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AAÇÃO JUDICIAL PARA CORREÇÃO DOS SALDOS DO FUNDO DE GARANTIA - FGTS

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EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL 
DE NITERÓI/RJ 
 
 
EMENTA: CORREÇÃO DOS SALDOS DO FUNDO DE GARANTIA POR 
TEMPO DE SERVIÇO (FGTS). 
 
 
HERCULES DEIBE MACEDO AMARAL DE OLIVEIRA, brasileiro, segurança, 
portador da carteira de identidade nº. 08435808-4, expedida pelo DIC/RJ e do CPF nº. 
005.671.237-58, endereço eletrônico deibeh@hotmail.com, residente na Avenida 
Prefeito Alcebíades Mendes – Lt 14 – Qd. N – Estrada do Macaco, São José do 
Imbassaí - Maricá – RJ- CEP. 24931-870, vem a presença de Vossa Excelência propor a 
presente 
AÇÃO JUDICIAL PARA CORREÇÃO DOS SALDOS DO FUNDO DE 
GARANTIA - FGTS 
 
contra a CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, com sede na Av. Ernani do Amaral 
Peixoto, nº. 335 – Centro – Niterói/RJ – Cep. 24020-072 pelos fatos e fundamentos que 
a seguir aduz. 
 
I - FATOS 
O presente processo trata de questão de extrema importância para milhões de 
trabalhadores brasileiros e diz respeito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. 
Como é cediço, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foi criado na década de 
1960 para proteger o trabalhador, como sucedâneo da antiga estabilidade decenal. É 
constituído por valores depositados pelas empresas em nome de seus empregados e 
possibilita que o trabalhador forme um patrimônio. 
mailto:deibeh@hotmail.com
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Consta no sítio eletrônico da Caixa Econômica Federal que o FGTS hoje financia 
programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana. 
O FGTS é regido pelas disposições da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, por normas 
e diretrizes estabelecidas pelo seu Conselho Curador e gerido pela Caixa Econômica 
Federal. 
Dos artigos 2º e 13 da Lei nº 8.036/90 extraímos que há uma obrigatoriedade de 
correção monetária e de remuneração através de juros dos depósitos efetuados nas 
contas vinculadas do FGTS, senão vejamos: 
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se refere esta lei e outros 
recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de 
modo a assegurar a cobertura de suas obrigações. 
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com 
base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e 
capitalização juros de (três) por cento ao ano. 
Ressalte-se que o parâmetro fixado para a atualização dos depósitos dos saldos de 
poupança e consequentemente dos depósitos do FGTS é a Taxa Referencial – TR, 
conforme prescrevem os artigos 12 e 17 da Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991, com 
redação da lei nº 12.703, de 7 de agosto de 2012, cuja dicção é a seguinte: 
Art. 12. Em cada período de rendimento, os depósitos de poupança serão remunerados: 
I - como remuneração básica, por taxa correspondente à acumulação das TRD, no período 
transcorrido entre o dia do último crédito de rendimento, inclusive, e o dia do crédito de 
rendimento, exclusive; 
II- como remuneração adicional, por juros de: (Redação dada pela Lei n º 12.703, de 2012) 
a) 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, enquanto a meta da taxa Selic ao ano, definida pelo 
Banco Central do Brasil, for superior a 8,5% (oito inteiros e cinco décimos por cento); ou 
(Redação dada pela Lei n º 12.703, de 2012) 
b) 70% (setenta por cento) da meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central do Brasil, 
mensalizada, vigente na data de início do período de rendimento, nos demais casos. (Redação 
dada pela Lei n º 12.703, de 2012) 
(...) 
Art. 17. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de 
Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos 
depósitos de poupança com data de aniversário no dia 1°, observada a periodicidade mensal 
para remuneração. Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS 
são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste artigo. 
Retrata a Lei nº 8.177/91 a forma como a TR será calculada: 
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Art. 1° O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir da 
remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos 
comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de 
investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e municipais, de 
acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de 
sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal. 
§ 2° As instituições que venham a ser utilizadas como bancos de referência, dentre elas, 
necessariamente, as dez maiores do País, classificadas pelo volume de depósitos a prazo fixo, 
estão obrigadas a fornecer as informações de que trata este artigo, segundo normas estabelecidas 
pelo Conselho Monetário Nacional, sujeitando-se a instituição e seus administradores, no caso 
de infração às referidas normas, às penas estabelecidas no art. 44 da Lei n° 4.595, de 31 de 
dezembro de 1964. 
§ 3° Enquanto não aprovada a metodologia de cálculo de que trata este artigo, o Banco Central 
do Brasil fixará a TR. 
A metodologia de cálculo foi há muito tempo definida pelo Banco Central, e hoje está 
vigente sob a forma da Resolução nº 3.354, de 31 de março de 2006. 
Ocorre que, há muito tempo, a TR não reflete mais a correção monetária, tendo se 
distanciado completamente dos índices oficiais de inflação. Nos meses de setembro, 
outubro e novembro de 2009, janeiro e fevereiro de 2010, fevereiro e junho de 2012 e 
de setembro de 2012 em diante, a TR tem sido completamente anulada, como se não 
existisse qualquer inflação no período passível de correção. 
Eis a razão desta ação. 
 
II - PRELIMINARMENTE 
 
A) LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL 
Posto que a lide versa sobre correção monetária dos depósitos de FGTS, sobressai 
irrefutável a legitimidade passiva e exclusiva da Caixa Econômica Federal, conforme 
precedentes do STJ, senão vejamos: 
AÇÃO RESCISÓRIA. ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO DOS SALDOS DAS 
CONTAS VINCULADAS. DIFERENÇAS DE EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ 
PACIFICADO NO STJ. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO. 
1. A matéria referente à correção monetária das contas vinculadas ao FGTS, em razão das 
diferenças de expurgos inflacionários, foi decidida pela Primeira Seção deste Superior Tribunal, 
no REsp. n. 1.111.201 - PE e no REsp. n. 1.112.520 - PE, de relatoria do Exmo. Min. Benedito 
Gonçalves, ambos submetidos ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução n. 8/08 do STJ, 
que tratam dos recursos representativos da controvérsia, publicados no DJe de 4.3.2010. 
(...) 
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3. Quanto às demais preliminares alegadas, devidamente prequestionadas, esta Corte tem o 
entendimento no sentido de que, nas demandas que tratam da atualização monetária dos 
saldos das contas vinculadas do FGTS, a legitimidade passiva ad causam é exclusiva da 
Caixa Econômica Federal, por ser gestora do Fundo, com a exclusão da União e dos bancos 
depositários (Súmula 249/STJ). 
(...) 
(AR 1.962/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado 
em 08/02/2012, DJe 27/02/2012) (grifamos) 
Ainda nesse sentido a Súmula 249 do Superior Tribunal de Justiça: “A Caixa 
Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute 
correção monetária do FGTS”. 
Assim, a presente ação se dirige exclusivamente contra a Caixa Econômica Federal, 
conforme pacificamente definido pela jurisprudência pátria. 
 
B) DA PRESCRIÇÃO 
No que tange ao prazo prescricional, o Supremo Tribunal Federal entendeu por 
inconstitucional a prescrição de 30 anos para o FGTS ao julgar o ARE 70912. Ao 
analisar o referido caso, o Supremo declarou a inconstitucionalidade das normas que 
previam a prescrição trintenária. 
Apesar das críticas e diversos posicionamentos acerca dos efeitos de modulação da 
decisão do Supremo Tribunal Federal, a abrangência,período e tempo da prescrição, ela 
foi bem definida por meio de um exemplo concreto em que se tentava entender o que 
exatamente o Ministro Gilmar Mendes, quis preservar, conforme texto publicado pela 
revista digital ConJur em 2014: 
“O ministro Gilmar Mendes também propôs a modulação dos efeitos da decisão. Ela passa a 
valer apenas para os direitos vencidos depois desta quinta, data da decisão pelo Supremo. Os 
direitos a FGTS existentes até quarta-feira (11/11) continuam com o prazo prescricional de 30 
anos. Os que vencem nesta quinta terão o menor prazo prescricional: ou 30 anos antes da 
demissão ou cinco, o que acabar antes. ” 
Diante desse exemplo fica um pouco mais claro que a prescrição é trintenária para as 
parcelas vencidas e não pagas anteriormente ao dia do julgamento (AREF 709212), em 
11.11.14, que reduziu o prazo prescricional. Para as parcelas vencidas após a decisão, 
aplica-se o novo prazo prescricional, que é de 5 anos. 
Assim, a ação ora proposta não está alcançada pela prescrição. 
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III – FUNDAMENTOS JURÍDICOS 
 
