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DIREITOS REAIS

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DIREITOS REAIS
Art. 1225 CC - São direitos reais:
I. a propriedade
II. a superfície
III. as servidões
IV. o usufruto
V. o uso
VI. a habitação
O direito das coisas, também denominado direitos reais, consiste em um conjunto de normas, predominantemente obrigatórias, que tendem a regular o direito atribuído à pessoa sobre bens corpóreos, móveis ou imóveis de conteúdo econômico. A eficácia do direito exercido é em face de todos (‘erga omnes’), assim, é um direito absoluto, e independe da intermediação de outrem. Os direitos reais surgem por imposição legislativa.
O indivíduo pode recuperar a coisa quando esteja, ilegitimamente, em mãos alheias.
‘numerus clausulus’ = o direito real é típico e taxativo, ou seja, é aquele que se insere em um modelo definido pelo legislador (o legislador cria direitos reais). ≠ ‘numerus apertus’, que são os direitos obrigacionais, onde as partes, facultativamente, se valem de contratos disciplinados na lei (contratos nominados) ou não (contratos inominados).
Classificação dos direitos reais
a) ‘jus in re propria’ = direito sobre a coisa própria, que se resume na propriedade.
b) ‘jus in re aliena’ = direito real sobre a coisa alheia
Bens incorpóreos, por exceção, podem estar sujeitos ao direito real (ex: usufruto de títulos de crédito → O credor, titular de um crédito, faculta um terceiro, usufrutuário do crédito, a perceber os frutos e a obrar as respectivas dívidas). Contudo, essa situação aparta-se das prerrogativas próprias dos direitos reais, pois estes pressupõem sempre a existência atual da coisa e crédito (existência conceitual e não material). A maioria dos autores admite poder ser objeto de direito real tanto coisas corpóreas como incorpóreas.
O direito real mais completo é o direito de propriedade; todos os outros são decorrência dele. Os direitos reais sobre coisa alheia importam numa restrição infligida ao proprietário, quanto a uso e disposição de um bem que lhe pertence. → Ex: aquele que tiver como segurança do pagamento de uma dívida o valor de um bem imóvel (hipoteca) exercerá direito real sobre coisa alheia, de propriedade do devedor que tenha oferecido a coisa em garantia.
Por fim, há a preponderância do bem coletivo em detrimento do individual (fenômeno moderno).
Diferença entre o direito real e pessoal:
Direito Pessoal
· Os sujeitos (passivo e ativo) são, em regra, definidos no momento em que se constitui a obrigação (ex: comodato)
· Tem por objeto uma prestação, que pode ser positiva (obrigações de dar ou fazer) ou negativa (obrigações de não fazer).
· Há a necessidade da intermediação de um sujeito.
· As normas reguladoras do direito obrigacional facultam às partem certa liberdade para regulamentar seus interesses.
· Predominam normas dispositivas.
· Direitos obrigacionais não admitem usucapião.
· Os direitos obrigacionais são transitórios ou temporários. Nascem para serem extintos.
O não exercício do direito obrigacional, em tempo oportuno, provoca o seu perecimento.
· Eficácia relativa.
Direito Real
· A identificação do passivo só se dá no momento da violação do direito, oportunidade em que o sujeito passivo indeterminado se torna determinável (há uma obrigação passiva universal)
· Tem por objeto um ou mais bens materiais determinados, móveis ou imóveis.
· É exercido independentemente da colaboração de outra pessoa.
· As normas são obrigatórias, ou seja, não admitem a interferência da vontade individual.
· Predominam normas cogentes.
· Somente não admitem usucapião quando sobre coisa alheia (ex: hipoteca), os demais podem ser usucapidos (pode ser exercida a posse).
· Tem sua duração no tempo indefinida (salvo no caso de propriedade resolúvel).
A não utilização da propriedade, em regra, não implica sua perda. Por isso, a ação reivindicatória é imprescritível.
· Eficácia contra todos.
Obrigação com eficácia real: na sua essência, é obrigação, mas seus efeitos adquirem contornos de direito real.
Obrigação ‘propter rem’: tem-se de início uma relação de direito real e, em função dela, surge um vínculo obrigacional. É uma situação intermediária entre direito real e pessoal. Esta obrigação se transmite com a coisa, independentemente da vontade do adquirente.
Ex: obrigações que decorrem do direito de vizinhança, como a necessidade de demarcar a propriedade de imóveis lindeiros.
Ex 2: construção de muro pelos proprietários confinantes. Ambos têm obrigação de construí-lo, arcando com as respectivas despesas, por ser essa obra divisória uma típica prestação propter rem.
Aquisição dos direitos reais
Art. 1226 CC – ‘Os direitos reais sobre coisas móveis, quando constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com a tradição.’
Art. 1227 CC – ‘Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por ato entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos, salvo os casos expressos neste código.’
Com relação aos imóveis cujo valor não ultrapasse a 30 vezes o maior salário-mínimo vigente do país, dispensa-se a escritura pública. O contrato pode, assim, formalizar-se por instrumento público particular; todavia, o registro desse instrumento é necessário para o surgimento do direito real de propriedade. A ausência do registro não torna o ato nulo ou anulável, apenas deixa as partes sem eficácia real perante terceiros. → Ex: uma hipoteca não registrada vigora entre as partes, mas não gera efeito erga omnes; assim, quem adquirir o bem não o adquira hipotecado.
Posse (art. 1196 a 1224 CC)
Duas teorias:
1) Teoria subjetiva (Savigny) = valoriza o psicológico, expresso na vontade do possuidor de ter a coisa como se fosse sua. A posse requer: o corpus (poder físico da pessoa sobre a coisa, estabelecido pela apreensão) e o animus domini(a vontade de ter a coisa como própria). São considerados detentores, e não possuidores, os que detêm o poder físico, mas não o animus. → Ex: locatário, comodatário, etc.
