Pim VI Gestão Ambiental

Prévia do material em texto

UNIP INTERATIVA 
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL 
 
 
 
NEIANDRO ANDRADE FERREIRA 
 
 
 
 
PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR – VI 
 
AS NUANCES RELATIVAS À GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS DE UMA 
EMPRESA DE CERÂMICA VERMELHA EM XIQUE-XIQUE/BA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Xique-Xique – Bahia 
2020
 
 
 
 
UNIP INTERATIVA 
CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL 
 
 
Neiandro Andrade Ferreira 
 
 
PROJETO INTEGRADO MULTIDISCIPLINAR – VI 
 
AS NUANCES RELATIVAS À GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS DE UMA 
EMPRESA DE CERÂMICA VERMELHA EM XIQUE-XIQUE/BA. 
 
Trabalho multidisciplinar apresentado como requisito 
parcial para a aprovação nas disciplinas do curso 
superior de Tecnologia em Gestão Ambiental da 
UNIP Interativa, do 2° Bimestre. 
 
Orientador (a) Michelly Gonçalves Barboza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Xique-Xique – Bahia 
2020
 
 
 
 
RESUMO 
 
Este projeto foi realizado mediante a proposta multidisciplinar do Curso Superior de 
Tecnologia em Gestão Ambiental. Tal projeto visa elaborar uma análise referente à 
gestão de recursos naturais, bem como os critérios necessários para que uma 
empresa efetue seu trabalho legalmente. A empresa em questão é fictícia e trabalha 
com a produção de blocos, telhas e semelhantes de cerâmica, que atua na cidade 
de Xique-Xique/Bahia. O presente estudo busca correlacionar os termos técnicos 
das disciplinas com os exemplos práticos obtidos durante o levantamento de dados 
e estudo das atividades executadas em âmbito organizacional que se vincula ao 
processo de produção da empresa. Dessa forma, o trabalho objetiva proporcionar 
subsídios para que o processo de gerenciamento dos recursos naturais seja 
efetuado da maneira mais adequada possível, visando minimizar os impactos que 
estes podem causar ao meio ambiente através de estratégias embasadas nos 
projetos aprovados pelos órgãos municipais, estaduais e federais que norteiam essa 
prática. Para isso, o estudo foi desenvolvido a partir do estabelecimento de uma 
compreensão geral dos conceitos que se relacionam à gestão de recursos naturais, 
Ética e Legislação: Trabalhista e empresarial, bem como Auditoria e Certificação 
Ambiental, para que assim seja desenvolvida uma proposta de intervenção que 
compreenda a demanda do meio ambiente e agregue benefícios econômicos para a 
empresa de acordo com suas possibilidades, a fim de contribuir para a proteção dos 
recursos naturais e do meio ambiente. 
PALAVRAS-CHAVE: Recursos Naturais, ética, responsabilidade social, auditoria 
ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 3 
2. DESENVOLVIMENTO..................................................................................... 4 
2.1 Gestão de Recursos Naturais................................................................. 4 
2.2 Ética e Legislação: Trabalhista e Empresarial ..................................... 7 
2.3 Auditoria e Certificação Ambiental ........................................................ 9 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 11 
REFENRÊNCIAS .......................................................................................... 14 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
Este projeto foi realizado de acordo e em cumprimento às exigências previstas 
nos cursos superiores de tecnologia a distância da UNIP Interativa, segundo uma 
pesquisa que visou tecer uma compreensão acerca da utilização de recursos 
naturais, bem como das normas ambientais que norteiam a atuação de uma 
organização a partir de uma análise ambiental e organizacional em uma empresa 
fictícia situada em Xique-Xique Bahia. 
A empresa em questão é a Cerâmica Hades, fundada em 2017 por José Carlos 
Damasceno e Augusto Neto Ribeiro, situada na Rua Maranhão em Xique-Xique 
Bahia. A empresa foi criada de maneira informal e atua na produção de blocos e 
telhas vermelhas. Atualmente dispõe de vinte e cinco operários auxiliados por 
máquinas especializadas em funções específicas. 
O setor de cerâmica vermelha engloba a produção de diversos materiais, tais 
como, blocos, tijolos telhas, lajotas, ladrilhos e etc. A diversidade de produtos é 
ocasionada devido às demandas do mercado consumidor, uma vez que exigem uma 
variedade excessiva de dimensões que acabam por dificultar um possível processo 
de padronização dos produtos. 
A Cerâmica Hades apresenta uma organização simples e enfrenta algumas 
dificuldades no que tange obtenção de assistência técnica qualificada, 
gerenciamento da produção, além de problemas econômicos e ambientais. 
Em estado de crescente produção a empresa se preocupa cada vez mais com os 
impactos ambientais que são ocasionados através de sua atuação, uma vez que, 
trabalha diretamente com recursos naturais extremamente importantes, e que a 
depender da maneira de utilização pode acarretar danos nocivos ao meio ambiente 
e à população. Ressalta-se que os dados aqui descritos são de cunho fictício devido 
à falta de empresas com linha de produção na cidade. 
Nesse sentido, é de conhecimento geral o quanto as medidas que visam à 
proteção ambiental têm crescido no Brasil devido ao grande desenvolvimento 
industrial e ao crescente número da população. Assim, a gestão de recursos 
naturais tem sido pauta extremamente relevante e prioritária uma vez que as 
empresas e indústrias precisam garantir que estes estão sendo utilizados de forma 
 
