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Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia Instituto Adventista de Ensino do Nordeste BANQUETEANDO-SE COM O DÍZIMO Monografia Apresentada em Cumprimento Parcial dos Requisitos do Curso de Pentateuco Estudo Individual Dirigido Por Gilson Medeiros da Silva Novembro de 2001 ii SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 Definição da Problemática ............................................................................. 1 Propósito e Justificativa ................................................................................. 1 Delimitações .................................................................................................. 2 Metodologia ................................................................................................... 2 Capítulo I. DEFINIÇÃO E ORIGEM DO DÍZIMO ....................................................... 3 II. O DÍZIMO NO PENTATEUCO .................................................................. 5 Gênesis, Levíticos e Números ....................................................................... 5 Deuteronômio 12 e 26.................................................................................... 6 III. A PROBLEMÁTICA DE DEUTERONÔMIO 14 ....................................... 7 Comentários de Teólogos .............................................................................. 8 Ellen G. White e o Texto em Questão ........................................................... 10 RESUMO E CONCLUSÃO ..................................................................................... 11 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho está divido em três capítulos, a saber: no capítulo um abordar-se-á a definição e origem do dízimo. O segundo capítulo fará uma análise da presença do dízimo no Pentateuco. O capítulo três se prenderá à análise do tema em Dt 14, inclusive com algumas citações de Ellen White sobre o tema em estudo. Por fim, apresentar-se-á um resumo e a conclusão encontrada. Definição da Problemática Parece haver uma possível contradição entre os textos bíblicos de Gênesis, Levíticos, Números e Deuteronômio com relação ao uso do dízimo. Especialmente em Dt 14, existe um emprego bem diferente para o dízimo daquele definido no restante do Pentateuco. O que houve em Dt 14? É um emprego diferente para o dízimo, ou a passagem está falando de um outro dízimo? Propósito e Justificativa O tema deste trabalho foi escolhido em virtude da crescente falta de conhecimentos sobre o que realmente significa o dízimo para a igreja. Alguns cristãos, que não concordam com a devolução sistemática de uma parte de suas rendas, utilizam certas passagens da Bíblia para justificarem seu procedimento; e Dt 14 tem sido utilizado com o objetivo de “provar” que o dízimo pode ser utilizado da maneira como o doador achar mais conveniente, muita vezes à revelia das orientações dadas pela Bíblia e Espírito de Profecia. 2 Delimitações Este trabalho de pesquisa limitar-se-á ao estudo do dízimo no Pentateuco, não aprofundando-se no seu aparecimento em outras partes das Escrituras. Far-se-á uso do hebraico superficialmente, apenas para demonstrar a origem da palavra “dízimo”, buscando conhecer seu significado original. Para tanto, serão utilizados dicionários e/ou léxicos. As versões bíblicas utilizadas serão apenas traduções para o português. Metodologia Para tentar chegar à uma conclusão satisfatória sobre o que o autor de Deuteronômio queria ensinar no capítulo catorze acerca dos dízimos, a pesquisa será iniciada com o conceito bíblico sobre o assunto, passando pelas suas referências no Pentateuco até chegar a Dt 14, foco da presente pesquisa. 