A) ANÁLISE DA CORREÇÃO MONETÁRIA E DO FGTS 
A correção monetária existe entre nós desde a década de 1960. O principal teórico da 
Correção Monetária, o Advogado Tributarista Bulhões Pedreira explica o seguinte: 
’” Por analogia com as unidades de medidas físicas podemos dizer que o nível geral de preços é 
o padrão primário do valor financeiro, enquanto que a unidade monetária serve como padrão 
secundário – usado, na prática, para exprimir o valor financeiro, mas que deve ser aferido pelo 
padrão primário porque sujeito a modificações.” 
(BULHÕES PEDREIRA, José Luiz, “Correção Monetária; Indexação Cambial. Obrigação 
Pecuniária”, in “Revista de Direito Administrativo”, c. 193 p, 353 a 372 Jul/Set 1993). 
Ainda, o autor Letácio Jansen diz que Bulhões Pedreira teria conseguido 
institucionalizar e colocar em prática a sua doutrina principalmente através da Lei nº 
4.357, de 1964, que criou o primeiro indexador da Economia Brasileira – a ORTN 
(obrigação reajustável do tesouro nacional), uma obrigação monetária cuja função era 
fazer variar, periodicamente, a moeda nacional segundo a perda de seus respectivos 
poderes aquisitivos. 
Desde esta data, uma plêiade de índices de correção monetária foram se sucedendo, até 
a entrada em vigor da Medida Provisória nº 294, de 31 de janeiro de 1991, que se 
transformou na Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991. Nesta oportunidade o Governo 
Collor pretendeu substituir a série de indexadores tradicionais da correção monetária 
brasileira (ORTN, OTN e BTN) que eram vinculados à variação dos níveis gerais de 
preços, pela Taxa Referencial, que tinha natureza financeira. 
Ainda hoje permanece a perplexidade em relação à natureza jurídica da TR, até por 
conta da própria inconsistência da lei que a criou, que ora a trata como taxa de juros 
(artigo 39) ora como indexador (artigo 18). 
Taxas de juros objetivam promover a remuneração do capital. São calculadas por quem 
disponibiliza o capital em benefício de outra pessoa, física ou jurídica, para que 
empregue na satisfação de determinada necessidade, com expectativa de lucro. Os 
indexadores, por outro lado, podem ser entendidos como índices calculados a partir da 
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variação de preços de mercado em determinado período. O seu objetivo está na correção 
dos efeitos inflacionários, quando se compara valores monetários em diferentes épocas. 
Quando o STF enfrentou o tema da natureza da TR, disse através do voto vencedor da 
ADI 493-0/DF que: 
A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do 
custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação 
do poder aquisitivo da moeda. 
Não obstante, os Ministros vencidos Celso de Mello, Marco Aurélio e Ilmar Galvão 
entenderam que a estrutura de cálculo da taxa referencial não era suficiente para impedir 
sua utilização como parâmetro de indexação da economia. 
Mesmo assim, naquela oportunidade, o STF entendeu que a TR possuía natureza de taxa 
de juros e declarou inconstitucional o artigo 18 da Lei nº 8.177/91, cujo texto original 
estabelecia que os saldos devedores e as prestações dos contratos integrantes do SFH, 
passariam a ser atualizados pela taxa aplicável à remuneração básica dos Depósitos de 
Poupança. Vale a pena transcrever a ementa deste julgado: 
Ação direta de inconstitucionalidade. - Se a lei alcançar os efeitos futuros de contratos 
celebrados anteriormente a ela será essa lei retroativa (retroatividade mínima) porque vai 
interferir na causa, que e um ato ou fato ocorrido no passado. - O disposto no artigo 5, XXXVI, 
da Constituição Federal se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer 
distinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei 
dispositiva. Precedente do S.T.F. - Ocorrência, no caso, de violação de direito adquirido. A taxa 
referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do custo 
primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação do 
poder aquisitivo da moeda. Por isso, não há necessidade de se examinar a questão de saber se as 
normas que alteram índice de correção monetária se aplicam imediatamente, alcançando, pois, 
as prestações futuras de contratos celebrados no passado, sem violarem o disposto no artigo 5, 
XXXVI, da Carta Magna.- Também ofendem o ato jurídico perfeito os dispositivos impugnados 
que alteram o critério de reajuste das prestações nos contratos já celebrados pelo sistema do 
Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional (PES/CP). Ação direta de 
inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 18, 
"caput" e parágrafos 1 e 4; 20; 21 e parágrafo único; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da 
Lei n. 8.177, de 1 de maio de 1991. 
(ADI 493, Relator (a): Min. Moreira Alves, Tribunal Pleno, julgado em 25/06/1992, DJ 04-09-
1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-02 PP-00260 RTJ VOL-00143-03 PP-00724) 
Por algum tempo, o próprio STJ rejeitou a TR como índice de correção monetária, tanto 
para a poupança, quanto para o SFH. Neste sentido: 
COMERCIAL. MÚTUO RURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA. VINCULAÇÃO AO 
CRITÉRIO DE REAJUSTE DOS DEPÓSITOS EM CADERNETA DE POUPANÇA. 
LICITUDE. SUBSTITUIÇÃO PELA TR NOS MESES SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91. 
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PREVISÃO DE UTILIZAÇÃO DA OTN. INDEXADOR CONTRATUALMENTE ELEITO. 
SUBSTITUIÇÃO EX LEGE PELA TR. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA. 
ADOÇÃO DO INPC. PRECEDENTES. 
I – NO CONTRATO DE MÚTUO RURAL É LÍCITO O PACTO DE VINCULAÇÃO DA 
CORREÇÃO MONETÁRIA AO CRITÉRIO DE ATUALIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS EM 
CADERNETA DE POUPANÇA, RESULTANDO DEVIDA A INCIDÊNCIA DO MESMO 
INDEXADOR NOS MESES SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91. (ART. 13 DA LEI 8.177). 
II – EM FACE DA POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL INADMITINDO 
A TR COMO FATOR DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA SUBSTITUTIVO DO BTN, A 
CORREÇÃO DOS VALORES, CUJA FORMA DE REAJUSTE ESTAVA, POR LEI OU 
CONTRATO, ATRELADA A VARIAÇÃO DO VALOR DE REFERIDO TÍTULO DA 
DÍVIDA PÚBLICA, CUMPRE SEJA PROCEDIDA, A PARTIR DA LEI 8.177/91, COM 
BASE NO INPC. 
(REsp. 40.777/GO, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA, QUARTA 
TURMA, julgado em 13/11/1995, DJ 11/12/1995, p. 43225) (grifamos) 
 
ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES E DO SALDO DEVEDOR - 
PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL (PES) - INAPLICABILIDADE DA TR – ADIN 
493-0/STF - VANTAGENS PESSOAIS INCORPORADAS DEFINITIVAMENTE AO 
SALÁRIO - INCLUSÃO NO CÁLCULO - DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO 
COMPROVADA - RISTJ, ART. 255 E PARÁGRAFOS - SÚMULA 13/STJ - PRECEDENTES 
STJ. 
- Nos contratos vinculados ao PES, o reajustamento das prestações deve obedecer à variação 
salarial dos mutuários, a fim de preservar a equação econômico-financeira do pactuado. 
- As vantagens pessoais incorporadas,definitivamente, ao salário ou vencimento do mutuário, 
incluem-se na verificação da equivalência para fixação das parcelas. 
- Declarada pelo STF a inconstitucionalidade da TR como fator de correção monetária 
(ADIN 493-0), o reajustamento do saldo devedor, a exemplo das prestações mensais, 
também deve obedecer ao Plano de Equivalência Salarial. 
- Recurso conhecido e parcialmente provido. 
(Resp 140.839/BA, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 23/11/1999, DJ 21/02/2000, p. 112) (grifamos) 
 
SFH. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL. REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES. 
ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO. NULIDADE DO ACÓRDÃO. INOCORRÊNCIA. 
VANTAGENS PESSOAIS. INCLUSÃO. CORREÇÃO PELA TR. IMPOSSIBILIDADE. 
PRECEDENTES. 
(...) 
4. Inaplicável a TR como fator de correção monetária. Entendimento consagrado nesta 
Corte na esteira de orientação traçada pelo STF. 
5. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. 
(REsp 209.466/BA, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 07/08/2001, DJ 17/06/2002, p. 231) (grifamos) 
 
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Todavia, a Corte de Justiça, fazendo uma releitura do voto do Ministro Moreira Alves 
do STF, mudou de entendimento, e passou a adotar a constitucionalidade da TR como 
índice de correção monetária, conforme demonstra o seguinte julgado: 
 
SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SALDO DEVEDOR. ATUALIZAÇÃO 
MONETÁRIA. TR. 
1. Não é inconstitucional a correção monetária com base na Taxa Referencial - TR. O que é 
inconstitucional é sua aplicação retroativa. Foi isso o que decidiu o STF da ADI 493/DF, Pleno, 
Min. Moreira Alves, DJ de 04.09.1992, ao estabelecer o âmbito de incidência da Lei 8.177, de 
1991. 
2. Aos contratos de mútuo habitacional firmados no âmbito do SFH que prevejam a correção do 
saldo devedor pela taxa básica aplicável aos depósitos da poupança aplica-se a Taxa 
Referencial, por expressa determinação legal. Precedentes da Corte Especial: AGEREsp 
725917 / DF, Min. Laurita Vaz, DJ 19.06.2006; DERESP 453600/DF, Min. Aldir Passarinho 
Junior, DJ 24.04.2006. 
3. Embargos de divergência a que se nega provimento. 
(EREsp 752.879/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL, 
julgado em 19/12/2006, DJ 12/03/2007, p. 184) (grifamos) 
Como dito alhures, aplicação de índice de correção monetária se presta para recuperar o 
poder de compra do valor emprestado. Este poder de compra é diretamente influenciado 
por um processo inflacionário. O próprio STJ reconhece a influência da inflação e da 
deflação na composição do índice de correção monetária, senão vejamos: 
PREVIDENCIÁRIO E ECONÔMICO. TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. 
DETERMINAÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA PELO IGP-M. ÍNDICES DE 
DEFLAÇÃO. APLICABILIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE 
DOS VENCIMENTOS. NÃO OCORRÊNCIA. PRESERVAÇÃO DO VALOR NOMINAL DA 
OBRIGAÇÃO. PRECEDENTES. 
1. "A correção monetária nada mais é do que um mecanismo de manutenção do poder 
aquisitivo da moeda, não devendo representar, consequentemente, por si só, nem um plus 
nem um minus em sua substância. Corrigir o valor nominal da obrigação representa, 
portanto, manter, no tempo, o seu poder de compra original, alterado pelas oscilações 
inflacionárias positivas e negativas ocorridas no período. Atualizar a obrigação levando em 
conta apenas oscilações positivas importaria distorcer a realidade econômica produzindo um 
resultado que não representa a simples manutenção do primitivo poder aquisitivo, mas um 
indevido acréscimo no valor real. Nessa linha, estabelece o Manual de Orientação de 
Procedimento de Cálculos aprovado pelo Conselho da Justiça Federal que, não havendo decisão 
judicial em contrário, "os índices negativos de correção monetária (deflação) serão considerados 
no cálculo de atualização", com a ressalva de que, se, no cálculo final, 'a atualização implicar 
redução do principal, deve prevalecer o valor nominal'" (Corte Especial, REsp 1.265.580/RS, 
Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 18/4/12). 
2. No precedente da Corte Especial, mencionado na decisão agravada, ficou expressamente 
consignado que se, na atualização da dívida, houver redução do principal, deve prevalecer o 
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valor nominal, em respeito ao princípio da irredutibilidade de vencimentos, previsto nos arts. 7º, 
VI e 37, XV, da Constituição Federal. 
3. A compreensão no sentido de que não há violação ao princípio da irredutibilidade dos 
vencimentos, quando preservado o valor nominal da obrigação, encontra respaldo na 
jurisprudência do STF e do STJ. 
4. Agravo regimental improvido. 
(AgRg nos EREsp 1252558/RS, Rel. Ministro SERGIO KUKINA, PRIMEIRA SEÇÃO, 
julgado em 13/03/2013, DJe 21/03/2013) (grifamos) 
Não podemos nos esquecer de que a cultura da correção monetária está de tal forma 
arraigada ao nosso sistema econômico, que o próprio Código Civil de 2002, traz 
diversos dispositivos garantindo atualização monetária: 
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e 
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de 
advogado. 
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der causa, mais juros, atualização 
dos valores monetários segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de 
advogado. 
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em dinheiro, serão pagas com 
atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, 
custas e honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional. 
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito, 
retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato 
por desfeito, e exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária segundo 
índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários de advogado. 
Art. 772. A mora do segurador em pagar o sinistro obriga à atualização monetária da 
indenização devida segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, sem prejuízo dos juros 
moratórios. 
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir 
o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. 
Este retrospecto da evolução legal e jurisprudencial a respeito da aplicação da TR como 
índice de correção monetária se fez necessário para que pudéssemos chegar ao núcleo 
do argumento desta ação. 
Hoje, no país, há dois tipos de índices de correção monetária. Índices que refletem a 
inflação e, portanto, recuperam o poder de compra do valor aplicado, como o IPCA e o 
INPC, e um índice que não reflete a inflação, e consequentemente não recupera o poder 
de compra do valor aplicado – a Taxa Referencial/TR. 
Historicamente, é preciso lembrar que a Taxa Referencial nunca foi igual à inflação. 
Nem quando experimentamos hiperinflação, nem quando experimentamos deflação. 
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Todavia, os índices da TR, do INPC e do IPCA, sempre andaram próximos. Em outras 
palavras, imperava a razoabilidade nos índices da TR para que pudessem atingir a 
finalidade de correção do valor do capital. 
ANO TR INPC IPCA 
1991 335,51% 475,11% 472,69% 
1992 1.156,22% 1.149,05% 1.119,09% 
1993 2.474,73% 2.489,11% 2,477,15% 
1994 951,19% 929,32% 916,43% 
1995 31,6207% 21,98% 22,41% 
1996 9,5551% 9,125% 9,56% 
Não obstante, o cenário começa a mudar a partir de 1999. A TR se distancia 
expressivamente do INPC e do IPCA, ao ponto de hoje a inflação superar 6% ao ano e a 
TR ser igual a zero. Logo, ela não se presta para o fim de manter o poder aquisitivo dos 
depósitos do FGTS, que são um patrimônio do trabalhador. 
O sentimento geral é que há muito tempo o FGTS é um fundo iníquo por ele não ter 
recomposição inflacionária dos seus recursos. Na verdade, o trabalhador não está 
financiando programas de habitação popular, saneamento básico e infraestruturaurbana, 
ele está subsidiando. 
Ao contrário de outros investimentos, o FGTS não é um fundo de livre à disposição por 
parte do trabalhador, não podendo ele decidir por vontade própria quais as aplicações 
que lhe são mais convenientes ou rentáveis. O trabalhador tem que se submeter a 
políticas econômicas e sociais que lhe são altamente prejudiciais. 
Ora, mas a própria Lei do FGTS diz em seu artigo 2º que é garantida a atualização 
monetária e juros. Quando a TR é igual a zero este artigo é descumprido. Quando a TR 
é mínima e totalmente desproporcional em relação à inflação, este artigo também é 
descumprido e o patrimônio do trabalhador é subtraído por quem tem o dever legal de 
administrá-lo. 
Em um cenário de TR zero e inflação pública e notória, estamos diante de uma situação 
de confisco. O Governo Federal, através da Caixa Econômica Federal, está confiscando 
os rendimentos dos trabalhadores, para subsidiar políticas públicas, sem a menor 
possibilidade de ingerência destes trabalhadores. 
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Assim como em nosso Estado Democrático de Direito, a Constituição veda que se 
utilize o tributo com efeito de confisco, o trabalhador não pode ser punido com o 
confisco do que a própria Caixa define em seu sítio eletrônico, como um patrimônio do 
trabalhador, e definitivamente o é. 
Quando se fala em patrimônio, imediatamente sobrevém lição da Professora Maria 
Helena Diniz ao comentar o artigo 91 do Novo Código Civil: 
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, 
dotadas de valor econômico. 
Universalidade de direito. É a constituída por bens singulares corpóreos heterogêneos ou 
incorpóreos (complexo de relações jurídicas), a que a norma jurídica, com o intuito de produzir 
certos efeitos, dá unidade, por serem dotados de valor econômico, como p. ex., o patrimônio (...) 
O patrimônio e a herança são considerados como um conjunto, ou seja, como uma 
universalidade. Embora se constituam ou não de bens materiais e de créditos, esses bens se 
unificam numa expressão econômica, que é o valor. O patrimônio é complexo de relações 
jurídicas de uma pessoa apreciáveis economicamente. Incluem-se no patrimônio: a posse, 
os direitos reais, as obrigações e as ações correspondentes a tais direitos. O patrimônio 
abrange direitos e deveres redutíveis a dinheiro. 
(Código Civil Anotado, Ed. Saraiva, pag. 100) (grifamos). 
 
Levando em conta que a relação jurídica entre os trabalhadores e a Caixa é de direito 
pessoal, o artigo 233 do Código Civil se torna inafastável, na medida em que determina 
que a obrigação de dar coisa certa abranja os acessórios, ainda que não mencionados. 
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, 
salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. 
Ora, acessórios de dinheiro são os juros e a correção monetária. 
E então voltamos à Taxa Referencial. 
 
