-se a Francisca Joias Contemporâneas, procurando entender sua história, seu perfil e seu comportamento nas mídias sociais. Por isso, nessa etapa da monografia, procurou-se fazer um levantamento e análise sobre o conteúdo da marca durante um mês e quais as percepções que as consumidoras têm em relação a essa “pegada” digital no Facebook e Instagram, seja pesquisando as reações nas mídias seja por meio de entrevista com quatro consumidoras da marca. 11 2. ANÁLISE DO EMPREENDEDORISMO O empreendedorismo começou com pequenas ideias que buscavam transformar o modo dos negócios, segundo Maximiano. Hoje em dia se tornou uma dos maiores fontes de fazer a economia mundial crescer. No Brasil, seu crescimento se acelerou com o passar dos anos e novos meios de se fazer negócios surgiram, como o empreendedorismo digital. Empreender no ambiente online já é realidade e uma oportunidade de fortalecer relacionamentos com os consumidores. 2.1. Visão geral sobre empreendedorismo Segundo a Rede E-Tec Brasil (2013, p.15-17), a palavra “empreendedor” vem do termo “entrepeneur”, palavra de origem francesa que significa assumir riscos e começar algo novo. Ainda nessa publicação Jean-Baptiste Say, economista francês, teria sido o primeiro a usar o termo “empreendedor” em 1814, ao analisar uma pessoa que transporta recursos financeiros de um setor com produtividade baixa para um setor com produtividade alta. No ano de 1984, Joseph Schumpeter, economista austríaco, se refere ao termo como alguém com vontade de mudar uma ideia em uma inovação maior. Antônio Pires de Carvalho, em 1996, afirma que os empreendedores são pessoas ousadas e dispostas a criar algo novo, com facilidade de resolver problemas, incansáveis na busca por informações que possibilitem a melhoria em seu ramo de atividade e que identificam oportunidades. Já no século XXI, Idalberto Chiavenato afirma que ser empreendedor é ter sensibilidade para os negócios, dinamismo, realizar propostas,assumir riscos e responsabilidades e inovar na sua área de atuação. Porém a definição mais bem aceita até os dias de hoje é de Robert Hisrich que, em 1985, afirmou que o empreendedorismo era um processo de criar algo diferente, que demanda tempo e esforço, assumindo riscos e recebendo recompensas econômicas e pessoais. Antônio Maximiano (2012, p.3) diz que os grandes empreendedores do mundo começaram suas empresas a partir de pequenas ideias que buscavam transformar o modo de fazer negócios e a sociedade de um modo geral, como Henry Ford, fundador da Ford. Segundo a Rede E-Tec Brasil (2013, p.17-18), um dos maiores empreendedores da história foi Marco Polo, que, entre os anos de 1271 a 1295, tentou criar uma rota comercial para o Oriente. Marco Polo assinou um contrato com capitalistas da época a fim de comercializar seus produtos e sempre 12 fazia viagens para praticar suas ações de negociação, e isso fez com que ele seja considerado empreendedor, já que ele assumia riscos para atingir seus objetivos. De acordo com Maximiano (2012, p.3-5), os países com maiores padrões e níveis de qualidade de vida atualmente são aqueles com mais empreendedores. O empreendedor possui alguns traços de comportamento que o define, fazendo com que se destaque das demais pessoas, como: 1) a capacidade de implementação e a criatividade, traços relacionados a pessoas que sempre idealizam algo novo e que sabem transformar seus negócios em algo viável; 2) disposição para assumir riscos e a aposta que o empreendedor faz em cima do novo negócio (resultado influenciado por diversos fatores do ambiente externo); 3) perseverança e otimismo para diminuir o desânimo causado por obstáculos que surgem no caminho; e 4) senso de independência por conta da não diluição de responsabilidades que o empreendedor encontra. Para o autor, algumas pessoas possuem apenas alguns desses traços de comportamento, porém, o ideal é que se consiga alcançar todos eles para ter mais chances de atingir o objetivo. Segundo Luís Vabo Júnior (ENDEAVOR online, 2013), o Vale do Silício, na Califórnia, é atualmente um dos maiores lugares de empreendedorismo e inovação mundial, com organizações líderes e referências nos seus segmentos e mercados globais, como Apple, Google, Facebook, Intel, HP, eBay, Twitter, Linkedin, Netflix e Yahoo!. A cerca de 60 km de São Francisco, esse conjunto de pequenas cidades abriga pioneiros desse segmento que fizeram crescer o conceito de empreendedorismo mundo afora, atraindo pessoas interessadas em aprender mais sobre empreendedorismo. Maximiano (2012, p.6-8) afirma que, ao criar algo novo, é importante se submeter a um estudo rigoroso de viabilidade para que os riscos sejam avaliados antes de tomar qualquer decisão. Ao empreender, deve-se pensar nas vantagens, como autonomia para tomar decisões, desafio de se lançar em um novo negócio e a sensação de segurança que o controle financeiro traz, e desvantagens, a exemplo do sacrifício pessoal exigido desde a criação da empresa até a sua consolidação, o esforço pessoal que depende de dedicação integral, afetando o empreendedor com uma sobrecarga de responsabilidades e a tomada de uma decisão errada que pode comprometer a continuação da empresa. Ou seja, o empreendedor conta apenas com a sua intuição e seus conhecimentos de negócio, e qualquer decisão errada pode fazer a empresa fracassar. O autor destaca ainda que é preciso identificar 13 novas oportunidades, mantendo-se informado sobre as tendências do mercado, observar a concorrência e entender quem são os reais competidores de mercado e se o ramo de atividade escolhido é controlado por organizações dominadoras que ditam as regras do jogo, além de atribuir vantagens competitivas em seus produtos ou serviços para atrair a preferência dos clientes, superar os competidores, estabelecer sua marca no mercado e fortalecer sua identidade perante aos públicos de interesse. Para a Rede E-Tec Brasil (2013, p.15-16), um empreendedor precisa ser capaz também de criar algo que já existe, mas com uma funcionalidade nova. Deve buscar sempre a descoberta de novas oportunidades para atuar na inovação, não ter receio de assumir riscos, detectar boas oportunidades, buscar novos conhecimentos e informações. Segundo Maximiano (2012, p.9), o lucro é o objetivo final de qualquer empreendimento. Para assegurá-lo, o empreendedor precisa adquirir recursos materiais, como capital, espaço e instalações e recursos imateriais, como tempo e conhecimento. O desempenho do negócio depende, em grande parte, da qualidade da administração imposta pelo empreendedor e o processo de tomada de decisões sobre o uso de recurso, resoluções de problemas, gerenciamento de pessoas, trabalho com gestão e liderança e a maneira como recebe as informações que o mercado oferece. “Como quase tudo na vida, os bons negócios dependem de estar no lugar, na hora certa. Nem antes nem depois. E, podemos acrescentar, com o produto certo. Na verdade, o empreendedor não esbarra com a oportunidade diante de si. Ele a persegue e sabe identificar um filão de ouro quando o encontra. Existe um longo caminho entre uma boa ideia e um empreendimento de sucesso. Esse é o papel do empreendedor: transformar ideias em oportunidades de negócios.” (MAXIMIANO, 2012, p.23) David Harvey (2011, p.102-104) afirma que o capitalismo também tem como objetivo o lucro. A busca por esse lucro é baseada em diferentes “esferas de atividades” que são: tecnologias e formas de organização; relações sociais; arranjos institucionais e administrativos; processos de produção e de trabalho; relações com a natureza; reprodução da vida cotidiana e da espécie; e concepções mentais do mundo. Todas essas esferas evoluem, se relacionam entre si e nenhuma delas é dominante sobre as demais. Essa evolução acontece naturalmente, assim como as relações do dia a dia. Para Harvey, a globalização esteve na mira do capitalismo há 14 muito tempo e, quando as primeiras fábricas começaram a soltar fumaças pelos ares, houve muita satisfação. As relações de trabalho antigamente também não eram questionadas e qualquer ideia de empreendedores inovadores era colocada no centro das discussões. Hoje em dia, as novas formas sociais, políticas e produtivas, a questão ambiental e o igualitarismo nas relações sociais fizeram com que as mudanças do cenário do trabalho e emprego mudassem as concepções mentais do mundo. A produção e os processos de trabalho são diretamente resultados do modo como a vida diária é reproduzida pelo consumo. E isso contribui para um discurso cada vez mais forte sobre a importância e/ou necessidade de se empreender, seja abrindo um negócio ou adotando uma postura empreendedora no local de trabalho. Margarida Kunsch (2016, p.1) afirma que a globalização tem consequências políticas, econômicas e sociais como, por exemplo, a desregulamentação e as privatizações. A redução do Estado Nacional também é uma mudança e chama atenção para os grupos que determinam as regras sobre os estados nacionais. “A globalização cria um campo de jogo