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CARTAS APOSTOLICAS__versão final

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1 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
ANTÔNIO G. SOBREIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARTAS APOSTÓLICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª edição 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
 
Palavra do professor autor 
Sobre o autor 
Ambientação à disciplina 
Trocando ideias com o autor 
Problematizando 
 
UNIDADE I – CARTAS PAULINAS 
 
 Introdução às Cartas Apostólicas 
 Romanos 
 O Evangelho em Romanos 
 Influência de Romanos sobre a Teologia agostiniana 
 Influência de Romanos sobre Lutero 
 
 
 
UNIDADE II – 1ª E 2ª CORÍNTIOS E GÁLATAS 
 
 Primeira Carta aos Coríntios 
 Segunda Carta aos Coríntios 
 Carta aos Gálatas 
 Carta aos Efésios 
 Carta aos Filipenses 
 Carta aos Colossenses 
 Primeira Carta aos Tessalonicenses 
 Segunda Carta aos Tessalonicenses 
 Primeira Carta a Timóteo 
 Segunda Carta a Timóteo 
 Carta a Tito 
 Carta a Filemom 
 Carta aos Hebreus 
 
 
6 
 
UNIDADE III – EPÍSTOLAS CATÓLICAS 
 
 Introdução às epístolas Católicas 
 Epístola universal do apóstolo Tiago 
 Epístola universal do apóstolo Pedro 
 Segunda Carta de Pedro 
 Primeira epístola universal do apóstolo João 
 Segunda epístola universal do apóstolo João 
 Terceira epístola universal do apóstolo João 
 Epístola universal do apóstolo Judas 
 
 
 
Explicando melhor com a pesquisa 
Leitura obrigatória 
Pesquisando na Internet 
Saiba mais 
Vendo com os olhos de ver 
Revisando 
Autoavaliação 
Bibliografia 
Bibliografia Web 
Vídeos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
Palavra do Professor 
 
 
Prezado estudante, seja bem-vindo (a) ao estudo das Cartas Apostólicas. 
 
 
Todos estão cientes da importância das Cartas Apostólicas para o estudo 
histórico e teológico do Novo Testamento (NT). Nossa proposta é apresentar uma 
abordagem de caráter introdutório, por isso, procuraremos esclarecer as 
circunstâncias históricas em que as cartas foram escritas. Entendemos que é 
necessário conhecer esses pressupostos para termos uma boa compensação do 
seu conteúdo doutrinal. A fim de auxiliar na compreensão dos seus conteúdos, 
apresentaremos uma visão panorâmica das Cartas com destaque às questões mais 
centrais, bem como forneceremos ao estudante um esboço sugestivo de cada carta, 
destacando o autor, o tema central, quando foi escrita, local, mensagem e, por fim, 
uma espécie de resumo das cartas. 
Por uma questão de limitação natural da proposta dessa disciplina, não será 
possível abordar e elucidar todas as questões polêmicas presentes nelas. Para isso, 
recomendamos a leitura de obras especializadas em exegese do NT, comentários e 
dicionários bíblicos. As questões doutrinárias serão trabalhadas nas disciplinas 
denominadas “Doutrina I, II, III e IV” ofertadas ao longo do curso. 
Desejamos que aproveite ao máximo essa disciplina, ela te colocará em 
contato com as origens do maior movimento religioso da terra: o cristianismo. É 
fundamental refletirmos sobre as Cartas Apostólicas a fim de compreendermos o 
cristianismo nas suas origens e, consequentemente, o entendermos na sua fase 
atual. De modo que, possamos traçar paralelos e vermos se ainda mantemos uma 
ligação vital com a Igreja em sua origem. Entendemos que não podemos trazer o 
passado para o presente, nem ter acesso ao passado em sua totalidade, mas 
podemos rememorar aspectos relevantes que nos foram entregues por meio dessa 
literatura edificante e inspirada que são as Cartas Apostólicas. 
Bons estudos! 
 O autor. 
 
8 
 
Sobre o autor 
 
 
 
 
Antonio Gonçalves Sobreira é pós-graduado em Ciências 
da Educação e Psicopedagogia. Graduado em Filosofia pela 
Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA (2016). Possui 
Bacharelado em Teologia pelo SALT-IAENE (1997), pelo 
Instituto Superior de Teologia Aplicada (2009). Atualmente, é 
professor no Centro Universitário UNINTA. Tem experiência 
na área de Teologia Sistemática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Ambientação 
 
 
 A maior parte do Novo Testamento foi escrito na forma de Cartas. Elas eram 
uma comunicação escrita remetida a um ou mais grupos de pessoas. Enquanto que 
os evangelhos tratam da vida e ensinamento de Jesus Cristo, o Filho de Deus; as 
cartas são uma explicação do significado do ministério de Cristo para a Igreja no 
período apostólico. Elas começam com Romanos e vão até o Apocalipse. Por 
questão didática, iremos até Judas, deixando o Apocalipse de João para estudarmos 
como literatura profética do NT. Estas cartas são dirigidas às comunidades cristãs 
primitivas. Outro termo muito usado para essa literatura é epístola, do grego epistolé, 
nome dado a cada uma dessas cartas apostólicas. 
 As cartas constituíram o meio pelo qual a Igreja cristã primitiva recebia 
orientação direta dos Apóstolos, os edificadores da Igreja de Cristo. Essa edificação 
foi realizada em grande parte por meio da literatura apostólica que conseguia chegar 
às comunidades, eram copiadas e remetidas aos demais povos. Nesse processo, as 
instruções, orientações, exortações e ensinamentos dos apóstolos alcançavam 
praticamente toda a igreja. Assim, a presença apostólica, por meio da literatura 
inspirada, se fazia presente onde, muitas vezes, eles não podiam estar 
pessoalmente. 
 As epístolas explicam a obra de Cristo e como a vinda do Messias alterou a 
relação entre Deus e o seu povo. Até mesmo o conceito de povo de Deus, pois 
agora os povos de todas as nações são chamados a ter comunhão com Deus por 
meio do Cristo. Como se deu essa transição entre o Velho Testamento e Novo? Elas 
mostram as implicações para um judeu ou um gentio ao aceitar a mensagem da 
cruz, além disso, explicitam o tipo de vida que deve ter aqueles que são novas 
criaturas e alertam sobre o perigo dos falsos ensinamentos. 
 Algumas epístolas parecem mais uma espécie de tratado teológico como é o 
caso do livro de Romanos e Hebreus. Outras foram escritas especificamente para 
instruir os líderes nas suas funções ministeriais, por isso, são chamadas de 
“epístolas pastorais”, são exemplos destas a 1ª e a 2ª carta a Timóteo e a Tito. 
 
 
10 
 
O fato é que praticamente toda a teologia do Novo Testamento depende do 
conteúdo das cartas apostólicas. Elas fornecem os temas a serem discutidos e 
sistematizados em período posterior, bem como as temáticas relevantes, tais como: 
a salvação, a fé, as obras, a lei, a graça, as pessoas divinas da divindade, os dons 
espirituais, a volta de Jesus, a santa ceia, o batismo, a escatologia, etc. 
Os escritos dos apóstolos tinham como objetivo esclarecer a verdade cristã, 
defender a fé contra os falsos mestres, que tentavam introduzir doutrinas estranhas 
na Igreja. Paulo, por exemplo, escreveu combatendo o legalismo que tentou se 
infiltrar na jovem igreja. Tiago combateu o antinomianismo, que é outra heresia que 
prega uma salvação sem frutos, sem importar como se vive depois de salvo. Enfim, 
cada um escreve com seu objetivo específico, e acima da vontade humana está à 
inspiração do Espírito que atua harmonicamente nos autores humanos. 
 
 
 
11 
 
 Trocando ideias com os autores 
Agora é o momento de você apreciar as leituras sugeridas e trocar ideias com 
os autores abaixo. Veja o que propõe cada um deles e boa leitura! 
 
Sugerimos a leitura da obra Panorama do Novo 
Testamento. Nesta nova edição, o autor manteve 
distintivos que fizeram desta obra um verdadeiro modelo de 
referência nos estudos neotestamentários, como a riqueza 
de informações, a abordagem que insere o estudioso no 
ambiente em que se formaram os textos do NT, as 
discussões francas e objetivas sobre a composição dos 
livros(local, autoria, data e autenticidade), sobre os 
primeiros destinatários e sobre o mundo político e religioso de então. 
DUNNET, Walter M.; DESTEFANI, Bruno G. (Trad.). Panorama do Novo 
Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2005. 
 
Propomos também a leitura da obra Paulo, o apóstolo da 
graça. O autor traz neste livro uma exposição de todos os 
temas importantes no pensamento de Paulo, à medida que 
se desenvolvem no contexto histórico da sua vida e das 
suas viagens. Obra muito equilibrada e coerente, o retrato 
que Bruce pinta de Paulo é convincente sob qualquer 
perspectiva: histórica, teológica, psicológica, pessoal. Um 
livro completo e atraente. 
 
BRUCE, F.F.; FUCHS, HANS UDO. Paulo, o apóstolo da graça: sua vida cartas e 
teologia. São Paulo: Shedd Publicações, 2006. 
 
 
 
 
12 
 
 
 
Guia de Estudo: 
Elabore um texto com base na leitura das obras Panorama do Novo Testamento e 
Paulo, o apóstolo da graça: sua vida cartas e teologia, destacando o diferencial da 
abordagem de cada autor, em seguida, poste no ambiente virtual. 
 
 
 
 
. 
 
 
13 
 
Problematizando 
 
 
 As Cartas Apostólicas constituem-se, na sua maioria, de conselhos, 
orientações, ensino às primeiras igrejas cristãs e, acima de tudo, configuram-se com 
uma interpretação e explicação da obra de Jesus Cristo. Elas não focam nas 
narrativas e ditos do salvador, mas interpretam os pontos mais altos, como a 
encarnação, morte e ressurreição. O que a vinda de Jesus como um todo 
representou para a salvação da humanidade? Uma reflexão assim parece extrapolar 
os próprios ensinos do salvador, pois Cristo não tematizou o significado último e a 
consequência prática da sua vida para a religião judaica e para os gentios. Essas 
reflexões foram feitas pelos apóstolos, sobretudo o apóstolo Paulo. Paulo foi o 
apóstolo “nascido fora de tempo”, isto porque ele não esteve no grupo dos doze 
apóstolos, mas foi escolhido por Jesus para cumprir sua missão por meio da visão e 
revelação. Tanto que nos dias de Paulo levantaram-se pessoas questionando a 
validade do seu apostolado. 
 
Guia de Estudo: 
Com base nos ensinamentos de Paulo em suas cartas e comparando com o 
ministério de Jesus, podemos concluir que Paulo foi um fiel apóstolo de Cristo ou 
teria se equivocado pregando um evangelho diferente do pregado por Jesus? Faça 
uma análise sobre esse questionamento e poste no ambiente virtual. 
 
