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SENSORIAMENTO – SISTEMAS INTELIGENTES DE MANUFATURA W BA 07 34 _v 1. 0 22 © 2019 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Nirse Ruscheinsky Breternitz Revisor Ridis Pereira Ribeiro Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Junior, Reinaldo Alberto Ricchi J95s Sensoriamento - sistemas inteligentes de manufatura/ Reinaldo Alberto Ricchi Junior, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 138 p. ISBN 978-85-522-1476-2 1. Produção enxuta. 2. Indústria 4.0. I. Junior, Reinaldo Alberto Ricchi. Título. CDD 620 Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject= http://www.kroton.com.br/ 3 3 SENSORIAMENTO – SISTEMAS INTELIGENTES DE MANUFATURA SUMÁRIO Apresentação da disciplina 4 Introdução aos sistemas básicos de manufatura e sensoriamento 8 Organização de sistemas de manufatura, layout de instalações e sistemas de informação de manufatura 26 Conceitos de produção e indicadores de desempenho de fabricação 44 Custos de fabricação e custos de trabalho em andamento 61 Sistemas de produção de alto volume, análise de linhas de fluxo, sistemas de montagem e balanceamento de linha 79 Projeto de sistemas de manufatura, tecnologia de grupo, manufatura flexível e sistemas de manufatura celular 101 Conceitos de fabricação integrada por computador e integração empresarial 121 44 Apresentação da disciplina O Sensoriamento dos Sistemas Inteligentes de Manufatura é um dos principais temas estratégicos da Indústria 4.0 (também conhecida como Quarta Revolução Industrial), que está fundamentada em uma tecnologia de grande impacto chamada Microeletrônica. Os sensores são dispositivos fundamentais para a maioria das tecnologias disruptivas do século XXI. A tecnologia dos sensores é responsável pelos maiores impactos na atual revolução tecnológica do século XXI. A invenção dos microprocessadores no contexto da indústria 4.0 trouxe instrumentos altamente sofisticados para a nossa vida, e os sensores são componentes essenciais em qualquer dispositivo que use um processador de sinal, que pode ser definido como um dispositivo que manipula códigos binários, geralmente representados por sinais elétricos. De maneira geral, os sensores podem ser definidos como dispositivos de interface entre grandezas físicas e circuitos integrados que entendem apenas uma linguagem de cargas elétricas em movimento. Em outras palavras, sensores são olhos, orelhas e narizes de chips de silício (FRADEN, 2010). Os sensores podem ser definidos como dispositivos que recebem um estímulo físico e respondem com um sinal elétrico, sendo que seu desempenho deve ser avaliado como parte de um sistema de aquisição de dados. De uma maneira geral, os objetos da natureza podem ser divididos em objetos naturais e objetos feitos pelo homem (artificiais). Os sensores naturais são aqueles encontrados em organismos vivos e possuem um caráter eletroquímico, ou seja, sua natureza física é baseada no transporte de íons, como nos nervos óticos. Nos dispositivos artificiais, a informação é transmitida através de transporte de elétrons. 55 5 Os sensores artificiais devem “falar” a mesma linguagem dos dispositivos com os quais são interligados. Esta linguagem é elétrica em sua natureza e um sensor artificial deve ser capaz de responder com sinais em que a informação é transportada pelo deslocamento de elétrons, ao invés de íons, como no caso dos sensores naturais. Desta maneira, é possível conectar os sensores a sistemas eletrônicos através de fios elétricos que simulem as fibras nervosas dos sensores naturais. É importante ressaltar que o estímulo é a quantidade, propriedade ou condição que pode ser recebida e convertida em um sinal elétrico (FRADEN, 2010). A fabricação dos circuitos integrados consiste em uma série de etapas sequenciais do processo de microfabricação, no qual camadas de materiais são depositadas em substratos, que são dopados com impurezas e modelados com fotolitografia. Wafers de silício altamente polidos e com uma resistividade específica são utilizados como material de partida, que em seguida são submetidos a um processo de oxidação em fornos de alta temperatura e com atmosfera controlada para a formação de uma camada de óxido de silício, que é submetida à etapa de fotogravação com a utilização de fotoresists (materiais fotossensíveis) específicos. A fotolitografia é geralmente seguida por corrosão química e implantação iônica, na qual impurezas são adicionadas à estrutura cristalina de silício para modificação de algumas de suas propriedades eletrônicas, finalizando com a etapa de metalização dos contatos elétricos. Todo este processo de microfabricação é realizado com a utilização de máscaras óticas de altíssima precisão (MAY, 2006). A utilização dos sensores está diretamente ligada aos sistemas inteligentes de manufatura. O processo de fabricação de artefatos é atividade essencial que influenciou a história de todas as civilizações humanas. Hoje em dia, o termo manufatura é utilizado para descrever todos os tipos de processos de fabricação. Sob a perspectiva da 66 análise econômica, a fabricação é um meio importante pelo qual uma determinada nação cria riqueza. A palavra manufatura é derivada de duas palavras latinas, manus (mão) e factus (fazer), e seu sentido aplicado no processo produtivo é literalmente o de fazer algum artefato com as mãos. Hoje em dia é acrescentado ao conceito de manufatura todo o desenvolvimento tecnológico para controlar o processo produtivo através de computadores sofisticados. Em termos tecnológicos, a manufatura pode ser definida como a aplicação de processos físicos e químicos para alterar a geometria, propriedades ou aparência de um dado material de partida para fazer peças ou produtos. Além disso, a manufatura também inclui a montagem de várias partes produzidas previamente para fabricar produtos com maior grau de complexidade (GROOVER, 2010). É importante ressaltar que a tecnologia dos sensores é uma das mais importantes para o contexto da indústria 4.0, também conhecida como quarta revolução industrial. A primeira revolução industrial começou na Inglaterra entre 1760 e 1840, com a ideia de que era preciso substituir os métodos artesanais e o trabalho a partir da força humana por máquinas e ferramentas movidas por combustíveis como o carvão. Nessa época também foi observado o crescente uso da energia do vapor. Todas essas alterações dos processos produtivos provocaram grandes consequências no nível econômico e social. O artesão, por exemplo, que até entãocontrolava todas as etapas do processo produtivo, desde a exploração da matéria-prima até a comercialização do produto final, passou a trabalhar como uma espécie de chefe da fábrica que controlava todo o processo. Nas décadas seguintes, especialmente até 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, foram observadas muitas evoluções especialmente na área da indústria química, elétrica e metalúrgica. Surgiram nessa época as máquinas movidas por potentes motores a vapor, revolucionando todo o sistema de transporte de mercadorias e promovendo significativo impacto em todas as relações 77 7 comerciais e econômicas da época. Surgiram também as primeiras linhas de produção, fundamentadas no conceito de eletricidade, que provocou uma completa revolução na indústria com a introdução da produção em massa e redução dos custos do produto final. Esses aspectos caracterizam a segunda revolução industrial (COELHO, 2016). Após a Segunda Guerra Mundial, entre as décadas de 1950 e 1970, começaram a surgir os primeiros conceitos relacionados à eletrônica, dando início à terceira revolução industrial, com a utilização cada vez maior dos semicondutores e dos computadores, a partir do desenvolvimento de sistemas automatizados e robóticos nas linhas de produção, a informatização armazenada e processada em sistemas digitais, bem como o amplo sistema de telefonia e comunicações que se desenvolveu de forma muito intensa nesse período. Com o início do século XXI veio o desenvolvimento da internet e também de sensores cada vez menores, mais potentes e baratos. O desenvolvimento de softwares e hardwares mais sofisticados, voltados para o aprendizado das máquinas, colaborou cada vez mais com o trabalho humano, visando ao aumento de produtividade e competitividade. Todas essas transformações culminaram com o surgimento do conceito de Indústria 4.0 em 2011, na Feira Industrial de Hannover, na Alemanha (COELHO, 2016). Referências Bibliográficas COELHO, P. M. C. Rumo à Indústria 4.0. Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade de Coimbra, 2016. FRADEN, J. Handbook of modern sensors – physics, designs and applications. New York: Springer Science + Business Media, 2010. GROOVER, M. P. Fundamentals of modern manufacturing – materials, processes and systems. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2010. MAY, G. S.; SPANOS, C. J. Fundamentals of semiconductor manufacturing and process control. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2006. 88 Introdução aos sistemas básicos de manufatura e sensoriamento Autor: Reinaldo Alberto Ricchi Jr Objetivos • Conhecer os fundamentos relacionados aos sistemas de manufatura e sensoriamento. • Acompanhar as etapas de microfabricação de sensores. • Conhecer as principais tecnologias das fábricas inteligentes. 