3 CAPÍTULO I DEFINIÇÃO E ORIGEM DO DÍZIMO A palavra dízimo (ou expressões derivadas) aparece 51 vezes nas Escrituras, sendo que deste total, 26 ocorrem no Pentateuco.1 A raiz hebraica que origina estas palavras é ´sr (rf[),2 da qual derivam as palavras ´āśar (“tomar a décima parte de”, “dizimar”) e ma´ǎśēr (“dízimo”), as mais relevantes para o estudo em questão.3 A primeira menção deste termo no Antigo Testamento (doravante, AT) é em Gn 14:20, como uma referência à entrega desta porção a Melquisedeque. Porém, a legislação propriamente dita a respeito do dízimo só aparece em Levítico 27, Números 18 e Deuteronômio 12, 14 e 26. Após os patriarcas, “os dízimos passaram então a serem usados dentro do sistema de sacrifícios, como parte do culto prestado a 1 Salvo indicação contrária, todas as referências bíblicas neste trabalho serão da Versão de João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada no Brasil (São Paulo, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993). 2 R. B. A., “rf[”, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento (DITAT), eds. R. Laird Harris, Gleason L. Archer Jr., e Bruce K. Waltke (São Paulo: Vida Nova, 1998), 1182. Esta raiz tem relação com o verbo árabe ´ashara, “formar uma comunidade”, “construir um grupo”. O seu desenvolvimento semântico foi o de que “dez” equivale a uma “coleção”, “união”. Portanto, “dez” em ugarítico é ´sr; e em aramaico bíblico é ´ǎśar. 3 Ibid. As outras palavras derivadas da mesma raiz ´sr são: ´eśer, ´ǎśārâ (“dez”); ´āśār, ´eśrēh (“dez”, porém só em combinação com outros números); ´āśôr (“dez”, “décimo”); ´eśrîm (“vinte”, sendo usada como o plural de dez); ´ǎsîrî, ´ǎsîrîyâ, ´ǎśîrît (“décimo”, aparece às vezes como “dízimas”, ex.: Lv 27:32); e ´iśśārôn (“décima parte”). 4 Yahweh”.1 Seu destino era, primariamente, o sustento dos sacerdotes e levitas (Nm 18:21), pois estes não tinham herança sobre a terra, recebendo a tarefa de cuidar e zelar por todas as cerimônias e utensílios relacionados ao santuário (Nm 18:22-24). Entretanto, o hábito de devolução do dízimo, como uma parte das rendas consagradas a fins religiosos, também era um costume entre outros povos antigos,2 havendo inclusive alusões ao seu uso para a adoração a deuses pagãos, como Júpiter, Hércules e outros.3 Eram dizimadas as coisas referentes à produção familiar de cada casa, tais como: colheitas, frutos, rebanhos, etc (Lv 27:30-33).4 Porém, havia um sistema diferente para o tipo de produto que era dizimado. No caso do rebanho, ao passarem os animais para a pastagem, o décimo era sempre separado como o dízimo (Lv 27:32), não podendo ser escolhidos os animais inferiores.5 Porém, os produtos agrícolas podiam ser retidos com a família, se o seu equivalente em dinheiro fosse dado como dízimo; entretanto, um quinto deveria ser acrescentado ao montante (Lv 27:31). Esses dízimos eram então recolhidos e levados até Jerusalém (Dt 12:5). 1 Russel N. Champlin, e João M. Bentes, “Dízimo”, Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia (EBTF), (São Paulo: Candeia, 1995), 2:202. 2 J. G. S. S. T., “Dízimos”, O novo dicionário da Bíblia (NDB), eds. J. D. Douglas, e Russell P. Shedd (São Paulo: Vida Nova, s.d.), 1:435. 3 Champlin, e Bentes, “Dízimo”, EBTF, 2:202. 