 
 
 
 
14 
 
AS CARTAS PAULINAS 
1 
Conhecimento 
Conhecer os aspectos introdutórios e relevantes das Cartas Paulinas: sinopse, 
mensagem principal, circunstâncias históricas relacionadas à origem das cartas, 
data, autoria e destinatários. 
 
 
Habilidade 
Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema, bem como, ser capaz 
de fazer exposição escrita, em eventos, palestras, seminários em ambientes 
acadêmicos, entre outros. 
 
 
Atitude 
Buscar desenvolver e exercitar a capacidade reflexiva e crítica acerca do objeto 
estudado e incorporá-la na sua práxis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
Introdução às cartas apostólicas 
 
 
 Dos vinte e sete escritos do Novo Testamento, vinte e um têm à forma de 
epístolas. Destas epístolas, nem todas são realmente cartas, ou seja, escritos 
endereçados em ocasiões específicas a determinadas pessoas ou a determinado 
círculo de pessoas. Algumas foram escritas com a finalidade de comunicação íntima, 
sem intenção de maior divulgação. Em Tiago, por exemplo, falta tudo o que constitui 
realmente uma carta. O Apocalipse está moldado num estilo epistolar, mas 
literalmente falando, pertence ao gênero apocalíptico. Com relação à epístola aos 
Hebreus, as opiniões variam largamente, não se sabendo ao certo se deve ser 
considerada como uma verdadeira carta ou um ensaio artisticamente elaborado e 
dirigidos a um público mais vasto, empregando a forma epistolar apenas como forma 
externa. Entre as epístolas católicas (universal), somente a segunda e terceira 
epístola de João são realmente cartas, com endereços exatos e específicos. 
 
 Epístolas católicas: uma forma literária ou carta escrita que tinha como 
destinatário todas as comunidades cristãs em geral, no cânon do NT são 
consideradas cartas gerais: (Tiago 1 e 2); (Pedro 1, 2) e (3 João e Judas). 
 
 
 
O esquema segundo o qual são redigidas as epístolas é o seguinte: logo no 
começo temos uma fórmula de saudação, com o nome do remetente e do 
destinatário; segue-se uma oração de ação de graças a Deus; seguida de uma 
fórmula introdutória; na conclusão, mensagens de saudação e votos de felicidade 
em nome de alguém, em substituição da nossa assinatura atual. Este esquema é, 
em linhas gerais, aquele usualmente empregado nas epístolas helenísticas daquela 
época, das quais os papiros encontrados nas décadas recentes forneceram 
abundante material ilustrativo. Contudo, Paulo nas fórmulas como se dirige as 
pessoas aproxima-se mais da maneira oriental e judaica ao passo que Tiago (e as 
epístolas contidas em At 15.23 e 23.26 seguem, em particular, o uso helenístico). As 
epístolas paulinas assumem certa superioridade sobre este tipo de epístola, 
desprovida de artifícios literários e de caráter popular. 
 
16 
 
Helenístico: Designativo do período histórico que vai das conquistas de Alexandre à 
conquista romana. 
 
Epístolas Paulinas 
 
As epístolas paulinas que chegaram até nós são as epístolas do apóstolo em 
caráter oficial e servem para levar adiante sua atividade missionária. Na pena do 
apóstolo, a forma da epístola toma todas as formas estilísticas do discurso 
missionário oral: preparação da palavra, oração de adoração, sermão, exposição 
doutrinária, testemunho profético e hino, e, consequentemente, na igreja primitiva 
torna-se à forma de expressão escrita, tanto na literatura edificante como no 
pensamento teológico. 
 
O cânon do NT contém treze epístolas que citam Paulo como autor na 
introdução. A Epístola aos Hebreus foi pela primeira vez considerada como paulina 
na Igreja de Alexandria, sendo, desde então, encarada como tal no Oriente, e, a 
partir do século IV, no ocidente também. 
 
Cânon: No contexto da religião, cânon é um conjunto de livros considerados de 
inspiração divina. 
 
Entre as epístolas paulinas, existem aquelas conhecidas como epístolas 
Pastorais (1ª e 2ª a Timóteo e a Tito). Podemos também classificar as epístolas 
escritas por Paulo na prisão, como “Epístolas do Cativeiro” (Filipenses, Colossenses, 
Filemom, Efésios). Com exceção das Epístolas Pastorais e da Epístola a Filemom, 
todas as outras são endereçadas a comunidades. 
Paulo, sem dúvida alguma, ditava suas cartas (Rom 16.22), mas de acordo 
com o costume da época fazia questão de marcar a sua autenticidade mediante uma 
saudação final, escrita do próprio punho. Quando as epístolas eram lidas em voz 
alta, esta saudação era à maneira que a comunidade podia ficar sabendo que esta 
adição era do próprio punho de Paulo (I Cor 16.21; Gal 6.11, 2 Tes 3.17; Filemom 
19). 
 
 
 
17 
 
Todas as epístolas paulinas que chegaram até nós datam da época do 
apogeu e do final da atividade missionária do apóstolo. Da primeira década e da 
metade da sua atividade, falta evidência de escritos seus. Mas, já na época de suas 
epístolas mais antigas, Paulo fala de seu hábito epistolar (1 Tes 3.17). Portanto 
estas epístolas mais antigas devem ter sido perdidas. O próprio apóstolo menciona 
duas epístolas aos coríntios que não chegaram até nós (I Cor 5,9; II Cor 2.4), como 
também uma epístola aos laodicenses (Col 4.16). 
 
Cronologia da vida de Paulo 
 
Iniciaremos nossos estudos das Cartas Paulinas conhecendo o seu autor, o 
apóstolo Paulo, personagem marcante e bastante conhecido por todo estudante do 
Novo Testamento. Suas cartas constituem a maior parte do Novo Testamento e são 
as que mais possuem conteúdo reflexivo de cunho teológico. Em Paulo, temos a 
teologia embrionária que serámais tarde desenvolvida pelos Pais da Igreja. 
 
Pais da Igreja: 
Líderes da Igreja Cristã, bispos, mestres, professores que desenvolveram uma 
literatura apologética e teológica posterior ao período apostólico (depois do ano 100 
d.C.). 
 
As únicas fontes de que dispomos para constituirmos a vida de Paulo são os 
livros dos Atos dos Apóstolos e as Cartas que ele escreveu às Igrejas. Ele nasceu 
nos primeiros anos da era cristã. Era, portanto, um pouco mais moço que o Senhor. 
Quando por ocasião do apedrejamento de Estevão, por volta de (36 d.C.), ele era 
jovem. Paulo, cujo nome hebreu era Shaul, nasceu em Tarso, na Cicília, filho de 
uma cidade renomada (Atos 21.39; 22.3). Quando necessário, Paulo recordava que 
era cidadão romano. A cidadania romana conferia-lhe alguns privilégios, por 
exemplo, de não poderem açoitá-lo. Os processos que envolvia a pena capital 
dependiam diretamente da jurisdição do tribunal Imperial de Roma. 
 
18 
 
Paulo parte para Jerusalém por volta dos quinze anos. “Sou judeu, nascido 
em Tarso na Cicília; mas fui educado nesta cidade (Jerusalém) e instruído aos pés 
de Gamaliel conforme a lei exata de nossos pais” (Atos 22.3). O primeiro ensino é o 
da Escritura. A lei escrita é chamada de “Torah”, que significa instrução. No entanto, 
o judaísmo a coloca no mesmo pé de igualdade a “Torah oral”, detentora de igual 
autoridade. Ela foi aos poucos sendo codificada, conforme o judaísmo ortodoxo. A 
lei oral também teria sido recebida por Moisés e transmitida por ele a Josué, este 
passou para os antigos, que passaram para os profetas, até os doutores. Sua 
função é completar e interpretar a lei escrita. As novas circunstâncias (nada está 
parado no tempo, tudo passa por mudanças) necessitavam de uma interpretação da 
lei antiga para suprir à necessidade de respostas às novas realidades do povo. Esta 
interpretação e aplicação da lei chamaram de midrash. A Toráh oral é uma 
explicação dada por Deus para entender a Toráh escrita. 
 Por mais de quinze anos, Saulo estudou a Escritura (Toráh) e sua 
interpretação (midrash) sentado literalmente aos pés do seu mestre Gamaliel. Era 
um mestre doutor da escritura venerado pelo povo (cf. Atos 5.33). 
Os estudos tradicionais exigiam muito mais da memória do que da pedagogia 
moderna. O aluno aprendia de cor, salmodiando de maneira rítmica as sentenças e 
os ditos dos rabinos. Ainda hoje existem rabinos que sabem de cor não só a Bíblia 
hebraica inteira, mas os comentários tradicionais. Outra estratégia de estudo é a 
interrogação. Encontramos vestígios desse método nas Cartas, quando Paulo 
introduz um diálogo fictício com perguntas, interrogações, dúvidas que provocam 
explicações. Por exemplo, os capítulos 3 e 4 de Romanos. 
 
Salmodiando: Recitar salmos sem alterar a inflexão da voz, com pausas marcadas. 
 
Paulo foi iniciado de modo especial nas filosofias pagãs e nas religiões de 
mistério? É pouco provável! Um judeu piedoso não se contaminaria com os cultos 
pagãos. E se Paulo utiliza vocabulário da filosofia estóica e das religiões de mistério, 
isso prova, apenas, que Paulo soube colher ao acaso das conversas termos e ideias 
ventiladas numa grande cidade como Tarso. Também fazia parte da sua estratégia 
missionária, “fazer-se tudo para todos, a fim de salvar o maior número possível”. 
Embora, às vezes, a linguagem de Paulo seja cheia de termos filosóficos (como em 
 
 
19 
 
Colossenses) do meio helênico, seu pensamento, contudo, é integral e 
exclusivamente bíblico. O vocabulário é apenas uma roupagem. 
Paulo, em sua fase de Saulo, perseguia a Igreja de Cristo, mas foi convertido 
quando se dirigia à cidade de Damasco. Chegando nesta cidade, foi batizado por um 
discípulo chamado Ananias. Passado alguns dias começou a pregar sobre Jesus 
nas Sinagogas da cidade. Foi rejeitado e perseguido. Em (Atos, capitulo 9) temos a 
primeira narração da conversão de Paulo. A segunda narração se encontra em 
(Atos, capitulo 22) perante os judeus em Jerusalém e a terceira em (Atos, capítulo 
26) perante o rei Agripa. 
 
Rei Agripa: Foi rei da Judéia de (41 até 44 d.C.), era neto de Herodes. 
 
