Buscar

CADERNO DIREITO PENAL - PARTE GERAL - 2021 - MPF

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 223 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 223 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 223 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DIREITO PENAL
PARTE GERAL
MPF: Atenção ponto 8B (Indígenas) e 19B (Crimes cibernéticos, pornô infantil); 20B (convenções internacionais sobre a corrupção, organizações criminosas, tráfico de pessoas, armas, terrorismo e escravidão).’
FONTES
Fontes materiais (substanciais): órgãos encarregados de produzir o Direito Penal – União (art. 22, I), que pode conferir ao Estados, mediante LC, o poder de legislar sobre questões específicas do DP, de interesse estritamente local (art. 22, § único)
Fontes formais (cognitivas/de conhecimento): meios pelo qual o DP se exterioriza
· Imediatas: LEI, em sentido estrito (ordinária)
· Mediatas (secundárias): costumes, atos administrativos e princípios 
PRINCÍPIOS
Constitucionais: legalidade (reserva legal, anterioridade); individualização da pena; intranscendência da pena; limitação das penas ou da humanidade; presunção de inocência ou não presunção de não culpabilidade.
Luigi Ferrajoli - Teoria do Garantismo Penal: inclui mais princípios para proteger direitos fundamentais dos acusados (princípios arrolados pelo Ferrajoli:)
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Art. 5º, XXXIX, CF c.c. art. 1º do CP. É cláusula pétrea. Crimes e contravenções penais, e suas respectivas penas, são instituídos por leis ordinárias.
Histórico: Magna Carta de João sem Terra, imposta pelos barões ingleses em 1215. Foi desenvolvido por Feuerbach, com base na teoria da coação psicológica: toda imposição de pena (ameaça de um mal) pressupõe uma lei penal.
Fundamentos: 
(1) Jurídico: taxatividade, certeza ou determinação – lei penal deve ser certa, não se admitindo descrições vagas e imprecisas da conduta proibida. Desdobramento: vedação da analogia in malam partem.
(2) Político: proteção do ser humano em face do arbítrio do Estado (DF de 1ª dimensão)
(3) Democrático: dimensão democrática do princípio da reserva legal.
Denominação: reserva legal e estrita legalidade (somente a lei em sentido material e formal, diferentemente da legalidade, que abarca todas espécies do art. 59 da CF. 
· Legalidade: ninguém é obrigado a nada senão em virtude de lei (art. 5º II)
· Reserva legal: monopólio da lei em sentido formal para crimes e penas (art. 5º, XXXIX)
Desdobramentos do princípio da legalidade.:
a. Anterioridade/irretroatividade: a lei penal deve estar em vigor antes de o crime ser praticado
b. Tipicidade/escrita: somente a prática de conduta prevista em lei pode caracterizar-se como infração penal. não há crime criado por costumes nem MP.
c. Taxatividade: a lei penal deve ser certa, não se admitindo descrições vagas e imprecisas da conduta proibida (não é absoluto, pois há tipos penais abertos, como os culposos)
d. Lei deve ser estrita: não se admite analogia in malam parte (ressalva: STF – Homofobia como racismo)
Princípio da reserva legal:
Vedação de medidas provisórias sobre direito penal: pressupostos de relevância e urgência são incompatíveis com a lei penal, que necessita de discussão ampla no legislativo
	Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral; 
b) direito penal, processual penal e processual civil;
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3º;
· Pode medida provisória penal BENÉFICA? SIM (STF).
	LEI PENAL EM BRANCO (primeiramente remetida): é aquela em que a descrição da conduta punível se mostra incompleta ou lacunosa, necessitando de outro ato normativo para sua integração ou complementação
· Ofende o princípio da legalidade/taxatividade?
· Minoritária: sim, pois ela não poderia ter essas lacunas e remeter 
· Majoritária: não, é constitucional, desde que obedeça dois requisitos: núcleo essencial e remissão precisa
· Deve prever o núcleo essencial da conduta
· Fixar com transparência os precisos limites de sua integração por outro dispositivo legal, pois o caráter delitivo da conduta só pode ser delimitado pelo poder competente (não pode remissão aberta)
· Classificação das normas penais em branco:
· Heterogêneas (sentido estrito) (próprias): complemento é oriundo de fonte normativa diversa daquela que a editou decreto complementa lei
· A ideia da norma penal em branco é rapidamente conseguir atualizar o ordenamento, exemplo: drogas, armas
· Homogêneas (sentido amplo) (impróprias): complemento é oriundo da mesma fonte de produção normativa lei complementa lei
· Homovitelinas: o complemento é oriundo da mesma instância legislativa, ou seja, estão na mesma estrutura normativa (CP CP)
· Heterovitelinas: o complemento é emanado de outra instância normativa (CP Decreto) (CP CC)
LEI PENAL INCOMPLETA (SECUNDARIAMENTE REMETIDA OU EM BRANCO ÀS AVESSAS OU AO REVÉS OU INVERTIDA): prevê somente o preceito incriminador, remetendo o preceito secundário (sanção penal) a outro dispositivo da própria lei ou em diferente texto legal (a pena de x é a mesma cominada aos crimes y)
· A lei penal incompleta só pode ser homogênea
LEI PENAL EM BRANCO DE FUNDO CONSTITUCIONAL: O complemento do conceito primário é norma constitucional. Ex.: crime de abandono intelectual, em que o conceito de instrução primária está no art. 208, I, da CF; homicídio contra integrantes da órgãos da segurança pública (art. 121 § 2º, VII do CP é complementado pelo art. 142 e 144 da CR).
LEI PENAL EM BRANCO AO QUADRADO: Complemento também depende de complementação. Ex.: Crime Ambiental de destruir floresta considerada APP Código Florestal Decreto do chefe do executivo. 
Proibição da analogia in malam partem (sem previsão legal, mas semelhante à hipótese existente) X Possibilidade de interpretação extensiva (STF – ainda que prejudicial ao réu)(previsão legal existe, mas está implícita)
· STF – RHC 106481/MS: “A interpretação extensiva no direito penal é vedada apenas naquelas situações em que se identifica um desvirtuamento na mens legis.”
Mandados de criminalização: CF impõe dever de legislar. Podem ser expressos ou tácitos.
a) Racismo
b) TTT – Tortura, Tráfico e Terrorismo e crimes hediondos
c) Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático
d) Tratados internacionais aprovados como ECs
e) Retenção dolosa do salário dos trabalhadores
f) Abuso, violência e exploração sexual da criança ou adolescente
g) Condutas lesivas ao meio ambiente
h) Tácito: corrupção eleitoral
	ADO 26/DF e MI 4733/DF da Homofobia/Transfobia
STF reconheceu o estado de mora do Congresso Nacional e a necessidade de criminalização. Mandado de criminalização no art. 5º, XLI (“a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais”) e XLII (“a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão”). Até que sobrevenha lei, por traduzirem expressões de racismo – dimensão social [projeta-se para além de aspectos estritamente biológicos ou fenotípicos, pois resulta, enquanto manifestação de poder, de uma construção de índole histórico cultural motivada pelo objetivo de justificar a desigualdade e destinada ao controle ideológico, à dominação política, À subjugação social e à negação da alteridade, da dignidade e da humanidade dos que integram grupo vulnerável e não pertencem ao estamento que detém posição de hegemonia] – ajustam-se ao crime de racismo e qualificadora de motivo torpe. Não restringe ou limita o exercício da liberdade religiosa, que só não pode configurar discurso de ódio: exteriorizações que incidem a discriminação, a hostilidade ou a violência contra pessoas em razão de sua orientação sexual ou identidade de gênero.
Outras disposições constitucionais relevantes:
I) Vedações constitucionais aplicáveis a crimes graves:
	VEDAÇÕES CONSTITUCIONAIS APLICÁVEISA CRIMES GRAVES
	IMPRESCRITIBILIDADE
“Ração”
	INAFIANÇABILIDADE
	VEDAÇÃO DE GRAÇA E ANISTIA
“TTTH”
	1. Racismo
2. Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado democrático
	1. Racismo
2. Ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático
1. Tortura
2. Tráfico de Drogas
3. Terrorismo
4. Crimes hediondos
	1. Tortura
2. Tráfico de Drogas
3. Terrorismo
4. Crimes hediondos
II) Tribunal do Júri
	Art. 5º. XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa
b) o sigilo das votações
c) a soberania dos veredictos
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida
Competência: JÚRI x PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: PRERROGATIVA DE FUNÇÃO
III) Menoridade Penal: 
Menores estão sujeitos ao Estatuto da Criança e do Adolescente
PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE
Decorre dos artigos da legalidade. Lei prévia ao fato. A lei produz efeitos a partir do vigor (não se aplica a fatos ocorridas no vacatio), daí deriva sua irretroatividade, salvo para beneficiar o réu. 
PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE
	Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Lei penal se aplica aos fatos futuros. Complementariedade com a anterioridade. Decorrência da legalidade.
a) Retroatividade da interpretação judicial mais benéfica: SIM. Inconstitucionalidade da vedação de progressão de regimes nos crimes hediondos. Vejo mais como consequência da inconstitucionalidade, defende MASSON que a mera intepretação não retroage, prevalecendo a coisa julgada.
b) Retroatividade da lei penal em vacatio legis: MASSON não admite (não produz efeitos jurídicos e, inclusive, pode ser regoada). NUCCI defende, pois CF faz menção à lei penal e não à lei penal vigente.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA (OU DA ULTIMA RATIO OU DA SUBSIDIARIEDADE)
Origem: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). O Direito Penal só deve se preocupar com a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários à vida em sociedade. Só deve intervir nos casos de ataques muito graves aos bens jurídicos mais importantes. Somente quando se verificar que as demais áreas do Direito se revelam incapazes de proteger devidamente os bens mais importantes para a sociedade, o Direito Penal deve intervir (subsidiariedade).
· Ampara a corrente do Direito Penal Mínimo
· MASSON distingue subsidiariedade: se projeta no plano concreto, na aplicação da lei penal, quando os demais meios já tiverem sido empregados, sem sucesso.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIDADE
De toda a gama de condutas proibidas e bens protegidos pelo ordenamento jurídico, o Direito Penal só se ocupa de uma pequena parte (fragmentos dos ilícitos). É a consequência da adoção dos princípios da intervenção mínima, da lesividade e da adequação social. Somente uma pequena parte do ordenamento jurídico que sofrerá a incidência do Direito Penal.
· Abstrato
· Fragmentariedade às avessas: sai do D. Penal para outro ramo (adultério permanece ilícito civil)
	1) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO PENAL MÍNIMA: d. penal deve criminalizar apenas condutas quando for efetivamente necessário à proteção do bem jurídico. Decorrências:
1.1) PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE: apenas algumas condutas serão objeto do d. penal
1.2) PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE: intervenção do d. penal deve apenas ocorrer quando o bem jurídico não puder ser eficazmente protegido por outros ramos do direito
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE (OFENSIVIDADE) (ALTERIDADE)
Criado por ROXIN, proíbe a incriminação de atitude meramente interna. Apenas condutas que afetem gravemente direitos de terceiros (intersubjetividade) merecem sofrer a incidência da Lei Penal. Os princípios vedam:
a) A incriminação de uma atitude interna (pensamentos e sentimentos)
b) A incriminação de conduta que não excede o âmbito do próprio autor (autolesão – tentativa de suicídio, atos preparatórios, crime impossível)
a. Atingem terceiros: tentativa de suicídio de grávida (crime de aborto); tentativa de suicídio combinado por duas pessoas (induzimento ao suicídio); autolesão para fraude contra seguradora
c) A incriminação de simples estados ou condições existenciais (punir o agente pelo o que ele é – direito penal do autor -, e não por aquilo que fez – direito penal do fato) MASSON diferencia da alteridade denominando Princípio da Exclusiva proteção do bem jurídico (aqui não há bem jurídico).
a. STF declarou inconstitucional a contravenção de trazer consigo instrumentos usualmente utilizados na prática de furtos quando já havia praticado crimes patrimoniais
b. MASSON – Princípio da responsabilidade pelo fato: não de admite um D. P. do autor/do inimigo (idealizado por JAKOBS), mas um D. P. do fato.
d) A incriminação de condutas desviadas que não afetem qualquer bem jurídico de terceiro (moralmente reprováveis, mas que não afetam terceiro; movimento de secularização fez a separação entre Direito e Moral)
a. Revogação do crime de adultério (2005)
b. Discussão da inconstitucionalidade do crime de usuário de drogas. Devia ser resolvida no âmbito da saúde.
	MASSON – Lesividade/Ofensividade: não há infração penal sem ao menos perigo de lesão ao bem jurídico.
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO
Deve haver um bem jurídico a ser protegido, não podendo o D. Penal se preocupar com intenções e pensamentos das pessoas, seu modo de viver ou pensar, ou suas condutas internas (não pode ser utilizado para resguardar questões de ordem moral, ética, ideológica, religiosa, política).
· Eleição de bens jurídicos: conforme a Constituição (Teoria Constitucional do D. Penal)
· Espiritualização (desmaterialização ou liquefação) de bens jurídicos do D. Penal: crescente incursão pela seara dos interesses metaindividuais e dos crimes de perigo, especialmente os abstratos (lei presume de forma absoluta a situação de risco ao bem). Proteger antes pode ser a melhor e mais eficaz alternativa de proteção de bens jurídico-penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como o meio ambiente, a saúde, etc.
PRINCÍPIO DA CONFIANÇA
D. P. Espanhol. Requisito de tipicidade: todos esperam comportamentos responsáveis de terceiros em consonância ao ordenamento jurídico, baseado em um juízo estatístico daquilo que normalmente acontece. Aquele que atende adequadamente ao cuidado objetivamente exigido pode confiar que os demais coparticipantes da mesma atividade também operem cuidadosamente. Primeiramente aplicado em crimes de trânsito. Hoje, em crimes de atuação conjunta de indivíduos (atividades comunitárias e divisão de trabalho).
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
Causa supralegal de exclusão da tipicidade. Destina-se precipuamente ao legislador, orientando-o na escolha de condutas a serem proibidas ou impostas, bem como na revogação de tipos penais (ex: adultério). É também princípio interpretativo da norma penal, de acordo com a ordem social historicamente condicionada (mudanças da sociedade/reprovação social). “Sentimento social de Justiça”.
· Pirataria (descaminho por camelô) é figura típica sim (adequação social não retira o prejuízo aos autores)
	Súmula 502 do STJ - PRESENTES A MATERIALIDADE E A AUTORIA, AFIGURA-SE
TÍPICA, EM RELAÇÃO AO CRIME PREVISTO NO ART. 184, § 2º, DO CP, A CONDUTA
DE EXPOR À VENDA CDS E DVDS PIRATAS.
	NÃO se confunde com a teoria social da conduta (Wessels)
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (BAGATELA)
Histórico: Direito Privado Romano (minimus non curat praetor). Incorporado ao D. Penal na década de 1970, por Claus Roxin (Política Criminal: aplicação do D. Penal em sintonia com os anseios da sociedade – descarcerização e descongestionamento da Justiça Penal). Analisado em conexão com a fragmentariedade e a intervenção mínima do Estado.
Natureza jurídica:causa de exclusão da tipicidade.
Há tipicidade material quando ocorre um critério material de seleção do bem jurídico a ser protegido, ou seja, quando a conduta é ofensiva a bens de relevo para o Direito Penal. Não se concebe a existência de uma conduta típica que não afete um bem jurídico, já que os tipos penais não passam de manifestações de tutela jurídica desses bens.
A afetação do bem jurídico pode se manifestar sob as formas de dano (ou lesão) e de perigo (ameaça de lesão). 
· O trânsito em julgado da condenação não impede seu reconhecimento.
É na tipicidade material que incide o princípio da insignificância
Tipicidade conglobante (Zaffaroni): não posso me contentar com a mera adequação típica formal (subsunção do fato à lei), (juiz, delegado) deve-se verificar se o fato atenta contra a norma, se é antinormativo, contrário ao ordenamento (no âmbito da tipicidade, sendo a ilicitude verificada depois). Por fim, também deve-se verificar a tipicidade material (relevância, desvalor da conduta e do resultado, lesão efetiva ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado). 
· Obs.: existem crimes de perigo abstrato (porte de arma) e de perigo concreto
· Lembrar da inafastabilidade da justiça: ameaça ou lesão ao direito. Se não há ameaça ou lesão ao direito, o juiz não terá nada a dizer (tipicidade material)
Requisitos objetivos: De acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o princípio da insignificância requer a presença de quatro requisitos objetivos (vetores) para ser considerado na tipificação penal:
2nd. A mínima ofensividade da conduta do agente
3rd. A inexistência de periculosidade social da ação
4th. O reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento
a. Desvalor da ação – STJ: Não se aplica a pai que induz filho a roubar cofrinho.
5th. A inexpressividade da lesão jurídica provocada
a. Desvalor do resultado
	Tipicidade material se divide em desvalor da ação e do resultado, portanto, quando não há esse desvalor, como no caso da insignificância, a conduta não é típica materialmente. Por isso o princípio da insignificância é causa supralegal de atipicidade.
Requisitos subjetivos: 
a) Condições pessoais do agente:
1. Reincidente: duas posições
a. Vedada insignificância. Política criminal não o alberga.
b. Admite-se. Excluída tipicidade, não há dosimetria (reincidência).
c. STF: já aceitou no reincidente genérico e excluiu na reincidência específica.
2. Criminoso habitual: faz do delito seu meio de vida. Vedada.
a. Exceção: furto famélico.
b. O MP pode fazer Acordo de Não Persecução Penal com o criminoso habitual insignificante (hipótese expressa no art. 28-A § 1º II do CPP – Atécnico, pois se há insignificância, haveria atipicidade)
3. Militares: vedado. Elevada reprovabilidade da conduta, da autoridade e hierarquia, desprestígio do Estado.
b) Condições da vítima:
1. Importância do objeto material do crime para a vítima (lesividade) para não haver sensação de impunidade. STJ: “Disco de Ouro” de músico. STJ: dano a telefone público (utilidade coletiva para os mais carentes).
Espécies: A infração bagatelar própria (já nasce sem relevância penal) está ligada ao desvalor do resultado e (ou) da conduta e é causa de exclusão da tipicidade material do fato; já a imprópria (DESNECESSIDADE DA PENA) exige o desvalor ínfimo da culpabilidade em concurso necessário com requisitos post factum que levam à desnecessidade da pena no caso concreto.