B) MANIPULAÇÃO DA TR PELO BANCO CENTRAL/CMN 
Independentemente da discussão sobre sua natureza jurídica, vamos aqui partir do 
pressuposto, assentado pela jurisprudência, principalmente do STJ, que a TR é índice de 
correção monetária. 
Tanto o artigo 1º da lei nº 8.177/91 quando o artigo 5º da Lei nº 10.192/01 (que 
convolou a MP 1.053/95) atribuíram ao Banco Central a regulamentação da 
12 
 
metodologia de cálculo da TR, conforme critério estabelecido na lei e a expedição das 
instruções necessárias ao cumprimento do artigo que criou a TBF. 
Art. 1° O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR), calculada a partir da 
remuneração mensal média líquida de impostos, dos depósitos a prazo fixo captado nos bancos 
comerciais, bancos de investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de 
investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais, estaduais e municipais, de 
acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de 
sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal. . (Lei nº 8177/91) 
Artigo 5º Fica instituída Taxa Básica Financeira – TBF, para ser utilizada exclusivamente como 
base de remuneração de operações realizadas no mercado financeiro, de prazo de duração igual 
ou superior a sessenta dias. 
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional expedirá as instruções necessárias ao 
cumprimento do disposto neste artigo, podendo inclusive, ampliar o prazo mínimo previsto no 
caput. (Lei nº 10.192/01) 
No mister de regulamentar a TR, o Banco Central/CMN vem ao longo dos anos criando 
e reinventando fórmulas para encontrá-la. Pelo menos desde a Resolução 2.075, de 26 
de maio de 1994, há fórmulas para encontrar a TR. Todavia, é com a instituição da Taxa 
Básica Financeira, pela Medida Provisória 1.053/95, de 30 de junho de 1995, que a 
forma de cálculo da TR sofre uma expressiva reviravolta. 
Desde a Resolução 2.437, de 30 de outubro de 1997, a TR é calculada levando em conta 
a Taxa Básica Financeira e um Redutor. 
A Resolução 3.354/06, hoje vigente sobre o assunto, diz o seguinte: 
Art. 1º Estabelecer que, para fins de cálculo da Taxa Básica Financeira - TBF e da Taxa 
Referencial - TR, de que tratam os arts. 1º da Lei 8.177, de 1º de março de 1991, 1º da Lei 
8.660, de 28 de maio de 1993, e 5º da Lei 10.192, de 14 de fevereiro de 2001, deve ser 
constituída amostra das 30 maiores instituições financeiras do País, assim consideradas em 
função do volume de captação efetuado por meio de certificados e recibos de depósito bancário 
(CDB/RDB), com prazo de 30 a 35 dias corridos, inclusive, e remunerados a taxas prefixadas, 
entre bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de investimento e caixas econômicas. 
Art. 2º A TBF e a TR são calculadas a partir da remuneração mensal média dos CDB/RDB 
emitidos a taxas de mercado prefixadas, com prazo de 30 a 35 dias corridos, inclusive, com base 
em informações prestadas pelas instituições integrantes da amostra de que trata o art. 1º, na 
forma a ser determinada pelo Banco Central do Brasil. 
Art. 4º Para cada dia do mês - dia de referência - o Banco Central do Brasil deve calcular a TBF, 
para o período de um mês, com início no próprio dia de referência e término no dia 
correspondente ao dia de referência no mês seguinte, considerada a hipótese prevista no § 2º, 
inciso IV. (...) 
Art.5º Para cada TBF obtida, segundo a metodologia descrita no art. 4º, deve ser calculada a 
correspondente TR, pela aplicação de um redutor "R", de acordo com a seguinte fórmula: TR = 
max {0,100 {[(1 + TBF/100) / R] - 1}} (em %). 
§ 1º O valor do redutor 'R' deve ser calculado para todos os dias, inclusive não úteis, de acordo 
com a seguinte fórmula: 
13 
 
R = (a + b x TBF/100), onde: Resolução nº 3354, de 31 de março de 2006. 
TBF = TBF relativa ao dia de referência; 
a = 1,005; 
b = valor determinado de acordo com a tabela abaixo, em função da TBF obtida, segundo a 
metodologia descrita no art. 4º, em termos percentuais ao ano: 
TBF (% a.a.) b 
TBF maior que 16 0,48 
TBF menor ou igual a 16 e maior que 15 0,44 
TBF menor ou igual a 15 e maior que 14 0,40 
TBF menor ou igual a 14 e maior que 13 0,36 
TBF menor ou igual a 13 e maior ou igual a 11 0,32 
Redação dada pela Resolução 3.446, de 05/03/2007. 
§ 2º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a determinar o valor do parâmetro "b" no caso de 
a 
TBF obtida ser inferior a 11% a.a. (onze por cento ao ano). 
O peculiar nesta determinação do Banco Central/CMN, que de resto se repete desde 
1997, é que a TBF e TR são exatamente iguais em sua gênese até o momento em que se 
determina que se aplique um redutor à TBF para se chegar à TR. 
Não há na Lei da TR previsão de aplicação de redutor, assim como não há na Lei que 
criou a TBF. Todavia, causa estranheza que diante de um comando aberto como o do 
art. 5º da MP nº 1.503/95 (Lei nº 10.192/01), o Banco Central/CMN, com amplos 
poderes para regulamentar o assunto, não tenha instituído um redutor,mas o tenha feito 
ao regulamentar o artigo 1º da lei nº 8.177/91, que não era tão flexível. 
O Economista César Roberto Buzin explica o quê o Banco Central/CMN está fazendo 
com a TR, neste trecho do Parecer Econômico a seguir: 
Objeto de discussão é a utilização da TR como índice de correção monetária, que apesar de não 
ter sido criada como um índice de indexação monetária vem sendo utilizada para tal finalidade 
na correção dos valores aplicados à caderneta de poupança e outras aplicações como os 
depósitos do FGTS, dinheiro pertencente aos trabalhadores, porém, com gestão de terceiros. 
A posição adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, em agosto de 2010, a respeito da utilização 
da TR como índice de correção monetária foi sacramentada por meio da criação da Súmula 454, 
com a seguinte redação: “Pactuada a correção monetária nos contrato do SFH pelo mesmo 
índice aplicável à caderneta de poupança, incide a Taxa Referencial (TR) a partir da vigência da 
Lei 8.177/91”. 
A TR é calculada a partir da Taxa Básica Financeira (TBF), uma média de taxas de juros pagas 
nas aplicações em certificados de depósitos bancários (CDB) emitidas pelas 30 maiores 
instituições financeiras. 
14 
 
Para calcular o valor da TR, é preciso aplicar um redutor sobre a TBF, que depende de dois 
parâmetros, chamados de “a” e “b”. O parâmetro “a” é o fator de 1,005, equivalente à 
remuneração da caderneta antiga, ou seja, 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano de juros 
remuneratório. Enquanto que o “b” é um decimal menor do que 1, arbitrado pelo BACEN e que 
varia de acordo com o nível de taxa de juros básica da economia, divulgada após as reuniões do 
Comitê de Política Monetária do BC (Copom). 
Para calcular o redutor (R) o parâmetro “b” é multiplicado pelo valor da TBF e somado ao 
parâmetro “a”, ou seja, 
R= a + b x TBF TR= 1+TBF – 1 
A fórmula significa que os novos depósitos realizados nas contas de depósitos de poupança 
tenham como remuneração adicional (TR): (i) 0,5% a. m. enquanto a meta da taxa SELC, taxa 
básica de juros, definida pelo BACEN, estiver acima de 8,5% a.a e (ii) 70% da meta da taxa 
SELIC, mensalizada, vigente na data do início do período de rendimento. No nível atual de taxa 
de juros decrescente de uma economia estabilizada e num cenário para os próximos anos, de 
juros baixos, a TR permanecerá por um longo período indeterminado como zero. 
Na esteira do que foi deduzido no Parecer, um quadro comparativo entre os percentuais 
da TR, INPC e IPCA, desde 1997, os depósitos nas contas vinculadas do FGTS dos 
trabalhadores estão perdendo poder de compra, notadamente a partir de 1999. Veja: 
ANO TR INPC IPCA 
1997 9,7849% 4,34% 5,22% 
1998 7,7938% 2,49% 1,65% 
1999 5,7295% 8,43% 8,94% 
2000 2,0962% 5,27% 5,97% 
2001 2,2852% 9,44% 7,67% 
2002 2,8023% 14,74% 12,53% 
2003 4,6485% 10,38% 9,30% 
2004 1,8184% 6,13% 7,60% 
2005 2,8335% 5,05% 5,69% 
2006 2,0377% 2,81% 3,14% 
2007 1,4452% 5,15% 4,46% 
2008 1,6348% 6,48% 5,90% 
2009 0,7090% 4,11% 4,31% 
2010 0,6887% 6,46% 5,91% 
2011 1,2079% 6,07% 6,50% 
2012 0,2897% 6,17% 5,84% 
2013 0,1910% 5,56% 5,91% 
15 
 
