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diagnóstico laboratorial - passado, presente e futuro

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Diagnóstico Laboratorial: passado, presente e futuro 
 As doenças existem desde o princípio dos tempos e continuaram sempre 
a existir. Antigamente, as causas de uma moléstia poderiam ser atribuídas à 
diversos fatores, como uma punição divina, origem nos deuses, pecado, água, 
entre outros. Com o passar do tempo, a tecnologia surgiu e evoluiu, levando a 
humanidade a uma nova era, e isso se dá, principalmente, pelo surgimento da 
microbiologia, em 1674, com o alemão Antony Van Leeuwenhoek, o qual criou o 
primeiro microscópio (DIAS, 2020). As doenças, então, em sua grande maioria, 
passaram a ter como causa bactérias, vírus, insetos, até distúrbios fisiológicos e 
erros no material genético das células. Por conseguinte, os médicos na época 
precisavam usar toda a sua capacidade para conseguir diagnosticar e tratar 
corretamente um paciente. Contudo, isso não era uma tarefa fácil, 
principalmente pelo fato de haver muito desconhecimento acerca do 
funcionamento de órgãos e sistemas. Muitos fármacos e agentes etiológicos 
ainda eram desconhecidos e o diagnóstico de doenças era basicamente clínico, 
sendo, por vezes, impreciso quanto à determinação da origem da doença. 
 Contudo, a ciência evoluiu e surgiram, então, os testes clínicos 
laboratoriais e muitos outros. Até a década de 1950, o hemograma, o qual 
analisa as células sanguíneas, era manual e sujeito à erros subjetivos. Já em 
1953, Wallace Coulter construiu a primeira máquina que contava células 
sanguíneas; o primeiro teste sorológico para a quantificação de IgE específica 
surgiu em 1974; os anos de 1960 e 1970 trouxeram as primeiras técnicas 
citogenéticas, como PCR e sequenciamento genético; entre as décadas de 1970 
e 1980 houve a implementação da imuno-histoquímica na rotina dos 
laboratórios, entre outros desenvolvimento na área diagnóstica (FLEURY: 
MEDICINA E SAÚDE, 2016). Toda essa evolução, no âmbito das análises 
laboratoriais, foi fundamental para auxiliar no diagnóstico das patologias. 
 Com o passar dos anos, as técnicas diagnósticas melhoraram, o 
conhecimento sobre fisiologia humana e sobre os agentes etiológicos 
aumentaram e tudo isso contribuiu para melhorar o diagnóstico de pacientes. 
Hoje, sabe-se que cerca de 70% das decisões médicas se baseiam em exames 
laboratoriais (FLEURY: MEDICINA E SAÚDE, 2016). Isso mostra o quanto as 
análises clínicas são importantes. Atualmente, a demanda por exames é gigante. 
Ademais, os exames realizados na rede publica são a maioria, se comparados 
aos feitos na rede privada de saúde. A melhoria na qualidade de vida da 
população possibilitou aumento da expectativa de vida, segundo o IBGE. Isso 
implica maiores gastos com saúde e, consequentemente, com exames médicos. 
Na assistência privada à saúde, calcula-se que pacientes portadores de doenças 
crônicas representam aproximadamente 10% dos usuários de planos de saúde 
e são responsáveis por 45% dos custos das operadoras (CAMPANA; 
OPLUSTIL; FARO, 2011). Além disso, como a demanda por exames tende a 
aumentar, os laboratórios devem estar preparados para ofertar seus serviços de 
maneira satisfatória. 
 Atualmente, muitos exames são oferecidos de maneira gratuita pelo 
Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, muitos usuários precisam esperar 
dias, semanas ou meses, dependendo da sua região, para conseguir um exame, 
e esperar ainda mais para conseguir um retorno médico. Isso é inviável para 
grande parte dos exames clínico-laboratoriais, pois muito deles tem um prazo de 
realização ou validade curto, como o exame de eletrólitos, hemograma e 
sorologia para IgM. Isso se dá às constantes e fisiológicas mudanças que 
ocorrem no organismo dos indivíduos, somados, ainda, às influências 
ambientais. 
 Dessa forma, os avanços em direção à melhora de técnicas e gestão de 
exames clínico laboratoriais precisa continuar. É fundamental que, em um futuro 
próximo, haja melhores ferramentas de gestão. Os recursos monetários 
