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3Texto Apostilado_Des Sustentavel_Aplicado ao Turismo

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UNIDADE I
1 Princípios e fundamentos de sustentabilidade ambiental
As compreensões e significações relacionadas ao conceito de desenvolvimento sustentável conferem uma série de implicações e princípios éticos, que vêm sendo inserido e aplicado nos contextos escolares, na sociedade civil, na gestão governamental e no desenvolvimento econômico local de populações tradicionais, a exemplo, das atividades turísticas.
Porém, há diferentes concepções identificadas na literatura científica sobre (1) desenvolvimento sustentável e (2) turismo sustentável, muitas das vezes de interpretação complexa, mas comprovadamente possuem uma racionalidade ambiental e visão interdisciplinar lúcida para se produzir estratégias de aplicabilidade ao propósito do pragmático desenvolvimento sustentável.
Nesta unidade vamos conceituar primeiramente o entendimento que se tem por (1) desenvolvimento sustentável.
1.1 Fundamentos do desenvolvimento sustentável
	A origem do termo surge quando a União Internacional para a Conservação da Natureza ou International Union for the Conservation of Nature (IUCN) publicou, em 1980, um documento intitulado Estratégia Mundial para a Conservação da Natureza! que enunciava três formas de atuação ao nível dos recursos naturais, consideradas como requisitos prioritários para o desenvolvimento sustentável:
	(I) a manutenção dos processos ecológicos essenciais, providenciando a base de recursos naturais necessária à produção alimentar, saúde e outros aspectos fundamentais para sobrevivência do Homem.
	(II) preservação da diversidade genética das espécies animais e vegetais utilizadas localmente pelo Homem para produção alimentar, assim como das espécies selvagens, por forma a garantir segurança contra doenças ou situações climáticas extremas.
	(III) exploração sustentável dos recursos naturais dos ecossistemas, particularmente as florestas, as culturas agrícolas, os bancos de pesca e as pastagens naturais para o gado.
Entretanto, só foi a partir de 1987, com a conhecida publicação por parte da Comissão Mundial de Ambiente e Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), intitulada “Nosso Futuro Comum”, ou, “Relatório Brundtland”, mais conhecido dessa forma, pois quem presidia a elaboração do referido relatório era a primeira ministra norueguesa Gro Harlen Brundtland – havendo, portanto, a definição de desenvolvimento sustentável como aquele que:
(...) satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades (WCED, 1987).
A partir de então se intensificou as discussões sobre teorias e políticas do desenvolvimento econômico; sobre a sustentabilidade dos recursos naturais renováveis e não renováveis; a reconversão industrial e tratamento dos resíduos perigosos; as fontes de energia limpas e renováveis, entre muitos outros temas do desenvolvimento. O relatório veio a revelar-se um marco de grande importância na evolução das teorias do desenvolvimento econômico e, sobretudo, na sua integração e compatibilização com a necessidade de empreender ações de proteção e conservação do ambiente.
Como a concepção de desenvolvimento sustentável implica uma nova forma de produzir e conservar os recursos naturais de exploração maciça e isso interfere fortemente no viés capitalista de desenvolvimento econômico, houve a tentativa de descaracterizar a sua intenção, sendo dirigido à três interpretações distintas: do Relatório Brundtland, dos Economistas/quantificadores e dos Ambientalistas/ecologistas extremos – tais interpretações variam grosso modo entre:
(1) Um conservacionismo extremo, dominado por ideais de determinismo ecológico, bio-ética e até de anti-desenvolvimento, assumidas pelos designados ambientalistas radicais e alguns acadêmicos que defendem que o desenvolvimento econômico deve processar-se dentro dos limites impostos pelo meio natural. Existem, portanto, limitações ambientais para o crescimento econômico que têm de ser respeitadas, sendo a proteção do ambiente e dos recursos naturais à escala global e a oposição entre países ricos, industrializados, e países pobres, pouco desenvolvidos, os aspectos mais importantes na problemática da sustentabilidade do desenvolvimento;
(2) Posições mais moderadas, que traduzem, sobretudo preocupações relacionadas com a satisfação das necessidades básicas do Homem, de desenvolvimento econômico equilibrado e de elevação da qualidade de vida, nas quais a proteção ambiental assumia um papel basilar. A integração entre economia e ecologia deve ser privilegiada, sendo a proteção do ambiente, sobretudo uma questão cultural. O crescimento econômico é um fator importante, pois permite maior capacidade de atuação na proteção do ambiente e na melhoria das condições de vida, criando condições para atuar na diminuição das pressões sobre o ambiente e recursos naturais;
(3) Posições mais controversas, favorecendo a manutenção do crescimento nos mesmos moldes da teoria econômica neoclássica, aplicando, no entanto, princípios de substituição de recursos e de reinvestimento de lucros no reforço e melhoria da base de recursos da economia, como forma de operacionalizar o conceito de desenvolvimento sustentável e introduzir o "capital natural" nos modelos e teorias de desenvolvimento econômico.
A transposição dos princípios norteadores de sustentabilidade, da teoria à prática, e a operacionalização do conceito de desenvolvimento sustentável tem representado um grande desafio para as diversas áreas de conhecimento, no sentido de implementar iniciativas e ações que gerem, simultaneamente, uma maior equidade social, um nível elevado de conservação ambiental e uma maior racionalidade (eficiência) econômica (BUARQUE, 2004).
1.2 Os desafios do desenvolvimento sustentável
De modo a melhorar a qualidade de vida e o desenvolvimento econômico de forma consciente tiveram nas décadas seguintes outras conferências com tal propósito como em (1992) no Rio de Janeiro, a:
a) Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento a chamada “Carta da Terra”, ou, Rio 92, ou, Eco 92, que resultou na elaboração de dois importantes documentos, a Declaração do Rio Sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Agenda 21.
E teve o objetivo de “estabelecer uma aliança global equitativa, através da criação de novos níveis de cooperação entre os Estados, setores sociais estratégicos e populações, tendo em vista acordos internacionais que garantam o respeito pelos interesses de todos e protejam a integridade ambiental e do desenvolvimento, reconhecendo a natureza integral e interdependente da Terra”.
Já a Agenda 21 consiste num programa de ação para o século XXI que resulta da cooperação entre os governos e as várias instituições da sociedade civil, concebido na tentativa de promover a proteção do meio ambiente e o desenvolvimento econômico. A sua execução deverá ter em conta a realidade dos diferentes países e regiões.
O termo “desenvolvimento sustentável” vem sendo amplamente utilizado e disseminado, tanto no debate acadêmico, intelectual, como no uso comercial de sua ideia.
Quer seja denominado “ecodesenvolvimento” ou “desenvolvimento sustentável”, a abordagem fundamentada na harmonização de objetivos sociais, ambientais e econômicos é adotada desde a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia) no ano de 1972 e na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro (Brasil) no ano de 1992 (SACHS, 2002).
Apesar do efeito mobilizador exercido pela Rio 92, Leff (2002) cita que as ações que vêm sendo empreendidas em nome do desenvolvimento sustentável têm se mostrado até o momento ambíguas, fragmentadas e pouco capazes de fazer justiça à complexidade dos desafios práticos associados às questões ambientais como: justiça social, redução das desigualdades; crescimento econômico planejado, controlado; redução da degradação e conservação ambiental; usos e manejos conscientes e adequados dos recursos; participação efetiva da sociedadena tomada de decisões; e internalização de uma relação de simbiose autêntica e duradoura dos seres humanos com a natureza.
Os desafios reais do desenvolvimento sustentável são pelo menos tão heterogêneos e complexos quanto à diversidade de sociedades humanas e de ecossistemas naturais em todo o mundo. Do mesmo modo, busca se redefinir e reinterpretar seu significado para adequar a sua própria situação (KATES, 2005).
O caráter adaptativo, flexível e de ressonância do paradigma da sustentabilidade permite sua adaptação a situações locais diversas, ainda que também possibilita o uso inapropriado, puramente retórico e propagandístico. O desenvolvimento sustentável torna-se, o tema de atenção de agências internacionais humanitárias, o jargão de planejadores de desenvolvimento, o principal assunto de conferências, artigos e o slogan de movimentos e de ativistas ambientais.
1.3 Desenvolvimento sustentável: utopia ou realidade?
Atualmente, algumas tendências que confrontam o processo de desenvolvimento economicista atual consideram o termo “desenvolvimento sustentável” como uma utopia.
Candiotto e Corrêa (2004) relatam que muitos autores fazem sérias críticas ao desenvolvimento sustentável devido ao termo se referir a um modelo de desenvolvimento “desejável” e hipotético, não apresentando um arcabouço metodológico destinado à operacionalização das ações que poderiam conduzir à sustentabilidade, além do fato de não apresentar uma coesão teórico-conceitual.
Em alguns momentos, o conceito é popularizado e banalizado, principalmente pelas empresas e o setor empresarial, objetivando o marketing sustentável do comprometimento com as questões ambientais e sociais. “O discurso político tende a privilegiar o sustentável, da mesma forma em que o pulveriza, em sentidos e significados diversos, transformando-os em utopia contemporânea” (IRVING, 2005).