2014 0,8592% 6,23% 6,41% 
2015 1,7954 11,2762 10,67% 
Excelência, hoje, o trabalhador que tem seu dinheiro aplicado no FGTS, e de lá não 
pode retirá-lo para outro investimento, está sendo remunerado com juros abaixo de 
0,300% ao mês e mais nada. Não há nem correção monetária nem Taxa Referencial 
(independentemente da sua natureza jurídica), em flagrante ofensa ao artigo 2º da Lei nº 
8.036/90, que impõe a correção monetária dos valores depositados pelo empregador. 
Ainda que se argumente que a aplicação do Redutor pelo Banco Central/CMN seja 
legal, sua redução a zero em um cenário de inflação superior a 6% ao ano, configura 
flagrante afronta ao artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que determina a atualização monetária, 
bem como ao artigo 233 do Código Civil, quando sonega os acessórios da obrigação de 
dar. 
Mas é necessário ir mais além e revisitar o entendimento jurisprudencial sobre a TR 
como índice de correção monetária, máxime a partir da instituição de um redutor que 
tem por efeito zerar o índice da TR em um ambiente de inflação. 
O quadro comparativo mostra que a TR não se presta como atualizador monetário do 
FGTS, pelo menos desde janeiro de 1999. Desde o momento em que o Banco 
Central/CMN estabeleceu um redutor para a TR, ela deixou de ser um índice confiável 
para atualizar monetariamente as contas do FGTS, porque se descola dos índices de 
inflação, sendo reduzido ano a ano. A finalidade da correção monetária é manter o 
poder de compra do capital, e esta finalidade nem de perto vem sendo alcançada pela 
TR. A anulação total da TR é só o desfecho desta política predatória para o trabalhador. 
O trabalhador, que luta para formar um patrimônio, tem que poder confiar na lei. Esta 
confiança está quebrada. 
Há a nítida expropriação do patrimônio do trabalhador, na medida em que se nega a ele 
a devida atualização monetária. 
A atualização monetária é o elemento mais importante do mercado financeiro, pois sem 
a medição precisa da perda do poder aquisitivo da moeda com o decorrer do tempo, 
ocorre uma gigantesca destruição de valor. O objetivo fundamental de escolha de um 
16 
 
índice de atualização nos ativos (negócios, contratos, aplicações e etc) é de proteger o 
patrimônio, evitando que ele seja corroído pela inflação. 
O Poder Judiciário há de se opor a este esbulho, confisco, expropriação que o 
trabalhador está sofrendo, desde janeiro de 1999, com as constantes reduções da TR em 
relação aos índices de inflação, culminando na sua completa nulidade, 
ininterruptamente, desde setembro de 2012. 
Em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-0/DF, ele deixou bem assentado que 
a TR não constituía índice que refletia a variação do poder aquisitivo da moeda. Esta 
característica da TR tem se confirmado ao longo dos anos. A sua aplicação aos saldos 
dos depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca destruição de valor” do patrimônio do 
trabalhador. Há anos, os trabalhadores que tem depósitos no FGTS não experimentam 
ganhos reais em sua aplicação. Ao contrário. Há muito tempo, os trabalhadores tem 
rendimentos inferiores à inflação, mesmo levando em conta a remuneração dos juros de 
3% ao ano. 
O que torna a TR um índice inidôneo é a intensa ingerência do Banco Central/CMN na 
sua formulação. Como explica o Economista César Buzim: 
A TR deveria servir como referência para os juros vigentes no Brasil, sendo divulgada 
mensalmente, a fim de evitar que a taxa de juros no mês corrente refletisse a inflação do mês 
anterior, apesar das suas características, foi usada como índice econômico de correção 
monetária (...) 
A mudança no comportamento da TR não se deve somente a oscilações da economia, mas 
também à sistemática apuratória desse índice. Inicialmente, ficou estabelecido que o BACEN 
efetuaria o cálculo da TR a partir da remuneração mensal média dos certificados e recibos de 
depósito bancário (CDB/RDB) emitidos por uma amostra de instituições financeiras, levando 
em conta a taxa média de remuneração dos CDB/RDB´s e um redutor fixado por resolução do 
CMN. 
Como consequência da atuação do BACEN, a taxa referencial deixou de refletir o índice 
inflacionário a partir de 1999. 
(...) 
O prejuízo causado aos trabalhadores devido à aplicação da TR como índice de correção 
monetária é tamanho que quando analisado o fator de correção acumulado do FGTS visualiza-se 
que a rentabilidade desse fundo não supera os índices inflacionários desde 2002, rendendo 
menos que a inflação a partir de 2007, apesar da aplicação de juros de 3% a.a. Diante do 
exposto, podemos afirmar que a TR não repõe mais as perdas inflacionárias, o que afeta 
consideravelmente os poupadores, bem como os trabalhadores que possuem o FGTS. 
(...) 
Com base nas normas Resolução CMN nº 2.437, de 30.10.98, Resolução CMN nº 2.604, de 
23.04.99. Resolução CMN nº2.809, de 21.12.00, Resolução CMN nº 3.354 de 31.03.2006, 
Resolução CMN nº 3.446 de 05.03.2007 e Circular nº 3.356 de 11.07.2007, que estabeleceram 
17 
 
no decorrer dos anos a forma de cálculo da TR, bem como nas informações 
disponibilizadas pelo BACEN foi construída planilha demonstrando a evolução do fator de 
ponderação “b”, elemento essencial para o cálculo do redutor da TR. As primeiras mudanças 
significativas da TR ocorreram através das Resoluções CMN nº 2.387/97 e nº 2.437/97 que 
estabeleceram a fórmula de cálculo do redutor da TR com duas novas variáveis, ambas 
definidas pelo BACEN, quais sejam: a constante “a” e o fator de ponderação “b”. 
A partir da Resolução CMN nº 2.809/2000, o BACEN passou a determinar o fator “b”, sem 
critério técnico conhecido, a partir de certo patamar, conforme visualizado na tabela abaixo: 
MS – é a meta para a taxa SELIC em (% a.a) 
MS “b” 
MS > 16 0,48 
16 >= MS >15 0,44 
15 >= MS >14 0,40 
14 >= MS >13 0,36 
13 >= MS >12 0,32 
12 >= MS >11 0,28 
11 >= MS >10 0,24 
10 
Abaixo de 10 fator “b” determinado pelo BACEN 
Essa discricionariedade do BACEN na valoração do fator “b”, acolhida pelas circulares e 
resoluções posteriores, impactou o cálculo do Redutor da TR. 
De pouco adiantaria ao trabalhador que fosse determinado ao Banco Central/CMN que 
recalculasse a TR, pois uma nova fórmula estaria igualmente sob a discricionariedade e 
subjetivismo total do Banco. Basta avaliar a sucessão de resoluções do Banco 
Central/CMN sobre o tema, conforme Parecer do referido Economista. 
Partindo da premissa inequívoca de que a TR não repõe as perdas monetárias dos 
depósitos do FGTS, outro caminho não existe se não o de adotar um novo índice que 
verdadeiramente corrija estes depósitos. 
 
C) ÍNDICES QUE EFETIVAMENTE PRODUZEM A CORREÇÃO 
MONETÁRIA 
A Lei de Introdução às Normas do direito Brasileiro estabelece em seu artigo 5º que na 
aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do 
bem comum. 
18 
 
A Lei do FGTS tem um fim social indiscutível, proteger o trabalhador e constituir um 
patrimônio que lhe sirva de arrimo em várias situações de sua vida. 
Diante de tudo que foi demonstrado, o juiz atenderá aos fins sociais da Lei do FGTS ao 
reconhecer que correção monetária, reposição dos índices inflacionários de forma a 
garantir o poder de compra daquele dinheiro ali depositado no Fundo, é efetivamente 
devida pela Caixa. 
Se a TR não pode ser considerada um índice idôneo, sobrevém a necessidade de 
substituí-la por um índice que realmente reponha as perdas monetárias. E então, nada 
obsta que o juiz considere índices previstos em outra legislação. 
Até por uma questão de equidade, o melhor índice que pode substituir a TR é o índice 
que corrige monetariamente os salários dos trabalhadores e os benefícios 
previdenciários. Este índice está previsto na Lei 12.382 de 25 de fevereiro de 2011, 
cujos primeiros artigos trazem a seguinte dicção: 
Art. 1º O salário mínimo passa a corresponder ao valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e 
cinco reais). 
Parágrafo único. Em virtude do disposto no caput, o valor diário do salário mínimo 
corresponderá a R$ 18,17 (dezoito reais e dezessete centavos) e o valor horário, a R$ 2,48 (dois 
reais e quarenta e oito centavos). 
Art. 2º Ficam estabelecidas as diretrizes para a política de valorização do salário mínimo a 
vigorar entre 2012 e 2015, inclusive, a serem aplicadas em 1º de janeiro do respectivo ano. 
§1º Os reajustes para a preservação do poder aquisitivo do salário mínimo corresponderão 
à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, calculado e divulgado pela 
Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, acumulada nos doze meses 
anteriores ao mês do reajuste. 
§ 2º Na hipótese de não divulgação do INPC referente a um ou mais meses compreendidos no 
período do cálculo até o último dia útil imediatamente anterior à vigência do reajuste, o Poder 
Executivo estimará os índices dos meses não disponíveis. 
§ 3º Verificada a hipótese de que trata o § 2º, os índices estimados permanecerão válidos para os 
fins desta Lei, sem qualquer revisão, sendo os eventuais resíduos compensados no reajuste 
subsequente, sem retroatividade. 
§ 4º A título de aumento real, serão aplicados os seguintes percentuais: 
I - em 2012, será aplicado o percentual equivalente à taxa de crescimento real do Produto 
Interno Bruto - PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2010; 
II - em 2013, será aplicado o percentual equivalente à taxa de crescimento real do PIB, apurada 
pelo IBGE, para o ano de 2011; 
III - em 2014, será aplicado o percentual equivalente à taxa de crescimento real do PIB, apurada 
pelo IBGE, para o ano de 2012; e 
IV - em 2015, será aplicado o percentual equivalente à taxa de crescimento real do PIB, apurada 
pelo IBGE, para o ano de 2013. 
19 
 