99 9 1. Introdução aos sistemas básicos de manufatura e sensoriamento O Sensoriamento dos Sistemas Inteligentes de Manufatura é um dos principais temas estratégicos da Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, que está fundamentada em uma tecnologia específica chamada de Microeletrônica, responsável pela fabricação dos sensores em escala de micrômetros (microfabricação). A tecnologia dos sensores é responsável pelos maiores impactos na atual revolução tecnológica do século XXI. A invenção dos microprocessadores trouxe instrumentos altamente sofisticados para a nossa vida, e os sensores são componentes essenciais em qualquer dispositivo que use um processador de sinal, que pode ser definido como um dispositivo que manipula códigos binários geralmente representados por sinais elétricos. De maneira geral, os sensores podem ser definidos como dispositivos de interface entre grandezas físicas e circuitos integrados que entendem apenas uma linguagem de cargas elétricas em movimento. Em outras palavras, sensores são olhos, orelhas e narizes de chips de silício (FRADEN, 2010). Os sensores podem ser definidos como dispositivos que recebem um estímulo físico e respondem com um sinal elétrico, sendo que seu desempenho deve ser avaliado como parte de um sistema de aquisição de dados. De uma maneira geral, os objetos da natureza podem ser divididos em objetos naturais e objetos feitos pelo homem (artificiais). Os sensores naturais são aqueles encontrados em organismos vivos e possuem um caráter eletroquímico, ou seja, sua natureza física é baseada no transporte de íons, como nos nervos óticos. Nos dispositivos artificiais, a informação é transmitida através de transporte de elétrons. Os sensores artificiais devem “falar” a mesma linguagem dos dispositivos com os quais são interligados. Esta linguagem é elétrica em sua natureza e um sensor artificial deve ser capaz de responder com sinais em que a informação é transportada pelo deslocamento de elétrons, ao invés 1010 de íons, como no caso dos sensores naturais. Desta maneira, é possível conectar os sensores a sistemas eletrônicos através de fios elétricos que simulem as fibras nervosas dos sensores naturais. É importante ressaltar que o estímulo é a quantidade, propriedade ou condição que pode ser recebido e convertido em um sinal elétrico (FRADEN, 2010). A finalidade de um sensor é responder a algum tipo de propriedade física de entrada (estímulo) e converter este estímulo em um sinal elétrico compatível com os circuitos eletrônicos. É possível afirmar que um sensor é um tradutor de uma grandeza geralmente não elétrica em uma grandeza elétrica. De maneira geral, qualquer sensor é um conversor de energia, pois todos os princípios físicos associados ao funcionamento dos sensores estão associados à transferência de energia. O processo de detecção é um caso particular de transferência de informação e qualquer transferência de informação requer, também, transmissão de energia (FRADEN, 2010). A Figura 1 ilustra um circuito integrado utilizado na fabricação de sensores. Figura 1 | Ilustração de um circuito integrado produzido pelos processos de fabricação da microeletrônica Fonte: matejmo/iStock. 1111 11 1.1 Manufatura dos circuitos integrados A maioria dos sensores é fabricada em chips de silício pelo processo chamado de fotolitografia. Em termos muito simplificados, a fabricação e a manufatura podem ser definidos como os processos pelos quais os materiais da natureza são convertidos em produtos acabados. A ideia fundamental é compreender como os materiais e suprimentos eletrônicos são convertidos em circuitos integrados que podem ser utilizados como sensores (MAY, 2006). A microfabricação de circuitos integrados, dispositivos eletrônicos e sensores utiliza materiais chamados de semicondutores, que apresentam propriedades eletrônicas com características especiais. Os materiais semicondutores constituem a base da indústria eletrônica, com aplicações tecnológicas em áreas como computação de estado sólido, telecomunicação, indústria aeroespacial e automotiva, eletrônica de consumo, celulares e tablets. O Quadro 1 apresenta os principais fatos históricos relacionados à microfabricação em materiais semicondutores (MAY, 2006). Quadro 1 | Principais eventos históricos da microeletrônica Ano Evento Histórico 1798 Invenção do processo litográfico 1918 Czochralski: técnica de crescimento de cristal 1957 Andrus: desenvolvimento do fotorresistente Frosch e Derrick: mascaramento de óxido 1958 Shockley: implantação de íons 1963 Wanlass and Sah: conceito de CMOS (Complementary Metal Oxide Semiconductor) 1971 Irving: corrosão química a seco Primeiro microprocessador fabricado pela Intel Fonte: May (2006). 1212 PARA SABER MAIS A Microeletrônica é uma disciplina da Eletrônica, responsável por fabricar dispositivos eletrônicos da ordem de micrômetros, pelo processo de microfabricação chamado de Fotolitografia. Esses dispositivos são fundamentais na construção de computadores, celulares e tablets, por exemplo. A grande maioria das atuais revoluções tecnológicas da Indústria 4.0 tem a Microeletrônicacomo principal fundamento. No começo da década de 1980, a fabricação de sensores a partir de circuitos integrados estava fundamentada em processos tecnológicos com centenas de etapas sequenciais, cujo rendimento podia variar entre 20 a 80%. Devido aos investimentos bilionários neste setor, o desafio dos fabricantes de semicondutores foi incorporar mais inovação tecnológica no processo de fabricação. O objetivo era usar os desenvolvimentos mais recentes em hardware e tecnologia de software para melhorar os métodos de fabricação. Atualmente, o processo de microfabricação em semicondutores é mais sofisticado e eficiente, com uma série complexa de centenas de etapas executadas com erros mínimos. As principais etapas do processo de microfabricação para a produção de sensores podem ser organizadas da seguinte maneira: oxidação, fotolitografia, corrosão química (etching), implantação iônica e metalização. Estas etapas vão sendo repetidas sucessivamente para a fabricação de cada um dos níveis do circuito integrado (MAY, 2006). A fabricação destes circuitos integrados consiste em uma série de etapas sequenciais do processo de microfabricação, no qual camadas de materiais são depositadas em substratos, que são dopados com impurezas e modelados com fotolitografia. Wafers de silício altamente polidos e com uma resistividade específica são utilizados como material 1313 13 de partida, que em seguida são submetidos a um processo de oxidação em fornos de alta temperatura e com atmosfera controlada, para a formação de uma camada de óxido de silício, que é submetida à etapa de fotogravação com a utilização de fotoresists (materiais fotossensíveis) específicos. A fotolitografia é geralmente seguida por corrosão química e implantação iônica, na qual impurezas são adicionadas à estrutura cristalina de silício para modificação de algumas de suas propriedades eletrônicas, finalizando com a etapa de metalização dos contatos elétricos. Todo este processo de microfabricação é realizado com a utilização de máscaras óticas de altíssima precisão (MAY, 2006). O advento dos chips de silício contendo milhares de componentes integrados em um único sistema causou uma verdadeira revolução na eletrônica e em outras áreas da ciência e da cultura em geral. Esta revolução continua influenciando todos os sistemas de manufatura, na busca por otimização dos processos de microfabricação, de maneira que os sistemas dispositivos sejam cada vez mais miniaturizados (SILVA, 2006). 1.2 Sensoriamento e Indústria 4.0 A Primeira Revolução Industrial começou na Inglaterra entre 1760 e 1840, com a ideia de que era preciso substituir os métodos artesanais e o trabalho a partir da força humana por máquinas e ferramentas, movidas por combustíveis como o carvão. Nesta época também foi observado o crescente uso da energia do vapor. Todas estas alterações dos processos produtivos provocaram grandes consequências no nível econômico e social. O artesão, por exemplo, que até então controlava todas as etapas do processo produtivo, desde a exploração da matéria- prima até a comercialização do produto final, passou a trabalhar como uma espécie de chefe da fábrica que controlava todo o processo, desde a obtenção da matéria-prima, fabricação do produto final e o gerenciamento dos lucros. Nas décadas que se seguiram, especialmente até 1945, com o fim da Segunda Guerra Mundial, foram observadas 1414 muitas evoluções na área da indústria química, elétrica e aço, bem como o aprimoramento geral de toda a indústria. Surgiram nesta época os barcos de aço movidos por potentes motores a vapor, revolucionando todo o sistema de transporte de mercadorias e promovendo significativo impacto em todas as relações comerciais e econômicas da época. Surgiram também as primeiras linhas de produção, fundamentadas no conceito de eletricidade, que provocou uma completa revolução na indústria, com a introdução da produção em massa e redução dos custos do produto final. Estes aspectos caracterizam a segunda revolução industrial (COELHO, 2016). Após a Segunda Guerra Mundial, entre as décadas de 1950 e 1970, começaram a surgir os primeiros conceitos relacionados à eletrônica, dando início à terceira revolução industrial, com a utilização cada vez maior dos semicondutores e dos computadores, a partir do desenvolvimento de sistemas automatizados e robóticos nas linhas de produção, a informatização armazenada e processada em sistemas digitais, bem como o amplo sistema de telefonia e comunicações que se desenvolveu de forma muito intensa neste período. Com o início do século XXI veio o desenvolvimento da Internet e também de sensores cada vez menores, mais potentes e baratos. O desenvolvimento de softwares e hardwares mais sofisticados, voltados para o aprendizado das máquinas, colaborou cada vez mais com o trabalho humano, visando o aumento de produtividade e competitividade. Todas estas transformações culminaram com o surgimento do conceito de Indústria 4.0 em 2011, na Feira Industrial de