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Apostila Direito T.Coletivo do Trabalho. 2019-1

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Direito Tutelar e Coletivo do Trabalho
Prof. Rodolpho Vasconcellos
Cuiabá - Mato Grosso
Apresentação
A presente apostila tem por objetivo promover a compreensão e a importância do Direito Tutelar e Coletivo do Trabalho, assim como apresentar e discutir o significado dos seus institutos fundamentais; de forma a estimular a capacidade de análise, domínio de conceitos, terminologia jurídica, argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos e sociais envolvidos. 
Desta maneira, se presta ao desenvolvimento dos acadêmicos de direito no decorrer da graduação, privilegiando a didática e a simplicidade, a fim de facilitar o entendimento da prática coletiva do trabalho em âmbito material e processual.
Não tem por finalidade esgotar os temas e nem afastar a necessidade de estudo através de doutrinas de autores renomados, mas conferir um material complementar aos estudos dos graduandos.
Bons estudos a todos!
Capítulo 1
TEORIA GERAL DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO DO TRABALHO COLETIVO
1.1. Evolução histórica no âmbito internacional
Na Idade Média existiam as chamadas corporações de ofício - associações de pessoas do mesmo ofício – estas corporações estavam divididas hierarquicamente em mestres, companheiros e aprendizes, sendo que eram os mestres quem detinham o monopólio da fabricação e da venda e determinavam a regulamentação dos produtos.
Em certos momentos deste período viam-se alguns movimentos esporádicos, pequenos protestos ou certa revolta dos companheiros e aprendizes descontentes com o que era imposto pelos mestres, nada que pudesse evoluir para um movimento de massa de protesto entre capital e trabalho.
O início do sindicalismo deu-se na Inglaterra em 1720, quando se formaram as primeiras associações de trabalhadores para reivindicar melhores salários, melhores condições de trabalho e limitação da jornada de trabalho.
Na Revolução Industrial (Séc. XIX) vimos surgir o agrupamento de homens em massa em torno das máquinas, despertando a consciência dos operários a despeito de seus interesses, surgindo assim o movimento operário, hoje conhecido como sindicalismo.
    A partir de 1824 viveu-se a fase de tolerância com os sindicatos, sendo que a partir de 21/06/1824, por ato do parlamento inglês, as coligações deixaram de ser proibidas em relação aos trabalhadores, entretanto permanecia proibida a greve e o trade unions, somente em 1875 aprovou-se uma lei que permitiu a livre criação de sindicatos, entretanto, esta lei só foi consolidada em 1906.
   Em 17/07/1791, vimos surgir na França a Lei Le Chapellier, que proibia os cidadãos de uma mesma profissão tomar decisões ou deliberarem a respeito de seus interesses, no mesmo sentido foi o Código de Napoleão, de 1.810, punindo a associação de trabalhadores.
   Em 1830, Inglaterra, são criadas as associações de trabalhadores para mútua ajuda e defesa.
   Em 1884, França, a lei Waldeck-Rousseau, permitiu às pessoas da mesma profissão ou de profissões conexas constituir associações para defesa de seus interesses, sem a autorização do governo.
   Em 1919, Alemanha, a Constituição de Weimar, primeira a tratar de matéria trabalhista e direito coletivo do trabalho, permite o direito de associação.
   Em 1927, Itália, a Carta Del Lavoro estabelece a livre organização profissional ou sindical. 
   Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos do Homem em seu artigo XX, 1, estabelece que “Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica. Este mesmo diploma em seu artigo XXIII, 4, determina que “todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e neles ingressar para proteção de seus interesses”.
   Em 1958, a Organização Internacional do Trabalho – OIT, editou a Convenção 87, estabelecendo em seu artigo 2º as bases fundamentais do direito de livre sindicalização, sem qualquer ingerência do Estado
Art. 2 — Os trabalhadores e os empregadores, sem distinção de qualquer espécie, terão direito de constituir, sem autorização prévia, organizações de sua escolha, bem como o direito de se filiar a essas organizações, sob a única condição de se conformar com os estatutos das mesmas
Destaque-se que até a presente data esta convenção não foi ratificada pelo Brasil, isto porque nossa Constituição estabelece a existência do sindicato único e contribuição sindical determinada em lei, determinações incompatíveis com esta regra internacional.
Por fim, em 1966, o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos Sociais e Culturais, estabelece:
Artigo 8º
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a garantir:
(...)
c) O direito dos sindicatos de exercer livremente suas atividades, sem quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades das demais pessoas.
Assim, os direitos de livre associação e sindicalização tornam-se sedimentados na cultura jurídica ocidental, firmando-se o sindicato como um órgão de luta de classes.
 
1.2. Evolução Histórica No Âmbito Nacional
            Até o início do século XIX ainda não existia no Brasil nenhum sindicato ou organização de trabalhadores, ainda assim o Brasil não se manteve isolado dos acontecimentos mundiais em torno da evolução do Direito Coletivo do Trabalho, o Estado trouxe para sai a responsabilidade de atuação nesta seara do direito e em 1824 a Constituição Federal (Império) determinava em seu artigo 179, § 25, que “ficam abolidas as corporações de ofícios, seus juízes, escrivães e mestres”.
            Em 1891 (República), a Constituição não dispôs expressamente sobre as entidades sindicais, em seu artigo 72, § 8º, trouxe apenas que “a todos é lícito associarem-se e reunirem-se livremente e sem armas; não podendo intervir a polícia, senão para manter a ordem pública”.
            Somente no fim do século XIX e início do século XX, sob a influência de trabalhadores estrangeiros que prestavam serviços no Brasil, é que começam a surgir os primeiros sindicatos, estes ligados a agricultura e a pecuária, reconhecidos somente em 1903 pelo Decreto n.º 979 de 06/01/1903.
            Em 1906 o movimento sindical brasileiro alcança dimensão nacional com a realização do 1º Congresso Operário Brasileiro, dando origem a Confederação Sindical Brasileira.
            Em 1907 surge no Brasil o primeiro sindicato urbano – Decreto n.º 1.637/1907, facultava a qualquer trabalhador, inclusive profissionais liberais, associar-se aos sindicatos, com o objetivo de estudo e defesa dos interesses da profissão e de seus membros – influência da lei francesa de 1884. Foram expedidas as primeiras “Cartas Sindicais”.
            Em 1916, o artigo 20 do Código Civil determinava que “não se poderão constituir sem prévia autorização, os sindicatos profissionais e agrícolas legalmente autorizados”.
           Em 1931, surge o Decreto n.º 19.770, de 19/03/1931, baixado durante a Revolução de 1930, distinguindo o sindicato de empregados e empregadores, exigindo reconhecimento de ambos pelo Ministério do Trabalho (criado em 1930), institui-se então o sindicato único para cada profissão em uma mesma região, este proibido de exercer qualquer atividade política.
            Em 1934, quatro dias antes da vigência da Constituição de 1934, entra em vigor o Decreto n.º 24.694 de 12/07/34, prevendo a forma de regular a pluralidade sindical, contrariamente aos entendimentos da nova Carta Magna, entretanto prevalecia o entendimento da Lei Ordinária. Também reconheceu as convenções coletivas e equiparou trabalhadores com profissionais liberais.
            Com a pluralidade sindical haverá uma proliferação dos sindicatos com finalidades puramente políticas e isto gerou o enfraquecimento das instituições.
            Até este momento, fazendo um comparativo com o sindicalismo internacional e o nacional, iremos perceber que no âmbito internacional os sindicatos derivam da reivindicação dos trabalhadores, enquanto que noBrasil decorreram de imposição do Estado.
            A Constituição de 1937 teve a parte laboral inspirada na Carta Del Lavoro da Itália, conferia liberdade sindical, mas com autorização do Estado (paradoxo). As funções do sindicato eram reconhecidas como funções delegadas do poder público. Instituiu a contribuição sindical obrigatória. Assim, a CF/37 com feição eminentemente corporativista não reconhecia o direito de greve, tido como recurso anti-social e nocivo ao trabalho, e o lock out.
            Em 1939 o Decreto Lei 1.402/39 (regulamenta a CF/37) regulariza a instituição do sindicato único, estabelecendo um sindicato por categoria econômica ou profissional na mesma base territorial e permitindo a intervenção e interferência do Estado no sindicato, que não podia desrespeitar a política econômica determinada pelo governo, sob pena da perda da carta sindical.
            A Constituição de 1946 (queda do “Estado Novo”), aprovada em Assembléia Nacional Constituinte, portanto mais democrática, estabelecia em seu artigo 159 que “é livre a associação profissional ou sindical, sendo regulada por lei a forma de sua constituição, a sua representação legal nas convenções coletivas de trabalho e o exercício de funções delegadas pelo poder público” . A partir de então, o sindicato continuava a exercer função delegada de poder público e o direito de greve passou a ser reconhecido e não ser mais tratado como recurso anti-social e nocivo ao trabalho.           
            A Constituição de 1967 não trouxe mudanças significativas, entretanto, o Decreto n.º 229 de 28/02/67, trouxe uma série de alterações na CLT, dentre as quais, a possibilidade dos sindicatos celebrarem acordos e convenções coletivas e o voto sindical obrigatório.
