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Guia Suno Economia para Investidores

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S u n o R e s e a r c h
Tudo o que você precisa saber sobre
O conhecimento sobre Economia é essencial ao
investidor de valor que busca resultados consistentes
no longo prazo.
Entender as nuances do mercado e seu
relacionamento com seus investimentos e crucial para
sua segurança e para a sua tomada de decisão.
Neste livro você entenderá o essencial sobre
economia para investidores.
S u n o R e s e a r c h 2
A macroeconomia é um tema apaixonante, mas 
também bastante complexo. Somos o tempo todo 
afetados pelo ambiente econômico em que vivemos. 
Isso ocorre seja você trabalhador da construção civíl, 
do setor de serviços, profissional liberal ou 
empresário. E até mesmo decisões econômicas 
distantes podem impactar as nossas vidas.
A economia global está cada vez mais interligada. 
Dessa forma, qualquer decisão traz como 
consequência uma reação em cadeia. Por essas e por 
outras razões a economia é um tema tão importante 
para todos, mas mais ainda para os investidores.
O objetivo deste e-Book é simplificar ao máximo os 
conceitos de economia mais importantes para o 
investidor. A intenção também é fugir das fórmulas 
complexas e de difícil entendimento para o grande 
público, bem como das discussões filosóficas que 
envolvem a Ciência Econômica. Queremos tornar 
mais claros conceitos que podem parecer difíceis 
para os investidores iniciantes. É para eles que esse 
livro se destina.
Introdução
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Ao ler esse livro, você poderá saber, por exemplo, 
como as notícias que você vê nos jornais no seu dia a 
dia impactam a sua carteira de investimentos. 
A bem da verdade, é importante relativizar o papel 
que a macroeconomia tem para um investidor de 
longo prazo. O que de fato irá determinar o sucesso 
de um investidor são os aspectos microeconômicos. 
Afinal, a macroeconomia passa sempre por períodos 
de expansão e de recessão (em média ocorre uma 
recessão a cada 10 anos). Porém, ainda assim, é 
importante ter o conhecimento dos aspectos 
macroeconômicos para se tornar um investidor mais 
consciente e sábio de sua tomada de decisão, além 
de isso permitir uma maior leitura do momento da 
economia.
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Antes de entrar nos aspectos práticos da economia 
para investidores, é crucial entender como está 
estruturado o Sistema Financeiro Nacional. Em geral 
todos os países seguem uma estrutura financeira 
bastante similar à adotada pelo Brasil.
São diversas as instituições financeiras presentes em 
uma economia. Elas podem ser órgãos reguladores, 
como a CVM, braços ativos do governo, como o 
Banco Central, e entes privados, como os bancos. 
Todas essas instituições atuam no sentido de cumprir 
o principal objetivo do Sistema Financeiro Nacional 
(SFN), que é fazer o elo entre poupadores de 
recursos e tomadores de empréstimos.
Iremos focar aqui no papel desempenhado pelas 
principais instituições que atuam no Sistema 
Financeiro Nacional.
O Sistema Financeiro Nacional
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O Conselho Monetário Nacional
O Conselho Monetário Nacional é a maior 
autoridade do sistema financeiro brasileiro. Ele 
determina, por exemplo, as ações que serão tomadas 
em relação à concessão de crédito na economia, à 
dívida pública e ao cenário fiscal do país.
Este órgão é composto pelo Ministro da Economia, 
pelo Secretário Especial da Fazenda do Ministério da 
Economia e pelo Presidente do Banco Central.
O CMN pode ser considerado o cérebro do governo 
nas questões relacionadas à moeda e ao credito. Ou 
seja, é ele quem comanda e toma as decisões.
O Banco Central
O Banco Central, ou Bacen como também é 
conhecido, é o principal braço executor das políticas 
econômicas do governo.
Ele é responsável, por exemplo, por determinar a 
taxa de juros básica da economia brasileira, através 
do COPOM, o Conselho de Política Monetária. É 
também de sua atribuição a determinação da 
quantidade de moeda disponível na economia. 
A meta do Bacen é assegurar a estabilidade do poder 
de compra da moeda, ou seja, conter a inflação, e ao 
mesmo assegurar o desenvolvimento da economia 
do país.
