Buscar

NOVO CPC - Petição Inicial da Ação de Revisão do FGTS com planilha de cálculo TR x INPC-28-04-2021

Prévia do material em texto

EXMO. SR. DR. JUIZ FEDERAL DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE CAMPOS DOS GOYTACAZES
  
 
FÁBIO NAZARENO CHAGAS, já cadastrado eletronicamente, vem, com o devido respeito, perante Vossa Excelência, por meio de seus procuradores, propor
 AÇÃO DE REVISÃO DO FGTS
em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, inscrita no CNPJ nº 00.360.305/0001-04, pelos seguintes fundamentos fáticos e jurídicos que passa a expor:
 I - DOS FATOS:
A parte Autora é optante do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, possuindo diversas contas vinculadas ao FGTS ao longo de sua vida laboral, conforme cópias das Carteiras de Trabalho e Previdência Social em anexo. Entretanto, a Caixa Econômica Federal vem lesando a parte Autora desde 1991, ao aplicar ao saldo das contas de FGTS, como índice de correção monetária, a Taxa Referencial (TR) e aplicar apenas os juros de 3% ao mês à conta do FGTS.
Isto porque a Lei nº 8.036/90, que rege o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevê que a Caixa Econômica Federal deve depositar nas contas de FGTS a correção monetária e os juros devidos. E a Lei 8.177/91 prevê que, a partir de fevereiro de 1991, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) deve ser remunerado pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança e pelas taxas de juros previstas na legislação do FGTS em vigor, sendo estas taxas de juros da legislação do FGTS, consideradas como adicionais à remuneração pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança.
Ocorre que, taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança desde 1991 é a Taxa Referencial - TR, que, conforme já decidido STF, não é índice de correção monetária (ao passo que não reflete a inflação do período), mas sim juros remuneratórios.
Dessa forma, desde 1991 a Caixa Econômica Federal deixou de aplicar índice de correção monetária as contas de FGTS, aplicando apenas os juros remuneratórios consistentes na taxa referencial acrescida dos juros legais previstos na legislação do FGTS.
De outro lado, tendo em vista que a TR não reflete a inflação, e que desde 1999 se encontra progressivamente abaixo dos índices inflacionários, com diferença de até 6% ao ano, a utilização dos índices da TR como índice de correção monetária, vem causando sérios prejuízos ao trabalhador desde 1999, porquanto está gerando uma defasagem nos saldos das contas do FGTS, eis que não possui o condão de manter o poder aquisitivo da moeda.
Por esse motivo a parte Autora ingressa com a presente demanda, postulando que seja declarado que desde fevereiro 1991 não houve incidência de correção monetária nas contas FGTS da Autor, posto que a TR é taxa de juros remuneratórios que deve incidir nas contas FGTS juntamente com os juros de 3% ao mês previstos na Lei nº 8.036/90, e que a Caixa Econômica Federal seja condenada a aplicar às contas de FGTS, a partir de fevereiro  de 1991, além das taxas de juros da TR e de 3% ao mês,   índice de correção monetária que  reflita a inflação do período, ou que, ao menos, a partir de 1999,  a correção monetária deixe de ser feita pelos índices da TR passando a ser  efetuada por índice que reflita a inflação do período.
II - DO DIREITO 
DA PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA
Está pacificada pelos tribunais superiores a prescrição trintenária das causas que versam sobre a correção monetária dos saldos do FGTS, visto que as verbas pleiteadas não possuem natureza tributária, mas estritamente social e trabalhista, com os mesmos privilégios das contribuições previdenciárias, conforme artigo 20 da Lei 5017/66, art. 183 do CTN e art. 23 da Lei nº 8.036/90, não se aplicando o artigo 178, § 10ª, inciso III do Código Civil, mesmo porque não se trata de prestações acessórias, pagáveis anualmente ou em períodos mais curtos, visto que o sistema do FGTS, não permite saques acessórios.
Nesse sentido, a Súmula 210 do STJ:
“A Ação de Cobrança das contribuições para o FGTS prescreve em trinta (30) anos”.
No mesmo sentido, o voto do relator o Ministro Ilmar Galvão ao julgar o RE 134.328/DF, em 02/02/1993:
"A natureza da contribuição devida ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço foi definida pelo Supremo Tribunal Federal no RE 100249 – RTJ 136/681. Nesse julgamento foi ressaltado seu fim estritamente social de proteção ao trabalhador, aplicando-se-lhe, quanto a prescrição, o prazo trintenário resultante do art. 144 da Lei Orgânica da Previdência Social." (RE 134.328/DF, DJ de 19/02/1993, p. 2038). – grifo acrescido.
Cabe destacar, que no RE 709.212/DF o STF alterou apenas a regra de prescrição para as parcelas do FGTS não depositadas pelo empregador, ou seja, houve alteração para o ajuizamento de ação trabalhista visando o depósito das parcelas do FGTS. 
Ainda nos dizeres do relator Ministro Gilmar Mendes: 
“De fato, a previsão de prazo tão dilatado para o ajuizamento de reclamação contra o não recolhimento do FGTS, além de se revelar em descompasso com a literalidade do Texto Constitucional, atenta contra a necessidade de certeza e estabilidade nas relações jurídicas, princípio basilar de nossa Constituição e razão de ser do próprio Direito.” (Recurso Extraordinário 709.212/DF-grifo nosso)
O RE 709.212/DF não é aplicável nos casos de revisão do índice de correção do FGTS, o trecho do ilustre relator deixa evidente tal afirmação. Não houve qualquer modificação no prazo prescricional do ajuizamento de ação de revisão de índice de correção. 