nivelado. A competitividade das empresas não será mais determinada por seu tamanho, seu país de origem ou sua vantagem passada. Empresas menores, mais jovens e localmente estabelecidas terão chance de competir com empresas maiores, mais antigas e globais.” (HARVEY, 2011, p.25) Segundo Kunsch (2016, p.2), as empresas de antigamente estavam acomodadas, com gestões individualistas, aumentando os lucros, tendo uma relação com empregados de subordinação e paternidade. Hoje em dia, antenadas com as mudanças do cenário mundial, as empresas são mais abertas, criando canais de comunicação com seus públicos de interesse, respeitando o consumidor e visando os públicos estratégicos. As organizações agora têm muito mais consciência do papel delas na sociedade, adotando nova postura organizacionale um compromisso muito maior com a qualidade e a competição. Entende-se que o empreendedorismo no cenário mundial cresceu a partir de pequenas ideias que buscavam inovar em determinados setores da economia. Para ser empreendedor, é necessário assumir riscos, estar disposto a superar desafios e obter lucro. Tudo isso possibilita a continuidade da própria organização. Com os passar dos anos, mudanças no cenário da economia e trabalho ocorreram, sendo necessária a adaptação frente às transformações do macroambiente, citadas anteriormente, para se manter em competitividade. Essas mudanças no cenário 15 mundial e, consequente, do trabalho possibilitou o aparecimento e crescimento do empreendedorismo no Brasil. 2.2. Cenário histórico do empreendedorismo no Brasil Stanley Loh (2016, p.80) afirma que, desde a colonização do Brasil pelos portugueses, não havia incentivo ao empreendedorismo no país. Portugal se prevalecia dos brasileiros, nativos e imigrantes, centralizando seu poder e limitando suas iniciativas. O medo de uma possível evolução e independência do Brasil fazia com que Portugal restringisse todas as possibilidades de empreendedorismo local e focasse em melhorias para o próprio governo. A chegada de muitos imigrantes durante o século XVI, fez com que o empreendedorismo aumentasse significativamente no país. Apesar da falta de estímulo de Portugal ao empreendedorismo no Brasil, aos poucos os imigrantes que chegavam começavam a aprender a negociar com os dominadores e foram ganhando espaço nessas relações. Por estarem em situações adversas, com dificuldades de sobrevivências, o senso de adaptação é aumentado e transforma essas pessoas em "mestres da invenção". Segundo a Rede E-Tec Brasil (2013, p.19), o empreendedorismo no Brasil começou no ano de 1920, quando mais de 4000 indústrias subsidiadas pelo governo surgiram para concorrerem com as indústrias internacionais. Doze anos depois, o presidente Getúlio Vargas criou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e, em 1960, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) e a Petrobras. Com o surgimento dessas três estatais, estabeleceu-se o incentivo à iniciativa privada no país. Nos anos de 1956 a 1960, durante o governo de Juscelino Kubitschek, o Plano de Metas possibilitou a abertura da economia brasileira para o capital estrangeiro e o desenvolvimento da indústria naval. Mas, apesar disso, segundo José Dornelas (2016), antes de 1990 quase não se tinha informações sobre o empreendedorismo no Brasil. Com a criação do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), a prática e o estudo sobre o assunto ganharam força, possibilitando o incentivo aos projetos em desenvolvimento para difundir entre a população o empreendedorismo. Stanley Loh (2016,p.236) afirma que o Brasil teve grandes empreendedores, como Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, e Alberto Santos Dumont. O Barão de Mauá investiu em estaleiros e rodovias para escoar a produção brasileira 16 de café, açúcar e algodão, abrindo várias frentes de negócios para alavancar a industrialização no Brasil. E Santos Dumont, conhecido como pai da aviação, era inventor, cientista, gerente de projetos e empreendedor. Fez 14 protótipos de balões, o seu último balão deu sustentação ao aeroplano e ficou conhecido mundialmente como 14 Bis. Alexandre Volpi (2002, p. 116-131) cita Valentim dos Santos Diniz, fundador da rede de supermercados Pão de Açúcar, como um grande empreendedor brasileiro do século XX. De acordo com o autor, Valentim Diniz revolucionou o setor do varejo com novas formas de atendimento aos clientes, seus filhos criaram o setor de ombudsman1, influenciando padrões de consumo e comportamento. O Pão de Açúcar era apenas uma doceria em 1948 e hoje em dia é um Grupo, dono das marcas Pão de Açúcar, Extra, Atacadista Assaí, Ponto Frio e Casas Bahia, por exemplo, (cf. site institucional Grupo Pão de Açúcar). De acordo com uma pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2011), de cada 100 brasileiros em população adulta, mais de 17 são empreendedores em negócios com até três anos e meio de atividade. Porém, ainda de acordo com pesquisas, essa participação é relativamente baixa, pois a probabilidade de um negócio se manter por mais de três anos é muito pequena. Maximiano (2012, p. 8) afirma que nossa economia não é acolhedora para o pequeno empreendedor, devido a grandes juros e cargas tributárias (impostos federais, estaduais, municipais e obrigações trabalhistas). “Os incentivos financeiros podem até estimular o empreendedorismo e o surgimento de empresas, mas é na motivação pessoal, interna, que uma economia deve se basear, pois ali está a real, pura e honesta motivação para empreendedores. Inovação e empreendedorismo têm que vir de pessoas e onde mais facilmente as ideias prosperam é em pequenas empresas.” (LOH, 2016, p. 352) Segundo dados do Serasa Experian (2016), em 2015 foram criadas mais de 1 milhão de novas empresas no Brasil, dado importante pois percebe-se que o movimento empreendedor no Brasil é muito relevante para o crescimento da economia e do desenvolvimento social. Felipe Dorneles e Tiago Mainieri (2001, p. 1- 12) afirmam que três motivos são relevantes para se entender o porquê de tantas novas empresas serem criadas. O primeiro deles é o contexto atual do país, com 1 Ombudsman: Palavra sueca que significa “aquele que representa”. Conceito surgiu em 1713 na Grécia e se refere a profissionais responsáveis por receber críticas, sugestões ou reclamações de consumidores atuando de forma imparcial (COSTA, 2006). 17 altos índices de desemprego, o que favorece o empreendedorismo porque os trabalhadores pensam em novas alternativas de sustento. O segundo motivo são as exigências do mercado que buscam cada vez mais pessoas com perfis de inovação, independência, planejamento e liderança, qualidades de empreendedores. E o terceiro motivo é a introdução de matérias sobre empreendedorismo e inovação nos ambientes do ensino médio e superior, para estimular a formação de novos empreendedores. Para o Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2016), a maioria dos empreendedores em fases iniciais são pessoas do sexo feminino, com faixa etária de 25 a 34 anos, com renda de até três salários mínimos e com grau superior incompleto. Esses dados mostram que a menor parte dos empreendedores (cerca de 14,6%) possuem ensino superior completo e renda maior que seis salários mínimos (cerca de 16,7%) e que cerca de 15% são de pessoas com mais de 55 anos. Fonte: idem (2016, p. 42.) 18 O empreendedorismo no Brasil começou quando os primeiros imigrantes negociaram produtos e serviços em troca de outros produtos. Muitos anos depois, quando o governo começou a dar incentivos para empreendedores, o mercado cresceu e vem expandido. Grandes empreendedores brasileiros, como Barão de Mauá e Santos Dumont, fizeram história, com inovações em diversos setores da economia. Atualmente o empreendedorismo no Brasil tem crescido devido ao desemprego e a algumas exigências do mercado de trabalho. Além disso, com o crescimento e barateamento da internet no Brasil, o empreendedorismo digital ganhou força e possibilitou novos negócios no ambiente virtual. 