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Os Bancos Comerciais 
O papel de uma instituição bancária é justamente o 
de ser um intermediador entre um poupador e um 
tomador. Você deposita recursos em um banco, seja 
através da caderneta de poupança, depósitos à vista 
ou de um CDB. Em qualquer uma dessas formas, 
você está emprestando dinheiro para essa 
instituição, financiando as operações desta empresa.
O que o banco faz é pegar este dinheiro e emprestá-
lo novamente para quem precisa. Pois é, o dinheiro 
que você deixa na sua conta ou deposita na 
caderneta de poupança, por exemplo, não fica lá com 
seu nome. O banco só é obrigado a deixar uma 
pequena parcela do recurso depositado guardada, 
que é chamada de compulsório. Todo o resto, o 
banco pode emprestar para pessoas que desejam 
tomar recursos. Essas pessoas podem ser desde 
empresário com projetos de expansão a pessoas 
tomando empréstimo para financiar o pagamento de 
seu cartão de crédito.
O banco, obviamente, cobra um juro mais alto ao 
emprestar o dinheiro do que ele paga para o 
poupador. Esta diferença é chamada de spread 
bancário, e é dela que vem o lucro da operação de 
crédito dos bancos.
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Logo, fica fácil entender como o banco ganha 
dinheiro em cima dos recursos emprestados e 
porque os produtos mais comumente oferecidos são 
ruins para o cliente. Quanto mais esses produtos 
proporcionarem spread para o banco, mais lucrativa 
a instituição será e melhor remunerará acionistas, 
diretores e gerentes, que oferecem esses produtos. 
Por isso estes últimos costumam oferecer produtos 
como a poupança, um Certificado de Depósito 
Bancário que paga 80% do CDI ou títulos de 
capitalização para seus clientes.
Outro papel importante dos bancos é que eles 
podem estender o prazo de operações na economia. 
Os bancos podem captar recursos à vista, através por 
exemplo dos depósitos, e emprestar esses recursos 
com um prazo de pagamento de, por exemplo, 20 
anos. Esta capacidade de captar a curto prazo e 
emprestar a longo prazo quando gerida de forma 
responsável se torna uma propulsora do 
desenvolvimento da economia.
Os bancos ainda são divididos em pelo menos quatro 
tipos:
• Comerciais
• De Investimento
• De Desenvolvimento
• Múltiplos
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Demais instituições
As citadas acima são apenas algumas das instituições 
que compõem o SFN. Existem diversas outras, tais 
como:
• Corretoras de valores mobiliários
• Bancos de Investimentos
• Fundos de investimento
• Entidades de previdência complementar 
• Empresas de seguro
• CVM
• Bolsa de Valores
• Susep
• Anbima
• Casas de análise de investimento 
Dentre essas, cabe destacar duas instituições que 
estão presentes no dia a dia de qualquer investidor 
de ações. São elas a bolsa de valores, que permite 
que investidores se tornem sócios de grandes 
empresas, e a corretora de valores mobiliários, que 
intermedeia essa operação.
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Para entender o funcionamento da economia e a sua 
relação para os investidores, talvez nenhum conceito 
seja mais importante do que o de taxa de juros. 
A taxa de juros pode ser melhor definida como o 
custo de oportunidade do dinheiro. Ou seja, é 
quanto o poupador cobra por abdicar de usar o seu 
dinheiro no momento presente. 
Pense bem, as pessoas poderiam gastar todos os 
seus recursos no momento presente. Porém, as mais 
conscientes não fazem isso. Isso porque elas 
vislumbram que esse dinheiro pode ser importante 
no futuro.
Seja qual for o motivo, quem poupa abdica de um 
consumo no presente. Esta pessoa, obviamente, 
espera ter uma recompensa por estar deixando de 
usar o dinheiro no momento.
A Taxa de Juros 
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Esta recompensa se materializa justamente na taxa 
de juros. Ao abdicar de consumir “X” hoje um 
poupador espera poder consumir “2X” amanhã. Em 
suma, o poupador sempre estará buscando um 
benefício.
Porque alguns países têm taxas de juros mais altas 
que outros?
