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Economia Etiene Villela Marroni E-mail: etivm@terra.com.br etiene.marroni@ufpel.edu.br Para entender a ECONOMIA Economia vem do grego = oikos (casa) + nomos (norma, lei) = ADMINISTRAÇÃO DA CASA ECONOMIA Ciência Social que estuda como o indivíduo e a sociedade utilizam os recursos produtivos ESCASSOS na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre os vários grupos da sociedade, com a finalidade de SATISFAZER NECESSIDADES HUMANAS. Contudo, depende de restrições físicas, provocadas pela escassez de recursos produtivos ou fatores de produção (mão-de- obra, capital, terra, inovação tecnológica). Pode-se dizer que o OBJETO DE ESTUDO DA CIÊNCIA ECONÔMICA é a questão da escassez, ou seja, como ECONOMIZAR RECURSOS. Para satisfazer as necessidades humanas são necessários bens que não encontramos na natureza. Consequentemente usamos do processo de transformação para adquiri-los. Fatores de Produção Fatores de Produção A produção faz-se a partir de fatores produtivos como terra (ou recursos naturais, os minérios, a água, a energia etc), trabalho (mão-de-obra), capital (como máquinas, fábricas, estradas etc) e conhecimentos técnicos (ou inovação tecnológica), que são escassos. Devido aos recursos limitados uma sociedade tem que escolher as quantidades de bens e serviços a produzir, mais comboios e menos automóveis, mais café e menos chá, etc. A ESCASSEZ surge em virtude das necessidades humanas ILIMITADAS e da restrição física de recursos. O crescimento populacional renova as necessidades básicas; o contínuo desejo de elevação do padrão de vida (necessidade social = melhoria de status) e a evolução tecnológica fazem com que surjam NOVAS necessidades (computadores, celulares, ...). Nenhum país, mesmo os mais ricos, são auto- suficientes, em termos de disponibilidade de recursos produtivos, para satisfazer a todas as necessidades da população. Portanto, se não houvesse ESCASSEZ DE RECURSOS não haveria necessidade de estudarmos questões como inflação, concentração de renda, desemprego, balanço de pagamentos, crescimento econômico. Esses problemas provavelmente não existiriam. A BALANÇA COMERCIAL trata da contabilidade dos bens comercializados com o exterior. Note que se trata de bens, que significa que o preço contabilizado é livre dos encargos com frete, por exemplo, que é um serviço. A BALANÇA DE PAGAMENTOS contabiliza não só os bens mas também os serviços e as Transferências Unilaterais. Estas são as transferências de valores que não tem contrapartida a compra ou a venda de nenhum bem ou serviço. Por exemplo, os Dekasseguis - descendentes de japoneses que emigraram para o Japão para trabalhar - enviavam dinheiro para suas famílias no Brasil. Isso não envolvia nenhuma compra ou venda de bem ou serviço. Era apenas uma transferência de valores. A estrutura do BALANÇA DE PAGAMENTOS fica assim; BALANÇA COMERCIAL + Balança de Serviços (compreende despesas com viagens, compra e venda de serviços etc) + Transferências Unilaterais = BALANÇA DE PAGAMENTOS Todas as sociedades, qualquer que seja seu tipo de organização econômica ou regime político, são obrigados a fazer ESCOLHAS (OPÇÕES) entre alternativas, uma vez que os recursos não são abundantes. Elas são obrigadas a fazer escolhas sobre O QUE E QUANTO, COMO E PARA QUEM produzir. A Escassez e os Problemas Econômicos Fundamentais O QUE E QUANTO produzir? A sociedade deve decidir se produz mais bens de consumo ou bens de capital. Um exemplo clássico: produzir mais canhões ou mais manteiga? Em que quantidade? Os recursos devem ser dirigidos para a produção de mais bens de consumo ou bens de capital? COMO produzir? Trata-se de uma questão de eficiência produtiva: serão utilizados métodos de produção capital intensivo ou mão-de-obra intensivos? Ou terra intensivos? Isso depende da disponibilidade de recursos de cada país. PARA QUEM produzir? A sociedade deve decidir quais os setores que serão beneficiados na distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários de terra? Agricultura ou indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região sul ou norte? Ou seja, trata-se de decidir como será distribuída a renda gerada pela atividade econômica; Como a sociedade resolve os problemas econômicos fundamentais: o que e quanto, como e para quem produzir? A resposta depende da