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ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação - Crimes Ambientais Aula 1: Responsabilização Penal Apresentação A natureza precede ao próprio ser humano. O meio ambiente como patrimônio da humanidade supera a concepção patrimonialista de cunho material. De acordo com cálculos recentes, o universo tem 13,8 bilhões de anos. Renato Guimarães Júnior afirma que o homem só conseguiu sair da Idade da Pedra para ingressar na Era das Civilizações quando associou noções de Direito aos conhecimentos sobre Ecologia. A Confissão Negativa, parte integrante do Livro dos Mortos, é o documento mais antigo existente em que os povos da Antiguidade valorizavam suas terras. A proteção jurídica do meio ambiente no Brasil pode ser dividida em três períodos: o primeiro período começa com o descobrimento (1500) e vai até a chegada da Família Real Portuguesa (1808). O segundo tem início com a Família Real no Brasil e vai até a criação da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (1981). O terceiro começa com a Lei 6938/81 (PNMA), que protege de maneira integral o meio ambiente. Quando se pretende buscar a procedência de alguma coisa fala-se em fonte. Logo, fonte indica de onde a norma emana. As fontes materiais do Direito Ambiental são, por exemplo, esgarçamento da camada de ozônio, aquecimento global e mudanças climáticas, resíduos, perda da biodiversidade, escassez de água no planeta, tragédias ambientais. As fontes formais do Direito Ambiental são aquelas decorrentes do ordenamento jurídico nacional, ou seja, Constituição Federal, leis infraconstitucionais, convenções, pactos ou tratados internacionais, normas e resoluções administrativas etc. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo geral a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à da dignidade da vida humana. A efetividade da Política Nacional do Meio Ambiente se confere por meios de determinados instrumentos, sendo certo que um desses instrumentos é o Licenciamento Ambiental. Objetivos • Analisar a tutela do bem jurídico ambiental; • Examinar o concurso de pessoas; • Discutir pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental. Direito Ambiental http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/galeria/aula1/anexo/aula1.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html O Direito Ambiental é a ciência jurídica que estuda, analisa e discute as questões e os problemas ambientais e sua relação com o ser humano. Tem como finalidade a proteção do meio ambiente, com status constitucional. A doutrina congrega quatro componentes para classificar meio ambiente em sentido amplo: O meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de terceira geração, tendo o Supremo Tribunal Federal já se manifestado nesse sentido, conforme se verifica na decisão no Recurso Extraordinário nº 134.297. Os Direitos Fundamentais de terceira geração têm por peculiaridade a titularidade difusa ou coletiva, vez que são concebidos para a proteção não do homem isoladamente, mas de coletividade, de grupos. É o direito à qualidade do meio ambiente. Meio Ambiente O meio ambiente é um bem ambiental de uso comum do povo e não está circunscrito ao Direito Civil e ao Direito Administrativo. Nesse sentido, o meio ambiente é um bem jurídico autônomo, difuso, indisponível e insuscetível de apropriação. Conceitua-se meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. 1 Macrobem É incorpóreo e imaterial e se configura como bem de uso comum do povo. 2 Microbem Constitui a parte corpórea do meio ambiente1 e a titularidade desse bem pode ser pública ou privada. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=207731 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html Bem jurídico tutelado nos crimes ambientais Direito Penal O Direito Penal é dividido em: Direito Penal Objetivo É conceituado como o conjunto de leis penais em vigência no País. Direito Penal Subjetivo Tem relação com o direito de punir do Estado. E também... • É orientado pelo princípio da intervenção mínima — a criminalização de uma conduta somente é legítima se constituir meio necessário para a proteção de determinados bens jurídicos; • Tem como uma de suas finalidades tutelar determinados bens jurídicos, ou seja, proteger determinados bens — o objeto jurídico do crime é o bem que a norma penal tutela. Infração Penal O conceito de Infração Penal (crime ou contravenção penal) pode variar conforme o enfoque: Ótica formal Sob a ótica formal, infração penal é aquilo que está rotulado em uma norma penal incriminadora. Ótica material Sob a ótica material, infração penal é comportamento humano causador de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado. Uma infração penal pode ser constituída por fato típico, ilícito e/ou culpável. Entenda: Clique nos botões para ver as informações. Tipicidade Lícito ou ilícito Culpável A Responsabilização Penal Ambiental A Constituição Federal dispõe: Art 225 — Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. §3º — As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html#collapseOne http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html#collapseTwo http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html#collapseThree Leia na íntegra. Dez anos após a promulgação da Constituição Federal, surgiu a Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais), criminalizando determinadas condutas. Importante registrar que nos crimes ambientais, os animais podem ser classificados como “objeto material” do delito, mas não como “sujeito passivo” da infração penal. Em determinados crimes na lei ambiental penal, o sujeito passivo é a coletividade, como por exemplo no crime previsto no art. 29 da Lei 9.605/98: Art. 29 — Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. Atenção O Supremo Tribunal Federal afirmou no Recurso Extraordinário nº 134.297 que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito fundamental de terceira geração. Assim sendo, o bem jurídico protegido nos crimes ambientais é o meio ambiente. Aplicabilidade do princípio da insignificância nos crimes ambientais De acordo com o princípio da insignificância, o Direito Penal não deve se preocupar com bagatelas. A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido. A aplicação do princípio da insignificância exclui a tipicidade, porém a tipicidade em seu sentido material. A aplicação do princípio da insignificância para o Supremo Tribunal Federal exige quatro requisitos, ou seja: [...] A mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada. [...] HC nº 84.412/SP, Segunda Turma, DJ de 19/11/04. Em que pese o meio ambienteser um bem transindividual2 e indivisível, a jurisprudência tem admitido a aplicação do princípio da insignificância em determinados crimes ambientais, como se verifica na decisão a seguir. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=207731 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html Download Arquivo: Informativo 602, STJ, 6ª turma. Sujeito do crime ambiental Classificamos em dois tipos: Clique nos botões para ver as informações. Sujeito ativo Sujeito passivo Responsabilidade penal da pessoa jurídica A responsabilidade penal sempre recaiu no indivíduo, ou seja, somente o ser humano possui capacidade para praticar condutas criminosas. O art. 3º da Lei 9.605/98 deu cumprimento ao mandamento constitucional e possibilitou a responsabilização penal da pessoa jurídica: Lei 9.605/98 — art. 3º: As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Em que pese discussão doutrinária a respeito da constitucionalidade ou não da responsabilização criminal da pessoa jurídica, majoritariamente admite-se tal responsabilização e na jurisprudência o tema está praticamente pacificado. Portanto, é perfeitamente possível a responsabilização criminal da pessoa jurídica. Download Arquivo: Jurisprudência do STJ, conforme decisão no REsp. 564.960. O próprio art. 3º da Lei 9.605/98 dispõe sobre os requisitos dessa responsabilização criminal da pessoa jurídica, ou seja, quando a infração penal tiver sido cometida 1 - por decisão de seu representante legal ou contratual e 2 - no interesse ou em benefício da pessoa jurídica. A jurisprudência do STJ era no sentido da teoria da dupla imputação, isto é, responsabilização simultânea da pessoa jurídica com a pessoa física, tendo em vista o Parágrafo Único do art. 3º da Lei 9.605/98. Entretanto, O sistema da dupla imputação foi afastado pelo STF com o Recurso Extraordinário nº 548.181 e, após tal decisão, entendeu o STJ que: http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/galeria/aula1/anexo/1.