2.3. Empreendedorismo digital Segundo Adriane Bernardo e Jaiane Pereira (2015), fazer negócios no ambiente digital se tornou mais comum devido à diminuição dos custos na infraestrutura da internet, propiciando a formação dos empreendedores digitais. Nesse ambiente, a concorrência é maior e os consumidores são mais exigentes, por terem mais espaço para opiniões. O site Vers Contabilidade (online) afirma que as primeiras impressões que se tem do empreendedorismo digital é no início dos anos 90 quando surgiram as primeiras startupsonline (empresas jovens que buscam inovação em qualquer área, procurando desenvolver um modelo de negócios escalável e repetitivo) do Brasil. Dois exemplos de startups que surgiram na década de 90 foi o Zick e o Cadê, vendidos para o Yahoo!. No ano de 2008, com a crise econômica que chegou ao Brasil, várias startups ressurgiram no mercado. Orientados nos modelos internacionais de negócios, nos anos de 2009 a 2012, surgiram a Dafiti, maior loja de calçados brasileira, inspirada na Amazon Bazarpos, e o Peixe Urbano, que trouxe um modelo internacional de compras coletivas para o país e que foi vendido em 2014 para o Badoo, “espécie” de Google da China. Bernardo e Pereira (2015, p.7) afirmam que o comércio na internet é um dos setores empresariais mais atrativos para empreendedores. Segundo Tiago Moraes (Agência E-Plus online, 2016), o modelo de vendas pela internet chama-se e- commerce. O e-commerce, que significa comércio eletrônico, surgiu nos Estados Unidos em 1979, quando o inventor inglês Michael Aldrich usou uma linha de telefone e uma televisão para criar o primeiro sistema de compras online, voltado para o consumo de outras empresas ou para consumidores finais. Treze anos depois esse modelo de vendas online chegou no Brasil. No ano de 1992 a Magazine 19 Luíza introduziu essa modalidade de negócio como uma loja eletrônica a fim de conquistar mais clientes. Pelas leis do Brasil, o uso de internet para fins comerciais só foi liberado no ano de 1995, pelo Ministério das Comunicações, e antes desta data, a internet só podia ser usada para fins de lazer pessoal. Por isso, oficialmente a primeira loja virtual no país foi a Brasoftware em 1996. Com a chegada de pequenos, médios e grandes comerciantes no ambiente virtual, nos anos seguintes houve o “êxodo digital”, fenômeno que caracteriza o fato dos varejistas integrarem suas lojas físicas com as digitais. Desde então os números do comércio online só cresceram. Segundo a Consumer Barometer (2015, p.3), 29% de usuários de internet no mundo realizaram sua última compra pela internet. A 27ª Pesquisa Anual de Administração e Uso da Tecnologia da Informação nas Empresas (2016, p.8) afirma que o número de smartphones no Brasil chega a 168 milhões. A previsão é que até 2017 sejam 236 milhões de smartphones ativos no país. O Ibope Nielsen Online (2015) afirma que cerca de 72,4 milhões de brasileiros possuem smartphones. No mesmo ano, o Google Consumer Barometer (2015, p.3) afirmou que o número de usuários com acesso à internet por smartphone correspondia a 47% da população. Fonte: idem (2015, p.3) 20 Moraes (Agência E-Plus online, 2016) afirma que, apesar de 20 anos de comércio eletrônico no país, o Brasil tem investido ano após ano em novas plataformas de aprimoramento. Somente no ano de 2016, o e-commerce cresceu cerca de 16%, aumento que se deve a dois fatores: o número de usuários da internet que aumentado devido à facilidade do acesso à internet de modo geral e à evolução das tecnologias de plataformas digitais que permitem a inovação das lojas nos meios virtuais. Esse fato proporciona uma maior escalabilidade dos negócios no meio digital e oferece aos varejistas recursos para estudar e entender as proporções que seu negócio pode alcançar no mercado. Além disso, existe o marketing digital que cresce juntamente com o empreendedorismo digital e fornece diversas plataformas para potencializar a divulgação das marcas. Com o uso correto dessas plataformas, é possível atingir públicos cada vez mais específicos em seus nichos, ajudando o empreendedor na retenção e fidelização do consumidor. Porém Bernardo e Pereira (2015, p. 21 e 22) descobriram, em uma pesquisa de campo realizado pelo Sebrae, que os desafios do empreendedorismo digital também devem ser levados em consideração. O custo elevado dos projetos digitais faz com que os empreendedores precisem sair da “zona de conforto” e avançar na procura por informações e investidores. Empreender no meio digital é também criar conteúdo relevante para alimentar os canais que a marca dispõe. Desta forma, os clientes podem compartilhar as informações, fazendo uma espécie de propaganda e diminuindo, assim, os custos da empresa com mídia paga. Mas assim também como no mercado off-line, os negócios no meio digital podem ter efeitos negativos, se decisões equivocadas forem tomadas, então toda ação deve ser bem planejada. O empreendedorismo digital se tornou mais relevante no cenário dos negócios devido à popularização da internet. Com o desenvolvimento de startups, novas empresas, inspiradas em modelos internacionais de tecnologia, surgiram. Como o acesso aos dispositivos móveis cresceu no país, o empreendedorismo digital acompanhou também esse crescimento e só no Brasil, no ano de 2015, quase 50% da população tinha um smartphone. Devido a isso, o marketing precisou ser repensado para esse novo cenário em que o digital vem se transformando em uma plataforma que pode representar um “divisor de águas” para negócios, comunicação e relacionamento de marcas. 21 3. ANÁLISE DO MARKETING O marketing tem por objetivo conhecer o público-alvo e satisfazer seus desejos e necessidades. Acompanhando a evolução humana, o marketing se moldou aos às mudanças na sociedade, criando ferramentas que favorecessem a nova realidade do mercado. Ao usar corretamente as ferramentas do marketing digital, pode-se obter êxito em ações de comunicação e aumentar os lucros. 3.1. Do marketing ao marketing digital Kotler (2006, p.4) define o marketing como algo que supre as necessidades humanas de forma lucrativa e afirma que, do ponto de vista gerencial, marketing é um processo que planeja e executa ações, além de determinar o preço, a promoção e a distribuição de produtos e serviços. De acordo com Kotler (2017, p.133 e 134) o marketing inicial era centrado no produto e tinha o lucro como principal fonte de retorno. Com o passar dos anos, adaptado às novas realidades do mercado, o marketing passou a ter como foco o consumidor e identificar suas demandas. O marketing centrado no ser humano foi o resultado natural da segunda evolução do marketing, e nesse terceiro estágio, os profissionais de marketing pensavam nos consumidores como seres humanos com corpo, alma e espírito, preenchendo não apenas as suas necessidades básicas, mas também as emocionais e suas ansiedades. À medida que o mundo evoluiu para o modo cada vez mais digital, cresceu a importância de observar as transformações que aconteciam e se adaptar também a elas. O marketing centrado no ser humano ainda é a chave para atração da marca na era digital, pois é com as características das personalidades humanas que as marcas conseguem ser empáticas e desenvolver conexões pessoa a pessoa. Segundo Martha Gabriel (2010, p.28-30), o marketing é orientado para obter satisfação das necessidades e desejos humanos, levando em conta o público-alvo, o centro de qualquer ação de marketing. As necessidades humanas se referem às necessidades básicas, como comida, água e descanso. A pirâmide das necessidades de Abraham Maslow, criada em meados da década de 70, exemplifica as necessidades humanas: 22 Fonte: NOVA ESCOLA DE MARKETING online (2016) Martha Gabriel (2010, p.30) afirma que os desejos humanos se referem às carências dirigidas para produtos específicos. Os desejos variam de acordo com cada sociedade, enquanto as necessidades são características essenciais à sobrevivência de qualquer ser humano. Existem dois conceitos em marketing que são importantes: o produto e o público-alvo. O produto não se refere apenas a bens tangíveis, ele pode ser serviços, experiências, eventos, lugares, informações ou ideias. O produto é capaz de satisfazer as necessidades ou desejos do consumidor. Entende-se que as necessidades dos seres humanos variam de acordocom o tempo e são substituídas por novas necessidades à medida que as tecnologias evoluem. O segundo conceito é o público-alvo, o centro do marketing. O público-alvo são os públicos de interesse que o marketing precisa entender, como fazer uma estratégica especifica com alguns objetivos a fim de atender suas necessidades e desejos. Por tradição, segundo Philip Kotler (2017, p. 63-65), o marketing inicia a partir da segmentação de mercado, dividido em grupos homogêneos com base em diversos perfis, como perfis geográficos, demográficos, psicográficos e comportamentais. A partir dessa segmentação, é feita uma posterior. A segmentação de mercado é quando um ou mais segmentos são selecionados para estratégica do marketing. Segmentar e definir o mercado-alvo são objetos de mira do marketing. Esse tipo de segmentação exemplifica o relacionamento vertical entre 23 as organizações e seus públicos-alvo, onde as decisões que são tomadas por profissionais de marketing não passam por um aval dos clientes. O envolvimento dos públicos é minimamente aceito, restringindo-se apenas as pesquisas de mercado. O autor afirma (idem) que no ambiente digital, os clientes estão socialmente conectados em redes online horizontais. Ao contrário do relacionamento no marketing tradicional, em que o cliente tem um relacionamento vertical, no ambiente digital, os próprios clientes definem as fronteiras do relacionamento e diminuem o sentimento de invasão causado pelas grandes marcas no inconsciente coletivo. Os consumidores sentem-se imunes e até rejeitam propagandas que julgam irrelevantes. As empresas continuam a usar segmentação e definição de mercados- alvos, porém, no