Com quem Paulo aprendeu o evangelho que pregava? Foi do próprio Cristo 
que Paulo recebeu a doutrina que pregava e o conhecimento do mistério de Cristo: 
Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado 
não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem 
algum, mas pela revelação de Jesus Cristo. Porque já ouviu qual foi 
antigamente a minha conduta no judaísmo, como sobremaneira perseguia a 
igreja de Deus e a assolava. E na minha nação excedia em judaísmo a 
muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus 
pais. Mas, quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me 
separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que 
o pregasse entre os gentios, não consultei a carne nem o sangue, nem 
tornei a Jerusalém, a ter com os que já antes de mim eram apóstolos, mas 
parti para a Arábia, e voltei outra vez a Damasco. Depois, passados três 
anos, fui a Jerusalém para ver a Pedro, e fiquei com ele quinze dias. E não 
vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, irmão do Senhor. Ora, 
acerca do que vos escrevo, eis que diante de Deus testifico que não minto. 
Depois fui para as partes da Síria e da Cilicia. E não era conhecido de vista 
das igrejas da Judéia, que estavam em Cristo; Mas somente tinham ouvido 
dizer: Aquele que já nos perseguiu anuncia agora a fé que antes destruía. E 
glorificavam a Deus a respeito de mim (Gal 1, 11- 22). 
 
 O chamado dirigido pelo Senhor a Paulo é imperativo: “Levanta-te e vai às 
nações para as quais te envio...” Esse chamado nos lembra do chamado de 
Jeremias. Paulo tinha consciência do seu chamado e da responsabilidade da 
incumbência: “Se anuncio a boa nova, isso não constitui para mim fonte de orgulho, 
mas é uma obrigação que me é imposta; desgraçado de mim, se não pregar à nova” 
(I Cor, 9.16). 
 
20 
 
 Para um melhor esclarecimento do chamado do apóstolo Paulo, vale a pena 
continuar observando os versículos que compõem sua carta escrita à igreja que está 
em Corinto. Ela diz: 
Porque, embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o 
maior número possível de pessoas. Tornei-me judeu para os judeus, a fim 
de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, tornei-me como se 
estivesse sujeito à lei, (embora eu mesmo não esteja debaixo da lei), a fim 
de ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, tornei-me 
como sem lei (embora não esteja livre da lei de Deus, mas sim sob a lei de 
Cristo), a fim de ganhar os que não têm a lei. Para com os fracos tornei-me 
fraco, para ganhar os fracos. Tornei-me tudo para com todos, para de 
alguma forma salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho, para 
ser coparticipante dele (I Cor 9:19-23). 
 
Com estas palavras podemos compreender a universalidade da obra 
missionária do apóstolo Paulo. Uma obra inicialmente voltada aos seus irmãos 
judeus, os que “vivem sob a lei”, mas não só a estes, mas também aos que “vivem 
sem lei”, ou seja, os gentios. 
 
As Cartas de Paulo 
As primeiras cartas que possuímos de Paulo datam de 51 anos d.C., uma 
quinzena de anos após a sua conversão. São as cartas aos Tessalonicenses. Nessa 
época, Paulo já havia fundado numerosas igrejas. Encontramos nos escritos dele 
elementos do seu pensamento e de sua fé. O apóstolo escreve às comunidades que 
plantara em circunstâncias especiais, a fim de responder às necessidades 
particulares, mas Paulo sabe escrever de forma que dos problemas particulares 
brotem ensinamentos de cunho universal. 
Nas cartas, Paulo supõe que há um conhecimento anterior presente na 
comunidade, portanto ele não repete todos os ensinamentos básicos, pois esses já 
foram ministrados por ocasião da implantação da comunidade oralmente. As cartas 
servem para “completar”ou explanar esse ensinamento em grande parte. Tanto que, 
em algumas poucas ocasiões ele repete ensinamentos básicos para lembrá-los. 
Como em I Cor 15:3-4: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi 
que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e 
que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. 
 
 
 
21 
 
Paulo aprendeu diretamente de Cristo ressuscitado, mas também herdou a 
tradição dos apóstolos. No entanto, o pensamento de Paulo exerceu influência na 
redação dos evangelhos. Não é possível conhecer todo o pensamento sistemático 
de Paulo, nem acompanhar a evolução do pensamento paulino. 
As cartas de Paulo foram ditadas por ele durante o tempo que lhe sobrava 
entre o trabalho manual e o trabalho de evangelização. Talvez ditasse em pé, 
caminhando ou enquanto tecia. O certo é que elas trazem as marcas do estilo oral. 
O ditado era interrompido e retomado diversas vezes quando as cartas eram longas. 
Elas exigiam inúmeras horas. Eram necessários vários dias para escrever uma carta 
longa. O que explica nas epístolas paulinas a descontinuidade e a falta de nexo nas 
explicações. 
Essas cartas são cartas de amor, ardentes e ciumentas, cartas paternais, 
fraternais e até maternais. Aos Gálatas ele escreve: “Meus filhos, pelos quais eu 
sofro de novo as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós” (Gal 4.19). 
Essas Igrejas geradas por ele era a fonte da sua alegria (Gal 4.1); (I Tes 2.19); (I Cor 
4.14); (I Tes 2.7). 
A maneira como foram compostas as cartas de Paulo, ou seja, as 
circunstâncias em que foram ditadas, explicam em parte, à aspereza de sua 
linguagem: frases começadas e deixadas em suspense, mudanças bruscas de 
perspectiva, lentidões e repetições. 
 
Romanos 
 Paulo esteve na casa do seu amigo Gaio na cidade de Corinto por volta de 
(56-57 d.C.). Concluída sua missão nas cidades próximas ao mar Egeu, desejava 
avançar para novos campos missionários. Escolheu a Espanha, a mais antiga 
colônia romana no ocidente, mas antes queria ver Roma. Ele sabia que ali havia 
uma comunidade cristã e desejava conhecê-la. De acordo com os estudos de Bruce 
quando finaliza: 
Portanto durante os primeiros dias do ano (57 A.D), ele ditou a seu amigo 
Tércio – Cristão posto às suas ordens talvez por seu hospedeiro Gaio, para 
servir-lhe de secretário – uma carta destinada aos cristãos romanos. Esta 
carta visava prepará-los para a sua visita à cidade e explicar a finalidade da 
mesma. E julgou de bom alvitre, ao escrevê-la oferecer-lhes uma completa 
 
22 
 
exposição do evangelho como ele o compreendia e o proclamava (BRUCE, 
1989, p. 14). 
 
 É provável que aquela comunidade houvesse sido formada a partir de alguns 
peregrinos que estiveram em Jerusalém por ocasião do Pentecostes, porém, isso é 
apenas uma hipótese. Roma era a capital do Império, muitos caminhos levavam a 
ela, não era de se estranhar que logo uma comunidade fosse formada ali. Inclusive 
em Atos 2.10 menciona que estiveram presentes judeus e prosélitos daquela 
localidade. Muita gente fora batizada no pentecostes. Portanto é uma boa hipótese 
que aquela comunidade fora formada a partir dos conversos nesse dia. 
 
Prosélitos: Pessoa que se converteu ao judaísmo ou a qualquer outra religião. 
 
O valoroso apóstolo Paulo é o autor deste livro. Ele escreve aos cristãos de 
Roma (Rom 1.7). O livro pode ser dividido em duas partes: a primeira parte é 
composta pelos capítulos 1 ao 11, de natureza doutrinaria; a segunda, de natureza 
prática, que diz respeito às questões de moralidade e ética cristã, é composto pelos 
capítulos 12 ao 16. 
O tema principal abordado na carta é o plano da salvação. A justificação pela 
fé, o combate ao legalismo e a santificação através do Espírito Santo. Além disso, 
conteria ainda temas importantes como as exortações no âmbito da ética cristã. 
 Inicialmente, Paulo quer convencer seus leitores acerca da realidade do 
pecado que abrange todos os homens indistintamente. Apresentará, portanto, fortes 
argumentos para isso. Primeiro ele apresentará o argumento da “culpabilidade 
universal”, nos (capítulos 1-3 de Romanos). Em seguida, apresentará o argumento 
das “tendências pecaminosas e das concupiscências carnais” (Rom capítulos 7:15-
24). “E por último, o argumento da eleição soberana de Deus” (Rom Capítulo 9:7-
18). 
Assim, Paulo deixa claro que a situação do homem é terrível, pois a realidade 
do pecado o cerca de todos os lados, contaminando a sua própria natureza e 
condição humana. Impossível é para o homem sozinho libertar-se dessa situação 
de perdição. Contudo, Deus não deixa o homem entregue a sua triste sorte. Sua 
misericórdia proveio um plano extraordinário para o salvar por meio de Cristo. Por 
 
 
23 
 
meio desse plano, todos que desejam podem experimentar a salvação escapando 
do juízo condenatório. 
 
Primeira Parte - O Plano da Salvação 
 
Paulo demostrará que o homem nasce condenado pelo pecado. Ele possui 
uma natureza pecaminosa que o incita a pecar. O pecado é uma condição na qual o 
homem já nasce nela. Por isso, ele nasce carente da graça de Deus e necessitado 
de salvação. 
Para o apóstolo, todos os homens são culpados. Nem mesmos judeus que 
tinham uma relação especial com Deus por meio da eleição e das alianças escapam 
a essa realidade. Paulo argumentará que: a) Os gentios são culpados (1:18; 2:16); 
b) Os judeus são culpados (2:17 a 3:20); c) Todo ser humano é culpado. 
 Alguns possuem visão simplista sobre a realidade do pecado. Achando que o 
pecado envolve apenas as ações cometidas, como se o pecado se restringisse às 
más ações praticadas, ou, mesmo a transgressão de algum mandamento. Se fosse 
assim, bastaria uma pessoa ser moral e agir de modo ético e teria a salvação 
garantida. A realidade do pecado é mais profunda, diz respeito a uma condição da 
qual somos totalmente impotentes. Não podemos mudar a nossa natureza. Não 
podemos operar nossa própria salvação. Não se trata meramente de agradar a Deus 
com boas obras. 
Ninguém precisa cometer nenhum delito para se tornar um pecador, pois 
sendo uma condição da nossa natureza, todos que nascem nesse mundo já nascem 
pecadores. Por essa razão, a Igreja católica, na sua compreensão do poder 
intrínseco ao sacramento do batismo, o aplica as crianças, na esperança que lhe 
seja apagado o pecado original e, caso chegue a morrer, não perca a salvação. 
Nesse contexto, surge a seguinte questão: seria possível alguém escapar 
dessa condição? Paulo explica que não, “pois todos pecaram e destituídos estão da 
glória de Deus” (Rom 3:23). 
 Deus proveio o meio ou o método pelo o qual o homem pode ser salvo. É a 
justificação ou justiça pela fé. Deus como juiz declarando justo aquele que aceitou 
 
24 
 
Jesus Cristo como Salvador, a justiça de Cristo reveste o pecador que crer em 
Jesus, e, consequentemente, a Sua justiça lhe é imputado pela fé (Rom 3:21-28). 
Essa justiça é universal (Rom 3:29 e 30). Essa justiça honra a lei, pois a lei pede 
justiça e a justiça apresentada no tribunal é a pureza de Cristo que veste todo 
aquele que crer (Rom 3:31; 4.5). 
 