Esse julgado do STF (ARE 709212/DF) tratou especificamente da ação proposta pelo trabalhador contra o empregador cobrando o não-recolhimento do FGTS.
Destarte, seja pelo teor da legislação pertinente, seja pela consolidada jurisprudência, o direito para reclamar a exata aplicação dos índices de rendimentos das contas vinculadas do FGTS prescreve em 30 (trinta) anos, e, portanto, encontra-se o Requerente em pleno exercício de seus direitos.
DO FGTS
A Constituição Federal garante ao trabalhador, no tópico referente aos direitos sociais a formação de um Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS (art. 7, inciso III).
Ou seja, o FGTS foi criado para proteger o trabalhador, com a garantia de que terá uma reserva financeira em casos de necessidade, como No desemprego involuntário, ou para facilitar a aquisição de imóvel ou ainda para garantir melhores condições na velhice ou em caso de doença, como ocorre na hipótese de aposentadoria. Dessa forma, para que se efetive o intuito de proteger o trabalhador é imperioso que os depósitos em conta de FGTS sejam atualizados por índice de correção monetária que garanta a recuperação do valor da moeda frente ao processo inflacionário ocorrido durante o período em que o dinheiro trabalhador permaneceu aplicado na conta de FGTS.
Entretanto, infelizmente o sentimento geral é de que há muito tempo o FGTS é um fundo iníquo por não ter recomposição inflacionária dos seus recursos, eis que a Caixa Econômica vem aplicando TR como se esta fosse índice de correção monetária e não juros de juros remuneratórios aplicáveis à conta de FGTS, deixando assim de aplicar a devida correção monetária às contas de FGTS.
Ademais, destaca-se que, diferentemente de outros fundos de investimento, o FGTS não é um fundo de livre disposição por parte do titular da conta, sendo que este somente poderá retirar o saldo em condições especificas, como ao ser despedido, para financiar imóvel habitacional, ou ao se aposentar. Assim, não pode o proprietário do saldo depositado na conta de FGTS decidir quais os investimentos ou aplicações que lhe são mais convenientes.
Logo, o trabalhador é obrigado a se submeter à políticas econômicas e sociais que lhe são altamente desfavoráveis, eis que suas contas de FGTS são remuneradas com taxas de juros que se encontram bem abaixo dos comumente praticados no mercado financeiro.
Dessa forma, o mínimo que deve ser garantido ao trabalhador é a manutenção do valor real dos depósitos efetuados em sua conta de FGTS, através da aplicação de índice de correção monetária que reflita a desvalorização da moeda e a correta aplicação dos juros previstos em lei.
Com essa finalidade de manutençãode valor real dos depósitos efetuados na conta de FGTS, bem como de remuneração pela utilização do dinheiro existente na conta de FGTS, a Lei 8.036/1990 determinou que a Caixa Econômica Federal, agente operadora que gere as aplicações do FGTS, deposite nas contas vinculadas ao FGTS os juros remuneratórios devidos e a correção monetária do capital depositado:
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de modo a assegurar a cobertura de suas obrigações.
Por sua vez, a Lei 8.177/91 prevê que os saldos da caderneta de poupança serão remunerado com os juros da TR e com as taxas de juros previstas na lei que regulamenta o FGTS:
Art. 17. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança com data de aniversário no dia 1°, observada a periodicidade mensal para remuneração.
Parágrafo único. As taxas de juros previstas na legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas como adicionais à remuneração prevista neste artigo.
Portanto, desde fevereiro de 1991, quando foi criada a TR, a Caixa Econômica Federal possui a obrigação legal de aplicar aos saldos das contas de FGTS juros remuneratórios, que serão compostos pela TR e pelos juros de 3% ao ano, previstos na Lei 8.177/91, e ainda aplicar índice de correção monetária que reflita e desvalorização da moeda. 
E, ressalta-se que ao julgar a ADI 493-0/DF o Ministro Relator Moreira Alves deixou claro que a TR é taxa de juros e que deve ser aplicada como tal às contas de FGTS de forma cumulativa com os juros fixados na Lei do FGTS.
Não se olvida que o art. 13 da Lei 8.036/90, prevê que os depósitos efetuados nas contas vinculadas ao FGTS devem ser corrigidos monetariamente com base nos parâmetros utilizados para a correção da caderneta de poupança, porém, o art. 13 da Lei 8.036/90 foi parcialmente revogado pela Lei nº 8.177/91, deixando de vigorar a expressão “com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança”.
Nesse ponto, destaca-se que a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, Decreto-Lei 4.657/42, prevê que a norma será revogada quando lei posterior for incompatível com esta:
 Art. 2º Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. 
1º A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
2º A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. 
3º Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.
 Portanto, é evidente que o art. 13 da Lei 8.036/90 foi revogado de forma implícita pela Lei 8.177/91 no que tange a determinação de correção monetária pelos índices fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança, posto que  a nova Lei dispõe, em seu artigo 12, I, que a remuneração básica da poupança passará a ser feita por juros remuneratórios consistentes na TR e prevê, em seu art. 17, que a partir de fevereiro de 1991 as contas de FGTS além dos juros já previstos no art. 3º da Lei 8.036/90 devem sofrer a incidência da TR como forma de remuneração (ou seja, como forma de juros remuneratórios).  