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html#collapseOne1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html#collapseTwo1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/galeria/aula1/anexo/2.pdf [...] É possível a responsabilização penal da pessoa jurídica por delitos ambientais independentemente da responsabilização concomitante da pessoa física que agia em seu nome. RMS 39.173-BA, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 6/8/2015, DJe 13/8/2015. Recomendação Leia a íntegra da decisão do STJ: Jurisprudência comentada O art. 225, § 3º, da CF não condiciona a responsabilização penal da pessoa jurídica por crimes ambientais à simultânea persecução penal da pessoa física em tese responsável no âmbito da empresa. A norma constitucional não impõe a necessária dupla imputação. As organizações corporativas complexas da atualidade se caracterizam pela descentralização e distribuição de atribuições e responsabilidades, sendo inerentes, a esta realidade, as dificuldades para imputar o fato ilícito a uma pessoa concreta. Condicionar a aplicação do art. 225, § 3º, da Carta Política a uma concreta imputação também a pessoa física implica indevida restrição da norma constitucional, expressa a intenção do constituinte originário não apenas de ampliar o alcance das sanções penais, mas também de evitar a impunidade pelos crimes ambientais frente às imensas dificuldades de individualização dos responsáveis internamente às corporações, além de reforçar a tutela do bem jurídico ambiental. http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=AC&docID=207731 A identificação dos setores e agentes internos da empresa determinantes da produção do fato ilícito tem relevância e deve ser buscada no caso concreto como forma de esclarecer se esses indivíduos ou órgãos atuaram ou deliberaram no exercício regular de suas atribuições internas à sociedade, e ainda para verificar se a atuação se deu no interesse ou em benefício da entidade coletiva. Tal esclarecimento, relevante para fins de imputar determinado delito à pessoa jurídica, não se confunde, todavia, com subordinar a responsabilização da pessoa jurídica à responsabilização conjunta e cumulativa das pessoas físicas envolvidas. Em não raras oportunidades, as responsabilidades internas pelo fato estarão diluídas ou parcializadas de tal modo que não permitirão a imputação de responsabilidade penal individual. [RE 548.181, rel. min. Rosa Weber, j. 6-8-2013, 1ª T, DJE de 30-10-2014.] Clique nos botões para ver as informações. Comentário do professor Atividade 1. O meio ambiente, de acordo com a orientação do Supremo Tribunal Federal, é um Direito Fundamental. A visão dos direitos fundamentais em termos de geração indica a evolução desses direitos no tempo. Sendo assim, o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um Direito de: a) Primeira geração. b) Segunda geração. c) Terceira geração. d) Quarta geração. e) Quinta geração. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html#collapseOne11 Gabarito 2. São requisitos para a responsabilização criminal da pessoa jurídica: a) A infração penal deixar vestígios e o crime ser de menor potencial ofensivo. b) A infração penal ter sido cometida por decisão de seu representante legal ou contratual e no interesse ou em benefício da pessoa jurídica. c) O crime praticado ter proveito pessoal do dirigente da pessoa jurídica e sem benefício da pessoa jurídica. d) Somente em infrações de menor potencial ofensivo e sem nenhum benefício da pessoa jurídica. e) Nas infrações cometidas por qualquer funcionário e sem nenhum nexo de causalidade. Gabarito 3. Nos crimes ambientais e no que concerne ao concurso de pessoas é correto afirmar que: a) Admite a coautoria e a participação. b) Admite somente a coautoria, não admitindo a participação. c) Admite somente a participação, não admitindo a coautoria. d) Inadmite participação e coautoria. e) Somente admite participação moral. Gabarito 4. De acordo com o Texto Constitucional de 1988 é CORRETO afirmar que: a) As pessoas jurídicas podem cometer infrações penais, mas as pessoas físicas não. b) As pessoas jurídicas podem cometer infrações penais. c) As pessoas físicas não podem cometer infrações penais. d) As pessoas jurídicas não podem cometer infrações penais. e) Nenhuma das respostas acima. Gabarito 5. De acordo com a Constituição Federal de 1988 (art. 225, §3º) as pessoas jurídicas podem cometer infrações ambientais. Sendo assim, é correto afirmar que as sanções para tais infrações podem ser: a) Administrativas e constitucionais. b) Penais e constitucionais. c) Somente administrativas. d) Somente penais. e) Penais e administrativas. Gabarito 6. De acordo com o §3º do art. 225 da Constituição Federal é correto afirmar que: a) As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. b) As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. c) As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. d) As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambientesujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. e) As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Gabarito Créditos Redatora: Monica Veiga Web Designer: Luís Rodrigues Designer Instrucional: Tainara Oliveira Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação - Crimes Ambientais Aula 3: Ação Penal e medidas despenalizadoras Apresentação Nesta aula, identificaremos o órgão que propõe a ação penal para quem comete crime ambiental. Em seguida, esclareceremos a aplicação dos institutos despenalizadores que estão previstos na Lei 9.099/95 e reproduzidos na Lei 9.605/98. Bons estudos! http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/galeria/aula3/anexo/aula3.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9099.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm Objetivos • Descrever ação penal; • Examinar os institutos despenalizadores; • Identificar a possibilidade de suspensão condicional do processo. Punição de crime Quando alguém, pessoa física ou jurídica, comete uma infração penal, o Estado tem o direito de punir (pretensão punitiva). O processo penal é o corpo de normas jurídicas, cuja finalidade é regular o modo, os meios e os órgãos encarregados de punir que o Estado possui. O processo penal é realizado por meio do Poder Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a lei ao caso concreto. Balança da justiça e algemas no tribunal (Fonte: Mina Tepes / Shutterstock) Vejamos alguns componentes do processo penal. Sistema Acusatório Atualmente vige no ordenamento jurídico brasileiro, pois há separação entre as funções de acusar, julgar e defender, com três personagens distintos: Autor Juiz Réu O sistema acusatório segue, ainda, algumas definições: 1 O processo é regido pelo princípio da publicidade dos atos processuais, admitindo-se excepcionalmente o sigilo (art. 93, IX da CRFB/1988 c/c art. 792, §1º do CPP); 2 Os princípios do contraditório e da ampla defesa são observados — o réu é sujeito de direitos; 3 O sistema de provas adotado é o livre convencimento motivado, nos termos do que dispõe o art. 155 do CPP. Sujeitos do processo Já vimos que os sujeitos do processo, chamados de sujeitos principais, são: Autor Juiz Réu As partes no processo penal são somente autor e réu. O juiz é sujeito processual imparcial. No processo penal, é possível observar: 1 Sentença condenatória A mais comum. 2 Sentença declaratória Aquela em que o Juiz reconhece, por exemplo, a prescrição. 3 Sentença constitutiva Por exemplo, a sentença que julga procedente o pedido na revisão criminal. A classificação subjetiva da ação está ligada diretamente a quem tem legitimidade para propor ação. Promovidas pelo Ministério Público A ação penal pública pode ser: Clique nos botões para ver as informações. De iniciativa pública incondicionada De iniciativa pública condicionada a representação Promovidas pelo ofendido ou representante legal A ação penal pública de iniciativa privada. Dispondo a lei: “Somente se procede mediante queixa” ⇩ É ação pública de iniciativa privada. Princípios regentes da ação penal pública de iniciativa pública 01 Princípio da Obrigatoriedade (art. 24 do CPP) Havendo indícios de autoria e prova da materialidade quanto à prática de fato típico, ilícito e culpável não pode o Ministério Público deixar de ajuizar a ação penal. 02 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html#collapseOne1 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html#collapseTwo1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689Compilado.htm Princípio da Indivisibilidade É uma consequência do princípio da obrigatoriedade, ou seja, havendo dois ou mais acusados, deverá o Ministério Público ajuizar ação contra todos. Estátua da Justiça (Fonte: Mirro / Shutterstock) 03 Princípio da Indisponibilidade Uma vez ajuizada a ação penal pública, o Ministério Público não pode desistir da ação, conforme previsão expressa do art. 42 do CPP. 04 Princípio da Oficialidade A ação penal de iniciativa pública será deflagrada por iniciativa de órgão oficial que no caso é o Ministério Público. 