Imagine, por exemplo, que você fosse aplicar seu 
dinheiro nos títulos da dívida norte-americana, o país 
que tem um dos menores riscos de crédito do 
mundo. Neste caso, talvez você aceitasse um retorno 
de 2% ao ano, que pode ser considerado baixo e que 
é o que estes títulos lhe pagam em média. Isso 
porque você sabe que a chance de receber um calote 
é mínima.
Mas e se fosse oferecido o mesmo retorno por um 
país com alta chance de não honrar a sua dívida? 
Neste caso, você não toparia emprestar, não é? 
Afinal, para obter um rendimento de 2%, você pode 
comprar títulos americanos que são bem mais 
seguros. 
Nesse caso, talvez o retorno exigido fosse de 10% ou 
30%, ou até maior. Isto irá depender de quão 
arriscado é aquele investimento.
Esse é o motivo pelo qual alguns países possuam 
taxas de juros maiores que outros, por conta da 
diferença do risco de crédito.
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Isso também acontece com as pessoas. 
Normalmente, quem tem um score de crédito pior –
quem já deixou de pagar uma dívida, por exemplo –
tem dificuldades de cosneguir taxas de juros mais 
baixas. Os bancos enxergam nesse tipo de dado uma 
chance maior de receber calote. 
A taxa de juros real
A taxa de juros real nada mais é do que a diferença 
entre a taxa de juros e a inflação. É ela quem vai 
determinar o quanto o poder de compra do 
investidor irá aumentar em um investimento.
Suponha que você investiu em um título que lhe 
rendeu 100% em um ano. Ou seja, você dobrou o 
seu dinheiro. Ótimo negócio, não?
Mas suponha também que a inflação no período 
também foi de 100%. Ou seja, os preços todos 
dobraram. Neste caso, o seu ganho real foi de 0%, 
pois todo o ganho que você teve no seu investimento 
foi anulado pelo aumento dos preços. Em suma, você 
não teve um aumento do poder de compra.
Lembre-se que os investidores, ao aplicar seu 
dinheiro, estão sempre buscando um aumento do 
poder de compra. Por isso, é sempre crucial levar em 
conta a inflação.
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As Taxas de Juros Mais Utilizadas no Brasil
No Brasil, existem diversas taxas de juros. Duas delas, 
porém, são as mais importantes no contexto de um 
investidor: a taxa Selic e o CDI.
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia 
nacional. Ela é determinada pelo COPOM, que é o 
Comitê de Política Monetária do Banco Central. Este 
conselho se reúne periodicamente para definir a 
meta da taxa Selic. Então, a partir desta definição, o 
Banco Central passa a operar no mercado de títulos 
de forma a fazer a taxa Selic convergir para a meta 
estabelecida. 
Uma outra taxa muito relevante para a economia é a 
taxa DI, também conhecida como CDI - sigla para 
Certificado de Depósito Interbancário. Esta é a taxa 
na qual os bancos emprestam dinheiro uns aos 
outros quando precisam de recursos. A Taxa CDI, via 
de regra, é sempre bastante similar à Selic. O CDI 
também é a taxa mais utilizada para servir como 
indexador aos títulos de renda fixa. 
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O Efeito de Alterações da Taxa de Juros no Mercado 
de Ações
Você já entendeu como a taxa de juros afeta o 
rendimento dos títulos de renda fixa.
O que é mais interessante, porém, é que a taxa de 
juros também pode afetar o rendimento do mercado 
acionário.
Mas de que forma isto ocorre?
Para entender isto você precisa compreender que os 
investidores têm uma escolha entre aplicar em 
títulos de renda fixa ou em ativos de renda variável.
O mercado de renda variável, historicamente, 
apresenta um rendimento em torno de 7% acima da 
inflação.
Imagine, então, que o mercado de renda fixa está 
oferecendo títulos com retorno de 15% acima da 
inflação. Neste caso, qual é a motivação que o 
investidor teria para aplicar no mercado de ações? 
Esta motivação seria muito baixa. Visto que o 
mercado de renda variável, como o próprio nome 
indica, oscila e apresenta retornos incertos. Sendo 
assim, se títulos de renda fixa pagam um retorno 
muito acima do projetado no mercado de ações, a 
aplicação em ativos de renda variável é 
desestimulada.