Nesse ponto, é imperioso observar que o art. 13 da Lei 8.036/90 foi editado em 1990, entrando em vigor em 11/05/1990, e, portanto, em momento anterior à criação da TR e sua instituição como índice de remuneração básica da caderneta de poupança.
De fato, quando da edição do art. 13 da Lei 8.036/90, a caderneta de poupança era corrigida por genuíno índice de correção monetária, nos termo do art. 17 da Lei 7.730/89:
“Art. 17. Os saldos das cadernetas de poupança serão atualizados:
I - no mês de fevereiro de 1989, com base no rendimento acumulado da Letra Financeira do Tesouro Nacional - LFT, verificado no mês de janeiro de 1989, deduzido o percentual fixo de 0,5% (meio por cento);
II - nos meses de março e abril de 1989, com base no rendimento acumulado da Letra Financeira do Tesouro - LFT, deduzido o percentual fixo de 0,5% (meio por cento), ou da variação do IPC, verificados no mês anterior, prevalecendo o maior;
III - a partir de maio de 1989, com base na variação do IPC verificada no mês anterior.”
 Assim, vislumbra-se que o objetivo do legislador ao determinar, no art. 13 da Lei 8.036/90, que a correção monetária das contas de FGTS fosse realizada com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança, era garantir que as contas de FGTS fossem corrigidas por índice que refletisse a variação na inflação, mantendo o poder aquisitivo do saldo existente na conta de FGTS.
Portanto, em que pese não tenha havida revogação expressa, por interpretação lógica e sistemática é evidente que a expressão “com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança” constante no art. 13 da Lei 8.036/90 foi revogada por ser incompatível com as normas posteriores sobre a remuneração da caderneta de poupança e sobre a correção monetária e juros aplicáveis às contas de FGTS. 
Isto porque, a Lei 8.177/91, alterou o índice de remuneração básica da poupança, substituindo o índice de correção monetária por índice de juros remuneratórios, ou seja, substituindo o IPC pela TR. Assim, como é impossível que se faça a correção monetária pela aplicação de taxa de juros, é evidente que a redação do art. 13 da Lei 8.036/90, não pode surtir efeito após 1º de março de 1991, posto que, com as alterações introduzidas pela Lei 8.177/91, este dispositivo deixou, até mesmo de possuir coerência. 
Ademais, a determinação de aplicação de correção monetária com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança, existente no o art. 13 da Lei 8.036/90, também resta incompatível com o art. 17 da Lei 8.177/91, o qual determinou que a TR, que é o índice de remuneração básica da caderneta de poupança, seja aplicada às contas de FGTS como forma de juros remuneratórios juntamente com os juros previstos no art. 13º da Lei 8.036/90. Ocorre, que é totalmente incongruente considerar que uma mesma taxa de juros de juros seja aplicada duas vezes à mesma conta, servindo ao mesmo tempo como índice de correção monetária e como juros.
Dessa forma, deve ser reconhecida a revogação da expressão “com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança”, constante no art. 13 da Lei 8.036/90 e determinado que a caixa econômica aplique aos saldos das contas de FGTS índice de correção monetária que recomponha as perdas inflacionárias e aplique juros na forma prevista no art. 17 da Lei 8.177/91, a partir de fevereiro de 1991.
DA NATUREZA JURÍDICA DA TR
A Lei 8.177, de 01/03/1991, estabeleceu regras para a desindexação da economia, em uma época em que o país ainda lutava contra a superinflação. Visando evitar a bola de neve inflacionária resultante da indexação das operações financeiras e contratos a índices de correção monetária, criou a Taxa Referencial - TR. Índice a ser calculado pelo Banco Central do Brasil - BCB, a partir de metodologia aprovada pelo Conselho Monetário Nacional - CNM, inicialmente era obtida a partir da remuneração mensal média de impostos, determinados depósitos e títulos públicos; atualmente, em face da vigente Resolução do CNM nº 3.354/2006, é calculada a partir da remuneração mensal média dos CDB/RDB emitidos a taxas de mercado prefixadas, com prazo de 30 a 35 dias, pelas 30 maiores instituição financeiras do país (a média dos juros do CDB/RDB resulta inicialmente na Taxa Básica Financeira - TBF, sobre a qual é aplicado um Redutor, resultando então na TR).
Portanto, a TR é uma taxa relacionada à remuneração do capital por um prazo determinado. Nãose trata de um índice de correção monetária, mas uma taxa de juros.
Não é à toa que a Lei 8.177/91 estabelece que (I) a remuneração básica da poupança é a TR diária acumulada no mês, somada a (II) um "adicional" de juros de meio por cento ao mês. Como se vê, a própria lei deixa claro que a TR é a taxa de juros básica da poupança (pós-fixada), à qual se soma uma taxa adicional de juros pré-fixados de 0,5%, ou de 70% da meta da taxa Selic anual definida pelo Banco Central do Brasil, sempre que essa meta anual fique em patamar igual ou inferior a 8,5%.