            A Carta Magna atual, estabelece em seu artigo 8º a livre associação profissional ou sindical, mantendo-se pois o que já constava na Constituição de 1937 (art. 138), 1946 (art. 159), 1967 (art. 159) e EC n.º 01/69 (art. 166) – no item VIII do presente estudo trataremos especificamente da CF/88 e da legislação infraconstitucional atinente ao Direito Coletivo do Trabalho.
            Ao logo deste processo de evolução histórica do Direito Coletivo do Trabalho no Brasil foram ratificadas 6 convenções da Organização Internacional do Trabalho e uma ainda padece de ratificação – todas tratando de temas relacionados ao objeto do nosso estudo.
	Convenção Ratificada
	Título
	Adoção OIT
	Ratificada pelo Brasil
	11
	Direito de Sindicalização na Agricultura
	1921
	25/04/1957
	98
	Direito de Sindicalização e de Negociação Coletiva
	1949
	18/11/1952
	135
	Proteção de Representantes de Trabalhadores
	1971
	18/05/1990
	141
	Organizações de Trabalhadores Rurais
	1975
	27/09/1994
	151
	Direito de Sindicalização e Relações de Trabalho na Administração Pública
	1978
	15/06/2010
	154
	Fomento à Negociação Coletiva
	1981
	10/07/1992
  Publicado no site: OIT - Organização Internacional do Trabalho - Escritório no Brasil (http://www.oitbrasil.org.br)
	Convenção Não Ratificada
	Título
	Adoção OIT
	87
	Liberdade Sindical e Proteção ao Direito de Sindicalização
	1948
  Publicado no site: OIT - Organização Internacional do Trabalho - Escritório no Brasil (http://www.oitbrasil.org.br)
2. FONTES DO DIREITO
Estudar fontes é buscar de onde vem, qual é a origem das normas, no presente trabalho a procedência das normas coletivas trabalhistas. 
2.1. Classificação
A divergência na doutrina no tocante a classificação das fontes. Habitualmente as fontes são divididas em duas espécies: formais e materiais. Vale destacar que as fontes formais se subdividem, ainda, em autônomas e heterônomas. 
2.1.1. Fontes Materiais
As fontes materiais estão situadas em um momento pré-jurídico, ou seja, antes das fontes formais, por isso, é correto afirmar que toda fonte formal já foi uma fonte material. 
São fontes materiais os acontecimentos econômicos, políticos, sociais que envolvem o direito do trabalho. 
O direito laboral é fruto da escravidão, da servidão, das Corporações de Ofício, do trabalho assalariado que pregava a liberdade um dos ideais do Iluminismo, da Revolução Francesa, e ainda, da Revolução Industrial.
É a partir desse eventos que se origina o direito coletivo do trabalho
2.1.2. Fontes formais
Já a fonte formal significa norma positivada, aquela que tem força coercitiva sobre seus destinatários e não precisa estar necessariamente escrita. 
As fontes formais como já mencionado subdividem em autônomas e heterônomas.
2.1.2.1. Fontes formais autônomas
São denominadas de diretas, não estatais ou primárias. Essas são elaboradas pela participação dos próprios destinatários, sem a intervenção do Estado. 
São elas: convenção coletiva do trabalho (CCT), acordo coletivo do trabalho (ACT), regulamentos de empresa e o costume. 
2.1.2.2. Fontes formais heterônomas
São denominadas de imperativas ou estatais e são aquelas que em que o Estado participa ou interfere. 
São elas: a Constituição Federal, leis (em geral), decretos expedidos pelo Poder Executivo, sentença normativa, súmulas vinculantes.
O mestre Arnaldo Sussekind acrescenta que também são fontes formais de direito do trabalho as fontes subsidiárias previstas no art. 8°da CLT
2.2. Hierarquia Das Fontes
No direito do trabalho há uma hierarquia de fontes de normas: ao estabelecido na CF.88 prevalece sobre a CLT que por sua vez tem a primazia sobre os decretos, e assim por diante.
 Entretanto, no direito do trabalho nem sempre a ordem hierárquica entre as diversas fontes se mantém na mesma forma que em outros ramos jurídicos.
No ramo trabalhista há uma distribuição dinâmica entre as normas jurídicas de tal forma que, como regra geral, havendo concorrência entre duas normas, prevalecerá a aplicação daquela que for mais favorável ou que garanta condição mais benéfica ao trabalhador.
Sem a garantia das liberdades civis e políticas, não há exercício dos direitos coletivos trabalhistas, seja por parte do trabalhador, seja pelas associações. 
Não se pode mais estabelecer conflitos entre as liberdades e os direitos trabalhistas, mas sim entender que todo direito social necessariamente pressupõe o respeito aos direitos civis e políticos clássicos (sabendo-se, por outro lado, que estes direitos, entendidos de forma isolada, também não permitem a efetivação do princípio da dignidade humana). Não há conflito, mas sim interdependência e complementaridade. 
3. OS DIREITOS FUNDAMENTAIS CONSTITUCIONAIS: PRESSUPOSTOS DO DIREITO COLETIVO
A Constituição se constitui como base e fundamento de validade de todo o ordenamento jurídico, possuindo vários diretos denominados de fundamentais.
A propagação dos direitos fundamentais indiscriminada reduz o que é genuinamente fundamental, razão pela qual não podemos nos afastar do que é efetivamente essencial como os direitos a vida, liberdade, isonomia jurídica, trabalho.
Esses direitos fundamentais de grande relevância constituem verdadeiros pressupostos para analise do direito coletivo, o que nos obriga a abordar alguns pontos a seguir sobre esta matéria.
Vejamos os principais:
3.1. Direito de reunião 
Direito Fundamental Coletivo, garante a liberdade a todos que quiserem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente (art. 5o, XVI, CR). 
A reunião deve ser pacífica (sem armas, sejam de fogo ou brancas) e sem violência (física, psicológica ou moral) ou ameaça. 
Esse direito é protegido por mandado de segurança, portanto, se a Administração Pública restringir o direito de reunião sindical, em violação à norma constitucional, cabe o mandamus. 
O direito de reunião não pode frustrar outra reunião preliminarmente convocada, e exige prévio aviso, o qual é comunicação, e não pedido de autorização. A falta de aviso não necessariamente gera dissolução da reunião. 
O exercício da liberdade de reunião do sindicato em sua própriasede, sem interferências administrativas, revela-se essencial para o exercício da liberdade sindical. Essa liberdade pode também se manifestar em logradouros públicos, com a mesma abrangência e limites do Direito Fundamental assegurado constitucionalmente (tais como, a exigência de prévio aviso para garantir que não seja impedida reunião anteriormente convocada, ou que as autoridades possam garantir o tráfego de pessoas e veículos).
As liberdades constitucionais possuem eficácia horizontal nas relações entre particulares, razão pela qual deve ser admitida a legitimidade da reunião, com todos os requisitos apontados (de forma alguma, se poderá confundir a greve com a reunião, aquela necessariamente gera prejuízo econômico ao empregador, ao contrário desta, que poderá ser até mesmo incentivada pelo empregador). 
3.2. Liberdade de associação 
A liberdade de associação para fins lícitos é direito constitucionalmente assegurado, o que abrange as seguintes dimensões: a) liberdade de criação, de forma independente de autorização estatal; b) liberdade de organização e funcionamento, livre de interferências estatais; c) necessidade de devido processo legal e jurisdicional para fins de suspensão ou dissolução das atividades; d) liberdade individual de aderir ou não à associação, bem como de se desfiliar; e) legitimidade de representação dos seus associados, desde que por eles devidamente autorizada (art. 5o, incisos XVII a XXI). 
A base constitutiva do direito de associação é a pluralidade de pessoas e atos de vontade, não importando se o numero de envolvidos seja diminuto. As pessoas jurídicas também podem se associar. 
A liberdade de associação, no plano do Direito Coletivo do Trabalho, se atrela ao exercício da defesa dos interesses individuais e coletivos da categoria (art. 8º, III, CR), devendo a atuação sindical se pautar na defesa de interesses próprios, qualificados e específicos.
3.3. Liberdade de consciência e de crença 
É livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato, e garantida como direito inviolável à liberdade de consciência e de crença, não podendo ninguém ser privado de direito por motivo de crença religiosa ou convicção filosófica ou política (art. 5o, incisos IV, VI e VII, CR). 
Assim, não é ilícito o simples fato de a pessoa professar convicções de natureza ideológica distinta da maioria, como uma ideologia comunista. 
Porem, a defesa de ideias que provocarem a subversão do Estado Democrático de Direito (destruição das instituições estatais, golpe de Estado ou atividades terroristas) deverá ser repelida, não podendo o sindicato se beneficiar da democracia para destruí-la, sujeitando-se a sanções, a serem apuradas no processo judicial.
3.4. Direito ao devido processo legal, acesso à Justiça e ao juiz natural. 
No exercício de funções sindicais não podem os cidadãos sofrerem em sanções pela pratica de um direito autorizado pela CF ou pela lei, devendo em caso de violação desses limites haver a apreciação pelo Poder Judiciário.
 A suspensão e a dissolução de atividades sindicais obrigatoriamente dependem de decisões judiciais, que respeitem o devido processo legal e o contraditório.
A Constituição, no inciso I do seu art. 8o, ao vedar a interferência e a intervenção do Estado na organização sindical, deve ser interpretada de forma sistemática com o princípio da inafastabilidade da jurisdição (também de status constitucional, no inciso XXXV do seu art. 5o). São vedadas interferências administrativas, via de regra na administração do sindicato, porem não representa uma carta em branco ou imunidade em relação à lei.