4 Ibid. 5 Ibid. 5 CAPÍTULO II O DÍZIMO NO PENTATEUCO Este capítulo vai analisar as referências ao dízimo nos livros que formam o Pentateuco, com exceção de Dt 14, que será tema do próximo capítulo. Gênesis, Levíticos e Números Como visto anteriormente, a primeira referência ao dízimo é feita em Gn 14:20, onde lê-se: “e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo”. Em Gn 28:22, Jacó faz um pacto de fidelidade com Deus através da devolução dos dízimos: “E a pedra, que erigi por coluna, será a Casa de Deus; e, de tudo quanto me concederes, certamente eu te darei odízimo”. Não são dados muitos detalhes referentes à estas ocorrências antes da era mosaica, revelando apenas que seu uso já era conhecido antes mesmo do período em que Israel passou no Egito.1 Já em Lv 27:30-33 encontra-se a primeira referência mosaica à obrigatoriedade dos dízimos do campo. Aqui, é dito que as “dízimas da terra, tanto 1 Os comentaristas são muito sucintos ao analisarem estes relatos. Ver, por exemplo: Champlin, e Bentes, EBTF, 2:201-202. Porém, uma ligeira diferença ocorre no comentário publicado pelas Testemunhas de Jeová, onde lê-se que as citações de Gênesis “são simples exemplos de se dar um décimo voluntariamente”, não havendo “registro no sentido de que Abraão ou Jacó ordenassem a seus descendentes seguir esses exemplos”. Ver: “Dízimo”, Estudo perspicaz das Escrituras (Tatuí, SP: Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, 1990), 1:732. 6 dos cereais do campo como dos frutos das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor”. Não há, porém, aqui, uma referência ao destino que deveria ser dado a estes produtos que eram oferecidos como dízimo.1 O destino para o uso do dízimo só é mencionado em Nm 18:21-31, onde fica determinado que “aos filhos de Levi” Deus direcionou “todos os dízimos em Israel”. Nesta passagem também é feita uma referência ao dízimo que os próprios levitas deveriam devolver: o “dízimo dos dízimos” (v. 26). Esta parte especial deveria ser dada a Arão, o sacerdote, e sua família (v. 28).2 Deuteronômio 12 e 26 Como visto em Lv 27 e Nm 18, o dízimo era retirado do fruto da terra e do rebanho e entregue aos levitas, como tributo para a manutenção das obras do templo. Um novo detalhe referente à lei do dízimo é registrada em Dt 12:5-6, com relação ao local para onde o povo deveria levar o produto do seu dízimo: “mas buscareis o lugar que o Senhor, vosso Deus, escolher [...]; e para lá ireis. A esse lugar fareis chegar [...] os vossos dízimos [...]”. Este lugar era o santuário em Jerusalém.3 1 Interessante é notar que o dízimo aqui referido é resultado dos produtos que eram comuns na sociedade agrícola e pastoril de Israel. Ver: R. B. A.“rf[”, DITAT, 1182. 2 Seventh-day Adventist Bible Dictionary (SDABD), ed. 1960, ver “Tithe”. Ver também: J. G. S. S. T., “Dízimos”, NDB, 1:435. 3 O local do santuário era o único lugar realmente autorizado por Deus para a apresentação dos dízimos e das ofertas na nova terra. Ver: R. B. A.“rf[”, DITAT, 1183. Em Dt 26 existe uma continuação do que está declarado no cap. 14, que será o objeto de estudo do próximo capítulo do presente trabalho. 7 CAPÍTULO III A PROBLEMÁTICA DE DEUTERONÔMIO 14 Até aqui, pode-se perceber uma uniformidade nas citações mosaicas referentes à obrigatoriedade, destino e finalidade que era dada ao dízimo no antigo Israel. Porém, em Dt 14, encontra-se uma referência que traz uma aparente “contradição” entre o que já havia sido declarado antes por Deus, através de Moisés. No v. 24, lê-se que “quando o caminho [até Jerusalém] te for comprido demais, que os não possas levar [...]”, era permitido ao ofertante vender os produtos que seriam devolvidos como dízimo, e dar-se “por tudo o que deseja a tua alma”, inclusive “vinho, ou bebida forte, ou qualquer cousa que te pedir a tua alma” (v. 25). Deveria ser feito um banquete “perante o Senhor”, e alegrar-se com toda a família. A única ressalva feita era de que não poderiam desamparar “o levita que está dentro da tua cidade” (v. 26). A passagem continua dizendo que “ao fim de cada três anos”, eles deveriam tirar “todos os dízimos do fruto do terceiro ano” e os recolher na própria cidade (v. 27). Então, viriam “o levita [...], o estrangeiro, o órfão, e a viúva”, para fartarem-se, recebendo assim a bênção de Deus (v. 28). Muitos estudiosos vêem aqui uma discrepância em relação a tudo que Moisés antes havia escrito sobre o dízimo, o que vem trazer uma variedade de interpretações sobre o que realmente estava sendo tratado em Dt 14:22-28. 