Autoridade policial pode aplicar o princípio da insignificância? STJ: NÃO (INFO 441/2010), só o Judiciário. MASSON discorda, pois é fato atípico.
Qual a diferença entre o princípio da insignificância (bagatela própria) da bagatela imprópria (irrelevância penal do fato): o primeiro afasta a tipicidade da conduta. O segundo é fato típico, ilícito e culpável, mas não há necessidade de aplicação da pena (causa supralegal de extinção da punibilidade). Só pode ser aplicada após o devido processo legal, em que o julgador avalia a desnecessidade da pena.
Aplicação do princípio da insignificância:
	Súmula 606 - Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei 9.472. 
Súmula 599 - Não se aplica o princípio da insignificância aos crimes contra a administração 
pública. 
· MAS incide sobre crimes tributários (20 mil), EXCETO contrabando 
Súmula 589 - Não se aplica o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 
	FURTO: Casuística
· Pequeno valor: furto privilegiado (Não confundir - art. 155 § 2º) até 1 SM ou olhar patrimônio da vítima
	§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
· Valor ínfimo: princípio da insignificância olhar o patrimônio da vítima [atipicidade]
· Furto qualificado (invade casa para roubar) não pode ter insignificância porque tem ofensividade e periculosidade
	IMPO – Crimes de Menor Potencial Ofensivo
São todas as contravenções penais e crimes com PPL em abstrato igual ou inferior a 2 anos.
Se assim dispôs o legislador, presume-se a existência de gravidade suficiente para justificar a intervenção estatal. Não se confunde com/não há automática aplicação princípio da insignificância.
	REINCIDÊNCIA GENÉRICA: pode aplicar (2014)
“A teoria da reiteração não cumulativa de condutas de gêneros distintos, a contumácia de infrações penais que não têm o patrimônio como bem jurídico tutelado não poderia ser valorada como fator impeditivo do princípio da insignificância, porque ausente séria lesão à propriedade alheia”
REINCIDÊNCIA ESPECÍFICA:
Divergência – STJ (turmas) e para o STF afastava a aplicação, mas:
· STF 2019: “ (1) Reincidência, por si só, não obsta aplicação do princípio; (2) na hipótese de o juiz considerar penal ou socialmente indesejável a aplicação da insignificância por furto, em situações que tal enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33 2º do CP; (2) não obstante a reincidência específica, o reduzido grau de reprovabilidade da conduta (furto de bike de 200 e restituída à vítima) justifica a aplicação do regime aberto.
HABITUALIDADE IMPEDE insignificância.
STJ (2019) Habitualidade delitiva pela recorrência do agente em delitos patrimoniais revela-se impossível a aplicação do princípio da bagatela, pois “a reiteração delitiva tem sido compreendida como obstáculo inicial à tese da insignificância” (...) valor que supera 10% do salário mínimo vigente”
STJ (2010) A existência de outras ações penais, inquéritos policiais em curso ou procedimentos administrativos fiscais, apesar de não configurar reincidência, é SUFICIENTE para caracterizar habitualidade delitiva e por consequência afastar insignificância.
STF (2018) A habitualidade delitiva constitui motivação idônea para afastar insignificância desde que sopesada com juízo conglobante à luz dos elementos do caso concreto resulte em maior reprovabilidade da conduta.
	PORTE E POSSE ILEGAL DE MUNIÇÃO.
É crime de perigo abstrato, mas STF e STJ têm relativizado (2019) e aplicado tanto ao porte como à posse pela ausência de lesividade, quando em pequena quantidade e desacompanhada de armamento apto ao disparo, que evidenciam a inexistência de riscos.
	INAPLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
1) Furto qualificado e crimes cometidos com violência/ameaça (roubo)
2) Lei de Drogas: são de perigo abstrato e tutelam a saúde pública; tráfico é crime hediondo. 
	E o porte (usuário) de pequenas quantidades?
· Vedado (STJ): o usuário alimenta o comércio.
· Há precedente admitindo no STF: abrange todos requisitos objetivos da insignificância. STF já admitiu insignificância até para tráfico (venda de 1 grama de maconha)
3) Estelionato: inaplicável.
4) Estelionato previdenciário,contra o FAT (estelionato majorado), contra o FGTS ou Bolsa família: inaplicável.
5) Habitualidade: STJ, STF e 2ª CCR
6) Crimes contra a fé pública: inaplicável para o crime de moeda falsa (CCR permite, se comprovado ausência de ciência da falsidade)
	Súmula 73 STJ – moeda falsa
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.
7) Crimes contra a administração pública: viola outros princípios
	Súmula 599 STJ 
O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública.
· STF e STJ já reconheceram: caso de servidor que pegou luminárias que iam ser jogadas fora e aplicou-se o princípio da insignificância; folhas em branco; clips (MASSON).
· Orientação nº 3 da CCR também reconhece aplicabilidade:
“O combate à corrupção privilegiará os casos em que o prejuízo ao erário ou o enriquecimento ilícito, atualizado monetariamente, seja superior a vinte mil reais, tendo em vista os princípios da proporcionalidade, da eficiência e da utilidade. Nos casos em que o prejuízo for inferior, é admissível a promoção de arquivamento sujeita à homologação da 5ª Câmara, ressalvadas também as situações em que, a despeito da baixa repercussão patrimonial, verifique-se a ofensa significativa a princípios ou a bens de natureza imaterial merecedores de providências sancionatórias, no campo penal e/ou da improbidade administrativa”.
	Crimes contra a ordem tributária
DESCAMINHO CABE (Insignificância incide nos crimes federais de natureza tributária)! Salvo reiteração do descaminho. Limites: 20 mil (STF/2019 e STJ e Enunciado 49 da 2ª CCR) (Portaria da PGFN que dispõe sobre o arquivamento das execuções fiscais abaixo deste valor – irrelevância fiscal)
· Em 2018, houve divergência na 1ª Turma (897)
· Esse limite alcança somente tributos federais, para os outros deve haver limite específico (requisito subjetivo da insignificância)
CONTRABANDO: NÃO CABE (Não tem natureza tributária. Outros bens jurídicos envolvidos no bem de entrada proibida).
· STJ/2019: “a importação não autorizada de cigarros, por constituir crime de contrabando, é insuscetível de aplicação do princípio da insignificância, pois implica não apenas lesão ao erário e à atividade arrecadatória do Estado, mas a outros bens jurídicos, como a saúde pública”
· STJ: já admitiu para pequena quantidade de medicamento para uso próprio
· MPF: Diferente do STJ aplica pra cigarro até 1000.
1) importação irregular de combustível, mercadoria proibida que atrai a incidência do crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a pequena quantidade, assim considerada até o limite de 250 litros
2) importação de sementes de maconha, mercadoria proibida que atrai a incidência do crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a pequena quantidade, assim considerada até o limite de 25 unidades, para o plantio destinado ao consumo próprio
3) contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não superar 1.000 (mil) maços (2020)
4) importação de mercadorias permitidas dentro dos limites das cotas de isenção fixadas pela Receita Federal, mas, em desacordo com os critérios quantitativos e temporais preestabelecidos, consiste em infração administrativa, atípica na esfera criminal, sendo irrelevante a existência de reiterações no crime de descaminho
5) Aplica-se o princípio da insignificância penal ao descaminho e aos crimes tributários federais, quando o valor do débito devido à Fazenda Pública decorrente da conduta formalmente típica não seja superior a R$ 20.000,00, ressalvada a reiteração na mesma modalidade criminosa, ocorrida em períodos de até 5 (cinco) anos
	Apropriação indébita previdenciária (CP, 168-A): VEDADA insignificância.
8) Crimes ambientais: natureza difusa e intergeracional. CADA VEZ MAIS EXCEPCIONADO:
	STJ (2019) Entendimento pacificado no sentido de que é possível aplicação do denominado princípio da insignificância aos delitos ambientais, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental tutelado.
	STF: “Deputado Federal pode pescar em UC”
9) Crimes Militares (desprestígio do Estado e ofensa à autoridade e hierarquia).
10) Tráfico Internacional de Arma de Fogo: perigo abstrato e atentatório à segurança pública.
11) Rádio Pirata: inaplicabilidade, ainda que de baixa frequência, por se tratar de delito formal e de perigo abstrato. (CCR admite arquivamento)
	ENUNCIADO 2ª CCR: Serviço de Radiodifusão Comunitária operado em baixa potência e cobertura restrita, ou seja, com potência limitada a um máximo de 25 watts ERP e altura do sistema irradiante não superior a trinta metros, destinado ao atendimento de determinada comunidade de um bairro e/ou vila, sem a efetiva demonstração de prejuízo aos meios de telecomunicações regulares
12) Transmissão clandestina de internet (STF e STJ): Inaplicável. Crime do art. 183 da Lei de Telecomunicações.
	Súmula 606 STJ
Não se aplica o princípio da insignificância a casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência, que caracteriza o fato típico previsto no art. 183 da Lei 9472/97.