05 Princípio da Intranscendência A ação penal será ajuizada unicamente contra o responsável pela autoria e participação no fato típico. A ação penal pública é iniciada por meio de denúncia (art. 24 do CPP) e tem como titular o Ministério Público (art. 129, inciso I da CRFB/1988). Qual o prazo para oferecimento da denúncia, de acordo com art. 46 do CPP: Cinco dias quando o réu estiver preso. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm Quinze dias quando o réu estiver solto. O art. 24 do CPP dispõe sobre ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça, ou condicionada à representação. A requisição ou representação tem natureza jurídica de condição de procedibilidade, ou seja, sem tal pedido/autorização, não pode o Ministério Público promover a ação penal. Trata-se de condição para o regular exercício da ação penal de iniciativa pública. A representação tem prazo definido na lei, ou seja, de acordo com o art. 38 do CPP, se a vítima não representar no período de seis meses haverá decadência, que é causa extintiva da punibilidade, conforme art. 107, inciso IV do CP. Atenção Todos os crimes da Lei de Crimes Ambientais são perseguidos mediante ação penal pública incondicionada, isto é, inexiste, nos crimes ambientais, ação penal pública condicionada à representação. Ação penal pública de iniciativa privada Dispondo a lei que: “Somente se procede mediante queixa” ⇩ A ação penal é pública de iniciativa privada. Princípios que regem ação penal de iniciativa privada Clique nos botões para ver as informações. Princípio da oportunidade ou conveniência Princípio da disponibilidade Princípio da indivisibilidade (art. 48 CPP) Lei dos Crimes Ambientais http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html#collapseOne11 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html#collapseTwo11 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html#collapseTwo2 Na lei 9.605/98 não existe crime a ser perseguido pela ação penal de iniciativa privada, pois todos os crimes são de ação pública incondicionada. O capítulo IV da Lei 9.605/98 dispõe sobre a ação penal e o processo penal nos crimes ambientais. Art. 26 da Lei 9.605/98 "Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada." Tendo por base a relevância do bem jurídico protegido na Lei dos Crimes Ambientais, ou seja, o meio ambiente, bem de interesse de toda coletividade, entendeu o legislador que a ação penal nos crimes ambientais deve ser de iniciativa pública. Na essência, o art. 26 da Lei 9.605/98 é despiciendo, uma vez que o art. 100 do CódigoPenal prevê que a ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. CF art. 129, I “Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei” Como a ação é de iniciativa pública, o órgão que a propõe é o Ministério Público, com base no comando do art. 129, I, da Constituição Federal. CF art. 5º, LIX "Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal." A ação penal é promovida pelo Ministério Público e, por força de determinação constitucional, caso não promova no prazo legal (art. 46 do Código de Processo Penal). Tendo em vista o princípio da obrigatoriedade da ação penal de iniciativa pública, havendo indícios de autoria e materialidade suficientes de crime ambiental, o Ministério Público é obrigado a promover a ação penal. Lei 9.099/95 art. 61 "Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa." Alguns crimes ambientais são infrações de menor potencial ofensivo. O conceito de infração de menor potencial ofensivo é descrito nesse artigo. Mas vejamos um exemplo: Imagine que alguém cometa o crime de praticar maus-tratos em animal doméstico. De acordo com o art. 32 da Lei 9.605/98 essa infração penal tem como pena detenção de três meses a um ano e multa. Como a pena do crime de maus-tratos de animais não ultrapassa dois anos temos, assim, um crime de menor potencial ofensivo, cuja competência para o processo e julgamento é do Juizado Especial Criminal. Lei 9.605/98 art. 27 "Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade." Isso ocorre devido a alguns crimes previstos da Lei de Crimes Ambientais serem de menor potencial ofensivo. Atividade 1 - Nos crimes ambientais a ação penal é: a) De iniciativa privada. b) Pública condicionada à representação. c) Pública incondicionada. d) Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. e) Personalíssima. Gabarito 2 - Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada: a) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 64 da Lei 9.099/95, salvo em caso de comprovada impossibilidade. b) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 89 da Lei 9.099/95, salvo em caso de comprovada impossibilidade. c) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 89 da Lei 9.099/95, salvo em caso de comprovada impossibilidade. d) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da Lei 9.099/95, salvo se houver representação. e) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da Lei 9.099/95, salvo em caso de comprovada impossibilidade. Gabarito 3 - De acordo com o art. 49 da Lei 9.605/98 "Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia" tem pena de "detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente". Neste caso, é correto afirmar que se trata de um: a) Crime de médio potencial ofensivo. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm b) Crime de alto potencial ofensivo. c) Crime de pouco potencial ofensivo. d) Crime de menor potencial ofensivo. e) Crime de altíssimo potencial ofensivo. Gabarito Institutos despenalizadores A Lei 9.099, que entrou em vigor em 1995, tem por base a Constituição Federal de 1988, uma vez que o art. 98, I, da CF, dispõe o seguinte: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; CF art. 98, I. A Lei 9.099/95 trouxe alguns institutos que impedem a propositura da ação penal e, consequentemente, uma eventual condenação — os institutos despenalizadores. Exemplo Ocorre a prática do crime ambiental, mas o agente que cometeu a infração penal não será punido como determina o preceito secundário do tipo penal. São quatro institutos despenalizadores: 1 Composição civil dos danos (art. 74); 2 Transação penal (art. 76); 3 Suspensão condicional do processo;1 4 Representação nos crimes de lesão leve e lesão culposa (art. 88). Vejamos o que as leis 9.605/98 e 9.099/95 tratam sobre esse tema: Art. 27 da Lei 9.605/98 Prevê a possibilidade de aplicação do art. 76 da Lei 9.099/95, desde que tenha ocorrido o que determina o art. 74 do mesmo diploma legal. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html Art. 72 da Lei 9.099/95 Determina a realização de audiência preliminar, momento em que haverá a possibilidade de composição civil dos danos. Com base no art. 74 da mesma lei, o acordo civil reduzido a termo e homologado pelo Juiz tem eficácia de título executivo. No acordo civil, temos: Clique nos botões para ver as informações. Crime de ação pública condicionada Crime de ação pública de iniciativa privada Nos crimes ambientais, geralmente, o sujeito passivo é a coletividade, então a composição civil dos danos se refere exclusivamente ao dano ambiental. http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html#collapseOne5 http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html#collapseOne6 Se o acordo civil não for possível, o art. 76, da Lei 9.099/1995 dispõe a possibilidade de transação penal. De acordo com a lei, a transação penal somente cabe na ação pública condicionada a representação e na ação pública incondicionada. O art. 76 da Lei 9.099/95 estabelece a transação penal, ou seja, o Ministério Público propõe ao acusado uma pena antecipada de multa ou restritiva de direitos. Existe controvérsia a respeito da natureza jurídica da transação penal: Uma primeira corrente entende que a transação penal é um direito subjetivo do autor do fato. Caso o Ministério Público não ofereça, o Juiz de ofício pode propor a transação penal ao acusado. Estátua da Justiça (Fonte: Mirro / Shutterstock) Uma segunda corrente entende que a transação penal é uma discricionariedade regrada do Ministério Público. Se o Ministério Público não oferecer, e o Juiz entender que é caso de transação penal, deve aplicar por analogia o art. 28 do CPP. Essa corrente foi adotada pelo STJ, conforme decisão no HC nº 30.970/SP. De acordo com o art. 78 da lei 9.099/1995, na audiência preliminar se a composição civil dos danos não for possível — nos crimes ambientais somente ocorre se a composição for dos danos ambientais; e a transação penal (oferecida à denúncia ou queixa oralmente) for reduzida a termo, será entregue