Capítulo 2
SUJEITOS DO DIREITO COLETIVO DO TRABALHO
2.1. SINDICATOS
A palavra sindicato advém do termo syndicat (pessoas vinculadas a uma corporação, sob a direção de um síndico) ou a suvidik (justiça comunitária; ideia de administração e atenção de uma comunidade).
Já o conceito normativo de sindicato, previsto no art. 511 da CLT, compreende a licitude da associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais que exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. 
Segundo Orlando Gomes, sindicato é “o agrupamento estável de várias pessoas de uma profissão, que convencionam colocar, por meio de uma organização interna, suas atividades e parte de seus recursos em comum, para assegurar a defesa e a representação da respectiva profissão, com vistas a melhorar suas condições de trabalho”. 
A natureza jurídica sindical demonstra-se como pessoa jurídica de Direito Privado e encontra sua legitimidade no associativismo e na união na defesa de interesses em comum. 
2.2. Criação e Registro 
O sindicato é uma associação, e como tal, exige o exame do Direito Civil, para sua constituição. 
Inicialmente deve ser observada a pluralidade de vontades, em seguida deve se observar os requisitos inerentes aos negócios jurídicos, quais sejam: capacidade dos agentes, forma prescrita ou não defesa em lei e objeto juridicamente possível. 
Há de se apontar que se aplica a decadência de três anos para anular a constituição das pessoas jurídicas de Direito Privado, e assim também é para os sindicato. Esse prazo é contado da publicação de sua inscrição no registro (art. 45, parágrafo único, do Código Civil). 
Primeiro ocorre a criação e posteriormente faz-se ao registro, que permitirá ao Sindicato exercer as funções para qual foi criado e autorizada por lei. Advirta-se que a falta de registro significa ausência de personalidade jurídica. 
Para a regularidade do sindicato se exige o duplo registro. Um civil (inscrição no CNPJ) e outro trabalhista (perante o Ministério do Trabalho, para fins de garantia da unicidade sindical – conforme o art. 8, inciso I, da CF88, devidamente interpretado na Súmula no 677 do STF e na Orientação Jurisprudencial no 15 da Seção de Dissídios Coletivos do TST). 
A terceira fase é a autorização ou aprovação (o que é admitido excepcionalmente na criação de pessoas jurídicas, tal como a criação de sociedades de economia mista e empresas públicas que dependem de lei específica, conforme art. 37, XIX, C8F8), prevista na Consolidação das Leis do Trabalho (o sindicato nasce como associação profissional e apenas se transforma em sindicato com a autorização e aprovação do Ministério do Trabalho), mas não recepcionada na Constituição da República, a qual só prevê a obrigatoriedade do registro no órgão competente (Ministério do Trabalho) para fins de controle da unicidade sindical por categoria e base territorial. 
Assim o Sindicato, em síntese, nasce através da conjugação de vontades e do duplo registro: civil e trabalhista. 
De acordo com a portaria n 186 (2008) do Ministério do Trabalho e Emprego no pedido de registro deverá constar os seguintes requisitos: 
a) o edital de convocação dos membros da categoria com a indicação nominal da base territorial pretendida, devendo o edital ser publicado no Diário Oficial da União e em jornal de circulação na base territorial pretendida; 
b) ata de Assembleia-Geral da fundação da entidade e o processo eleitoral da diretoria do sindicato; 
c) estatuto sindical (admite-se a impugnação administrativa da constituição de novo sindicato). 
2.3. Finalidade e Patrimônio
A associação se funda em fins não econômicos (art. 53, CC), do mesmo modo o Sindicato. A procura de vantagens materiais auxiliares, indispensáveis ao seu funcionamento e para que alcance o seu objetivo, não retira o caráter não lucrativo do fim social. Assim, a contribuição dos associados, remuneração de certos serviços, cobrança de ingressos a conferências ou concertos, não são características do fim lucrativo, bem como superávit na apuração de balanços periódicos. 
Pode ainda o sindicato formar patrimônio, adquirir sede própria e bens de capital. 
No entanto, não pode o sindicato se utilizar dessa prerrogativa para cobrar por todo e qualquer atividadeexercida, principalmente para os membros da categoria, sob pena de desvirtuamento da sua finalidade. Assim, a cobrança pela homologação da rescisão do contrato de trabalho e pela assistência jurídica, são abusivas, pois ambas são gratuitas por força do art. 477, § 7, da CLT, e do art. 14 da Lei no 5.584/1970. 
2.4. Prerrogativas e Funções 
O art. 513 da CLT enumera as prerrogativas sindicais:
a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias os interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou interesses individuais dos associados relativos á atividade ou profissão exercida (sendo que a substituição processual do sindicato revela-se mais ampla, abrangendo a defesa dos interesses individuais e coletivos da categoria, na forma do inciso III do art. 8o da CR, e não apenas dos associados); 
b) celebrar contratos coletivos de trabalho (convenções e acordos coletivos de trabalho); 
c) eleger ou designar os representantes da respectiva categoria ou profissão liberal; 
d) colaborar com o Estado, como órgãos técnicos e consultivos, no estudo e solução dos problemas que se relacionam com a respectiva categoria ou profissão liberal (a dependência do sindicato em relação ao Estado é imposta); 
e) impor contribuições a todos aqueles que participam das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas (o que será estudo no tópico relativo às contribuições sindicais). 
O parágrafo único do art. 513 admite também que os sindicatos de empregados terão a prerrogativa de fundar e manter agências de colocação, o que permanece válido, desde que não se estabeleça preferência ou condição de contratação exclusiva de sindicalizados, em violação à liberdade sindical individual negativa. 
As atividades sindicais são classificadas, de acordo com critério mais objetivo e democrático, em funções, entre as quais se destaca, a trabalhista, com destaque para reivindicação e busca de melhores condições de trabalho.
Outra função é a regulamentar (normativa ou contratual), que se apresenta através da negociação coletiva do sindicato da categoria profissional, com a finalidade de celebrar a convenção ou acordo coletivo de trabalho.
A finalidade econômica é óbvia e diretamente derivada da função trabalhista, através da instituição de vantagens econômicas para os associados e a categoria,
A experiência demonstra que o sindicato que se dedica a tarefas políticas despreza a sua função de defesa dos interesses trabalhistas, tornando-se completamente distanciado da realidade social e econômica dos trabalhadores por ele representados. 
Por isso, a nossa legislação prevê a vedação ao sindicato de financiar partidos políticos com o uso da contribuição sindical compulsória (art. 1, II, g, da Lei Complementar no 64/1990). No mencionado artigo estipula-se que são inelegíveis os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, administração ou representação em entidades representativas de classe, mantidas total ou parcialmente, por contribuições impostas pelo Poder Público ou com recursos arrecadados e repassados pela Previdência Social. 
A função assistencial visa a promoção da solidariedade entre os membros e suas famílias, o que eleva a união entre os trabalhadores. Complementa-se pela questão ética de respeito à individualidade de cada associado e de valorização do espírito comunitário. 
Podemos citar como exemplo real de ação ética sindical as ações de sindicatos de trabalhadores na qualificação de trabalhadores, como em cursos de informática, nos serviços de estética pessoal (salão de beleza, cabeleireiros, manicures etc.), entre outras, o que permite a muitos trabalhadores crescerem profissionalmente. 
2.4.1. Homologação de termo de rescisão de contrato de trabalho 
A reforma trabalhista trazida pela Lei 13.467/2017 trouxe mudanças para homologação da rescisão de contrato de trabalho. A partir dela não é mais obrigatória que a homologação da rescisão de contrato seja feita junto ao sindicato da categoria. Portanto, independentemente se o empregado tem ou não mais de um ano de vínculo empregatício, a formalização do desligamento poderá ser realizada na própria empresa.
2.4.2. Assistência Jurídica 
Todos os Sindicatos devem disponibilizar serviço de assistência jurídica integral e gratuita, aos membros da categoria, sejam associados ou não, em face da destinação da contribuição sindical compulsória (art. 592, II, a, CLT). 
No art. 14. da Lei n5.584/1970 também aponta o dever de assistência jurídica integral e gratuita do sindicato da categoria profissional, afastando-se comando constitucional inscrito no inciso LXXIV do art. 5 da CF88, de que o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem hipossuficiência de recursos. 
O Tribunal Superior do Trabalho, em suas Súmulas nos 219 e 329 prestigia a assistência jurídica integral e gratuita sindical, ao determinar que na Justiça do Trabalho, a condenação ao pagamento de honorários advocatícios nunca superiores a 15% (quinze por cento) não decorre pura e simplesmente da sucumbência, devendo a parte estar assistida por sindicato da categoria profissional e comprovar a percepção de salário inferior ao dobro do salário mínimo ou encontrar-se em situação econômica que não lhe permita demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. 
A jurisprudência sedimentou também a regra do jus postulandi (capacidade postulatória) do empregado e empregador no processo trabalhista, sem a presença de advogado, nos termos do art. 791 da CLT, que na realidade traz mais malefícios que benefícios pois fragiliza a defesa dos interesses em juízo.