Hannover, na Alemanha (COELHO, 2016). O termo Indústria 4.0 descreve uma visão do que será uma fábrica no futuro, em um complexo sistema de diferentes tecnologias que se entrelaçam e se complementam para otimizar os processos produtivos. Neste sentido, as fábricas serão muito mais inteligentes, flexíveis, dinâmicas e ágeis. Na verdade, o conceito de fábrica inteligente se estende para todas as etapas da cadeia de suprimentos, desde um 1515 15 sistema de logística inteligente, passando pela produção inteligente e distribuição dos produtos totalmente conectada à Internet. É preciso ressaltar que o impacto da Indústria 4.0 vai muito além da simples digitalização, passando por complexas formas de inovação, fundamentadas na combinação de múltiplas tecnologias, obrigando as empresas a repensar todas as suas estratégias competitivas, gestão de negócios e posicionamento na cadeia de valor, de maneira que a adaptação estrutural possa ser gradativamente instalada. É preciso perceber que as inovações causarão impacto em todos os setores da vida humana, tanto no aspecto industrial e tecnológico, como também no aspecto sociológico e cultural. As mudanças disruptivas das novas tecnologias vão muito além de acumular capital para comprar produtos, pois os consumidores estão buscando cada vez mais novas experiências. Em cada detalhe do produto é possível agregar valores profundos e muito bem fundamentados, pois a competição no mercado cresce de maneira exponencial. Do período da produção em massa estamos evoluindo para a customização em massa, que pode ser definida como a produção de bens ou serviços que atendam desejos específicos e individuais a custos reduzidos, muito próximos dos custos de produção em massa sem customização. Este desafio só é possível para as empresas que investirem todas as suas atenções em capacitação tecnológica contínua, fundamentada em treinamentos de excelência que promovam a geração de insights criativos, com o objetivo de desenvolver um sistema de manufatura inteligente, flexível e ágil (COELHO, 2016). A Figura 2 apresenta alguns aspectos históricos das quatro revoluções industriais. 1616 Figura 2 | Aspectos históricos das quatro revoluções industriais Fonte: adaptada de monicaodo/iStock. Os produtos e serviços são amplamente potencializados com a transformação digital, através da utilização de novos materiais mais inteligentes, sensores capazes de monitorizar em tempo real, fornecendo dados técnicos de desempenho capazes de prevenir problemas na produção e sugerir manutenções de maneira muito mais precisa e rápida, reduzindo o custo e agregrando valor ao produto final. A inovação deve ser compreendida como o fator que impulsiona diferentes áreas tecnológicas que convergem para a resolução de problemas específicos, de maneira a adquirir maior vantagem competitiva e também maior crescimento social e econômico. Este tipo de inovação é de grande interesse dasempresas jovens com grandes ideias inovadoras, porém sem recursos suficientes para serem competitivas no mercado. Empresas com mais experiência 1717 17 também procuram novas oportunidades para se tornarem mais ágeis e competitivas. A inovação é o motor propulsor do crescimento econômico, através da introdução de produtos ou serviços que tragam melhoria para as pessoas, ampliando suas perspectivas não apenas econômicas, mas também sociais e culturais (COELHO, 2016). O começo do século XXI está enfrentando uma grande diversidade de desafios, que na verdade são fascinantes devido ao seu alto grau de complexidade conceitual e grande impacto em todas as culturas humanas. O maior desafio é compreender a modelagem da nova revolução tecnológica promovida pela Indústria 4.0 que, na verdade, implica na transformação de toda a humanidade. Com efeito, é fundamental adquirir a consciência de que a Indústria 4.0 causará grande impacto na economia, emprego e na própria realidade social e psicológica do ser humano, por meio do diálogo entre o homem e a máquina, que será cada vez mais intenso nas próximas décadas. Na verdade, estamos no início de uma revolução que afetará de maneira muito profunda e definitiva a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. As atuais revoluções tecnológicas representam um fenômeno social e cultural completamente diferente de todos os que já foram registrados no decorrer da história da humanidade. Por esta razão, é extremamente necessário um sistema educacional profundo, ágil e eficiente que seja capaz de captar a essência conceitual em meio à multiplicidade cada vez mais crescente de novos conceitos científicos e tecnológicos. A possibilidade ilimitada de bilhões de pessoas conectadas por dispositivos móveis é um terreno fértil para novas estratégias educacionais que contemplem uma forma de ajudar a compreensão humana diante das inúmeras transformações digitais e mudanças disruptivas que a humanidade vai experimentando, simbolizadas por tecnologias de grande impacto, como a inteligência artificial, robótica, internet das coisas, veículos autônomos, impressão em 3D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência dos materiais, armazenamento de energia e computação quântica, para citar apenas algumas (SCHWAB, 2016). 1818 A importância do conhecimento compartilhado passa a adquirir importância estratégica no contexto da Indústria 4.0, pois será necessário que as pessoas unam cada vez mais seus esforços e conhecimentos na construção de um planeta mais sustentável e interconectado por tecnologias cada vez mais revolucionárias. É preciso desenvolver uma visão compartilhada abrangente e global sobre o impacto das tecnologias na vida do ser humano, bem como o efeito deste impacto na remodelagem do contexto econômico, social e cultural para as gerações futuras. As mudanças são tão profundas que, na perspectiva da história da humanidade, nunca houve um momento de tão grande complexidade, tão potencialmente promissor ou perigoso (SCHWAB, 2016). 1.3 Aplicação dos sensores aos sistemas inteligentes de manufatura O processo de fabricação de artefatos é atividade essencial que influenciou a história de todas as civilizações humanas. Hoje em dia, o termo manufatura é utilizado para descrever todos os tipos de processos de fabricação. Sob a perspectiva da análise econômica, a fabricação é um meio importante pelo qual uma determinada nação cria riqueza. A palavra manufatura é derivada de duas palavras latinas, manus (mão) e factus (fazer), e seu sentido aplicado no processo produtivo é literalmente o de fazer algum artefato com as mãos. Hoje em dia, é acrescentado ao conceito de manufatura todo o desenvolvimento tecnológico para controlar o processo produtivo através de computadores sofisticados. Em termos tecnológicos, a manufatura pode ser definida como a aplicação de processos físicos e químicos para alterar a geometria, propriedades ou aparência de um dado material de partida para fazer peças ou produtos. Além disso, a manufatura também inclui a montagem de várias partes produzidas previamente para fabricar produtos com maior grau de complexidade (GROOVER, 2010). 1919 19 Um sistema de manufatura pode ser definido como o conjunto de equipamentos e recursos humanos que realizam operações de processamento e montagem a partir de um determinado material de trabalho ou peças específicas. Os sistemas de manufatura são descritos pelos sistemas operados manualmente e pelos sistemas automatizados monitorados por sensores. A automação pode ser definida como a tecnologia pela qual um processo é realizado sem a participação humana. Os seres humanos podem estar presentes como observadores ou mesmo participantes, mas o processo opera sob sua própria direção, definida por meio de um sistema de controle que executa um programa de instruções. Um sistema automatizado consiste em três componentes básicos: energia, um programa de instruções e um sistema de controle para executar as instruções (GROOVER, 2010). Os processos de automação e controle são aplicados com a utilização de vários dispositivos de hardware que interagem com a operação de produção e com os equipamentos de processamento associados. Os sensores são necessários para medir as variáveis do processo e os atuadores são usados para conduzir os parâmetros do processo. Além disso, vários dispositivos adicionais são necessários para conectar os sensores e atuadores com o controlador de processo, que geralmente é um computador (GROOVER, 2010). Os sistemas inteligentes de manufatura, também conhecidos como fábricas inteligentes, são uma forma emergente de produção que relaciona os aspectos tradicionais da manufatura com sensores, plataformas digitais, tecnologias de comunicação e controle, simulação, modelagem intensiva de dados e engenharia preditiva. As fábricas inteligentes utilizam conceitos dos sistemas ciber-fisicos, internet das coisas (IoT), computação em nuvem, inteligência artificial e ciência de dados. A essência dos sistemas inteligentes de manufatura pode ser definida em seis pilares: tecnologia de manufatura e processos, materiais, dados, engenharia preditiva, sustentabilidade e compartilhamento de recursos (KUSIAK, 2018). 