Paulo ilustra o plano da salvação por meio da vida de Abraão (Rom cap. 4) 
 
 Paulo explica como o homem é justificado pela fé e usa a história de Abraão e 
o modo como ele foi justificado. O apóstolo deixa claro que não foi por obras que 
Abraão foi justificado, mas pela fé. Todos nós lembramos como Abraão foi 
obediente ao ponto de se dispor a sacrificar seu próprio filho Isaque. Então pensam 
que foi chamado o pai da fé por esse motivo. Paulo nos explicará que antes mesmo 
de praticar qualquer obra, primeiro Abraão creu e foi justificado por causa da sua fé. 
Isso “porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se gloriar, porém não 
diante de Deus. Por que diz a escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi 
imputado para justiça” (Rom4: 2,3). 
 A questão toda é sobre o meio pelo qual o homem pode ser justificado diante 
de Deus. Paulo defende que é por meio da fé, e não das obras. 
A justificação dele foi: 
a) independente das obras (vv. 1-6); 
b) independente das ordenanças (vv. 9-12); 
c) separado da lei (vv. 13-25). 
 A salvação é uma benção que vem de Deus. O fundamento de tudo é Seu 
amor e a misericórdia que deseja salvar o homem. Foi por meio da morte e do 
sacrifício de Cristo que ao assumir nossa culpa pagou o preço dos nossos pecados. 
(Cf. vv. 5:1-11). A salvação a que Deus proveio é abrangente e alcança a todos, 
indistintamente. É gratuita (Rom 5:12-21). Tanto que uma vez que o homem 
experimente a salvação, o dom gratuito não é uma autorização para continuar na 
prática do pecado. Ele deve crucificar o velho homem e procurar viver uma vida de 
santidade diante de Deus (Rom 6:1-23). 
 
 
25 
 
 As lutas contra a velha natureza ocorrem antes e depois de experimentarmos a 
salvação. Elas são descritas pelo apóstolo em Romanos, capítulo 7. A velha 
natureza manifesta-se através dos desejos pecaminosos ou desejos da carne. Sobre 
a luta das duas naturezas que Paulo menciona, no qual ele próprio está envolvido, 
discute se ela ocorreria antes da sua conversão ou depois. Esse é um assunto no 
qual os eruditos não chegam a um acordo. Assim, se Cristo pede a seus discípulos 
para orar e vigiar para que não entreis em tentação, deduz-se daí que as tentações 
ocorrem antes e depois da conversão. 
A tentação pode ser externa e interna. A tentação interna existe em função da 
natureza pecaminosa presente no homem. Conclui-se com isso que a conversão 
não destrói a natureza pecaminosa, por isso, Paulo a descreve crucificada, meio 
neutralizada, mas não morta. Se assim o fosse, uma pessoa convertida se tornava 
“santa em carne” e jamais cairia ou tropeçaria no pecado, no entanto, a experiência 
cristã mostra outra realidade. A velha natureza só será destruída na glorificação, na 
segunda vinda de Cristo, quando o mortal for revestido de imortalidade (Rom 7:7-
24). 
O plano da salvação tem o objetivo de transformar e renovar o homem criado 
por Deus. O apóstolo Paulo descreve em (Rom capitulo 8) o ápice dessa 
experiência. A salvação proporciona uma nova vida espiritual para aqueles que a 
experimentam. Em (Rom capítulo 9), ele abre um parênteses e passa a demostrar 
sua preocupação com o destino do seu próprio povo: “os judeus”. Eles rejeitaram o 
salvador. Em (Rom. 9:1-5), ele tratará sobre o tema muito debatido do “mistério da 
eleição” divina e o trato de Deus com Israel, a saber: 
a) os privilégios especiais de Israel (Rom 9:4 e 5). Veja também (Rom 3:1 e 
2); 
b) a distinção entre os descendentes naturais de Abraão e os espirituais 
(Rom 9:14-24); 
c) o ministério da soberania divina (Rom 9:14-24); 
d) os profetas predisseram o fracasso dos judeus em viver de acordo seus 
privilégios, o chamado aos gentios e sua aceitação do plano com divino de 
justificação pela fé (Rom 9:25-33). 
 
26 
 
Paulo entende que os judeus interpretaram erroneamente o plano da 
salvação. Eles pensaram que ela consistiria num sistema de boas obras meritórias 
que garantiriam a aquisição da salvação por meios próprios ou justiça própria (Rom 
10:1-3). 
 
Meritória: Merecedor de mérito, de apreço, de louvor e elogio. 
 
 Entre as facções existentes no judaísmo dos dias de Jesus, os fariseus eram 
os mais influentes sobre o povo. Eles criaram um sistema de regras tão detalhado 
acerca dos vários aspectos da vida religiosa que acabaram criando um fardo muito 
pesado sobre eles e sobre o povo. Julgavam que praticando uma obediência estrita 
estariam agradando a Deus. No entanto, acabaram se perdendo na formalidade das 
normas e esquecendo os grandes princípios como o amor, a misericórdia e a fé. 
Assim, mesmo professando servirem a Deus, enumeraram 613 mandamentos 
encontrados na Toráh e ensinavam a estrita obediência a todos eles. A obra de 
Jesus não dá ênfase ao legalismo e sim à disposição interior de atender aos 
princípios do amor, da misericórdia e da justiça, em harmonia ao princípio do amor 
ao próximo. 
 Jesus reprovou os fariseus diretamente quando disse: “ais dos fariseus”, 
“atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem nos ombros dos homens; 
eles, porém, nem com o dedo querem movê-los” (Mateus 23.4). Eles impunham uma 
norma tão pesada sobre os outros, na qual eles mesmos não eram capazes de 
segui-las. Conforme enumeradas a seguir: 
1) a explicação do plano de salvação pela fé e a promulgação de sua 
aplicação universal (Rom 10:4-18). 
2) o relacionamento de Deus com Israel (Rom 10:19-11:12). 
3) os gentios são advertidos a não se vangloriar de seus privilégios e a 
se cuidar para não cair em condenação (Rom 11:13-22). 
4) a profecia da restauração de Israel e a declaração de que os mistérios 
dos caminhos de Deus são insondáveis (Rom 11:23-36). 
 
 
 
27 
 
Segunda parte do Livro de Romanos 
Na segunda parte do livro de Romanos, do capítulo 12 ao 16, contém mais 
exortações e instruções acerca dos deveres cristãos. O capítulo 12 apresenta uma 
lista dos dons espirituais e um excelente resumo dos deveres cristãos encontrados 
na Escritura. 
Entres outras recomendações temos: “Portanto se o teu inimigo tiver fome, 
dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás 
brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal 
com o bem” (Rom 12:20,21). 
 
No capitulo 13 poderiam ser estudado da seguinte forma: 
1) deveres cívicos e sociais (Rom 13: 1-10); 
2) o dever de viver na luz (Rom 13: 11-14); 
3) deveres para com o fraco (Rom 14:1 a 15:7); 
4) não devemos julgá-los (Rom 14:1-13); 
5) devemos ter cuidado em não ofendê-los (Rom 14:15-23); 
6) devemos ajudá-los e não agradar-nos a nós mesmos (Rom 15:1-7). 
 
Pensamentos Finais. Principalmente experiências pessoais e saudações. 
Cap. 15 (Cont.) 
1) razões para dar graça da parte dos gentios e a propagação do ministério 
do apóstolo entre eles (Rom 13: 8-21); 
2) o desejo de Paulo de visitar Roma e suas saudações a vários amigos 
cristãos (Rom 15:22-16:16); 
3) palavras finais e bênção (Rom 15: 17-27). 
 
 
28 
 
O Evangelho em Romanos 
Quando falamos em evangelho em Romanos, não queremos indicar que haja 
ali, uma narração da vida de Jesus como ocorre nos quadros evangelhos, mas sim a 
interpretação de Paulo acerca da vida, morte e ressurreição de Jesus. Com isso, 
queremos entender a forma como ele compreendeu as boas novas que recebera do 
Cristo por meio das revelações. Em que consistia esse evangelho e que influência 
tinha na vida de cristãos judeus e gentios? De que modo esse evangelho 
efetivamente mudava as pessoas? Judeus e gentios podem desfrutar juntos das 
bênçãos desse evangelho? 
Segundo Brokke (1981), “o evangelho é uma intervenção misericordiosa” da 
administração do céu na vida humana através do Deus-Homem Jesus, “é a 
implantação do céu no homem, regada pelo amor e santidade de Deus objetivando a 
salvação de todo aquele que crê nele e se apropria de seus frutos” (BROKKE, 1981, 
p.13). 
 O evangelho no livro de Romanos é entendido dentro do prisma da doutrina 
da justificação pela fé. A justificação pela fé significa que a salvação não depende 
das obras, dos rituais, nem das atividades de um sacerdote. Ela depende da 
resposta do crente à Palavra de Deus em Jesus Cristo. Como pode notar, esse 
ensinamento põe abaixo todo o sistema ritualístico sacerdotal judaico ou qualquer 
outro que pretenda intrometer-se entre Deus e o homem. Penitências, 
peregrinações, mortificações corporais, jejuns, nada possui real valor salvífico, 
somente os méritos de Cristo é que salva. 
 A igreja deixou de ser uma hierarquia clerical realizando ritos considerados 
indispensáveis, em favor dos membros; deixou de ser umacasta de sacerdotes 
dotados de poderes misteriosos. No entanto, ela ainda é o sacerdócio de todos os 
crentes em Cristo e um ministério credenciado pela vocação do Espírito Santo, pelo 
competente exame da vida e da doutrina, mas também pelo consentimento do povo 
interessado. Se aceita esta doutrina da justificação, o leigo, ou seja, o homem 
comum, passa a ocupar o centro. Isso porque esta doutrina coloca o homem face a 
face com Deus, humilhado até o pó diante de Deus, é que Ele pode levantá-lo e 
firmá-lo sobre seus pés. O homem que assim procede para com Deus, que foi 
erguido e firmado pelo poder e graça do Onipotente, jamais poderá ser escravizado 
 
 
29 
 
em espírito por qualquer outro homem. A doutrina da justificação pela fé é 
subjacente às formas que a democracia tomou nos países mais profundamente 
influenciados pela Reforma – é-lhes subjacente e as cerca das provisões básicas. É 
baluarte da verdadeira liberdade. Lutero foi acusado de ‘incitar revolução, dando ao 
povo comum a consciência de sua prodigiosa dignidade perante Deus’. Como 
poderia repelir a acusação? O Evangelho, como o aprendeu de Paulo, faz 
precisamente isso. 
Todavia, apesar de a justificação dos pecadores pela fé somente ser crucial 
para o Evangelho paulino, ela não esgota aquele Evangelho. Paulo coloca a 
doutrina da justificação – juntamente com outras doutrinas – no contexto da 
nova criação que veio à existência com Cristo e em Cristo. Que a absolvição 
no dia do juízo é pronunciada aqui e agora em favor daqueles que põem 
sua fé em Jesus, é parte integrante da verdade que afirma que, para eles, ‘a 
velha ordem passou, e uma nova ordem começou’ (II Coríntios 5:17, NEB) – 
verdade tornada real em sua experiência presente, pelo advento e pela 
atividade do Espírito (BRUCE, 1969, p. 35-37). 
 