§ 5º Para fins do disposto no § 4o, será utilizada a taxa de crescimento real do PIB para o ano de 
referência, divulgada pelo IBGE até o último dia útil do ano imediatamente anterior ao de 
aplicação do respectivo aumento real. 
Não há porque ter dois pesos e duas medidas. Se o salário mínimo é corrigido 
monetariamente pelo INPC, o depósito do FGTS que, em última análise, é um salário 
indireto do trabalhador, também há de sê-lo. 
E observe que o objetivo da Lei em corrigir o salário mínimo pelo INPC decorre 
exclusivamente da necessidade de preservar seu poder aquisitivo. A necessidade de 
preservar o poder aquisitivo é um constante em todas as transações financeiras, e ela só 
aperfeiçoa quando repõe efetivamente as perdas inflacionárias. 
Outro índice que se mostra aplicável, na hipótese deste douto Juízo entender que não se 
aplicaria o INPC, é o IPCA, índice oficial do Governo Federal para medição das metas 
inflacionárias, contratadas com o FMI, a partir de julho de 1999. 
Ambos os índices são infinitamente mais adequados a preservar o poder aquisitivo dos 
depósitos do FGTS do que a aniquilada TR. 
Por fim, cumpre lembrar que o entendimento que começa a surgir os primeiros 
entendimentos razoáveis sobre a questão, ainda que em primeiro grau de jurisdição, 
como se vê a seguir em uma decisão na cidade de Foz do Iguaçu (4ª Região): 
“...Pois bem. Verificada a desigualdade/desproporção entre a TR e de outra banda, o IPCA-E e o 
INPC, passa-se a analisar a real função da correção monetária em cotejo com o princípio 
constitucional do direito à propriedade (art. 5º, XXII, da Carta Magna). Embora em tal julgado o 
STF não tenha declarado que haveria impossibilidade de utilização de tal índice aos contratos 
firmados após essa data, nele ficou reconhecido, de maneira cristalina que aquele Tribunal não 
reconhecia a TR como índice hábil a promover a atualização monetária. Processo: 5009533-
35.2013.404.7002/PR.” 
Ainda, nesse sentido, na cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais (1ª região), também 
houve procedência da ação de revisão do FGTS, neste caso para substituição da Taxa 
Referencial (TR) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Neste caso o 
magistrado demonstrou a evolução do FGTS ao longo de 47 anos de história, desde que 
foi criado pela Lei 5.107/66. In Verbis: 
 “...Como se viu no tópico anterior, a metodologia iniciada pela Resolução CMN 2.604, de 
23/04/1999, com efeitos a partir de 01/06/1999, deu início ao descolamento da TR dos índices 
de inflação, sendo esse o momento que se deve fixar para a recomposição das contas do FGTS. 
Diante do exposto, tendo em vista o que já decidido pelo E. STF no caso da lei 11.960/09 e o 
20 
 
fato de o FGTS ser um pecúlio constitucional obrigatório, não portável e de longo prazo, cuja 
garantia de recomposição das perdas inflacionárias está implícita na disposição do art. 7º, III, da 
CR/88, que assegura esse direito trabalhista fundamental a todos os trabalhadores, é de se 
declarar inconstitucional, pelo menosdesde a superveniência dos efeitos da Resolução CMN 
2.604, de 23/04/1999, a vinculação da correção monetária do FGTS à TR, conforme art. 13 da 
lei 8.036/90 c/c arts. 1º e 17 da lei 8.177/91. Processo:3279-88.2013.4.01.3810, JUSTIÇA 
FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA - SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE POUSO ALEGRE/MG.” 
Assim sendo, deve ser aplicado, para fins de dar cumprimento à atualização 
monetária dos saldos das contas do FGTS, qual seja, INPC ou alternativamente o 
IPCA, em substituição à TR, desde janeiro do ano de 1999, a partir de quando tal 
índice deixou de refletir a variação inflacionária da moeda. 
IV – DO PREQUESTIONAMENTO PARA EVENTUAL INTERPOSIÇÃO 
DE RECURSO ESPECIAL OU RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Inicialmente é importante retratar que o tema em debate cuida de matéria de ordem 
pública, a qual ultrapassa a esfera individual do cidadão atingindo toda a ordem social 
quer seja jurídica, quer seja em âmbito político-social afetando, dessa forma, toda a 
parcela da sociedade comprometida com o bem comum. 
Sublinha-se que a matéria ora ventilada, afronta de pronto preceitos Constitucionais que 
violam os Direitos Garantia de todos os trabalhadores que possuem conta vinculada do 
FGTS. 
Assim, há repercussão geral na presente ação, frente ao Estado Democrático de Direito, 
compromissário e dirigente que tem como postulado a segurança jurídica. 
No mais, com efeito, o tema apresenta relevância do ponto de vista jurídico, uma vez 
que a definição sobe a constitucionalidade dessa exação norteará o julgamento de 
inúmeros processos similares, que tramitam neste e nos demais tribunais brasileiros. 
Além de fixar a interpretação da Corte sobre os dispositivos constitucionais suscitados 
no feito. 
Nesse contexto, em breve síntese, a aplicação da T.R como índice de correção 
monetária do FGTS, encontraria respaldo em dois artigos da Lei nº 8.036/90, art. 2º e 
art. 13. 
21 
 
Assim, entendemos, data venia, que há uma obrigatoriedade de correção monetária e de 
remuneração por meio de juros dos depósitos efetuados nas contas vinculadas do FGTS, 
senão vejamos: 
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se refere esta lei e outros 
recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de modo 
a assegurar a cobertura de suas obrigações. 
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão corrigidos monetariamente com 
base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança e 
capitalização juros de (três) por cento ao ano. 
Todavia, a realização de interpretação ou decisão diversa, no sentido que as contas 
vinculadas do FGTS devem ser corrigidas pela TR, por força do citado artigo 13, viria a 
ferir vários preceitos constitucionais. 
Nesse sentido, referido artigo 13, desobedeceria aos limites materiais de inúmeros 
fundamentos e princípios constitucionais, como o Estado Democrático de Direito, 
atentando contra a Dignidade da pessoa Humana (art. 1º e inciso III, da CF), bem como 
os princípios da igualdade, segurança jurídica (art. 5º, caput, da CF), da proteção ao 
direito de propriedade, direito adquirido (art. 5º, XXII e XXXVI da CF) e moralidade 
(art. 37 da CF). 
Nessa mesma linha, recentemente o Supremo Tribunal Federal decidiu pela 
inconstitucionalidade da utilização da Taxa Referencial - TR - como índice de correção 
monetária para o pagamento dos chamados precatórios (ADI nº 4357) reafirmando 
entendimento anteriormente adotado por aquela Corte na ADI nº 493. Essa decisão tem 
desdobramentos que vão além do processo no qual foi tomada. Isso porque a Lei nº 
8.036/90 que estabelece as bases do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS – 
também prevê a aplicação de correção monetária e há muito tempo é utilizado o referido 
índice (TR) para corrigir referido fundo, o mesmo agora considerado inconstitucional 
para este fim pelo STF. 
Assim, a parte autora há por bem PREQUESTIONAR a matéria, para efeito de eventual 
interposição de Recurso Especial e/ou Extraordinário, conforme fundamentos que passa 
a expor: 
Inicialmente devemos nos recordar que a dignidade da pessoa humana é valor 
constitucional supremo que agrega em torno de si a unanimidade dos demais direitos e 
garantias fundamentais do homem, envolvendo-se tanto em relação ao direito à vida 
22 
 
como, também, aos direitos pessoais tradicionais, os direitos sociais, econômicos, e as 
liberdades públicas em geral. 
Em verdade quando o texto constitucional proclama a dignidade da pessoa humana está 
corroborando um imperativo de justiça social, e consigna, acima de tudo, um sobre 
princípio (é o caso dos diretos fundamentais). 
Nesse sentido, em relação ao caso concreto, é necessário aprofundarmos um pouco mais 
nas consequências que esta subtração de recursos do patrimônio do trabalhador traz a 
todos, individual e coletivamente. 
É de conhecimento geral que o Sistema Financeiro de Habitação dispõe dos recursos do 
FGTS para financiar o maior sonho de todo brasileiro – casa própria. Também é de 
conhecimento geral que a Caixa Econômica Federal é o Banco que mais se utiliza destes 
recursos do SFH para financiar, emprestar dinheiro para os brasileiros comprarem a 
casa própria. 
E, embora em princípio, não haja correlação entre o trabalhador que tem depósitos no 
FGTS que são emprestados para financiar a casa própria, e aquele que se vale do 
empréstimo do SFH para adquirir sua casa própria, em algum momento, trabalhador e 
mutuário são a mesma pessoa. 
Neste contexto de mutuário e trabalhador serem a mesma pessoa é que se evidencia a 
maior sordidez da história recente deste País. 
Já seria reprovável o fato de a Caixa pegar um dinheiro a juros baixos e sem nenhuma 
correção e emprestá-lo a juros muito altos, mesmo sem correção (uma vez que a TR 
corrige prestações do SFH), evidencia que a instituição bancária leva imensa vantagem 
nesta negociação. 
Mas a situação piora consideravelmente quando, a Caixa pega dinheiro a juros baixos, 
sem nenhuma correção para o trabalhador, e empresta para ele mesmo. 
Suponhamos que um trabalhador queira adquirir uma casa própria utilizando recursos 
do seu FGTS. Ele encontra o imóvel, mas verifica que seus recursos não são suficientes 
para adquiri-lo. Então ele se dirige a um Banco para financiar a diferença, 
comprometendo sua renda por muitos anos. 
23 
 