 
4 
 
adequada visando minimizar os casos de impactos ambientais e evitar as medidas 
judiciais previstas na lei de Licenciamento Ambiental nº 6.938, de 31 de agosto de 
1981. 
Dessa forma, esse projeto tem como objetivo evidenciar os principais impactos 
ocasionados pelas atividades realizadas pela Cerâmica Hades, bem como os 
resíduos gerados e as medidas que a empresa adota para diminuir as demandas de 
degradação ambiental. Para isso, o estudo baseia-se em conteúdos referentes aos 
conceitos de gestão ambiental das disciplinas ministradas ao longo do bimestre, tais 
como: Gestão de Recursos Naturais, Ética e Legislação: Trabalhista e Empresarial 
e Auditoria e Certificação Ambiental. Dentro destes temas foram avaliadas questões 
relativas ao comportamento sustentável, organização de empresa e disposição 
adequada de resíduos. 
Visando atender as demandas do campo, esse projeto propõe ações 
contextualizadas com os conteúdos teóricos obtidos ao longo do curso, a fim de 
aplicá-los de maneira prática e dinâmica dentro da empresa, na tentativa de otimizar 
os processos de trabalho da empresa. 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
2.1 Gestão de Recursos Naturais 
 
De acordo com Brito (2006), recursos são elementos de que o homem se vale 
para satisfazer suas necessidades. Os recursos naturais são aqueles que se 
originam sem qualquer intervenção humana, estes são fundamentais para a 
sobrevivência do homem no planeta, uma vez que é por meio da natureza que o ser 
humano encontra seus meios de subsistência possibilitando sua reprodução 
enquanto grupos sociais. 
Nesse sentido, Castel-Branco (2017) reafirma que os recursos naturais são 
formas de energia ou de matéria disponíveis na terra e que podem ser usadas pela 
humanidade e podem ser classificados em renováveis e não renováveis. O recurso 
renovável é aquele utilizado infinitamente desde que o uso não ultrapasse sua 
capacidade de renovação natural, pode ser reutilizado devido aos ciclos naturais, 
 