13) Evasão de divisas: modalidade dólar-cabo, que deve ser processada exclusivamente por transferência bancária – seria “fechar a janela, mas abrir a porta” (não se aplica possibilidade de porte de até 10 mil, que vale apenas para saída física)
14) Violência doméstica ou familiar contra a mulher
	Súmula 589 STJ
É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes e contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
	ENUNCIADOS DA 2ª CCR
 Comportam a APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA; ou SÃO CONSIDERADAS ATÍPICAS de outra forma ou tornam CABÍVEL O ARQUIVAMENTO de investigações criminais as seguintes hipóteses:
1) importação irregular de combustível, mercadoria proibida que atrai a incidência do crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a pequena quantidade, assim considerada até o limite de 250 litros
2) importação de sementes de maconha, mercadoria proibida que atrai a incidência do crime de contrabando, previsto no art. 334-A do Código Penal, a pequena quantidade, assim considerada até o limite de 25 unidades, para o plantio destinado ao consumo próprio
3) contrabando de cigarros quando a quantidade apreendida não superar 1.000 (mil) maços
4) importação de mercadorias permitidas dentro dos limites das cotas de isenção fixadas pela Receita Federal, mas, em desacordo com os critérios quantitativos e temporais preestabelecidos, consiste em infração administrativa, atípica na esfera criminal, sendo irrelevante a existência de reiterações no crime de descaminho
5) Aplica-se o princípio da insignificância penal ao descaminho e aos crimes tributários federais, quando o valor do débito devido à Fazenda Pública decorrente da conduta formalmente típica não seja superior a R$ 20.000,00, ressalvada a reiteração na mesma modalidade criminosa, ocorrida em períodos de até 5 (cinco) anos
1) simples constatação de que o investigado realizou doação a campanha eleitoral quando estava desempregado ou era beneficiário de programa social não demonstra materialidade suficiente da prática de conduta criminosa, sobretudo se o valor doado estiver abaixo de 10% (dez por cento) do limite de isenção do imposto de renda daquele ano ou se for doação estimável em dinheiro (cessão de bem ou serviço prestado)
1) falsa declaração de endereço residencial em processo judicial ou de hipossuficiência econômica para fins de gratuidade de justiça, embora seja eticamente inapropriada e justifique a condenação por litigância de má-fé (sanção prevista no art. 81 do CPC), não configura ilícito penal, sendo, portanto, atípica, porque goza de presunção juris tantum, sujeita à comprovação posterior, realizada de ofício pelo magistrado ou mediante impugnação
2) crime de falso testemunho (CP, art. 342) o depoimento contrário às demais provas constantes no processo quando não for verificada a potencialidade lesiva nas declarações prestadas pelatestemunha, em razão (a) da evidente ausência de dolo do investigado, (b) da desconsideração do depoimento pelo Juízo, (c) da sentença ter como fundamentos outros elementos de prova existentes nos autos ou (d) da aplicação de multa pelo Juízo à testemunha, sendo nessa última hipótese, medida suficiente à retribuição e à prevenção da conduta praticada
1) crime de estelionato em detrimento da União, cometido mediante o recebimento indevido de benefício assistencial, quando (a) não haja elementos que possam afastar a presunção de miserabilidade, ainda que a renda familiar per capita supere o limite legal ou (b) não houver comprovação de prestação de informações falsas no momento do requerimento do benefício
2) exercício de atividade remunerada por beneficiário de aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença, não configura, por si só, a prática do crime de estelionato previdenciário (art. 171, §3ª, CP), sendo necessário para tanto a demonstração de fraude na concessão do benefício
3) crime de estelionato em detrimento do INSS cometido mediante saques indevidos de benefícios previdenciários após o óbito do segurado quando constatadas(a) a realização de saques por meio de cartão magnético, (b) a inexistência de renovação da senha, (c) a inexistência de procurador ou representante legal cadastrado na data do óbito e (d) a falta de registro visual, cumulativamente, a demonstrar o esgotamento das diligências investigatórias razoavelmente exigíveis ou a inexistência de linha investigatória potencialmente idônea
4) O simples ato, por si só, de não depositar os valores referentes ao FGTS na conta vinculada do empregado é conduta atípica na esfera penal
5) omissão de anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) não configura, por si só, o crime de falsificação de documento público (art. 297, § 4º, do CP).
1) não configura crime de desobediência (CP, art. 330) o descumprimento de ordem judicial de penhora de parte do faturamento de sociedade empresária executada. A conduta constitui ato atentatório à dignidade da Justiça, ao qual é cominada multa de até 20% do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material (CPC, art. 774)
2) Para a configuração do crime de desobediência, além do descumprimento de ordem legal de funcionário público, é necessário que não haja previsão de sanção de natureza civil, processual civil e administrativa, e que o destinatário da ordem seja advertido de que o seu não cumprimento caracteriza crime. O cumprimento da ordem, ainda que tardio, também afasta a tipificação e a inexistência de prova quanto à ciência pessoal e inequívoca por quem tinha o dever de atendê-la caracteriza falta de justa causa
2) crimes de propaganda, fabricação ou comercialização de produto sem registro, com fórmula em desacordo à constante do registro ou sem as características de identidade, qualidade e segurança estabelecidos pela ANVISA
3) após a colheita de provas, não restarem evidenciados elementos suficientes da autoria delitiva, situação demonstrada com a reunião das seguintes condições: inexistência de suspeitos, de testemunha, de elementos técnicos formadores de convicção (fragmentos papiloscópicos, imagens, vestígios biológicos, etc) e de outras diligências capazes de modificar o panorama probatório atual
4) crime de moeda falsa quando a quantidade e o valor das cédulas, o modo que estavam guardadas pelo agente, o modo de introdução ou a tentativa de introdução em circulação, o comportamento do agente ou as demais circunstâncias indicarem ausência de conhecimento da falsidade ou de dolo do agente e sendo inviável ou improvável a produção de prova em sentido contrário, inclusive pelo decurso do tempo
	PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA IMPRÓPRIA
Existe fato típico, ilícito, agente culpável e punibilidade. Mas a aplicação da pena é desnecessária e inoportuna, como o sujeito ajustado ao convício social (primário, sem antecedentes) que colabora com a Justiça, repara o dano, reduzida reprovabilidade da conduta etc.
Isso porque a pena deve ser aplicada conforme seja necessário e suficiente para reprodução e prevenção do crime (art. 59, CP).
Trata-se de causa supralegal de extinção da punibilidade, em que o Judiciário recomenda a exclusão da pena.
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA
	XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
A individualização é feita em três fases:
a) Legislativa: punições proporcionais
b) Judicial: juiz analisa no plano concreto do réu
c) Administrativa: execução da pena – progressão, saídas
Por isso, o STF previu inconstitucional a impossibilidade de progressão de regime nos crimes hediondos, por violação do princípio da individualização da pena na fase administrativa
Art. 5º, XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado
	Súmula 492 do STJ - O ATO INFRACIONAL ANÁLOGO AO TRÁFICO DE DROGAS, POR SI SÓ, NÃO CONDUZ OBRIGATORIAMENTE À IMPOSIÇÃO DE MEDIDA
SOCIOEDUCATIVA DE INTERNAÇÃO DO ADOLESCENTE.
PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA DA PENA
	XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido
Obs.: multa não é obrigação de reparar o dano, pois não se destina à vítima. Multa é PENA.
PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DAS PENAS OU DA HUMANIDADE
	XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX destinada a crimes militares
b) de caráter perpétuo
c) de trabalhos forçados garante remuneração
d) de banimento
e) cruéis
· Fundamento para progressão em crimes hediondos
PRINCÍPIO DA IMPUTAÇÃO PESSOAL
Culpabilidade (nulla poena sine culpa). Não se pune o inimputável, sem potencial consciência da ilicitude ou de quem não se possa exigir conduta diversa.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL SUBJETIVA
Não há crime sem dolo ou culpa. Corolário do Princípio do Direito Penal do Fato, impondo ao órgão acusatório o ônus da prova acerca dos elementos constitutivos do tipo penal.
Resquícios da responsabilidade objetiva:
a) Rixa qualificada
b) Punição das infrações penais praticadas em estado de embriaguez voluntária ou culposa, decorrente da ação da teoria da actio liebra in causa (art. 28, II, CP)
PRINCÍPIO DO NE BIS IN IDEM
	Súmula 241 STJ
A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial.
	Súmula 90/STJ (não é o caso de bis in idem:)
Compete à Justiça Estadual Militar processar e julgar o policial militar pela prática do crime militar, e à Comum pela prática do crime comum simultâneo àquele.
· STJ: Não pode ser julgado duas vezes pelo mesmo contexto fático, independentemente de haver outra ação-crime ignorada no primeiro processo, porque viola a consunção, unidade e indivisibilidade, devendo o caso penal ser conhecido e julgado na sua totalidade (sujeito foi condenado por roubo à banco, veio nova ação por roubo ao gerente do banco, STJ considerou bis in idem – INFO 569).
· STF: Agravante da reincidência NÃO viola o ne bis in idem.
· STJ: Duas sentenças sobre o mesmo fato? Prevalece a PRIMEIRA sentença.
· Se houver dois trânsitos em julgado: A condenação por juízo incompetente é anulada por condenação pelo juízo competente (INFO 562). O que não pode é anular para dar início a outro processo no competente (RHC 29775-PI, 2013).