2.5. Deveres e Condições de Funcionamento 
Os deveres do sindicato encontram-se previstos no art. 514 da CLT: 
a) colaborar com os poderes públicos no desenvolvimento da solidariedade social; 
b) manter serviços de assistência judiciária para os associados; 
c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho; 
d) sempre que possível, e de acordo com as suas possibilidades, manter no seu quadro de pessoal, em convênio com entidades assistenciais ou por conta própria, um assistente social com as atribuições específicas de promover a cooperação operacional na empresa e a integração profissional na Classe. Registre-se também o dever de promover a fundação de cooperativas de consumo e de crédito e, por fim, de fundar e manter escolas de alfabetização e pré-vocacionais. 
São condições para o funcionamento, conforme o art. 521 da CLT: 
a) proibição de qualquer propaganda de doutrinas incompatíveis com as instituições e os interesses da Nação, bem como de candidaturas a cargos eletivos estranhos ao sindicato; 
O que se proíbe são as contrárias ao Estado de Direito, fazendo a apologia de valores paramilitares, racismo, terrorismo ou a derrubada das instituições democráticas, por exemplo
b) proibição de exercício de cargo eletivo cumulativamente com o de emprego remunerado pelo sindicato ou por entidade sindical de grau superior; 
Como se verá a possibilidade de participação política deverá ser sempre instrumental.
c) gratuidade do exercício dos cargos eletivos; 
A impossibilidade do recebimento de remuneração pelo exercício do mandato de direção sindical tem destinatário apenas ao trabalhador que não se afasta do seu emprego pelo exercício do mandato sindical.
Isso conforme parágrafo único do art. 521 o qual determina a possibilidade de arbitramento de remuneração pela Assembleia-Geral de gratificação (quando o trabalhador tiver que se afastar do seu trabalho) em valor nunca excedente à importância de sua remuneração na profissão respectiva, medida de extremo valor ético, considerando-se que diversos dirigentes sindicais têm demonstrado patrimônio totalmente incompatível com as funções dos trabalhadores por ele representados. A medida valoriza a necessidade de prestação de contas e autorização por assembleia. 
d) proibição de quaisquer atividades não compreendidas nas finalidades mencionadas no art. 511, inclusiveas de caráter político-partidário; 
e) proibição de cessão gratuita ou remunerada da respectiva sede a entidade de índole político-partidária.
O art. 526 da CLT determina que os empregados do sindicato deverão ser nomeados pela diretoria com referendo da Assembleia-Geral. Porem, essa permissão, tem dado espaço para o abuso, pois em diversos sindicatos têm se feito a nomeação de empregados com salários astronômicos, dispensando-os, ao final do mandato da diretoria derrotada, com direitos rescisórios elevadíssimos, o que leva ao déficit financeiro da associação.
É possível o controle judicial para combater essas irregularidades, como na situação em que há a contratação de parentes dos diretores sindicais, devendo o Ministério Público do Trabalho reprimir, através de ações civis públicas.
O sindicato empregador deverá cumprir todas as obrigações que possui qualquer outro empregador na legislação trabalhista.
2.6. Dissolução e Suspensão de Sindicato 
Os sindicatos, na qualidade de associações, só poderão ser compulsoriamente dissolvidos, ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, para fins de dissolução, a existência de coisa julgada formal e material (art. 5,XIX, CF88), que segue o parâmetro entabulado no Direito Internacional, mais precisamente no art. 4 da Convenção 87 da OIT.
 
Ressalte-se que no processo judicial deve ser observado o devido processo legal em prestigio ao Estado Democrático de Direito. 
Os atos ilícitos cometidos por dirigentes sindicais não devem obrigatoriamente atingir a pessoa jurídica do sindicato, mas sim atingir a pessoa e o patrimônio daqueles responsáveis pela prática dos atos. Agir, de outra forma, poderá prejudicar duplamente os trabalhadores: 
a) responsabilidade pelos atos ilícitos praticados pelos dirigentes sindicais; 
b) perda da representatividade sindical, com enfraquecimento da defesa dos direitos trabalhistas. 
Capítulo 3
REPRESENTATIVIDADE SINDICAL
3.1. CATEGORIA 
3.1.1. Conceito normativo 
A Categoria econômica é definida pelo art. 511, § 1o, CLT, como vínculo social básico, formado a partir da solidariedade de interesses econômicos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou conexas. 
A Categoria profissional é definida pelo art. 511, § 2o, CLT, como expressão social elementar, formada a partir da similitude de condições de vida oriunda da profissão ou trabalho em comum, em situação de emprego na mesma atividade econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas. 
A Categoria profissional diferenciada é formada pelos empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por força de Estatuto profissional especial ou em consequência de condições de vida singulares. 
3.1.2. Distinção entre categoria e função 
A categoria não é uma função, ou uma atividade, mas é definida pela atividade econômica do empregador (e seu equivalente da categoria profissional) ou pela profissão (categoria profissional diferenciada). 
3.1.3. Base territorial 
A categoria legitimada de forma exclusiva pela unicidade sindical se impõe por base territorial mínima, definida pelo inciso III, do art. 8o, da CR, como o município. 
São possíveis desmembramentos com o surgimento de um novo sindicato, desde que a base mínima seja respeitada. O fracionamento ocorre frequentemente, já que existe um universo significativo de órgãos sindicais que possui base intermunicipal, estadual e até mesmo nacional. 
O que faz nascer o novo sindicato é pluralidade da vontade de trabalhadores, membros da categoria, a qual pode ocorrer mediante consenso com o sindicato original, ou mediante controvérsia, que necessariamente deverá ser composta na Justiça do Trabalho (após a Emenda Constitucional no 45/2004). A definição de representatividade sindical, quando há coincidência de bases territoriais, é feita, preferencialmente, pelo critério da anterioridade. 
Destaque relevante no fracionamento e criação de novos sindicatos ocorreu na categoria dos aeronautas e aeroviários, que sempre contaram com sindicatos nacionais, mas as diversas crises econômicas na aviação e a insatisfação dos trabalhadores com a representatividade sindical fizeram surgir não só novos sindicatos municipais, mas até mesmo associações de pilotos (que tiveram forte atuação no processo de recuperação judicial da Varig). 
3.2. Unicidade e Pluralidade sindical 
Dois são os sistemas de representatividade sindical: a unicidade, em que o sindicato possui o monopólio de representatividade dos empregados, e a pluralidade sindical, que é o reconhecimento da autonomia e liberdade dos próprios trabalhadores e empresários para constituição de sindicatos, de acordo com critérios por eles mesmos estabelecidos.
A unidade da profissão implica na aplicação uniforme e abstrata das mesmas condições de trabalho a todos os ocupantes da mesma profissão, idêntica, similar ou conexa, sendo impossível sua representação por mais de um órgão. A unicidade sindical é monopólio do sindicato por categoria e base territorial. Permite também o financiamento estatal aos sindicatos através da contribuição sindical compulsória. 
A categoria é a principal meio definidor da unicidade, não se permitindo no Brasil, por exemplo, a constituição de sindicato por empresa (a não ser que a empresa exerça uma atividade econômica e exclusiva, sem similares ou conexos, o que é extremamente raro). 
A unicidade sindical não é reconhecida no Direito Internacional do Trabalho, conforme a Constituição da OIT e a Convenção no 87 da OIT. A OIT verificou que, em diversos países, a instalação de um governo pluralista e democrático significou a abolição da unicidade sindical e a substituição de um regime que permite o pluralismo sindical.
Unicidade não significa unidade sindical, pois esta é a existência de um único sindicato, mas por vontade e escolha da própria classe representada. Não há controle por parte do Estado, e surge de forma espontânea, pela própria organização dos trabalhadores. 
Os defensores da unicidade sustentam que o pluralismo levaria ao fracionamento excessivo do sindicato, com perda de sua força, o que não condiz com os fatos da história brasileira, na qual esta já se aproxima de um século, e cada vez mais as associações se enfraquecem. O pluralismo não é imposto, ele deverá ser espontâneo, e se associações se unirem por consenso, a força será maior. 
A pluralidade sindical funda-se em critérios éticos e sociológicos, pois os sindicatos possuem ideais (políticos, religiosos etc.) que não se separam do seu trabalho profissional. A existência de opiniões dissidentes deve sustentar o estabelecimento de sindicatos diferentes, em vez de obrigar que o grupo minoritário fique sujeito à tirania da maioria. 
O pluralismo sindical deve ser reconhecido como consequência do pluralismo social, cabendo aos próprios interessados escolher dentre a multiplicidade de opções da complexidade social dos papéis produtivos, aquele que for mais adequado ao momento histórico específico. 
A realidade social e a liberdade de escolha dos atores individuais e sociais devem ser os parâmetros: o exemplo dos empregados do setor administrativo na Itália que, no período corporativo e fascista, formavam um sindicato em autônomo, foi superado no período democrático no qual esses empregados se uniram aos demais empregados do setor produtivo da indústria. A noção de categoria cria preconceitos entre os próprios trabalhadores (tal como decorre com os terceirizados, que, via de regra, são representados por sindicatos distintos daqueles dos empregados da empresa principal e tomadora dos serviços). 
3.3. Enquadramento Sindical 
O Direito Coletivo do Trabalho brasileiro, embora prestigie a liberdade individual de filiação ou desfiliação do sindicato, realiza enquadramento sindical obrigatório e automático. 