destinados aos laboratórios públicos e privados devem ser usados de forma 
racional e consciente, de forma à serem investidos em melhorias dos 
equipamentos, melhor qualificação dos profissionais, assim como aumento de 
numero de vagas para trabalho. Além disso, deve haver uma descentralização 
dos laboratórios, saindo de grandes centros metropolitanos, e migrando para 
regiões de interior, de modo à diminuir as filas para exames e torná-los mais 
acessíveis e rápidos para a população. 
Ademais, é nítido que, com a relevância que era área diagnóstica tem, 
deva haver melhorias na qualidade da formação dos profissionais destinados à 
essa profissão. As análises laboratoriais têm grande peso nas decisões médicas 
quanto ao diagnóstico e tratamento. Dessa maneira, pode ser desastroso ao 
paciente receber resultados errôneos de exames importantes. Com base nisso, 
é importante que haja contínua melhoria na qualificação da mão-de-obra, desde 
os técnicos que trabalham com a coleta de exames, até os que irão analisar os 
materiais, até os que emitem laudos. Evidencia-se, assim, que a mudança na 
qualidade da qualificação profissional deve-se iniciar nas faculdades e 
universidades. Os discentes têm pouco contato com essas práticas em si. 
Diversos cursos apresentam, em sua grade curricular, essa matéria de forma 
teórica e leviana, sem dar a ela a devida importância. Além disso, não são todas 
as faculdades que gozam de laboratórios equipados e preparados para a prática 
discente e docente. Dessa forma, é esperado que o ensino de matérias 
relacionadas a práticas laboratoriais aumente sua relevância na grade curricular, 
incrementando o tempo de horas contabilizadas no currículo e oferecendo 
maiores oportunidades para os alunos entrarem em contato com o laboratório de 
forma prática. 
 Ademais, é provável que haja mudanças na legislação e de órgãos 
regulatórios, com relação a permitir e implementar mais técnicas na análise 
laboratorial. Muitas tecnologias ainda são onerosas e raras de serem 
encontradas no Brasil, ou ainda, não são usadas com base em tabus éticos. Um 
exemplo disso são as tecnologias baseadas na análise de DNA. Portanto, é 
evidente que a medicina evoluirá em direção a um melhor diagnóstico de 
doenças genéticas, síndromes raras e distúrbios genômicos. Assim, é 
necessária uma maior oferta de técnicas laboratoriais para tais diagnósticos, 
devendo elas serem de fácil acesso, de baixo custo e com grande efetividade no 
descobrimento dos erros genéticos. Creio que o avanço nas análises 
laboratoriais genéticas, de modo a torná-las acessíveis e de baixo custo, é um 
dos maiores obstáculos que esse ramo enfrenta. 
 Outro quesito importante no futuro das dessa área da saúde é a obtenção 
do equilíbrio entre sensibilidade e especificidade dos testes. Testes muito 
específicos são usados para triagem, mas correm risco de haver muitos falso-
positivos. Testes muito específicos são usados para detecção de agentes 
específicos e correm risco de se ter muitos falso-negativos. O balanço entre 
esses 2 fatores é essencial para o desenvolvimento de novas técnicas que 
possibilitem diagnósticos mais precisos e certeiros e em menor tempo. 
Concluindo, esses são apenas alguns aspectos relevantes para o futuro das 
análises laboratoriais, mas ainda há muito a se descobrir e melhorar. 
 
REFERÊNCIAS 
 
FLEURY: MEDICINA E SAÚDE. Uma vida de diagnósticos. Revista Médica, [s. 
l.], ed. 3, 1 jun. 2016. Disponível em: https://www.fleury.com.br/medico/artigos-
cientificos/uma-vida-de-diagnosticos-revista-medica-ed-3-2016. Acesso em: 9 
jul. 2020. 
DIAS, Ingrid Silva. A História do surgimento da Microbiologia: Fatos 
Marcantes. 3. ed. [S. l.], 1 jun. 2016. Disponível em: 
http://www.microbiologia.ufrj.br/portal/index.php/pt/destaques/novidades-sobre-
a-micro/384-a-historia-do-surgimento-da-microbiologia-fatos-marcantes. Acesso 
em: 9 jul. 2020. 
CAMPANA, Gustavo Aguiar; OPLUSTIL, Carmen Paz; FARO, Lorena Brito. 
Tendênciasem medicina laboratorial. Jornal Brasileira de Patologia e 
Medicina Laboratorial, [s. l.], v. 47, ed. 4, p. 399-408, agosto 2011.

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