O termo “não passa de uma utopia vaga, de pouca aplicabilidade dentro da estrutura política e econômica mundial, onde predominam interesses neoliberais e imperialistas”.
Por outro lado, Ranauro (2004) elucida que, se o desenvolvimento sustentável é uma utopia, então como utopia, deve-se encontrar mecanismos para sua implementação. “A lógica da transformação não pode ser baseada na lógica da situação, senão será a sua reprodução”.
Buarque (2004) relata que os antecedentes históricos indicam que o conceito de desenvolvimento sustentável não é apenas mais um modismo ou uma ideia brilhante da ONU, proferidas na Eco-92, mas uma construção teórica para organizar uma nova postura da sociedade diante dos desafios atuais e futuros, e consistente com o novo paradigma de desenvolvimento.
O desenvolvimento sustentável não nega o crescimento, mas se refere à necessidade de mudar a qualidade do crescimento, já que é um processo de transformação qualitativa que permite destacar o caráter operacional da sustentabilidade ao afastar este conceito de um estado utópico, dificilmente alcançável e argumento frequente para desqualificar as possibilidades reais de aplicação dos princípios de sustentabilidade (IVARS BAIDAL, 2001).
A sustentabilidade por definição é uma complexa e ambiciosa meta motivadora de definição de políticas, compreendendo critérios ambientais, econômicos e sociais, equitativamente importantes para uma sociedade sustentável (SPANGENBERG, 1998).
Estes conceitos, em qualquer caso, estão mais ligados a ideia de mudança do que a noção de estabilidade, comumente associada a sustentar um sistema de forma permanente para manter um determinado estado. No fundo, se trata de manter a capacidade co-evolutiva dos sistemas sociais e naturais para fazer frente às flutuações e adaptar-se às transformações (JIMÉNEZ HERRERO, 2006).
Sachs (2002), destaca oito princípios ou critérios distintos de sustentabilidade para validação dos objetivos do ecodesenvolvimento ou do desenvolvimento sustentável:
	(1) Sustentabilidade Social
	(2) Sustentabilidade Cultural
	# alcance de um patamar razoável de homogeneidade social;
# distribuição justa de renda;
# emprego pleno e/ou autônomo com qualidade de vida decente;
# igualdade no acesso aos recursos e serviços sociais.
	# mudanças no interior da continuidade cultural (equilíbrio entre respeito à tradição e inovação);
# capacidade de autonomia para elaboração de um projeto nacional integrado e endógeno (em oposição às cópias servis dos modelos alienígenas);
# autoconfiança combinada com abertura para o mundo.
	(3) Sustentabilidade Econômica
	(4) Sustentabilidade Política (nacional)
	# desenvolvimento econômico inter-setorial equilibrado;
# segurança alimentar;
# capacidade de modernização contínua dos instrumentos de produção; razoável nível de autonomia na pesquisa científica e tecnológica;
# inserção soberana na economia internacional.
	# democracia definida em termos de apropriação universal dos direitos humanos;
# desenvolvimento da capacidade do Estado para implementar o projeto nacional, em parceria com todos os empreendedores;
# um nível razoável de coesão social.
	(5) Sustentabilidade Ambiental
	(6) Sustentabilidade Ecológica
	# respeito à capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais.
	# preservação do potencial da natureza na sua produção de recursos renováveis;
# limitação do uso dos recursos não-renováveis.
	(7) Sustentabilidade Territorial
	(8) Sustentabilidade Política (Internacional)
	# configurações urbanas e rurais balanceadas (eliminação das inclinações urbanas nas alocações do investimento público);
# melhoria do ambiente urbano;
# superação das disparidades inter-regionais;
# estratégias de desenvolvimento ambientalmente seguro para áreas ecologicamente frágeis (conservação da biodiversidade pelo ecodesenvolvimento).
	# eficácia do sistema de prevenção de guerras, na garantia de paz e na promoção da cooperação internacional;
# um pacote entre países dos hemisférios Norte e Sul de co-desenvolvimento, baseado no princípio de igualdade (regras do jogo e compartilhamento da responsabilidade de favorecimento do parceiro mais fraco);
# controle institucional efetivo do sistema internacional financeiro e de negócios;
# controle institucional efetivo da aplicação do princípio da precaução na gestão do meio ambiente e dos recursos naturais; prevenção das mudanças globais negativas; proteção da diversidade biológica (e cultural); e gestão do patrimônio global, como herança comum da humanidade;
# sistema efetivo de cooperação científica e tecnológica internacional e eliminação parcial do caráter de commodity da ciência e tecnologia, também como propriedade da herança comum da humanidade.
1.4 A abordagem holística, sistêmica e estratégica da Sustentabilidade
A ideia de desenvolvimento sustentável como uma visão holística implica em mudanças fundamentais nos níveis de estruturas: social, econômica, política e cultural, que significa reestruturação fundamental da presente sociedade (CUELLO NIETO, 1997).
O referencial de análise para o desenvolvimento sustentável deve ser holístico porque requer uma observação do comportamento da totalidade que envolve interações complexas entre os sistemas sociais, econômicos e ambientais (BUARQUE, 2004).
Como um processo holístico, o desenvolvimento sustentável requer uma união dialética indissociável entre teoria e prática (CUELLO NIETO, 1997). A aplicação prática de princípios e estratégias do desenvolvimento sustentável apresenta-se mais complexa e difícil que a simples incorporação de uma dimensão ambiental dentro dos paradigmas econômicos, dos instrumentos do planejamento e das estruturas institucionais que sustentam a racionalidade produtiva prevalecente.
O alcance dos propósitos do desenvolvimento sustentável e igualitário exige então um trabalho teórico e a elaboração de estratégias conceituais para a construção de uma racionalidade ambiental (LEFF, 2002).
O desenvolvimento sustentável busca responder a cinco amplas exigências (LÉLÉ, 1991):
	(1) integração da conservação e do desenvolvimento
	(2) satisfação das necessidades básicas humanas
	(3) alcance da equidade e socialjustiça
	(4) provisão da autonomia social e da diversidade cultural
	(5) manutenção da integridade ecológica
As estratégias conceituais para gerar os instrumentos teóricos e práticos na gestão ambiental do desenvolvimento sob condições de sustentabilidade e equidade não podem surgir dos paradigmas
econômicos dominantes e das práticas tradicionais do planejamento (LEFF, 2002).
1.5 Desenvolvimento local sustentável e desenvolvimento Endógeno
Cuello Nieto (1997) argumenta que o desenvolvimento sustentável deveria ser tratado diferentemente das abordagens tradicionais de desenvolvimento, pois estas abordagens tradicionais
enfatizam o crescimento e não o progresso. Para isso, o desenvolvimento endógeno se caracteriza como uma forma específica de organização da produção, da integração da sociedade e das instituições nos processos produtivos e na capacidade de resposta do território e dos atores econômicos a um novo cenário econômico, político e institucional.
O desenvolvimento endógeno é um processo de crescimento econômico e mudança estrutural, liderado pela comunidade local, que busca satisfazer as suas necessidades e demandas por meio de sua participação ativa nos processos de desenvolvimento (PADÍN FABEIRO, 2004). O turismo se vincula a esta perspectiva, no intuito de propiciar melhorias nos espaços onde as atividades turísticas são desenvolvidas sustentavelmente.
Sendo assim, a distribuição dos benefícios representa uma questão central na ética da sustentabilidade do turismo. 
UNIDADE II
2 Princípios e dimensões para o desenvolvimento sustentável do turismo
	A indústria do turismo e seus serviços adjacentes movimentam mais de 5 trilhões de dólares ao ano e já movimenta mais capital do que a indústria de automóveis. Nesse contexto da expansão de tal atividade comercial, muitos empreendedores lançaram-se aos ideias do desenvolvimento sustentável em busca de conquistar mais clientes para seus empreendimentos tendo em vista a atender um público seleto que já expiram novas concepções de ambiente e sociedade frente à conservação e proteção dos recursos da natureza. A concorrência empresarial acirrada do setor, levou o lançamento de um produto chamado “turismo sustentável”.
Porém, contra o argumento do (turismo sustentável) se debruçaram acadêmicos, cientistas e ambientalistas com o propósito de ratificar tal expressão, assim o entendimento é que a abordagem do desenvolvimento turístico deve se libertar das análises estritamente econômicas e deve privilegiar as abordagens que apontam para o controle democrático-participativo dos riscos sócio-ambientais gerados pela evolução e pelo processo de acumulação, reprodução e expansão do capital (LUCHIARI, 2002).
Nesse sentido os princípios e dimensões para o desenvolvimento sustentável do turismo, referem-se aos aspectos ambientais, econômicos e socioculturais do desenvolvimento turístico, tendo que estabelece um equilíbrio adequado entre estas três dimensões para garantir sua sustentabilidade em longo prazo.
O PNUD e OMT recomendam os seguintes princípios norteadores para o planejamento em turismo sustentável:
	(I) a conservação ambiental e a otimização do uso dos recursos ambientais, que se constituem em elementos fundamentais do desenvolvimento turístico, mantendo os processos ecológicos essenciais e a diversidade biológica contínuas no tempo e no espaço.