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Por outro lado, imagine um país que paga apenas 1% 
de juro sobre seus títulos. Nesse local, a população 
que poupa é, mesmo que indiretamente, incentivada 
a alocar seus recursos na renda variável, visto que ela 
provavelmente oferecerá um retorno maior, ainda 
que com suas oscilações naturais.
Para provar esta relação, veja esses dois exemplos. 
Observe como o cenário de alta da bolsa de valores a 
partir de junho de 2016 se deu simultaneamente à 
redução da taxa Selic.
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Alta da bolsa e Queda da Taxa de Juros
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EconomaticaSelic Tx mes
Diário de 01/06/2016 ate 07/03/2019
Fonte: Economatica
Isto ocorre pois conforme a taxa de juros cai e os 
títulos se tornam menos atrativos, os investidores 
passam a entrar mais no mercado de renda variável, 
elevando assim os preços das ações. O inverso 
também é verdadeiro.
Uma vez entendido o conceito de taxa de juros, está 
na hora de conhecer outro tema crucial e que está 
diretamente ligado ao nível do juros de um país, que 
é a inflação.
O que seria a inflação?
A inflação pode ser definida como o aumento 
gradual no nível de preços. Ou ainda, como a 
diminuição no poder de compra de uma moeda. Este 
aumento no nível de preços, no geral, ocorre por 
conta da expansão da base monetária, ou seja, pelo 
aumento da quantidade de moeda disponível na 
economia.
Imagine que em uma economia todos os preços 
subiram 10% em um ano. E que você, neste ano, não 
teve um aumento de seu salário. Neste caso se diz 
que você perdeu poder de compra. Pois embora seu 
salário não tenha se alterado os produtos ficaram 
10% mais caros. Ou seja, o seu salário agora compra 
menos produtos do que ele comprava no início do 
ano.
A Inflação
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A Relação Entre Inflação e Taxa de Juros
Lembre-se que o objetivo do Banco Central é 
assegurar a estabilidade do poder de compra da 
moeda. Em outras palavras, a sua meta é manter a 
inflação em um nível razoável.
Assim, a taxa de juros estabelecida pelo Bacen 
desempenha um papel muito importante na hora de 
controlar a inflação. A taxa de juros, na prática, é o 
custo do dinheiro. Se a taxa de juros é baixa, digamos 
que de 1% ao ano, isto irá estimular as famílias e 
empresas a tomarem dinheiro emprestado, e assim, 
haverá mais dinheiro circulando na economia. O que 
por um lado é bom, pois causa desenvolvimento 
econômico, por outro é péssimo, pois pode 
pressionar os preços, criando a uma pressão 
inflacionária.
Da mesma forma, imagine agora que a taxa de juros 
seja muito alta, de digamos 20% ao ano. Neste caso 
serão poucas as famílias e empresas que tomarão 
recursos emprestados. Assim, haverá menos dinheiro 
circulando na economia. Por um lado, isto é bom, 
pois causa uma redução da inflação, mas por outro 
lado isto é ruim pois causa uma diminuição da 
atividade econômica.
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Essa é a ideia que está por trás da relação entre taxa 
de juros e inflação de forma geral. No entanto, não 
acontece em todos os casos. Existe, por exemplo, a 
“estagflação”, que acontece quando o país não 
cresce, mas ainda assim tem altas taxas de inflação. 
Ou também há os casos de países desenvolvidos 
onde mesmo com taxa de juros zerada ou negativa 
não apresentam inflação. Mais do que isso, alguns 
apresentam deflação, como falaremos mais para 
frente.
O Mercado de Ações Está Protegido da Inflação?
Um questionamento natural por parte do investidor 
no mercado de renda variável é se ao aplicar em 
ações ele estará protegido da inflação.
Na prática, não há nenhum mecanismo que garanta 
com certeza que o investidor terá um ganho acima 
da inflação. 
No entanto, ao avaliar o histórico do mercado, é 
possível afirmar que em uma janela de período de 
longo prazo o mercado de ações sempre superou o 
aumento no nível de preços.
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Observe,por exemplo, na imagem abaixo uma 
comparação da inflação acumulada em comparação 
com o retorno do índice acionário:
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Fonte: Economatica
É natural observar a razão do retorno acima da 
inflação. Além do fato de que as empresas geram 
valor, e por isso valorizaram, há de se notar que a 
inflação ocorre por conta de um aumento de preços. 