cópia da denúncia ao acusado, que ficará citado e intimado para audiência de instrução e julgamento. Uma vez estabelecida a transação penal e devidamente homologada pelo juiz, caso o autor do fato nãocumpra o que ficou estabelecido, determina a súmula vinculante nº 35 do STF que: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. STF SV 35 A transação penal nos crimes ambientais (art. 27 da Lei 9.605/98) somente é cabível com a prévia composição do dano ambiental, nos termos do art. 74 da Lei 9.099/95. O art. 27 da Lei 9.605/98 faz uma ressalva final — somente caberá transação penal se o agente que praticou o crime ambiental tiver reparado o dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade. Atividade 4 - Na Lei 9.605/98 existem crimes de menor potencial ofensivo. Assim, indique o instituto despenalizador que pode ser aplicado a tais crimes: a) Representação. b) Transação penal. c) Suspensão condicional da pena. d) Perdão judicial. e) Multa. Gabarito 5 - Nos termos da Lei 9.605/98 para a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) nos crimes ambientais é necessário: a) Laudo de constatação de reparação do dano ambiental, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. b) Laudo de apresentação de reparação do dano administrativo, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. c) Laudo de constatação de reparação do dano criminal, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. d) Laudo de constatação de reparação do dano ecológico, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. e) Laudo de constatação de reparação do dano estético, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. Gabarito Suspensão condicional do processo (sursis processual) O Ministério Público, ao oferecer a denúncia por crime ambiental, pode propor a suspensão condicional do processo, pelo período de dois a quatro anos. Entretanto, em se tratando de crime ambiental, a Lei 9.605/98 impôs algumas modificações para obter tal benefício — devem ser observados os incisos do art. 28. Art. 89 da Lei 9.099/95 Prevê a suspensão condicional do processo no crime cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 (um) ano. Neste caso, verifica-se um erro de redação do legislador no art. 28, pois a suspensão condicional do processo se aplica a qualquer crime em que a pena mínima for igual ou inferior a um ano, e não somente para os crimes de menor potencial ofensivo. Exemplo O crime de soltar balão tem pena máxima de três anos, logo, de acordo com o art. 61 da Lei 9.099/95, não é crime de menor potencial ofensivo, mas como tem pena mínima de um ano, cabe suspensão condicional do processo. O que é necessário para a aplicação do art. 89 da Lei 9.099/95? ⇩ Que o Ministério Público ofereça a denúncia, ou seja, proponha a ação penal. Se o acusado preencher todos os requisitos legais, como proceder? ⇩ O órgão acusador (MP) propõe a suspensão condicional do processo. Se o acusado cumprir sem revogação o período de prova, o que acontece? ⇩ Ao final estará extinta a sua punibilidade. Na suspensão condicional do processo, uma vez descumpridas as condições impostas, o transcurso do prazo legal não constitui óbice à revogação do benefício, a teor do disposto no parágrafo 4º do artigo 89 da Lei n. 9.099/95. O art. 89 da Lei n. 9.099/95 estabelece a suspensão condicional do processo nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano. Esse benefício pode ser aplicado a delitos em geral, ainda que não considerados de menor potencial ofensivo, desde que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano. A suspensão condicional do processo (sursis processual) insere-se no âmbito das medidas despenalizadoras. O Ministério Público deve fundamentar adequadamente a razão de não propor ao acusado a suspensão condicional do processo. Se a motivação do Ministério Público é genérica e abstrata, há de ser reconhecida a invalidade da recusa com a consequente adoção do procedimento previsto no art. 28 do Código de Processo Penal — o juiz remete o procedimento para o Procurador Geral de Justiça decidir se é caso ou não de oferecimento da suspensão condicional do processo. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: Em ação penal privada, não há suspensão condicional do processo, uma vez previstos meios de encerramento da persecução criminal pela renúncia, decadência, reconciliação, perempção, perdão e retratação. (HC 115432-STF) Atenção Importante não confundir suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) com a suspensão condicional da pena (arts. 77/82 do Código Penal), pois se há suspensão condicional da pena, a ação penal foi deflagrada e o processo chegou a seu fim. Na suspensão condicional do processo o processo penal fica suspenso. Em caso de motivo de revogação da suspensão condicional do processo o processo penal retoma seu curso normal. Nesta aula, estudamos a ação pública incondicionada nos crimes ambientais. Na próxima aula, discutiremos a competência para o processo e julgamento dos crimes ambientais. Atividade 6 - Leia a decisão do TRF2 e em seguida comente sobre o caso: JURISPRUDÊNCIA COMENTADA TRF-2 - HABEAS CORPUS HC 2098 2000.02.01.022160-4 (TRF-2) Data de publicação: 03/10/2000 Ementa: HABEAS CORPUS PROCURADOR DA REPÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA. TRANSAÇÃO PENAL (ART. 76, LEI 9.099 /95). JUSTIÇA FEDERAL. LEI 9.605/98. PRESSUPOSTO ESPECÍFICO. INADMISSIBILIDADE. -"A ação constitucional de habeas corpus não possui balizamento rígido sobre legitimados, abrangendo, a norma primária de regência para ajuizá-la, qualquer do povo, podendo, inclusive, ser concedido de ofício, o que se dirá quando a impetração ocorre mediante ato de quem o dever de tornar prevalecente a ordem jurídica. Neste sentido é a jurisprudência desta Corte, pouco importando a atuação de regra, como Estado- acusador, na persecução criminal" (HC 79.572-GO. Rel. Min. MARÇO AURÉLIO, trancrito no Informativo STF-180, de 28 de fevereiro a 10 de março de 2000). - Aplicação do art. 654 do CPP. – “Construção doutrinária no sentido de ser admitida a aplicação do instituto da transação penal (art. 76, da Lei 9.099 /95) aos procedimentos penais instaurados perante a Justiça Federal. -Apesar das ações públicas serem incondicionadas nos ilícitos constantes da Lei 9.605 /98, como no caso em tela, em que a conduta do paciente está enquadrada no art. 60, o art. 27 nela previsto estabelece que a proposta de transação penal somente poderá ser formulada desde que preenchido o requisito de composição do dano ambiental ou a impossibilidade de fazê-lo. -Como, na espécie, inexiste elemento nos autos que comprove tal pressuposto específico, não há falar em constrangimento ilegal decorrente de decisão que indeferiu pedido de transação penal em crime previsto na Lei nº 9.605/98. -Ordem denegada." Gabarito 7 - O crime de soltar balão previsto no art. 42 da Lei 9.605/98 tem pena mínima de 1 (um) ano. Neste caso é possível: a) Suspensão condicional do processo. b) Transação penal. c) Acordo civil. d) Representação. e) Perdão judicial. Gabarito Créditos Redatora: Monica Veiga Web Designer: Luís Rodrigues Designer Instrucional: Laís Silva Programador: Rostan Luiz http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html Referências Próximos passos Explore Mais ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação - Crimes Ambientais Aula 4: Competência Apresentação Nesta aula, esclareceremos a Justiça competente para o processo e julgamento dos crimes ambientais. Em seguida, demonstraremosa possibilidade de o processo e o julgamento se iniciarem em tribunais, tendo em vista o foro por prerrogativa de função. Objetivos • Descrever o sistema da Justiça brasileira; • Identificar qual a Justiça competente; • Identificar o processo e julgamento dos crimes ambientais. Justiças brasileiras De acordo com os ensinamentos do professor Badaró (2016), competência é definida como o "âmbito legítimo de exercício da jurisdição conferido a cada órgão jurisdicional." A Justiça brasileira se divide em: JUSTIÇA ESPECIAL http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula3.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/galeria/aula4/anexo/aula4.