ambiente digital, elas precisam ser mais transparentes e horizontais com seus clientes. Kotler (2006, p.45) afirma que as empresas vêm enfrentando muitos desafios com a globalização e as mudanças tecnológicas, por isso alteraram a forma do marketing tradicional. Segundo o autor (2017 p.34-36), a conectividade é o maior agente de mudança na história do marketing. Ela faz as pessoas questionarem teorias por vezes dominantes e diminui de forma significativa os custos que empresas possuem para atuarem em interações entre funcionários, parceiros e outras empresas. A conectividade facilita a entrada em novos mercados, auxiliando o desenvolvimento de novos produtos ou serviços. A Amazon, por exemplo, abalou o segmento das livrarias físicas, assim como a Netflix, o segmento das locadoras de vídeo. A forma com que a concorrência é vista pelos próprios empresários também é transformada pela conectividade, pois as empresas entendem que precisam colaborar com outros grupos externos e até se envolverem em cocriações para evoluírem no mercado. Os clientes também não são mais receptores passivos, eles atuam na direção do posicionamento da empresa. Com o surgimento da conectividade, surgem várias oportunidades das organizações se adaptarem às novas tecnologias e ao mercado. Martha Gabriel (2010, p.73 e 74) afirma que as tecnologias digitais se tornaram mais presentes na vida humana, impactando a sociedade, a cultura e a forma como interagimos com o mundo. Alguns fenômenos antigos ganharam mais notoriedade com a força da internet. Na década de 70, quando foi inventado o controle remoto, o telespectador podia com um dedo mudar de canal e selecionar o 24 que iria assistir. Esse poder que o usuário consumidor tem através da tecnologia digital faz as grandes marcas se adaptarem às novas realidades. Da década de 70 até os dias de hoje, muitas outras tecnologias surgiram e permitiram que os consumidores mudassem do status “estar conectado” para o “ser conectado”. Para a autora, ser conectado é como se parte do ser humano fosse interligado à rede, como se dois seres vivos de espécies diferentes estivessem unidos no mesmo corpo. Esse fenômeno se deu graças ao crescimento da banda larga de internet, que possibilitou ao consumidor criar, escolher, atuar, influenciar e opinar de acordo com sua vontade. Kotler (2017, p.37- 40; 69) afirma que a conectividade tem um impacto nas organizações atuais que ainda não é claro. Empresas on-line possuem uma fatia significativa do mercado, porém elas não irão substituir por completo as empresas off-line, assim como o marketing digital não vai substituir por completo o marketing tradicional. O cenário global indica que os mundos on-line e off-line coexistirão e convergirão, pois a tecnologia afeta tanto o digital quanto o off-line. As mídias tradicionais e contemporâneas, como a televisão, e as mídias sociais, também se complementarão. O marketing digital não pretende acabar com o marketing tradicional, ambos devem existir no caminho do consumidor. No começo da relação entre empresa e consumidores, o marketing tradicional tem um papel importante ao promover a consciência e o interesse, já o marketing digital atua para promover a ação e a defesa da marca. Ou seja, o marketing tradicional e o marketing digital possuem papeis mutáveis para obter engajamento e defesa da marca pelos consumidores. 25 Fonte: KOTLER (2017, p. 70) Martha Gabriel (2010, p. 106) afirma que o ser humano vive no ambiente físico com o marketing tradicional, então torna-se necessário o uso de produtos materiais em mercados tradicionais, como outdoors, revistas, jornais e rádios. Um bom planejamento estratégico de marketing envolve ações que associem o marketing tradicional com o marketing digital. Segundo Kotler (2017, p. 133), os consumidores são sempre retratados como atores do mercado e os profissionais de marketing se esquecem do lado humano que se manifesta claramente na era digital. Nota-se que o marketing evoluiu orientado anteriormente para o produto, buscando, mais recentemente, a satisfação dos desejos dos consumidores. O ponto chave do marketing é conhecer os públicos-alvo, chamando sua atenção, despertando seu interesse e o levando à ação. O marketing atua tanto no ambiente físico quanto no ambiente virtual. Com o crescimento da internet, o marketing digital se tornou fundamental, coexistindo com o marketing tradicional, fundamental em um mercado cada vez mais competitivo e que demanda um relacionamento contínuo com clientes. 3.2. Marketing digital Segundo Kotler (2006, p.28) a Era da Informação se deu pela revolução digital e tende a levar a produção para uma forma mais direcionada e individualizada (diferente da Era Industrial, caracterizada pela produção e consumo em massa). O meio digital permite que a Era da Informação seja perpetuada e atualmente grande 26 parte dos negócios são feitos por redes eletrônicas, como a internet, as intranets e extranets. Kotler (2017, p.169) afirma que à medida que os consumidores se tornam cada vez mais conectados, mais o tempo passa a ser escasso na vida deles. Os consumidores estão sempre em busca de marcas que ofereçam soluções que atendam seus desejos de forma rápida. Na economia do “agora”, a entrega dos produtos ou serviços de forma instantânea é tão boa quanto os próprios produtos ou serviços. E os telefones celulares são os grandes responsáveis por essa característica, pois nenhum outro aparelho aproxima tanto os consumidores das organizações/marcas. Martha Gabriel (2010, p. 104-106) afirma que o marketing digital se refere a todos as ações estratégicas que tem especialidade digital, com as novas tecnologias e plataformas digitais oferecendo um cenário grande para diversas ações de marketing. Além disso, a possibilidade de mensuração no ambiente virtual também é uma vantagem maior em relação aos ambientes off-line. As plataformas digitais trazem uma explosão de conteúdos em tempo real, pois as pessoas têm cada vez mais perfis em mídias sociais, endereços de e-mail e diversos aplicativos que são usados quase simultaneamente. Kotler (2017, p.79-84) afirma que a erada conectividade traz um processo muito mais direto e pessoal com o consumidor e determina o caminho que ele percorre até chegar à decisão de compra. Nesse mundo conectado, o caminho do consumidor é caracterizado por cinco fases, as chamadas “Cinco As”: assimilação, atração, arguição, ação e apologia. Na primeira fase, o consumidor é exposto a várias marcas baseadas em suas experiências passadas. Na fase da atração, o consumidor processa todas as mensagens a que foi exposto, cria uma memória e é atraído para uma lista curta de marcas. Na terceira fase, a da arguição, o consumidor, levado pela curiosidade, pesquisa ativamente para ter informações adicionais sobre a marca. Na fase da ação, o consumidor, baseado pelas informações que buscou, decide efetuar a ação de compra do produto ou serviço. A última fase, a da apologia, é onde o consumidor pode, com o tempo, desenvolver fidelidade à marca, recomprando e defendendo a mesma perante outros consumidores. Ainda de acordo com o autor, na era da pré-conectividade, um consumidor influenciava a decisão de compra de outro consumidor. Na era da conectividade, a atração inicial é influenciada por um grupo em torno do consumidor que determina 27 sua decisão final. Na pré-conectividade, a fidelidade era colocada como retenção ou recompra pela marca, mas, na conectividade, a fidelidade torna-se a disposição em ser um defensor da marca, fazendo uma espécie de evangelização para outros consumidores. De acordo com Cris Anderson (2006, p. 13-20), não existem limitações físicas para armazenar informações na internet. O marketing se prevalece dessa característica, pois até produtos que tenham pouquíssima venda podem estar disponíveis como opção do mesmo modo que os produtos mais populares. Quando se mapeia as vendas de produtos que existem na internet, nota-se uma curva que decresce a partir do produto mais popular e vai se estabilizando, formando uma cauda longa com produtos mais específicos de nicho. A cauda longa mostra que a procura por produtos menos populares geram um volume maior de venda que os produtos mais populares. Em razão das limitações das prateleiras de lojas, o mundo físico sempre tinha que selecionar o que vender, mas, no mundo digital, existe a possibilidade de incontáveis itens a disposição do consumidor. Martha Gabriel (2010 p.82-83) afirma que o fenômeno da cauda longa possibilita ao consumidor ter todas as opções ao mesmo tempo, porém, de acordo com o paradoxo da escolha, quando as opções aumentam, as pessoas sentem-se mais angustiadas em escolher do que propriamente satisfeitas. Gasta-se mais tempo em analisar as opções existentes e, por vezes, percebe-se que muitas opções se equivalem, não importando a escolha. Para tentar diminuir esse ponto negativo, as ferramentas de busca com filtros atuam como benefícios para encontrar o produto ideal. Lúcia Santaella (2013, p.127-129) afirma que a simultaneidade dos acontecimentos pertencia apenas ao registro de imagem no passado. Hoje em dia, com as mídias sociais e a possibilidade de atualização com os dispositivos móveis, o viver e o registrar o vivido se sobrepõem temporalmente. O ser humano tornou-se ubíquo, estando em mais de um lugar ao mesmo tempo, atributo este impossível há algum tempo. A onipresença graças aos dispositivos móveis está disseminada por toda parte, graça ao ciberespaço. Compreende-se que o marketing digital se originou em decorrência da Era da Informação e possibilitou um atendimento mais individualizado e personalizado. Com o marketing digital é possível ter uma mensuração das ações de comunicação e criação de conteúdos relevantes para os consumidores, sendo um canal de relacionamento com clientes. Com a internet tornou-se possível a evolução dos 28 nichos de mercado, aumentando a segmentação. No ambiente virtual, o usuário que determina o que ver ou seguir também pode dar sua opinião, tornando-se também emissor de conteúdo. Com as plataformas do marketing digital, o consumidor é colocado no centro, mudando antigos paradigmas, nas quais as grandes marcas ditavam as regras e verticalizavam a forma de se comunicar com os consumidores. 