Esse aumento de preço, ao fim, causa um aumento 
na linha de faturamento das empresas.
Os Indicadores de Inflação
Existem vários indicadores de inflação. Cada um 
possui uma metodologia de cálculo diferentes, que 
busca se adequar ao objetivo do indicador específico.
Os 2 mais comuns indicadores de inflação no Brasil e 
que permeiam o cotidiano dos investidores e da 
população em geral são o IPCA e o IGPM.
O IPCA é o Índice de Preços do Consumidor Amplo. 
Ele é a inflação que atinge o consumidor. Ele é 
medido através do estabelecimento de uma cesta de 
bens, essa cesta consiste no perfil de consumo médio 
do brasileiro. Uma vez definida esta cesta os seus 
preços são monitorados, e a partir do aumento de 
preço desses bens em conjunto é definido o IPCA.
É importante ressaltar que o IPCA é uma média. Ou 
seja, ele não quer dizer que a inflação que você sente 
no seu bolso será especificamente aquela divulgada. 
Por isso, não se surpreenda se a sua inflação pessoal 
for um pouco divergente da divulgada no IPCA.
O IGPM, por sua vez, é conhecido como a inflação do 
atacado. Ele possui em sua metodologia de cálculo 
fatores distintos do IPCA, que buscam melhor 
retratar a inflação experimentada pelos produtores e 
empresários. Por isso o IPGM é muitas vezes 
utilizado para reajustar contratos automaticamente 
na economia. 
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A Deflação e Porque ela é temida pelas autoridades
Agora que você já está familiarizado com o conceito 
de inflação, será muito simples entender o que é 
uma deflação. 
A deflação pode ser encarada, de certa forma, como 
o oposto da inflação. Ou seja, se a inflação 
representa o aumento no nível de preços, a deflação 
representa sua redução. Da mesma forma, se a 
inflação representa a perda do poder de compra da 
moeda, uma deflação significa que o poder de 
compra da moeda está aumentando. Isto seria 
ótimo, não é mesmo? Não é tão simples assim. 
O que aconteceria em uma economia em uma 
constante deflação? As pessoas simplesmente 
deixariam de consumir. Lembre-se, em uma deflação 
os preços se reduzem ao longo do tempo. Ou seja, as 
pessoas tenderiam a adiar o consumo buscando 
pagar mais barato. Afinal, por que pagar R$ 100 por 
um bem quando você pode aguardar e comprar o 
mesmo produto por R$ 90? Esta redução no 
consumo irá causar o empresário a produzir menos. 
Uma menor produção faz com que o empresário 
contrate menos pessoas. O que, por sua vez, faz com 
que aumente o nível de desemprego, reduzindo o 
consumo... Cria-se, assim, um ciclo vicioso na 
economia.
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A política monetária é um dos instrumentos mais 
utilizados pelo governo para guiar a economia.
Ela diz respeito à gestão da quantidade de moeda 
disponível na economia. O governo pode atuar com 
uma política monetária expansionista ou 
contracionista, a depender dos seus objetivos. 
A Política Monetária Expansionista e os Seus Efeitos 
A política monetária expansionista consiste na 
intenção da autoridade monetária de elevar a 
quantidade de moeda circulante na economia. As 
autoridades tipicamente utilizam isto como uma 
forma de induzir o crescimento.
No entanto, esta é uma estratégia que deve ser 
utilizada com muito cautela, pois pode causar danos 
estruturais à economia.
A Política Monetária
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A política monetária expansionista irá consistir no 
uso dos de um ou mais dos três instrumentos de 
política monetária (open marketing, compulsório e 
redesconto). Portanto, o governo comprará títulos do 
mercado para inserir moeda na economia (open 
marketing). Reduzirá o depósito compulsório para 
permitir que os bancos emprestem mais dinheiro 
(compulsório). E irá, também, reduzir a taxa de 
redesconto para propiciar que os bancos tomem 
mais riscos e utilizem as reservas do Bacen se 
necessário (redesconto).
No curto prazo, em teoria, a tendência é que isso 
coloque mais dinheiro em circulação na economia, o 
que faz com que haja maior produção e nível de 
emprego.