O trabalhador (ao ser contratado) e o empresário (ao exercer a atividade empresarial) se tornam membros de uma categoria. O enquadramento sindical é a base da contribuição sindical compulsória e da representatividade sindical por categoria. 
O enquadramentode empregados e empregadores não é uma escolha das partes, mas sim automático, baseado, a princípio, numa realidade fática (a atividade econômica do empregador). O empregado trabalha numa indústria metalúrgica, logo será metalúrgico; labora numa instituição bancária, será bancário. 
3.4. Representação Sindical Processual ou Substituição Processual
A definição da representação processual exercida pelo sindicato se apresenta no inciso II, do art. 8 da CF, segundo o qual ao sindicato incumbe a defesa de direitos e interesses individuais e coletivos da categoria em processos judiciais e administrativos. 
O Tribunal Superior do Trabalho consolidou entendimento restritivo da substituição processual sindical em sua Súmula n310, definindo que só é irrestrita a representação quando existir autorização específica da lei, tal como ocorre no adicional de insalubridade (art. 195, § 1, CLT). 
A ação proposta pelo sindicato, segundo a Súmula, demandava a individualização de cada substituído, e na fase da execução a identificação através da CTPS ou documento de identidade. Os substituídos podem integrar a lide como assistentes litisconsorciais, com poder de acordar, transigir e renunciar, de forma autônoma sem necessidade de anuência sindical. A liquidação da sentença exequenda ordena a individualização do valor devido a cada substituído, cujos valores para quitação serão levantados através de guia em nome do substituído ou por seu procurador com poderes especiais para esse fim. 
No entanto, depois de transcorridos alguns anos, a questão foi apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, em razão de diversos recursos extraordinários em controle difuso de constitucionalidade, tendo o STF, por maioria (6 x 5), decidido que os sindicatos possuem legitimidade ativa ad causam como substitutos processuais das categorias que representam na defesa de direitos e interesses coletivos ou individuais dos seus integrantes. Os entendimentos vencidos restringiam a legitimidade ao processo de conhecimento, asseverando que a liquidação e execução da sentença só é possível mediante representação e autorização expressa do trabalhador. O resultado significou o cancelamento da Súmula n310 do TST. 
O Tribunal Superior do Trabalho tem reconhecido atualmente a ampliação da substituição processual o que significa dizer que, a despeito da existência ou não de rol dos substituídos na ação originalmente ajuizada, podem os integrantes da categoria, em qualquer tempo, durante a execução, habilitar-se, sob o argumento de que se apresenta mais celeridade, sem necessidade de deflagração de nova discussão.
No caso concreto, o TRT da 2ª Região havia decidido pela aplicação do disposto na cancelada Súmula n310 do TST, uma vez que a pretensão somente fora apresentada em juízo sete anos após a prolação da sentença de mérito, ou seja, neste entendimento, seriam ofendidos os princípios constitucionais do contraditório e da coisa julgada. Estes argumentos foram recusados, pois a substituição processual não se encontra restringida aos associados do sindicato, não podendo a legislação infraconstitucional restringir a Constituição, ou seja, não teria se apresentado ofensa à coisa julgada, uma vez que os membros da categoria foram adequadamente representados e substituídos pelo sindicato, não podendo ser chamados de terceiros. 
A questão interpretativa a ser resolvida consiste no significado dos interesses coletivos abrangidos pela substituição processual prevista no inciso III do art. 8 da CF. 
3.5. Interesse Coletivo 
Hodiernamente o sistema jurídico nacional aponta diversos dispositivos que visam tutelar os interesses coletivos e sociais e não mais defender de maneira isolada os interesses individuais
O interesse individual é aquele interesse cuja fruição se esgota no círculo de atuação do seu destinatário. A circunstância de que o interesse individual se exerce pelo e para o indivíduo fundamenta a diferenciação entre as liberdades pessoais (liberdade de locomoção) e as coletivas (liberdade de associação). Os interesses relacionados às liberdades pessoais se restringem à esfera de atuação de cada pessoa e cujo exercício depende de uma ação voluntária do indivíduo. 
As liberdades coletivas, por sua vez, só são exercitáveis em grupo. Quando se fala em interesse coletivo como uma soma de interesses individuais, não se pode esquecer a advertência que já fizemos anteriormente: a forma de exercício de um direito não altera a sua natureza. 
A conceituação mais adequada de interesse coletivo é aquela que o trata como a síntese de direitos individuais. Não se trata da defesa do interesse pessoal do grupo, nem da soma ou justaposição de interesse dos integrantes do grupo; trata-se de interesses que ultrapassam esses dois limites, ficando afetado a um ente coletivo, nascido a partir do momento em que certos interesses individuais, atraídos por semelhança e harmonizados pelo fim comum, se amalgamam no grupo. 
A reunião dos esforços individuais é o mecanismo mais eficaz para a consecução do fim comum. Foi a partir desse raciocínio que se elaborou teoria da pessoa jurídica como uma realidade autônoma, distinta da pessoa dos seus membros e identificada à respectiva coletividade por ela representada. O sindicato representa a profissão, a categoria, e não os seus aderentes. O interesse coletivo torna-se para o grupo um interesse direto e pessoal, legitimando o grupo a representar a coletividade como um todo. 
Os interesses individuais ao se agruparem, formam um novo ente: o interesse coletivo. Não se trata de apoio à tutela dos interesses individuais, conferidos pelo grupo, mas da defesa de um interesse que supera a soma dos interesses individuais, mas também restringe-se ao grupo.
A definição normativa de interesses coletivos se encontra expressamente no inciso II do art. 81 do Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual são aqueles transindividuais de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base. Trata-se de um interesse concernente a uma realidade coletiva e exercitado de forma coletiva. 
Os interesses coletivos calcam-se nos grupos como instrumento de exteriorização, uma vez que estes pressupõem um mínimo de coesão, de organização, de estrutura, sem os quais os interesses não podem se aglutinar de forma coesa e eficaz no seio de um grupo determinado. Em resumo, são os interesses comuns a uma coletividade de pessoas e apenas a elas, repousando sobre um vínculo jurídico que as congrega. 
Desta maneira, os interesses coletivos implicam: a) um mínimo de organização, a fim de que os interesses ganhem a coesão e a identificação necessárias; b) a afetação desses interesses a grupos determinados (ou ao menos determináveis), que serão os seus portadores; c) um vínculo jurídico básico, comum a todos os participantes, conferindo-lhes situação jurídica diferenciada. 
O Código de Defesa do Consumidor eleva a defesa de interesses coletivos, sem desprezar os interesses individuais, o que se verifica nos seus arts. 94, 97 a 100 (possibilidade dos interessados intervirem como litisconsortes nas ações coletivas, através da publicação de edital e divulgação nos meios de comunicação social da propositura da ação e de liquidação individual da sentença genérica). 
Capítulo 4
GESTÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA DO SINDICATO
A gestão administrativa e financeira do sindicato, tem como principais prerrogativas: 1. Autonomia do grupo para elaborar as regras principais de funcionamento da associação; 2. Administração própria do patrimônio; 3. Eleição dos representantes pela própria categoria, sem interferência administrativa estatal. 
4.1. Estatuto 
O estatuto é o documento elaborado pelos próprios indivíduos que fazem parte da associação e representa a criação de um conjunto de normas e regras de conduta, para autogoverno, legitimando e definindo as atividades a serem exercidas pelo sindicato. Opera-se a transformação de um simples conjunto de homens num círculo social organizadoem razão de um fim comum, com poderes que não se confundem com os poderes particulares dos membros componentes. 
O art. 518 da CLT expõe os requisitos necessários: 
a) a denominação e a sede da associação; 
b) a categoria econômica ou profissional ou a profissão liberal cuja representação é requerida;
c) a afirmação de que a associação agirá como órgão de colaboração com os poderes públicos e as demais associações no sentido da solidariedade social e da subordinação dos interesses econômicos ou profissionais ao interesse nacional; 
d) as atribuições, o processo eleitoral e das votações, os casos de perda de mandato e de substituição dos administradores; 
e) o modo de constituição e administração do patrimônio social e o destino que lhe será dado no caso de dissolução; 
f) as condições em que se dissolverá associação. 
Atualmente não há mais a obrigatoriedade de reconhecimento estatal para criação e funcionamento do sindicato (art. 518, caput e § 2, CLT), entretanto, a grande maioria dos estatutos (inclusive dos sindicatos criados após a vigência da CR/1988) segue as regras acima expostas, inclusive a necessidade de funcionar como órgão de colaboração do Estado. 
O Ministério do Trabalho na criação de sindicatos se restringe à verificação da unicidade sindical por categoria, como ato administrativo estritamente vinculado. 
Como já estudado por ser o sindicado uma associação, é importante que haja por parte das mesmas a observação dos requisitos dos arts. 53 a 61 do Código Civil. 
Com fundamento no Código Civil, os estatutos da associação sindical deverão trazer os requisitos para admissão, demissão e exclusão dos associados (art. 54, inciso II), sendo permitido a exclusão do associado apenas se houver a justa causa, reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto (art. 57). 