2) Teoria objetiva (Ihering) = a posse se traduz no poder físico da pessoa sobre a coisa com a exteriorização da propriedade e um meio de tornar possível o uso econômico da coisa, de acordo com a vontade do possuidor. Requer: corpus (a exteriorização do exercício de um direito). O possuidor de uma coisa é, ao mesmo tempo, o seu proprietário. → Ex: são possuidores, e não detentores, o usufrutuário, o locatário, o comodatário, etc.
Posse e detenção têm as mesmas características, porém se direfenciam na conduta legislativa. À detenção não se atribuem efeitos possessórios. Detentor não tem posse e, por via de consequência, não tem direito de se valer das ações possessórias.
É detentor, também denominado servidor da posse ou fâmulo da posse:
Art. 1198 CC: ‘Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.’
É o caso do motorista, não tem posse do veículo, ou a empregada doméstica, não tem posse dos instrumentos com os quais trabalha. Apesar de possuírem o poder físico sobre a coisa, a posse continua sendo do patrão.
Art. 1208 CC: ‘Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.’
Art. 1224 CC: ‘Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quanto tendo noticia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.’
A simples ausência não importa na perda da posse, podendo o possuidor, embora ausente, continuar a posse solo animo, ainda que a coisa possuída tenha sido ocupada por um terceiro, durante a sua ausência.
Natureza da posse:
Para Savigny, a posse é um misto de fato e direito (pessoal). Para Ihering, a posse é um direito (real), no sentido de que os direitos são interesses juridicamente protegidos. Assim, classifica Savigny a posse como uma relação obrigacional e Ihering a insere no âmbito dos direitos reais. Contudo, nosso CC filia-se a Clóvis Bevilaqua, que vê a posse como um direitoespecial.
A posse não pode ser considerada como direito pessoal por não estabelecer um vínculo de conteúdo obrigacional para o possuidor em face de terceiros ou do proprietário; nem direito real, pois não gera efeitos erga omnes (triunfa sobre os pretensos adquirentes da posse, mas sucumbe ao proprietário).
Por fim, a natureza especial da posse dispensa, pois, na ação possessória, a intervenção do outro cônjuge, salvo quando versarem sobre direitos reais imobiliários. Fosse a posse direito real, a presença dos cônjuges seria obrigatória.
Classificação da posse:
POSSE INDIRETA
· Dá-se a posse indireta quando o seu titular, voluntariamente, transfere a outrem a utilização da coisa.
ex: locador, comodante, nu-proprietário
POSSE DIRETA
· Diz-se posse direta a de quem recebe o bem para usar. É derivada e temporária. A posse foi transferida por contrato, p. Ex.
ex: locatário, comodatário, usufrutuário
OBS:
1) Se houver sublocação, o locatário passará de possuidor direto para possuidor indireto, e o sublocatário será o novo possuidor direto.Caso alguém ocupe sem autorização determinado imóvel, impedindo o ingresso do real proprietário, essa pessoa não detém a posse direta, ela tem posse e o proprietário não tem posse. Para recuperar a posse perdida, o proprietário deve ingressar com uma ação de reintegração de posse e não com uma ação de ‘reintegração na posse direta’.
Posse Justa
· É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária (art. 1200CC). Diz-se violenta a que é adquirida mediante força (ex: MST), clandestina a que é adquirida às escondidas e precária a que surge do abuso de confiança por parte de quem possuía legitimamente coisa alheia.
Posse Injusta
· É a posse injusta, ilícita ou viciosa.
OBS:
A posse poderá passar de justa para injusta → Ex: alguém empresta a um amigo livros e CDs e este, ao passar o prazo estipulado, não os devolve ao dono. Durante o período do empréstimo a posse era justa, porém ao não haver a restituição das coisas cedidas, a posse tornou-se injusta (apresentou um vício de precariedade).
→ Observa-se, pois, que a posse precária, diferentemente da violenta ou clandestina, nasce no momento em que houver recusa à devolução da coisa.
Posse de boa-fé
· É de boa-fé a posse quando o possuidor ignorar o vício, ou o obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa ou do direito do possuído (art. 1201CC).
Posse de má-fé
· Quando o possuidor não ignorar que possui ilegitimamente.
OBS:
1. A boa-fé ou má-fé irá repercutir nas questões relativas aos frutos, às benfeitorias e à usucapião da coisa possuída.
2. A posse de boa-fé converte-se em posse de má-fé desde que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. → Ex: adquiro, sem saber, um imóvel ilegitimamente. Então recebo uma notificação dizendo que quem me vendeu a casa não era o legítimo dono e, com isso, eu não sou adquirente. A partir do momento em que sou citada e tomo conhecimento do fato, se eu permanecer na casa será de má-fé, pois a minha boa-fé inicial terá desaparecido no momento da citação. 
Posse nova
· Se a posse datar de menos de um ano e um dia, será considerada nova, admitindo o pedido de liminar.
Posse Velha
· Caso transcorrido o prazo superior a um ano e um dia, a posse será tida como velha, sem direito a liminar.
OBS:
• A relevância da distinção entre posse nova e posse velha reside na possibilidade ou não de ser concedida a liminar na ação possessória, que é uma medida provisória. Como efeito, possibilita ao autor ou réu recuperar de imediato a posse, até a decisão final do processo.
• O marco inicial de contagem do prazo da posse é a data da turbação ou esbulho.
• A impugnação da decisão interlocutória que defere ou não a liminar se dá por meio do Agravo de Instrumento.
Posse Ad Interdicta
· É concedida àqueles que são possuidores por decorrência de uma obrigação ou direito. É uma posse defensável por meio das ações possessórias, mas não gera usucapião.