3.3. Plataformas do marketing digital Martha Gabriel (2010, p. 106-107) afirma que existe uma crescente mudança que a tecnologia nos apresenta, por isso, torna-se necessário conhecer muito bem as novas plataformas para usá-las corretamente nas estratégias do marketing digital. As plataformas do marketing digital não “consertam” o marketing ruim, podendo até mesmo piorá-lo, pois o digital aumenta o alcança do marketing, tanto para enriquecê-lo, quando bem feito, ou o deixando pior, quando mal executado. De acordo com Philip Kotler (2017, p. 184-185), o mercado está dominado pelos smartphones e os consumidores atuais realizam diversas atividades que dependem do uso desses aparelhos. Esses aparelhos estão sempre às mãos, por isso, os smartphones se tornaram ótimos canais para engajamento de clientes, fazendo com que os profissionais de marketing trabalhem por meios de aplicativos para conseguir engajar os consumidores. A maioria das 100 maiores marcas globais já utilizam aplicativos, seja como mídia para conteúdo (como jogos e vídeos), canais de autosserviços que clientes acessam suas informações de cadastros e realizam transações ou para gerar integração a experiência do produto ou serviço para celulares. Essas plataformas do marketing digital permitem que consumidores estabeleçam interações livres, sem o incômodo das marcas e, ao mesmo tempo, as empresas podem diminuir os custos, já que as interfaces utilizadas nos aplicativos são eficazes para atender os problemas e as expectativas dos consumidores. Martha Gabriel (2010, p. 107-109) diz que, no ambiente digital, existem diversas ferramentas que auxiliam os profissionais de marketing a realizarem suas ações estratégicas. De acordo com Carolina Terra (2014, p. 179-184), assim como os meios impressos e audiovisuais básicos são plataformas do marketing tradicional, as mídias sociais são plataformas do marketing digital. Como existe a necessidade de agilidade nas comunicações, as empresas enxergam nas mídias sociais uma alternativa para a comunicação. 29 “Redes sociais são estruturas sociais que existem desde a antiguidade e vêm se tornando mais abrangentes e complexas devida à evolução das tecnologias de comunicação e informação. No entanto, é importante ressaltar que redes sociais têm a ver com pessoas, relacionamento entre pessoas, e não com tecnologias e computadores.” (GABRIEL, 2010, p. 194) Carolina Terra (2010, p.3) destaca que os sites de redes sociais são métodos de manutenção de laços e não são exclusivos do ambiente online. Redes sociais são espaços onde existe interação e relacionamento entre pessoas, podendo ser qualquer espaço social fora do ambiente online. Martha Gabriel (2010, p. 194-200) afirma que, enquanto as redes sociais antigas eram limitadas pelo tempo e espaço, hoje as redes sociais digitais ou mídias sociais acabaram com as barreiras de tempo e espaço. Segundo a autora, podem-se definir mídias sociais como estruturas sociais formadas por indivíduos que desenvolvem interdependência por outros indivíduos. Existem mídias sociais que podem criar diversas interdependências, como o Facebook que tem foco no relacionamento, seja amoroso, de amizade, ou profissional; o FourSquare que tem foco em localização geográfica ou o Skoob que tem foco em leitura e livros. De acordo com Jeffrey Gitomer (2012, p.12-13), a mídia social é uma oportunidade de negócio, uma nova fronteira que se abre no espaço cibernético e que proporciona qualificação, podendo fazer a marca potencialmente lucrar. Assim como a internet, a mídia social é instantânea e possibilita uma atualidade e constância. Devido à interconectividade das mídias sociais, torna-se necessário queo planejamento de uma marca utilize todas elas para que consiga resultados efetivos e assim mensure os ganhos. Para que as mídias sociais atraiam ganhos para a marca, é necessário que as mensagens dessas mídias sejam verdadeiras e autênticas. Essas mensagens não devem ter expectativa de retorno imediato, pois quando os consumidores acreditam nas mensagens, sem pensarem que a marca está colocando aquilo para ter retorno financeiro, eles simplesmente “compram” e se tornam consumidores também dos conteúdos. Carolina Terra (2010, p.2) afirma que a mídia social tem como características fundamentais o formato de conversação, por isso os protagonistas dessa “cena” são os consumidores e não as marcas ou empresas, pois quem controla as interações feitas são os próprios usuários. No ambiente online, as pessoas se expressam livremente e compartilham diversos conteúdos, tendo o poder que antes era restrito 30 apenas as organizações. Mas ainda assim, segundo Jefrey Gitomer (2012, p. 192- 193), não deixam de ser um lugar propício para se fazer negócio. A mídia social para negócios permite manter clientes fiéis, atrair novos clientes, construir uma boa reputação e criar mais conscientização da marca do que anúncios em revistas ou jornais. A mídia social é uma plataforma para ajudar o marketing boca a boca. Ela permite que as palavras ditas pelos consumidores viajem mais rapidamente para outros possíveis consumidores. Mas o autor alerta que as mídias sociais são apenas tijolos na construção da marca. “A mídia social é um tijolo na sua fundação de sucesso, mas ela não é, nem de longe, o único tijolo. Meus livros, meu artigo semanal, minha revista eletrônica semanal, minhas palestras e minhas aparições em público são outros tijolos na minha fundação. Quanto mais tijolos você tiver na sua fundação, mais sucesso você terá na mídia social para negócios em geral.” (idem, 2010, p.84). Martha Gabriel (2010, p. 261-275) afirma que, apesar das mídias sociais serem a grande aposta dos empreendedores, outra plataforma do marketing digital bastante importante é o e-mail marketing, cujo papel é fundamental no compartilhamento de assuntos longos e nas conexões de comunicações que possibilitam o rastreamento para o bando de dados da empresa. Para a autora, é a prática de utilizar, de forma ética, o envio de mensagens por e-mail para atingir objetivos pré-definidos pelo marketing. Para receber os e-mails marketing de uma determinada empresa, o usuário precisa dar a autorização, o que gera a possibilidade da marca criar vários conteúdos relevantes para o consumidor, logo é uma porta de entrada para o relacionamento com os usuários e consumidores. Essa plataforma possibilita a integração entre as redes sociais e outros canais de atendimento e relacionamento com públicos de interesse. As ações de e-mail marketing envolvem permissão e interação que são bases do relacionamento. O e- mail marketing também segmenta e personaliza os públicos-alvo, além de, por ser no meio digital, permitir a mensuração de dados que justifiquem as ações de comunicação. Percebe-se que as plataformas do marketing digital tornaram-se ferramentas para o estreitamento da relação entre o consumidor e a organização/marca. Complementando as ferramentas do marketing tradicional, o marketing digital reforça as ações para gerar maior engajamento do consumidor. Quanto aos aplicativos, eles podem aperfeiçoar serviços oferecidos pelas empresas e facilitam 31 também a rotina dos usuários. As mídias sociais atuam como grandes plataformas para o negócio, auxiliando os empreendedores no marketing boca a boca e no relacionamento instantâneo com seus públicos, o que facilita a compreensão das expectativas. O e-mail marketing é a terceira plataforma citada e novamente envolve o relacionamento com o consumidor, permitindo a mensuração das ações que o marketing executa. 32 4. CASO FRANCISCA JOIAS CONTEMPORÂNEAS Neste capítulo, será analisado como a marca Francisca Joias Contemporâneas utiliza as mídias sociais como estratégia de comunicação para melhorar o relacionamento com os consumidores. 