Nessa toada, destaca-se que o Supremo Tribunal Federal ao enfrentar o tema da natureza jurídica da TR, ao julgar a ADI 493-0/DF, declarou a inconstitucionalidade o art. 18 da Lei 8.177/91 e decidiu que a TR não tem natureza de correção monetária:
 Ação direta de inconstitucionalidade. - Se a lei alcancar os efeitos futuros de contratos celebrados anteriormente a ela, será essa lei retroativa (retroatividade minima) porque vai interferir na causa, que e um ato ou fato ocorrido no passado. - O disposto no artigo 5, XXXVI, da Constituição Federal se aplica a toda e qualquer lei infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de direito público e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva. Precedente do S.T.F.. - Ocorrencia, no caso, de violação de direito adquirido. A taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois, refletindo as variações do custo primário da captação dos depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda. Por isso, não há necessidade de se examinar a questão de saber se as normas que alteram índice de correção monetária se aplicam imediatamente, alcançando, pois, as prestações futuras de contratos celebrados no passado, sem violarem o disposto no artigo 5, XXXVI, da Carta Magna. - Também ofendem o ato jurídico perfeito os dispositivos impugnados que alteram o critério de reajuste das prestações nos contratos já celebrados pelo sistema do Plano de Equivalencia Salarial por Categoria Profissional (PES/CP). Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 18, "caput" e paragrafos 1 e 4; 20; 21 e paragrafo único; 23 e paragrafos; e 24 e paragrafos, todos da Lei n. 8.177, de 1 de maio de 1991. (ADI 493, Relator(a):  Min. MOREIRA ALVES, Tribunal Pleno, julgado em 25/06/1992, DJ 04-09-1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-02 PP-00260 RTJ VOL-00143-03 PP-00724)
Pouco tempo depois, ao julgar Medida cautelar na ADI 959/DF o STF reafirmou que a TR é taxa de juros e não correção monetária.
E, recentemente, ao julgar a constitucionalidade da Emenda Constitucional nº 62/2009, nas ADIs 4.357 e 4.425 o STF reafirmou seu entendimento de que a TR não possui natureza de índice correção monetária e não reflete a desvalorização da moeda, e, portanto, não pode ser utilizada como índice de correção monetária[1] e declarou a inconstitucionalidade das expressões "índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e "independentemente de sua natureza", constantes do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal,  conforme redação incluída pela Emenda Constitucional n.º 62 de 2009, bem como, do inciso II, do §1º e §16 do artigo 97 do ADCT.
DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE EXECUÇÃO DA FAZENDA PÚBLICA MEDIANTE PRECATÓRIO. EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 62/2009. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL NÃO CONFIGURADA. INEXISTÊNCIA DE INTERSTÍCIO CONSTITUCIONAL MÍNIMO ENTRE OS DOIS TURNOS DE VOTAÇÃO DE EMENDAS À LEI MAIOR (CF, ART. 60, § 2º). CONSTITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE ‘SUPERPREFERÊNCIA’ A CREDORES DE VERBAS ALIMENTÍCIAS QUANDO IDOSOS OU PORTADORES DE  DOENÇA GRAVE. RESPEITO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E À PROPORCIONALIDADE. INVALIDADE JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DA LIMITAÇÃO DA  PREFERÊNCIA A IDOSOS QUE COMPLETEM 60 (SESSENTA)  ANOS ATÉ A EXPEDIÇÃO DO PRECATÓRIO.  DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA (CF, ART. 5º). INCONSTITUCIONALIDADE DA SISTEMÁTICA DE COMPENSAÇÃO DE DÉBITOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS EM PROVEITO EXCLUSIVO DA FAZENDA PÚBLICA. ULTRAJE À ISONOMIA ENTRE O ESTADO E O  PARTICULAR. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA  UTILIZAÇÃO DO ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. INADEQUAÇÃO MANIFESTA ENTRE MEIOS E FINS. INCONSTITUCIONALIDADE DA UTILIZAÇÃO DO RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DOS CRÉDITOS INSCRITOS EM PRECATÓRIOS. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À ISONOMIA ENTRE DEVEDOR PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CF, ART. 5º). INCONSTITUCIONALIDADE DO REGIME ESPECIAL DE PAGAMENTO. OFENSA À CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO ESTADO DE DIREITO (CF, ART. 1º, ‘CAPUT’), AO PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DE PODERES (CF, ART. 2º), AO POSTULADO DA ISONOMIA (CF, ART. 5º), À GARANTIA DO ACESSO À JUSTIÇA E A EFETIVIDADE DA TUTELA  JURISDICIONAL (CF, ART. 5º, XXXV) E AO DIREITO  ADQUIRIDO E À COISA JULGADA (CF, ART. 5º, XXXVI). PEDIDO JULGADO PROCEDENTE EM PARTE.
….................................................................................
5. A atualização monetária dos débitos fazendários inscritos em precatórios segundo o índice oficial de remuneração da caderneta de poupança viola o princípio constitucional da proporcionalidade (CF, art. 5º, LIV), na sua vertente de adequação entre meios e fins. A inflação, fenômeno tipicamente econômico-monetário, mostra-se insuscetível de captação apriorística (‘ex ante’), de modo que o meio escolhido pelo legislador constituinte (remuneração da caderneta de poupança) é inidôneo a promover o fim a que se destina (traduzir a inflação do período).
…...................................................................................................