Ex: posse do locatário
Posse Ad Usucapionem
· É a posse que gerará usucapião. Evidencia-se quando não há qualquer relação obrigacional ou de direito entre o possuidor e o proprietário.
Quem ocupa um imóvel sem autorização do proprietário poderá usucapir, desde que sua posse seja mansa, pacifica, contínua e preencha o espaço de tempo exigido em lei.
OBS:
Distinguem-se essas modalidades de posse quanto ao seu nascimento e quanto aos seus efeitos.
Composse Pro Diviso
· Caso os possuidores localizem-se na área certa e determinada.
Composse Pro Indiviso
· Quando não há separação ou repartição da posse de uma mesma área.
OBS:
A composse ocorre quando duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, podendo cada uma delas exercer atos possessórios, desde que respeitem os dos outros compossuidores. (art. 1199 CC). Chamada de composse ou posse comum.
Podem adquirir a posse, conforme art. 1205 CC, a própria pessoa que a pretende, desde que seja capaz, ou faça por seu representante, legal ou convencional. Também, por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. O constituto possessório é outra modalidade de aquisição da posse.
Acessão da posse
Significa união ou soma da posse.
Art. 1207 CC – ‘O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.’
Assim, dá-se a acessão da posse por:
A) Sucessão universal = o herdeiro continua, por determinação legal, a posse que tinha o de cujus. Não lhe é dado escolher entre unir ou não a sua posse a de seu antecessor, pois, por imposição legal, a conjunção da posse é obrigatória.
→ Ex: se ‘A’ é possuidor de uma casa e falece, deixando os filhos ‘B’ e ‘C’, estes sucederão ‘A’ na posse.
B) Sucessão singular ou união = o sucessor singular pode agregar a sua posse à de seu antecessor, sobre um bem ou vários bens determinados.
→ Ex: caso ‘A’ seja possuidor de uma casa e transmita sua posse a ‘B’, este unirá sua posse à de ‘A’, se quiser. O efeito da soma será o de alcançar lapso de tempo maior para que ‘B’ possa usucapir.
Posse de bem móvel que integra o imóvel
É uma decorrência natural do princípio de que o acessório acompanha o principal.
Art. 1209 CC – ‘A posse do imóvel faz presumir, até prova contrária, a das coisas móveis que nele estiverem.’
Efeitos da Posse (art. 1210 a 1222 CC):
Os efeitos da posse são relativos à: ações possessórias, à percepção dos frutos, às benfeitorias, à responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa e à usucapião.
A posse pode ser defendida não só por meio das ações possessórias, mas também através da autodefesa, quer por meio da legítima defesa da posse (no caso de turbação, reagindo contra a agressão perpetrada à sua posse) quer por meio do desforço imediato (no caso de esbulho). Não há prazo para que se use os recursos da autodefesa, mas determina o legislador que o faça logo.
Turbação: há somente a ameaça, pretensão; sem a retirada forçada das pessoas que estão no local ≠ Esbulho: há pretensão de tomada da propriedade, seguida da retirada (há a perda da posse pelo proprietário). Ocorre também nos casos em que há recusa em se restituir algo (ex: ex-comodatário que permanece com a coisa emprestada, após a extinção do comodato).
Ações possessórias (art. 920 CPC):
Os pedidos são feitos na Contestação.
1) Interdito proibitório (art. 932 CPC)= é uma medida preventiva de defesa contra violência iminente, ajuizada ante a ameaça de turbação ou esbulho na posse. Tem legitimidade para propor a ação qualquer possuidor, direto ou indireto, pessoa física ou jurídica. Exige-se posse, daí por que não pode dela se valer o detentor. A pedido do autor, o juiz imporá ao réu uma sanção pecuniária, caso concretize a ameaça de turbação ou esbulho, ou seja, transgrida o preceito do mandado proibitório. É inadmissível o interdito proibitório para a proteção do direito autoral.
→ se no curso da ação houver invasão, a ação de interdito será convertida em ação de reintegração ou manutenção de posse, bastando a comunicação ao juízo.
2) Manutenção de posse = ação ajuizadano caso de turbação da posse. Não há perda da posse pelo possuidor, mas um incômodo ou embaraço a sua posse. Incumbe ao autor provar sua posse, a turbação, a data da turbação e a continuação da posse, embora turbada (art. 927 CPC). A liminar poderá ser requerida se a turbação à posse datar de menos de 1 ano e 1 dia. Se o réu for pessoa jurídica de direito público, não será deferida a liminar sem prévia audiência dos representantes judiciais.
3) Reintegração de posse = exige a perda da posse e esbulho. Os requisitos (art. 927 CPC) para seu ajuizamento são a posse, o esbulho praticado pelo réu, a data do esbulho e a perda da posse. Comporta o pedido de liminar, todavia se o réu for pessoa jurídica de direito público, não será deferida sem prévia audiência dos representantes judiciais. A sentença proferida na ação de reintegração de posse determina a expedição de mandado de reintegração.
→ em se tratando de locação, a ação para reaver o imóvel locado é a de despejo. Somente se o locatário foi despejado e, clandestinamente, retornou a ocupar o imóvel a ação proposta será a de reintegração de posse, visto que se configurou o esbulho.
Portanto, se for ajuizada ação de interdito proibitório é porque só havia ameaça de turbação ou esbulho e, caso se concretiza a turbação ou o esbulho, a ação transmuda-se para manutenção ou reintegração de posse; respectivamente.
A ação possessória possui um caráter dúplice, significando que o réu, justificando que foi ofendido em sua posse, pode, articulado na própria contestação, pleitear a proteção possessória e a indenização decorrente da turbação ou esbulho praticado pelo autor. As partes agem, ao mesmo tempo, como autor e réu. É permitido ao autor cumular o pedido possessório com condenação em perdas e danos, por exemplo (art. 921 CPC). Em pleito possessório apenas se discute a posse e não o domínio. Se o autor restar vencido na ação possessória, poderá intentar ação reivindicatória.