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html É formada por: • Justiça Militar, • Justiça Eleitoral e • Justiça Trabalhista. JUSTIÇA ESPECIAL É composta da Justiça Federal e Justiça Estadual — julga determinadas causas, entre elas as ambientais. Competência Federal Para que a competência da Justiça Federal seja fixada, é necessário que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal sejam interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes — exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, conforme determina o art. 109, I, da Constituição Federal. Estadual A competência da Justiça Estadual será residual, ou seja, será fixada quando a competência para o julgamento de uma determinada causa não for das Justiças Especializadas, assim como também não existir interesse da União, entidade autárquica ou empresa pública federal. Eleitoral A Justiça Eleitoral julga casos ligados a questões das eleições, como registro de candidaturas, inelegibilidades, domicílio eleitoral, abuso do poder econômico ou político etc. Trabalhista A Justiça Trabalhista julga casos relativos a contratos de trabalho, relação de emprego, vínculo empregatício ou não etc. Porém, a única Justiça que não tem competência em matéria criminal é a Justiça Trabalhista, conforme já decidiu o Supremo Tribunal Federal. Constituição Federal De acordo com a Constituição Federal de 1988 a fauna e a flora estão protegidas como poder-dever comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, conforme se verifica do art. 23, VII , do Texto Magno. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 225, dispõe que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. O Poder Público tem a obrigação de “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”, de acordo com o art. 225, § 1º, VII, da Constituição Federal. Jurisdição • É a função do Estado de aplicar a lei ao caso concreto, solucionando o caso penal. • É a jurisdição que possibilita tanto a ação quanto o processo (nessa nossa disciplina, ação penal e processo penal). • A jurisdição é função monopolizada pelo Estado que expressa a soberania nacional, consistindo no encargo dos órgãos jurisdicionais estatais de promover a realização do direito no caso concreto, por meio do processo. Princípios da Jurisdição Clique nos botões para ver as informações. Indeclinabilidade Indelegabilidade Improrrogabilidade http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html#collapsefour http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html#collapsefive http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html#collapsesix Um aspecto da jurisdição é que o juiz não pode agir de ofício, ou seja, somente pode agir se for provocado. Como não há pena sem processo penal é impossível aplicar qualquer tipo de sanção penal sem instauração do processo penal. Características da Jurisdição • Inércia — o Estado-Juiz somente atua se for provocado; • Substutividade — como a autotutela é proibida, o Estado passou a prestar jurisdição. Sendo assim, a decisão jurisdicional substitui a atividade das partes, realizando em concreto a vontade do direito objetivo. • Definitividade – que consiste em que a coisa julgada, que decorre da atividade jurisdicional, traduzindo-se pela impossibilidade de uma decisão judicial ser revista ou modificada por órgão integrante de outro poder. Competência • A doutrina entende que a competência é o limite da jurisdição. • A jurisdição é una e indivisível. A competência é que pode ser repartida ou dividida e se classifica em razão: Da matéria Observa a natureza do fato criminoso, como: em crime eleitoral, a competência para o processo penal será da Justiça Eleitoral. Se ocorrer um crime militar, a competência para o processo e julgamento será da Justiça Militar. Da pessoa Observa a condição funcional do acusado. Se quem pratica a infração penal for presidente da República, a competência para o processo penal será do Supremo Tribunal Federal. Do lugar Observa o local onde ocorreu a infração penal. Neste caso, se o crime ocorrer no município do Rio de Janeiro, a competência para o processo e julgamento será deste lugar. Exemplo Se um juiz de direito do Estado do Rio de Janeiro praticar um crime ambiental, como por exemplo provocar incêndio em mata ou floresta (art. 41, da Lei 9.605/98), por força da sua função e observando o comando do art. 96, III, da Constituição Federal de 1988, a competência para o processo penal será do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, ainda que esse crime ambiental não tenha sido praticado no Estado do Rio de Janeiro. Exemplo Imagine uma pessoa pescando mediante explosivo na cidade de São Miguel do Araguaia (GO). Tal conduta se enquadra no crime previsto no art. 35, I, da Lei 9.605/98. Como essa pessoa não tem foro por prerrogativa de função, a competência para processo e julgamento dessa infração penal será o lugar da prática do crime ambiental, ou seja, na comarca de São Miguel do Araguaia. Para a doutrina majoritária e a jurisprudência, a competência: Em razão da matéria e em razão da pessoa é ⇩ COMPETÊNCIA ABSOLUTA Em razão do lugar é ⇩ COMPETÊNCIA RELATIVA Nesse sentido, a incompetência absoluta é causa de nulidade absoluta, já a incompetência relativa é causa de nulidade relativa. Diferença entre competência absoluta e competência relativa COMPETÊNCIA ABSOLUTA • A regra de competência absoluta é criada com base no interesse público e não pode ser modificada. • A incompetência absoluta é causa de nulidade absoluta. COMPETÊNCIA RELATIVA • A competência relativa tem por base o interesse preponderante das partes e pode ser modificada. • A incompetência relativa é causa de nulidade relativa. Concretização de Competência O critério de concretização da competência passa por cinco etapas. 1 Saber se o caso penal terá como competência para o julgamento os órgãos de sobreposição do Poder Judiciário, ou seja, Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de Justiça. Sendo a resposta afirmativa, encerra a busca da competência. Se for negativa, 2 passa-se para a segunda etapa para descobrir qual a Justiça competente, que pode ser Justiça Especializada (Militar ou Eleitoral) ou a Justiça Comum (Federal ou Estadual). Descoberta a Justiça competente, 3 na terceira etapa é necessário verificar se a competência originária é do Tribunalou dos Juízos de 1º (primeiro) grau. Mas, se a competência originária for dos Juízos de 1º (primeiro) grau, 4 é necessária a quarta etapa para saber qual o foro competente (Comarca na Justiça Estadual e Seção Judiciária na Justiça Federal). Descoberto o foro competente, se for Comarca ou Seção de Juízo Único, encerra-se a busca da competência. Se a competência for do Tribunal, encerra a busca do órgão competente. Mas, se a competência originária for dos Juízos de 1º (primeiro) grau. Se não for juízo único, 5 a quinta etapa servirá para descobrir qual a vara competente, atribuída por meio de distribuição. Processo Unificado Se houver conexão entre um crime da competência da Justiça Federal com um crime da competência da Justiça Estadual a súmula 122 do Superior Tribunal de Justiça afirma o seguinte: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal." Se ocorrer um crime ambiental é necessário verificar se tal crime atingiu ou não interesse da União. Atingindo interesse da União, a competência para o processo e julgamento é da Justiça Federal. Se não atingir o interesse da União ou de Autarquia Federal, a competência para o processo e julgamento será da Justiça Estadual. Exemplo Imagine que alguém exporte animal silvestre, conforme se verifica do art. 29, § 1º, III, da Lei 9.605/98. Qual a Justiça competente para o processo e julgamento desse crime? A competência da Justiça estadual é residual, vale dizer, não sendo competência das Justiças especializadas (Justiça Eleitoral ou Justiça Militar) e não havendo interesse da União, a competência para o processo penal será da Justiça estadual. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, a competência para o processo penal nesta hipótese é da Justiça Federal, por força do art. 109, IV, da CF, e tendo por base a natureza transnacional da infração penal ambiental. Ocorrendo crime ambiental de menor potencial ofensivo, ou seja, aquele em que a pena cominada é de até 2 anos, o processo e julgamento será o Juizado Especial Criminal. Portanto, esse crime de menor potencial ofensivo pode ser julgado no Juizado Especial Criminal Federal (Lei 10.259/01) ou Juizado Especial Criminal Estadual. Exemplo Uma pessoa é convidada para uma festa em logradouro público estadual. Após horas de festa, já cansada, decide ir embora e se encaminha para fora do ambiente, quando, por descuido, pisa em planta de ornamentação deste logradouro público, ocasionando destruição da planta. Vale destacar que essa pessoa não queria danificar a tal planta de ornamentação. Observando a questão sob o ângulo criminal, a pessoa não teve dolo, porém, inobservou regra objetiva de cuidado, ou seja, foi imprudente, dasaguando, assim, em conduta típica culposa. Neste caso, essa pessoa praticou a infração penal prevista no art. 49, Parágrafo Único, da Lei 9.605/98. Como tal infração penal ambiental tem pena privativa de liberdade de detenção de três meses a um ano e multa trata-se de um crime de menor potencial ofensivo e a