8. Pedido de declaração de inconstitucionalidade julgado procedente em parte.”
(ADI 4.357/DF, Redator para acordão Ministro Luiz Fux, citado pelo Ministro Celso de Mello no voto do RE 763218 AgR, Relator(a):  Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 24/09/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-210 DIVULG 22-10-2013 PUBLIC 23-10-2013)
Aliás, a própria evolução do texto do art. 22 da Lei 8.036/90, demonstra que a TR não índice de correção monetária, porquanto em sua redação original, quando era aplicável o BTN aos débitos do empregador para com o FGTS, a lei referia que o BTN incidiria a título de correção monetária. Todavia, a alteração legislativa que excluiu a incidência do BTN, determinando a incidência da TR, também excluiu a expressão “atualização monetária”, justamente porque a TR não é índice de atualização monetária:
Portanto, é evidente, que a Taxa Referencial não é índice de correção monetária, eis que não reflete a inflação ocorrida no mesmo período, tratando-se sim de taxa de remuneração, e, portanto, não é adequada a sua utilização para recompor a desvalorização da moeda devendo ser utilizada apenas como taxa de juros remuneratórios ou moratórios.
E, conforme já explicitado, o art. 17 da Lei 8.177/91 determina que, em se tratando de contas de FGTS, a TR seja utilizada como taxa de juros remuneratórios acrescidas dos juros adicionais previstos no art. 13 da Lei 8.036/90. Não havendo qualquer dispositivo em vigor que determine a sua utilização como índice de correção monetária.
DA APLICAÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA ÀS CONTAS DE FGTS
A correção monetária existe no Brasil desde a década de 1960 com a finalidade de eliminar as distorções no valor da moeda para manutenção de seu valor real ante as alterações nos índices de preço e de custo de vida.
Conforme Leonardo Pereira Lima[3], Correção monetária é a “eliminação das distorções no valor da moeda, para obtenção do seu valor real. Para a correção monetária, geralmente toma-se por base os índices de preços e do custo de vida, verificando-se os valores reais e nominais do período a ser corrigido”.
A correção monetária foi o instrumento criado pelo Poder Executivo para acompanhar os índices da inflação real verificada em nosso país.
A partir da edição do Decreto-lei nº. 2.284/86 (Plano Cruzado) os saldos das contas vinculadasao FGTS passaram a ser reajustados pelo IPC, instituído pelo próprio DL 2.284/86, art. 5º, in verbis:
  
"Artigo 5º. – Serão aferidas pelo Índice de Preços ao Consumidor – IPC, as oscilações do nível geral de preços (...) incumbida dos cálculos a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, e observada a mesma metodologia do Índice Nacional de Preços ao Consumidor."
Verifica-se, assim, que os rendimentos das contas vinculadas ao FGTS deviam acompanhar o custo de vida (inflação) no Brasil. Tanto era esta a intenção da medida legal, que uma de suas posteriores alterações estabeleceu que o índice seria "o do IPC ou o das LBC, o que fosse maior" como dispôs o Decreto-lei nº. 2.331, de 25/12/1986, art. 12, § 2º.
Observa-se que os critérios adotados para a fixação dos rendimentos das citadas contas vinculadas, mediante a publicação de fatores de atualização pela CEF, foram sempre no sentido de garantir a reposição do índice de inflação. Do que se conclui, lógicamente, que a atualização monetária a ser aplicada sobre os saldos existentes nas contas vinculadas ao FGTS de cada trabalhador optante não poderia ser inferior à inflação real apurada mensalmente pelo IBGE.
Dessa forma, é evidente que, mesmo na remota hipótese de se considerar que a TR possa ser utilizada como índice de correção monetária, tem-se que deve ser afastada a aplicação da TR desde janeiro de 1999, porquanto desde essa data a TR se encontra abaixo da inflação.
É preciso lembrar que a Taxa Referencial nunca refletiu a inflação, nem quando experimentamos a hiperinflação, nem quando experimentamos a deflação, entretanto, pelo menos até 1999andava próxima dos Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de maneira que, apesar de não ser um índice de correção monetária, acabava por manter o valor real da moeda. Em outras palavras era razoável a utilização da TR para correção das contas do FGTS, posto que apesar de não se tratar de índice de correção monetária atingia a finalidade de corrigir o capital, conforme se denota do quadro comparativo a seguir:
	ANO
	TR
	INPC
	IPCA
	1991
	335,51%
	475,11%
	472,69%
	1992
	1.156,22%
	1.149,05%
	1.119,09%
	1993
	2.474,73%
	2.489,11%
	2.477,15%
	1994
	951,19%
	929,32%
	890,88%
	1995
	31,6207%
	21,98%
	22,47%
	1996
	9,5551%
	9,125%
	9,56%
Todavia a partir de 1999, esse cenário começou se alterar, posto que a TR passou a se distanciar expressivamente do INPC e do IPCA, tanto que atualmente a inflação chega a superar 6% ao ano e paralelamente a TR possuí índice igual a 0% em vários meses.
Portanto, a TR não se presta a manter o poder aquisitivo dos depósitos feitos pelo trabalhador, e aos poucos vai dilapidando o patrimônio econômico deste.