A maioria dos trabalhadores brasileiros, quando quer adquirir um imóvel, dirige-se à 
Caixa Econômica Federal. 
Todavia, se o depósito do FGTS tivesse sido devidamente corrigido, se ele mantivesse 
seu poder de compra, ou o empréstimo seria menor ou sequer haveria necessidade de o 
trabalhador comprometer sua renda e anos de trabalho para adquirir aquilo que é o 
nosso sonho mais primário como indivíduo e como povo brasileiro. 
A Caixa está emprestando para o trabalhador aquilo que ela deixou de pagar a ele a 
título de correção monetária na sua conta de FGTS. 
O Trabalhador Brasileiro não merece isto! 
A Caixa vale-se da fragilidade humana para colocar-se como realizadora de sonhos, ao 
mesmo tempo em que, ano após ano, aufere lucros exorbitantes às custas do trabalhador. 
Ainda em relação aos dispositivos constitucionais violados, apontamos a violação ao 
direito de propriedade (art. 5º, XXII da CF). 
O direito de propriedade decorre da própria lei natural. Por isso, é uma exigência da 
natureza intelectual do homem. Enquanto os irracionais se contentam com a satisfação 
de suas necessidades imediatas, o homem pode prever o seu futuro. Assim, para 
subsistir hoje e no tempo futuro, precisa apropriar-se de bens naturais, de consumo, 
bens fungíveis e, também, de produção. 
A propriedade é a expressão da pessoa humana. É fruto do seu trabalho ou do de seus 
antepassados. É o espelho do indivíduo, que precisa de um aconchego preservado pela 
privacidade, onde pode ser ele mesmo, cercado dos sinais que identificam o seu eu. Ela 
estimulao trabalho, sendo o homem atraído espontaneamente pela perspectiva da 
recompensa direta e pessoal de seus esforços. 
Finalmente, a propriedade é penhor de uma sociedade articulada ou organizada, ao 
contrário da meramente coletiva, que tem por consequência uma sociedade massificada, 
sem diversificação nem liberdade. Ela defende os cidadãos contra a concentração de 
todos os poderes nas mãos do Estado, garantindo a liberdade dos indivíduos e sua 
independência em relação ao poder. 
 
 
24 
 
Nesse sentido: 
"A propriedade faz parte da natureza do homem e da natureza das coisas. Como o trabalho, ela 
encerra um mistério – é a projeção da personalidade humana sobre as coisas. A pessoa tende à 
propriedade por um impulso instintivo, do mesmo modo que a nossa natureza animal tende ao 
alimento. O apetite da propriedade é tão natural à nossa espécie como a fome e a sede; apenas é 
de notar que estes são apetites da nossa natureza inferior, ao passo que aquele procede da nossa 
natureza superior. Todo o homem tem alma de proprietário, mesmo os que se julgam seus 
inimigos. É isto que se entende quando se afirma que a propriedade decorre do direito natural" 
(R.G. Renard, L’Église et la Question Sociale, p. 137 et seq.). 
Partindo da premissa acima, em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-0/DF, 
ele deixou bem assentado que a TR não constituía índice que refletia a variação do 
poder aquisitivo da moeda. Esta característica da TR tem se confirmado ao longo dos 
anos. A sua aplicação aos saldos dos depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca 
destruição de valor” do patrimônio do trabalhador. Há anos, os trabalhadores que tem 
depósitos no FGTS não experimentam ganhos reais em sua aplicação. Ao contrário. Há 
muito tempo, os trabalhadores tem rendimentos inferiores à inflação, mesmo levando 
em conta a remuneração dos juros de 3% ao ano. 
O que torna a TR um índice inidôneo é a intensa ingerência do Banco Central/CMN na 
sua formulação. 
De pouco adiantaria ao trabalhador que fosse determinado ao Banco Central/CMN que 
recalculasse a TR, pois uma nova fórmula estaria igualmente sob a discricionariedade e 
subjetivismo total do Banco. Basta avaliar a sucessão de resoluções do Banco 
Central/CMN sobre o tema, conforme Parecer do referido Economista. 
Partindo da premissa inequívoca de que a TR não repõe as perdas monetárias dos 
depósitos do FGTS verifica-se de forma incontestável a destruição de valor” do 
patrimônio do trabalhador”. Assim, outro caminho não existe se não o de adotar um 
novo índice que verdadeiramente corrija estes depósitos. 
Como se sabe, o índice de remuneração básico da poupança é a Taxa Referencial – TR, 
índice controlado pelo Estado, e utilizado como instrumento de controle da economia – 
vide os sucessivos índices mensais zerados, a fim de controle de aporte de capital nas 
poupanças. Tanto a TR não se presta como índice de correção monetária, que o STF já 
decidiu nesse sentido: “A taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária 
(...) não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda” (ADI 
493-0/DF, Relator Min. Moreira Alves, Plenário, DJ 4.9.1992). 
25 
 
Assim sendo, texto tão danoso ao cidadão (art. 13 da lei 8.036/90) não poderá ser 
tolerado pelo Judiciário. 
Logo, declarada a inconstitucionalidade ao índice aplicado ao precatório pago nos autos, 
deve ser tomado como vigente e aplicado ao caso concreto - atribuindo-se outro índice 
de correção, como retratado nos pedidos da presente ação. 
A ofensa ao art. 5º, caput, da CF, na vertente da segurança jurídica das relações com a 
Caixa Econômica Federal, verifica-se, notadamente após o reconhecimento pelo SFT 
que a TR não se presta como índice de correção monetária. 
Logo, como citado, resta clara a violação aos Artigos 1º, inc. III, 5º, caput e incisos. 
XXII, XXXVI, e 37, caput, da Constituição da República. 
Frise-se, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL já decidiu que envolve questão 
constitucional a discussão a respeito da aplicação ou não, nas contas vinculadas do 
FGTS, de índices de correção monetária expurgados em decorrência de planos de 
estabilização da economia. 
Com efeito, no dia 31-08-2000, em Sessão Plenária, o STF ao apreciar o RE n. 226855-
RS consolidou entendimento de que a decisão judicial que decreta a procedência de 
pedido de pagamento de índices de correção monetária, sob a alegação de direito 
adquirido, trata de questão constitucional, pois está fundamentada na Constituição 
Federal (art. 5º, XXXVI). 
Ou seja, ao apreciar pedido de aplicação de índices de correção monetária extralegais, a 
decisão judicial está, obrigatoriamente, posicionando-se quanto à existência ou não de 
direito adquirido. 
Pois bem, nos casos em que se pleiteiam a aplicação nas suas contas vinculadas do 
FGTS, de índices de correção monetária com discussão de previsão em leis vigentes - 
tratamos de análise de direito adquirido. 
A concessão ou não do pedido depende então da apreciação, pelo juiz da causa, da 
existência ou não de direito adquirido aos índices de correção monetária. 
Logo, caso o entendimento seja no sentido que não há aplicação de direito adquirido ao 
índice de correção/atualização monetária (TR) torna-se possível a interpretação no 
26 
 
sentido de aplicação do índice que realmente cumpra o disposto no art.2º da lei nº 
8.036/90. 
Assim, a parte autora requer, desde já, que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se 
em sua respeitável sentença sobre a ofensa aos dispositivos constitucionais citados. 
Portanto, resta PREQUESTIONADA a matéria pugnando pela PROCEDÊNCIA DO 
PREQUESTIONAMENTO suscitado, requerendo ao Excelentíssimo JUIZ FEDERAL 
que se pronuncie de forma objetiva, explícita e fundamentada sobre o assunto. 
 
V – DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS 
No que tange a possibilidade de condenação da requerida em honorários advocatícios, o 
STF reiterou o entendimento de que cabe a cobrança de honorários advocatícios nas 
ações entre o FGTS e os titulares das contas vinculadas. A decisão foi tomada por 
unanimidade no julgamento do RE 581.160, com repercussão geral reconhecida, 
interposto contra acórdão do TRF da 1ª região. 
Segundo o relator, ministro Ricardo Lewandowski, o acórdão recorrido julgou 
constitucional o artigo 29-C da lei 8.036/90, inserido pela MP 2.164/01, que veda a 
condenação em honorários advocatícios nas ações entre o FGTS e os titulares das contas 
vinculadas. 
Ocorre que o STF já declarou o artigo inconstitucional no julgamento da ADIn 2.736, 
em que foi relator o ministro Cezar Peluso, que excluiu o artigo 29-C da lei 8.036 do 
ordenamento legal. "Entendo que o RE deve ter o mesmo destino da ADIn, de modo 
que dou provimento ao pedido", concluiu o ministro. 
Nesse sentido: 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. 
CONSTITUCIONAL. ART. 9º DA MP 2.164-41/2001. INTRODUÇÃO DO ART. 29-C NA 
LEI 8.036/1990. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA. AÇÕES 
ENVOLVENDO O FGTS E TITULARES DE CONTAS VINCULADAS. 
INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA NA ADI 2.736/DF. RECURSO PROVIDO. 
I - O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 2.736/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, 
declarou a inconstitucionalidade do art. 9º da MP 2.164-41/2001, na parte em que 
introduziu o art. 29-C na lei 8.036/1990, que vedava a condenação em honorários 
advocatícios “nas ações entre o FGTS e os titulares de contas vinculadas, bem como 
naquelas em que figuram os respectivos representantes ou substitutos processuais”. II - Os 
27 
 
mesmos argumentos devem ser aplicados à solução do litígio de que trata o presente recurso. III 
- Recurso extraordinário conhecido e provido. 
(RE 581160 / MG - MINAS GERAIS - PROCESSO ELETRÔNICO. Relator(a): Min. 
RICARDO LEWANDOWSKI REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO. Julgamento: 
20/06/2012. Órgão Julgador: Tribunal Pleno.DJe-166 DIVULG 22-08-2012 PUBLIC 23-08-
2012- Tema 116 - Direito a honorários advocatícios nasações que visam obter expurgos 
inflacionários de FGTS. - Acórdãos citados: ADI 162 MC, ADI 525 MC, ADI 1647, ADI 1753 
MC, ADI 2213 MC, ADI 2736.) (Grifamos) 
Assim, requer a condenação da Caixa Econômica Federal para arcar com os honorários 
advocatícios conforme o Artigo 85 do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105 
de 2015) 
 
VI - CONCLUSÕES 
A Taxa Referencial, enquanto índice de correção monetária assim considerada pela 
atual jurisprudência pátria, não pode ser reduzida a Zero, como tem sido nos últimos 
meses, pois afronta flagrantemente o artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que garante 
atualização monetária aos depósitos feitos no FGTS. 
Como índice de correção monetária, a TR deveria garantir o poder aquisitivo dos 
depósitos do FGTS, que se perfaz levando em conta os índices de inflação. Desde 
janeiro de 1999, a TR se distanciou sensivelmente dos índices oficiais de inflação, 
impingindo profundas perdas aos depósitos do FGTS, tornando-se inidônea para 
garantir a reposição de perdas monetárias. 
A inidoneidade da TR como índice de correção monetária decorre de mudanças 
introduzidas na sua metodologia de cálculo pelo Banco Central do Brasil/CMN que, 
através do mecanismo econômico de um redutor, vem nitidamente manipulando o 
índice para que ele se desprenda da inflação até anulá-la completamente, a despeito de 
um quadro de inflação persistente no País. 
A Caixa Econômica Federal está se prestando ao papel de espoliador do FGTS, na 
medida em que dispõe do patrimônio do trabalhador sem a devida contraprestação. A 
correção monetária aplicada ao FGTS tem sido há muito tempo menor que a inflação 
registrada, de forma que descumpre não só o artigo 2º da lei nº 8.036/90, artigo 233 do 
Código Civil, mas também toda a lógica e princípios do mercado econômico. 
28 
 
Quem empresta tem direito a ser remunerado com juros e a totalidade da correção 
monetária. O trabalhador não pode ser obrigado a subsidiar ainda mais os projetos do 
Governo Federal. O “ainda mais” decorre do fato de os juros de 3% do FGTS serem os 
menores do mercado, o quê, por si só, demonstra que ele já está fazendo sua parte sob a 
perspectiva social. 
Negar o direito de correção monetária aos depósitos do FGTS, Fundo do qual o 
trabalhador não pode simplesmente sacar seu dinheiro para aplicar em outro fundo mais 
rentável, configura ato de tirania, incompatível com um Estado Democrático de Direito 
e deve ser de pronto rechaçado. 
Se o Governo Brasileiro remunerasse os investidores internacionais com TR mais 3% 
ao ano, como faz com os trabalhadores, haveria um fuga em massa dos investimentos 
no País, e certamente estaríamos experimentando uma tsunami econômica e não uma 
simples “marolinha”. 
Sendo a TR índice inidôneo para restabelecer o poder aquisitivo dos depósitos do 
FGTS, sua substituição por outro índice que melhor recomponha as perdas monetárias 
se torna imperioso, a fim de fazer prevalecer o artigo 2º da lei nº 8.036/90 e artigo 233 
do Código Civil. 
Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo Banco Central/CMN promoveu o 
completo distanciamento da TR dos índices oficiais de inflação, temos que desde então 
ela perdeu sua condição de repor as perdas inflacionárias dos depósitos do FGTS, 
devendo desde esta data ser substituída pelo INPC ou, alternativamente, pelo IPCA. 
 
VII – DOS PEDIDOS 
Antes o exposto, requer: 
A) A citação da requerida, para querendo contestar a presente ação. 
B) Ao final, a condenação da Caixa para: 
B.1) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da 
correção monetária pelo INPC nos meses em que a TR foi zero, nas parcelas vencidas e 
vincendas; e 
29 
 
B.2) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da 
correção monetária pelo INPC, desde Janeiro de 1999, nos meses em que a TR não foi 
zero, mas foi menor que a inflação do período; ou 
B.3) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da 
correção monetária pelo IPCA nos meses em que a TR foi zero; e 
B.4) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da 
correção monetária pelo IPCA, desde Janeiro de 1999, nos meses em que a TR não foi 
zero, mas foi menor que a inflação do período; ou 
B.5) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da 
correção monetária por qualquer outro índice que reponha as perdas inflacionárias do 
trabalhador nas contas do FGTS, no entender deste Juízo, desde Janeiro de 1999, 
inclusive nos meses em que a TR foi zero. 
C) Sobre os valores devidos pela condenação de que tratam os itens acima, deverão 
incidir correção monetária desde a inadimplência da requerida, bem como os juros 
legais. 
D) A condenação da requerida ao pagamento das custas e honorários advocatícios de 
20% sobre o valor da condenação. 
E) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita conforme declaração anexa. 
F) Requer que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se em sua respeitável sentença 
sobre a exigência de correção monetária do art. 2º da lei nº 8.036/90 que garante 
atualização monetária aos depósitos das contas vinculadas do FGTS; 
G) Requer, ainda, que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se em sua sentença 
sobre os fundamentos que a utilização da TR como índice de correção desobedeceria 
aos limites materiais de inúmeros fundamentos e princípios constitucionais, como o 
Estado Democrático de Direito, atentando contra a Dignidade da pessoa Humana (art. 1º 
e inciso III, da CF), bem como os princípios da igualdade, segurança jurídica (art. 5º, 
caput, da CF), da proteção ao direito de propriedade, direito adquirido (art. 5º, XXII e 
XXXVI da CF) e moralidade (art. 37 da CF). Logo, resta PREQUESTIONADA a 
matéria pugnando pela PROCEDÊNCIA DO PREQUESTIONAMENTO suscitado, 
requerendo ao Excelentíssimo JUIZ FEDERAL que se pronuncie de forma objetiva, 
explícita e fundamentada sobre o assunto. 
30 
 
H) Requer a intimação da requerida para juntar aos autos os extratos da evolução dos 
depósitos, atualização monetária e juros creditados na conta vinculada da Parte Autora, 
posto que é a atual administradora dos recursos do FGTS. 
I) Informa, por fim, não ter interesse na realização de audiência de 
conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do Novo Código de Processo Civil 
(Lei n. 13.105 de 2015) 
J) Por derradeiro requer que todas as publicações referentes a este feito, sejam 
efetuadas em nome da Dra. Sheila Cupello, OAB/RJ 197.364 e Fátima Regina 
Teixeira Monteiro, OAB/RJ 61.059. 
 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, 
principalmente a prova documental. 
Dá-se à causa o valor de R$ 10.878,50 (dez mil, oitocentos e setenta e oito reais, 
cinquenta centavos). 
 
 
Pede deferimento. 
 
Maricá, 11 de julho de 2019 
 
Fátima Regina Teixeira Monteiro 
OAB/RJ 61.059 
 
Sheila Cupello de Oliveira Ferreira da Silva 
OAB/RJ 197.364

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