Este aumento na base monetária, porém, se não 
acompanhado de um aumento da produtividade da 
economia ao fim, irá ocasionar pressões 
inflacionárias. Essas pressões tendem a minar a 
confiança no sistema econômico, e assim reverter 
todos os benefícios positivos de uma política 
monetária expansionista irresponsável.
S u n o R e s e a r c h 24
A história econômica demonstra que a imensa 
maioria das ocasiões em que se apostou no 
crescimento econômico com inflação terminaram em 
fracasso. O Brasil, inclusive, sofreu batente com 
autoridades que confiaram no desenvolvimento 
através da expansão da base monetária, o que ao fim 
levou o país a uma inflação descontrolada.
A Política Monetária Contracionista e os Seus 
Efeitos
A política monetária contracionista é, em geral, o 
remédio amargo usado para curar a doença da 
recessão. O mais curioso é que, no curto prazo, 
tende a agravar ainda mais os efeitos de uma crise 
econômica. Porém, tem se mostrado, na maioria dos 
casos, uma forma eficaz de estabilizar as expectativas 
do mercado e retomar o controle da economia.
Para por esta política em prática, o governo também 
utiliza um ou mais dos três instrumentos de política 
monetária. Portanto, ele irá vender títulos no 
mercado de open market. Elevará a exigência sobre o 
depósito compulsório dos bancos, trazendo mais 
segurança à estrutura do sistema financeiro. E, por 
fim, poderá elevar a taxa de redesconto, fazendo 
com que os bancos se tornem mais conservadores.
S u n o R e s e a r c h 25
Essas medidas farão com que haja menos dinheiro 
em circulação na economia. Assim, é de se esperar 
que, no curto prazo, a produção diminua e também o 
desemprego aumente.
Porém, essas políticas farão também com que ocorra 
um controle no nível de preços. Ou seja, farão com 
que a inflação fique sob controle. Isto é importante 
para que a iniciativa privada retome a confiança na 
economia e volte a investir. A política monetária 
contracionista desempenha um papel especial na 
expectativa de inflação, que deve estar ancorada 
para o país retomar o crescimento. Afinal, um 
cenário de inflação alta traz muitas incertezas e 
afasta os investidores.
S u n o R e s e a r c h 26
A política fiscal é o conceito que abrange como o 
governo arrecada recursos e como ele os gasta. Uma 
gerência responsável da política fiscal é muito 
importante para o que as contas públicas estejam 
bem, o que por sua vez é muito importante para o 
desenvolvimento econômico do país.
O Que Acontece se o Governo Gasta Mais do que 
Arrecada?
Algumas pessoas podem pensar que as contas do 
governo são extremamente complexas e expostas a 
variáveis completamente diferentes das que estão 
presentes no dia a dia de uma pessoa comum. 
De fato, as contas dos governos apresentam um grau 
de complexidade muito acima do que um orçamento 
familiar, por exemplo. No entanto, um governo deve, 
ou ao menos deveria, gerir seu orçamento da mesma 
forma que uma família toma conta de suas finanças. 
Isto é, buscando sempre arrecadar mais do que 
gasta. Ou então se utilizando de alavancagem 
(dívidas) apenas quando isto for produtivo.
Política Fiscal
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Para ilustrar este argumento vamos demonstrar o 
que acontece se um governo gasta mais do que 
arrecada durante muito tempo e de forma irracional. 
Suponha que um governo esteja inicialmente em 
estágio de pleno equilíbrio em suas contas públicas. 
Ou seja, gasta exatamente a mesma quantia que 
arrecada com tributos. De uma hora para outra, o 
governante em exercício decide gastar mais, como 
uma forma de incentivar a economia, sem aumentar 
os tributos. Portanto,agora o governo passa a gastar 
mais do que ele arrecada, entrando assim em uma 
situação de déficit fiscal.
Para financiar este déficit o governo irá utilizar do 
mesmo mecanismo que empresas e famílias usam 
quando gastam mais do que arrecadam. Isto é, 
emitirá títulos de dívida. O que ocorre, porém, é que 
com a situação de déficit do governo, o risco de ele 
não honrar com os seus pagamentos de dívida 
aumentou.