 
5 
 
portanto, recursos naturais são renováveis apenas enquanto houver um equilíbrio 
entre a taxa de reprodução e a taxa de extracção (ou exploração) do recurso. Em 
contrapartida, os recursos não renováveis são aqueles que após sua primeira 
utilização já não pode mais ser reaproveitado, portanto, são limitados e tendem ao 
esgotamento. 
Dada essaimportância, evidenciou-se a necessidade de produzir estudos e 
intervenções de cunho judicial com intuito de orientar as empresas e indústrias 
quanto às maneiras mais viáveis de utilização desses recursos, aliando assim o 
desenvolvimento econômico à conservação do meio ambiente, uma vez que o 
modelo econômico capitalista vigente na atualidade, baseado no uso desregulado 
dos recursos naturais, tem causado uma variedade de danos ao meio ambiente, 
agravamento dos conflitos ambientais, aumentando a possibilidade de escassez de 
recursos naturais e prejudicando a qualidade de vida dos indivíduos (BRITO, 2006). 
Dessa forma, para alinhar o desenvolvimento econômico à conservação do meio 
ambiente surge o Licenciamento Ambiental, este é um instrumento da Política 
Nacional do Meio Ambiente, que foi estabelecida pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto 
de 1981. Essa lei estabelece que seja dever do empreendedor adquirir o 
licenciamento ambiental junto ao órgão competente, desde as fases iniciais do 
planejamento de seu empreendimento e instalação, até sua efetiva operação. Esse 
processo viabiliza que a cultura organizacional da empresa se construa a partir de 
um viés ecologicamente correto, uma vez que há uma série de normas 
documentadas que obrigam a empresa a cumprir todas as condições que 
determinadas pelo órgão licenciador relativas à produção de resíduos, geração de 
poluentes ou ainda acerca da origem da lenha utilizada nos fornos e etc. 
Assim, a licença ambiental contribui para que a empresa alinhe suas expectativas 
econômicas aos aspectos que visam conservar o meio ambiente, agregando 
benefícios em relação à imagem da empresa perante o mercado e à sociedade. 
Além disso, o licenciamento ambiental também auxilia a organização na aquisição 
de financiamento de outras empresas, uma vez que, esse documento faz parte dos 
requisitos básicos e indispensáveis para que tal ação se efetue, evidenciando 
novamente o quanto uma gestão empresarial adequada dos recursos naturais se 
torna extremamente importante para o funcionamento de uma empresa. 
 
 
6 
 
Diante disso, os recursos naturais mais utilizados pela empresa Cerâmica Hades 
são a argila, a água e a lenha, todos estes pertencem ao grupo de recursos 
renováveis. Assim, a argila utilizada na produção dos materiais cerâmicos é retirada 
de uma comunidade rural localizada à 5 km da empresa, após extraída é agregada à 
água , sendo esse o processo inicial da fabricação dos artefatos, após a moldagem 
acontece o tratamento térmico em que a madeira é utilizada nos fornos, esta 
comprada da propriedade de um morador local. 
A empresa possui compromisso com as questões ambientais, uma vez que se 
mostra ciente do grande consumo de energia que o setor de cerâmica vermelha 
gera além dos impactos ambientais ocasionados devido o uso intensivo de lenha. 
Dessa forma, a Cerâmica Hades busca utilizar a lenha de acordo com as 
exigências da legislação, ou seja, lenha de espécies de rápido crescimento que 
seguem as condições estabelecidas na documentação de licenciamento 
disponibilizada pela Secretaria de meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do 
município. Observou-se também uma preocupação por parte dos funcionários 
relativa à maneira sustentável de utilização dos recursos, uma vez que trabalham 
visando minimizar ao máximo qualquer desperdício. 
Nesse sentido, os comportamentos adotados pela empresa evidenciam a 
importância da gestão dos recursos naturais, uma vez que este se torna essencial 
para medir e controlar o uso consciente de fontes de energia, consistindo em um 
conjunto de ações destinadas a regular o uso, o controle e a proteção dos recursos 
naturais, para que empresas e pessoas sejam conscientizadas acerca das 
consequências do uso excessivo da natureza e seus recursos (CARVALHO, 2013). 
A empresa também se mostra atenta aos processos de descarte e reutilização 
dos subprodutos gerados através da produção da cerâmica vermelha, estes 
consistem em peças parcial ou totalmente quebradas após a queima e o carvão 
proveniente das lenhas queimadas nos fornos. Em geral, esses subprodutos são 
passíveis de reutilização, uma vez que a empresa pode triturar as peças quebradas 
e torná-las parte do processo de produção novamente, além de reutilizar esses 
subprodutos em cascalhamento de estradas, em pavimentação e etc. 
No entanto, devido à queima de carvão, a empresa ainda enfrenta dificuldades 
em relação à emissão efluentes gasosos, visto que ainda não possui dispositivos de 
 