forma de organização econômica. Existem duas formas principais de organização: a) Economia de mercado (ou descentralizada, tipo capitalista); b) Economia planificada (ou centralizada, tipo socialista) A Questão da Organização Econômica: Sistemas Econômicos ECONOMIA DE MERCADO é a que predomina nos países do ocidente. Nela, o Estado pouco interfere nas relações comerciais, deixando que o mercado se auto- regule. As maiores economias de mercado são EUA, França, Inglaterra e Alemanha. ECONOMIA PLANIFICADA é aquela onde o Estado planeja em que irá investir, o que produzir e como negociar. Ela era adotada pelos antigos países socialistas (URSS e Europa do leste). Os marcos da economia planificada da ex- URSS eram os chamados “planos quinquenais”, onde o Estado soviético definia sua economia para os cinco anos que se seguiriam depois de cada plano. Sistema Econômico É um sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar Um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade: – SISTEMA DE CONCORRÊNCIA PURA: milhares de produtores e milhões de consumidores, resolvem questões econômicas fundamentais, sem a necessidade de intervenção do Estado na atividade econômica; – SISTEMA DE MERCADO MISTO: atua buscando eliminar distorções alocativas e distributivas, promovendo a melhoria do padrão de vida da coletividade, através de: atuação sobre a formação de preços, complemento da iniciativa privada, fornecimento de serviços públicos, fornecimento de bens públicos, compra de bens e serviços do setor privado; – SISTEMA DE ECONOMIA CENTRALIZADA: a forma de resolver os problemas econômicos fundamentais é decidida por uma agência ou Órgão Central de Planejamento, não pelo mercado. A propriedade dos recursos (meios de produção), são do Estado, os meios de sobrevivência são dos indivíduos. Fluxo Real e Fluxo Monetário FLUXO REAL é a atividade concreta de bens e serviços, a PRODUÇÃO; FLUXO MONETÁRIO é constituído de PAGAMENTOS DE SALÁRIOS, JUROS, ALUGUÉIS E DIVIDENDOS, efetuados pelo trabalho executado pelos agentes econômicos. SÃO OS RENDIMENTOS. Fluxo Circular da Renda: fluxos reais e monetários da economia Oferta de bens e serviços Oferta de serviços dos fatores de produção Famílias Mercado de bens e serviços Empresas Mercado de fatores de produção Oferta de bens e serviços Oferta de serviços dos fatores de produção Como produzir Para quem produzir O quê e quanto produzir Fluxo real Fluxo monetário Elementos Básicos de um Sistema Econômico • Estoque de recursos produtivos ou fatores de produção: recursos humanos (trabalho e capacidade empresarial), o capital, a terra, as reservas naturais (e a tecnologia) • Complexo de unidades de produção: empresas • Instituições públicas, jurídicas, econômicas e sociais: são a base de organização da sociedade • Sistema de governo: capitalista, ou economia de mercado: regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa e a propriedade privada dos fatores de produção; socialista, ou economia centralizada (ou planificada) • MICROECONOMIA: estuda o comportamento de consumidores e produtores e o mercadono qual interagem. Preocupa-se com a determinação dos preços e quantidades em mercados específicos; • MACROECONOMIA: estuda a determinação e o comportamento dos grandes agregados, com PIB, consumo nacional, investimento agregado, exportação, nível geral dos preços etc, com o objetivo de delinear uma política econômica. Tem um enfoque conjuntural, isto é, preocupa- se com a resolução de questões como inflação e desemprego, a curto prazo. Divisão do Estudo Econômico A macroeconomia estuda a economia em geral analisando a determinação e o comportamento dos grandes agregados como renda e produtos, níveis de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda, taxa de juros, balança de pagamentos e taxa de câmbio. O enfoque macroeconômico pode omitir fatores importantes, mas estabelece relações entre grandes agregados e permite compreender algumas interações relevantes. A microeconomia ou teoria dos preços analisa a formação de preços no mercado, isto é, como a empresa e o consumidor se interagem e decidem o preço e a quantidade de um produto ou serviço. Estuda o funcionamento da oferta e da demanda (procura) na formação do preço. A microeconomia se preocupa em explicar como é fixado o preço e seus fatores de produção. Para ilustrar a questão da escassez