4.1 Breve histórico da marca De acordo com entrevista para o site Exame (2016), Sabrina Nunes, empreendedora e dona da marca Francisca Joias Contemporâneas, nasceu em Itinga, interior de Minas Gerais, onde trabalhou como garçonete, vendedora de picolé, roupas e até arriscou ser dona de uma restaurante local. Segundo o site Uol (2016), devido à pouca oportunidade de emprego na região, todo ano o padrasto de Sabrina viajava durante o período de colheita para Mato Grosso do Sul a fim de colher cana, e, em uma de suas viagens, surgiu a proposta para a enteada trabalhar em uma Usina na região Maracaju. Sabrina se mudou para Maracaju, mas, quando chegou, a proposta de emprego ainda não tinha se concretizado, então ela começou a trabalhar com seu padrasto em um canavial cortando cana. Esse emprego durou menos de um ano, até que a proposta para trabalhar na Usina chegou e ela foi chamada para ser secretária. Ao site Exame (2016) Sabrina afirmou que se interessou pela área de engenharia ao ver que os engenheiros da Usina em que trabalhava recebiam salários altos e decidiu cursar engenharia. Durante os sete anos que trabalhou como secretária, ela estudou para o curso de engenharia e algum tempo depois conseguiu uma bolsa do Programa Universidade para Todos (ProUni) no Rio de Janeiro para a Universidade Gama Filho. Segundo a entrevista que concedeu à revista Pequenas Empresas Grandes Negócios (versão online, 2017) durante o período da faculdade, ela conseguiu um emprego na área de engenharia em outra universidade carioca, a Pontifícia Universidade Católica Rio (PUC RIO) onde trabalhou durante dois anos. Procurando aumentar sua renda, vendeu produtos em sites de varejo ao descobrir que microempresários locais conseguiam ter bons lucros com esse modelo de negócio. Segundo a Exame (online, 2016), no ano de 2012, Sabrina decidiu vender peças de bijuterias no site de vendas online “Elo 7” com investimento inicial de R$50,00 em matérias-primas para criar suas primeiras peças. Todo estoque foi vendido rapidamente e ela teve a ideia de criar uma marca de bijuterias. No site da 33 marca (2014), Sabrina afirma que a Francisca Joias Contemporâneas nasceu do desejo que ela tinha em ser dona da sua própria história e do grande apreço pelas vendas. Em homenagem a sua avó Francisca, a empreendedora nomeou a marca de acessórios. Ainda no site “Elo 7” Sabrina comprava produtos de terceiros e os revendia na loja virtual, com divulgação feita pelo Orkut e Facebook, e todo dinheiro que entrava era reinvestido para compra de novas mercadorias. Como uma das propostas do “Elo 7” era que os lojistas investissem em publicidade, foi ofertada a possibilidade de utilizar a ferramenta e-mail marketing para alavancar mais vendas. O investimento inicial foi R$300,00 e ela faturou em uma semana R$3.000,00, mais do que ganhava em seu emprego na PUC RIO. Fonte: Sabrina Nunes (online) Ao site Empreendedorismo Rosa (2014) Sabrina conta que, durante um evento, ela conheceu Jasmim, mulher de um amigo próximo, e decidiu convidá-la para trabalhar na empresa, que ainda nem existia formalmente. Durante os trinta dias em que Jasmim estava viajando, Sabrina alugou uma sala, comprou alguns móveis, pegou um computador emprestado e montou seu primeiro escritório. Durante os primeiros meses da empresa, Jasmim trabalhava no escritório e Sabrina visitava feiras e eventos expondo e vendendo seus produtos. Sabrina afirma que a Francisca Joias Contemporâneas exigia muito dela, por isso teve que sair de seu outro emprego na PUC RIO. Começou a desenhar peças semijoias banhadas a ouro, “garantindo exclusividadee qualidade de seus produtos ao investir mais na confecção própria do que na compra de terceiros” (sabrinanunes.com). Depois de seis meses formalizou a Francisca como e-commerce e criou o site da marca. 34 De acordo com entrevista para o site Pequenas Empresas Grandes Negócios (2017) no ano de 2016, com a crise econômica, Sabrina decidiu mudar um pouco o modelo de vendas da marca, ampliando a estratégia para vendas com revendedoras que compram os produtos com 40% de desconto, recebem os produtos em casa e revendem pelo mesmo preço do site. A empreendedora afirma que perde parte da margem de lucro com essa estratégica, mas ganha em números de vendas de seus produtos, além de dar oportunidade a outras mulheres que desejam trabalhar. Segundo o site Exame (2016), atualmente o site da Francisca Joias Contemporâneas oferece 3000 produtos diferentes, que vão desde brincos a óculos de sol. Entre os produtos disponíveis, o mais barato são brincos por apenas R$19,90 e o mais caro sai a R$260,00, que é um anel de zircônia. São vendidas cerca de 12000 peças por mês e a marca fabrica mais de 60 quilos de semijoais mensalmente. 80% do design das peças é de fabricação própria, enquanto 20% é terceirizado com empresas parceiras. De acordo com entrevista para o site Pequenas Empresas Grandes Negócios (2017), a empresa tem cerca de 620 revendedoras que atuam no Brasil inteiro e representam cerca de 20% das vendas da marca, enquanto quase 80% se concentra no site de e-commerce e uma pequena parte em sua loja física (showroom), que fica junto com seu escritório no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. Fonte: Blog Francisca Joias (2017) 35 Ao site Pequenas Empresas Grandes Negócios (2017) Sabrina Nunes afirmou que no ano de 2015 a marca faturou 1,8 milhão de reais, no ano de 2016 faturou 2,4 milhões de reais e neste ano de 2017 tem a expectativa de faturar cerca de 3 milhões de reais. Sabrina diz que seu sucesso se deve ao atendimento humanizado em seus canais de atendimento e relacionamento com clientes e uma boa plataforma online para os consumidores navegarem e adquirirem seus produtos sem dificuldade. Atualmente, além do site oficial da marca, a Francisca Joias tem um blog sobre moda e também está presente nas mídias sociais. Sabrina Nunes também tem um site próprio, onde diariamente publica conteúdos sobre empreendedorismo para mulheres com objetivo de ajudá-las a conquistarem carreiras independentes. Conclui-se que a Francisca Joias Contemporâneas é uma marca que se desenvolveu no mercado de semijoias com planejamento de marketing digital. Através das ferramentas de e-mail marketing e mídias sociais, a marca cresceu no segmento de acessórios e estruturou suas ações de comunicação utilizando essas ferramentas. Além de usar outras ferramentas como blog e o marketing boca a boca, a Francisca pretende crescer ainda mais nos próximos anos, de acordo com entrevista de Sabrina às Pequenas Empresas Grandes Negócios (online, 2017). 4.2 A Francisca Joias nas mídias sociais Para entender qual a opinião das clientes em relação à atuação da marca nas mídias sociais, foi realizada uma pesquisa em profundidade com quatro consumidores do sexo feminino residentes do Rio de Janeiro, com idade entre 22 e 27 anos. As doze perguntas foram divididas em quatro blocos de assuntos, sendo eles: 1) Percepção da Marca; 2) Conteúdo; 3) Interação e 4) Avaliação Geral. Cada bloco incluía três a cinco perguntas, exceto o quarto bloco, com apenas uma pergunta. No primeiro bloco de perguntas, o objetivo era analisar qual a percepção das consumidoras em relação à Francisca Joias nas mídias sociais. No segundo bloco, a intenção era entender como as consumidoras avaliam os conteúdos publicados pela marca. No terceiro bloco, o objetivo era compreender como a interação nas mídias sociais acontecia e se era satisfatória ou não na visão das consumidoras. No último bloco, procurou-se identificar uma avaliação geral da atuação da Francisca Joias nas mídias sociais. 36 No primeiro bloco, duas entrevistadas afirmaram ter conhecido a marca através de pesquisas no Google para compra de acessórios e semijoias e as outras duas, pelas mídias sociais de digital influencers. Todas as entrevistadas afirmaram que acompanham a Francisca Joias diariamente, mas duas disseram que apenas curtiam os posts, e as outras, curtem e também comentam. Nenhuma entrevistada mencionou compartilhar os posts da marca. A última pergunta deste bloco consistia em entender como era o posicionamento da marca nas mídias: duas consumidoras afirmaram que a Francisca Joias é inovadora em trazer novas tendências e as outras, que a marca é “antenada” em tendências e mudanças que já se estabeleceram no mercado. Nesse bloco de perguntas foi possível identificar uma relação com os conceitos de Kunsch (2016). A autora afirma que as organizações do passado não tinham um olhar voltado para as mudanças que o macroambiente apresentava. As novas organizações estão “antenadas” com as mudanças e procuram interagir com seus públicos de interesse a fim de tentar entender quais são as preferências, anseios e expectativas. Na tentativa de superar as expectativas, as organizações atuais procuram sempre inovar para se manter em competitividade no mercado e na mente do consumidor. No segundo bloco de perguntas, duas das entrevistadas afirmaram que os conteúdos que elas mais consideravam relevante eram sobre empreendedorismo e um terço afirmou que eram os posts sobre produtos da marca. Todas as entrevistadas afirmaram que os posts feitos pela marca estimulam a compra dos produtos, sejam por promoções e frete grátis, sejam pelas boas fotos e vídeos que despertam o interesse. Todas as entrevistadas disseram que acompanham a marca pelos Facebook, e duas afirmaram que também seguem o Instagram. Duas entrevistadas recebem conteúdos da marca por e-mail e avaliam isso como positivo e a outra parte afirma não ter se inscrito para receber. Na última pergunta do bloco era importante identificar se o conteúdo postado pela Francisca Joias era semelhante à de outras marcas de semijoias e acessórios do mercado. Todas as entrevistadas afirmaram que não. Dentre os motivos, elas afirmam que a marca traz conteúdos de interação mais direta com o público e conteúdos que trazem os clientes para “dentro da história da Francisca”. Esse fato, na percepção das entrevistadas, aproxima os clientes e os fazem se sentir parte de todo o processo de criação e estruturação da marca. 