Afinal, emprestar para uma entidade com 
desequilíbrio nas contas é mais arriscado do que 
emprestar para uma entidade com contas sanadas.
S u n o R e s e a r c h 28
O que irá ocorrer, então, é que os juros pelos quais 
as pessoas estarão dispostas a emprestar para o 
governo subirão para compensar este maior risco.
Porém, e aqui está a chave do entendimento, o que 
ocorre quando os juros sobem para uma empresa 
privada sob a ótica do investimento? O investimento 
na economia real se torna menos atrativo.
Suponha que você trabalhe em uma empresa que irá 
investir em uma fábrica que poderá render um 
retorno sobre o investimento de 8% ao ano. Este 
projeto é viável desde que a taxa de juros do governo 
seja inferior a este valor. Caso contrário uma opção 
de investimento mais prática seria aplicar nos títulos 
do governo. Se o título do governo oferece, por 
exemplo, 6% ao ano, esta fábrica é mais rentável e, 
portanto, viável. Porém, se a taxa de juros do 
governo subir para 10% ao ano, investir nesta fábrica 
deixa de fazer sentido.
S u n o R e s e a r c h 29
Fica claro, então, que quando um governo entra em 
sucessivos déficits, causando um aumento da taxa de 
juros, isto inibe o investimento do setor privado. 
Anulando, assim, os ganhos de um maior gasto do
governo. Este é o processo conhecido na economia 
como “crowding-out”, que é a expressão que 
representa saída do setor privado da economia. Esse 
ciclo acontece na maioria dos casos de déficit fiscal 
recorrente e sem uma programação de longo prazo. 
É, também, um exemplo perfeito de uma política 
fiscal expansionista.
Ainda assim, há correntes que argumentam que é 
possível ter aumento de gastos do governo sem 
gerar o efeito crowding-out.
É por isso que a maioria dos investidores enxergam 
como um péssimo sinal o aumento dos déficits 
governamentais. É também por isso que sempre se 
cobra responsabilidade fiscal por parte das 
autoridades.
Do outro lado, existe a política fiscal contracionista. 
Ela envolve uma redução no gasto do governo ou a 
elevação de tributos. Ou ainda ambos 
simultaneamente. Ao fim, sua intenção é gerar um 
superávit para o governo, ou seja, ter mais receita do 
que gastos, ou simplesmente reduzir o déficit. 
S u n o R e s e a r c h 30
Esta política é um remédio amargo que poucos 
governantes gostam de utilizar. Afinal, os seus efeitos 
no curto prazo não são vistos como positivos pela 
população.
Se uma política fiscal expansionista leva, em teoria, a 
um surto de crescimento de curto prazo uma política 
contracionista produz o efeito contrário. Afinal, ao 
governo reduzir os seus gastos ou elevar os tributos 
haverá menos moeda em circulação na economia, 
sendo assim menos consumo, que é um dos 
principais motores do PIB.
Logo você pode pensar “por que então algum 
governo lançaria mão desta política?”. É bastante 
simples. Isto é muitas vezes necessário pois os seus 
efeitos de longo prazo também são reversos em 
relação ao de uma política expansionista.
Isto é, uma política contracionista quando bem 
gerida irá aumentar a arrecadação do governo e 
reduzir os seus gastos. Ou seja, ela estará 
melhorando a situação econômica do Estado. Com 
isso, o governo poderá pagar menores juros por sua 
dívida. O que é um grande motor de incentivo ao 
investimento privado.
S u n o R e s e a r c h 31
A política fiscal e monetária são os dois principais 
instrumentos para as autoridades econômicas 
intervirem na economia de um país. São, também, os 
dois mecanismos mais utilizados no Brasil.
Existe, porém, uma outra forma pela qual um 
governo pode interferir diretamente na economia. 
Esta é através da política cambial. Embora não 
utilizada de forma extremamente ativa no Brasil, 
alguns países, como a China, utilizam da política 
cambial para gerar maiores incentivos à economia. 
Além disso, com o governo intervindo ou não, o 
câmbio é uma variável extremamente importante 
para a economia e para os investidores. Portanto, 
será dedicado um capítulo exclusivo para discutir os 
efeitos do câmbio e da política cambial.