Salvífico: Que salva, o sacrifício salvífico de Cristo. 
 
 
Influência de Romanos sobre a Teologia Agostiniana 
 
Santo Agostinho 
Um dos teólogos mais conhecidos e competentes do período patrístico foi 
Santo Agostinho de Hipona. Este brilhante teólogo e filósofo recebeu influência 
direta do apóstolo Paulo, claramente perceptível em suas obras, principalmente na 
obra “O Livre Arbítrio”. Nela desenvolve temas como: o bem e o mal, a liberdade, o 
livre arbítrio, a predestinação e a Graça. 
A própria conversão de Agostinho esteve relacionada diretamente com a 
leitura do apóstolo Paulo. Enquanto professor de retórica em Milão, sentado nos 
jardins da casa de seu amigo Alípio, pôs-se a chorar. Foi quando ouviu uma criança 
cantar numa casa vizinha: Tolle, lege! Tolle lege! (“Pega e lê! Pega e lê!”). Ele pegou 
o manuscrito da carta aos Romanos que estava próximo e leu o que primeiro seus 
olhos viram: “não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não 
em contendas e ciúmes; mas revestir-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais 
 
30 
 
para a carne, no tocante às suas concupiscências” (Rom 13.13,14). “Não li mais 
nada”, diz-nos ele, “e não precisei de coisa alguma. Instantaneamente, ao terminar a 
sentença, uma clara luz inundou meu coração e todas as trevas da dúvida se 
desvaneceram” (AGOSTINHO apud BRUCE, 1989). 
Nas palavras de Bruce, “o que a igreja e o mundo devem a este influxo de luz 
que iluminou a mente de Agostinho quando leu essas palavras de Paulo, é algo que 
está além da nossa capacidade de avaliação” (BRUCE, 1989, p. 51). 
 
Influência de Romanos sobre Lutero 
 
 Em novembro de 1512, Martinho Lutero, monge agostiniano e professor de 
teologia sagrada da Universidade de Wittenberg começou a expor a Epístola de 
Paulo aos Romanos aos seus alunos e continuou este curso até setembro seguinte. 
Conforme preparava as suas preleções, foi apreciando cada vez mais a centralidade 
da doutrina paulina da “justificação pela fé”. “Ansiava muito por compreender a 
Epístola de Paulo aos Romanos”, escreveu ele. Nada me impedia o caminho, senão 
a expressão: ‘a justiça de Deus’, porque a entendia como se referindo àquela justiça 
pela qual Deus é justo e age com justiça quando pune os injustos. Noite e dia eu 
refletia até que captei a verdade de que a justiça de Deus é aquela justiça pela qual 
se atinge mediante a graça e a pura misericórdia. Ele nos justifica pela fé. Daí por 
diante, senti-me renascer a atravessar os portais abertos do paraíso. Toda a 
Escritura ganhou novo significado e, ao passo que antes ‘a justiça de Deus’ me 
enchia de ódio, agora me tornava indizivelmente belo e me enchia de maior amor. 
Esta passagem veio a ser para mim uma porta para o céu. Tanto que “as 
consequências desta nova compreensão que Martinho Lutero obteve do estudo de 
Romanos tiveram grande repercussão na história” (BRUCE, 1969, p.52). 
Conforme Bruce (1989, p. 52): 
O que sucedeu com Agostinho, Lutero, Wesley e Barth acionou grandes 
movimentos espirituais que deixaram sua marca na história do mundo. Mas 
coisas parecidas com essas aconteceram muito mais vezes com pessoas 
bem comuns, quando as palavras desta epístola penetraram nelas com 
poder (BRUCE, 1989, p.52). 
 
 
 
31 
 
Em agosto de 1918, Karl Barth, pastor em Safenwil, do Cantão de Aargau, na 
Suíça, publicou uma exposição da Epístola aos Romanos: “O leitor”. No prefácio ele 
diz que perceberá por si mesmo que foi escrito com um jubiloso sentimento de 
descoberta. A poderosa voz de Paulo era nova para mim. E se o era para mim, 
certamente, o seria para muitos outros também. Entretanto, agora que terminei 
minha obra, vejo que resta muita coisa que ainda não ouvi, mas o que ouviu, 
escreveu e a primeira edição do seu Römerbrief caiu “como uma granada no pátio 
de recreio dos teólogos”. As repercussões daquela explosão estão conosco ainda 
(BRUCE, 1989, p.52). 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
 
AS CARTAS PAULINAS: 
I E II CORÍNTIOS E 
GÁLATAS 
2 
Conhecimento 
Conhecer os aspectos relevantes introdutórios das cartas de 1ª e 2ª Coríntios e 
Gálatas: sinopse, mensagem principal, circunstancias históricas relacionadas à 
origem das cartas, data, autoria e destinatários. 
 
Habilidade 
Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema, bem como, ser capaz 
de fazer exposição escrita, em eventos, palestras, seminários em ambientes 
acadêmicos, entre outros. 
Atitude 
Buscar desenvolver e exercitar a capacidade reflexiva crítica acerca do objeto 
estudado e incorporá-la na sua práxis. 
 
 
 
33 
 
Primeira Carta aos Coríntios (I Coríntios) 
 
 A cidade de Corinto estava localizada numa estreita faixa de terra entre o Golfo 
de Corinto e o Golfo Sarônico. Era uma cidade muito próspera comercialmente. 
Corinto era o centro de várias rotas comerciais e uma parada natural de quem ia de 
Roma para o Oriente. Na época de Paulo, a cidade era colônia romana, habitada por 
romanos, mas também por um grande número de gregos e outras raças orientais. 
Inclusive havia uma população bem numerosa de judeus, o suficiente para terem ali 
uma sinagoga (Atos 18.4). 
O apóstolo Paulo é o autor da carta e foi o fundador da Igreja de Corinto em 
sua segunda viagem missionária. Orgulhavam-se dos seus conhecimentos 
filosóficos, embora fossem bastante imorais, pelo menos para os padrões do 
judaísmo e do cristianismo. Eram apaixonados por oratória. Não foi sem razão que 
Apolo, um judeu cristão muito eloquente, ganhou a admiração dos gregos logo que 
chegou à cidade (Atos 18:24-28). 
Eles começaram a fazer comparações entre o eloquente e persuasivo Apolo 
com outros líderes, como Paulo, que parece não ter impressionado muito, até 
mesmo em virtude da sua aparência física (II Cor 10:10). 
 Talvez esse tenha sido um dos motivos das divisões da igreja (I Cor 1:11-13). 
Paulo queria livrar a Igreja dessas divisões e facções “espirituais”, bem como das 
imoralidades. Essa foi a causa principal da carta aos Coríntios. 
 Paulo demostra dois objetivos ao escrever a Carta: reprovar aqueles que se 
afastaram doensinamento correto e esclarecer aspectos obscuros para àqueles que 
queriam compreender melhor a doutrina. 
 
SINOPSE 
 A carta de Paulo pode ser dividida em duas partes: 
Na primeira parte, o tema principal é “a purificação da igreja de falsos conceitos 
de ministério, do orgulho intelectual, de males sociais e outras irregularidades” (I Cor 
cap. 1-11). 
 
34 
 
Paulo apresentará as compreensões errôneas ou falsas do ministério (I Cor 
1:12-17; 3:4-7, 21-22; 4:6 e 7). 
Podemos montar o seguinte esquema da carta: 
 1) a saudação (I Cor 1:1-9); 
 2) a necessidade de purificar a igreja das divisões parciais, do culto aos 
homens e do gloriar-se na sabedoria mundana (I Cor 1:10-31); 
 3) o ministério exemplar de Paulo. Este não tentava mostrar sabedoria 
mundana, simplesmente declarava a sabedoria de Deus numa mensagem revelada 
pelo Espírito Santo (I Cor 2:1-16). 
4) a disputa sobre os líderes é uma característica de imaturidade e carnalidade 
(Cor 3:1-8); 
 5) o verdadeiro ponto de vista do ministério (I Cor 3:1-2; 3.6-8; 3.9; 3.10; 4.1,2; 
4.9-13; 4.16-17; 4.18-21); 
 6) o dever de purificar a igreja (I Cor 5.1-13; 6.1-8; 6.9-20); 
 7) a santificação do matrimônio, de todas as relações sexuais e as supremas 
aspirações da vida espiritual (I Cor 7:1-40); 
 8) os ideais cristãos exigem o sacrifício de certos direitos e privilégios para o 
bem do ignorante e do fraco. Por exemplo, comer carne que tenha sido oferecida a 
ídolos (I Cor 8:1-13). 
 9) o exemplo de Paulo, ao renunciar certos direitos e liberdades a fim de 
ganhar as pessoas para Cristo (I Cor 9:1-27); 
 10) o exemplo da infidelidade de Israel é uma advertência à igreja (I Cor 10:1-
15); 
 11) a comunhão nos elementos da Ceia do Senhor requer separação de 
associação mundanas (I Cor 10:16-21); 
 12) a influência cristã deve ser cautelosa quanto às comidas e às bebidas (I 
Cor 10:23-33); 
 13) os costumes sociais devem ser observados quanto às vestes (I Cor 11:1-
16); 
 
 
35 
 
 14) a purificação da igreja quanto às desordens acerca da ceia do Senhor e à 
observância devida (I Cor 11:17-34). 
 
A segunda parte é composta de instrução doutrinária e conselhos, tais como: 
 1) a diversidade dos dons espirituais (I Cor 12:1-31); 
 2) a preeminência do amor (I Cor 13:1-1); 
 3) a preeminência da profecia sobre o dom de línguas e a importância da 
devida ordem nas reuniões públicas (I Cor 14:1-40); 
 4) a doutrina da ressurreição (I Cor 15:1-58); 
 5) instrução finais e saudações (I Cor 16:1-24). 
 Paulo fornece orientação para os cristãos que querem viver uma vida digna. 
Ele tratou na carta de temas como a conduta moral, o casamento, ordem nas 
reuniões de culto e outros temas citados acima. Iremos agora destacar com um 
breve comentário o tema da ressurreição e a volta de Cristo ao planeta terra, 
descritas em I Coríntios, capítulo 15. 
 