 
7 
 
controle de emissões atmosféricas, ou seja, os gases são lançadas sem nenhum 
tipo de tratamento na atmosfera. Dessa forma, os órgãos fiscalizadores da região 
proíbem a queima de carvão decorrente dessa atividade em locais significativamente 
próximos a concentrações de população. 
Em relação a isso, a empresa pretende aderir aos fornos a gás, estes viabilizam 
uma maior qualidade do produto final e a diminuição da emissão de gases 
poluentes, beneficiando a empresa no que tange aos padrões estabelecidos pelas 
instituições governamentais do ambiente, o que em longo prazo agregará lucros 
para a organização. 
 
 
2.2 Ética e Legislação: Trabalhista e Empresarial 
 
É de conhecimento geral que a ética diz respeito a conduta humana, com a forma 
como o ser humano se relaciona entre si, essas relações pautam-se por um conjunto 
de princípios e padrões que permitem a interação entre as pessoas. 
Dessa forma, a ética empresarial consiste na relação das empresas com todos 
os demais segmentos que estão inseridos no seu campo de ação, desde 
colaboradores até a comunidade, tornando-se um fator crucial que reforça a cultura 
organizacional da empresa perante o seu público interno e externo. Assim, segundo 
Cosenza (2007), a ética empresarial é norteada por princípios jurídicos, e por 
princípios de boa convivência, em conformidade com os valores da organização, que 
dizem respeito à responsabilidade individual de seus integrantes e aos valores 
sociais que dizem respeito à cultura social em que a empresa está inserida. 
Nesse sentido, a discussão em torno da ética empresarial surgiu a partir dos 
diversos conflitos de crenças e valores que as empresas enfrentam, uma vez que é 
necessário que todos os funcionários atuem de acordo com a cultura organizacional 
de seu ambiente de trabalho, assim, a ética empresarial pode ser entendida como 
um valor da organização que assegura sua sobrevivência, sua reputação e, 
conseqüentemente, seus bons resultados, logo, a empresa que não trabalha com 
princípios éticos dificilmente conseguirá manter-se no mercado, uma vez que para 
alavancar os negócios as condutas éticas passaram a ter um peso maior 
(COSENZA, 2007). 
 
 
8 
 
No entanto, ainda há diversos questionamentos que levantam dúvidas sobre a 
possibilidade de manter um comportamento ético mesmo em meio a tanta 
competitividade. Tal questão evidencia por vezes a sobreposição dos interesses 
aquisitivos em relação aos interesses de proteção ambiental, uma vez que se não 
houvesse as normas, leis e punições para os comportamentos organizacionais que 
não se comprometem com a conservação do meio ambiente, poucas seriam as 
empresas que realmente trabalhassem visando tal ação. 
Atrelado ao conceito de ética empresarial está o de responsabilidade social. 
Estes dois aspectos se tornaram extremamente relevantes para o desenvolvimento 
e consolidação de uma empresa. Nesse sentido, a responsabilidade social aparece 
para obrigar mais ética e clareza na gestão das organizações, sendo considerada o 
conjunto das atitudes dos cidadãos e organizações públicas, privadas ou mistas 
ligadas a ética e direcionadas para o desenvolvimento sustentado da sociedade, 
preservando o meio ambiente para futuras gerações e impulsionando a diminuição 
das desigualdades sociais (SILVA, 2001). 
Desse modo, muitas empresas passaram a adotar medidas de responsabilidadesocial como parte da estratégia para se manterem no mercado, uma vez que a 
sociedade deseja que as empresas, bem como outras grandes instituições, 
assumam uma responsabilidade social significativa, portanto, a empresa que não a 
adere pode acarretar prejuízos gradativos frente a seus clientes e a preferência 
pública. 
Assim, percebe-se que vários fatores influenciam e motivam a adesão de 
conceitos relativos à responsabilidade social por parte das empresas e indústrias, 
tais como as legislações ambientais e atuações do sindicato, fortalecimento da 
imagem da empresa, aumento do índice de consumidor ou até mesmo questões de 
princípios já embutidos na cultura organizacional da empresa. 
No entanto, as empresas de pequeno porte e de administração familiar como no 
caso da Cerâmica Hades possuem por vezes uma falta de profissionalismo e 
dinamismo em sua estrutura de gerenciamento, além de estruturas empresariais 
desatualizadas, o que resulta em pouca incorporação de inovações e uma 
modernização restrita, bem como pouco reinvestimento para tal, fazendo com que a 
 