8 Comentários de Teólogos No Comentário Moody, por exemplo, encontra-se esta análise sobre a passagem de Dt 14: Por causa das variantes entre as estipulações deuteronômica e a anterior referentes aos dízimos (Lv 27:30-33; Nm 18:21-32), desenvolveu-se uma opinião entre os judeus (e tem sido aceita por muitos cristãos exegetas) que Deuteronômio prescreve um segundo dízimo e, alguns diriam, até mesmo um terceiro.1 O Comentário Broadman explica que Dt 14 trata de uma facilitação para aqueles que moravam longe do templo e teriam dificuldade em cumprir o mandamento.2 Segundo Adam Clark: Trata-se do segundo dízimo que eles deviam comer (v. 23). Havia um primeiro dízimo que era dado aos levitas do qual pagavam a décima parte aos sacerdotes. Nm 18:24 a 28; Ne 10:37 e 38. Então, do restante, o proprietário separava um segundo dízimo, que ele comia perante o Senhor no primeiro e no segundo ano; e no terceiro ano era dado aos levitas e aos pobres. Dt 14:28 a 29.3 1 Charles F. Pfeiffer, ed., Comentário bíblico Moody (CBM), (São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1986), 1:227. Este Comentário, porém, acrescenta que Dt 14 não envolve necessariamente qualquer modificação drástica na primitiva lei do dízimo, apenas especificando um dízimo sobre a agricultura, embora mencione as primícias do rebanho. 2 John D. W. Watts, “Deuteronômio”, Comentário bíblico Broadman (CBB), (Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1994), 2:288. Conforme esta análise, “o sacrifício dos dízimos implicava uma espécie de refeição de comunhão no santuário, com a participação de todos os membros da família. Mas certamente incluía também um tipo de imposto, para a manutenção do santuário e para os sacerdotes que lá serviam”. 3 Adam Clarke, The Holy Bible Containing the Old and New Testament with Commentary and Critical Notes (Nova Iorque: Abingdon-Cokesbury Press), citado em Demóstenes N. da Silva, “Origem e Propósito do Dízimo”, Revista Teológica do SALT-IAENE 1 (1997):80. 9 O Comentário Bíblico Adventista parece concordar com os que acreditam tratar esta passagem de um segundo dízimo, pois afirma que “o segundo dízimo era diferente do primeiro, que estava dedicado exclusivamente ao sustento dos sacerdotes e dos levitas (Nm 18:21, 26)”.1 Uma Enciclopédia teológica acrescenta o seguinte: Os rabinos tentaram reconciliar a contradição aparente [entre Dt 14 e Nm 18] assumindo tipos diferentes de dízimos: um primeiro dízimo foi dado aos levitas e sacerdotes (Nm 18:21); um segundo dizimo foi comido pelo ofertante com a família e convidados em um banquete ao santuário (Dt 14:22-27); e um terceiro dízimo, chamado de “o dízimo dos pobres”, tomou o lugar do segundo dízimo no terceiro e sextos anos de cada período sabático (14:28-29).2 Outros teólogos vêem em Dt 14, não um dízimo adicional, mas o dízimo regular “fixado à parte e usado para apoiar os carentes da sociedade”.3 Há também os que acreditam que Dt 14 representa o costume no reino do Norte, ao passo que em Nm 18 transparece a lei do dízimo ensinada ao povo de Judá.4 1 “Diezmaras” [Dt 14:22], Comentário Bíblico Adventista del Septimo Dia (CBASD), ed. Humberto M. Rasi (Mountain View, CA: Pacific Press Publishing Association, s.d.), 1:1015. 