Ressurreição, a volta de Cristo e a trombeta. 
 O apóstolo Paulo escreveu: “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ao 
soar a última trombeta. Pois a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão 
incorruptíveis, e nós (os vivos) seremos transformados” (I Cor 15.52). 
 Na antiguidade, a trombeta era um instrumento com função importante e 
diversificada: podiam convocar uma guerra ou convidar pessoas para uma 
solenidade religiosa. João, no Apocalipse, também usa a trombeta. As sete 
trombetas no apocalipse simbolizam juízos de Deus, avisos com o fim de produzir 
despertamento para o maior acontecimento profético: o toque da sétima e última 
trombeta, a volta de Jesus, quando “os reinos do mundo serão entregues ao nosso 
Senhor e ao seu Cristo e Ele reinará para todo o sempre” (Apoc 11:15). 
 A sétima trombeta marcará: 
1) o desfecho semifinal da vitória do bem contra o mal; 
 
36 
 
2) a ressurreição dos justos mortos (I Cor 15: 52); 
3) a transformação dos justos (I Cor 15: 52); 
4) a vitória sobre a morte (I Cor 15: 55 e 56); 
5) a vitória sobre o pecado (I Cor 15: 56). 
“Num momento, num abrir e fechar de olhos" (I Cor 52). Alguns veem nesse 
versículo base para o arrebatamento secreto. Entretanto, o texto indica um evento 
repentino que será sucedido pela ressurreição. “A trombeta soará e mortos 
ressuscitarão” (I Cor 52). Ao som da trombeta os mortos ressuscitam. Dificilmente os 
vivos não perceberiam o soar da trombeta. 
 
Como ressurgirão os mortos e o que ocorrerá aos vivos? 
Paulo vincula a ressurreição dos mortos à segunda vinda. No entanto, surge a 
seguinte questão: como eles ressuscitariam e em que corpos? Os mortos 
ressurgirão incorruptíveis, diz a Bíblia (I Cor 15:52), e os vivos serão transformados, 
ficarão sem corrupção, perfeitos, irrepreensíveis e terão corpos imortais (I Cor 15: 
53,54). 
A vitória final sobre a morte, sobre o pecado, sobre Satanás finalmente 
sobrevirão aos justos. “Mas graças a Deus que nos dá vitória por nosso Senhor 
Jesus Cristo” (I Cor 15:57). 
 
Segunda Carta aos Coríntios 
 
Assim como a primeira, a segunda Carta aos Coríntios também é da autoria 
do apóstolo Paulo. O tema principal parece oculto, contudo, se deduz que o objetivo 
dele era defender o seu apostolado, pois este se vinculava com o verdadeiro 
evangelho. Portanto qualquer dúvida a sua autoridade apostólica colocava em xeque 
a sua pregação inteira. 
 Nas duas cartas, encontram-se indicativos de que naquela Igreja se 
questionavam a autoridade apostólica de Paulo. Esta é a Carta em que Paulo mais 
fala de si mesmo, do seu próprio ministério. Ele abre seu coração e revela seus 
motivos, sua paixão espiritual e seu entranhável amor pela igreja. 
 
 
37 
 
Esses são versos chaves para entender a carta: (II Cor 3:1; 5:12; 7:2; 10:2 e 
3; 11:5 e 6; 12:11; 13:3). 
 
 Sinopse 
 Não há divisões definidas de pensamento na carta, mas o tema pode ser 
classificado sob três títulos. 
 
1º As características do ministério do apóstolo: 
1) consolador (II Cor 1:4-7; 7:7, 13); 
2) sofrido (II Cor 1:5-9; 4:8-12; 5:4; 6:4-10; 7:5; 11:24-28; 12:7-1); 
3) sincero (II Cor 1:12; 2:17; 4:2; 7:2); 
4) constante (II Cor 1:17-19; 4:1, 16); 
5) interessado (II Cor 2:3-4; 7:7-8; 11:2 e 3; 12:20-21); 
6) triunfante (II Cor 2:14; 4:8 e 9; 12:10); 
7) abnegado (II Cor 4:5, 11, 15; 5:13; 11:7, 9); 
8) o amor de Cristo é o motivo predominante (II Cor 4:11; 5:14); 
9) espiritual (II Cor 4:18; 5:16; 10:4); 
10) persuasivo (II Cor 5:11, 20; 6:1; 10:1 e 2); 
11) reconciliador (II Cor 5:19-21); 
12) demonstrado em seriedade, nas aflições e nas boas obras (II Cor 5:13; 
6:4-10; 12:12); 
13) autoritário (II Cor 10:1-11); 
14) autossuficiente (II Cor 11:9). 
2º Exortações e instruções da generosidade (II Cor caps. 8 e 9). 
3º O apostolado de Paulo: 
1) desacreditado por alguém da igreja (II Cor 10:7-10; 12:11; 13:3); 
2) sua autoridade (II Cor 2:9; 13:2). 
 
38 
 
Porções Seletas: 
1) o ministério ideal (II Cor 4:1-18); 
2) o triunfo sobre a morte (II Cor 5:1-9); 
3) o chamado à separação do mundo (II Cor 6:14-18); 
4) a lista dos sofrimentos que Paulo suportou (II Cor 11:24-33). 
 
Paulo fez três visitas à cidade de Corinto. Primeiro quando foi fundada a 
igreja, depois a visita penosa e mais uma visita depois de ter sido enviada a 
Segunda carta. 
Segundo Morris (1979, p. 18), na Bíblia há duas cartas aos Coríntios, mas em 
realidade São Paulo escreveu quatro cartas àquela igreja: 
1ª – Uma chamada de carta anterior (I Cor 5.9); 
2ª– A que conhecemos como (I Coríntios); 
3ª – Outra chamada de carta severa (II Cor 2.4 7.8); 
4ª – A Quarta que conhecemos como (II Coríntios). 
 
 
Porção Seleta: Conjunto de trechos literários selecionados; antologia. 
 
 
Carta aos Gálatas 
 
A autoria da carta aos Gálatas pertence ao apóstolo Paulo, escrita 
provavelmenteno ano (55-60 a.C.) e destinada aos membros da Igreja da Galácia, 
uma região da Ásia Menor cujos limites não têm sido determinados com segurança. 
O tema principal da carta é a defesa da doutrina da justificação pela fé. 
Concomitantemente, pretendia advertir aqueles membros que estavam querendo 
aderir ao Judaísmo, bem como vindicar seu apostolado. 
Alguns escritores têm chamado de “Carta Magna”. Seu argumento é a defesa 
da liberdade cristã frente ao judaísmo. Ou seja, a conversão ao Cristo confere total 
 
 
39 
 
liberdade ao cristão, tornando nulo ou desnecessário as práticas do judaísmo e suas 
observâncias à Toráh. O fato era que falsos mestres insistiam que as antigas 
observâncias da lei eram necessárias à salvação. Sabemos que os primeiros 
seguidores de Jesus eram judeus, assim como ele próprio o era. Logo os primeiros 
cristãos eram todos judeus e certamente não deixaram facilmente suas práticas 
judaicas. Essa mudança de experiência foi lenta e não repentina. Contudo, 
principalmente após a obra missionária de Paulo os gentios abraçaram a fé e se 
tornaram membros da Igreja. Esta igreja era composta de judeus cristãos e agora 
alguns desses mestres queriam impor as regras do judaísmo sobre os cristãos 
gentios. 
O texto chave da carta sem dúvida é Gálatas 5.1: “Foi para a liberdade que 
Cristo nos libertou. Portanto permaneçam firmes e não se deixem submeter 
novamente a um jugo de escravidão”. Os versos a seguir apresentam uma 
sequência chave para se compreender o pensamento central da carta: (Gal 1:6; 
2:16; 3:1-11; 4:9-11; 5:1-7; 6:15). 
As palavras chaves são: fé, graça, liberdade, cruz. A carta pode ser dividida 
em quatro partes: 
 
Parte I: Saudações e introdução (Gal 1:1-9). 
Parte II: Narrativa das experiências de Paulo em apoio à sua pretensão 
de possuir verdadeiro apostolado. 
1) O evangelho que ele pregou veio diretamente por revelação de Cristo, 
quando ele era um judeu fervoroso que perseguia a igreja (Gal 1:10-16). 
2) Por vários anos permaneceu longe da igreja em Jerusalém e trabalhou 
independentemente dos outros apóstolos (Gal 1:17-23). 
3) Esteve sob a direção divina em seu labor entre os gentios, e no caso de 
Tito, em grego, havia insistido em que ele deveria estar livre da 
observância da lei cerimonial (Gal 2:1-5). 
4) A igreja de Jerusalém respaldou seu apostolado e seu trabalho entre os 
gentios (Gal 2:7-10). 
 
40 
 
5) Não vacilou em repreender a Pedro, a Barnabé e a outros judeus cristãos 
quando viu que eles estavam cedendo a tendências cerimoniais (Gal 2:11-
14). 
Parte III: A defesa de Paulo da doutrina, da justificação pela fé, sem as 
obras da lei. 
1) Ao mostrar a insensatez dos judeus cristãos que abandonavam sua nova 
fé e sua luz e regressavam ao antigo legalismo (Gal 2:15-21). 
2) Ao apelar para as anteriores experiências espirituais dos Gálatas (Gal 3:1-
5). 
3) Ao mostrar que Abraão foi justificado pela fé (Gal 3:6-9). 
4) Ao mostrar que a lei, além de não ter poder de redenção, trouxe maldição 
ao desobediente, da qual Cristo redimiu os crentes (Gal 3:10-14). 
5) Ao provar que a lei não cancelava o pacto da salvação pela fé (Gal 3:15-
18). 
6) Ao indicar que a lei, como um guia, tinha o propósito de conduzir a Cristo 
(Gal 3:19-25). 
7) Ao mostrar os prejuízos dos que renunciam a sua fé em Cristo e voltam ao 
legalismo. 
Parte IV: Advertências, instruções e exortações. 
1) Advertências acerca dos falsos mestres e o mau uso da liberdade (Gal 
5:7-13). 
2) Exortações acerca da vida espiritual. 
3) Características da vida espiritual. 
4) Contraste entre a doutrina dos falsos mestres e a de Paulo. A primeira, se 
gloria nos ritos cerimoniais e nas marcas da carne; a segunda, na cruz e 
nas marcas do Senhor Jesus (Gal 6:12-17). 
 
Alguns religiosos querem insistir que a lei em Gálatas não é o decálogo, pois 
estes tratam de mandamentos morais, portanto são vigentes na Nova Aliança. Falam 
de uma lei moral e de uma lei cerimonial. Mas os judeus não faziam essa diferença. 
 
 
41 
 
Para eles, todas as leis deveriam ser observadas, pois todas foram dadas por Deus 
a Moisés. Por isso, é superficial criar dois códigos de lei moral e cerimonial. Embora 
saibamos que nessa única lei havia aspectos morais e cerimoniais, preceitos civis, 
dietéticos e sanitários; porém todos esses preceitos faziam parte de um único corpo, 
a Toráh, a Lei. 
O cristão deve guardar os preceitos morais exemplificados na vida de Cristo 
porque esta é a vontade de Deus. Contudo não é por guardar mandamentos morais 
que ele é salvo. Guardar mandamentos para obter a salvação é um erro e quem age 
assim se afasta da graça (Gal 5:1,4). Para estes, Cristo morreu em vão (Gal 2:21). A 
advertência do livro de Gálatas aplica-se a eles. O cristão guarda os mandamentos 
de Cristo não para obter a salvação, mas porque sua conversão o põe em 
conformidade com a vontade de Cristo. Na realidade somente o homem salvo pode 
obedecer à palavra de Cristo. 
 