No estatuto há a previsão dos direitos e deveres dos sindicalizados, não se admitindo na esfera sindical a instituição de categorias de associados com vantagens especiais ou a transmissibilidade dessa condição (diferentemente do previsto excepcionalmente nos arts. 55 e 56 do Código Civil), porquanto o sindicato representa toda a categoria dos trabalhadores, não se justificando pela finalidade de defesa dos direitos trabalhistas que se construam hierarquias de associados. 
As modificações do disposto no estatuto obrigatoriamente deverão ser promovidas privativamente por assembléia geral (arts. 54, VI, e 59, II, do Código Civil). 
Advirta-se que as normas dispostas no Código Civil são compatíveis com a liberdade de associação prevista na Constituição Federal, ao contrário de diversas normas da Consolidação das Leis do Trabalho que não foram recepcionadas. 
4.2. Gestão Administrativa 
A gestão administrativa sindical é regida especialmente pelo estatuto do sindicato, prestigiando o principio da liberdade sindical. As normas jurídicas estabelecidas na Consolidação das Leis do Trabalho possuem validade, desde que não acarretem em interferência administrativa no funcionamento da associação, devendo estar vinculadas a prestação de contas à categoria e garantia da democracia sindical interna. 
A definição de órgãos sindicais é importante na definição da gestão administrativa e na proteção dos interesses categoria. A eleição, por sua vez, revela-se o ato democrático de escolha dos representantes da diretoria que serão responsáveis pela administração do sindicato, bem como na representação do sindicato em negociações coletivas, greves, ações judiciais e outros atos jurídicos relacionados. 
4.2.1. Órgãos sindicais 
A Consolidação das Leis do Trabalho nomeia três órgãos sindicais, cada qual responsável por uma função autônoma e específica, sendo eles: a Assembléia; a Diretoria Executiva; e o Conselho Fiscal.
 
4.2.1.1. Assembléia 
A assembléia consiste no órgão deliberativo e normativo do sindicato, é nada mais que o cerne da associação, pois é nesse órgão que se evidencia a vontade do trabalhador, de forma direta. 
Serão sempre tomadas por escrutínio secreto, na forma estatutária, as deliberações da Assembleia-Geral concernentes aos seguintes assuntos: a) eleição de associado para representação da respectiva categoria prevista em lei; b) tomada e aprovação de contas da diretoria; c) aplicação do patrimônio; d) julgamento dos atos da diretoria, relativos a penalidades impostas a associados (art. 524, CLT); existindo também a defesa da necessidade de voto secreto na declaração de greve.
Todo direito que depender de acordo coletivo de trabalho ou de convenção coletiva de trabalho, tal como a participação nos lucros e nos resultados (art. 2, II, Lei n 10.101/2000), necessita de assembléia. 
A assembléia pode ser exclusiva aos associados em situações específicas: 
a) eleição da diretoria; 
b) aplicação de punição ao associado e/ou membro da diretoria, mas em diversas hipóteses deverá ser aberta a todo membro da categoria, em especial, nas seguintes hipóteses: 
b.1) declaração de greve; 
b.2) autorização de convenção ou acordo coletivo de trabalho.
A legitimidade do sindicato se apresenta para fins de defesa dos interesses da categoria, o que amplia a possibilidade de participação do trabalhador não associado. 
O Ministério Público do Trabalho tem o dever de interferir no sindicado quando houver o desvio das funções da assembléia em favor exclusivamente da Diretoria Executiva (exemplo: poder da presidência do sindicato devolver membros da direção executiva para a empresa, sem manifestação da assembléia).
 
Assim, o sindicalismo baseia-se no fato da direção sindical levar todas as discussões possíveis às assembléias dos trabalhadores, permitindo a renovação do funcionamento da estrutura sindical, a qual normalmente impõe as decisões de cima para baixo.
 
4.2.1.2. Administração do sindicato: Diretoria Executiva e Conselho Fiscal 
A administração do sindicato será exercida por uma diretoria constituída no máximo de sete e no mínimo de três membros e de um Conselho Fiscal composto de três membros, eleitos esses órgãos pela Assembleia-Geral (art. 522, CLT). 
A diretoria elege, dentre os seus membros, o presidente do sindicato (art. 522, § 1, CLT). No entanto, na pratica as eleições sindicais são feitas através de chapas, já com a indicação do presidente do sindicato, dos membros e suas funções, o que favorece a democracia e o voto do associado. 
A competência do Conselho Fiscal é limitada à fiscalização da gestão financeira do sindicato (art. 522, § 2, CLT).
A diretoria do sindicato e os delegados sindicais tem como atribuição exclusiva a representação e a defesa dos interesses da entidade perante os poderes públicos e as empresas (art.523 da CLT), exceto se for constituído mandatário com poderes outorgados por procuração da diretoria, ou associado investido em representação prevista em lei (art. 522, § 3, CLT). 
O art. 523 da CLT reconhece o poder da diretoria sindical designar delegados, que é reflexo da democracia sindical interna. Advirta-se que se houver delegado eleito pela categoria, deve-se afastar o poder da diretoria, prevalecendo para a sua destituição apenas a assembleia. 
Não foi recepcionado pela Constituição da República o art. 528 da CLT, que prevê que se houver dissídio ou circunstâncias que perturbem o funcionamento do sindicato poderá haver intervenção do Ministério do Trabalho, com a nomeação de delegado ou junta interventora, com atribuições para administrá-lo e executar ou propor as medidas necessárias até a devida normalização. A liberdade sindical entabulada no art. 8 da Constituição da República veda a interferência do Estado no funcionamento do sindicato, devendo qualquer analise sobre abuso ou ilegalidade ser realizado pelo Poder Judiciário através do devido processo legal. 
4.2.2. Eleições sindicais 
São condições para o exercício do direito do voto como para a investidura em cargo de administração ou representação econômica ou profissional: 
a) ter o associado mais de seis meses de inscrição no Quadro Social e mais de 2 (dois) anos de exercícioda atividade ou da profissão; 
b) ser maior de 18 (dezoito) anos; 
c) estar no gozo dos direitos sindicais (art. 529, CLT). 
Não podem ser eleitos para cargos administrativos ou de representação econômica ou profissional, nem permanecer no exercício desses cargos: 
I – os que não tiverem definitivamente aprovadas as suas contas de exercício em cargos de administração; 
II – os que houverem lesado o patrimônio de qualquer entidade sindical; 
III – os que não estiverem, desde dois (2) anos antes, pelo menos, no exercício efetivo da atividade ou da profissão dentro da base territorial do sindicato, ou no desempenho de representação econômica ou profissional; 
IV – os que tiverem sido condenados por crime doloso enquanto persistirem os efeitos da pena; 
V – os que não estiverem no gozo de seus direitos políticos; 
VI – (Revogado pela Lei nº 8.865, de 29/3/1994); 
VII – má conduta, devidamente comprovada (art. 530, CLT). 
Os requisitos em sua maioria são compatíveis com a Constituição em vigência (a OIT se manifesta pela validade da fixação por lei do prazo máximo de duração do mandato de direção sindical), devendo se ressaltar, todavia, que o requisito de má conduta só pode ser aplicado pela Assembleia-Geral, a qual deverá motivar a punição, sob pena de restrição arbitrária e inadequada à participação na vida associativa. 
A regulamentação do processo de eleição dos dirigentes deve atender preferencialmente o fixado no estatuto sindical. Se estes impuserem que apenas os associados com mais de 1 (um) ano na categoria podem se candidatar, esta regra deverá prevalecer. 
A exigência de obrigatoriedade do voto dos associados nas eleições sindicais (art. 529, parágrafo único, CLT) depende da previsão no estatuto sindical, não podendo ser imposta por lei, senão despontaria como interferência abusiva e desproporcional do Estado no Sindicato. 
Outro ponto que merece destaque é que o aposentado pode votar e ser votado nas eleições sindicais, conforme autorização expressa da Constituição, prevista no inciso VII do seu art. 8, o que é reflexo do direito de uma minoria que pode ser discriminada pelos trabalhadores em exercício. Os aposentados possuem experiência consolidada, o que enriquece a atuação sindical. 
Ao Estatuto é dado o poder de criar outras condições, desde que não sejam discriminatórias e desproporcionais. Assim, serão consideradas não recepcionadas pela Constituição Federal formas de controle administrativo, tais como a designação de presidente da sessão eleitoral e regulamentação do processo eleitoral pelo Ministério do Trabalho (art. 531, §§ 3 e 4, CLT). 
A impugnação dos atos praticados no processo eleitoral será apreciada pelo Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho, não detendo o Ministério do Trabalho o poder de posse da diretoria, o que implica a inconstitucionalidade dos §§ 1e 3, do art. 532 da CLT. 
As eleições devem ser revestidas de publicidade, de forma se impedir fraudes. 
A Portaria n3.150/1986 do Ministério do Trabalho normatiza varias obrigações e procedimentos relativos às eleições, regulando temas como a convocação, registros das chapas, processo de impugnação de candidaturas, sessão eleitoral de votação, sessão de apuração dos votos e outras situações. 
No entanto, devemos destacar e repetir mais uma vez, que não são mais admitidas às intervenções do Estado na administração do Sindicato (art. 8, I, CR), desta maneira deve o sindicato organizar as eleições, de acordo com os seus estatutos e regulamentos internos, podendo haver intervenção do Ministério Público do Trabalho e da Justiça do Trabalho, com o intuito de averiguar eventuais abusos nos casos concretos (por exemplo, o presidente do sindicato e concorrente da eleição não pode presidir o processo eleitoral; devem existir prazos razoáveis para divulgação do processo eleitoral e de registros das chapas; critérios objetivos, imparciais e precedentes ao processo eleitoral sobre a capacidade eleitoral ativa e passiva). 