 
9 
 
empresa se aproxime de um nível de informalidade que prejudica significativamente 
seu desenvolvimento. 
Dessa forma, de acordo Waisberg (2018) com os contratos mercantis são 
acordos firmados entre empresários, estes documentos garantem a formalidade dos 
processos em âmbito organizacional e são regidos pelo regime de Direito Comercial 
pautados nas normas do Código Civil. Em geral, esses contratos abrangem os 
acordos mais importantes de uma organização, tais como, contratos de investidores, 
bancários e etc. 
Nesse sentido, vale ressaltar a importância da empresa atuar de acordo com o 
direito do trabalho, este é o ramo da ciência que objetiva analisar as normas, as 
instituições jurídicas e os princípios que disciplinam as relações de trabalho, bem 
como determinam os seus sujeitos e as organizações destinadas à proteção desse 
trabalho em sua estrutura e atividade. 
A empresa cerâmica Hades desenvolve seus trabalhos de acordo com as leis 
trabalhistas da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), esta por sua vez de 
acordo com Brasil (2017), regulamenta as relações trabalhistas visando a proteção e 
o direito do trabalhador. Assim, os funcionários da empresa dispõem de salário 
mínimo, direito a férias, trabalham em um ambiente seguro que fornece cartão-
alimentação, bem como realizam uma jornada de trabalho diária de 7 horas, durante 
cinco dias úteis. 
 
2.3 Auditoria e Certificação Ambiental 
 
A partir das idéias supracitadas anteriormente, percebe-se a importância das 
empresas e indústrias desenvolverem um trabalho que correlacione seus interesses 
econômicos às demandas sociais e ambientais do território onde estão inseridas. 
Dada essa importância, vale ressaltar que para a efetuação do trabalho seja 
estabelecida de maneira adequada é necessário que a empresa siga um conjunto de 
normas ambientais e de qualidade que viabilizam a certificação de suas etapas de 
produção. 
Assim, de acordo com Rodrigues (2011), a preocupação com a qualidade 
ambiental viabilizou a criação das normas técnicas com objetivo de minimizar as 
 