→ Ex: suponha que ‘A’ tenha ocupado e guarnecido com móveis uma casa de veraneio, que reputava abandonada, mas que pertence a ‘B’. ‘B’, ignorando a situação criada por ‘A’, ingressa no imóvel e fica na posse. ‘A’, então, acreditando-se esbulhado, propõe ação de reintegração de posse em face de ‘B’; o qual, em ação movida contra ‘A’, pede seja-lhe concedida a proteção possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes do esbulho cometido pelo autor da ação (‘A’).
Outras ações relacionadas à posse
O proprietário possuidor pode, em face da invasão à sua propriedade, mover ação de reintegração de posse ou reivindicatória; já o proprietário não possuidor somente poderá ajuizar ação reivindicatória. Tanto o proprietário possuidor quanto o proprietário não possuidor podem ajuizar ação de nunciação de obra nova.
1) Nunciação de obra nova (art. 934 a 940 CPC)= tem a finalidade de impedir a continuação da construção de obra nova em imóvel vizinho, a fim de evitar prejuízos. A obra deve ser nova, isto é, inacabada ou em vias de construção; caso não seja, a ação a ser proposta será a demolitória. Tem legitimidade para propor a ação o proprietário, o possuidor, o condômino e o Município (com intuito de evitar que a construção seja feita em desacordo com a lei). → Ex: a construção de muro divisório com alegada invasão no terreno vizinho dá ao proprietário possuidor o direito à nunciação de obra nova.
Art. 940 CPC – ‘O nunciado poderá, a qualquer tempo e em qualquer grau de jurisdição, requerer o prosseguimento da obra, desde que preste caução e demonstre prejuízo resultante da suspensão dela.’
2) Dano infecto = é uma medida preventiva contra dano futuro (eu percebo que haverá um dano e me antecipo pedindo indenização, a qual ficará depositada em juízo).
3) Imissão de posse = quando eu já possuo a propriedade, mas falta a posse. Busca o autor conquistar a posse que nunca teve, mediante a apresentação do título. → Ex: se ‘A’ compra um imóvel de ‘B’ e este se recusa a permitir o ingresso de ‘A’, deverá ‘A’ propor em face de ‘B’ a ação de imissão de posse. Não poderá requerer reintegração de posse, pois não teve posse anterior.
4) Embargos de terceiro = medida incidente, conferida a quem, não sendo parte do processo, sofrer turbação ou esbulho na posse de seus bens (por apreensão judicial, por exemplo).
Direito de indenização e direito de retenção
Art. 1219 CC - ‘O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias.’
Art. 1220 CC – ‘Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste direito de retenção pela importância destas. Nem o de levantar as voluptuárias.’
Possuidor de boa-fé e Possuidor de má-fé
Percepção dos frutos
(1) Terá direito aos frutos percebidos (os que ele colheu). Os frutos pendentes ao tempo em que Cesar a boa-fé devem ser restituídos (frutos presos a árvore) com dedução das despesas de produção e custeio. Deverá restituir os frutos colhidos com antecipação (frutos que não deveriam ter sido colhidos, mas o foram).
(2) Será responsabilizado por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu a má-fé. Para evitar o enriquecimento indevido por quem está a recuperar a posse, confere-se ao possuidor de má-fé o direito à indenização pelas despesas de produção e custeio.
Pela perda ou deterioração da coisa
(1) O possuidor de boa-fé não é responsável pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa.
(2) É responsabilizado pela perda ou deterioração da coisa, ainda que acidentais, a não ser que se prove que a referida perda ou deterioração teria ocorrido mesmo que a coisa estivesse na posse de quem a reivindica (por exemplo, por caso fortuito ou força maior).
Perda da posse (arts. 1223 e 1224 CC)
Considera-se perdida a posse quando cessa o poder que tinha o possuidor sobre o vem. Motivos: abandono (ato voluntário), tradição (transferência da posse), posse por outrem (contra sua vontade – Ex: invasão), destruição da coisa e pelo constituto possessório.
No caso de esbulho, só se considera perdida a posse para o esbulhado que não presenciou o esbulho quando, tendo conhecimento do fato, se mantém inerte ou, ao tentar recuperar a coisa, é violentamente repelido.
Constituto Possessório
É uma modalidade de transmissão ficta da posse, ou seja, não há a efetiva tradição da coisa. Perfaz-se por via contratual. Para se evitar o ônus da tradição e conseqüente aquisição da posse de bem móvel ou imóvel, o alienante a transfere por meio de uma cláusula contratual, denominada cláusula constituti, a qual converte o adquirente em possuidor (mesmo que nunca tenha exercido atos de posse direta sobre o bem). → Ex: ‘A’ compra um imóvel, devidamente registrado, porém não tem intenção de ocupá-lo (e, por isso, será um proprietário não possuidor). Ele poderá mover ação reivindicatória contra eventuais invasores, mas nenhuma das ações possessórias (pq não tem posse). Para evitar este inconveniente, a posse é transferida através da cláusula constituti, a qual legitimará o proprietário de ajuizar ações possessórias, inclusive contra o alienante (que continua a deter o imóvel, mas em nome de quem o adquiriu).
O comprador será carecedor de uma eventual ação possessória ajuizada contra o alienante se não constar no contrato o constituto possessório.
A ação a ser proposta pelo comprador, após já transferida a posse pelo constituto possessório, será a de reintegração de posse (e não imissão de posse), pois configurou-se o esbulho → no caso do alienante se recusar à entrega da coisa.
Propriedade em Geral
Consiste em um direito em que:
Art. 1228 CC – ‘O proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.’
Não há prazo em lei para a propositura de ação reivindicatória, mas suaimprocedência será de rigor, quando o réu da ação provar tempo de posse suficiente para a usucapião.