 Carta aos Efésios 
Paulo também é o autor desta carta. Provavelmente ela foi escrita em Roma 
no ano (60-64 d.C). Em sua primeira (Atos 18:18-21) e segunda visita, o Espírito 
Santo foi dado aos crentes (Atos 19:2-7); continua seu trabalho com um êxito 
extraordinário (Atos 19:9-20); seu conflito com os artífices (Atos 19:23-41); sua 
palavra aos anciãos efésios (Atos 20:17-35). 
 Os judeus convertidos nas igrejas primitivas se inclinavam a ser exclusivos e a 
separar-se de seus irmãos gentios. Esta situação na igreja de Éfeso pode ter 
motivado o apóstolo a escrever esta carta, cuja ideia fundamental é a unidade cristã. 
Cadeia Chave: mostrar a corrente do pensamento (1:10; 2:6, 14-22; 4:3-16). 
Tema Principal: a unidade da igreja, especialmente entre os crentes judeus e 
gentios. 
Percebe-se esta intenção na ocorrência de certas palavras e frases, como: 
 1) As palavras com e juntamente (1:10; 2:6; 2:22); 
 2) A palavra um – um só novo homem;(2:14 e 15), um só corpo, (2:16); um 
Espírito, (2:18); uma esperança (4:4); um Senhor, uma fé, um batismo, um Deus e 
Pai de todos (4:5 e 60). 
 
42 
 
Outras palavras e frases repetidas 
1. Em Cristo (1:1, 3, 6, 12, 15, 20; 2:10, 13; 3:11; 4:21). 
2. Nos lugares celestiais (1:3, 20; 2:6; 3: 10). 
3. Riquezas de graça (1:7; 2:7); 
4. Riquezas de glória (1:18; 3:16); 
5. Riquezas de Cristo (3:8). 
 
SINOPSE 
 
PARTE I: A Igreja e o plano de Salvação. 
Ao discutir o plano de salvação nas diferentes epístolas, Paulo varia sua 
ênfase: em Romanos, ele faz firmado sobre a Fé sem as obras; em Gálatas, sobre a 
Fé sem as observâncias cerimoniais; em Efésios, sobre a unidade dos crentes. 
(Cap. 1) 
 1) A saudação (vv. 1 e 2). 
 2) A origem divina da Igreja (vv. 3-6). 
 3) O plano de salvação. 
(Cap 2 e 3) 
PARTE II: A aplicação prática. 
O propósito do plano divino em relação à Igreja. 
(Cap. 4). 
 1) A unidade dos crentes. 
 2) A vida cristã consequente, o andar dos crentes. 
(Cap. 5). 
 3) A vida no lar. 
(Cap. 6). 
 4) A luta espiritual. 
 5) Palavras finais e bênçãos (vv. 19-24). 
 
 
43 
 
 
Seleções escolhidas 
a) Orações de Paulo pela Igreja (Efésio 1:16-23; 3:14-21). 
b) A unidade cristã (Efésio 4:3-16). 
c) A Armadura Espiritual (Efésio 6:10-17). 
 
Carta aos Filipenses 
 
 A data da carta é incerta, provavelmente tenha sido escrita em Roma, ano 
(60-64 d.C). A igreja em Filipos era uma igreja ideal em muitos sentidos. Era 
agradecida e bondosa. Veja (Fil 4:15 e 16); (II Cor 8:2). 
 Ela foi fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária, em meio a uma 
tempestade de perseguições. O começo da obra limitava-se a umas poucas 
mulheres que se reuniam perto do rio. Lídia, uma vendedora de púrpura, foi à 
primeira convertida, mas logo se uniram a ela o carcereiro de Filipos e sua família. 
Estes ou talvez um pouco mais se converteramno núcleo da igreja. Veja (Atos 
16:12-40). 
Esta é uma carta de amor espiritual à igreja cheia de entranhável carinho e 
gratidão. Escrita em circunstâncias difíceis enquanto Paulo estava prisioneiro. A 
carta ressalta a vitória e o gozo. 
Gozo na oração (Fil 1:4), no evangelho (Fil 1:18), na comunhão cristã (Fil 2:1 
e 2), nos sacrifícios pela causa (Fil 17 e 18), no Senhor (Fil 3:1) e no cuidado 
entranhável pela igreja (Fil 4:10). 
 Jesus Cristo é a mensagem central. Tanto que no capítulo 1 ele é: 1) A fonte 
de fruto espiritual (v. 11); 2) O tema da pregação (v. 18); 3) A motivação maior do 
serviço cristão (vv. 20 e 21). No capítulo 2: 4) Ao exibir o único espírito e exemplo 
perfeito (vv. 5-11). No capítulo 3: 5) O conhecimento de quem é o supremo prêmio 
pelo qual lutar na vida (vv. 7-14), 6) A cuja aparência os corpos dos crentes serão 
semelhantes (vv. 20-21). No capítulo 4: 7) o poder é ilimitado na vida do crente (v. 
13; 8), quem é o canal de provisões divinas para cada necessidade (v 19). 
 
44 
 
 
Sinopse 
Capítulo 1 
1) Saudação (vv. 1-7). 
2) Uma declaração pessoal do apóstolo de sua vida interior e de sua atitude 
perante a igreja. 
Capítulo 2 
3) Recomendação do apóstolo e se seus mensageiros, Timóteo e Epafrodito, 
(vv.19-30). 
Capítulo 3 
4) Advertências contra os judaizantes (1-3). 
5) Narrativa das experiências do apóstolo. 
6) Outras exortações à igreja. 
Capítulo 4 
1) Palavras finais de apreço, uma promessa de provisão divina para cada 
necessidade, as saudações e a bênção (vv. 10-23). 
 
Carta aos Colossenses 
 
Autor: Paulo, o apóstolo. 
Data: Provavelmente escrita em Roma, ano (60-64 d.C.). 
A quem foi dirigida? À igreja em Colossos, uma cidade da Ásia Menor. 
Propósito: 
 1) Geral: uma mensagem de boa vontade, para exortar e ensinar os crentes. 
 2) Especial: para contestar erros doutrinários que surgiam da mescla de 
ensinos do judaísmo com a especulação oriental e filosófica. Estas heresias tendiam 
a obscurecer a glória divina de Cristo. 
 
 
 
45 
 
Características 
 A carta tem uma aparência considerável com Efésios, tanto nos conceitos 
como na linguagem. Sem dúvida, tem uma mensagem distintiva própria. Em Efésios, 
Paulo enfatiza a igreja como o corpo de Cristo, enquanto que em Colossenses ele 
ressalta a Cristo como a cabeça da igreja. 
 A advertência contra a confiança na sabedoria mundana que aparece em I 
Coríntios também aparece em Colossenses. 
 
Sinopse 
 A carta pode ser dividida em seis partes: 
PARTE I 
Capítulo 1 
 1) Saudação apostólica recomendações (vv. 1-8). 
 2) Oração pela igreja. 
PARTE II: A seção doutrinária 
Capítulo 1 
Tema principal: a glória da pessoa e a obra de Cristo. 
 1) Sua preeminência gloriosa. 
Capítulo 2 
 2) A preocupação de Paulo acerca do estado da igreja. 
PARTE III: Seção doutrinária e polêmica 
 1) O perigo da filosofia mundana e o legalismo (vv. 8). 
 2) A glória transcendente de Cristo e o poder de suas ordenanças espirituais, 
em contraste com as do sistema cerimonial (vv. 4-13). 
 3) O poder libertador da cruz de Cristo para abolir o antigo cerimonialismo (vv. 
14-17). 
 4) Advertências acerca do culto aos anjos e o misticismo falso, que não 
reconhece a Cristo como cabeça da Igreja (vv. 18 e 19). 
 
46 
 
 5) Advertências contra o cerimonialismo e o ascetismo (vv. 20-23). 
 
PARTE IV: Seção de exortações 
Capítulo 3 
 1) As aspirações e inclinações celestiais (vv. 1-4). 
 2) A subjugação das concupiscências e dos desejos carnais (vv. 5-7). 
 3) Deixar de lado as paixões e os vícios mundanos; e revestir-nos das graças e 
virtudes cristãs (vv. 8-14). 
 4) A ser governados por um espírito de paz, unidade e gratidão (v. 15). 
 5) A buscar a verdade para que sejamos ajudados mutuamente na instrução, 
na admoestação e no louvor. A fazer todas as coisas no nome de Cristo (vv. 16 e 17) 
PARTE V: Seção familiar 
Capítulos 3 e 4 
 1) Os deveres dos diferentes membros do lar cristão: esposas, esposos, filhos, 
pais, escravos e senhores (3:18-4:1). 
PARTE VI: Seção do companheirismo 
Capítulo 4 
 1) Pedido de Paulo para que orem por ele e seus conselhos acerca da conduta 
social (vv. 3-6). 
 2) Saudações finais e recomendações de trabalhadores (vv. 7-18). 
 
Primeira Carta aos Tessalonicenses 
 
O apóstolo Paulo é o autor. O ano e o lugar não podem ser determinados com 
segurança. Acredita-se geralmente que esta foi à primeira de todas as cartas de 
Paulo e que provavelmente tenha sido escrita em Corinto (49-54 d.C.). 
A Igreja foi fundada por Paulo em sua segunda viagem missionária. Ali 
encontrou uma oposição violenta a sua obra, mas teve êxito em ganhar alguns 
 
 
47 
 
judeus e numerosos gregos, o que lhe permitiu estabelecer uma igreja fiel. Veja 
(Atos 17:1-10). 
Timóteo havia sido enviado por Paulo a fim de animar e fortalecer a igreja. 
Aquele, em seu regresso, fez um relato que aparentemente inspirou o apóstolo a 
escrever a carta (3:6). 
Esta é uma das cartas mais pessoais de Paulo. Não é tão doutrinária ou 
polêmica como algumas outras. O corpo da carta consiste principalmente de 
recomendações, reminiscências pessoais, conselhos e exortações. 
 A verdade central, ressaltada amplamente, é a esperança futura da vinda de 
Cristo. 
Sinopse. 
A carta pode ser dividida em seis partes. 
Parte I: Seção de encômio (Elogio) 
Capítulo 1 
 1) Saudação (v. 1). 
 2) Elogia a igreja, por sua fé e seu serviço entranhável (vv. 2-4); sua 
receptividade espiritual (vv. 5 e 6); sua influência exemplar (vv. 7 e 8); seu abandono 
da idolatria; e sua esperança espiritual (vv. 9 e 10). 
Parte II: Seção de reminiscência 
Paulo recorda as características de seu ministério. 
Capítulo 2 
 1) Como valoroso, sincero, temente a Deus, veraz e abnegado (vv. 2-5). 
 2) Como humilde, amável, afetuoso, trabalhador, irrepreensível e paternal (vv. 
6-12). 
 3) Refere-se à docilidade e aos sofrimentos da igreja (vv. 13 e 14). 
 4) Faz referência a seu desejo de visitar a igreja e se gloria neles como sua 
coroa de gozo (vv. 17-20). 
Parte III: Seção do mensageiro 
 
48 
 
Capítulo 3 
 1) Envia a Timóteo para fortalecer a igreja (vv. 1-5). 
 2) O informe favorável de seu mensageiro, seu resultado reconfortante e gozo 
(vv. 6-9). 
 3) A oração sincera de Paulo para que possa visitar a igreja e ajudá-los em seu 
desenvolvimento espiritual (vv. 10-13). 
Parte IV: Seção de exortação 
Capítulo 4 
 1) Exortações à pureza pessoal e social (vv. 1-8). 
 2) Exortações ao amor fraternal e ao trabalho (vv. 9-12). 
Parte V: Seção a esperança futura 
Capítulo 4: A vinda do Senhor 
 1) A esperança consoladora para os que perderam um ente querido (vv. 13 e 
14). 
 2) A ordem das ressurreições (vv. 15). Aqui o escritor bíblico esclarece que os 
vivos não irão para o céu antes dos mortos. No (vv. 16) ele explica que os que 
morreram em Cristo ressurgirão primeiro. No (vv. 17) é clarificado que vivos e mortos 
ressuscitados irão juntos “encontrar o Senhor nos ares...” A ressurreição 
mencionada São João chama de primeira ressurreição (Apoc 20.5). 
 3) Ocorrências relacionadas com a aparição de Cristo (vv. 16-18). 
 