 
10 
 
agressões contra o meio ambiente a partir da gestão de seus recursos bem como 
redução dos riscos e resíduos gerados pelo processo de produção. Mediante a isso, 
foram criadas as normas referente a gestão ambiental categorizadas na série 14000 
e publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) em 1996, estas 
ao longo do tempo passaram por revisões e foram concluídas em 2006, definidas 
como NBR ISO14001 2004 – Sistema de Gestão Ambiental (SGA): requisitos com 
orientações para uso. 
Nesse sentindo, a ISO 14001 é uma norma de gerenciamento e seu objetivo, de 
acordo com a NBR ISO 14001: 2004 é auxiliar as organizações a alcançar seus 
objetivos ambientais e econômicos (ABNT, 2004). Portanto, aderir as normas 
técnicas dentro da empresa garante a sua certificação, este documento por sua vez 
consiste na atividade pela qual uma organização atesta que um produto, processo 
ou serviço está em conformidade com os requisitos específicos estabelecidos pelas 
normas. Assim, é possível compreender que o processo de certificação é 
proveniente de uma série de ações empresariais que visam a diminuição dos 
impactos ambientais. 
Em relação ao processo de efetivação da certificação de uma empresa, é 
necessário salientar que este envolve etapas rigorosas, e fiscalizações ao longo dos 
anos para garantir que a organização continua mantendo os padrões 
comportamentais que garantem a conservação do meio ambiente. 
Assim, após o estabelecimento da primeira certificação, acontecem auditorias 
semestrais externas de manutenção, e a cada três anos acontecem as auditorias de 
recertificação, caso esteja tudo dentro das exigências e conformidades recomenda-
se outra certificação, do contrário, pode ocorrer o cancelamento, revogação ou 
suspensão do certificado, acarretando consequências que impactam diretamente no 
desenvolvimento da empresa. 
Atrelado a isso as auditorias ambientais surgem como um elemento de extrema 
importância de gestão de empresas, que fornece auxílio técnico-operacional 
suficiente que contribui para o processo de tomada de decisão. 
De acordo com Campos (2009), a auditoria ambiental é um processo sistemático 
para adquirir, avaliar e reportar fatos de conformidade ou não-conformidades 
ambientais de acordo com alguns critérios estabelecidos previamente. Assim, esses 
 
 
11 
 
critérios ambientais podem consistir em normas técnicas como a ISO140001, podem 
decorrer de requisitos leais, bem como partir de alinhamentos definidos pela própria 
empresa. 
Complementar a isso, de acordo com a NBR ISO 14001, o objetivo crucial da 
auditoria ambiental é avaliar o grau de conformidade do estabelecimento com a 
legislação e com a política ambiental da organização em conjunto com o Sistema de 
Gestão Ambiental (caso a empresa tenha implementado). A partir disso, é possível 
perceber o quanto o processo de auditoria se torna imprescindível dentro da 
organização, assim, vale ressaltar que esse processo precisa ser documentado e 
estar disponível para avaliações e revisões que visem otimizar o trabalho da gestão 
ambiental. 
Partindo dessa compreensão, observou-se que na Cerâmica Hades não há um 
Sistema de Gestão Ambiental implementado, segundo o empresário, o que viabilizou 
tal decisão foram os custos elevados que envolvem o processo de implatação, 
manutenção e atualização desse sistema. O empresário demonstra ciência sobre a 
importância desse sistema para a minimização dos impactos ao meio ambiente, bem 
como para o aumento da credibilidade da empresa. Dessa forma, ele relata que 
sempre dialoga com seus funcionários sobre o uso racional dos recursos que a 
empresa adquire. Assim, mesmo sem o sistema de Gestão Ambiental, o empresário 
se mostra preocupado com as questões ambientais, desenvolvendo estratégias que 
visam diminuir os impactos ambientais gerados pela cerâmica. 
Algumas dessas atividades desenvolvidas são o reaproveitamento da água 
utilizada em conjunto com a argila para formar a cerâmica, a empresa também 
possui coleta seletiva, doam subprodutos de blocos e telhas descartados para que 
sejam reutilizados e também desenvolveram um projeto para trocar os fornos que 
usam a lenha, por fornos a gás. Além disso, os funcionários utilizam equipamentos 
de segurança individuais, de forma a garantir a segurança de todos e minimizar os 
riscos a saúde destes, a empresa também dispõe de extintores de incêndios para 
auxiliar caso algum acidente ocorra. 
 
 
 