de recursos e as alternativas que as sociedades dispõem para resolver seus problemas econômicos fundamentais (o que, quanto, como e para quem produzir), recorre-se a dois importantes conceitos: Curva de Possibilidades de Produção (CPP) e Custo de Oportunidade (CO). Curva de Possibilidade de Produção: o conceito de custos de oportunidade O CUSTO DE OPORTUNIDADE é válido considerando a curva de possibilidades de produção EM PLENO EMPREGO. NA CURVA DE POSSIBILIDADE DE PRODUÇÃO (CPP) os recursos não são em pleno emprego e, neste caso, o custo de oportunidade é ZERO, pois não é necessário o sacrifício de recursos produtivos para aumentar a produção de um bem, ou mesmo dos dois bens. Assim, a sociedade pode passar de um ponto X para um ponto Y, aumentando a produção de ambos, sendo que havia RECURSOS OCIOSOS. O Custo de Oportunidade (CO) também é chamado de Custo Alternativo ou custo implícito (pois não implica dispêndio [consumo, gasto] monetário). Mediante esse conceito, com ampla aplicação na teoria econômica, procura-se mostrar que, dada a escassez de recursos, tudo tem um custo em economia, mesmo não envolvendo dispêndio financeiro, como falava Milton Friedman NÃO EXISTE ALMOÇO GRÁTIS. O Custo de Oportunidade representa o valor associado a melhor alternativa não escolhida. Ao se tomar determinada escolha, deixa-se de lado as demais possibilidades, pois são excludentes (escolher uma é recusar outras). À alternativa escolhida, associa-se como Custo de Oportunidade o maior benefício NÃO obtido das possibilidades NÃO escolhidas, isto é, “a escolha de determinada opção impede o usufruto dos benefícios que as outras opções poderiam proporcionar”. O mais alto valor associado aos benefícios não escolhidos, pode ser entendido como um custo da opção escolhida, custo chamado “de oportunidade”. Um exemplo da literatura econômica: imagine uma fábrica de móveis que produzia 20 cadeiras por mês num mercado que absorvia totalmente esta produção. Diante de uma oportunidade de negócios, essa fábrica resolveu iniciar uma produção de um novo produto: mesas. Porém, ao alocar recursos para tal, descobriu que terá de deixar de produzir 2 cadeiras para alimentar a demanda de 2 mesas. A Capacidade Ociosa (ineficiência). Neste caso o Custo de Oportunidade é ZERO, pois não é necessário sacrifício de recursos produtivos para aumentar a produção de um bem, ou mesmo, dois bens. B e C Não há como produzir mais, sem reduzir a produção do outro. Combinações de produto (nível de produto eficiente / pleno emprego). D Nível impossível de produção. Posição inalcansável no período imediato. Depende de fatores como inovação tecnológica. Os pontos da CPP representam as possíveis combinações dos fatores de produção na obtenção dos bens X e Y. Deslocamentos Positivos: decorrem da expansão ou melhoria dos fatores de produção disponíveis (crescimento econômico). Inovações tecnológicas: com a mesma quantidade de insumos obtém-se maior quantidade de produtos. Deslocamento negativo: decorre da redução, sucateamento ou progressiva desqualificação de fatores de produção disponíveis. Curva (Fronteira) de Possibilidade de Produção: custo de oportunidade, custo alternativo e custo implícito É o grau de sacrifício que se faz ao optar pela produção de um bem, em termos de produção alternativa sacrificada. O custo de alguma coisa é o que você desiste para obtê-la. Trade-off • Por que a Curva de Possibilidades de Produção é DECRESCENTE E CÔNCAVA em relação à origem? Ela é decrescente em virtude do sacrifício que tem de ser feito ao optar-se pela produção de um bem quando os recursos estão plenamente empregados (o aumento da produção de um bem implica a queda da produção do outro, em cima da Curva de Possibilidades de Produção). A CPP é côncava em relação a origem em virtude da chamada LEI DOS CUSTOS CRESCENTES, para atrair trabalhadores que estão empregados no setor de manteiga e deslocá-los para canhões, deverão ser oferecidos salários maiores e vice-versa. O Formato da Curva de Possibilidades de Produção (CPP) Referencial Bibliográfico TROSTER, Roberto Luis; MOCHÓN, Francisco. Introdução à Economia. São Paulo: Makron Books, 2010. VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval de. Economia: Micro e Macro. 5ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2011.
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