Ora, a própria legislação do FGTS prevê, em seu art. 2º, que é garantida a atualização monetária e juros do saldo existente na conta de FGTS, de maneira que, quando a TR é igual a zero este artigo é descumprido. Da mesma forma, quando a TR é mínima e totalmente desproporcional em relação à inflação, este artigo também é desobedecido e o patrimônio do trabalhador é subtraído por quem tem o dever legal de administrá-lo.
ÍNDICES QUE EFETIVAMENTE PRODUZEM CORREÇÃO MONETÁRIA
A LINDB estabelece em seu art. 5º que na aplicação da lei o juiz atenderá aos fins sociais a ela se dirige e, às exigência do bem comum.
A lei do FGTS tem um fim social indiscutível, qual seja proteger o trabalhador e constituir um patrimônio que lhe sirva de arrimo em várias situações da vida.
Diante de tudo que foi demonstrado, para atender aos fins sociais da lei do FGTS, o Judiciário deverá determinar que a Caixa Econômica Federal aplique às contas de FGTS índice de correção monetária hábil a garantir a manutenção do poder de compra daquele dinheiro ali depositado e os juros previstos em lei.
Como já demonstrado, a TR não pode ser considerada índice idôneo para atualização monetária das contas de FGTS, em primeiro lugar porque não é índice de correção monetária, mas sim taxa de juros que inclusive deve ser aplicada às contas de FGTS, e em segundo lugar porque nos últimos anos, notadamente a partir de 1999, vem sendo manipulada pelo Banco Central para ficar muito abaixo da inflação.
Dessa forma, é necessário buscar outro índice que seja capaz de manter o poder de compra da moeda.
Por uma questão de equidade, o melhor índice para correção monetária das contas de FGTS, é o índice que corrige monetariamente o salário dos trabalhadores e os benefícios previdenciários, qual seja, o INPC. Este índice está previsto na Lei 12.382/2011, nos seguintes termos:
...
 Art. 2º Ficam estabelecidas as diretrizes para a política de valorização do salário mínimo a vigorar entre 2012 e 2015, inclusive, a serem aplicadas em 1o de janeiro do respectivo ano. 
 1º Os reajustes para a preservação do poder aquisitivo do salário mínimo corresponderão à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor - INPC, calculado e divulgado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, acumulada nos doze meses anteriores ao mês do reajuste.
 2º Na hipótese de não divulgação do INPC referente a um ou mais meses compreendidos no período do cálculo até o último dia útil imediatamente anterior à vigência do reajuste, o Poder Executivo estimará os índices dos meses não disponíveis.
 3º Verificada a hipótese de que trata o § 2o, os índices estimados permanecerão válidos para os fins desta Lei, sem qualquer revisão, sendo os eventuais resíduos compensados no reajuste subsequente, sem retroatividade.
...
Não há porque ter dois pesos e duas medidas. Se o salário mínimo é corrigido monetariamente pelo INPC, o depósito de FGTS que, em última análise, é um salário indireto do trabalhador, também há de sê-lo.
E observe-se que o objetivo da Lei em corrigir o salário mínimo pelo INPC decorre exclusivamente da necessidade de preservar o seu poder aquisitivo. A necessidade de preservar o poder aquisitivo é uma constante em todas as transações financeiras, e ela só se aperfeiçoa quando repõe efetivamente as perdas inflacionárias.
Outro índice que se mostra aplicável, na hipótese de se entender que não seria aplicável o INPC, é o IPCA, índice oficial do Governo Federal para medição de metas inflacionárias, contratadas com o FMI desde julho de 1999.
Ambos os índices são infinitamente mais adequados a preservar o valor da moeda do que do que a TR.
CONCLUSÕES
A Taxa Referencial, não é índice de correção monetária, mas sim taxa de juros conforme decidido pelo STF ao julgar as ADI’s 493-0, 959, 4.357 e 4.425 e, nos termos do art. 17 da Lei 8.177/91, deve ser aplicada às contas de FGTS como juros, da mesma forma que os juros previstos na Lei 8.036/90.
Entretanto, na remota hipótese de se entender, em contrariedade com o entendimento do STF, que a TR não deve incidir nas contas de FGTS na condição de juros remuneratórios, deve ser reconhecido que desde 1999 a TR não é índice idôneo para efetuar a correção monetária porquanto não garante a reposição das perdas monetária nas contas de FGTS desde 1999, eis que dessa data se distanciou progressivamente dos índices oficiais de inflação, imprimindo profundas perdas aos depósitos de FGTS.
Frisa-se que a inidoneidade da aplicação da TR como índice de correção monetária foi reafirmada Recentemente pelo STF que ao julgar as ADI’s ADIs 4.357 e 4.425, quando o Pretório Excelso  afirmou novamente que a TR não reflete a desvalorização da moeda, e, portanto, não pode ser utilizada como índice de correção monetária, motivo pelo qual declarou a inconstitucionalidade das expressões "índice oficial de remuneração básica da caderneta de poupança" e "independentemente de sua natureza", constantes do § 12 do artigo 100 da Constituição Federal,  conforme redação incluída pela Emenda Constitucional n.º 62 de 2009, bem como, do inciso II, do §1º e §16 do artigo 97 do ADCT.
A inidoneidade da TR como índice de correção monetária das contas de FGTS decorre em grande parte de mudanças introduzidas na sua metodologia de cálculo pelo Banco Central,que, através do mecanismo econômico de um redutor, vem nitidamente manipulando o índice para que ele se desprenda da inflação até anulá-la completamente, a despeito de um quadro de inflação persistente no país.