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA ou PRESUNÇÃO DE NÃO CULPABILIDADE
	LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória
Decorrências:
· Ônus da prova cabe ao acusador (MP ou ofendido)
· Princípio do in dubio pro reo ou favor rei
· Exceções – in dubio pro societate (nessas decisões não há consequências ao réu):
· Decisões de recebimento de denúncia ou queixa
· Decisão de pronúncia, no Júri
· Viola a CF exclusão de candidatode concurso em razão de inquérito/em curso
Prisões provisórias: não ofende, pois é prisão cautelar (para garantir efetividade ao processo)
	Jurisprudência:
Processos criminais em curso e inquéritos policiais são maus antecedentes? STF/STJ: NÃO.
	Súmula 444 do STJ- É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.
Regressão de regime de cumprimento de pena? STF/STJ: não há necessidade de condenação penal ou administrativa transitada em julgado, basta que o preso tenha cometido novo crime doloso ou falta grave (art. 118, I, LEP)
Revogação do benefício da suspensão condicional do processo (JECRIM) em razão de cometimento de crime? STF/STJ: não há necessidade de condenação penal transitada em julgado do crime novo.
HC 126.292 (17.2.2016): cumprimento da pena pode se iniciar com a mera condenação em segunda instância por um órgão colegiado – relativização do princípio da presunção de inocência, admitindo que a “culpa” já estaria formada nesse momento (Pode gerar alteração no entendimento do STF para considerar que ações penais em curso valham como maus antecedentes)
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Razoabilidade/Convivência das liberdades públicas. Penalização deve ser meio vantajoso para a sociedade, pois impõe ônus de ameaça punição a todos. Desenvolvido na Alemanha, com base na ideia de que a limitação da liberdade individual só se justifica para a concretização de interesses coletivos superiores. Três destinatários:
a) Legislador: proporcionalidade abstrata
b) Juiz da ação penal: proporcionalidade concreta
c) Órgãos da execução penal: proporcionalidade executória
Dupla face: 
a) proibição do excesso: STJ – Excesso na pena de falsificação de medicamentos, devendo ser aplicada a do tráfico de drogas
b) PROIBIÇÃO DA PROTEÇÃO INSUFICIENTE DE BENS JURÍDICOS: Crítica ao Garantismo Penal Integral indiscriminado.
	Garantismo Hiperbólico Monocular – Douglas Fischer
Crítica a interpretação do direito penal e processual penal sob a prevalência indiscriminada da proteção dos direitos individuais, descuidando-se da também necessária proteção dos direitos coletivos.
LEI PENAL
Fonte formal imediata. Sua estrutura apresenta dois preceitos, um primário (conduta) e outro secundário (pena). É descritiva (proibição indireta, pela pena), e não proibitiva (não roubar), técnica desenvolvida por Karl Binding (Teoria das Normas: é necessária a distinção entre norma e lei penal, a norma cria o ilícito, a lei penal cria o delito – assim, a conduta criminosa viola a norma, mas não a lei, pois o agente realiza exatamente a ação que esta descreve).
CLASSIFICAÇÃO: 
a) Incriminadoras
b) Não incriminadoras:
a. Permissivas (causas de exclusão da ilicitude)
b. Exculpantes (culpabilidade e imputabilidade)
c. Interpretativas (art. 150 § 4º, conceito de domicílio; 327 de funcionário público)
d. De aplicação (validade)
e. Diretivas: princípios
f. Integrativas ou de extensão: complementam a tipicidade no tocante ao nexo causal nos crimes omissivos impróprios, tentativa e participação
a) Completas ou perfeitas: todos os elementos
b) Incompletas ou imperfeitas: reservam a complementação a outra lei, ato ou julgador.
NORMAS PENAIS EM BRANCO: 
a) Homogênea: preceito primário complementado por outra de igual hierarquia
a. Homovitelina: no mesmo texto
b. Heterovitelina: outro texto
b) Heterogênea: diferente hierarquia
c) Às avessas: quem precisa de complementação é o preceito secundário (pena) como nos crimes de genocídio (sempre homovitelinas)
d) Ao quadrado: norma complementadora precisa de complementação
CARACTERÍSTICAS:
a) Exclusividade (reserva legal)
b) Imperatividade
c) Generalidade
d) Impessoalidade
e) Anterioridade
INTERPRETAÇÃO:
a) Quanto ao sujeito:
a. Autêntica (legislativa) lei interpretativa tem eficácia retroativa, ainda que seja gravosa para o réu.
b. Judicial 
c. Doutrinária (Exposição de Motivos: não faz parte a estrutura da lei)
b) Quanto aos meios ou métodos:
a. Gramatical
b. Lógica/teleológica
c) Quanto ao resultado:
a. Declaratória
b. Extensiva: interpretação que corrige fórmula legal excessivamente estreita, quando a lei disse menos do que desejava (extorsão mediante sequestro abrange extorsão mediante cárcere privado)
c. Restritiva: lei disse mais do que desejava.
d) Interpretação progressiva/adaptativa/evolutiva: busca adaptar a lei à realidade atual. Ex.: ato obsceno.
e) Interpretação analógica ou “intra legem”: a lei contém em seu bojo uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica (criminalizando outras situações idênticas), sendo necessária a interpretação analógica para possibilitar a aplicação da lei aos inúmeros casos práticos. Ex.: motivo torpe.
	A "interpretação analógica" pode ser subdividida em três categorias:
. "alternância expressa" - indica a indispensabilidade da interpretação analógica.
Ex.: “ou substância de efeitos análogos" (art. 28 do CP)
. "alternância implícita" - a palavra “ou” está procedida de uma cláusula aberta e fica ao intérprete a missão de deduzir a necessidade de uso da extração do conteúdo da norma.
Ex.: “ou por outro motivo torpe” (art. 121, §2, do CP).
. "autonomia correlata" - insere a interpretação analógica em destaque como se fosse uma norma autônoma, desvinculada da alternância e/ou sequencial. Note-se que não temos a palavra “ou”, mas existe uma cláusula aberta.
Ex.: “Praticando outro ato de que possa resultar desastre” (art. 260, IV, do CP).
f) Interpretação exofórica: para descobrir o alcance e significado da norma penal, o intérprete se socorre a termos que não estão no ordenamento jurídico (conceito de veneno é da Química)
g) Interpretação endofórica: utiliza conceitos de outras normas jurídicas (comum em normas penais em branco)
a. Endofórica anafórica: já utilizado no diploma normativo (antes)
b. Endofórica catafórica: vai ser utilizada no diploma normativo (depois)
ANALOGIA: não é interpretação, mas sim INTEGRAÇÃO para suprir a falta de uma lei. (diferente de interpretação analógica). O aplicador do direito se vale de outra norma, parecida, de forma a aplicá-la ao caso concreto.
· Nunca poderá ser usada para prejudicar o réu (in malam partem)
· É possível em favor do réu (in bonam partem)
Duas modalidades:
· Analogia legal (legis): aplicador utiliza outra norma legal para suprir lacuna
· Analogia jurídica (juris): operar utiliza princípio geral do Direito para suprir lacuna
	CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS
Pressupõe: (a) unidade de fato (se houver mais fatos, é concurso de crimes); (b) pluralidade de leis aparentemente aplicáveis ao fato; (c) vigência simultânea de leis (se uma não estiver, é conflito de lei no tempo).
Soluciona-se por três princípios: (1) especialidade; (2) subsidiariedade; (3) consunção.
1) ESPECIALIDADE: comparação abstrata.
2) SUBSIDIARIEDADE: graus diversos de ofensa a um mesmo bem jurídico, prevalecendo a lei primária (mais grave) sobre a lei secundária (menos grave), pois esta prevê fato criminoso autônomo que naquela é elementar, qualificadora, causa de aumento ou agravante do crime mais grave. Não existem elementos especializantes, mas descrição típica de fato mais abrangente e mais grave. Subsidiariedade expressa: “se o fato não constitui crime mais grave” ou tácita (constrangimento ilegal é subsidiário diante do estupro). Com base no único fato concreto, avaliando qual a gravidade da violação ao bem jurídico, para definir se configurou a lei primária (grave) ou secundária (leve).
3) CONSUNÇÃO: fato mais amplo e grave consome, absorve os demais fatos menos amplos e graves, que atuam como meio normal de preparação ou execução ou mero exaurimento daquele. Lei consuntiva prefere a lei consumida, sob pena de bis in idem. Pode ser expressa ou tácita.
	POSSE “HÁ TEMPOS” E DISPARO – NÃO HÁ CONSUNÇÃO - AUTÔNOMOS
· Comparação concreta, não é abstrata como na especialidade
· Há uma sucessão de fatos, não um como na subsidiariedade
· Quatro cenários: 
(1) Crime complexo
	CUIDADO! Algumas bancas dizer ser subsidiariedade tácita casos muito parecidos, como o casode não ser punido por dano mas por furto qualificado pelo rompimento de obstáculo.
(2) Crime progressivo
(3) Progressão Criminosa
(4) Atos impuníveis
4) ALTERNATIVIDADE: praticar os verbos - é um ou é outro (ou é estupro mediante fraude ou é estupro // tipos mistos alternativos – portar, vender, armazenar...). Para doutrina majoritária, resolve-se com consunção (alternatividade é a CONSUNÇÃO que resolve o conflito entre duas condutas previstas na mesma lei penal).
	APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO
1) CRIME COMPLEXO/COMPOSTO: Fusão de dois ou mais crimes autônomos que passam a desempenhar a função de elementares ou circunstâncias daquele (roubo = furto + ameaça/lesão). 