	(II) o respeito à autenticidade sócio-cultural das comunidades anfitriãs, com o compromisso de conservação de seu patrimônio construído e seu estilo de vida e valores tradicionais, e fortalecimento da compreensão intercultural e tolerância.
	(III) a garantia de operações econômicas viáveis (eficiência e crescimento de longo prazo), com a geração de benefícios socioeconômicos distribuídos para todos os atores envolvidos (elevação da qualidade de vida e equidade social), incluindo oportunidades de emprego estável e obtenção de investimentos e serviços sociais, de maneira que contribuam à redução da pobreza.
Isto porque em um primeiro momento, o enfoque mais conservador restringia a abordagem da sustentabilidade a uma visão econômica. Em segundo momento, preocupou-se com a sustentabilidade ambiental, centrada nos recursos naturais. Já no momento atual, incorporou-se às práticas e aos discursos da sustentabilidade, os atributos de democracia, participação, descentralização, eficiência, equidade, cidadania, autonomia e pertencimento, passando a apontar a esfera local para a sua realização.
2.1 Diversidade, ambiguidade e evolução do conceito de turismo sustentável
O turismo sustentável foi definido pela Organização Mundial de Turismo (OMT) em 2003, como aquele que:
“atende às necessidades dos turistas de hoje e das regiões receptoras, ao mesmo tempo em que protege e amplia as oportunidades para o futuro”.
Há muita ambiguidade sobre a conceituação do turismo sustentável, e tal excesso de argumentos pode ser explicado pela inexistência de uma explícita e universalmente aceita teoria relacionada ao turismo sustentável (HARDY, 2002).
Segundo Butler (1999), desde o surgimento do conceito de turismo sustentável, o termo tem
sido utilizado e reconhecido em todo o mundo e aceito, mesmo que superficialmente, de forma muito difusa. Para o autor, existe o problema atual da incapacidade de se definir para a satisfação da maioria dos atores locais envolvidos com o turismo, o significado exato do turismo sustentável.
Devido à existência desta ambiguidade, quase qualquer forma de turismo pode ser sustentável.
A aplicação dos princípios da sustentabilidade no turismo participa da dicotomia existente entre sua ampla difusão e das limitações dos progressos alcançados (IVARS BAIDAL, 2001).
Na comunidade científica, apesar de haver controvérsias para sua legitimidade, está claro que o turismo sustentável tem trazido mudança substancial no processo convencional de pensamento sobre o desenvolvimento da atividade turística.
A evolução das relações entre turismo e desenvolvimento tem refletido nas diversas declarações e documentos oficiais lançados pelas organizações e instituições do setor turístico, tais como:
(1) Carta do Turismo Sustentável de Lanzarote: que engloba intenções e princípios fundamentais convencionados ao conceito de turismo sustentável, produzido pela Conferência Mundial de Turismo Sustentável (1995).
(2) Agenda 21: em direcionamento a indústria de viagens e turismo, onde se estabelecera uma série de princípios, de acordo com o código de comportamento tanto da oferta como da demanda turística produzidos pela OMT (1997) e PNUE (2003).
(3) Manuais publicados pela OMT e UNEP: em que se estabelecem as diretrizes gerais para a consecução e desenvolvimento do turismo sustentável, assim como os principais indicadores para a gestão dos destinos turísticos.
Nestes documentos observa-se a paulatina transição do predomínio preliminar dos aspectos socioculturais e econômicos do turismo ao paradigma onipresente da sustentabilidade.
2.2 Turismo sustentável ou desenvolvimento sustentável do Turismo
Butler (1999) afirma que muitas confusões do conceito de turismo sustentável advêm das definições imprecisas e conflitantes do conceito, e particularmente da necessidade de se distinguir entre o turismo sustentável e o desenvolvimento sustentável do turismo. Para o autor, o turismo sustentável não é automaticamente o mesmo que o turismo desenvolvido seguindo os princípios do desenvolvimento sustentável.
As considerações de turismo sustentável tem se tornado muito distantes e removidas do seu conceito materno, resultando em uma lacuna tal que os princípios e políticas do turismo “sustentável’ não necessariamente contribuem para o desenvolvimento sustentável.
Butler (1999) contesta o uso do termo “turismo sustentável”, apesar de seu uso corrente, argumentando que este termo implica na manutenção do turismo por si mesmo, quaisquer que sejam seus impactos associados, em vez de se preocupar com a manutenção do contexto humano e físico em que o turismo ocorre.
Apesar de possuir sua origem no conceito geral dedesenvolvimento sustentável, o tema turismo sustentável parece ter evoluído de forma muito isolada do contínuo debate sobre o significado de sua formação. Tal isolamento tem resultado no surgimento de um modelo excessivamente simplista e inflexível do turismo sustentável, que falha na aplicação em circunstâncias específicas.
Desta forma, Butler (1999) sugeriu a expressão “desenvolvimento sustentável do turismo”, que é o turismo desenvolvido e mantido em uma área (comunidade e ambiente) de uma forma e numa escala que permanece viável ao longo de um infinito período e não degrada ou altera o ambiente (físico e humano) em que existe para um grau que proíbe o desenvolvimento com êxito e o bem estar com outras atividades e processos.
Portanto, o desenvolvimento sustentável do turismo:
É o desenvolvimento que permite manter o estado saudável necessário para a sobrevivência do sistema em condição desejável e com padrão aceitável em alto grau de qualidade.
É importante fazer a distinção entre turismo sustentável (o objetivo a ser alcançado) e o desenvolvimento sustentável do turismo (o processo). Para alcançar o objetivo, o desenvolvimento sustentável do turismo deve ser operacionalizado antes que qualquer progresso tangível possa ser feito.
A diferença entre as definições não são meramente uma questão de semântica. A definição de turismo sustentável diz pouco sobre o futuro do turismo, já essa atividade econômica deve atender às atuais necessidades econômicas, sociais e de qualidade de vida para o desenvolvimento regional, enquanto conserva os recursos naturais e mantém a integridade cultural da população local, promovendo a responsabilidade coletiva e a satisfação das expectativas dos turistas de maneira que a atividade possa continuar indefinidamente proporcionando os benefícios propostos.
A OMT na publicação de suas declarações amplia os princípios do desenvolvimento turístico sustentável à conservação dos recursos naturais, históricos e culturais, à necessidade de um adequado planejamento e gestão da atividade, à satisfação da demanda e à ampla distribuição dos benefícios do turismo por toda a sociedade.
Pelo exposto, os princípios da sustentabilidade devem constituir o objetivo primordial de qualquer espaço ou produto turístico, em qualquer de seus estados evolutivos, e não circunscrever-se exclusivamente às manifestações supostamente alternativas como o ecoturismo e o turismo rural. Nesse sentido a OMT reconhece que as diretrizes para o desenvolvimento sustentável do turismo, são aplicáveis a todas as formas de turismo, em todos os tipos de destinos, incluídos o turismo de massas e os diversos segmentos turísticos.
2.3 O viés do desenvolvimento sustentável do turismo
O conceito de turismo sustentável se consolidou na última década como peça básica no debate sobre a gestão dos recursos turísticos. Entretanto, o pretendido desenvolvimento sustentável da atividade turística, que tem sido objeto de inúmeras propostas dialéticas, em boa parte dos casos não tem chegado a concretizar-se em um inventário de políticas eficazes e com um modelo de gestão aberto e participativo.
Segundo Hunter (1997), quatro possíveis abordagens do turismo sustentável podem ser resumidas e ilustradas num sentido abstrato, baseadas em interpretações vagas do desenvolvimento sustentável:
	(I) Desenvolvimento sustentável por um “turismo imperativo”
	 Esta abordagem é fortemente enviesada em direção à promoção e ao desenvolvimento do turismo e pode ser essencialmente considerada para satisfazer as necessidades e desejos de turistas e de operadoras de turismo.
	(II) Desenvolvimento sustentável por meio de “produtos turísticos”
	 Nesta abordagem, a vertente ambiental do sistema turístico nos destinos pode até receber consideração, mas é secundária em relação às necessidades principais de desenvolver novos (e manter os existentes) produtos turísticos, com todos os seus vínculos em termos de negócios e possibilidades das operadoras de turismo, de modo que o crescimento do setor turístico possa ser praticado até onde seja possível.
	(III) Desenvolvimento sustentável por meio do “turismo conduzido ambientalmente”
	 Nesta abordagem, as decisões são tomadas com o viés do sistema turístico em direção a uma consideração primordial no estado do ambiente. Talvez seja aplicável em áreas onde o turismo ainda não existe ou é uma atividade relativamente nova. A finalidade seria promover tipos de turismo (por exemplo, ecoturismo) que especificamente e evidentemente contam com a manutenção de uma alta qualidade do ambiental natural e/ou de experiências culturais. Nesta abordagem, ainda há um foco muito forte no produto turístico, mas difere da abordagem anterior por priorizar considerações ambientais sobre as oportunidades mercadológicas.