2020 O conceito de fábrica inteligente é um dos mais discutidos atualmente na literatura científica, pois o volume de publicações está crescendo rapidamente, atraindo a atenção de inúmeros pesquisadores ao redor do mundo. A discussão dos sistemas ciber-físicos, por exemplo, oferece uma visão geral sobre a Indústria 4.0 na Alemanha, onde o conceito foi criado e também em outros países. A definição de requisitos para a tomada de decisão orientada pela ciência de dados é um aspecto fundamental das fábricas inteligentes. O conhecimento destes requisitos permite a identificação das principais tecnologias de tomada de decisões, orientadas por dados na indústria. Além disso, os padrões tecnológicos podem afetar os aspectos dos produtos, sistemas e modelos de negócios das fábricas inteligentes. O progresso dos computadores no desenvolvimento do processo produtivo e na construção de máquinas conduz ao aumento cada vez maior da automação nas fábricas inteligentes. As máquinas de hoje são executadas em grande parte por programas de computador, que podem também transportar materiais e componentes, através de sistemas automatizados de manuseio de materiais. Nesse sentido, o monitoramento de todas estas tecnologias pode ser feita com a utilização de sensores, no contexto dos sistemas inteligentes de manufatura (KUSIAK, 2018). ASSIMILE A Indústria 4.0, também conhecida como Quarta Revolução Industrial, pode ser dividida nas categorias física, digital e biológica. Tecnologias da categoria física: veículos autônomos, impressão 3D, robótica e novos materiais. Tecnologias da categoria digital: sensores, Internet das Coisas (IoT), blockchain, computação em nuvem e Big Data. Tecnologias da categoria biológica:genética, genômica e biologia sintética (SCHWAB, 2016). 2121 21 A indústria está atravessando uma revolução capaz de alterar de maneira muito significativa os processos produtivos, integrando- os em sistemas cada vez mais sofisticados, que possam utilizar os recursos da maneira mais adequada possível, com o objetivo de aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos. Vivemos em uma época em que a inteligência dos equipamentos e sistemas dialoga com a inteligência humana de uma maneira nunca antes vista, misturando princípios científicos com inovação tecnológica, ambos influenciados por certa quantidade de arte e até mesmo de filosofia. Todos estes conhecimentos vão moldando a cultura das primeiras décadas do século XXI, fundamentada em décadas de intensa pesquisa e produtividade intelectual, que se manifesta na forma de tecnologias cada vez mais disruptivas e inovadoras. Todas as tecnologias da Indústria 4.0, especialmente a automação, eletrônica, computação, robótica e sensoriamento só podem ser traduzidas em desenvolvimentos concretos e sustentáveis se fundamentados em resultados sistematicamente obtidos que possuam o potencial de serem transformados em produtos que melhorem a vida das pessoas. A adequada utilização do conhecimento pode ser o fator diferencial de maior importância no estabelecimento de uma nova tecnologia, voltada para o aperfeiçoamento constante dos processos produtivos, especialmente dos sistemas inteligentes de manufatura (MAZZAFERRO, 2018). De uma maneira geral, para a adequada compreensão dos processos de sensoriamento aplicados a sistemas inteligentes de manufatura, é fundamental ter um sólido conhecimento sobre os princípios físicos associados aos sensores, que por sua vez estão associados à microeletrônica e aos processos de microfabricação. O conceito de manufatura também é de extrema importância neste contexto, para que seja criada a consciência adequada sobre o que significa, essencialmente, um sistema inteligente e como ele pode ser aplicado na melhoria dos processos produtivos. 2222 TEORIA EM PRÁTICA As fábricas inteligentes são caracterizadas pela relação entre o homem e a máquina, a partir da conexão entre os dados dos sensores das máquinas com modelos de simulação, que ensinam a forma correta do robô trabalhar. Este novo paradigma do processo produtivo precisa ser profundamente assimiliado pelos profissionais, devido à quebra dos paradigmas anteriores usados nos processos produtivos, ao incluir ferramentas tecnológicas, sensores, robôs e automação. As operações deixam de ser lineares e sequenciais e passam a ser um sistema interconectado e aberto. Imagine que você trabalhe em uma indústria automobilística de última geração: quantos tipos de diferentes sensores e sistemas automatizados você seria capaz de enumerar em todo o processo envolvido na fabricação de um automóvel? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A microeletrônica é uma tecnologia responsável pela fabricação dos sensores em escala de micrômetros, a partir de processos de microfabricação fundamentados em uma técnica específica. Qual o nome desta técnica? a. Oxidação do silício. b. Fotolitografia. c. Corrosão química. 2323 23 d. Implantação iônica. e. Metalização. 2. Um sensor pode ser definido como um dispositivo que mede um estímulo físico, respondendo a este fenômeno através de um sinal elétrico. Os sensores relacionam a interface entre o mundo físico e o mundo dos dispositivos elétricos, como os computadores, por exemplo (WILSON, 2005). A partir destas informações, é possível afirmar que um sensor é um dispositivo que: a. Mede um estímulo físico, apresentando um sinal ótico como resposta a este estímulo. b. Responde ao sinal elétrico como um estímulo físico. c. Mede um estímulo físico, apresentando um sinal magnético como resposta a este estímulo. d. Converte o estímulo físico em um sinal mecânico. e. Mede um estímulo físico, apresentando um sinal elétrico como resposta a este estímulo. 3. Os sistemas inteligentes de manufatura, também conhecidos como fábricas inteligentes, são uma forma emergente de produção que relaciona os aspectos tradicionais da manufatura com sensores, plataformas digitais, tecnologias de comunicação e controle, simulação, modelagem intensiva de dados e engenharia preditiva. Escolha a alternativa que apresenta as tecnologias fundamentais das fábricas inteligentes: 2424 a. Sistemas ciber-fisicos, internet das coisas (IoT), computação em nuvem, inteligência artificial e ciência de dados. b. Internet das coisas (IoT), ciência dos materiais, computação em nuvem e ciência de dados. c. Reciclagem de materiais, internet das coisas (IoT), ciência dos materiais e computação em nuvem. d. Computação em nuvem, ciência de dados, inteligência artificial e sustentabilidade. e. Ciência de dados, genética, inteligência artificial, internet das coisas (IoT) e sistemas ciber-físicos. Referências Bibliográficas COELHO, P. M. C. Rumo à Indústria 4.0. Coimbra: Faculdade de Ciências e Tecnologia - Universidade de Coimbra, 2016. FRADEN, J. Handbook of modern sensors – physics, designs and applications. New York: Springer Science + Business Media, 2010. GROOVER, M. P. Fundamentals of modern manufacturing – materials, processes and systems. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2010. KUSIAK, A. Smart Manufacturing. International Journal of Production Research, n. 56 (2018), p. 508-517. MAY, G. S.; SPANOS, C. J. Fundamentals of semiconductor manufacturing and process control. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2006. MAZZAFERRO, J. A. E. Indústria 4.0 e a Qualidade da Informação. Soldagem & Inspeção, n. 23 (2018), p. 1-2. SCHWAB, K. A Quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016. SILVA, H. D. T. Estratégias de microfabricação utilizando toner para produção de dispositivos microfluídicos. São Paulo: IQ - USP, 2006. 2525 25 Gabarito Questão 1 – Resposta B A fotolitografia é a técnica fundamental utilizada pela microeletrônica para a microfabricação de dispositivos eletrônicos. Questão 2 – Resposta E Os sensores convertem um estímulo físico de entrada em um sinal elétrico. Este é o princípio físico fundamental. Questão 3 – Resposta A Os sistemas ciber-fisicos, internet das coisas (IoT), computação em nuvem, inteligência artificial e ciência de dados são as tecnologias fundamentais das fábricas fnteligentes. 2626 Organização de sistemas de manufatura, layout de instalações e sistemas de informação de manufatura Autor: Reinaldo Alberto Ricchi Jr Objetivos • Compreender o processo de organização dos sistemas de manufatura. • Conhecer os principais layouts de instalações em uma fábrica. • Aprofundar os fundamentos da tecnologia da informação aplicados aos processos produtivos. 2727 27 1. Organização de sistemas de manufatura, layout de instalações e sistemas de informação de manufatura A acelerada revolução tecnológica do século XXI faz com que as pessoas e organizações sejam conduzidas por soluções inovadoras que permitam o bem-estar da população mundial, que já ultrapassa sete bilhões de pessoas. Esta população exerce uma enorme influência no consumo dos recursos oferecidos pelo planeta, estimulando o constante desenvolvimento da Quarta Revolução Industrial, cujos sistemas de manufatura devem ser cada vez mais organizados e inteligentes (FARIAS et al., 2013). No início do século XXI, foi observado um grande esforço voltado para a definição do conceito de complexidade a partir das novas tecnologias inseridas nos sistemas inteligentes de manufatura. Conceitos como ponto de desequilíbrio global, curva exponencial de mudança climática, ponto sem retorno, perda de governança e guerras climáticas foram introduzidos com o objetivo de assegurar maior compreensão aos processos produtivos. Um aspecto interessante que deve ser considerado é que aproximadamente 65% da população global está nas cidades e esta população é a principal responsável industrializaçãoe, consequentemente, pela emissão dos gases do efeito estufa. Ou seja: a compreensão da alta complexidade da Quarta Revolução Industrial passa necessariamente pela compreensão dos processos de urbanização e por todas as questões relacionadas à sustentabilidade. Todas estas questões causam um impacto direto na organização dos sistemas de manufatura e precisam ser analisadas como informações fundamentais para o desenvolvimento das empresas (FARIAS et al., 2013). 