2) CRIME PROGRESSIVO: Almejando alcançar o resultado mais grave, o agente pratica, mediante reiteração de atos, crescentes violações ao bem jurídico (pressupõe um crime plussubisistente: uma única conduta, voltada a um propósito, fracionável em diversos atos). Ex.: Lesões corporais até homicídio.
3) PROGRESSÃO CRIMINOSA: Agente pretende inicialmente produzir um resultado e, depois de alcançá-lo, opta por prosseguir na prática ilícita e reinicia a conduta, produzindo um evento mais grave (Após vias de fato, opta por lesões corporais e, não satisfeito, acaba por matá-la) (ROUBO IMPRÓPRIO). Pluralidade de desígnios, havendo alteração no dolo.
4) FATOS IMPUNÍVEIS:
a) ANTERIORES: Meios de execução do tipo principal (quebrar vidro de carro para roubar; porte de arma de foto para homicídio). 
	PARA O STJ, BASTA A RELAÇÃO DE MEIO E FIM
Súmula 17 STJ (Exceção em que o crime menos grave absorve o mais grave & Exceção em que há ofensa a bens jurídicos diferentes!!)
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
	STJ 2018 – “É possível que um crime de maior gravidade assim considerado pela pena abstratamente cominada, seja absorvido, por força do princípio da consunção, por crime menos grave, quando utilizado, como mero instrumento para consecução deste último, sem mais potencialidade lesiva”.
MASSON critica a Súmula. Ela se volta à falsificação de cheque. Mas, apenas será absorvido quando apresentar menor ou igual gravidade ao principal: pena de falsificação de cheque (equiparado a documento público) é maior que de estelionato, não havendo consunção. Ademais, atingem bens jurídicos diversos, havendo concurso material de delitos, e não conflito aparente de leis. Para ele, a Súmula existe por motivos de política criminal.
Não se confunde com “crime progressivo”: no crime progressivo, o fato anterior é necessário (ferir para matar); o fato anterior impunível é desnecessário (é uma escolha).
b) SIMULTÂNEOS: lesões corporais leves durante o estupro.
c) POSTERIORES: venda do bem furtado (o furto foi pra isso mero exaurimento)
FATOS ANTERIORES E POSTERIORES IMPUNÍVEIS E CRIME CONEXO
A conexão pode ser teleológica (assegurar execução de outro) ou consequencial (garantir ocultação, impunidade ou vantagem de outro). Para ser impunível deve ser uma causa/consequência normal da prática do crime.
· Concurso material de crimes conexos: mato + destruo cadáver
· Fato impunível: falsifico documento público + uso somente para crime de falso material
LEI PENAL NO TEMPO - TEMPO DO CRIME
Princípio da continuidade das leis: lei vigora até ser revogada por outra lei (salvo leis temporárias e excepcionais, que são autorrevogáveis). Decisão judicial não revoga, mas tira eficácia. Revogação pode ser absoluta ou total (ab-rogação) ou parcial (derrogação); pode ser expressa, tácita ou global (lei geral não revoga especial; lei especial não revoga geral).
TEORIA DA ATIVIDADE: considera-se cometido o crime no momento da ação ou omissão, aplicando-se ao fato a lei vigorante nesse tempo – tempus regit actum
	Art. 4º, CP. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
· Imputabilidade é apurada ao tempo da conduta
	Em matéria de PRESCRIÇÃO, o CP preferiu a TEORIA DO RESULTADO uma vez que a prescrição tem por termo inicial a consumação da infração penal.
	
Regras do Direito Penal no conflito de leis no tempo:
Art. 5º, XL, CR: IRRETROATIVIDADE da lei maléfica - A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu – RETROATIVIDADE e ULTRATIVIDADE da Lei benéfica. Ou seja, haverá extra-atividade da lei penal nos casos de retro ou ultratividade.
	Novatio legis incriminadora/ neocriminalização
	Lei tipifica comportamentos até então irrelevantes.
	Lex Gravior
	A lei mais grave para o réu produzirá efeitos somente a partir de sua vigência
	Abolitio Criminis
	Deve haver revogação formal e material (sem continuidade). A lei posterior que deixa de considerar o fato crime produzirá efeitos retroativos, alcançando os fatos praticados mesmo antes de sua vigência. Alcança todos os efeitos PENAIS, inclusive os secundários, como a reincidência/maus antecedentes.
a. Se a abolicio criminis ocorre antes do trânsito em julgado, a sentença não produz qualquer efeito penal ou extrapenal – a sentença não formará título executivo judicial
b. Se a abolicio criminis ocorre após o trânsito em julgado, cessa a pretensão executória e os efeitos penais (efeitos extrapenais são mantidos, como perda do cargo ou indenização) – a sentença ainda é um título executivo judicial
Abolicio criminis é diferente de anistia, este é um esquecimento jurídico do fato, enquanto aquele é uma descriminalização
	Continuidade típico-normativa
	Embora lei nova revogue determinado artigo, o tipo penal foi inserido simultaneamente em outro tipo penal.
Ex.: Atentado violento ao pudor Estupro.
Ex.: Crime de Corrupção de Menores (Lei 2252) ECA (244-B)
Ex.: “Fazer Declaração Falsa em processo de transformação de visto, de registro, de alteração de assentamentos, de naturalização, ou para obtenção de passaporte estrangeiro, laissez-passer ou, quando exigido, visto de saída” (Lei 6815/80) art. 299 CP (Falsidade ideológica)
	Abolitio Criminis Temporária
	Lei prevê descriminalização temporária, como o fez o Estatuto do Desarmamento, ao autorizar extinção da punibilidade da posse e porte aos que efetuaram voluntariamente a entrega nos prazos estabelecidos.
	Lei Penal Benéfica
Lex Mitior ou Novatio legis in mellius
	Lei posterior que revoga a anterior trazendo uma situação mais benéfica ao réu retroage para alcançar fatos anteriores a sua vigência, ainda que haja condenação com trânsito em julgado.
Vale a teoria da ponderação concreta, verificando no caso concreto a melhor aplicação ao autor.
Retroatividade benéfica é automática.
	COMBINAÇÃO?
Lei posterior que traz benefícios e prejuízos ao réu
	Teoria da Ponderação Unitária Global (STF/STJ): não pode combinar, pois estaria criando terceira lei/lex tertia/lei híbrida 
↓
No entanto, o STF começou a combinar na Lei de Drogas (tráfico privilegiado)
↓
Teoria da Ponderação Diferenciada (STF): é possível a combinação pois o juiz estaria agindo nos limites estabelecidos pelo legislador
↓
Mas a inovação não foi unânime, retornando o STF à posição tradicional, na teoria da ponderação unitária ou global.
SÚMULA 501 STJ
É cabível a aplicação retroativa da Lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da Lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis.
Código Penal Militar proíbe expressamente combinação de leis penais.
	COMPETÊNCIA
Quem deve aplicar a lei nova?
	ONDE A AÇÃO ESTÁ EM TRÂMITE.
· Inquérito: juiz natural
· Processo ainda em curso: juízo que está conduzindo
· Processo já transitado em julgado: juízo da execução penal (Súmula 611 STJ)
	Lei mais grave posterior a lei nova benéfica
	Há ultratividade da lei nova benéfica mesmo após sua revogação pela lei mais nova gravosa em relação aos fatos práticos durante e antes de sua vigência
	Leis intermitentes
	Leis excepcionais: determinada situação
	Ultratividade após sua revogação “natural” (são autorrevogáveis). 
Se houver superveniência de lei abolitiva revogando expressamente a criminalizaçãoda lei temporária, ela não produzirá mais efeitos.
	
	Leis temporárias: determinado período
	
	Crimes permanentes e continuados
	Súmula 711
A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência
	Lei Intermediária
	Ao tempo da conduta estava em vigor lei “A”; durante o processo sobreveio Lei “B” (mais benéfica) e na sentença Lei “C” (menos benéfica). Prevalece a retroatividade (lei A) e ultratividade (lei B) da Lei Intermediária Benéfica.
	VACATIO
	Não prejudica nem beneficia (CP 69 nunca entrou em vigor, logo nunca foi aplicado no lugar do CP 40)
	IRRETROATIVIDADE DO PRECEDENTE BENÉFICO
	“A” foi condenado por X. Depois, “B” é absolvido mesmo tendo feito X. Não se pode criar hipótese de retroatividade não prevista na CF (só para lei) e a coisa julgada tem assento constitucional.
INFO 938/2019 – Na reclamação fundada no descumprimento de decisão emanada pelo STF, o ato alvo de controle deve ser posterior ao paradigma.
“A” fez acordo de colaboração premiada com Delegado. Acordo não foi aceito. Fez novo acordo, só que menos benéfico, com o MP. Com a ADI 5508/2018 foi admitido acordo com Delegado. “A” requereu efeitos mais benéficos do primeiro acordo com delegado, agora permitido. STF: NÃO.
	LEIS PENAIS EM BRANCO
	Masson resolve com normalidade x anormalidade.
Normalidade: complemento retira determinada droga da lista das ilícitas retroatividade da lei benéfica.
Anormalidade/excepcionalidade: crime contra economia popular o desrespeito ao tabelamento de preços de produtos e mercadorias gerais. Em uma situação de estiagem, visando conter inflação pelo “trigo”, tabela-se o trigo. Passando o problema, retira-se da tabela. A excepcionalidade garante a ultratividade, pois o intuito da norma foi ser temporária.