	(IV) Desenvolvimento sustentável por meio do “turismo neotenous”
	 Esta abordagem muito forte da sustentabilidade é praticada sob a crença de que existem circunstâncias em que o turismo deveria ser ativamente e continuamente desencorajado em espaços ecológicos. Em alguns locais, como reservas naturais de importância nacional ou internacional, o crescimento do turismo deveria ser sacrificado para benefícios e utilidades maiores.
Rodrigues, (2002) apresenta uma visão da atividade turística como consumista dos espaços naturais e considera que é, na própria essência, incompatível com a ideia de desenvolvimento sustentável.
Como atividade econômica, a sustentação do turismo está pautada na contínua descoberta de paisagens naturais e históricas de novos lugares exóticos que são rapidamente transformados para serem consumíveis. A atividade turística “dirige o consumo aos lugares exóticos, transformando-os para serem comercializáveis, nos padrões de conforto e qualidade de vida do mundo moderno”.
Também para Machado (2002), o ecodesenvolvimento, travestido de turismo sustentável, como viés do desenvolvimento sustentável, é rica estratégia de marketing não somente nas intenções politicamente planejadas de empreendimentos estatais, mas, sobretudo, nas intenções de práticas de especulação comercial.
Para Rodrigues, (2002) “o desenvolvimento da atividade turística é insustentável”, e assim, compreender o turismo pelo viés do desenvolvimento sustentável é dar-lhe uma dimensão de análise. Viés significa, não o sentido principal, mas o sentido diagonal, um desvio, e só diagonalmente é que se pode argumentar que esta atividade econômica seja sustentável em relação ao ambiente.
De forma geral, pode-se dizer que existem duas visões bem distintas sobre a aplicação prática do conceito de turismo sustentável.
A primeira visão é daqueles que rejeitam plenamente o turismo convencional (denominando-o automaticamente de insustentável) e assim, buscam evitar sua aparição em novos locais. Já a segunda visão é das instituições internacionais (como a OMT) e dos governos de países turísticos desenvolvidos para quem a introdução e aplicação do conceito de turismo sustentável não somente é possível, mas também sobretudo necessária nos destinos turísticos convencionais.
Portanto, pensar em sustentabilidade no turismo implica em idealismo e visão estratégica de longo prazo, mas também pragmatismo, a partir de experiências capazes de transformar utopia em possibilidade e discurso em prática cotidiana (IRVING et al., 2005).
Considerando a complexidade do conceito de turismo sustentável e a dificuldade de fazê-lo operacional, identifica-se um conjunto de princípios que devem guiar os esforços orientados à sustentabilidade (MEDINA MUÑOZ, 2003):
	1
	2
	O turismo sustentável deve entender-se como uma forma de turismo que é capaz de manter sua viabilidade em um local durante um tempo indefinido.
	Com relação a promoção e comercialização, a maior sensibilidade ecológica dos turistas exige uma adaptação na promoção que se emprega a região turística.
	3
	4
	A adequada ordenação dos recursos territoriais, planejando o espaço e considerando a compatibilidade dos usos e aproveitamentoracional dos recursos.
	O desenvolvimento turístico deve ser planejado e gerido de forma que não provoque sérios problemas ambientais e socioculturais na localidade turística. 
	5
	6
	Deve manter-se um alto nível de satisfação do turista, de forma que os destinos turísticos retenham sua possibilidade de ser comercializados e sua popularidade.
	Um local ou território unicamente pode conseguir um turismo sustentável quando todos os agentes (organismos públicos, empresas e residentes) têm um comportamento sustentável.
	7
	8
	A qualidade ambiental global da região turística deve ser mantida e melhorada onde seja necessário.
	Os benefícios do turismo devem ser amplamente estendidos na sociedade e os distintos agentes que a integram.
	9
	10
	A magnitude e o tipo de desenvolvimento turístico deveria variar em cada local ou território de acordo com suas próprias características ambientais e socioculturais, e o próprio papel que o setor turístico e outros setores econômicos podem exercer.
	As novas expectativas e exigências dos turistas requerem uma renovação constante da oferta. Além disso, é necessário adaptar-se à tendência dos destinos turísticos ecológicos e buscar a qualidade ambiental.
	11
	Os recursos naturais, históricos, culturais e de outro tipo que possam formar parte da oferta turística de um destino devem ser conservados para seu uso contínuo no futuro, além de trazer benefícios para a sociedade atual. Neste sentido, a proteção de patrimônio, tanto cultural como natural e o histórico-artístico, deve guardar um equilíbrio entre rentabilizar seu aproveitamento e a manutenção que requer grande parte deste patrimônio.
O turismo sustentável não deve ser considerado, portanto, como uma estrutura rígida, mas preferivelmente como um modelo adaptável que reconhece uma variedade de abordagens de acordo com circunstâncias específicas (HUNTER, 1997).
Argumenta-se que o contexto de desenvolvimento do turismo sustentável é real, e a probabilidade de ser alcançado é quando se baseia na população local. Assim, propõe-se que as futuras contextualizações do turismo sustentável se direcionem a comunidade local, na mesma proporção que as aspirações econômicas e ambientais.
O objetivo do turismo sustentável fundamenta-se em critérios de sustentabilidade, ou seja, deve buscar o equilíbrio entre a conservação dos recursos naturais e culturais existentes, a viabilidade econômica do turismo e a equidade social numa perspectiva ética e direcionada para as comunidades locais. É um processo de mudança qualitativa das iniciativas políticas que incluem a participação indispensável da população local e adaptam as estruturas legais e institucionais no sentido de realizar o desenvolvimento sustentável.
UNIDADE III
3 Impactos do turismo no meio ambiente
Os sistemas de gestão da sustentabilidade proporcionam uma base estável, coerente e consistente para o desempenho sustentável e a manutenção de um empreendimento, de um município, região turística, estado ou até mesmo de um país.
A intenção não é apenas controlar os impactos, mas também buscar os resultados que irão fazer com que o turismo possa contribuir ativamente para a conservação, revitalização e recuperação dos recursos naturais e buscar resultados econômicos com ética, contribuindo para a promoção da justiça social e a valorização das culturas locais.
O turismo moderno, caracterizado por ser um “fenômeno de massa”, causa diversos efeitos nas comunidades e nos centros receptores. Tradicionalmente, os pesquisadores têm concentrado os seus estudos sobre a influência econômica do turismo e da recreação nas destinações turísticas.
Contudo, é evidente que a atividade turística gera outros efeitos, principalmente ambientais, sociais e culturais (CASASOLA, 2003). 
O crescimento acelerado do turismo, a partir da década de 1950, provocou uma degradação de recursos turísticos em todo o planeta, porém, somente a partir da década de 1970 a qualidade do meio ambiente começou a ganhar destaque como elemento do produto da atividade turística.
Para Ferretti (2002) os principais impactos ambientais negativos do turismo são:
* poluição e contaminação de cursos de água e de praias;
* poluição atmosférica, visual e sonora;
* desmatamento, distúrbios à vida selvagem e perda de biodiversidade;
* congestionamento;
* compactação, erosão e perda de fertilidade do solo;
* danos a monumentos, sítios arqueológicos, lugares e construções históricas;
* transformação dos valores e condutas morais;
* difusão de epidemias;
* sexo, crime, mercantilização da cultura e choques culturais.
Os efeitos negativos do turismo podem ser evitados através de planejamento turístico integrado, que considera aspectos tradicionais do planejamento (mercado, econômicos, financeiros, técnicos e coordenação do território) e planejamento ecológico, que inclui aspectos ambientais.
Pires (2006), afirma que “o turismo exerce impactos sobre o ambiente por ser um grande consumidor de combustíveis, eletricidade, alimentos e outros recursos da água e da terra, gerando significativas quantidades de lixo e de emissões neste mesmo ambiente”.
O turista busca a área onde a paisagem natural esteja preservada e o próprio modo de vida (mais simples, mais rústico) proporcione um “relaxamento” do mundo urbano. Porém, ele carrega consigo todos os seus valores, costumes e normas do mundo urbano.
Nesse sentido, há sempre uma supernegação para uma quantidade expressiva de turistas sobre os reais impactos da atividade turística, como identificado na tabela abaixo, e demonstra o desconhecimento ou mesmo a atuação de um “ser” ecologicamente correto e sustentável.
3.1 Definição de impacto ambiental segundo o CONAMA
Por impacto ambiental entende-se, de acordo com o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA): Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: 
I − a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
II − as atividades sociais e econômicas; 
III − a biota; 
IV − as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
V − a qualidade dos recursos ambientais. (BRASIL, 1986).
3.2 Impactos globais da atividade turística
A qualidade do meio ambiente, tanto natural quanto o construído pelo homem, e essencial para o turismo. Entretanto, e necessário reforçar que o relacionamento do turismo com o meio ambiente e bastante complexo. Envolve muitas atividades que podem ter efeitos ambientais adversos.
E muito desses impactos estão ligados a construção de obras de infra-estrutura, como as rodovias e os aeroportos, e as instalações turísticas, incluindo resorts, hotéis, restaurantes, pontos comerciais, áreas de lazer, marinas etc., que são fundamentais para o desenvolvimento turístico.