Isso porque a regulamentação estatal excessiva do processo eleitoral constitui infração a liberdade sindical.
 
4.3. Gestão Financeira Do Sindicato 
O Estado não pode intervir de forma abusiva no patrimônio sindical, de forma a impedir o desenvolvimento de suas atividades, devendo ser sempre respeitado o direito de propriedade (o que também transforma o sindicato num órgão honesto e imparcial, que saberá respeitar e valorizar os direitos econômicos do empregador, e não apenas crítico, baseado na hipocrisia na qual apenas a propriedade do sindicato deve ser respeitada) em especial nos arquivos.40 
As regras previstas na CLT (arts. 548-557, da CLT) sobre a gestão financeira do sindicato encontram-se em parte recepcionadas e em parte não recepcionadas pela atual Constituição. São inconstitucionais todas as normas que tragam controle administrativo da gestão financeira do sindicato pelo Ministério do Trabalho, sendo cabível apenas o controle judicial e do Ministério Público do Trabalho. 
São constitucionais as normas que exigem a elaboração de orçamento (art. 550, CLT) escrituração contábil de todas as operações de ordem financeira e patrimonial (art. 551, CLT), exigência de assembleia geral para alienação de bens imóveis (art. 549, CLT), enfim todas as regras que se compatibilizam com a necessidade do sindicato prestar contas aos membros da categoria, sendo por eles financiado, prevenindo a má gestão. A inobservância destas regras deverá implicar a perda da imunidade tributária dos sindicatos. 
O art. 552 da CLT ao prever o peculato do dirigente sindical foi considerado não recepcionado pela Constituição, embora ainda possa ser considerado válido em relação à contribuição sindical compulsória. O art. 1o, Lei no 8.429/1992 também permite o enquadramento do dirigente sindical em ato de improbidade. 
4.3.1. Contribuições Sindicais 
A forma de financiamento dos sindicatos torna-se um assunto relevante, envolvendo o interesse específico dos empresários, trabalhadores e sindicatos. Chega a ser curioso não só a oposição entre empregadores e sindicatos da categoria profissional, mas principalmente entre o sindicato e os membros da sua categoria, que não aceitam desconto salarial da contribuição sindical, seja por conta do valor da remuneração para os membros (qualquer desconto gera prejuízo econômico imediato), seja em razão da falta de reconhecimento de benefícios para a categoria pela ação sindical. 
4.3.1.1. Contribuição Sindical Compulsória 
Com a publicação da lei 13.467 em 2017, conhecida como Lei da Reforma Trabalhista, que entrou em vigor em 11 de novembro do ano passado, a contribuição sindical passou a ser facultativa.
A nova redação dos artigos 578 e 579, da CLT, é a seguinte:
"Art. 578. As contribuições devidas aos sindicatos pelos participantes das categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas pelas referidas entidades serão, sob a denominação de contribuição sindical, pagas, recolhidas e aplicadas na forma estabelecida neste Capítulo, desde que prévia e expressamente autorizadas."
"Art. 579. O desconto da contribuição sindical está condicionado à autorização prévia e expressa dos que participarem de uma determinada categoria econômica ou profissional, ou de uma profissão liberal, em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão ou, inexistindo este, na conformidade do disposto no art. 591 desta Consolidação."
Entretanto, apesar do curto espaço de tempo de vigência da lei, o tema já é bastante controvertido, sendo objeto de discussões judiciais.
Realmente, além de várias outras ações, existe em andamento, atualmente, 13 (treze) ADINs, contra o fim da contribuição sindical compulsória.
Deste modo, o Judiciário poderá declarar que o fim da contribuição sindical obrigatória padece de constitucionalidade, restabelecendo o pagamento.
De outro lado, em decorrência do texto legal, tem-se questionado se a simples condição de associado ou de sindicalizado torna obrigatório o recolhimento da contribuição sindical.
Pensamos que não.
É que anorma que tornou facultativo o recolhimento da contribuição sindical exige que, para ser realizado, deve ser precedido de prévia e expressa autorização, sem contar, especialmente, que é dirigida a todos os "participantes" das respectivas categorias (art. 578, da CLT), não fazendo distinção entre associados ou não.
Vale dizer que somente paga quem assim o desejar.
Entretanto, em que pesem opiniões divergentes, entendemos que se for realizada assembleia pelos sócios do Sindicato Patronal, com a finalidade específica para autorizar o recolhimento, para todos aqueles que se encontrarem nessa condição, a deliberação é válida e deve ser obedecida.
A aprovação em assembleia representa a manifestação expressa da categoria concordando com a contribuição.
Finalmente, merece atenção a seguinte situação.
A contribuição poderá ser um diferencial para possibilitar a atuação do sindicato e da estrutura funcional de todo o sistema (como é o caso das federações e confederações), visando à representação dos interesses das empresas nas negociações coletivas ou judiciais, por exemplo, na busca de conquistas importantes para os empregadores.
Com efeito, caso a caso, estrategicamente, deve ser avaliado se vale ou não a pena fazer o recolhimento.
Portanto, em conclusão, realçamos que do ponto de vista jurídico, salvo eventual posicionamento do Judiciário em sentido diverso e, ainda, se não existir deliberação em assembleia, a exigência ou a cobrança da contribuição sindical patronal é ilegal, e, consequentemente, indevida.
4.3.1.2. Contribuição confederativa 
A Constituição da República, no inciso IV do seu art. 8o, permitiu que a assembleia geral fixe a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei. 
A contribuição sindical compulsória, estudada no tópico anterior, não é compulsória por força da Constituição, mas por força da lei, podendo ser alterada mediante o processo legislativo de lei ordinária. 
Existem duas contribuições destinadas ao custeio do sistema confederativo: a) contribuição sindical compulsória, estudada no tópico anterior; e b) contribuição confederativa. 
A Súmula no 666, STF reproduz o entendimento consolidado na doutrina e na jurisprudência segundo a qual a contribuição confederativa é devida apenas pelos associados, só podendo ser cobrada do não associado, mediante autorização prévia e expressa. 
4.3.1.3. Contribuição assistencial 
A contribuição assistencial (também conhecido como taxa de solidariedade, contribuição participativa, negocial etc.) possui como origem a obtenção de vantagem ao trabalhador por negociação coletiva. 
Foi anulada pelo STF a Portaria no 160/2004 do Ministério do Trabalho e Emprego sobre a forma de cobrança das contribuições sindicais, por conta de abuso normativo,42 não podendo órgão público administrativo substituir o Poder Legislativo e o Poder Judiciário para fins, respectivamente, de definição e aplicação do Direito ao caso concreto. 
4.3.1.4. Mensalidade associativa 
O sócio, de forma exclusiva, pagará a mensalidade a que se comprometeu no ingresso do sindicato, devendo lhe ser garantido o direito de deixar de contribuir a partir do momento em que se desfilia. O seu pagamento garante direitos específicos, tais como, as condições de elegibilidade nos cargos de direção e administração sindical. Não é inconstitucional ou ilícita prática sindical de devolução de parcela da contribuição sindical compulsória para o trabalhador que se filiar ao sindical. 
4.3.1.5. Requisito de autorização expressa para desconto de contribuição confederativa, assistencial, participativa, negocial ou análoga 
As entidades sindicais pretendem sua caracterização tal como no corporativismo possuindo poder de normatização para o grupo, de forma delegada pelo Estado. Isto significa o reconhecimento da assembléia sindical como impositiva de obrigações para associados e não associados. 
O Tribunal Superior do Trabalho (Precedente Normativo no 119, da Seção de Dissídios Coletivos) não aceita caráter normativo e compulsório da contribuição assistencial e da confederativa, pois a Constituição Federal, em seus arts. 5o, XX e 8o, V, assegura o direito de livre associação e sindicalização. É ofensiva a essa modalidade de liberdade cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados. Estas estipulações são nulas e deverão ser devolvidos os valores irregularmente descontados. 
O Supremo Tribunal Federal (em sua Súmula n 666) entende que a contribuição confederativa só pode ser cobrada dos trabalhadores associados, dependendo de autorização expressa em relação aos demais trabalhadores. A falta de manifestação do STF sobre a contribuição assistencial se deve ao fato da mesma ser matéria infraconstitucional, sendo a palavra jurisdicional final do TST. 
O Direito Coletivo do Trabalho italiano para permitir o desconto do empregador sobre o salário do trabalhador só o admite pelo sistema da delegação do pagamento: o empregador (delegado/procurador) sob expressa autorização do trabalhador (devedor/delegante) deposita no sindicato credor as contribuições sindicais.43 
Parte da doutrina e da jurisprudência entende ser razoável o direito de oposição, pois o sindicato representa a categoria, e a convenção e/ou acordo coletivo de trabalho beneficiam todos os trabalhadores, e não apenas os associados. A validade do direito de oposição depende do afastamento de exigências desproporcionais e sem razoabilidade, tais como: prazos exíguos, ausência de publicidade (o próprio prazo deve ser posterior à publicidade da convenção coletiva e não da sua celebração), reconhecimento de firma do trabalhador. A melhor solução deverá ser reconhecer a validade do direito de oposição a ser feito a qualquer momento pelo trabalhador, sem limitação de prazos e com efeitos futuros. 