CERTA: “A revogação do complemento da lei penal em branco, quando essa for a parte essencial da norma, gera abolitio criminis.” 
	Progressão de regime em crimes hediondos
Súmula 471 STJ
OS CONDENADOS POR CRIMES HEDIONDOS OU ASSEMELHADOS COMETIDOS ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI 11.464/07 SUJEITAM-SE AO DISPOSTO NO ART. 112 DA LEI 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) PARA A PROGRESSÃO DE REGIME PRISIONAL
Súmula Vinculante 26
Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico.
Súmula 439 STJ
Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. 
· 1º A lei de crimes hediondos previa o regime integral fechado (8072/1990)
· 2º O STF no HC 82959/2006 declarou a inconstitucionalidade do regime integral fechado, aplicando-se a LEP (1/6 da pena cumprida)
· 3º A lei 11.464/2007 previu o regime inicial fechado com a progressão em períodos diferenciados (2/5, para primários e 3/5, para reincidentes) 
 
	Abolicio criminis temporária na lei de armas
Súmula 513 STJ
A ABOLICIO CRIMINIS TEMPORÁRIA (vacacio legis indireta) PREVISTA NA LEI º 10.826/2003 APLICA-SE AO CRIME DE POSSE DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO COM NUMERAÇÃO, MARCA OU QUALQUER OUTRO SINAL DE IDENTIFICAÇÃO RASPADO, SUPRIMIDO OU ADULTERADO, PRATICADO SOMENTE ATÉ 23/10/15.
· De dez/03 a 23/out/2015: qualquer arma de fogo (permitida, restrita ou raspada) poderia entregar ou regularizar a arma
· Fev/08 a 31/dez/2009: só os crimes de posse de arma de fogo de uso permitido
ABOLICIO CRIMINIS TEMPORÁRIA RETROAGE PARA BENEFICIAR OS AGENTES?
· STJ: SIM, porque não há ressalva no art. 5º da CF ou art. 2º do CP professor defende, pois ninguém pode ser punido por algo que lei posterior considera atípico. É uma questão de isonomia. Se não há interesse de punir hoje não há interesse de punir quem fez antes.
· STF: NÃO! A lei sobre prazo para registro de armas é inaplicável a fatos fora de sua vigente. “A lei excepcional temporária não tem retroatividade. Tem ultra-atividade em face da regra do artigo 3º do CP” por isso o supremo chama de vacacio legis indireta
LEI PENAL NO ESPAÇO - LUGAR DO CRIME
Teoria pura da ubiquidade (mista/unitária)
	 Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.
· Evita-se o inconveniente do conflito negativo de jurisdição
· SÓ É RELEVANTE nos crimes a distância/crimes de espaço máximo: aqueles em que a conduta é praticada em um país e o resultado produzido em outro (pluralidade de países). A adoção da ubiquidade respeita a soberania de ambos os países.
· Inconveniente do bis in idem: mitigado pela regra do artigo 8º - detração internacional
	 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
· Teoria da ubiquidade não considera atos preparatórios/após a consumação.
· Em relação à tentativa, abrange o lugar em que se desenvolveram os atos executórios bem como aquele em que deveria produzir-se o resultado.
	INAPLICABILIDADE DA UBIQUIDADE
(1) CRIMES CONEXOS: Não há unidade. Cada um processa-se em seu país.
(2) CRIMES PLURILOCAIS: Conduta e resultado ocorrem em comarcas diversas, mas no mesmo país. Aplica-se o art. 70 (lugar em que se consumar a infração ou, no caso de tentativa, local em que praticado o último ato de execução).
(3) CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA: ATIVIDADE, pela conveniência à instrução e permitir a pacificação da sociedade perturbada pelo julgamento pelos seus próprios membros.
(4) IMPO: ATIVIDADE (art. 63 da Lei 9099/95 “A competência do Juizado será determinada pelo lugar em que foi praticada a infração penal”)
(5) CRIMES FALIMENTARES: FORO DO LOCAL EM QUE DECRETADA A FALÊNCIA, CONCEDIDA A RECUPERAÇÃO JUDICIAL ou HOMOLOGADO O PLANO DE RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL (art. 183 da Lei 11.101/95)
(6) ATOS INFRACIONAIS: ATIVIDADE (art. 147, § 1º ECA)
REGRA DA TERRITORIALIDADE TEMPERADA, COM EXCEÇÕES DE EXTRATERRITORIALIDADE
Regra: 		PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE temperada
	Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Fundamento: soberania do Estado (totalidade de competências sobre questões da vida social; autonomia (rejeição de influências externas); e exclusividade (monopólio do poder nos limites do território)
Território nacional: no sentido jurídico, o território é o âmbito espacial sujeito ao poder soberano do Estado.
· Efetivo ou real: superfície terrestre (solo e subsolo), águas territoriais (fluviais, lacustres e marítimas) e o espaço aéreo correspondente (o Brasil adota a teoria da soberania sobre a Coluna atmosférica)
· Mar territorial: 12 milhas (leito e subsolo) – Não obsta o direito de passagem inocente.
· Rios e lagos internacionais: se sucessivo parte no Brasil; se simultâneo tratado.
· Plataforma Continental (200 milhas) também é território (ZEE é 188, dentro).
· Ficto, por extensão ou flutuante:
· Navios e aeronaves públicos brasileiras, onde quer que se encontrem
· Navios e aeronaves particulares brasileiras, que se encontrem em alto-mar ou no espaço aéreo
· Navios e aeronaves particulares, pouso-voo-porto em território nacional
· Exceto princípio da passagem inocente
	§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-seaquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
· OU SEJA, LEI PENAL EM NAVIO À SERVIÇO É TERRITORIALIDADE!!!
	§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.
· Mas nós utilizamos a territorialidade temperada excepcionando este parágrafo:
PRINCÍPIO DA PASSAGEM INOCENTE
Instituto jurídico próprio do Direito Internacional Marítimo que permite a uma embarcação de propriedade privada, de qualquer nacionalidade, o direito de atravessar o território de uma nação, com a condição de não ameaçar ou perturbar a paz, a boa ordem e a segurança do Estado costeiro (art. 19, da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar)
Também se estende a aeronaves.
Assim, os navios estrangeiros no mar territorial gozam do chamado “direito de passagem inocente” (contínua, rápida e ordeira), pelo qual o Estado costeiro deve abster-se de exercer jurisdição civil ou penal sobre tais embarcações, desde que não afetem um bem jurídico nacional.
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA [LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS]
Princípio da reciprocidade. Caráter funcional (não viola a isonomia porque não é pessoal, mas funcional).
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas: o agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado.
Diplomatas: IMUNIDADE TOTAL DE JURISDIÇÃO PENAL – inviolabilidade pessoal, pois não podem ser presas nem submetidas à procedimento sem autorização. A pessoa do agente diplomático é inviolável (diplomatas, funcionários, Chefes de Governo e Ministros das Relações Exteriores) (pessoal, família, residência e pertences). Não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão (art. 29). IRRENUNCIÁVEL, pois não pertence à pessoa, mas ao cargo [nada impede a renúncia pelo Estado acreditante].
· NÃO se aplica aos empregados particulares dos diplomatas, ainda que oriundos do Estado representado.
Cônsules: imunidade de jurisdição penal SÓ aos atos praticados no exercício das funções [“atos de ofício”] (consul, membros do serviço que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente)
Embaixadas são território estrangeiro? NÃO. Se alguém ali praticar um crime e não tiver imunidade funcional será processado nos termos da legislação penal brasileira.
EXTRATERRITORIALIDADE
Cinco princípios: (a) nacionalidade (ativa ou passiva); (b) domicílio; (c) justiça universal; (d) defesa; (e) pavilhão.
	  Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
INCONDICIONADA: ainda que absolvido ou condenado (art. 8º) no estrangeiro (§ 1º)
	 I - os crimes:
PRINCÍPIO DA DEFESA 
(ou real, da proteção de interesses)
Aplica-se a lei penal do estado titular do bem jurídico lesado ou ameaçado, onde quer que o delito tenha sido cometido e qualquer que seja a nacionalidade de seu autor
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE
(ou da justiça mundial ou cosmopolita)
Aplica-se a lei nacional a todos os fatos puníveis, como postulado de comunidade de interesses entre os Estados – ideal de justiça penal universal
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil;
· Estratégia: por condicionar ao agente ser brasileiro, diz-se que é manifestação do princípio da personalidade/nacionalidade (ativa)
· Chama de PRINCÍPIO DO DOMICÍLIO a parte final: domiciliado no Brasil
	§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro
· DETRAÇÃO: Atenuado pelo art. 8º que veda o bis in idem
	 Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
	EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA & TORTURA
Lei da Tortura estatuiu mais uma situação de extraterritorialidade incondicionada, prevendo em seu art. 2º que “O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira”.
CONDICIONADA: requisitos do § 2º (Lei Brasileira é subsidiária em relação aos crimes praticados fora do território nacional).
	
 II - os crimes:
PRINCÍPIO DA UNIVERSALIDADE ou JUSTIÇA PENAL UNIVERSAL
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;
· É aquele em que o agente fica sujeito à lei do país onde encontrado, NÃO IMPORTANDO A SUA NACIONALIDADE.