Características:
I. É um direito absoluto = o proprietário pode utilizar a coisa em toda sua substancia e conforme o bem-estar social
II. É exclusivo = o titular deste direito pode usar, fruir e dispor dele → tem o proprietário direito sobre o solo, espaço aéreo e subsolo (não pertencerão, contudo, as riquezas naturais encontradas, tais como jazidas, recursos minerais e monumentos arqueológicos)
III. É elástico = meus direitos podem diminuir ou aumentar de acordo com o meu uso na propriedade → Ex: se eu cedo meu direito de usar e fruir, somente me restará o direito de dispor e, desta forma, meus direitos terão diminuídos. Neste caso, eu serei a nu-proprietária e a pessoa a usufrutuária.
A função social da propriedade não se restringe ao cuidado de preservar o direito individual ou coletivo, mas também à proteção do meio ambiente; evitando danos à fora, fauna, ao patrimônio histórico, ao ar... Enfim, deve exercer sua função social refletida pelo bem-estar comum.
Descoberta (arts. 1233 a 1237 CC)
Consiste em achar coisa alheia perdida pelo dono. Quem a encontrar (o descobridor) deve devolvê-la ao respectivo dono ou legítimo possuidor. Caso não seja possível, deve ser entregue a uma autoridade competente. Após 60 dias de divulgação, pela imprensa (p. Ex.), se o dono não se apresentar a coisa será vendida em hasta pública. Poderá o Município abandonar a coisa em favor de quem a achou se o seu valor for ínfimo. O descobridor do objeto terá direito a uma recompensa, o achádego, não inferior a 5% do seu valor + a indenização pelas despesas que tenha feito com a conservação e/ou transporte da coisa.
OBS: Ação reivindicatória = ação do dono, que recupera a posse sobre seu bem. Pressupõe documento de propriedade, a prova de que aquele imóvel era meu.
Aquisição da Propriedade Imóvel (arts. 1238 a 1259 CC)
São modalidades de aquisição da propriedade imóvel: usucapião, registro de título, acessão e o direito hereditário.
A usucapião é considerada forma de aquisição originária, porque a transmissão é através de sentença declaratória da usucapião e não por manifestação da vontade; já o registro e o direito hereditário são modos de transmissão derivada, porque exigem um anterior proprietário. Portanto, a aquisição será originária quando não houver relação de causalidade entre o direito do antecessor e o do sucessor. Existindo essa relação, que se dá através da transmissão do bem pelo anterior ao novo proprietário, o modo de aquisição será o derivado.
Aquisição da propriedade pela acessão
Acessão é modo originário de aquisição do domínio, através dos acréscimos ou incorporação, natural ou artificial, de bem inesperadamente. Assim, são acréscimos que a coisa sofre no seu valor ou no volume em razão de elemento externo, normalmente pela natureza. A formação da ilha é considerada uma acrescência aos terrenos ribeirinhos, para dividi-los fraciona-se a ilha dividindo o rio pelo álveo em duas partes, art. 1.248 a 1.250 do CC.
1) ESPÉCIES
1.1) ACESSÃO POR FORMAÇÃO DE ILHAS
Uma Ilha, por definição, é um prolongamento do relevo, estando numa depressão absoluta preenchida por água. Existem quatro tipos principais de ilha: ilhas continentais, ilhas oceânicas, ilhas fluviais e ilhas vulcânicas. Também existem algumas ilhas artificiais. De acordo com Maria Helena Diniz[1], a ilha é um acúmulo paulatino de areia, de cascalho e materiais levados pela correnteza, ou rebaixamento de águas, deixando a descoberto e a seco uma parte do fundo ou do leito.
As águas públicas podem ser de uso comum ou dominicais. As águas públicas de uso comum são: a) os mares territoriais, nos mesmos incluídos os golfos, bahias, enseadas e portos; b) as correntes, canais, lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis; c) as correntes de que se façam estas águas; d) as fontes e reservatórios públicos; e) as nascentes quando forem de tal modo consideráveis que, por si só, constituam o "caput fluminis"; f) os braços de quaisquer correntes públicas, desde que os mesmos influam na navegabilidade ou flutuabilidade. Uma corrente navegável ou flutuável se diz feita por outra quando se torna navegável logo depois de receber essa outra. As correntes de que se fazem os lagos e lagoas navegáveis ou flutuáveis serão determinadas pelo exame de peritos. Não se compreendem na letra b) os lagos ou lagoas situadas em um só prédio particular e por ele exclusivamente cercado, quando não sejam alimentados por alguma corrente de uso comum. A perenidade das águas é condição essencial para que elas se possam considerar públicas, nos termos do artigo precedente. Entretanto para os efeitos deste Código ainda serão consideradas perenes as águas que secarem em algum estio forte. Uma corrente considerada pública, nos termos da letra b) não perde este caráter porque em algum ou alguns de seus trechos deixe de ser navegável ou flutuável, ainda se consideram públicas, de uso comum todas as águas situadas nas zonas periodicamente assoladas pelas secas, nos termos e de acordo com a legislação especial sobre a matéria. São públicas dominicais todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não forem do domínio público de uso comum, ou não forem comuns. As águas comuns são as correntes não navegáveis ou flutuáveis e de que essas não se façam.
As águas particulares são as nascentes e todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não estiverem classificadas entre as águas comuns de todos, as águas públicas ou as águas comuns.
Desta forma, são bens da União os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais, bem como as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II, e ainda, o mar territorial (art. 20, da CF).
Desta forma, aponta Maria Helena Diniz[2] que somente interessam ao Direito Civil as ilhas formadas em rios não navegáveis ou particulares, por pertencerem ao domínio particular.
A ilha é a aquisição do domínio pelo acréscimo ou incorporação de bem inesperado. Pode ser pela acessão natural (art. 1.249, CC).