Assim a Caixa Econômica Federal está se prestando a um papel de espoliadora do FGTS, na medida em que dispõe do patrimônio do trabalhador sem a devida contraprestação.
Isto porque, não tem aplicado índice de correção monetária às contas do FGTS, mas apenas duas taxas de juros previstas no art. 17 da Lei 8.177/91, afrontando não só o art. 2º da Lei nº 8.036/90, o art. 233, do código Civil, e as garantias constitucionais do direito à propriedade e os direitos sociais do trabalhador, porquanto vem espoliando as contas de FGTS, que nada mais é do que um direito social constitucionalmente assegurado ao trabalhador, mas também toda a lógica e princípios do mercado  econômico. E, ainda que se considere que a TR seja um índice de correção monetária, permanece a afronta a todos os direitos e garantias citados, porquanto a TR tem sido, há muito tempo, menor que a inflação.
Portanto, na remota hipótese de se entender que a TR deve incidir nas contas de FGTS como um índice de correção monetária, e não como taxa de juros remuneratórios, é imperioso que se determine a sua substituição a partir de 1999 por índice que reflita a inflação.
Excelência, quem empresta dinheiro tem o direito a ser remunerado com juros e a totalidade da correção monetária. E o trabalhador vem sendo obrigado a emprestar o seu dinheiro para subsidiar os projetos do Governo Federal, como o Sistema Financeiro de Habitação, sem receber nada em troca, muito pelo contrário. O trabalhador vem sem expropriado pela CEF dos saldos existentes na conta de FGTS, pelo fato de que a instituição operadora não tem aplicado índice de correção monetária às contas de FGTS e os juros aplicados (3% a.a. + TR) são os menores do mercado.
Ocorre que ao negar o direito de correção monetária aos depósitos do fundo do qual o trabalhador não pode simplesmente sacar seu dinheiro para aplicar em outro fundo que lhe seja mais rentável, configura ato de tirania, incompatível com um Estado Democrático de direito e deve ser de pronto rechaçado.
Sendo a TR uma taxa de juros e inidônea para restabelecer o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS, a aplicação de outro índice a título de correção monetária, que recomponha as perdas monetárias, torna-se imperiosa, a fim de fazer prevalecer o art. 2º da Lei 8.036/90 e o art. 233, do Código Civil, bem como, forma de evitar a afronta as garantias constitucionais do direito à propriedade e ao FGTS.
Posto que desse janeiro de 1999 o redutor criado pelo Banco Central promoveu completo distanciamento da TR dos índices oficiais de inflação, temos que desde então ela perdeu a sua condição de repor as perdas inflacionárias dos depósitos do FGTS, devendo esta ser substituída pelo INPC, ou, alternativamente, pelo IPCA.
III– DO PEDIDO LIMINAR DE EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS
Para que seja efetuado o cálculo dos valores a serem pagos a parte Autora, bem como, seja realizado o cálculo correto do valor da causa torna-se necessário o acesso a todos os extratos das contas de FGTS do Demandante desde a data de abertura de cada uma das contas.
Dessa forma, torna-se necessária a intimação da CEF para que apresente extratos analítico de todas as contas de FGTS da parte Autora desde de a data de inicio de cada contrato de emprego até a presente data.
Nesse ponto, destaca-se que a Caixa Econômica Federal é responsável pela apresentação de todos os extratos de contas de FGTS inclusive, em relação aos períodos anteriores a transposição das contas para a Caixa Econômica Federal.
Nesse sentido, a súmula 514 do STJ:
“A CEF é responsável pelo fornecimento dos extratos das contas individualizadas vinculadas ao FGTS dos Trabalhadores participantes do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, inclusive para fins de exibição em juízo, independentemente do período em discussão”.
Na mesma esteira, a jurisprudência do TRF4:
PROCESSUAL CIVIL. FGTS. EXTRATO ANALÍTICO ANTERIOR À MIGRAÇÃO DAS CONTAS FUNDIÁRIAS. APRESENTAÇÃO EM JUÍZO. RESPONSABILIDADE DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. OBRIGAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. PRESCRIÇÃO. 1. A Caixa Econômica Federal é responsável pela apresentação, em juízo, dos extratos analíticos anteriores à migração da contas fundiárias. 2. Sendo os depósitos fundiários uma obrigação de trato sucessivo, os bancos depositários devem fornecer os extratos dos períodos não prescritos. 3. Agravo improvido. (TRF4 5060901-51.2011.404.7100, Terceira Turma, Relator p/ Acórdão Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, D.E. 02/08/2012)
Impende destacar que a existência jurídica de medida cautelar de exibição de documentos no nosso ordenamento processual não causa óbice ao pedido incidental para este fim. Isto, pois, enquanto a medida cautelar presume a necessidade de utilização destes elementos para acionar a ação principal, o incidente de exibição de documentos é medida utilizada quando não é imprescindível a verificação dos documentos para a propositura do feito, sendo-o, contudo, para a instrução da lide.
Assim, requerendo expressamente o Demandante que sejam exibidos nos autos  extratos analíticos de todas as suas contas de FGTS, é de se deferir, in limine litis, que a Caixa Econômica Federal traga os referidos documentos no prazo de cinco dias do conhecimento da medida liminar, sob as penalidades legais.