2 C. L. Feinberg, “Tithe”, The Zondervan Pictorial Encyclopedia of the Bible (ZPEB), ed. Merrill C. Teney (Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1976), 5:757. Porém, esta Enciclopédia acredita que era o mesmo dízimo mas com uso diferenciado no terceiro ano. 3 John H. Walton, e Victor H. Matthews, The IVP Bible Backround Commentary: Genesis-Deuteronomy (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1997), 238. Estes autores acreditam ser improvável que o ofertante “comesse” o dízimo inteiro, pois isso frustraria o seu propósito primário, que é prover a comunidade sacerdotal e servir como uma reservapara os pobres da sociedade. Eles assemelham o “comer” em Dt 14 com o procedimento idêntico em Êx 24:9-11. 4 G. E. Wright, Deuteronomy, IB, 1953, 2:425, citado em J. A. Thompson, Deuteronômio (São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1985), 176. 10 Ellen G. White e o Texto em Questão Em seus escritos inspirados, Ellen White sempre defendeu a idéia de que o dízimo foi criado para uso dos levitas, “a tribo que fora separada para o serviço do santuário”.1 Para ela, “o sistema dos dízimos e ofertas destinava-se a impressionar a mente dos homens com uma grande verdade – de que Deus é a fonte de toda bênção a Suas criaturas”.2 Com relação aos dízimos de Dt 14, Ellen White afirma o seguinte: A fim de promover a reunião do povo para serviço religioso, bem como para se fazerem provisões aos pobres, exigia-se um segundo dízimo de todo o lucro. [...] Este dízimo, ou o seu equivalente em dinheiro, deviam por dois anos trazer ao lugar em que estava estabelecido o santuário. Depois de apresentarem uma oferta de agradecimento a Deus, e uma especificada porção ao sacerdote, os ofertantes deviam fazer uso do que restava para uma festa religiosa, da qual deviam participar os levitas, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas.3 Vê-se, então, que Dt 14 fala de um segundo dízimo, além do dízimo normal destinado aos levitas, que era empregado para ajudar a criar uma consciência de benevolência e altruísmo para com os mais necessitados.4 Para os dias atuais, o dízimo continua a ter o seu destino primitivo: o sustento do ministério evangélico.5 1 Ellen G. White, Patriarcas e profetas (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1990), 559. 2 Ibid., 558. 3 Ibid., 565. “Em cada terceiro ano, entretanto, este segundo dízimo devia ser usado em casa, hospedando os levitas e os pobres, conforme Moisés dissera... Este dízimo proveria um fundo para fins de caridade e hospitalidade”. 4 Ibid., 566. 5 Uma melhor visão sobre o emprego do dízimo em nossos dias, pode ser encontrado em: Idem, Conselhos sobre mordomia (Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979), 101-107. 11 RESUMO E CONCLUSÃO O dízimo é uma das instituições mais antigas de Israel, remontando ainda ao tempo de Abraão. Mas somente com Moisés houve uma legislação mais elaborada sobre o assunto, com a definição do destino que deveria ser dado ao dízimo – o sustento dos levitas e sacerdotes, que não receberam herança na terra prometida. Porém, em Dt 14 surge um aparente impasse, pois o dízimo aqui mencionado deveria ser “comido” pela família e seus convidados, dos quais faziam parte os membros mais desamparados da sociedade (órfãos e viúvas), assim como os levitas que residissem na comunidade. Após um estudo das citações bíblicas referentes ao dízimo no Pentateuco, e a análise dos comentários disponíveis sobre o texto de Deuteronômio, inclusive com as respectivas declarações de Ellen G. White, pode-se concluir que Moisés referiu-se em Dt 14 a um dízimo adicional àquele que normalmente era destinado aos sacerdotes e levitas. Com o fim de prover uma confraternização entre os pobres da sociedade e aqueles que tinham recursos que lhes possibilitavam devolver o dízimo, foi então que Deus criou este “imposto” adicional no terceiro ano de colheita. Os ofertantes deveriam compreender seu papel no amparo da obra do Senhor, bem como daqueles mais carentes que viviam em suas comunidades.
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