Ocorre que os impactos negativos desse desenvolvimento podem gradualmente destruir os recursos ambientais dos quais depende o turismo. Por outro lado, o turismo tem um potencial de criar efeitos benéficos no meio ambiente, contribuindo para a proteção ambiental e a conservação.
E um caminho para o crescimento da consciência dos valores ambientais e pode servir como ferramenta para financiar a proteção das áreas naturais e aumentar sua importância econômica.
Podemos identificar três áreas principais de ocorrência dos impactos ambientais do turismo de modo geral: relacionados com os recursos naturais, com a poluição, e os impactos físicos de modo geral.
a) Relacionados com os recursos naturais
O Turismo pode exercer pressão sobre os recursos naturais quando aumenta o numero de pessoas nas áreas turísticas onde esses recursos podem escassear devido ao aumento da demanda.
- Água: particularmente, a água potável e um dos recursos essenciais mais atingidos. A indústria turística usa em excesso os recursos d’água em hotéis, em piscinas e para o uso pessoal, o que gera grande volume de resíduos d’água (que saturam a rede de esgoto, ou, quando esta não existe, contaminam o lençolfreático).
- Recursos da terra: importantes recursos da terra incluem minerais, combustíveis fóssil, solos férteis, florestas, terras úmidas e vida selvagem. Com o aumento das construções direcionadas ao turismo, cresce a pressão sobre esses recursos e as paisagens pitorescas.
As matas muitas vezes sofrem impactos negativos do turismo na forma de desflorestamento causado pela retirada da madeira para construções de habitações e outras instalações, alem da necessidade de abertura de áreas livres onde serão feitas construções. Os loteamentos para construção de casas de veraneio em toda a costa brasileira tem contribuído para a destruição da Mata Atlântica.
b) Relacionados com a poluição
O turismo pode causar os mesmos tipos de poluição que outras indústrias: emissões gasosas, barulho, lixo e resíduos sólidos, lançamento de esgoto, de óleo e produtos químicos e poluição visual e arquitetônica.
- Poluição do ar: o transporte aéreo, rodoviário e ferroviário esta continuamente crescendo, correspondendo ao aumento do numero de turistas que apresentam grande mobilidade. As estimativas da OMT apontam para um formidável crescimento das viagens nos próximos anos e a utilização desses meios de transportes principalmente o aeroviário em função das emissões de gases de efeito estufa e até mesmo da chuva ácida.
- Poluição sonora: a poluição sonora, por sua vez, causada por aviões, carros, ônibus e outros veículos utilizados pelos turistas (jet skis, bugs, motos, jeeps etc.), está-se tornando um problema crescente nas localidades turísticas. Ao mesmo tempo em que provoca irritação, estresse e eventualmente problemas de audição dos residentes locais.
- O lixo e os resíduos sólidos: em geral com alta concentração de atividades turísticas ou locais que servem de apoio para observação de atrações naturais que se destacam (o alto de morros, uma pedra saliente, um mirante etc.), a deposição de resíduos torna-se problema serio, e esse lançamento impróprio muitas vezes chega a ser a principal causa de poluição em determinados ambientes naturais – rios, praias.
Na Ilha de Fernando de Noronha, todo o lixo tem que ser retirado de navio, e transportado para o continente, pois não ha nenhuma possibilidade de o ecossistema local suportar o volume de lixo deixado pelo turismo.
- Poluição causada pelo esgoto: construções de hotéis, áreas de lazer e outras instalações sempre trazem o problema da destinação do esgoto. Esse tipo de poluição nos mares, rios e lagos causam danos a flora, a fauna e a qualidade de água, principalmente nas proximidades das instalações, e muitas vezes são atingidos exatamente os atrativos responsáveis pela vinda dos turistas. As praias paulistas periodicamente são interditadas para o banho devido ao alto índice de contaminação produzida pelo excesso de turistas durante os períodos de ferias.
- Poluição estética ou visual: as instalações construídas nos destinos turísticos muitas vezes não são planejadas, visando à integração com o ambiente existente, prejudicando a estética visual. Principalmente as obras arquitetônicas de maior vulto, como resorts, grandes hotéis e pousadas com designs inadequados para o lugar e que entram em choque com a aparência do ambiente local.
c) Impactos físicos
Os impactos físicos não são causados somente pela construção de instalações e infra-estrutura de suporte para o turismo, mas também pela atividade turística continua e as mudanças que ocorrem a médio e longo prazo na economia e na ecologia local. Desse modo, do ponto de vista dos impactos físicos, podemos identificar dois tipos:
- As construções e o desenvolvimento da infra-estrutura: o desenvolvimento das instalações turísticas, como as acomodações, o suprimento de água, restaurantes e áreas de lazer, pode envolver a mineração de areia da praia ou de rios e a erosão de dunas de areia, a erosão do solo e a extração de rochas e pedras.
Acrescente-se a isso a construção de rodovias e aeroportos que podem levar a degradação da terra, a pedra dos habitats da vida selvagem e a deterioração do cenário natural. Outro aspecto a ser considerado e lembrado por Rodrigues (2001) e que,
- O insustentável uso da terra e o desflorestamento: a construção de acomodações e de instalações para os turistas, de modo geral, leva a limpeza de uma área natural, por exemplo, das matas nativas. Áreas úmidas são muitas vezes drenadas e compactadas devido a falta de locais adequados para a construção da infra-estrutura e das instalações turísticas. As áreas úmidas próximas ao litoral são as mais sacrificadas.
3.3 Diagnósticos dos impactos do turismo no município de Bonito-MS
UNIDADE IV
4 Infraestrutura e planejamento das atividades turísticas regionais
 	A certeza de que o planejamento da atividade turística contribui para o desenvolvimento local e regional, resultou na inserção do setor nas agendas políticas nacionais como veremos na Unidade IV - as legislações e incentivos específicos dados à atividade turística.
Tais planos setoriais nacionais, regionais e locais devem estar, conectados para um desenvolvimento adequado do território, além de ações como “educação turística” para órgãos públicos, empresários locais e população residente e a “participação da comunidade” que deve ser considerada na elaboração das diretrizes para o aprimoramento do turismo.
Portanto, essas ações, alcançam a finalidade econômica como o envolvimento de empresas locais, mas também, estendem-se aos benefícios sociais, pois a comunidade envolvida terá preservadas suas manifestações culturais, históricas e ecológicas.
4.1 O turismo como política de estado 
No atual panorama de crescimento do turismo, o planejamento da atividade, além de visar o desenvolvimento econômico, se tornou um instrumento para a conservação dos recursos naturais, culturais, históricos e sociais.
Na realidade, a função do planejamento é nortear o crescimento turístico de modo a compatibilizar os fatores econômicos com os fatores de ordem social e ambiental, determinando metas e objetivos precisos e disponibilizando os meios próprios para os atingir (SILVEIRA, 2003).
Planejar e desenvolver os espaços e as atividades que atendam aos anseios das populações locais e dos turistas constitui a meta dos poderes públicos que, para implantá-las, vêem – se diante de dois objetivos conflitantes: o primeiro, que é o de prover oportunidade e acesso às experiências recreacionais ao maior número de pessoas possível, contrapõe-se ao segundo, de proteger e evitar a descaracterização dos locais privilegiados pela natureza e do patrimônio cultural das comunidades.
Contudo, para que esses objetivos sejam alcançados, é necessário que a comunidade de um dado destino esteja envolvida nas etapas do planejamento setorial e que esse processo esteja relacionado com diferentes atividades locais e que se estabeleça não apenas um planejamento comercial do turismo.
4.2 Planejamento integrado para o desenvolvimento local 
O turismo é uma atividade que não depende exclusivamente de atrativos que remetem aos meio ecológicos ou histórico-culturais para existir em um dado local.
As estruturas básicas e turísticas também são necessárias para que a atividade possua continuidade e não prejudique a comunidade local – exemplo - se uma cidade tem que possuir toda infraestrutura indispensável à vida, com muito mais forte razão, o lugar turístico deve não só suprir suas necessidades, como ainda dispor de reservas para atender a sazonalidade.
A atividade turística se utiliza de infraestrutura básica para seu crescimento, assim como, a existência de uma estrada de boa qualidade, redes elétrica e de comunicação eficientes, a existência de um sistema de coleta de lixo e esgoto, que facilitam o aumento do fluxo de visitantes em um local de interesse.
Para que o planejamento do turismo seja eficiente é necessário que existam políticas públicas de saneamento, saúde, transporte, meio ambiente entre outras. Além disso, a infraestrutura turística - como bares e restaurante, serviços de entretenimento, hotéis e pousadas e sistema de transporteintrarregional, é necessária para impulsionar o crescimento de um local turístico.
Com essa característica, de articulação com outros segmentos, torna-se necessário um planejamento turístico integrado com diferentes setores privados e da administração pública, seja ela nacional, estadual ou municipal. Essa integração é fundamental para que haja um “desenvolvimento consequente”.
Assim, “uma integração suficiente e profunda requer interação entre todos os setores de governo e da sociedade que se mostrarem necessários, regulados por normas institucionais e duradouras”.