IV– DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A parte Autora declara, com fulcro no §3º do art. 99 do CPC/20105, que necessita da concessão do benefício de Assistência Judiciária Gratuita, pois não possui condições de arcar com os ônus pecuniários judiciais sem prejuízo próprio ou de sua família.
Nesse ponto destaca-se que a corte especial do TRF4 uniformizou a jurisprudência no sentido de que é suficiente a afirmação da parte Autora de que não possui condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo de seu sustento e de sua família para a concessão do benefício de Gratuidade de Justiça:
INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. LEI 1.060/50. ART. 4ª. ESTADO DE MISERABILIDADE. PRESUNÇÃO PELA SIMPLES AFIRMAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. PARTE CONTRÁRIA. 1. Para a concessão da assistência judiciária gratuita basta que a parte declare não possuir condições de arcar com as despesas do processo sem prejuízo do próprio sustento ou de sua família, cabendo à parte contrária o ônus de elidir a presunção de veracidade daí surgida - art. 4º da Lei nº 1060/50. 2. Descabem critérios outros (como isenção do imposto de renda ou renda líquida inferior a 10 salários mínimos) para infirmar presunção legal de pobreza, em desfavor do cidadão. 3. Uniformizada a jurisprudência com o reconhecimento de que, para fins de Assistência Judiciária Gratuita, inexistem critérios de presunção de pobreza diversos daquela constante do art. 4º da Lei nº 1060/50.  (TRF4, AC 5008804-40.2012.404.7100, Terceira Turma, Relator Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, D.E. 07/03/2013)
Ante o Exposto, requer seja deferido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita, pois o Demandante não possui meios de arcar com às custas do processo sem prejuízo de seu sustento e de sua família.
V– DO PEDIDO
 FACE AO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:
a) A concessão do benefício da Gratuidade da Justiça, tendo em vista que a parte Autora não tem como suportar as custas judiciais sem o prejuízo de seu sustento e de sua família;
b) O recebimento e deferimento da presente peça inaugural;
c) A intimação da Caixa Econômica Federal para que apresente extratos analíticos de todas as contas de FGTS da parte Autora;
d) A não realização de audiência de conciliação, ante a ineficácia do procedimento, tendo em vista o notório e reiterado posicionamento da Caixa Econômica Federal em sentido contrário ao pedido apresentado pela parte Autora;
e) A citação da Caixa Econômica Federal para que, querendo, apresente defesa;
f) A produção de todos os meios de provas em direito admitidos, em especial o documental;
g) O julgamentoda demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA para:
i. Declarar que a Taxa Referêncial (TR) é taxa de juros;
ii. Declarar a revogação parcial do art. 13 da Lei 8.036/90, em especifico a revogação da expressão “com base nos parâmetros fixados para atualização dos saldos dos depósitos de poupança” constante desse dispositivo ante a incompatibilidade com os artigos 12, caput e inciso I c.c artigo 17 da Lei 8.177/91;
iii. Declarar que a TR deve ser aplicada às contas vinculadas ao FGTS na forma de juros remuneratórios, e não na forma de correção monetária;
iv. Condenar a Caixa Econômica Federal a aplicar, a partir de fevereiro de 1991, juros remuneratórios correspondentes à Taxa Referencial acrescida dos juros adicionais no percentual previsto no art. 13 da Lei 8.036/91, conforme previsão do art. 17 da Lei 8.177/91, e correção monetária pelos índices do INPC ou IPCA, conforme exposto na fundamentação às contas de titularidade da parte Autora vinculadas ao FGTS;
v. Pagar à parte Autora as diferenças que se formarem a partir de 1991 devido à revisão da forma de aplicação dos juros e correção monetária.
h) Subsidiariamente, na remota eventualidade de se entender que a TR não deve incidir na forma de juros remuneratórios cumulativamente com índice de correção monetária, requer, seja condenada a Caixa Econômica Federal a substituir a aplicação da TR pelo INPC ou pelo IPCA, a partir de janeiro de 1999 em todas as contas da parte Autora vinculadas ao FGTS, e pagar todas as diferenças decorrentes desta substituição;
i) Condenar a Caixa Econômica Federal ao pagamento de honorários advocatícios no patamar máximo fixado no §3º, do art. 85 do CPC/2015, acaso incida o disposto no artigo 55 da lei 9.099/90.
j) Protesta por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial documental e depoimento pessoal da parte contrária sob pena de confissão, na forma do artigo 32 da lei 9.099/90.
Nestes termos, pede e espera deferimento.
 
Dá à causa o valor de R$ 1.578,30 (hum mil e quinhentos e setenta e oito reais e trinta centavos). [4]
Campos dos Goytacazes/RJ, 28 de Abril de 2021.
[1] http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=55921 (comentários ao §16, do artigo 9º, do ADCT)[2] Citado no Voto do Ministro Castro Meira, no  Resp 1.270.439/PR Rel. Ministro CASTRO MEIRA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 26/06/2013, DJe 02/08/2013
[3] LIMA, Leonardo Pereira. DICIONÁRIO ENCICLOPÉDICO COMERCIAL. Vol. II. 2 ed. São Paulo: Honor Editorial Ltda, 1969.
[4] Valor estimado provisoriamente para ingresso da ação, a ser corrigido após apresentação dos extratos de FGTS pela Caixa Econômica Federal.

Continue navegando