“Art. 1.249. As ilhas que se formarem em correntes comuns ou particulares pertencem aos proprietários ribeirinhos fronteiros, observadas as regras seguintes:
I - as que se formarem no meio do rio consideram-se acréscimos sobrevindos aos terrenos ribeirinhos fronteiros de ambas as margens, na proporção de suas testadas, até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais;
II - as que se formarem entre a referida linha e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado;
III - as que se formarem pelo desdobramento de um novo braço do rio continuam a pertencer aos proprietários dos terrenos à custa dos quais se constituíram.”
As regras também constam dos artigos 23 a 25 do Código das Águas dispõe que:
“Art. 23. As ilhas ou ilhotas, que se formarem no álveo de uma corrente, pertencem ao domínio público, no caso das águas públicas, e ao domínio particular, no caso das águas comuns ou particulares.
§ 1º Se a corrente servir de divisa entre diversos proprietários e elas estiverem no meio da corrente, pertencem a todos esses proprietários, na proporção de suas testadas até a linha que dividir o álveo em duas partes iguais.
§ 2º As que estiverem situadas entre esta linha e uma das margens pertencem, apenas, ao proprietário ou proprietários desta margem.
Art. 24. As ilhas ou ilhotas, que se formarem, pelo desdobramento de um novo braço de corrente, pertencem aos proprietários dos terrenos, a custa dos quais se formaram.
Parágrafo único. Se a corrente, porém, énavegável ou flutuável, eles poderão entrar para o domínio público, mediante prévia indenização.
Art. 25. As ilhas ou ilhotas, quando de domínio público, consideram-se coisas patrimoniais, salvo se estiverem destinadas ao uso comum.”
Para uma melhor compreensão do assunto e seguindo o método de Maria Helana Diniz[3] e Flávio Tartuce e José Fernando Simão[4] optamos por elaborar gráficos sobre o assunto, de forma a evitar confusão:
A) Ilhas formadas no meio do rio cuja margem é de proprietários diferentes: 
B) As ilhas formadas entre o meio do rio e uma das margens consideram-se acréscimos aos terrenos ribeirinhos fronteiros desse mesmo lado:
 
C) As ilhas, que se formarem, pelo desdobramento de um novo braço de corrente, pertencem aos proprietários dos terrenos, a custa dos quais se formaram
 
1.2) ACESSÃO POR FORMAÇÀO DE ALUVIÃO
É o acréscimo lento formado nas margens dos rios, que importa em aquisição para o proprietário do imóvel, segundo o princípio do “o acessório segue o principal”, trata-se no caso de aluvião decorrente de fato natural.
“Art. 1.250. Os acréscimos formados, sucessiva e imperceptivelmente, por depósitos e aterros naturais ao longo das margens das correntes, ou pelo desvio das águas destas, pertencem aos donos dos terrenos marginais, sem indenização.
Parágrafo único. O terreno aluvial, que se formar em frente de prédios de proprietários diferentes, dividir-se-á entre eles, na proporção da testada de cada um sobre a antiga margem.”
O Código das Águas prevê:
“Art. 17. Os acréscimos por aluvião formados as margens das correntes comuns, ou das correntes públicas de uso comum a que se refere o art. 12, pertencem aos proprietários marginais, nessa Segunda hipótese, mantida, porém, a servidão de trânsito constantes do mesmo artigo, recuada a faixa respectiva, na proporção do terreno conquistado.
Parágrafo único. Se o álveo for limitado por uma estrada pública, esses acréscimos serão públicos dominicais, com ressalva idêntica a da última parte do § 1º do artigo anterior.
Art. 18. Quando a "aluvião" se formar em frente a prédios pertencentes a proprietários diversos, far-se-á a divisão entre eles, em proporção a testada que cada um dos prédios apresentava sobre a antiga margem.”
Desta forma, podemos classificar a aluvião como própria, onde ocorre o acréscimo paulatino, de forma sucessiva e imperceptível as margens de um curso de água, ou seja, o acréscimo ocorre em decorrência do acumulo de terra. Já aluvião imprópria, decorre do afastamento das águas de um curso, ou seja, as águas do rio se afastam, de forma gradativa e imperceptível.
Caso ocorra aluvião seja na modalidade própria ou imprópria em frente a prédios pertencente aos proprietários diversos, far-se-á divisão entre eles, em proporção a testada e que cada um dos prédios apresentava sobre a antiga margem 
a) Aluvião própria
b) Aluvião imprópria
 
1.3) ACESSÃO POR FORÇA AVULSÃO
É desmembramento súbito por força da corrente de água, que desfigura o imóvel tornando-o total ou parcialmente impróprio para o uso. Neste caso o dono poderá reclamar indenização, no prazo decadencial de um ano, não havendo a possibilidade de remoção (art. 1.251, CC).
“Art. 1.251. Quando, por força natural violenta, uma porção de terra se destacar de um prédio e se juntar a outro, o dono deste adquirirá a propriedade do acréscimo, se indenizar o dono do primeiro ou, sem indenização, se, em um ano, ninguém houver reclamado.
Parágrafo único. Recusando-se ao pagamento de indenização, o dono do prédio a que se juntou a porção de terra deverá aquiescer a que se remova a parte acrescida.”
O Código das Águas prevê:
“Art. 19. Verifica-se a "avulsão" quando a força súbita da corrente arrancar uma parte considerável e reconhecível de um prédio, arrojando-a sobre outro prédio.
Art. 20 O dono daquele poderá reclamá-lo ao deste, a quem é permitido optar, ou pelo consentimento na remoção da mesma, ou pela indenização ao reclamante.
Parágrafo único. Não se verificando esta reclamação no prazo de um ano, a incorporação se considera consumada, e o proprietário prejudicado perde o direito de reivindicar e de exigir indenização.