37 Margarida Kunsch (2016) defende que as organizações atuais estão “mais abertas”, por isso, criam mais canais de comunicação com seus públicos. Por terem mais consciência do seu papel na sociedade, essas organizações adotam novas posturas organizacionais. Com este bloco de perguntas, percebe-se que, ao compartilhar conteúdo sobre empreendedorismo que estimulem os consumidores a terem seus próprios negócios, a marca “tira” um pouco a sensação de querer só o lucro e trabalha com o emocional do consumidor a fim de se tornar um eventual parceiro na busca pela independência financeira. Para uma das entrevistadas, ao utilizar histórias da organização como exemplo, a marca faz com que os clientes se sintam parte de toda estruturação da marca e processo de criação, o que pode despertar nos clientes sentimentos de pertencimento, que gera maior lucro para a empresa e maior visibilidade para a marca. No terceiro bloco de perguntas, duas das entrevistadas afirmaram que a marca demora um pouco para responder comentários ou directs nas mídias, mas isso foi considerado “normal” ou uma interação “média” devido à grande quantidade de seguidores. Metade afirmou que a Francisca Joias se esforça em tentar se aproximar do público, e outra respondeu que a marca era “constante e direta” nas interações. Todas as entrevistadas afirmamque nunca fizeram reclamações da marca, porque nunca tiveram problemas, tanto com os produtos comprados quanto com quaisquer assuntos da página, porém duas entrevistadas já enviaram dúvidas, sendo que uma entrevistada relatou que a resposta por parte da marca demorou dois dias, enquanto outra afirmou que a resposta veio em algumas horas. Na última pergunta do bloco, foi questionada se a Francisca deveria fazer parcerias com blogueiras famosas e se isso estimularia a compra. Todas as entrevistadas afirmaram que a Francisca já tem parceria com a Bianca Andrade (Boca Rosa – digital influencer), o que estimula, e muito, a compra, além de despertar o interesse em conhecer a marca. Retomando conceitos de Kotler (2017) entende-se que, por estarmos na era da conectividade, a atração inicial é influenciada por um grupo em torno do consumidor. E isso é confirmado com a resposta das entrevistadas, quando afirmam que são estimuladas a compra por digital influencers atuarem como “garotas propagandas”. A conectividade também determina a fidelização que o consumidor terá em relação à compra, e atualmente nem sempre a fidelização é a recompra e sim a disposição em ser um seguidor da marca, interagindo e defendendo a marca. 38 As respostas das entrevistadas tornam possível identificar as características da era da conectividade na qual estamos inseridos. No último bloco de perguntas, todas as entrevistadas avaliaram como positiva a atuação da Francisca Joias nas mídias digitais. Como comentários adicionais, as entrevistadas disseram que percebem que os usuários avaliam sempre positivamente a marca, que há constantemente posts novos e de qualidade e que nota-se um investimento em comunicação para os canais de relacionamento com os clientes. Os comentários positivos se referem à variedade dos posts sobre produtos, que têm como característica boa durabilidade, considerando que são semijoais. Cris Anderson (2006) afirma que a internet possibilitou que o mercado de nichos crescesse consideravelmente, ao que ele denominou Cauda Longa. Diversos produtos de pouca venda podem estar disponíveis em sites de compra ao lado de produtos com vendas superiores, o que aumenta a variedade dos produtos nas lojas e gera uma satisfação maior nos clientes. Ao relacionar as respostas deste bloco de perguntas com Cris Anderson, percebe-se que grande parte das entrevistadas avalia como positivos os posts sobre os produtos da marca. Por ter um e-commerce, a Francisca atua com um estoque variado, o que atrai mais consumidores com gostos diversos. Essa variedade em produtos pode ser motivo de preferência em momentos de decisão de compra. Nota-se, a partir das respostas das consumidoras, que a marca está ligada nas tendências de moda e nas mudanças que o cenário das estratégias de marketing. Ao atualizar constantemente as mídias sociais, com assuntos de interesse do público consumidor, a Francisca se coloca em competitividade com outras grandes marcas do segmento. Entende-se que a principal maneira de entender o consumidor é por meio de um relacionamento mais direto, utilizando as mídias sociais on-line e full time. 4.3 Análise de conteúdo da marca no Facebook e Instagram Entre 8 de outubro a 7 de novembro de 2017 foi realizada uma análise de conteúdo da Francisca Joias Contemporâneas nas mídias sociais Facebook e Instagram com o objetivo de investigar quais conteúdos a Francisca produz e quais posts geram maior interação com o público: 39 FACEBOOK Quantos seguidores? 372.395 seguidores. Quantidade de postagens 6 a 10 posts por dia. 1° post – 06h40 / Último 20h40 (90% dos casos). Tipos de postagens Produtos (fotos, mini vídeos e votação) Campanhas com Digital Influencers Posts pessoais Memes & Vídeos Lives Moda/ Tendência Blog Matérias Imprensa Qual maior tipo de post? Produtos (cerca de 50/1). Quais postagens tem mais reações? Fotos e mini vídeos de produtos. Post com maior reação 200 reações em um post de produto. Mais comentários Lives e posts de votações ("qual peça mais bonita?") Mais compartilhamentos Posts de Memes & Vídeos e Moda / Tendência. Francisca curte outras paginas? Sim, 37 outras páginas. Qual momento tem mais interação? A interação com os consumidores varia de acordo com o conteúdo postado e não com a hora da postagem. Fonte: Tabela elaborada pela autora O Facebook é a principal mídia social da Francisca. Nessa mídia a marca tem mais de 300 mil seguidores e atua com uma quantidade grande de postagens diariamente. Ao fazer a primeira postagem do dia às 06h40 e finalizar com a última as 20h40 (90% dos casos), entende-se que a marca provavelmente realizou um estudo para definir seus horários de atuação nas mídias ou se baseou em posts anteriores para entender quais eram os melhores horários. Com aproximadamente 10 posts por dia, a Francisca varias suas postagens em oito tipos de conteúdo, sendo a maior exposição e promoção de seus produtos por meio de fotos, mini vídeos e votações. O maior engajamento da página foi com um mini vídeo de anéis com 200 reações dos consumidores. Os posts de votações geram bastantes comentários, assim como as lives que Sabrina Nunes sobre dicas de moda, tendência e também sobre empreendedorismo feminino. Os posts que geram bastantes compartilhamentos são os vídeos engraçados ou de moda e memes, que levam várias consumidoras a interagirem com a marca e a compartilharem. Posts sobre moda / tendência também despertam o interesse e 40 geram grande número de compartilhamentos. Ao analisar a página, percebeu-se que os posts com maior interação com o público consumidor variam de acordo com os conteúdos propostos e não com os horários em que eles são publicados. INSTAGRAM Quantos seguidores? Cerca de 285.000 seguidores. Quantidade de postagens 2 a 5 posts por dia Não costuma ter horário certo de postagem. Tipos de postagens Produtos (fotos, mini vídeos e votações) Campanhas com Digital Influencers Posts pessoais Memes & Vídeos Moda / Tendências Matérias Imprensa Qual maior tipo de post? Produtos (cerca de 25/1). Quais postagens tem mais likes? Fotos e mini vídeos de produtos. Post com maior reação 4.000 likes em um post de produto. Mais comentários Memes & Vídeos. Mais compartilhamentos No Instagram não é possível compartilhar. Francisca segue outras paginas? Sim, 120 outras páginas. Qual momento tem mais interação? A interação com os consumidores varia de acordo com o conteúdo postado e não com a hora da postagem. Fonte: Tabela elaborada pela autora O Instagram também é muito utilizado Francisca, porém bem menos que