Capítulo 5 
 4) Desconhece-se o dia de sua vinda (v. 1 e 2). 
 5) Será inesperada para os incrédulos (v. 3). 
 6) Os filhos da luz devem estar preparados (v. 4-8). 
 7) A segurança dos crentes nesse dia (v. 9-11). 
Parte VI: Seção do dever 
 1) Exortações acerca dos deveres práticos da vida cristã (5:12-22). 
 
 
49 
 
 2) Conclusões e bênção (5:23-28). 
Porções Seletas 
 A segunda vinda de Cristo (4:13-5:11). 
 Deveres práticos (5:12-22),esta é uma passagem paralela do capítulo (12 de 
Romanos). 
 
Segunda carta aos Tessalonicenses 
 
A segunda vinda de Cristo é o tema central. Provavelmente escrita em Corinto 
pouco depois da primeira carta. É evidente que certas expressões da primeira carta 
de Paulo a esta igreja haviam sido mal interpretadas. Quando se referiu à incerteza 
do dia da vinda de Cristo, suas palavras haviam sido entendidas como se houvesse 
ensinado que o dia do Senhor estava perto. 
 Esse mal-entendido resultou numa comoção desnecessária. Os convertidos 
estavam perturbados e alarmados (2:2). Tinham pontos de vista errados acerca da 
proximidade da vinda do Senhor que transtornaram suas vidas. 
 Alguns acreditam, de acordo com os versículos 2 e 3 do capítulo 2, que uma 
carta falsa, recebida pela igreja, havia agravado o problema, mas isto não passa de 
conjecturas. Não há dúvida de que a carta de Paulo foi escrita para ajudar a 
estabelecer esta confundida e preocupada igreja. 
 
Primeira Carta a Timóteo 
 
 “Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é 
a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade” (I Tim 3.15). 
As duas epístolas a Timóteo e a Tito - devido as suas instruções especiais a 
líderes da igreja, contendo conselhos e exortações a um jovem evangelista acerca 
de sua conduta pessoal e de seu trabalho ministerial - são conhecidas como 
epístolas “Pastorais”. De maneira geral, acredita-se que elas foram escritas pouco 
 
50 
 
antes do martírio de Paulo, aproximadamente em (66 d.C.). Nestas cartas, o 
apóstolo registra os seus pensamentos e sentimentos, enquanto se preparava para 
transferir o seu ministério a outros homens de Deus. 
A mãe de Timóteo era judia e os seu pai era grego (Atos 16.1). Na segunda 
viagem missionaria de Paulo, a mãe de Timóteo havia se tornado cristã. A sua mãe 
e avó haviam se instruído nas Escrituras (II Tim 1.5). 
Timóteo era nativo de Listra (Atos 16.1) e muito estimado por seus irmãos 
cristãos, tanto em Listra como em Icônio (Atos 16.2). Ele veio a conhecer o Senhor 
pelo ministério de Paulo em Listra, na primeira viagem missionária. Durante a 
segunda viagem, Paulo e Silas incluíram Timóteo no seu grupo (Atos 15.36-41). 
Para evitar críticas dos judeus, Timóteo foi circuncidado antes de partirem em 
viagem. 
O apóstolo Paulo enviou Timóteo de volta à Tessalônica como seu 
representante (I Tes 3.1,2) quando ele foi impedido por Satanás de ir pessoalmente 
(I Tes 2.17,18). Na próxima vez que ele é mencionado, Paulo está o enviando de 
Éfeso, com Erasto, para a Macedônia, em outra missão importante (Atos 19.22). 
Dali, ele devia seguir para Corinto (I Cor 4.17). Aparentemente, Timóteo era tímido, 
mas Paulo encorajou os crentes de Corinto a aceitá-lo (I Cor 16.10,11; cf. I Tim 
4.12). 
 Timóteo também acompanhou Paulo na viagem à Jerusalém (Atos 20.4,5) e 
também esteve com ele em Roma, quando Paulo escreveu três das epístolas da 
prisão (Fil 1.1; 2.19) (Col 1.1; Filemom 1). Depois de ter sido libertado do cárcere, 
Paulo envolveu-se em outro ministério no Oriente e deixou Timóteo em Éfeso (I Tim 
1.3) para lidar com os falsos doutores, supervisionar a adoração pública e nomear 
oficiais para a igreja local. Paulo esperava encontrar-se com Timóteo, mas escreveu 
uma carta porque temia atrasar-se. 
A segunda epístola a Timóteo foi escrita depois que Paulo foi preso e julgado 
outra vez. Não há indicação de Timóteo ter visitado Paulo, conforme ele pedira. Na 
verdade, nada mais sabemos sobre Timóteo, exceto que ele foi aprisionado (Heb 
13.23). 
 Paulo estava escrevendo a Timóteo para instruí-lo sobre como lidar com o 
problema crescente dos falsos doutores, que era evidente na igreja de Éfeso. O fato 
de estes falsos doutores terem se infiltrado na igreja de Éfeso era um triste 
 
 
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cumprimento da predição de Paulo, feita cinco anos antes (Atos 20.28-30). Paulo 
insistiu que Timóteo se opusesse corajosamente a estes homens maus, sustentando 
a verdade das Escrituras. 
 
Segunda Carta a Timóteo 
 
Paulo escreveu a segunda epístola a Timóteo em uma prisão de Roma, já 
perto do fim de sua ida (II Tim 1.8), aproximadamente em (66 d.C.). O livro de Atos 
termina com Paulo sendo posto em prisão domiciliar (Atos 28.30,31). Todavia, há 
evidências na segunda epístola a Timóteo, de que ele foi aprisionado uma segunda 
vez (II Tim 4.16-18). Muitos biblicistas admitem que o apóstolo fosse absolvido no 
primeiro julgamento e, subsequentemente, retornou à Grécia e à Ásia Menor para 
dar continuidade a sua obra missionária. Eles sugerem que Paulo foi preso 
novamente, levado de volta a Roma e aprisionado no local conhecido como prisão 
Mamertina. Isso é provado pelo fato de que João Marcos, que esteve presente 
durante o primeiro aprisionamento (Col 4.10), não estava junto, quando o apóstolo 
escreveu esta segunda epístola. Certos estudiosos acreditam que o segundo 
aprisionamento de Paulo foi resultado de uma acusação muito mais grave (II Tim 
2.9), do que a que o levou a prisão pela primeira vez. Paulo acreditava que a sua 
morte estava próxima, entretanto, estava satisfeito de ter feito o melhor (II Tim 4.6-
8). 
O apóstolo escreve esta carta para encorajar o jovem Timóteo na obra do 
ministério. Timóteo encontraria perseguição e turbulência ao lidar com os falsos 
ensinamentos na congregação local. O apóstolo Paulo o incentivou a exercer os 
seus dons espirituais (II Tim 1.6), a enfrentar o sofrimento corajosamente, “como 
bom soldado de Jesus Cristo” (II Tim 2.3), a lidar sensatamente com os falsos 
ensinadores na Igreja (II Tim 2.14-16) e a continuar a exibir um forte testemunho a 
favor de Cristo, como resultado da apostasia e da iniquidade do mundo (II Tim 3.1-
9). 
Alguns sugerem que Paulo escreveu uma carta mais pessoal a Timóteo, 
porque esperava morrer em breve. O estilo desta epístola é menos didático do que o 
da primeira. Paulo fala com Timóteo como um pai que logo deixará seu filho. As 
 
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referências, a herança espiritual do próprio Timóteo e ao seu chamado para o 
ministério (II Tim 1.3,4,6) revelam como Paulo refletia sobre a sua própria influência 
sobre a vida deste discípulo. 
Autor: O apóstolo Paulo. 
Lugar e Data: Provavelmente tenha sido escrita em Roma, ano 65-67 d.C., 
esta carta contém as últimas palavras do apóstolo. 
Propósito: 
(1) Geral “-“ => o de animar e instruir o jovem evangelista em seu trabalho 
ministerial. 
(2) Especial “-“ => o de pedir ao seu filho no evangelho, Timóteo, que vá logo 
a Roma levando ao apóstolo o consolo da sua companhia (II Tim 1:4; 4:9, 21). 
Marco Histórico “-“ => Geralmente se crê que Paulo esteve encarcerado 
duas vezes em Roma, e foi durante a segunda vez que escreveu esta carta. 
Anteriormente, ele havia tido alguma liberdade, pois vivia numa casa alugada (Atos 
28:30). 
Durante este tempo teria acesso aos amigos, mas agora estava 
incomunicável e Onesíforo havia tido dificuldade de encontrá-lo (II Tim 1:17). Muitos 
de seus companheiros o haviam abandonado, ele esperava ser executado logo. 
Percebe-se, através da carta, um tom triste de solidão e o anseio de Paulo de ver a 
seu amado Timóteo. 
 
Particularidades da carta 
 
 As duas cartas a Timóteo contêm exortações urgentes. É possível que Timóteo 
estivesse enfermo (II Tim 5:23). Talvez também fosse tímido (II Tim 1:6 e 7). A 
palavra “envergonhado” parece saliente na epístola. Paulo instou com ele para que 
não se envergonhasse de seu testemunho, de seu amigo prisioneiro (II Tim 1:8), ou 
de seu trabalho (II Tim 2:15). Exortou-o a se considerar como um soldado em meio 
a uma batalha renhida (II Tim 2:3 e 4). 
 
 
 
53 
 
Carta a Tito 
 
De acordo com renomados biblicistas, Tito era um gentio da Macedônia (Gal 
2.3), conduzido a Cristo por Paulo (Tito 1.4). Ele estava com o apóstolo em 
Jerusalém (Gal 2.1), quando alguns irmãos judeus dogmáticos

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