12 
 
 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A partir do conteúdo abordado compreende-se que o processo de produção 
de cerâmica envolve diversas etapas e acarretam impactos ambientais de extrema 
periculosidade, dentre estes estão a poluição da atmosfera, o desmatamento na 
extração delenha e nos processos de expansão da empresa, entre outros agravos. 
Com isso, emerge a necessidade de um controle e monitoramento dessas 
atividades para garantir a conservação do meio ambiente, esse processo é realizado 
através do Licenciamento Ambiental, uma ferramenta da Política Nacional do Meio 
Ambiente que visa regulamentar as atuações das empresas no que tange a 
utilização dos recursos naturais, visando assim minimizar os impactos gerados pela 
produção de materiais dessa origem. 
Outro fator crucial para o bom desenvolvimento de uma empresa é a 
responsabilidade social, pois, atualmente acredita-se que uma organização pode ser 
considerada um ator social capaz de criar identidade, de gerar influência e de 
modificar muitos contextos negativos na sua volta impactando a localidade onde 
está inserida de maneira relevante. 
Dessa forma, as empresas estão sendo cada vez mais desafiadas a 
responsabilizar-se de forma estratégica por atos relacionados direta ou 
indiretamente com os problemas da sociedade. Nessa perspectiva, as organizações 
começaram a se preocupar com o meio ambiente, com a preservação dos recursos 
naturais, com a geração de danos e com os ônus pelo descumprimento da 
legislação ambiental, uma vez que tal atitude resulta em benefícios significativos 
para a imagem da empresa frente ao mercado e aos consumidores. 
Além disso, outro fator relevante para que a empresa permaneça alinhada à 
posturas éticas que agreguem benefícios para o meio ambiente são as auditorias 
ambientais que funcionam basicamente como fiscalizações e inspeções dentro de 
empresas certificadas que aderiram às normas técnicas relativas ao gerenciamento 
de recursos naturais entre outro aspectos. 
Portanto, a empresa Cerâmica Hades possui conhecimento sobre os riscos 
ambientais ocasionados pela produção de cerâmica, no entanto, direciona suas 
 
 
13 
 
intervenções aos fatores econômicos e legais, deixando os aspectos ambientais sem 
a devida atenção. No entanto, mesmo trabalhando de maneira não certificada, 
emprega estratégias visando compensar e diminuir os impactos ao meio ambiente, 
bem como minimizar os agravos à saúde de seus funcionários. Assim, compreende-
se que as leis e normas técnicas induzem as empresas a trabalhar de uma maneira 
mais sustentável, viabilizando assim uma mudança de comportamento no que se 
refere a preservação do meio ambiente pautando-se da ética e da responsabilidade 
social. 
 
 
 
 
14 
 
REFERÊNCIAS 
 
ANTUNES, José A. Engrácia. Direito dos contratos comerciais. Coimbra: 
Almedina, 2012. 
 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Sistemas de gestão 
ambiental: especificações e diretrizes para uso. NBR ISO 14001. Rio de Janeiro: 
ABNT, 1996a. 
 
BRASIL. Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm. acesso em: 
15 de mai 2020. 
 
BRITO, Maria Campos Alves de. Desenvolvimento compartilhado de 
reservatórios comuns entre Estados. Rio de Janeiro: E-papers, 2006. 
 
CAMPOS, Lucila Maria S.; LERÍPIO, Alexandre A. Auditoria Ambiental: uma 
ferramenta de gestão. São Paulo: Atlas, 2009. 
 
Castel-Branco, Carlos & Ossemane, Rogério & Cambaza, Virgílio. Recursos 
Naturais e Desenvolvimento. Economia, Recursos Naturais, Pobreza e Política 
em Moçambique, 2017. 
 
COSENZA, O. N.; CHAMOVITZ, I. Ética, ética empresarial e responsabilidade 
social: reflexões e recomendações, 2007. 
 
RODRIGUES; L. A., MIREK; Z. M., ROSA, R. C. S. Auditoria ambiental e sua 
contribuição no processo de gestão. 2011. 
 
SILVA, R. D. O melhor caminho, para àquele que deseja trilhar o rumo da 
responsabilidade social e do marketing social. Monografia de Conclusão de 
Curso (Graduação em Administração de Empresas) – Departamento de 
Administração, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 
2001. 
 
WAISBER, Ivo. Conceito e interpretação dos contratos mercantis. In: GUERRA, 
Alexandre de Mello. (Org). Estudos em homenagem a Clóvis Beviláqua por 
ocasião do centenário do Direito Civil codificado no Brasil. 1 ed. São Paulo: 
Escola Paulista de Magistratura, 2018. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13467.htm