o Facebook, com cerca de 285 mil seguidores e aproximadamente 5 postagens por dia, em horários variados. Os tipos de postagens nessa mídia são divididos em seis tipos de conteúdos, sendo a maior parte sobre a divulgação e promoção de produtos, atraindo o maior número de likes, podendo alcançar mais de 4.000 likes em um único post. Porém são os posts de memes/vídeos que rendem as maiores interações com comentários. A página da Francisca Joias no Instagram segue outras 120 páginas, que varia de personalidades famosas a páginas de moda e acessórios. Assim como no Facebook, as maiores interações, sejam de likes ou de comentários, variam de acordo com o conteúdo publicado, e não com os horários de cada post. 41 Entende-se que a Francisca Joias Contemporâneas atua em conformidade com Carolina Terra (2010, p.3), que afirma que as mídias são usadas para a criação e manutenção de laços de relacionamentos com seus stakeholders. Ao comparar as duas mídias utilizadas, percebe-se que a Francisca Joias utiliza esses canais para criar e fidelizar laços com os consumidores. A mídia Facebook possui mais seguidores e maior número de conteúdo produzidopela marca, porém é na mídia Instagram que tem a maior quantidade de likes e comentários por parte dos consumidores. Sendo assim, torna-se importante para a marca avaliar um possível aumento de produção de conteúdo no Instagram. Isso geraria maior interatividade com os consumidores e novos laços de relacionamentos. Kotler (2017) afirma que, na era da conectividade, as empresas estão mais ligadas nas preferências que os consumidores têm e isso faz gera maior retorno para as organizações em forma de lucro e visibilidade para a marca. Relacionando esse conceito de Kotler com a atuação da Francisca Joias Contemporâneas nas mídias sociais, percebe-se que a marca estimula a interação com os clientes. Ao compartilhar posts de “votação”, como “Qual peça mais bonita?”, a marca, além de ter um feedback instantâneo com seus públicos de interesse, consegue saber quais são suas preferências e criar interação, o que pode estimular as taxas de compra e recompra dos produtos, além, claro, de manter ativo o relacionamento e, consequentemente, contribuindo para a força da marca na mente das consumidoras. 42 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento da presente monografia tinha interesse em estudar a importância do marketing para empreendedores digitais. Antes, no entanto, foi necessário pesquisar sobre empreendedorismo, fazer um panorama sobre o empreendedorismo no Brasil que vem crescendo devido a diversas mudanças que ocorreram no cenário mundial e nas relações de trabalho. A alta do desemprego, o aprimoramento pessoal e as culturas mais horizontalizadas (modelos startups) nas organizações possibilitaram que o profissional do século XXI fosse mais preparado para empreender. Vale também ressaltar que há um discurso cada vez mais crescente sobre a importância do empreendedorismo para a economia de cidades e países. Com a popularização da internet, muitos empreendedores perceberam que no meio digital haveria possibilidade para investimentos e expansão de negócios, ou criação de novos negócios. Nesse novo cenário, surge o marketing digital, que, com ferramentas como Facebook e Instagram, passam a ser utilizadas pelos empreendedores digitais como estratégia de vendas e de relacionamento, gerando maior aproximação com os consumidores. Vários autores acreditam que o sucesso ou fracasso de uma determinada empresa depende do fato dela entender o ambiente externo e o mercado em que atua. Ou seja, uma empresa precisa estar “antenada” às mudanças, incluindo o comportamento do consumidor que vem sendo impactado pela tecnologia e pela expectativa de conectividade e “conversa” com as marcas que ela gera. Analisando-se o conteúdo da Francisca Joias Contemporâneas no Facebook e Instagram percebe-se um planejamento bem estruturado em ações nas mídias sociais. A marca cria uma grande movimentação ao compartilhar posts com vídeos próprios, gerando interatividade com os consumidores. As lives feitas por Sabrina Nunes para falar sobre empreendedorismo feminino rendem também grande engajamento com os seguidores das páginas. As duas mídias usadas pela Francisca Joias são os maiores canais de interação com consumidores no ambiente virtual. A gestão de conteúdo digital e a interação que a marca gera com seus consumidores possibilita a identificação e o pertencimento com a Francisca Joias. Como canais de relacionamento com os consumidores, entende-se que o uso das mídias sociais por uma marca cria redes de contato e disseminação entre usuários, 43 auxiliando o marketing boca a boca e a divulgação de produtos, o que tende a maximizar as relações de consumo. Com as entrevistas em profundidade percebe-se que as consumidoras estão satisfeitas com a atuação da Francisca Joias Contemporâneas nas mídias sociais. Ao considerar essas mídias potenciais ferramentas para fortalecer relacionamentos, os consumidores tendem a dar preferência para umas marcas em detrimento de outras. Logo, o marketing digital torna-se importante aliado do marketing tradicional, despertando interesse do cliente pelo produto/serviço até o momento de sua decisão de compra e de consequente fidelização. Conclui-se que as ferramentas do marketing digital auxiliam os empreendedores digitais a conseguirem visibilidade, engajamento e fortalecimento de suas marcas, quando bem planejado e estruturado. O empreendedor deve estar disposto a entender as preferências e expectativas do consumidor e procurar sempre superá-las. Em um mundo tão competitivo com diversos serviços e produtos parecidos, trabalhar na base da personalização e no excelente atendimento transmite um diferencial maior em relação à concorrência. E as mídias sociais, por meio de boas estratégias de marketing digital, contribuem para essa percepção de “portas-abertas” da marca em relação a seus consumidores. É, ao mesmo tempo, comercialização da marca e relacionamento dessa com seus consumidores, sem que se possa determinar o que começou primeiro – o viés mercadológico ou o institucional. Entende-se que com o uso das mídias sociais é possível facilitar as ações de empreendedorismo digital. Essas ferramentas possibilitam feedbacks instantâneos dos consumidores, tanto para conteúdos compartilhados pela marca quanto para a análise de produtos ou serviços. Com essas ferramentas é possível também analisar e mensurar as ações de comunicação. Ao aproximar diretamente o consumidor da marca, as mídias geram engajamento e interatividade constantes, aumentando as vendas e fidelizando os clientes. Os consumidores se tornam “propagandistas” ao replicar conteúdos e compartilhar fotos relacionados à marca nas mídias sociais. 44 REFERÊNCIAS ANDERSON, Chris. A Cauda Longa: Do mercado de massa para o mercado de nicho. 1. ed. Rio de Janeiro: Alta Books, 2006. 256 p. BERNARDO, Adriana; PEREIRA, Jaiane Aparecida. Empreendedorismo digital: Estudo do Projeto Negócios Digitais Realizado pelo Sebrae - PR em Maringá. BRITO, Andreia Matos; PEREIRA, Pedro Silvino; LINARD, Ângela Patrícia. Empreendedorismo: Rede E-Tec Brasil. Ceará: IFCE, 2013. 96 p. COSTA, Caio Túlio. Ombudsman: o relógio de Pascal : a experiência do primeiro ombudsman de imprensa no Brasil. 2° . ed. São Paulo: Geração Editorial, 2006. 293 p. Disponível em: <https://books.google.com.br/books/about/Ombudsman.html?id=RIf4e-p- Gy4C&printsec=frontcover&source=kp_read_button&redir_esc=y#v=onepage&q&f=f alse>. Acesso em: 09 nov. 2017. DENONE, Flávia. Ex-cortadora de cana conta como ganhou o seu primeiro milhão. Disponível em: <http://sabrinanunes.com.br/minhahistoria/http://economia.ig.com.br/2016-12-13/ex- cortadora-de-cana-fala-sobre-empreendedorismo.html>. Acesso em: 24 out. 2017. DESIDÉRIO, Mariana. Ex-cortadora de cana dá 5 dicas de como faturar o 1º milhão. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/pme/ex-cortadora-de-cana-da-5- dicas-de-como-faturar-o-1o-milhao/>. Acesso em: 27 out. 2017. DORNELAS, José. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 6°. ed. São Paulo: Atlas, 2016. 288 p. DORNELES, Felipe Rigon; MAINIERI, Tiago de Oliveira. Empreendedorismo e Comunicação: o perfil e a formação empreendedora dos egressos do curso de Comunicação Social da Unijuí. 2001. 12 p. Artigo (Bolsista de Iniciação Cientifica de Comunicação Social)- Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - RS, Rio Grande do Sul, 2001. Disponível em: <http:// http://www.ufrgs.br/alcar/encontros-nacionais-1/encontros-nacionais/4o-encontro- 2006- 1/Empreendedorismo%20e%20Comunicacao%20o%20perfil%20e%20a%20formaca o%20empreendedora%20dos%20egressos%20do%20curso%20de%20Comunicaca o%20Social%20da%20Unijui.doc.>. Acesso em: 28 set. 2017. DUARTE, Eliane Cordeiro de Vasconcellos Garcia et al. GEM 2011: Global Entrepreneurship Monitor: Empreendedorismo no Brasil. Disponível em: <https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Livro%20GEM%20Brasil
Compartilhar