1.1 Organização dos sistemas de manufatura Certas maneiras de organizar o sistema de manufatura são reconhecidas como as mais apropriadas para determinados tipos de processos, 2828 adaptando as necessidades operacionais às metas estabelecidas. Um sistema de manufatura organizado permite identificar as falhas nas operações e propor mudanças para extrair o melhor das máquinas e dos funcionários, gerando um aumento na produtividade. Um sistema automatizado de manufatura, por exemplo, consiste em três componentes básicos: energia, um programa de instruções e um sistema de controle para executar as instruções. A energia é sempre um aspecto fundamental no processo de fabricação, de maneira que a produção possa ser desenvolvida adequadamente, como no caso da fundição de metais, usinagem de peças e metalurgia do pó. Além disso, a energia é utilizada para realizar o manuseio de materiais necessários ao sistema de manufatura e também para operar o sistema de controle (GROOVER, 2010). Os programas de instruções determinam as atividades em um processo automatizado. Nos processos automatizados mais simples, existe a possibilidade de que a única instrução a ser seguida seja a de manter uma determinada variável controlada a um nível especificado, como a regulação da temperatura em um forno para tratamento térmico, por exemplo. Em processos mais complexos, é necessária uma sequência de atividades durante o processo produtivo, e neste caso as instruções definem a ordem e os detalhes de cada atividade. Os parâmetros podem ser considerados como entradas do processo, que podem ser contínuos (continuamente variável em um determinado intervalo, como a posição X de um worktable) ou discretos (On ou Off). Em alguns processos automatizados, o programa de ciclo de trabalho deve conter instruções previamente definidas para tomar decisões ou reagir a eventos inesperados, como no caso de variações nas matérias-primas que exigem o ajuste de certos parâmetros do processo, interações e comunicações com humanos. A resposta a solicitações de informações do sistema, requisitos de monitoramento de segurança e mau funcionamento do equipamento também são aspectos que devem ser considerados rigorosamente (GROOVER, 2010). 2929 29 Os sistemas integrados de manufatura consistem de várias estações de trabalho ou máquinas, cujas operações são integradas por meio de um subsistema que realiza o manuseio do material, movendo peças ou produtos em diferentes estações. A maioria desses sistemas usa o controle de computadores para coordenar as ações das estações, os equipamentos de manuseio de materiais e também para coletar dados sobre o desempenho geral do sistema. Os principais componentes de um sistema integrado de manufatura são: estações de trabalho ou máquinas, equipamentos de manuseio de materiais e controle por computador. Além disso, os trabalhadores são necessários para gerenciar o sistema e operar as estações de trabalho (GROOVER, 2010). PARA SABER MAIS A organização dos sistemas de manufatura é uma tafefa fundamental para aumentar a produtividade e reduzir o tempo dos processos produtivos. As exigências dos mercados cada vez mais globalizados conduzem as empresas ao desenvolvimento de sistemas inteligentes que minimizem os erros e maximizem a qualidade dos produtos fabricados. O conceito de organização dos sistemas de manufatura é estratégico na formação dos profissionais especialmente das áreas de engenharia produção e administração de empresas. 1.2 O conceito de manufatura avançada O desenvolvimento cada vez maior das tecnologias disruptivas em países como China, Estados Unidos e Alemanha estimula o questionamento sobre os atuais modelos de produção e serviços construídos pela indústria do século XX. Este questionamento provoca mudança no comportamento dos mercados consumidores devido às inovações econômicas, sociais e até mesmo culturais que a Indústria 3030 4.0 vai gradativamente instituindo nas primeiras décadas do século XXI. Tecnologias relacionadas à digitalização, conectividade e automação alteram completamente os padrões de competitividade nas empresas. Para acompanhar todas estas mudanças disruptivas é preciso um esforço consciente e sistemático voltado para a contínua capacitação tecnológica. No caso do Brasil, o número de oportunidades inovadoras pode ser muito grande se os novos conceitos tecnológicos forem assimilados sem resistência, com ampla visão empreendedora e com o apoio institucional dos governos. A indústria brasileira é alvo de intenso debate neste momento histórico, diante das alterações nos processos produtivos e nos conceitos de gestão de qualidade que marcam a competição global atualmente, em um contexto onde a produção industrial acaba por se misturar ao crescimento dos serviços. Identificar a fronteira entre esses domínios é uma tarefa cada vez mais difícil de ser realizada. Surgem com isso algumas polêmicas sobre os processos de desindustrialização, dificuldades de desenvolvimento de algumas economias, a perda de importância da indústria de transformação e, como imediata consequência, a diminuição no número de empregos formais. Mesmo assim, a indústria continua sendo essencial para o dinamismo dos sistemas de inovação, crescimento econômico e desenvolvimento tecnológico (ARBIX et al., 2017). As tecnologias digitais começaram a exibir a força do seu potencial disruptivo a partir da primeira década do século XXI, causando grande impacto nas economias avançadas, com a diminuição do peso relativo da indústria e a migração de muitas empresas especialmente para a China. Este fator foi responsável pela diminuição significativa da capacidade de manufatura das indústrias, devido às vantagens salariais, fiscais e de custos de implantação. Pesquisas recentes mostram a mudança de indústrias para países como a China, e esta mudança não se restringiu somente às unidades responsáveis por bens de baixo valor agregado, mas envolveu também setores mais sofisticados, causando um impacto muito significativo na capacidade industrial de países como 3131 31 Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e França. Na mesma proporção, este fenômeno abriu novas perspectivas para países como Coreia do Sul, Tailândia China e Índia. A mudança para países asiáticos do domicílio industrial da produção de smartphones, computadores, displays de alta resolução, materiais avançados, semicondutores, diodos e sensores, por exemplo, causou a perda de capacidade industrial para a produção de bens de maior complexidade, como conhecimento, pessoal qualificado e infraestrutura de suprimentos, revelando vazios na manufatura dos países desenvolvidos (ARBIX et al., 2017). De maneira simultânea, esta mudança mostrou o desenvolvimento de novas unidades de produção em países que souberam aproveitar as oportunidades que surgiram, como foi o caso da China. A transferência de empresas para países emergentes revelou que a capacidade industrial das economias desenvolvidas está muito associada às inovações tecnológicas no interior da própria economia destes países. A razão para este fenômeno é que indústria e serviços estão agora imersos em um novo substrato digital que trabalham de modo cada vez mais integrado, fundamentado em processos avançados de automação. Essas mudanças tornaram evidente uma transformação nos alicerces mais profundos que sustentavam o mundo industrial, revelando uma grande fragilidade digital e vulnerabilidade na oferta de empregos. No sentidode propor novos caminhos para resolver estes problemas de alta complexidade, surgiram conceitos como a Industrie 4.0, conforme a vertente alemã e Advanced Manufacturing, como é chamada nos Estados Unidos. Estes conceitos pretendem ser a resposta para a nova trajetória das transformações industriais em todo o mundo, sintetizando de maneira totalmente nova a relação entre homens, máquinas, softwares e algoritmos (ARBIX et al., 2017). A Figura 3 apresenta algumas etapas estratégicas da manufatura avançada. 3232 Figura 3 – Etapas estratégicas da manufatura avançada Fonte: elenabs/iStock.com. Algumas tecnologias industriais foram agrupadas em um conceito conhecido como Advanced Manufacturing Technology (AMT) e despertaram muito interesse devido ao grande grau de inovação deste conceito, bem como a possibilidade de aumento de vantagem competitiva e lucratividade. Esta vantagem é especialmente verificada em tecnologias como comando numérico computadorizado, sistemas flexíveis de manufatura, desenho assistido por computador, planejamento de processo assistido por computador, sistemas automatizados de armazenagem e recuperação e no planejamento de materiais. Os sistemas inteligentes de manufatura integrados por computadores altamente sofisticados são responsáveis por integrar todos estes sistemas, desenvolvendo processos mais eficientes, flexíveis, com maior qualidade e redução no tempo de lançamento de produtos (VIEIRA, 2017). 3333 33 Além disso, as tecnologias da manufatura avançada permitem oferecer respostas mais rápidas que atendam as necessidades dos consumidores. Os principais impactos da manufatura avançada podem ser organizados de maneira sistemática, com o objetivo de adquirir uma completa compreensão sobre as inovações tecnológicas aplicadas à indústria. Um aspecto fundamental é atender os requisitos individuais dos consumidores, através de projetos customizados que contenham lotes com poucos produtos, porém de alto valor agregado. A flexibilidade também é um conceito fundamental na manufatura avançada, pois permite a reconfiguração dinâmica dos sistemas produtivos em várias dimensões, focadas em conceitos como qualidade, risco, robustez, preço e adequação a parâmetros do meio ambiente, respondendo rapidamente a possíveis falhas encontradas nos sistemas de manufatura. O processo otimizado de decisão também é um conceito estratégico, pois permite uma visão global dos processos em tempo real, com a verificação do impacto sobre as decisões do projeto, sendo realizadas em tempos cada vez menores, aumentando a produtividade e a vantagem competitiva dos processos produtivos. Também a eficiência dos recursos deve ser considerada, na aplicação dos objetivos estratégicos da manufatura, que é o de produzir o máximo possível com os recursos disponíveis, utilizando o mínimo de matéria-prima para um determinado nível de produção, reduzindo os impactos ambientais, aumentando a produtividade e criando novas oportunidades de agregar valor aos produtos manufaturados (VIEIRA, 2017). 