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE - ativa
(ou da NACIONALIDADE)
Aplica-se a lei penal do país de origem do sujeito ativo ou passivo, onde quer que ele se encontre.
· Tem como base a proibição de extradição de brasileiros + evitar a impunidade: aut dedere aut judicare.
b) praticados por brasileiro;
PRINCÍPIO DA PERSONALIDADE - passiva
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
EXTRATERRITORIALIDADE HIPERCONDICIONADA (contra BR):
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
b) houve requisição do Ministro da Justiça.
	(2019) STJ – Caso recente em que paraguaio estuprou mulheres brasileira no Paraguai. STJ negou extraterritorialidade por ausência de requisição do Ministro da Justiça.
PRINCÍPIO DA BANDEIRA
(ou da Representação ou do Pavilhão ou Subsidiário/Substituição)
Aplica-se a lei do Estado em que está registrada a aeronave ou a embarcação, ou cuja bandeira ostenta, quando o delito ocorre no estrangeiro e aí não é julgado.
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados.
· Paralelo com o princípio da passagem inocente
	CONDIÇÕES CUMULATIVAS
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:
 a) entrar o agente no território nacional; 
 b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;
 d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS: não há extraterritorialidade. Só territorialidade.
	Art. 2º - A lei brasileira só é aplicável à contravenção praticada no território nacional.
· Jogos de azar é contravenção penal: por isso navios não podem fazer isso em mar territorial brasileiro
LEI DE TORTURA: praticada no estrangeiro:
· Sendo a vítima brasileira: hipótese de extraterritorialidade incondicionada
· Encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira:
· 1ª corrente: é caso de extraterritorialidade incondicionada (NUCCI)
· Não é condição, é uma aplicação restritiva
· 2ª corrente: extraterritorialidade condicionada (CAPEZ)
· Porque a lei exige que o agente se encontre em lugar sob a jurisdição brasileira
· Porque as convenções condicionam a aplicação da lei à ocorrência de extradição
	Art. 2º - O disposto nesta lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
	LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA 
Princípio da reciprocidade. Caráter funcional (não viola a isonomia porque não é pessoal, mas funcional). Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas: o agente diplomático gozará de imunidade de jurisdiçãopenal do Estado acreditado.
Diplomatas: IMUNIDADE TOTAL DE JURISDIÇÃO PENAL – inviolabilidade pessoal, pois não podem ser presas nem submetidas à procedimento sem autorização. A pessoa do agente diplomático é inviolável (diplomatas, funcionários, Chefes de Governo e Ministros das Relações Exteriores) (pessoal, família, residência e pertences). Não poderá ser objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão (art. 29). IRRENUNCIÁVEL, pois não pertence à pessoa, mas ao cargo [nada impede a renúncia pelo Estado acreditante].
· NÃO se aplica aos empregados particulares dos diplomatas, ainda que oriundos do Estado representado.
Cônsules: imunidade de jurisdição penal SÓ aos atos praticados no exercício das funções [“atos de ofício”] (consul, membros do serviço que não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente)
Embaixadas são território estrangeiro? NÃO. Se alguém ali praticar um crime e não tiver imunidade funcional será processado nos termos da legislação penal brasileira.
IMUNIDADES PARLAMENTARES
Estatuto dos Congressistas: conjunto de normas constitucionais que estatui o regime jurídico dos membros do Congresso Nacional, prevendo suas prerrogativas e direitos, seus deveres e incompatibilidades: inviolabilidade; imunidade; privilégio de foro; isenção de serviço militar; limitação ao dever de testemunhar.
Conceito e finalidade das imunidades parlamentares: prerrogativas inerentes ao exercício do mandato parlamentar, preservando-se a instituição de ingerências externas.
Espécies:
a) MATERIAL (real/absoluta/INVIOLABILIDADE): 
	Art. 53. Os deputados e Senadores são invioláveis, civil (EC 35/01) e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
· Não precisa ser no recinto, basta ter relação com a função (não abrange manifestações desarrazoadas e desprovidas de conexão com seus deveres constitucionais)
· Natureza jurídica: fato atípico (STF)
	VEREADORES: NA CIRCUNSCRIÇÃO
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de 10 dias, e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta CF, na CE e os seguintes preceitos:
VIII – INVIOLABILIDADE DOS VEREADORES por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município
b) FORMAL (processual/adjetiva/IMUNIDADE PROPRIAMENTE DITA): possibilidade de prisão e ajuizamento de ação penal: Diplomação Fim do mandato
2. IMUNIDADE FORMAL PARA A PRISÃO: qualquer tipo de prisão, inclusive as de caráter provisório. Exceções:
I - flagrante de crime inafiançável (CF)
II - STF: podem ser presos em caso de sentença penal condenatória transitada em julgado.
III – Preventiva (Caso Delcídio do Amaral)
IV – Independente de manifestação da Casa (Caso da corrupção generalizada em Rondônia)
	2º Desde a expedição do diploma, os membro do CN não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24h à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
· VOTAÇÃO ABERTA (EC 35/01)
· MAIORIA ABSOLUTA
	Foi denominada de “relativa incoercibilidade pessoal” pelo STF.
	STF já reconheceu a possibilidade de prisão preventiva, no caso Delcídio do Amaral, porque o réu atrapalhava instrução.
	STF: Havendo prisão em flagrante e for impossível a apreciação pela Casa [Assembleia Inteiramente Envolvida], a prisão será mantida independentemente da manifestação. Trata-se de interpretação sistemática e teleológica.
3. IMUNIDADE FORMAL PARA O PROCESSO: sustação para crimes cometidos APÓS A DIPLOMAÇÃO, antes não (STF não precisa dar ciência dos crimes cometidos antes da diplomação)!
EC 35/01 retirou a necessidade de prévia licença. Agora há ciência e deve haver iniciativa de partido representado para obstar, tal pedido pode ser feito até a decisão final do processo penal.
	§ 3º Recebida a denúncia contra S/D, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, SUSTAR o andamento da ação.
· REPRESENTAÇÃO NAQUELA CASA
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 45 dias do recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
a. Réus não parlamentares: desmembramento do processo
Prerrogativa de Foro:
	Art. 53
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julgamento perante o STF
Obs.:
A QUEM SE APLICA?
· Vereadores só tem IMUNIDADE MATERIAL
· Em qualquer caso, NÃO ABRANGEM OS SUPLENTES
· Abrange Deputados Estaduais (art. 27 § 1º da CF)
· Afastado para exercer cargo de Ministro ou Secretário de Estado: NÃO MANTÉM IMUNIDADES
	Suspende as imunidades, mas mantêm o foro por prerrogativa de função e a sujeição do procedimento disciplinar por quebra de decoro
· Irrenunciável (cargo, e não pessoa)
ESTADO DE SÍTIO
· Permanecem ainda que em estado de sítio, mas por decisão de 2/3 dos membros poderão ser suspensas no estado de sítio, em razão de ato praticado por parlamentar fora do recinto (RELATIVA)
· Em hipótese alguma (nem no estado de sítio) o parlamentar poderá ser responsabilizado por ato praticado no recinto (ABSOLUTA)
· O STF adotou o entendimento no sentido de que a prática de crime permanente por parlamente, em situação que autorize a decretação de prisão preventiva, configura flagrante de crime inafiançável, enquanto durar a prática do delito. Por se tratar de crime permanente, a conduta está sendo praticada enquanto dura a permanência, admitindo a situação de flagrância. Por outro lado, a inafiançabilidade decorreria da presença dos requisitos da preventiva, já que o juiz não poderá arbitrar fiança neste caso (art. 324, IV, CPP)
EFICÁCIA DA SENTENÇA ESTRANGEIRA
	Art. 9º A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil para:
I – obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis
II – sujeita-lo a medida de segurança
Parágrafo único. A homologação depende:
a) Para o I, de pedido da parte interessada
b) Para o II, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro de Justiça
· A homologação compete ao STJ (Art. 105, I, i, CF)
· Súmula 420 STF: Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do TRÂNSITO EM JULGADO (Superado: hoje basta a eficácia da sentença no país em que proferida)
· NÃO há possibilidade de homologação da sentença penal estrangeira para fins de cumprimento de PENA, a aplicação da pena é um ato de soberania do Estado, se for o caso poderia o Brasil proceder ao julgamento do infrator no Brasil para que cumpra a pena aqui (ISSO MUDA COM POSSIBILIDADE DE TRANSFERÊNCIA DA EXECUÇÃO DA PENA PREVISTA NO ART. 100 DA LEI DE MIGRAÇÃO)
· Para efeitos de REINCIDÊNCIA, não é necessária a homologação da sentença penal condenatória proferida no estrangeiro (BASTA transitar em julgado)
	 Art. 63-Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior.
CONTAGEM DE PRAZOS
	Art. 10. O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum.
Prazo penal ou processual? O prazo sempre será penal quando guardar pertinência com o ius puniendi, ainda que previsto no CPP (caráter híbrido ou misto, prevalece a face penal). É o caso da decadência (art. 38 CPP): como sua ocorrência acarreta a extinção da punibilidade, retirando do Estado o direito de punir, obedece as regras do CP.
	No Processo Penal, “não se computará o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento”. Inclusive, se não for dia útil, começará a contar

Continue navegando