A ação sindical, de qualquer forma, deve pretender representar num regime democrático os não filiados para garantia da negociação e do interesse dos seus próprios filiados.44 O caminho adequado consiste na valorização do diálogo com os próprios membros da categoria de forma a mostrar quais são os benefícios da filiação, bem como capacidade de prestar conta aos seus associados. A adoção de uma política social e trabalhista favorável aos trabalhadores terá crescimento no número de filiados, sem necessidade de qualquer coerção (a qual será abusiva e inconstitucional). 
Não deixa de ser uma contradição lógica: o sindicato que sempre assume um discurso contra o empregador precisa que este desconte as contribuições dos trabalhadores, pois não encontra representatividade entre eles para ser financiado voluntariamente. 
4.3.2. Imunidade tributária 
É vedado à União, aos Estados e aos Municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços das entidades sindicais (art. 150, VI, CR), o que não exclui a atribuição, por lei, às entidades nele referidas, da condição de responsáveis pelos tributos que lhes caiba reter na fonte e não as dispensa da prática de atos previstos em lei, assecuratórios do cumprimento de obrigações tributárias por terceiros (art. 9, § 1, Código Tributário Nacional – CTN).
A imunidade depende da observância dos seguintes requisitos: 
I – não pode haver distribuição de qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; 
II – necessidade de aplicação integral no país dos recursos para fins de manutenção dos seus objetivos institucionais; e 
III – manutenção de escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão (art. 14, I, CTN). 
A isenção relativa à tributação sobre serviços atinge apenas aqueles diretamente relacionados com os objetivosinstitucionais do sindicato, previsto no seu estatuto (art. 14, § 2o, CTN), nas leis trabalhistas e na Constituição da República.
Capítulo 5
ASSOCIAÇÕES SINDICAIS DE GRAU SUPERIOR
A liberdade sindical não compreende apenas a fundação de sindicatos, mas também o reconhecimento do poder das associações de trabalhadores e empresários constituírem associações de grau superior (federações e confederações) e de se filiarem às mesmas (art. 5o, Convenção no 87, OIT), com a finalidade precípua de atuação num campo mais amplo do que aquele dos sindicatos (os quais se vinculam aos interesses mais diretos e cotidianos do trabalhador por excelência), com o estudo e formulação de estratégias eficazes para ações sindicais de defesa dos interesses do trabalhador. 
A estrutura sindical brasileira atual se desdobra em sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais. 
A OIT considera incompatível com a liberdade sindical a exigência de um número mínimo demasiadamente elevado de organizações afiliadas, a proibição de constituição de mais de uma federação ou confederação por profissão, ramo de atividade ou região, bem como a enumeração legal das federações e confederações que são passíveis de serem criadas, a exigência de autorização prévia para constituição destas entidades e qualquer exigência abusiva e desproporcional,50 sendo que, o sistema brasileiro impõe várias destas limitações. 
As federações, e, na falta destas, as confederações representativas de categorias econômicas ou profissionais poderão celebrar convenções coletivas de trabalho para reger as relações das categorias a elas vinculadas, inorganizadas em sindicatos, no âmbito de suas representações (art. 611, § 2o, CLT). 
A inexistência de sindicato representativo da categoria econômica ou profissional permite que as federações correspondentes e, na falta destas, as confederações respectivas, no âmbito de sua representação, assumam o polo ativo da categoria profissional, ressaltando sempre a necessidade de comum acordo com a categoria econômica para instauração de dissídio coletivo, por força da Emenda Constitucional no 45/2004 (art. 857, parágrafo único, CLT). 
As Federações e Confederações, desta forma, possuem ainda que de forma secundária todas as atribuições reconhecidas no sistema jurídico trabalhista aos sindicatos. 
O sistema da unicidade sindical se vincula a toda a estrutura sindical, e não apenas aos sindicatos. 
A definição das associações sindicais de grau superior se investia de relevância para nomeação de juízes do Tribunal Regional do Trabalho (pertencentes às federações) e de Ministros do Tribunal Superior do Trabalho (membros das confederações). A representação paritária classista na Justiça do Trabalho só foi extinta pela Emenda Constitucional no 24/1999 (ou seja, a Justiça do Trabalho conseguiu chegar ao século XXI, com juízes classistas, pois ainda existiam mandatos em vigência com a Emenda Constitucional no 24/1999, que foram preservados, até o seu fim). 
A aplicação do princípio da unicidade às federações e confederações garante a representação da categoria ou dos sindicatos a ele filiados? Esta questão é objeto de discussão em ação direta de inconstitucionalidade (pendente de julgamento sem qualquer manifestação até a conclusão do presente livro), sendo que a Portaria no 186/2008 do Ministério, em seu art. 21, é acusada de admitir a existência de pluralidade sindical no âmbito das federações e confederações,51 o que é impugnado pelas confederações nacionais, sob o argumento de que a liberdade de filiação no sistema sindical brasileiro implica a liberdade de se filiar ou não, mas não a liberdade de a quem se filiar, haja vista a regra da unicidade sindical por categoria. 
5.1. Federação 
A federação poderá ser constituída por um número não inferior a 5 (cinco) sindicatos, desde que representem a maioria absoluta de um grupo de atividades ou profissões idênticas, similares ou conexas (art. 534, caput, CLT). 
Se já existir federação no grupo de atividades ou profissões em que deva ser constituída a nova entidade, a criação da segunda não poderá reduzir a menos de 5 (cinco) o número de sindicatos que devam continuar filiados à primeira federação constituída (art. 534, § 1o, CLT). Isto implica um sistema de unicidade sindical, com maior grau de moderação, no âmbito das federações, pois permite a coexistência de federações, dentro de certos limites. 
O § 2o do art. 534, segundo o qual as federações serão constituídas por Estados, podendo o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio autorizar a constituição de federações interestaduais ou nacionais, é dotado de inconstitucionalidade, não possuindo o Ministério do Trabalho qualquer competência para controle das federações, ressalvada a unicidade sindical por categoria, que se estende às federações, admitindo-se para fins de controle da unicidade sindical o requisito mínimo de 5 (cinco) sindicatos, por se tratar de um critério objetivo, não afeto à discricionariedade (ou melhor dizendo arbitrariedade política). A base territorial mínima imposta pelo art. 8o, II, da CR restringe-se apenas aos sindicatos. 
É permitido a qualquer federação, para o fim de lhes coordenar os interesses, agrupar os sindicatos de determinado município ou região a ela filiados; mas a união não terá direito de representação das atividades ou profissões agrupadas (art. 534, § 3o, CLT). 
5.2. Confederações Sindicais 
As confederações organizar-se-ão com o mínimo de três federações e terão sede na capital da República (art. 535, caput, CLT). 
A lei trabalhista define as confederações sindicais dos empregadores e empregados em diversas áreas, dentre as quais comércio e indústria, inclusive a Confederação Nacional dos Profissionais Liberais (art. 535, §§ 1o a 3o, CLT). 
Não deve ser considerada recepcionada a definição legal e exaustiva das entidades confederativas (até mesmo de suas sedes), pois isto ultrapassa a limitação à liberdade sindical, trazida pelo sistema da unicidade sindical (sendo razoável, desta forma, para fins exclusivos de registro, a necessidade de abrangência mínima de três federações, por se tratar de critério objetivo e vinculado, para fins de apreciação). 
5.3. Administração da Federação e Confederação 
A administração das federações e confederações será exercida pelos seguintes órgãos: a) Diretoria; b) Conselho de Representantes; c) Conselho Fiscal (art. 538, caput, CLT). 
A diretoria será constituída no mínimo de 3 (três) membros e de 3 (três) membros se comporá o Conselho Fiscal, os quais serão eleitos pelo Conselho de Representantes com mandato por 3 (três) anos (art. 538, § 1o, CLT). Só poderão ser eleitos os integrantes dos grupos das federações ou dos planos das confederações, respectivamente (art. 538, § 2o, CLT). O presidente da federação ou confederação será escolhido dentre os seus membros, pela Diretoria (art. 538, § 3o, CLT). Sempre que a federação ou confederação exercer função tipicamente sindical, por ausência de sindicato (tal como a declaração de greve ou celebração de convenção coletiva) deverá fazê-lo por assembleia, não podendo a diretoria avocar funções deliberativas e decisórias de toda a categoria. 
O Conselho de Representantes será formado pelas delegações dos sindicatos ou das federações filiadas, constituída cada delegação de 2 (dois) membros, com mandato por 3 (três) anos, cabendo 1 (um) voto a cada delegação (art. 538, § 4o, CLT). A finalidade do conselho de representantes consiste na garantia de que a federação não se torne apenas um órgão de cúpula, distanciado da realidade dos trabalhadores, nitidamente mais próxima dos sindicatos. 
A competência do Conselho Fiscal (art. 538, § 5o, CLT) é limitada à fiscalização da gestão financeira, sendo aplicáveis às federações e confederações todas as normas relativas à prestação de contas, orçamento e administração do patrimônio, previstas na legislação trabalhista, da mesma forma como ocorre em toda a estrutura sindical. 
Permanece reconhecida a constitucionalidade da organização legal da administração das federações

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