Política Cambial
S u n o R e s e a r c h 32
Tipos de Flutuação Cambial
Existem 3 principais tipos de flutuação cambial, são 
elas:
• Câmbio Flutuante
• Câmbio Fixo
• Bandas Cambias (Ou flutuação suja)
Câmbio Flutuante
Um país que adota câmbio flutuante permite que o 
valor da moeda oscile livremente de acordo com as 
forças de mercado. Ou seja, o valor da moeda será 
determinado pelas forças de oferta e demanda.
A maioria dos países desenvolvidos adotam este tipo 
de flutuação cambial.
Câmbio Fixo
Na estratégia de câmbio fixo o governo 
arbitrariamente define a taxa de câmbio que mais lhe 
convém. Por exemplo, imagine que o governo 
brasileiro define que o dólar a partir de hoje passará 
a custar R$ 1,50. Ele então atua no mercado de 
forma a garantir que a moeda será comprada e 
vendida no valor estabelecido.
S u n o R e s e a r c h 33
Isto pode trazer sérios desequilíbrios econômicos a 
um país. Por isso, poucos países adotam esta 
estratégia. No entanto, alguns países adotam esta 
abordagem como forma de favorecer o seu 
desenvolvimento. A China durante muito tempo 
adotou uma política de câmbio fixo. Ela deixou esta 
política oficialmente de lado, porém ainda atua de 
forma agressiva sobre o câmbio. A ideia dos chineses 
foi depreciar a sua moeda. Pois, dessa forma, o país 
poderia exportar muito mais produtos, pois seus 
preços se tornariam extremamente competitivos. 
Isso gerou superávits na balança comercial chinesa e 
impulsionou o seu crescimento durante muitos anos. 
No entanto, este modelo foi bastante criticado por 
alguns países que acusavam a China de vantagem 
indevida no comércio exterior.
Flutuação Suja
O modelo de flutuação suja é um meio termo entre o 
câmbio flutuante e o câmbio fixo. Este é o modelo 
que vigora no nosso país.
O Banco Central permite a oscilação do câmbio 
dentro de certas bandas, a partir das quais ele 
começa a atuar para evitar um grande distúrbio 
econômico.
S u n o R e s e a r c h 34
O Bacen pode, por exemplo, definir com bandas 
cambias o valor do dólar entre R$2 e R$ 4. Isto 
significa que ele irá comprar dólares sempre que o 
valor se aproximar de R$ 2, para fazer com que o 
valor do dólar suba. E irá vender dólares toda vez 
que a moeda se aproximar de R$ 4, para fazer com 
que o seu valor se reduza.
O argumento por trás desta intervenção do Bacen é 
aumentar a previsibilidade do sistema para os 
agentes econômicos.
A Correlação Negativa Entre o Ibovespa e o Dólar
Foi discutido em capítulos anteriores o fato de existir 
uma correlação negativa entre o Ibovespa e a taxa de 
Juros. Pois bem, de forma similar, existe uma 
correlação negativa entre o Ibovespa e a cotação do 
dólar.
S u n o R e s e a r c h 35
Observe, na imagem abaixo, como em boa parte do 
tempo essas duas variáveis se movem em direções 
opostas.
S u n o R e s e a r c h 36
Fonte: Economatica
É necessário, portanto, entender o motivo por trás 
de tal dinâmica. Considere que o Brasil é uma 
economia emergente e sujeita ao fluxo estrangeiro 
de capital. 
O que ocorre quando os investidores estrangeiros 
resolvem aplicar no Brasil? Eles vendem os seus 
dólares para comprar reais e então aplicar nos ativos 
brasileiros. Ou seja, a venda de dólares deprecia o 
valor desta moeda, ao mesmo tempo em que a 
compra dos ativos brasileiros valoriza o seu valor. 
Portanto, os ativos seguem em direções opostas.
Invertendo este raciocínio o que ocorre quando os 
estrangeiros resolvem por sair do Brasil? Eles irão 
vender os seus ativos nacionais, causandoqueda em 
suas cotações, e comprar dólares para repatriar os 
seus recursos, causando um aumento do preço do 
dólar. Mais uma vez é demonstrado como e porque 
essas variáveis se movem para caminhos distintos.
S u n o R e s e a r c h 37
A c o m p a n h e a S u n o N a s R e d e s S o c i a i s
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