1.3 Layout de instalações O layout de instalações em fábricas envolve o manuseio de materiais, que pode ser definido como o movimento, armazenamento, proteção e controle de matéria-prima desde a fabricação até o processo de distribuição, incluindo as funções de carregamento, posicionamento e descarregamento nas unidades de trabalho e também o transporte entre diferentes localidades. No final de cada operação, as unidades de trabalho são descarregadas ou removidas da estação. A carga e descarga 3434 são realizadas manualmente ou por dispositivos automatizados, como os robôs industriais. Os equipamentos de transporte de materiais podem ser distinguidos em duas categorias, de acordo com o tipo de direcionamento entre as estações de trabalho: direcionamento fixo ou variável. No direcionamento fixo, todas as unidades de trabalho são movidas pela mesma sequência de estações, de maneira que a sequência de processamento exigida em todas as unidades de trabalho é praticamente sempre a mesma. Esse tipo de direcionamento é usado em linhas de montagem manuais e linhas de produção automatizadas. No direcionamento variável, as diferentes unidades de trabalho são movidas por diferentes sequências de estações de trabalho, de maneira que o sistema de manufatura possa processar diferentes tipos de peças ou produtos. As células de manufatura e os sistemas de manufatura flexíveis geralmente operam dessa maneira. Existem quatro tipos de layouts de instalações da planta de uma fábrica: posição fixa, processo, celular e de produto. Em geral, os diferentes tipos de manuseio de materiais e equipamentos estão associados a esses quatro tipos de instalações, e resumidos no Quadro 2 (GROOVER, 2010). Quadro 2 – Tipos de métodos de manuseio de materiais associados aos quatro tipos de layout de instalações da planta de uma fábrica Tipo de layout Características Métodos e equipamentos típicos Posição fixa Produtos grandes e pesados fabricados em baixas velocidades de produção. Guindastes e empilhadeiras. Processo Variedade média ou alta de produtos fabricados em velocidades medianas de produção. Empilhadeiras, veículos autônomos e carregamento manual em estações de trabalho. 3535 35 Celular Baixa variedade de produtos fabricados em velocidades medianas de produção. Transportadores, carregamento manual e deslocamento entre as estações de trabalho. Produto Pouca ou nenhuma variedade de produtos fabricados em altas velocidades de produção. Transportadores para o fluxo de produto, empilhadeiras ou veículos autônomos para entregar as peças nas estações. Fonte: Groover (2010). O projeto de layouts de instalações deve ser desenvolvido de maneira a fornecer condições para que uma quantidade mínima de materiais seja manuseada e também para reduzir os gargalos eminimizar a interferência das máquinas. Além disso, é fundamental que a eficiência, segurança e flexibilidade dos empregados estejam asseguradas. Para que um layout ótimo seja desenvolvido, é preciso considerar alguns aspectos fundamentais: os layouts das plantas devem ser projetados para serem facilmente alterados ou expandidos, para atender as constantes mudanças de demanda de clientes e mercados. Além disso, os layouts devem ser projetados para otimizar ao máximo o processo produtivo, com utilização eficiente do espaço para o tráfego das empilhadeiras e veículos autônomos, para que os locais de armazenamento sejam adequados e para que o fluxo de informações entre os vários departamentos possa ser rápido e eficaz. O layout da planta também deve ser concebido para funcionar de forma eficiente, garantindo que os acidentes e suas causas sejam mínimos, observando o cuidado com a contaminação cruzada, frequente em diversos setores da indústria (OKPALA; CHUKWUMUANYA, 2016). 3636 1.4 Sistemas de informação de manufatura Um sistema de informação de manufatura é um sistema voltado para os produtos de informação, cuja manufatura é similar à dos produtos físicos convencionais. Para descrever estes sistemas de informação, é comum descrever os elementos necessários do sistema, sua estrutura e a dinâmica do processo produtivo. A informação e os aspectos organizacionais da fábrica devem ser considerados, pois os processos de manufatura da informação necessitam de responsabilidades organizacionais para a execução. Os sistemas de informação de manufatura são muito mais complexos de gerenciar do que processos convencionais de manufatura, e possuem três características fundamentais: aspectos estáticos relacionados à estrutura das informações e destas na forma de dados do produto de informação, aspectos dinâmicos relacionados ao processamento das informações e aspectos organizacionais relacionados à gestão do sistema de informação (THI; HELFERT, 2007). Os sistemas de informação de manufatura podem ser descritos a partir de seu ciclo de vida, incluindo várias etapasde análise e desenvolvimento. O resultado deste processo é um conceito firmemente estabelecido, que pode ser descrito por meio de modelos computacionais de alta complexidade. Além disso, a maneira pela qual a transferência da informação é conduzida influencia a qualidade dos produtos fabricados, influenciando, também, o processo produtivo como um todo. A valiação da qualidade da informação é um aspecto fundamental para o aumento da produtividade, pois informações corretas reduzem o tempo de fabricação, otimizam o processo e, consequentemente, reduzem os custos finais. Existe um volume muito grande de artigos na literatura científica sobre a questão da qualidade da informação, com o objetivo de melhorar a clareza e a confiabilidade das informações. Nestes artigos, são propostas diferentes abordagens, fundamentadas em análises dedutiva e indutiva, social e analítica, por exemplo (THI, HELFERT 2007). 3737 37 A definição de um padrão comum para análise da qualidade de informação é um desafio constante dos pesquisadores desta área, devido ao alto grau de complexidade dos sistemas de informação aplicados nos processos de manufatura avançada. Alguns fatores de qualidade como integridade, compreensão, simplicidade, integração e habilidade para implementar uma inovação devem ser considerados nos sistemas de informação, pois cada fator está associado a um aspecto específico dos sistemas de manufatura voltados para o aumento de produtividade. A qualidade da informação nos sistemas inteligentes de manufatura é influenciada pelos modelos conceituais propostos na literatura científica e o esforço para adquirir uma visão unificada dos conceitos de alta complexidade é um desafio constante que deve ser assumido através de constante capacitação tecnológica e atualização das informações técnicas. A validação dos modelos conceituais deve ser realizada de maneira estratégica, de maneira que o fluxo de informação seja eficiente e voltado para o aumento da produtividade e redução do tempo de fabricação. Para isso, muitas ferramentas são utilizadas em conjunto com sistemas de banco de dados disponíveis comercialmente que permitem analisar os processos de informação nos sistemas de manufatura (THI; HELFERT, 2007). A Figura 4 ilustra um sistema de informação aplicado à transmissão dos dados nos processos de manufatura. Figura 4 – Ilustração de um sistema de informação utilizado nos processos de manufatura Fonte: NicoElNino/iStock.com. 3838 ASSIMILE A Tecnologia da Informação (TI) pode ser definida como o conjunto das atividades e soluções provenientes da Ciência da Computação que tem como objetivo a produção, o armazenamento, a transmissão, o acesso, a segurança e o uso das informações em um número muito grande de aplicações tecnológicas, especiamente no que diz respeito à utilização da internet nos sistemas de manufatura e processos produtivos, por exemplo. Os sistemas de informação e as redes de computadores são ferramentas fundamentais da tecnologia da informação, que são amplamente utilizadas em todos os setores da Indústria 4.0, especialmente no meio educacional, em que a tecnologia pode auxiliar os estudantes no desenvolvimento das competências necessárias para tomar decisões e solucionar problemas, especialmente em sistemas de manufatura (ARECO et al., 2016). A utilização de computadores em sistemas de informação de manufatura é um recurso necessário para que o fluxo de informações ocorra da maneira mais eficiente possível. A questão da capacitação profissional, com treinamentos voltados para a atualização dos conhecimentos técnicos e das informações tecnológicas presentes na literatura científica deve ser considerada seriamente por todos os setores de uma empresa. A computação pode auxiliar profundamente neste processo de capacitação, fornecendo ferramentas de apoio ao processo de ensino e aprendizagem, especialmente através da internet. No contexto da transformação digital, o volume de informações é muito grande e, para adquirir a visão estratégica necessária, é preciso desenvolver habilidades através de uma formação robusta e profunda. As tecnologias de informação e de comunicação podem ser um instrumento de grande 3939 39 importância no processo educativo, como forma de complementar o trabalho do consultor ou mentor tecnológico, pois o conhecimento