competência para o processo e julgamento desse fato criminal é do Juizado Especial Criminal Estadual. Pode ocorrer que o agente que cometeu o crime ambiental tenha foro por prerrogativa de função, vale dizer, competência em razão da qualidade da parte. Neste caso, para determinar a competência para o processo e julgamento observa-se a Constituição Federal. Exemplo Um Promotor de Justiça integrante do Ministério Público de São Paulo com vontade e consciência danifica vegetação primária em estado avançado. Considerando que a vegetação primária é a vegetação de máxima expressão local com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécies (Resolução nº 33 do Conselho Nacional do Meio Ambiente), a conduta do Promotor de Justiça é enquadrada no art. 38-A da Lei 9.605/98. Como a Constituição Federal de 1988 dispõe em seu art. 96, III, que compete aos Tribunais de Justiça julgar os membros do Ministério Público, o processo e julgamento do crime praticado pelo Promotor de Justiça do paulista será do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Vale observar que a competência para o processo e julgamento será do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo mesmo que o crime tenha ocorrido em outro estado da Federação. De acordo com a Constituição Federal de 1988, a competência do Supremo Tribunal Federal está prevista no art. 102, I, "b" e "c", da CRFB. A competência do Superior Tribunal de Justiça está determinada pelo art. 105, I, "a", da CRFB. A competência dos Tribunais Regionais Federais tem previsão no art. 108, I, "a", da CRFB. E a competência dos Tribunais de Justiça está estabelecida no art. 29, X, e art. 96, III, da CRFB. Exemplo Se um vereador da cidade de Fortaleza causar poluição que resulte em dano à saúde humana, tal conduta é tipificada (enquadrada) no crime do art. 54 da Lei 9.605/98. Neste caso, por ser vereador, tem foro por prerrogativa de função, conforme se verifica do art. 29, X, da Constituição Federal de 1988. Assim, a competência para o processo e julgamento deste vereador de Fortaleza será do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Se o agente com foro por prerrogativa de função deixou de ocupar o cargo, ou seja, deixou de exercer a função pública, o processo será transferido para o primeiro grau de jurisdição, isto é, a competência para a Justiça Federal ou Justiça Estadual de primeira instância. Exemplo Considerando o exemplo do vereador de Fortaleza. Imagine agora que o processo penal não teve fim e o vereador não conseguiu se reeleger. Neste caso, perde o foro por prerrogativa de função e a competência para esse processo penal em curso passa para a primeira instância. Mas, quando a pessoa que cometeu o crime ambiental não tinha foro por prerrogativa de função e posteriormente passou a ocupar cargo público, o processo que se iniciou em primeiro grau de jurisdição passa para o Tribunal competente, como: o agente passa a ocupar cargo de Deputado Federal. Neste caso, o processo será transferido para o Supremo Tribunal de Justiça. Exemplo Considerando ainda os exemplos do vereador. Caso o processo penal não tenha terminado na primeira instância e o acusado era vereador, deixou de ser, e conseguiu se eleger a deputado federal, a competência para esse processo e julgamento será, agora, do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102, I, "b", da Constituição Federal. Atenção O Supremo Tribunal Federal decidiu que para fixação do foro por prerrogativa de função será necessário existir pertinência temática entre a conduta do agente política e a sua função pública: Inexistindo essa relação entre a conduta e a função pública não há foro por prerrogativa de função. O STF fixou a seguinte tese: “(i) O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas; e (ii) Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresentação de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer que seja o motivo”. Atenção É possível um crime ambiental ser julgado pelo Tribunal do Júri? O Tribunal do Júri é uma garantia constitucional, prevista no art. 5º, inciso XXXVIII da CRFB/1988 e tem competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Porém, ocorrendo um crime doloso contra a vida conexo (que tem um ponto de contato) com um crime ambiental, pela regra do art. 78, I, do Código de Processo Penal na determinação da competência por conexão eno concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri. Sendo assim, é perfeitamente possível que o Tribunal do Júri julgue um crime ambiental, desde que haja conexão com um crime doloso com a vida. Nos termos da Constituição Federal de 1988, é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos e além da competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. Atividade Leia a Jurisprudência do STJ JURISPRUDÊNCIA COMENTADA: "RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS Nº 15.852 — MA (2004/0037887-2) CRIMINAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. PESCA COM PETRECHO NÃO PERMITIDO. LESÃO A BEM DA UNIÃO. MAR TERRITORIAL. INTERESSE DE ENTIDADE AUTÁRQUICA FEDERAL. IBAMA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. IRREGULARIDADES NOS AUTOS DE INFRAÇÃO E NECESSIDADE DO PRÉVIO ESGOTAMENTO DA VIA ADMINISTRATIVA. TESES NÃO APRECIADAS PELO E. TRIBUNAL A QUO. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. OCORRÊNCIA DE DANO AMBIENTAL. NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA INVIÁVEL NA VIA ELEITA. RESPONSABILIDADE DO COMANDANTE E DO ARMADOR. I - A competência da Justiça Federal, expressa no art. 109, IV, da Constituição Federal, restringe-se às hipóteses em que os crimes ambientais são perpetrados em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas autarquias ou empresas públicas. II - Ficando configurado, na espécie, a evidente possibilidade de lesão a bem pertencente a União, qual seja, o mar territorial, bem como o interesse de entidade autárquica federal no desfecho da controvérsia, no caso o IBAMA, a competência para processar e julgar o feito é da Justiça Federal. III - Se as teses veiculadas na exordial, consistentes na necessidade de prévio esgotamento da via administrativa para que seja deflagrada ação penal, bem como na existência da irregularidades nos autos de infração mencionados na proemial acusatória, não foram apreciadas pelo e. Tribunal a quo, delas não se conhece sob pena de supressão de instância (Precedentes). IV - A via do writ não permite o exame aprofundado do material cognitivo. Tal se dá, in casu, na verificação da ocorrência ou não de dano ambiental, fato esse reconhecido pelo e. Tribunal de origem. (Precedentes). V - O fato de não ter sido incluído na proemial acusatória o comandante das embarcações não enseja por si só a exclusão da responsabilidade do armador. Recurso parcialmente conhecido e, neste ponto, desprovido." Gabarito 1) Ocorrendo crime ambiental em que o fato atinge interesse de Autarquia Federal, qual a Justiça competente para o processo e julgamento? a) Justiça Estadual b) Justiça Trabalhista c) Justiça Federal d) Justiça Eleitoral e) Justiça Militar Gabarito 2) Indique a Justiça competente para o processo e julgamento de crime ambiental quando o agente que cometeu o crime é governador de Estado: a) Supremo Tribunal Federal b) Superior Tribunal de Justiça c) Tribunal de Justiça d) Tribunal Regional Federal e) Tribunal Regional do Trabalho Gabarito 3) Quando o crime ambiental não atinge interesse da União, nem de Autarquia Federal qual a Justiça competente para o processo e julgamento? a) Justiça Estadual b) Justiça Trabalhista c) Justiça Eleitoral d) Justiça Militar e) Justiça Federal Gabarito 4) Na hipótese de poluição do mar por um navio, qual a Justiça competente para o processo e julgamento? a) Justiça Estadual b) Justiça Trabalhista c) Justiça Eleitoral d) Justiça Militar e) Justiça Federal Gabarito 5) A Lei 8.213/91 prevê no art. 19, § 2º, que "constitui contravenção penal, punível com multa, deixar a empresa de cumprir as normas de segurança e higiene do trabalho". Trata-se de uma infração penal que tem relação com o meio ambiente do trabalho. Sendo assim, qual a Justiça competente para o processo e julgamento: a) Justiça Trabalhista b) Justiça Estadual c) Justiça Eleitoral d) Justiça Militar e) Justiça Federal Gabarito 6) Tício, ao completar 18 anos e induzido por seus colegas, saiu para pichar um monumento urbano. Neste caso, cometeu o crime previsto no art. 65 da Lei 9.605/96, cuja pena é de detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano e multa. Qual o juízo o competente para o processo e julgamento de Tício? a) Juizado Especial Cível b) Vara Criminal c) Vara do Trabalho d) Juizado Especial Criminal e) Vara Cível Gabarito Créditos Redatora: Monica Veiga Web Designer: Luís Rodrigues Designer Instrucional: Daniele Pires Programador: Rostan Luiz Referências Próximos passos Explore Mais ACESSIBILIDADE: A+ A- listpicture_as_pdfprint Disciplina: Investigação - Crimes Ambientais Aula 5: Crimes contra a fauna Apresentação Nesta aula, esclareceremos o bem jurídico tutelado nos crimes contra a fauna (o conjunto de animais estabelecidos em determinada região). Em seguida, estudaremos os elementos do tipo, ou seja, elementos objetivos, normativos e subjetivos, reconhecendo os sujeitos do delito (sujeito ativo e sujeito passivo) e identificando o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Objetivos • Esclarecer os elementos do tipo; http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula4.