O desenvolvimento do turismo sem o planejamento integrado a outros setores pode acarretar modificações negativas no território, tanto para a população local quanto para os turistas que visitam. No caso do espaço urbano o uso e ocupação do solo para fins turísticos sem controle público, podem sobrecarregar a infraestrutura básica, deteriorar o espaço público e, inevitavelmente, esse local perde sua atratividade pela descaracterização e mau uso dos recursos urbanos (infraestrutura e equipamentos).
A valorização imobiliária provocada pelo turismo em alguns locais pode, em casos mais graves, deflagrar uma ocupação irregular em áreas de preservação ambiental por condomínios e/ou hotéis; ou mesmo inflacionar os preços dos imóveis em espaços urbanos favoráveis à atividade turística, como áreas próximas das praias nas cidades brasileiras.
A falta de planejamento integrado pode vir a prejudicar o interesse turístico de certa localidade, a interação entre todos os setores de governo no planejamento evita novos casos brasileiros de lugares turísticos que passaram por favelização, mercantilização, descaracterização e descuidos dos espaços (YÁZIGI, 2009).
Os problemas de disparidade socioeconômica de regiões brasileiras não serão resolvidos por apenas um setor como o turístico, que, não dará conta de fomentar sozinho o desenvolvimento de um local, se não estiver associado ao planejamento do território como um todo.
Para Coriolano (2012) o desenvolvimento local, é aquele realizado de forma participativa, que atende as necessidades de trabalhadores de um lugar, com valorização de pequenas empresas locais e das características históricos, culturais e ambientais dos lugares. A participação social no processo de planejamento é de fundamental importância nesse processo de desenvolvimento do turismo no território assegurando um “desenvolvimento na comunidade e não da comunidade”. 
Existe uma necessidade de um planejamento combinado com uma educação turística da comunidade local para que ela assimile a importância da atividade turística. Além disso, a educação dos órgãos municipais de turismo é fundamental.
Dessa maneira, para que esse processo de desenvolvimento local a partir do turismo siga um percurso de respeito ao ambiente natural, aos aspectos culturais e sociais e não apenas vislumbrando os lucros que o turismo possa gerar, as ações de planejamento devem possuir estratégias para promover retorno para a comunidade.
4.3 Mecanismos de planejamento turístico: da escala nacional a regional
O Governo Federal vem apresentando à sociedade, diversos planos plurianuais direcionados a determinados setores da economia, considerados como potenciais geradores de desenvolvimento socioeconômico. O turismo é um desses setores e é alvo de planos plurianuais, denominados Plano Nacional de Turismo (PNT), e existe também uma ampliação das políticas para o desenvolvimento do turismo regional denominada.
O Brasil um país “continental” possui um considerável número de atrativos naturais, com potencial para atrair um grande número de turistas estrangeiros. Porém a participação do país no turismo mundial ainda é reduzida, se comparada a de outros países que ocupam posição de liderança na captação de turistas.
Embora vários esforços já tenham sido empreendidos para dinamização do setor, o Brasil recebeu 4,8 milhões de turistas, em 2009, enquanto a França, o principal destino do mundo em número de visitantes estrangeiros, acolheu 74,2 milhões de pessoas. A participação brasileira em relação ao turismo mundial é de apenas 1% (EMBRATUR, 2010).
a) PNT- uma viagem de inclusão, (2007/2010)
Em 2007, foi editado novo plano, para o período 2007-2010, também com metas bastante
otimistas, dentre as quais, destacavam-se:
# promover a realização de 217 milhões de viagens domésticas;
# criar 1,7 milhões de novos empregos e ocupações no setor;
# estruturar 65 destinos turísticos no país com padrão de qualidade internacional;
# gerar 7,7 bilhões de dólares em divisas.
O plano previa também uma série de indicadores indiretos, como a entrada de 7,9 milhões de turistas estrangeiros no período considerado, permanecendo em média 14,4 dias no Brasil. O alcance das referidas metas dependia de algumas condições, a saber:
* taxa de crescimento do PIB oscilando entre 4,5% a 5%;
* inflação medida pelo IPCA entre 4,1% a 4,5%;
* regulamentação da lei das micro e pequenas empresas, e aumento do emprego formal no setor.
Um dos objetivos do PNT era fazer do turismo um indutor do desenvolvimento e da inclusão social. Em relação às metas previstas:
# verificou-se que em 2010 os turistas somam apenas 5,1 milhões, indicando que a meta estabelecida não foi atingida.
# no que se refere à movimentação do turismo interno a meta de alcançar 217 milhões de viagens domésticas observou-se no Anuário Estatísticos do MTur de 2010 que constam apenas os desembarques aéreos (56,02 milhões) e rodoviários (56,0 milhões), perfazendo um total de 112 milhões.
# quanto à estruturação de 65 destinos turísticos no país com padrão de qualidade internacional, deve-se levar em conta que em virtude das dificuldades estruturais, como deficiência na estrutura aeroportuária, rodoviária e ferroviária, baixa qualificação da mão de obra e outras, é muito improvável que esta meta tenha sido alcançada.
b) Programa de Regionalização do Turismo
O “Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil” é um programa estruturante do Ministério do Turismo, para promover o desenvolvimento turístico sustentável de forma regionalizada no Brasil. Traduz um modelo de gestão coordenada, integrada e descentralizada de política pública para diversificar, ampliar e estruturar a oferta turística brasileira.
Esse programa tem como diretriz a promoção do desenvolvimento d turismo regional promovendo as articulações necessárias para assegurar:
- o envolvimento comunitário;
- a capacitação dos atores envolvidos;
- a sistematização da informação e a sua comunicação ao público interessado;
- o ordenamento, a normatização e regulação da atividade;
- a disponibilização de incentivos e financiamentos;
- a construção da infraestrutura necessária e adequada;
- a promoção e comercialização dos produtos turísticos.
Os objetivos do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, são:
- diversificar a oferta turística;
- estruturar os destinos turístico;
- dar qualidade ao produto turístico;
- ampliar e qualificar o mercado de trabalho;
- aumentar a inserção competitiva do produto turístico no mercado internacional;
- ampliar o consumo do produto turístico no mercado nacional;
- aumentar a taxa de permanência e gasto médio do turismo.
O Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil apresenta como princípios fundamentais a descentralização, integração, participação e a sustentabilidade ambiental, sócio-cultural e econômica. É constituído de um conjunto de nove módulos operacionais, que apresentam conceitos, princípios e orientações para a construção do processo de desenvolvimento do turismo no âmbito da Região Turística, são: (1) sensibilização, (2) mobilização, (3) institucionalização, da instância de governança regional, (4) elaboração do plano estratégico de desenvolvimento do turismo regional, (5) implementação do plano estratégico, (6) sistema de informações turísticas do programa, (7) roteirização turística, (8) promoção e apoio à comercialização, (9) sistema de monitoria e avaliação do programa.
Os módulos são complementados e detalhadosem documentos técnicos orientadores específicos que estão disponibilizados pelo Ministério do Turismo. Não precisam ser implementados sequencialmente, cada Região Turística poderá implementar o programa de acordo com seu estágio de desenvolvimento, inserindo-se no processo a partir de um dos módulos.
4.4 Infraestrutura básica
Este é outro elemento fundamental na oferta turística. Pode-se falar que sem este elemento, muitos dos empreendimentos e serviços não poderiam ser instalados em um destino, ocasionando uma falta de oferta turística. Para Lage (2004) a infra-estrutura básica é considerada também como infra-estrutura de apoio e pode ser conceituada como “[...] conjunto de edificações, instalações de estrutura física e de base que proporciona o desenvolvimento da atividade turística”.
Esta infra-estrutura básica também pode ser considerada tanto para os visitantes como para a comunidade local, tais como:
- Informações básicas: postos de informações, birôs públicos, etc.;
- Sistemas de transporte: terrestres (rodovias, terminais, estações rodoviárias e ferroviárias), aéreos (aeroportos e serviços aéreos), hidroviários (portos, estações e serviços fluviais), e marítimos (portos s serviços).
- Sistema de comunicação: agências postais, telégraficas, postos telefônicos, centros de informática e uso de internet, etc.;
- Sistema de distribuição: saneamento, água, gás, eletricidade, etc.;
- Sistema de segurança: delegacias de polícia, postos de polícia rodoviária, corpo de bombeiros, etc.;
- Equipamentos médico-hospitalares: postos de pronto socorro, hospitais, clínicas, centros de maternidade, etc.
Neste contexto, percebe-se que a infraestrutura básica está inteiramente relacionada com a administração municipal e que cabe a ela, na sua grande maioria, disponibilizar esta infra-estrutura para o desenvolvimento do turismo e também para proporcionar uma melhor qualidade de vida a seus moradores.
UNIDADE V
5 Unidades de conservação e suas tipologias
	As unidades de conservação UC, são reconhecidas no artigo 225 da Constituição Federal, que reza o seguinte.
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público.
III - Definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção.
5.1 O que são unidades de conservação (UC)?
As unidades de conservação (UC) são espaços territoriais, incluindo seus recursos ambientais, com características naturais relevantes, que têm a função de assegurar a representatividade de amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente.