é proveniente da soma de diversas habilidades e competências que habilitam os profissionais de uma empresa no desenvolvimento de sistemas de manufatura mais produtivos e inteligentes. Os sistemas de informação de manufatura provocam a necessidade de constante atualização dos conhecimentos, em um processo ininterrupto de aprendizagem, assumindo a responsabilidade na aquisição de conhecimentos estratégicos de maneira que a produtividade seja favorecida em todos os seus aspectos (ARECO et al., 2016). Portanto, a organização dos sistemas de manufatura é fundamental para a otimização de todas as etapas do processo produtivo, especialmente no contexto da Indústria 4.0, com suas constantes inovações tecnológicas que transformam os sistemas tradicionais de manufatura em uma velocidade cada vez maior, em um contínuo processo de integração e automação das cadeias produtivas. TEORIA EM PRÁTICA A informação e os aspectos organizacionais nos processos de manufatura são aspectos fundamentais que devem ser considerados com especial atenção por todos os colaboradores de uma empresa. Os sistemas de informação de manufatura possuem três características fundamentais: aspectos estáticos relacionados à estrutura das informações, aspectos dinâmicos relacionados ao processamento das informações e aspectos organizacionais relacionados à gestão do sistema de informação. Analise os setores de uma empresa na qual você trabalha e apresente a importância que a informação assume nas suas diferentes atividades, ressaltando seu papel fundamental no processo produtivo como um todo. 4040 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Para a fabricação de um produto específico, a organização dos sistemas de manufatura deve ser realizada de maneira a otimizar todas as etapas do processo produtivo. Quais as principais vantagens de um sistema organizado de manufatura? a. Identificar as falhas nas operações e propor melhorias nas máquinas com o objetivo de aumentar a produtividade. b. Identificar as melhorias nas operações e monitorar o sistema de automação. c. Melhorar o processo produtivo e automatizar ao máximo o sistema de manufatura. d. Propor melhorias nas máquinas e identificar as melhorias nas operações. e. Aumentar a produtividade e monitorar o sistema de automação. 2. O layout de instalações é o modo pelo qual as máquinas estão dispostas dentro de uma fábrica e representa uma das decisões mais importantes a se tomar durante o planejamento da estrutura de uma indústria. O layout de instalações envolve, também, o manuseio dos materiais que serão submetidos às diferentes etapas do processo produtivo. Neste sentido, o manuseio de materiais pode ser definido como: 4141 41 a. A proteção e controle do produto acabado pronto para o transporte e distribuição. b. O armazenamento da matéria-prima de maneira independente das outras etapas do processo produtivo. c. A distribuição dos produtos acabados para todos os setores da cadeia de suprimentos. d. O movimento, armazenamento, proteção e controle de matéria-prima desde a fabricação até o processo de transporte e distribuição. e. A fabricação dos produtos a partir de diferentes fontes de matéria-prima. 3. Um sistema de informação de manufatura pode ser definido como um sistema voltado para os produtos de informação, cuja manufatura é similar à dos produtos físicos convencionais. Qual a melhor maneira de se descrever esses sistemas de informação de manufatura? a. Esquematizando a função das máquinas de maior importância no processo produtivo e sua relação com os operadores. b. Apresentando os elementos necessários dosistema de informação de manufatura, sua estrutura e a dinâmica do processo produtivo. c. Analisando todas as etapas da tecnologia da informação e sua influência nos colaboradores da empresa. 4242 d. Informatizando todo o sistema de informação na fábrica, de maneira a aumentar a produtividade. e. Separando os diferentes setores da fábrica, para que eles trabalhem de maneira mais concentrada e focada. Referências Bibliográficas ARBIX, G. et al. O Brasil e a nova onda de manufatura avançada. O que aprender com Alemanha, China e Estados Unidos. Novos estudos CEBRAP, 36, 2017, p. 29-49. ARECO, K. C. N. et al. Uso das tecnologias de informação e comunicação por professores da área da saúde da Universidade Federal de São Paulo. Revista Brasileira de Educação Médica, 40, 2016, p. 59-66. FARIAS, C. A. et al. No limiar da Quarta Revolução Industrial: iniciativas para sustentabilidade por empresas líderes do setor automotivo rumo à nova economia. Revista de administração FACES Journal, 12, 2013, p. 82-95. GROOVER, M. P. Fundamentals of modern manufacturing - materials, processes, and systems. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2010. OKPALA C. C.; CHUKWUMUANYA, O. Plant layout’s analysis and design. International Journal of Advanced Engineering Technology, 8, 2016, p. 201–206. THI, T. T. P.; HELFERT, M. Modeling information manufacturing systems. International Journal of Information Quality, 1, 2007, p. 5–21. VIEIRA, R. C. Manufatura avançada: influência da estratégia da manufatura e da percepção de affordances. 107 f. 2017. Dissertação (Mestrado em Ciências). São Paulo: Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade - USP, 2017. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-14122017- 161441/en.php>. Acesso em: 28 jan. 2019. Gabarito Questão 1 – Resposta A A organização dos sistemas de manufatura deve ser organizada de maneria a identificar as falhas nas operações e propor melhorias http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-14122017-161441/en.php http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-14122017-161441/en.php 4343 43 nas máquinas, com o objetivo de aumentar a produtividade. A organização deve necessariamente conduzir à otimização e ao aumento de eficiência, expandindo a vantagem competitiva das empresas. Questão 2 – Resposta D O movimento, armazenamento, proteção e controle de matéria- prima desde a fabricação até o processo de transporte e distribuição representam as principais características do manuseio de materiais em um layout de instalações. Questão 3 – Resposta B A apresentação dos elementos necessários do sistema de informação de manufatura, sua estrutura e a dinâmica do processo produtivo é a principal atividade para o adequado funcionamento de todos os setores de uma fábrica voltada para o contínuo aumento de produtividade e qualidade. 4444 Conceitos de produção e indicadores de desempenho de fabricação Autor: Reinaldo Alberto Ricchi Jr Objetivos • Apresentar os fundamentos dos conceitos de produção; • Relacionar os conceitos de produção às atribuições dos engenheiros atuantes na área de produção; • Conhecer o indicador-chave de desempenho (key performance indicator - KPI). 4545 45 1. Conceitos de produção e indicadores de desempenho de fabricação O trabalho de pesquisa e desenvolvimento sobre o aumento de vantagem competitiva em todas as etapas dos sistemas de manufatura é de extrema importância no contexto da gestão das operações de produção e gestão das operações, especialmente no que diz respeito às abordagens metodológicas utilizadas. Os conceitos de produção desenvolvidos pelas diversas engenhariasestão relacionados ao aperfeiçoamento e implantação de sistemas integrados de pessoas, materiais, informações, equipamentos e energia. De uma maneira geral, as engenharias têm como fundamentos os conhecimentos das ciências físicas, matemáticas e sociais, bem como os princípios e métodos de análise da administração e da economia, formando um conjunto de conhecimentos de grande importância (MIGUEL, 2007). As pesquisas científicas mais comuns sobre o conceito de produtividadeenvolvem seu desenvolvimento teórico e conceitual, fundamentado nas modelagens conceituais que podem evoluir para novas teorias sobre a análise de todas as etapas dos sistemas de manufatura. Os estudos de caso também são importantes, pois estão relacionados à natureza empírica que analisa um determinado fenômeno dentro de um contexto real de produtividade. Trata-se de uma análise aprofundada de alguns casos concretos que oferecem informações importantes que podem ser aplicadas em diferentes processos produtivos, visando estimular a compreensão, sugerir hipóteses e desenvolver modelos interpretativos. Os estudos de caso podem ser classificados segundo seu conteúdo e objetivo final, tentando esclarecer o motivo pelo qual uma única decisão ou um conjunto de decisões foram tomadas, como foram implementadas e quais resultados foram obtidos. Os levantamentos do tipo survey (pesquisa quantitativa de mercado) analisam os dados em uma amostra sobre um problema concreto a ser estudado, para, em seguida, sugerir alguma conclusão sobre 4646 as informações obtidas, contribuindo para o conhecimento de uma área específica de interesse por meio da coleta de informações sobre trabalhadores ou sobre o ambiente destes trabalhadores. Esses levantamentos podem fornecer os insights necessários para a inovação tecnológica oferecer novos desenvolvimentos aos sistemas produtivos (MIGUEL, 2007). A pesquisa-ação, por sua vez, é um tipo de pesquisa experimental que é concebida e realizada para a solução de um problema coletivo no qual os pesquisadores estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. O objetivo é solucionar os problemas e contribuir para o desenvolvimento científico, propondo modelos que possam ser utilizados em outras empresas, a partir de um trabalho de adaptação conceitual e customização dos métodos empregados. O levantamento de dados experimentais possibilita o estudo sobre a relação entre duas ou mais variáveis de um sistema sob condições controladas. O planejamento estratégico das pesquisas sobre o conceito de produtividade deve estar voltado para a compreensão dos diferentes problemas encontrados nos sistemas de manufatura. As decisões metodológicas, voltadas para a solução de problemas, devem ter como objetivo fundamental o aumento de produtividade das empresas (MIGUEL, 2007). 