Art. 21. Quando a "avulsão" for de coisa não susceptível de aderência natural, será regulada pelos princípios de direito que regem a invenção.
Art. 22. Nos casos semelhantes, aplicam-se à "avulsão" os diapositivos que regem a "aluvião".
A avulsão só se verifica quando se tratar de ma porção de terra. Demais objetos porventura destacados de um imóvel e lavados a força violenta a outro terreno, sem aderência ao prédio, são considerados coisas perdidas, devendo o proprietário restituí-las, aplicando-se as normas relativas à descoberta. Se o acréscimo for realizado por intervenção humana, adotar-se-ão as regras relativas às acessões artificiais.
1.4) ACESSÃO POR ABANDONO DE ÁLVEO
Vale dizer, apropriar-se do leito de um rio que se secou, que pertencerá aos proprietários ribeirinhos. Se o rio retornar ao leito antigo, recompor-se-á a situação anterior (art. 1.252, CC).
“Art. 1.252. O álveo abandonado de corrente pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham indenização os donos dos terrenos por onde as águas abrirem novo curso, entendendo-se que os prédios marginais se estendem até o meio do álveo.”
O Código das Águas prevê:
“Art. 9º Álveo é a superfície que as águas cobrem sem transbordar para o solo natural e ordinariamente enxuto.
Art. 10. O álveo será público de uso comum, ou dominical, conforme a propriedade das respectivas águas; e será particular no caso das águas comuns ou das águas particulares.
§ 1º Na hipótese de uma corrente que sirva de divisa entre diversos proprietários, o direito de cada um deles se estende a todo o comprimento de sua testada até a linha que divide o álveo ao meio.
§ 2º Na hipótese de um lago ou lagoa nas mesmas condições, o direito de cada proprietário estender-se-á desde a margem até a linha ou ponto mais conveniente para divisão equitativa das águas, na extensão da testada de cada quinhoeiro, linha ou ponto locados, de preferência, segundo o próprio uso dos ribeirinhos.
Art. 26. O álveo abandonado da corrente pública pertence aos proprietários ribeirinhos das duas margens, sem que tenham direito a indenização alguma os donos dos terrenos por onde as águas abrigarem novo curso.
Parágrafo único. Retornando o rio ao seu antigo leito, o abandonado volta aos seus antigos donos, salvo a hipótese do artigo seguinte, a não ser que esses donos indenizem ao Estado.
Art. 27. Se a mudança da corrente se fez por utilidade pública, o prédio ocupado pelo novo álveo deve ser indenizado, e o álveo abandonado passa a pertencer ao expropriante para que se compense da despesa feita.”
Não se pode confundir o álveo abandonado, em que o rio seca, com a aluvião imprópria, em que parte do álveo descobre-se em razão de um desvio no curso das águas. Deve originar-se de forças naturais, pois, se oriundo de  motivo de utilidade pública passa a pertencer a posse do álveo abandonado à pessoa de Direito Público que houver desapropriado, indenizando-se aquele que perdeu suas terras, nos moldes de uma desapropriação indireta, no entanto, por se tratar de um acontecimento natural, os donos dos terrenos por onde o rio inaugurar novo curso não terão direito a indenização.
Jurisprudência:
“1) Recurso especial. Ausência de prequestionamento. Não-configurado o imprescindível confronto analítico. Legitimidade da municipalidade para a propositura de reintegração de posse. Álveo abandonado. Faixa de servidão administrativa. Ausência de impugnação oportuna. Art. 27 do código de águas. Modificação do curso do leito do rio tietê. Aquisição da propriedade como forma de compensar o prejuízo decorrente da expropriação do prédio por onde passa o novo curso.
Vale salientar que o recurso especial tão-somente merece ser conhecido em relação a alínea "a" do permissivo constitucional, em face da pretensa violação dos artigos 26, 27, 29 e 31 do Decreto-lei n. 24.643/34 – Código de Águas.
É oportuno esclarecer que o bem imóvel em questãositua-se na avenida Embaixador Macedo Soares, junto à via de acesso da ponte da Freguesia do Ó, zona oeste de São Paulo (fl. 300). Trata-se, em verdade, de uma área que mede 660,00 m2, , a qual se superpõe em parte "sobre o antigo álveo do Rio Tietê em 196,00 m2, e outra parte sobre a faixa de servidão administrativa de 15m de largura em 464,00 m2" (fls. 305/307).
A teor do que restou consignado na v. sentença, "de acordo com a documentação juntada com a petição inicial, bem como com os documentos juntados às fls. 462 e seguintes e, ainda, com o laudo do perito judicial, foi a Municipalidade de São Paulo que retificou o antigo leito do Rio Tietê" (fls. 729 e 772).
A simples alteração do curso do Rio Tietê não tem a virtude de alterar a natureza da faixa de servidão administrativa constituída sobre propriedade particular, a qual foi instituída em prol do poder público.
Não constam dos autos elementos que possam indicar que a área onde atualmente subsiste a servidão administrativa, identificada pela natureza jurídica de terreno reservado, foi objeto de desapropriação, com a correspectiva indenização do proprietário.
Esse fato, de per se, culmina com a impossibilidade de o ente público promover reintegração de posse de área compreendida por servidão administrativa.
Em momento algum do processo, no entanto, essa questão foi suscitada, ou seja, não se verificou que a municipalidade pugna pela reintegração de posse de uma faixa de servidão administrativa, cuja propriedade indubitavelmente é privada e a posse exercida pela recorrida desde longa data.