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/galeria/aula5/anexo/aula5.pdf http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula5.html • Reconhecer os sujeitos do delito; • Identificar o momento consumativo e a possibilidade ou não da tentativa. Elemento do tipo, sujeito do delito e momento consumativo do crime De início, vamos relembrar o que significa elementos do tipo, sujeitos do delito e o momento consumativo do crime. Elemento objetivo Refere-se ao aspecto material do fato. Existem concretamente no mundo dos fatos e só precisam ser descritos pela norma, como o objeto do crime, o lugar, o tempo, os meios empregados o núcleo do tipo (verbo). Elemento normativo Ao contrário dos descritivos, seu significado não se extrai da mera observação, sendo imprescindível um juízo de valoração jurídica, social, cultural histórica religiosa, bem como qualquer outro campo do conhecimento humano. Aparece em expressões como sem justa causa, indevidamente, documento, funcionário público, dignidade, decoro etc. Elemento subjetivo Há elemento subjetivo geral, ou seja, o dolo (vontade livre e consciente de matar alguém), que pode ser direto (o agente quer o resultado) ou eventual (o agente assume o risco de produzir o resultado). Sujeito ativo é aquele que pratica o crime e nos crimes ambientais pode ser sujeito ativo a pessoa física e a pessoa jurídica; sujeito passivo é quem sofre com a ação criminosa, valendo destacar que os animais são objeto material de determinados crimes ambientais e não sujeito passivo, sendo a coletividade o sujeito passivo desses crimes. Crimes contra a fauna Fonte: Sarayut_sy / Shutterstock Para evitar a extinção de espécies animais a proteção da fauna se faz necessário. A fauna se classifica, de acordo com a doutrina, em terrestre e aquática e justamente essas espécies são protegidas pela Lei 9.605/98, porque a Constituição Federal de 1988 determina a proteção a fauna e a flora, vedando, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. Os crimes contra a faunaestão previstos nos arts. 29 a 37 da Lei 9.605/98, que detalharemos a seguir. Figuras típicas nos crimes contra a fauna Bem jurídico tutelado — A lei protege o meio ambiente. ART. 29 Dispõe o art. 29, § 3º, da Lei 9.605/98: São espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo de vida ocorrendo dentro dos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras. ✔ O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. O sujeito passivo de tal delito é a coletividade. ✔ O objeto material do delito é a fauna silvestre. ✔ O tipo penal prevê a conduta de exportar, que significa fazer sair do território brasileiro. No caput do art. 29 existe elemento normativo do tipo na expressão "sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida." O momento consumativo dependerá do núcleo do tipo praticado. Na hipótese do verbo matar, se consuma com a morte do animal, trata-se, portanto, de crime material, já na modalidade perseguir basta a conduta praticada, independentemente de resultado naturalístico. Na hipótese do § 1º do art. 29 temos as formas derivadas do crime do art. 29, caput. O art. 29, § 2º, configura hipótese de perdão judicial, que é causa extintiva da punibilidade, conforme art. 107, IX, do Código Penal. O perdão judicial é um instituto em que o juiz deixa de aplicar a pena, desde que presentes as circunstâncias previstas em lei. Sendo assim, trata-se de um direito subjetivo público do réu. Cabe acrescentar que nos termos da súmula 18 do Superior Tribunal de Justiça, a sentença que concede o perdão judicial é declaratória de extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório. Exemplo Tendo em vista o avanço da febre amarela em nosso país, uma pessoa começa a matar macacos para, assim, evitar a proliferação da doença. Neste caso responderá pelo crime de matar espécime da fauna silvestre, conforme se verifica do art. 29, caupt, da Lei 9.605/98. ART. 30 ✔ O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. ✔ O sujeito passivo de tal delito é a coletividade. ✔ O objeto material do delito são as peles e couros de anfíbios e répteis em bruto. O momento consumativo ocorre com o envio da pele ou couro para o exterior. Saindo da alfândega, consuma-se com a liberação da pele ou couro; não saindo pela alfândega, a consumação ocorre com a saída do objeto deixa o território nacional. A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado. Tendo em vista que a pena mínima é de 1 (um) ano, cabe suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9099.htm Exemplo Uma pessoa tem conhecimento que o couro da corallus cropanii (jiboia-amarela) tem grande valor de mercado no exterior. Movido pela ganância, começa a exportar a pela da jiboia-amarela, com lucros exorbitantes. A hipótese se enquadra no crime previsto no art. 30 da Lei 9.605/98, uma vez que é necessária a autorização da autoridade competente para a exportação de peles e couros de répteis. ART. 31 ✔ O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. ✔ O sujeito passivo de tal delito é a coletividade. ✔ O objeto material do delito é espécime animal. O momento consumativo ocorre com a introdução do animal no território brasileiro, porém sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente, que é elemento normativo do tipo penal. A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado. Tendo em vista que a pena máxima é de 1 (um) ano, trata-se de infração de menor potencial ofensivo, cuja competência para o processo e julgamento é do Juizado Especial Criminal. Exemplo Uma determinada pessoa mantinha em cativeiro animais da fauna exótica (dez tigres de bengala) sem o devido registro da autoridade competente. Neste caso, como o tigre de bengala não é um animal nativo ocorre violação ao art. 31 da Lei 9.605/98. ART. 32 ✔ O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. ✔ O sujeito passivo de tal delito é a coletividade. ✔ O objeto material do delito inclui todos os animais. O momento consumativo ocorre com a introdução do animal no território brasileiro, porém sem parecer técnico oficial favorável e licença expedida por autoridade competente, que é elemento normativo do tipo penal. A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado. Tendo em vista que a pena máxima é de 1 (um) ano, trata-se de infração de menor potencial ofensivo, cuja competência para o processo e julgamento é do Juizado Especial Criminal. Exemplo Pedro é casado com Maria. Como as brigas são constantes, Maria diz a Pedro que quer o divórcio. Inconformado com a separação do casal e sabedor que Maria nutre verdadeira paixão pelo seu cachorro de estimação, Pedro começa a espetar o animal doméstico com uma faca de churrasco, gerando inúmeras feridas. A hipótese é enquadrada no crime de maus-tratos, conforme art. 31 da Lei dos Crimes Ambientais. Assista ao vídeo de um caso verdadeiro, ocorrido no Rio de Janeiro. (Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=hOowF1enXOo) ART. 33 ✔ O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. ✔ O sujeito passivo de tal delito é a coletividade. ✔ O objeto material do delito são as espécimes da fauna aquática. O momento consumativo ocorre com a efetiva provocação do perecimento da espécime da fauna aquática, mas no Parágrafo Único existe elemento normativo do tipo, nas expressões "sem licença, permissão ou autorização da autoridade competente" e "devidamente demarcados em carta náutica". A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado. Tendo em vista que a pena mínima é de 1 (um) ano, cabe suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). Exemplo Uma determinada pessoa jurídica vem lançando efluentes líquidos não tratados no rio da região, provocando, assim, um sério desequilíbrio no ecossistema aquático. Neste caso, é perfeitamente possível enquadrar a conduta da pessoa jurídica ao dispositivo do art. 33 da Lei 9.605/98, inclusive, podendo responder também a pessoa física que agia em seu nome. ART. 34 ✔ O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. ✔ O sujeito passivo