Resenha Crítica - Black Mirror

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Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora
Resenha
BROOKER, Charlie. Black Mirror. Netflix, 2016. 3º temporada, Ep.1, ‘‘Queda Livre’’.
Livre’’
A série Black Mirror estreou em 04/12/2011, e sua primeira temporada teve três episódios autônomos. O que caracteriza que eles não tinham uma ligação e sequência. Cada episódio, traz um elenco diferente, mas sempre com referências da forma como a sociedade moderna pode ou poderá se comportar. 
A série está voltada para ficção científica, centrada em temas que abordam de uma forma satírica as consequências imprevistas das novas tecnologias. Transmitida pela Netflix, a minissérie já está em sua quinta temporada, e tem sido aclamada principalmente pelo público jovem. 
Aqui, elucidaremos algumas questões a respeito do primeiro episódio da terceira temporada, intitulado Queda Livre. 
Lacie, a personagem principal, vive em um tempo e sociedade que é permeada por uma rede social, onde as pessoas postam sobre suas vidas e recebem estrelas como nota. Essas “estrelas”, são uma forma de aprovação para que você faça parte de um grupo, possa frequentar certos lugares, escolha onde quer morar, dentre outros benefícios, que só são possíveis caso você tenha uma determinada nota. As pessoas que possuem uma nota baixa, são excluídas, pouco confiáveis e até mesmo associadas a más ações. 
Licie, sempre desejou fazer parte desse grupo que era tido como o alto padrão, e a única forma seria atingindo a nota de 4,5. Sua vida que é era um tanto artificial, passa ser exclusivamente uma farsa, para ter a aprovação das pessoas. Uma vida customizada, pois ela não comia o que gostava, não falava o que pensa. A felicidade e os sorrisos eram apenas para estampar as fotos das redes sociais. 
Uma amiga da Licie, que já não falava com ela há tempos, e que possuía um status de uma vida perfeita, entra em contato pedindo que ela fosse dama de seu aclamado casamento. A oportunidade perfeita para Licie interagir com pessoas de alto grau social, que lhe dariam a tão sonhada nota de 4,5. 
Então, no dia do casamento já no aeroporto tudo começa dar errado. Licie ao ficar estressada e falar alto com a atendente, é punida e consequentemente perde estrelas. A partir disso, percorrer um dificultoso caminho, com um discurso que tinha feito e ensaiado por horas, para que pudesse agradar os convidados, mas cheio de palavras vazias. 
No caminho, andado a pé pela estrada, uma senhora a oferece carona, e ao identificar que a mesma possuía uma nota baixa, rejeitou, mas a senhora insistiu, e ela acabou aceitando. Sem querer muita conversar, a senhora lhe conta que já foi como ela. Que já possuíra uma nota de 4,6, mas que ao ver ser marido morrer por não alcançar nota para ter um atendimento hospitalar, percebeu que aquilo não fazia sentido. Umas das partes que mais me chamou atenção, por mais que os fatos sejam expostos de uma forma exacerbada, fica claro a inversão de valores que permeia a nossa sociedade atual. 
Licie, se agarrou a esse casamento como sendo algo que poderia mudar a sua vida, e aparentemente obter felicidade através de tudo que poderia ter, se conseguisse o tão desejado 4,5. Mas já no meio do caminho, sua amiga liga e fala que não queria que ela participasse mais da cerimônia. Que não a queria lá, pois suas notas caíram e não seria bom ter uma pessoa com aquela nota em sua festa. Mostra, que os relacionamentos são por puro interesse. 
Mesmo após ser rejeitada, Licie chega ao casamento e entra escondido, toda suja e começou a falar no meio de todas as pessoas, de forma descontrolada. Percebia os olhares de desprezo, e logo, as inúmeras estrelas que perdeu. Acaba que sai presa da festa, e vai parar numa delegacia. Lá há um homem, e ela começa a trocar insultos com ele, coisa que jamais pensou em fazer. Sem sua rede social, Licie agora parecia ter a liberdade em seu olhar. 
A tecnologia não é um problema, muito menos o que ela nos proporciona; mas sim, como tem sido o nosso relacionamento com os meios digitais. O que estão substituindo? Qual o valor tem tido em nossas vidas? O importante é saber ponderar o uso, de forma saudável e relevante. 
A personagem, vivia oprimida por não estar inserida em um contexto, que era só aparência. E hoje, encontramos muitas pessoas que se deprimem, e adquirem até problemas psicológicos, por se sentirem rejeitas e excluídas, desse mundo perfeito que é exposto nas redes sociais. 
Que seja uma reflexão e uma auto avaliação, para os tempos atuais.