As UC asseguram às populações tradicionais o uso sustentável dos recursos naturais de forma racional e ainda propiciam às comunidades do entorno o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis. Estas áreas estão sujeitas a normas e regras especiais. São legalmente criadas pelos governos federal, estaduais e municipais, após a realização de estudos técnicos dos espaços propostos e, quando necessário, consulta à população.
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) foi instituído no Brasil em 2000 pela Lei nº. 9.985, e estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das Unidades de Conservação no País. Criadas por Decreto presidencial ou Lei, essas unidades estão divididas em dois grandes grupos – o de Proteção Integral e o de Uso Sustentável - e ao todo em 12 categorias.
	GRUPO DE PROTEÇÃO INTEGRAL
	GRUPO USO SUSTENTÁVEL
	Estação Ecológica (ESEC)
	Área de Proteção Ambiental (APA)
	Reserva Biológica (REBIO)
	Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE)
	Parque Nacional (PARNA)
	Floresta Nacional (FLONA)
	Monumento Natural (MN)
	Reserva Extrativista (RESEX)
	Refúgio de Vida Silvestre (REVIS)
	Reserva de Fauna (REFAU)
	
	Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS)
	
	Reserva  Particular do Patrimônio Natural (RPPN)
5.2 Grupo de proteção integral
a) Estação Ecológica
	Área que tem como objetivos a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas. Só é permitido o uso indireto dos recursos naturais, ou seja, apenas a utilização que não envolva consumo, coleta, dano ou destruição destes recursos. É proibida a visitação pública, exceto se com objetivo educacional, conforme definir o Plano de Manejo ou regulamento específico desta categoria de Unidade de Conservação. A pesquisa depende de autorização prévia do Instituto Chico Mendes e está sujeita às condições e restrições por ele estabelecidas. A alteração desses ecossistemas só é permitida nos casos de medidas que visem restaurar os ecossistemas por ventura modificados; o manejo de espécies com a finalidade de preservação da biodiversidade biológica; a coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas e a realização de pesquisas científicas.
b) Reserva Biológica
Esta categoria de Unidade de Conservação visa à preservação integral da biota e demais atributos naturais, sem interferência humana direta ou modificações ambientais. A exceção fica por conta de medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e de ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e seus processos ecológicos naturais. A visitação pública é proibida, com exceção da de caráter educacional, segundo o definido em Plano de Manejo da unidade. A pesquisa depende de autorização prévia do Instituto Chico Mendes e também está sujeita às condições e restrições por ele estabelecidas.
c) Parque Nacional
	Os parques nacionais são a mais popular e antiga categoria de Unidades de Conservação. Seu objetivo, segundo a legislação brasileira, é preservar ecossistemas de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas, realização de atividades educacionais e de interpretação ambiental, recreação e turismo ecológico, por meio do contato com a natureza. O manejo dos parques, feito pelo Instituto Chico Mendes, leva em consideração a preservação dos ecossistemas naturais, a pesquisa científica, a educação, a recreação e o turismo. O regime de visitação pública é definido no Plano de Manejo da respectiva unidade.
d) Monumento Natural
Categoria de Unidade de Conservação que tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares e/ou de grande beleza cênica. Pode ser constituído por propriedades particulares, desde que haja compatibilidade entre os objetivos da unidade com a utilização da terra e dos recursos naturais por parte dos proprietários. Se não houver compatibilidade, a área é desaproriada. É permitida visitação aos monumentos naturais, e a pesquisa depende de prévia autorização do Instituto Chico Mendes.
e) Refúgio de vida Silvestre
Estes refúgios surgem com o objetivo de proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. Eles podem ser constituídos, assim como os monumentos naturais, por áreas particulares, seguindo as mesmas exigências legais.
5.3 Grupo de uso sustentável
a) Área de Proteção Ambiental
Área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, com atributos bióticos, abióticos, estéticos ou culturais importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. As APAs têm como objetivo proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais. Cabe ao Instituto Chico Mendes estabeleceras condições para pesquisa e visitação pelo público.
b) Área de relevante interesse Ecológico
Área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais singulares ou mesmo que abrigam exemplares raros da biota regional. Sua criação visa a manter esses ecossistemas naturais de importância regional ou local, bem como regular o uso admissível destas áreas, compatibilizando-o com os objetivos da conservação da natureza.
c) Floresta Nacional
Área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas, criadas com o objetivo básico de uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e pesquisa científica, voltada para a descoberta de métodos de exploração sustentável destas florestas nativas. É permitida a permanência de populações tradicionais que habitam a área, quando de sua criação, conforme determinar o plano de manejo da unidade. A visitação pública é permitida, mas condicionada às normas especificadas no plano de manejo. A pesquisa é permitida e incentivada, sujeitando-se à prévia autorização do Instituto Chico Mendes.
d) Reserva Extrativista
Área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte. Sua criação visa a proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. As populações que vivem nessas unidades possuem contrato de concessão de direito real de uso, tendo em vista que a área é de domínio público. A visitação pública é permitida, desde que compatível com os interesses locais e com o disposto no plano de manejo da unidade. A pesquisa é permitida e incentivada, desde que haja prévia autorização do Instituto Chico Mendes.
e) Reserva de Fauna
Área natural com populações de animais de espécies nativas, terrestres e aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobe o manejo econômico sustentável dos recursos faunísticos. A visitação pública é permitida, desde que compatível com o manejo da unidade. É proibida na área a prática da caça amadorística ou profissional. Mas pode haver comercialização dos produtos e subprodutos resultantes das pesquisas, desde que obedeçam o disposto na legislação brasileira sobre fauna. O Instituto Chico Mendes ainda não criou nenhuma Unidade de Conservação desta categoria.
f) Reserva de Desenvolvimento Sustentável
Área natural que abriga populações tradicionais, que vivem basicamente em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais. Esta categoria desempenha papel fundamental na proteção da natureza, bem como na manutenção da diversidade biológica. Tal uso é regido, como nas Reservas Extrativistas, por contrato de concessão de direito real de uso, uma vez que a área da RDS é de domínio público.
g) Reserva  Particular do Patrimônio Natural
São Unidades de Conservação instituídas em áreas privadas, gravadas com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica ali existente. Com isso, tem-se o engajamento do cidadão na proteção dos ecossistemas brasileiros, dando-lhe incentivo à sua criação, como isenção de impostos. O SNUC especifica que é compatível a conservação da natureza nessas áreas, com o uso sustentável de parcela de seus recursos ambientais renováveis, bem como dos processos ecológicos essenciais, mantendo a biodiversidade e atributos ecológicos. Uso sustentável aqui subentende-se a realização de pesquisa científica e visitação pública com finalidade turística, recreativa e educacional.
5.4 Planos de manejo para unidades de conservação
O manejo e gestão adequados de uma Unidade de Conservação devem estar embasados não só no conhecimento dos elementos que conformam o espaço em questão, mas também numa interpretação da interação destes elementos.
Para tanto, é essencial conhecer os ecossistemas, os processos naturais e as interferências antrópicas positivas ou negativas que os influenciam ou os definem, considerando os usos que o homem faz do território, analisando os aspectos pretéritos e os impactos atuais ou futuros de forma a elaborar meios para conciliar o uso dos espaços com os objetivos de criação da Unidade de Conservação.
Desta forma, o manejo de uma Unidade de Conservação implica em elaborar e compreender o conjunto de ações necessárias para a gestão e uso sustentável dos recursos naturais em qualquer atividade no interior e em áreas do entorno dela de modo a conciliar, de maneira adequada e em espaços apropriados, os diferentes tipos de usos com a conservação da biodiversidade.
A Lei Nº 9.985/2000 que estabelece o Sistema Nacional de Unidades de Conservação define o Plano de Manejo como um documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos de gerais de uma Unidade de Conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais.
Todas as unidades de conservação devem dispor de um Plano de Manejo, que deve abranger a área da Unidade de Conservação, sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica social das comunidades vizinhas (Art. 27, §1º).
O Plano de estabelece a diferenciação e intensidade de uso mediante zoneamento, visando a proteção de seus recursos naturais e culturais; destaca a representatividade da Unidade de Conservação no SNUC frente aos atributos de valorização dos seus recursos como: biomas, convenções e certificações internacionais; estabelece normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos da Unidade de Conservação, zona de amortecimento e dos corredores ecológicos; reconhece a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural das populações tradicionais e seus sistemas de organização e de representação social.
A elaboração de Planos de Manejo, não se resume apenas à produção do documento técnico. O processo de planejamento e o produto Plano de Manejo são ferramentas fundamentais, reconhecidas internacionalmente para a gestão da Unidade de Conservação.
O processo de elaboração de Planos de Manejo é um ciclo contínuo de consulta e tomada de decisão com base no entendimento das questões ambientais, socioeconômicas, históricas e culturais que caracterizam uma Unidade de Conservação e a região onde esta se insere.
5.5 Gestão Territorial
Com a criação da Lei do SNUC, foram disponibilizados aos órgãos gestores três instrumentos de gestão territorial: mosaicos, reservas da biosfera e corredores ecológicos.
I - CORREDORES ECOLÓGICOS atuam com o objetivo específico de promover a conectividade entre fragmentos de áreas naturais. Eles são definidos no SNUC como porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquelas das unidades individuais.