de tal delito é a coletividade. ✔ O objeto material do delito é o equilíbrio ecológico referente a fauna aquática. O momento consumativo ocorre com a efetiva pesca. A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado. https://www.youtube.com/watch?v=hOowF1enXOo Tendo em vista que a pena mínima é de 1 (um) ano, cabe suspensão condicional do processo (art. 89, Lei 9.099/95). Exemplo Considerando hipoteticamente que o período de defeso da piracema na Bacia do Rio São Francisco começa no mês de janeiro com término no mês de março, aquele que pratica a pesca neste período incide na infração penal prevista no art. 34 da Lei 9.605/98, pois tal crime ocorre justamente quando há pesca em período proibido. ART. 35 ✔ O crime pode ser praticado por qualquer pessoa, logo trata-se de crime comum. ✔ O sujeito passivo de tal delito é a coletividade. ✔ O objeto material do delito é o equilíbrio ecológico referente a fauna aquática. O momento consumativo ocorre com a efetiva pesca com substâncias proibidas. A tentativa é perfeitamente possível, uma vez que o iter criminis pode ser fracionado. Tendo em vista que a pena mínima é de 1 (um) ano, cabe suspensão condicional do processo (art.89, Lei 9.099/95). Exemplo Um determinado pescador ficou sem sua rede de pesca e, para continuar sua atividade pesqueira, produziu material químico e utilizou bombas que, ao explodirem na água, emitem um som que mata diversas espécies de peixes. Essa conduta é enquadrada crime ambiental previsto no art. 35, I, da Lei 9.605/98. ART. 36 As normas penais podem ser incriminadoras e não incriminadoras. O art. 36 é uma norma penal não incriminadora, ou seja, trata-se de norma penal explicativa para os crimes referentes à pesca (arts. 34 e 35 da Lei 9.605/98). As normas penais podem ser também permissivas que são aquelas que têm por finalidade afastar a ilicitude da conduta do agente. Temos exemplo de norma penal permissiva na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98) no art. 37 que veremos a seguir. ART. 37 Causas excludentes de ilicitude são causas que afastam a ilicitude da conduta do agente, ou seja, o conceito analítico de crime é constituído dos seguintes elementos: fato típico, ilícito e culpável. Existindo fato típico, que é composto de conduta, resultado (nos crimes materiais), nexo de causalidade e tipicidade, é necessário analisar se esse fato é ou não ilícito. É justamente neste ponto que se observa as causas excludentes de ilicitude. Se o fato praticado pelo agente foi lícito, ou seja, de acordo com o Direito, não há crime. Nesse sentido, o art. 37 da Lei 9.605/98 prevê causas excludentes de ilicitude. Portanto, nos termos do art. 29 da Lei de crimes Ambientais é crime matar espécimes da fauna silvestre, porém se o agente matar o animal para saciar sua fome estará acobertado pela excludente de ilicitude prevista no art. 37, I, da Lei 9.605/98: não é crime o abate de animal, quando realizado “em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família”. O mesmo ocorre se o abate de animal tiver como motivação a “proteção de lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente” (art. 37, II) e, “por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente” (art. 37, IV). No inciso I do art. 37 da Lei 9.605/98 ocorre a causa de justificação do estado de necessidade, já nos incisos II e IV do mesmo dispositivo legal existe a causa de justificação exercício regular de direito. Exemplo De acordo com o art. 29 da Lei 9.605/98 é crime matar animal da fauna silvestre. Assim, se uma determinada pessoa, para saciar sua fome, mata um javali, teremos a seguinte questão: Com base no conceito analítico de crime temos fato típico, pois houve conduta, matar o javali. A morte do javali é resultado dessa conduta, ocorrendo, portanto, nexo de causalidade entre a conduta (matar) e o resultado (o javali). Por fim, essa conduta se amolda perfeitamente ao tipo penal descrito no art. 29 da Lei. 9.605/98, verificando-se, portanto, a tipicidade. Como a morte do javali foi para saciar sua fome, tal fato se amolda na causa excludente da ilicitude prevista no art. 37, I, da Lei 9.605/98 — a Lei de Crimes Ambientais permite a morte de animal, desde que para saciar a fome do agente ou de sua família. Como a pessoa que matou o javali agiu em estado de necessidade, ainda que haja fato típico, a sua conduta é considerada lícita. No inciso I ocorre a causa de justificação estado de necessidade, já nos incisos II e IV do art. 37 da Lei 9.605/98 temos a causa de justificação exercício regular de direito. JURISPRUDÊNCIA COMENTADA "HABEAS CORPUS Nº 192.486 - MS (2010/0225552-4) – STJ HABEAS CORPUS. CRIME AMBIENTAL. PESCA EM PERÍODO PROIBIDO. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. ESPECIAL REPROVABILIDADE DA CONDUTA NO CASO CONCRETO. HABEAS CORPUS DENEGADO. 1. A aplicabilidade do princípio da insignificância nos crimes contra o meio ambiente, reconhecendo-se a atipicidade material do fato, é restrita aos casos onde e a conduta do agente expressa pequena reprovabilidade e irrelevante periculosidade social. Afinal, o bem jurídico tutelado é a proteção ao meio ambiente, direito de natureza difusa assegurado pela Constituição Federal, que conferiu especial relevo à questão ambiental. 2. Não se insere na concepção doutrinária e jurisprudencial de crime de bagatela a conduta do Paciente, pescador profissional, que foi surpreendido pescando com petrecho proibido em época onde a atividade é terminantemente vedada. Há de se concluir, como decidiram as instâncias ordinárias, pela ofensividade da conduta do réu, a quem se impõe maior respeito à legislação ambiental, voltada para preservação da matéria prima de seu ofício. 3. E, apesar de terem sido apreendidos apenas 05 kg (cinco quilos) de peixe, nos termos da jurisprudência desta Corte Superior: "A quantidade de pescado apreendido não desnatura o delito descrito no art. 34 da Lei 9.605/98, que pune a atividade durante o período em que a pesca seja proibida, exatamente a hipótese dos autos, isto é, em época de reprodução da espécie, e com utilização de petrechos não permitidos." (HC 192696/SC, 5ª Turma, Rel. Min. GILSON DIPP, DJe de 04/04/2011.) 4. Ordem de habeas corpus denegada." Comentário De acordo com o princípio da insignificância, o Direito Penal não deve preocupar-se com bagatelas. A tipicidade penal exige um mínimo de lesividade ao bem jurídico protegido. A aplicação do princípio da insignificância exclui a tipicidade, porém a tipicidade em seu sentido material. A aplicação do princípio da insignificância para o Supremo Tribunal Federal exige quatro requisitos, ou seja, “a mínima ofensividade da conduta do agente, a nenhuma periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica provocada” (HC nº 84.412/SP, Segunda Turma, DJ de 19/11/04). Em que pese o meio ambiente ser um bem transindividual e indivisível, a jurisprudência tem admitido a aplicação do princípio da insignificância em determinados crimes ambientais, conforme se verifica da decisão do STJ no REsp 1.409.051-SC. Entretanto, no caso em questão, o Superior Tribunal de Justiça não reconheceu atipicidade material na conduta do agente, tendo em vista justamente o período em que ocorreu a pesca, ou seja, em período proibido. Atividade 1) Quando alguém abate um animal para saciar sua fome, ocorre: a) Crime previsto na Lei 9.605/98. b) Causa que exclui a culpabilidade. c) Causa que exclui a ilicitude. d) Fato atípico. e) Causa que exclui a punibilidade. Gabarito 2) No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias: a) Agravar a pena. b) Deixar de aplicar a pena. c) Diminuir a pena. d) Triplicar a pena. e) Duplicar a pena. Gabarito 3) De acordo com a Lei 9.605/98, quem mata espécime da fauna silvestre ameaçada de extinção terá a pena: a) Aumentada de metade. b) Diminuída de um terço. c) Diminuída de metade. d) Aumentada de um sexto. e) Aumentada de um terço. Gabarito 4) No que concerne ao crime de tráfico de animais previsto na Lei 9.605/98, é causa de aumento de pena se o crime é praticado: a) Em unidade de permissão. b) Durante a tarde. c) Em período de permissão à caça. d) Durante o dia. e) Durante a noite. Gabarito 5) A respeito do crime de tráfico de animais, se tal crime decorre do exercício de caça profissional a pena é: a) Aumentada da metade. b) Aumentada até o triplo. c) Aumentada de um terço. d) Aumentada de um sexto. e) Aumentada de um quarto. Gabarito Créditos Redatora: Monica Veiga Web Designer: Luís Rodrigues Designer Instrucional: Carolina Burgos Programador: Rostan Luiz Referências http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula5.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/gon910/aula5.html Próximos passos Explore Mais
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