1.1 Conceitos de produção aplicados aos sistemas de manufatura O estudo sobre a evolução da produtividade através de padrões técnicos está relacionado à necessidade de adquirir uma compreensão mais profunda sobre a competitividade de um país, para torná-lo cada vez mais competitivo no mercado global e também para sustentar o seu próprio crescimento econômico. Além do desenvolvimento industrial (estratégico para qualquer país) o setor do comércio também apresenta dados significativos que merecem ser considerados na análise dos fenômenos econômicos globais. A medição da produtividade envolve questões 4747 47 metodológicas relevantes que precisam ser consideradas a partir dos resultados propostos pelos pesquisadores desta área (JACINTO, 2015). De maneira geral, a produtividade pode ser medida de diferentes formas, em função da necessidade de informações de setores produtivos específicos e com o apoio de ferramentas analíticas auxiliares que definem o cenário adequado para a realização de uma análise correta. A relação entre estrutura e crescimento é um aspecto fundamental na compreensão das medidas de produtividade, tanto por aspectos teóricos como por resultados experimentais. O desenvolvimento econômico de um país passa necessariamente por inovações e transformações na sua estrutura produtiva (JACINTO, 2015). Devido às mudanças disruptivas provocadas pela Indústria 4.0, os sistemas de manufatura estão sendo constantemente transformados por novosconceitos tecnológicos e o engenheiro de manufatura necessita compreender todas essas mudanças, estruturando um sistema de produção que utilize de forma integrada materiais, equipamentos, informações, energia e pessoas. Desta maneira, o engenheiro de manufatura precisa ter sólidos conhecimentos sobre os fundamentos de diversos setores de outras engenharias, para conseguir analisar as relações e interdependências entre os diferentes aspectos dos sistemas de manufatura. É necessário, também, possuir competências tecnológicas que são articuladas com competências nas áreas de administração de empresas e gestão, para projetar, implementar e aperfeiçoar os sistemas integrados de materiais, informações, equipamentos e energia, voltados para a produção de bens e serviços (BATALHA, 2007). Além disso, a economia é uma ciência fundamental na formação do engenheiro que trabalha nos sistemas de produção, assim como a sociologia e a psicologia, que apresentam lugares de destaque, devido ao fato de que a gestão de pessoas é um aspecto integrante dos sistemas de produção, que são projetados, implantados e aperfeiçoados para o aumento da produtividade e da eficiência em 4848 seu sentido mais amplo. O conceito de produção deve estar associado comconceitos como motivação, participação, processos de decisão e cultura organizacional. A modelagem é um instrumento de trabalho importante nos sistemas de produção, pois está voltada para a construção de modelos que consigam captar as dimensões mais relevantes de um determinado problema cuja solução permita que as decisões sejam tomadas da melhor maneira possível. A utilização da matemática e da estatística na construção de modelos que enfrentem os complexos problemas relacionados aos sistemas de produção é uma das competências mais importantes para um engenheiro atuante nessa área, que também deve considerar a responsabilidade social das empresas e suas consequências para os colaboradores e para a sociedade em geral (BATALHA, 2007). A Indústria 4.0 apresenta vários desafios para o setor de manufatura, pois a imensa quantidade de informações disponíveis na internet aumenta a complexidade na tomada de decisões nas empresas. Em toda a história da indústria é possível encontrar esforços voltados para o aumento da produtividade. A concorrência cada vez maior entre as empresas cria uma maior necessidade por métodos de melhoria que sustentem cada vez mais a competitividade nos sistemas de manufatura, fundamentados nos conceitos de produção. Em termos conceituais, um sistema de manufatura pode ser definido como um conjunto de máquinas, elementos de transporte, computadores, estrutura de armazenamento e outros itens que são usados em conjunto para o desenvolvimento do processo produtivo. É importante ressaltar que as pessoas também fazem parte dos sistemas de manufatura. A medida do desempenho da produção é muito importante e pode ser definida como o processo de quantificar a eficiência do processo produtivo, fundamentada em princípios relacionados a custo, flexibilidade, velocidade, confiabilidade e qualidade. Os critérios de medida de desempenho devem ser orientados para o objetivo central das empresas, que é o aumento de produtividade e lucratividade (MUTHIAH, 2006). 4949 49 PARA SABER MAIS A palavra “produção” deriva da palavra latina producere, que significa “fazer aparecer”. Trata-se de um fenômeno econômico no qual o homem atua sobre a natureza, com o objetivo de produzir bens necessários para a satisfação de suas necessidades fundamentais. Aliás, o conceito de necessidade está no próprio fundamento da economia e, consequentemente, da administração de empresas e gestão em geral. A Figura 1 apresenta algumas ideias estratégicas utilizadas na gestão da produção. Figura 1 | Ideias estratégicas na gestão da produção Fonte: Creative-Touch/iStock. Ao longo dos últimos anos, foram realizadas várias tentativas para analisar e modelar os sistemas de manufatura, com o objetivo de controlá-los de maneira cada vez mais eficiente e de apresentar 5050 alternativas voltadas para o aumento de produtividade. Os métodos que consideram o processo produtivo como um sistema podem identificar elementos de manufatura e modelá-los em uma estrutura hierárquica, a partir de conceitos da matemática e da computação que permitem simular algumas etapas do processo produtivo, decompondo cada uma destas etapas em unidades menores e simplificadas, que são analisadas mais facilmente e com maior eficiência (MUTHIAH, 2006). 1.2 Produtividade inteligente e transformação digital O conceito de produtividade inteligente pode ser compreendido a partir do amplo contexto da transformação digital, que pode ser definida como a utilização de tecnologias disruptivas para melhorar o desempenho de uma empresa ou ampliar os conhecimentos dos trabalhadores. Trata-se de uma mudança de paradigma que estimula a completa mudança na estrutura das organizações em geral. A transformação digital é a peça-chave da inovação e deve ser considerada como uma prioridade estratégica para empresas, governos e universidades. Os desafios da produtividade do futuro (produtividade inteligente) estão muito associados a um complexo grupo de fatores: tecnologias inovadoras, ritmo acelerado das mudanças disruptivas, flexibilidade das soluções industriais customizadas e grande diversidade de clientes e mercados. Com o surgimento da industrialização, alguns pesquisadores afirmam na literatura científica que foi iniciado um processo chamado de primeira idade da máquina. Agora, com as inovações da Indústria 4.0, é possível afirmar que estamos vivendo a segunda idade da máquina, na qual os computadores e outros sistemas digitais estão fazendo para a capacidade intelectual das pessoas o que a máquina a vapor fez pela força muscular na primeira revolução industrial, iniciada no Século XVIII (AZEVEDO, 2017). Na verdade, a humanidade vive o início de uma revolução que mudará essencialmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. O conceito de inteligência foi incorporado de maneira 5151 51 definitiva aos sistemas de manufatura, dando origem ao conceito de fábrica inteligente, na qual os sistemas ciberfísicos monitoram os processos físicos, criando uma espécie de cópia virtual do mundo físico e tomando decisões em alguns casos com eficiência muito além da capacidade humana de análise e interpretação de dados. Além disso, as fábricas inteligentes utilizam de forma intensa e constante os sistemas ciberfísicos e a internet das coisas, fazendo com que as máquinas se comuniquem entre si e também com os seres humanos em tempo real (AZEVEDO, 2017). A produtividade inteligente está inserida em um contexto chamado de Consórcio de Internet Industrial (Industrial Internet Consortium - IIC), que foi fundado em 2014 pelas empresas AT&T, Cisco, GE, IBM e Intel com o objetivo de estimular a inovação, desenvolver normas tecnológicas, aumentar a operabilidade das fábricas inteligentes e garantir a segurança contra-ataques cibernéticos. Este Consórcio é considerado como um catalisador que coordena as prioridades tecnológicas para a utilização da internet na indústria e está dividido em três grandes “ondas” de inovação: revolução industrial (“onda” 1), na qual as máquinas e fábricas ampliam o poder econômico em escala e escopo; revolução da internet (“onda” 2), que possui o poder computacional e; o crescimento das redes distribuídas e Internet industrial (“onda” 3), fundamentada em ciência de dados, aprendizado de máquina, automatização e predição (AZEVEDO, 2017). A partir destas três “ondas” de inovação, é possível considerar que o conceito de produtividade inteligente integra trabalhadores, máquinas, produtos e recursos naturais que se comunicam de forma tão natural quanto os usuários de redes sociais.Com efeito, a competitividade está exigindo mudanças significativas nos sistemas de manufatura, pois o ciclo de
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