Os Corredores Ecológicos são criados por ato do Ministério do Meio Ambiente. Até o momento foram reconhecidos dois corredores ecológicos: (Capivara-Confusões) e o (Caatinga).
II - MOSAICO de unidades de conservação (UC) é um modelo de gestão que busca a participação, integração e envolvimento dos gestores de UC e da população local na gestão das mesmas, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional. O reconhecimento de um mosaico se dá quando existir um conjunto de UC próximas, justapostas ou sobrepostas, pertencentes a diferentes esferas de governo ou não.
O MMA é responsável por reconhecer mosaicos, a pedido dos órgãos gestores das UC, conforme procedimentos instituídos na Portaria nº 482 de 14 de dezembro de 2010. Até o momento foram reconhecidostreze mosaicos de UC:
	Mosaico Capivara-Confusões
	Mosaico Mico-Leão-Dourado
	Mosaico do Litoral de São Paulo e Paraná
	Mosaico do Baixo Rio Negro
	Mosaico Bocaina
	Mosaico da Foz do Rio Doce
	Mosaico Mata Alântica Central Fluminense
	Mosaico do Extremo Sul da Bahia
	Mosaico Mantiqueira
	Mosaico Carioca
	Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu
	Mosaico da Amazônia Meridional
	Mosaico do Espinhaço: Alto Jequitinhonha/Serra do Cabral
III - RESERVA DA BIOSFERA é um modelo, adotado internacionalmente, de gestão integrada, participativa e sustentável dos recursos naturas. São reconhecidas pelo Programa "O Homem e a Biosfera (MAB)" da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Essas áreas devem ser locais de excelência para trabalhos de pesquisa científica, experimentação e demonstração de enfoques para conservação e desenvolvimento sustentável na escala regional.
Atualmente, o Brasil conta com sete Reservas da Biosfera que abrangem grandes Biomas:
	Reserva da Biosfera da Amazônia Central
	Reserva da Biosfera do Cerrado
	Reserva da Biosfera da Caatinga
	Reserva da Biosfera do Pantanal
	Reserva da Biosfera do Mata Atlântica
	Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço
	Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo
5.6 Unidades de conservação o Estado do Amapá
Amapá destinou cerca de 73% do seu território às áreas protegidas (Terras Indígenas e Unidades de Conservação), abrangendo uma área de 10,25 milhões de hectares.
No Estado do Amapá a primeira área com o propósito de Unidade de Conservação foi, o Parque Florestal da Fazendinha, criado em 1974, atualmente a APA da Fazendinha.
Foram criadas 19 Unidades de Conservação no Estado do Amapá, sendo sete federais, cinco estaduais e duas municipais. Há ainda cinco UC’s particulares (Tabela 1). Ressalta-seque a UC Estação Ecológica do Jarí tem grande parte de seu território no Estado do Pará, a mesma situação pode ser considerada para o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.
 (
Unidades
 do Estado do Amapá
C
teg
.
Jurisdição
P. de Manejo
Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque-PARNATU
P.I
Federal
Concluído
Parque Nacional do Cabo Orange-PARNACO
P.I
Federal
Concluído
Estação Ecológica do Jari-ESECJA
P.I
Federal
Não possui
Estação Ecológica Maracá Jipióca-ESECMJ
P.I
Federal
Elaborando
Floresta Nacional do Amapá-FLONAAP
P.I
Federal
Não possui
Reserva Biológica do Lago Piratuba-REBIOPI
P.I
Federal
Elaborando
Reserva Biológica do Parazinho-REBIOPA
P.I
Estadual
Não possui
Parque Natural Municipal do Canção-PARMUCA
P.I
Municipal
Não possui
Floresta Estadual do Amapá-FLOTAAP
U.S
Estadual
Elaborando
Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru-RDSIRA
U.S
Estadual
Elaborando
Reserva Extrativista Municipal Beija Flor Brilho de Fogo-RESEXBF
U.S
Municipal
Não possui
Reserva Extrativista do rio Cajari-RESEXCA
U.S
Federal
Elaborando
Reserva Particular do Patrimônio Natural Retiro Paraiso-RPPNREP
U.S
Federal
Não possui
Reserva Particular do Patrimônio Natural-REVECOM-RPPNREV
U.S
Federal
Não possui
Reserva Particular do Patrimônio Natural Seringal Triunfo-RPPNSE
U.S
Federal
Não possui
Reserva Particular do Patrimônio Na
tural Retiro Boa esperança
U.S
Federal
Não possui
Reserva Particular do Patrimônio Natural Aldeia Ekinox-RPPNEK
U.S
Federal
Não possui
Área de Proteção Ambiental do Rio Curiaú-APACUR
U.S
Estadual
Elaborando
Área de Proteção Ambiental da Fazendinha-APAFAZ
U.S
Estadual
Não possui
)
UNIDADE VI
6 Legislação ambiental aplicada ao turismo
Apesar da grande importância econômica do setor turístico visto na (Unidade II), as analises sobre o tema “legislação ambiental aplicada ao turismo” leva a conclusões de que não há profunda relação da junção entre o turismo e as instâncias legislativas. Contudo, destaca-se a importância de estruturas legislativas (dispositivos constitucionais, ato internacional, leis, decretos, resoluções) consolidadas que devam guiar a implantação de empreendimentos e as atividades turísticas de forma geral, pois a coalisão entre “empreendimentos turísticos” e “legislação ambiental” é evidente.
Tendo que, o turismo, assim como as outras atividades econômicas, produz alterações no meio onde está inserido, pois condiciona a ocupação do espaço, a apropriação do meio ambiente, o envolvimento entre populações receptoras e visitantes, potencializando modificações nas demais atividades humanas e na geração de impactos negativos aos ecossistemas naturais, já que em 2011 a OMT apontava um fluxo de 982,2 milhões de turistas no mundo todo.
Ainda sim, espera-se que você seja competente e habilidoso para identificar os conceitos, princípios e fundamentos da legislação turística e de analisá-la em seu contexto histórico; de aplicar a sustentabilidade em relação ao patrimônio turístico; e de identificar a normatização do setor de turismo e utilizá-la no exercício profissional. 
6.1 A importância da formulação de leis ambientais aplicadas ao turismo
As primeiras discussões sobre a “gestão do turismo” ocorreram no início dos anos de 1970. Segundo Neiman (2010), a acelerada expansão do turismo de massa desencadeou uma série de impactos nos destinos turísticos, ao mesmo tempo em que os movimentos ambientalistas reivindicavam nova postura desse segmento econômico, ou seja, da indústria turística.
A temática passou anos mais tarde, a ser debatida na Comissão Mundial de Meio Ambiente (CMMAD), criada em 1983 no âmbito da ONU, de onde surgiu a definição de turismo verde, que, na década de 1990, ampliou-se para a noção de turismo sustentável (BRASIL, 2008).
Apesar dos impactos socioculturais e ambientais dessa atividade serem evidentes, no entanto, considera-se que sejam inerentes a todas as atividades humanas. Mas, quando comparado a outras atividades antrópicas, o turismo apresenta condições de contribuir de forma positiva para o desenvolvimento local e regional, colaborando inclusive, em alguns casos, para a conservação ambiental (GRANADO, 2011).
Por outro lado, após dezenas de séculos de ações antrópicas poucos ambientes ainda permanecem em seu estado original e considerando que os sistemas produtivos já praticados nos mais diversos biomas brasileiros trazem em seu cerne a forma predatória, a ausência de técnicas de manejo e uso do solo e com o agravante de exceder a capacidade de suporte natural do ecossistema, tem-se então os mais diversos cenários de deterioração ambiental e por consequente os diversos tipos e extensões de impactos ambientais tanto de ordem reversíveis quanto irreversíveis.
Nesse contexto, questiona se de fato existem incentivos e desincentivos, criados pela legislação, para induzir os agentes sociais a se comportarem de maneira coerente com a causa do desenvolvimento sustentável do turismo e a capacidade desses instrumentos legislativos atuarem em favor do verdadeiro desenvolvimento sustentável?
A resposta é “sim”, pois os instrumentos de política ambiental, contemporaneamente empregados tanto no Brasil como no mundo todo são, de duas ordens: (1) instrumentos regulatórios, do tipo “Comando e Controle” e os (2) instrumentos de incentivos “econômicos ou de mercado”.
6.1.1 Instrumentos regulatórios
Neste grupo estão expostas as políticas que têm o propósito de identificar problemas ambientais específicos e apresentam caráter punitivo:
“As regulamentações formam um conjunto de normas, regras, procedimentos e padrões que devem ser obedecidas pelos agentes econômicos e sociais com vistas a se adequarem a determinadas metas ambientais, acompanhadas de um conjunto de penalidades previstas para aqueles que não as cumprirem. São exemplos de instrumentos de regulamentação as licenças, padrões e zoneamentos.”
	QUADRO 01 – INSTRUMENTOS REGULATÓRIOS 
	Lei Nº 12.305/2010
	institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências.
	Lei Nº 11.428/2006
	dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação ativa do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências.
	Lei Nº 11.284/2006
	dispõe

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