Diante desses fatores, tampouco na via especial poderá ser apreciado tal aspecto, ainda que envolva uma das condições da ação, porquanto ausente o imprescindível prequestionamento da matéria (AGA 199.033/RJ, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 08.03.2000) 
A partir das informações supra esposadas, é possível concluir que, por mais que as águas públicas de uso comum – como o é o Rio Tietê –, bem como o seu álveo, pertençam aos Estados quando percorram parte dos territórios de dois ou mais Municípios (artigo 29, II, "b", do Código de Águas), constata-se que o Município de São Paulo também possui a propriedade de alguns terrenos ribeirinhos desapropriados, permutados ou decorrentes de álveos abandonados.
À guisa de reforço no que tange à legitimidade da Municipalidade para propor ação de reintegração de posse, cabe asseverar que o saudoso Ministro Evandro Lins e Silva, desde meados da década de 60, já preconizava que os "terrenos marginais do rio Tietê pertencem à municipalidade de São Paulo" (AI 31.535/SP, Rel. Min. Evandro Lins e Silva, DJ 04.12.1964, p. 284). Não-impugnada oportunamente a matéria referente à reintegração de posse da faixa de servidão administrativa, associada a circunstância de a municipalidade estar investida da natureza de proprietária do álveo abandonado, é imperioso asseverar que a pretensão recursal resta integralmente prejudicada.
Mediante o enfoque concedido à segunda premissa, ou seja, considerando-se que a Municipalidade teria o direito à propriedade do álveo como forma de ressarcir-se do prejuízo sofrido com a expropriação do prédio por onde passa o novo curso do Tietê, tampouco merece reparo o acórdão recorrido.
Conheço em parte do recurso especial e, na parte conhecida, nego-lhe provimento.[5]
2) Processo Civil. Agravo no Recurso Especial. Ação de divisão. Desvio do curso do rio. Utilidade pública. Álveo abandonado. Propriedade do Estado. Código de Águas, art. 27. Litigância de má-fé. Atentado àverdade dos fatos. Reexame de prova. Prova do prejuízo e julgamento extra petita. Prequestionamento. Ausência. - Se o rio teve seu curso alterado por ingerência do Poder Público, e não por fato exclusivo da natureza, pertence ao expropriante a fração de terra correspondente ao álveo abandonado. - É inadmissível o recurso especial na parte em que dependa de reexame de prova e se  não houve o prequestionamento do direito tido por violado. - Agravo no recurso especial a que se nega provimento.” [6]
 
1.5) ACESSÃO POR CONSTRUÇÕES E PLANTAÇÕES ou ACESSÕES ARTIFICIAIS
São decorrentes de conduta humana e podem ser móvel e imóvel. Se imóvel próprio é considerada como benfeitoria, se imóvel alheio é considerada mera acessão ou coisa, p.ex: plantação, semeadura (art. 1.253 a 1.257, CC).
Conceito de acessões artificiais (art.s 1.253 a 1.259, CC): Resultam de trabalho humano, como plantações e construções (art. 1.248, V, CC), tendo caráter oneroso e submete-se à regra de que tudo aquilo que se incorpora ao bem, em razão de uma ação qualquer, cai sob o domínio do seu proprietário ante a presunção juris tantum, contida no art. 1.253, do CC.
Diferença entre acessões artificiais e benfeitorias reside no fato de que as acessões artificiais são obras que criam uma coisa nova e que se aderem à propriedade anteriormente existente e as benfeitorias são as despesas feitas com a coisa, ou obras feitas na coisa, com o fito de conservá-la, melhorá-la ou embelezá-la. A acessão artificial é a aquisição de uma coisa nova pelo proprietário dela. Não constitui uma acessão a conservação de plantações já existentes, pela substituição de algumas plantas mortas. Esse caso é uma benfeitoria, por não haver nenhuma alteração na substância e na destinação da coisa. Se fizermos um pomar em terreno alheio, onde nada havia anteriormente, teremos uma acessão por plantação, que se caracteriza pela circunstância de produzir uma mudança, ainda que vantajosa, no destino econômico do imóvel, alterando sua substância. Além disso, na acessão, a boa-fé é elemento imprescindível para que haja indenização; na benfeitoria ela é irrelevante, quando se trata de benfeitoria necessária. Na benfeitoria há, até certo ponto, uma característica de gestão de negócio, onde se faz presente o princípio da solidariedade humana e do não locupletamento. Na acessão o possuidor visa o seu próprio interesse, sem se preocupar com o do proprietário. O art. 1.219, do CC, admite a retenção para as benfeitorias necessárias ou úteis, tendo por fundamento a posse jurídica. Nada há em nosso sistema jurídico que permita o direito de retenção por acessão, em razão de ressarcimento. A título de conclusão e para desmistificar esta celeuma, Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald, tecem as seguintes considerações:
“Acessões artificiais e benfeitorias são institutos que não se confundem. As benfeitorias são incluídas na classe das coisas acessórias (art. 96, CC), conceituadas como obras e despesas feitas em coisas alheias para conservá-las (necessárias), melhorá-las (úteis), embelezá-las (voluptuárias). Já as acessões artificiais inserem-se entre os modos de aquisição da propriedade imobiliária, consistindo em obras que criam coisas novas, aderindo à propriedade preexistente.”[7]
 Toda construção ou plantação existente em um terreno presume-se feita pelo proprietário e à sua custa, até que se prove o contrário. Assim, aquele que semeia, planta ou edifica em terreno próprio com sementes, plantas ou materiais alheios, adquire a propriedade destes; mas fica obrigado a pagar-lhes o valor, além de responder por perdas e danos, se agiu de má-fé.
Marco Aurélio Viana demonstra que o mais adequado seria o dono dos materiais pudesse reivindicá-los, mas por uma questão de política legislativa e necessidade de manutenção do equilíbrio das relações sociais, a aquisição beneficiara o dono do terreno, estando-se os transtornos da destruição da coisa, que nada beneficiaria o prejudiciado, já que não haverá mais identidade entre o que o dono perdeu e o que poderá recuperar. Portanto, só se poderá reivindicar os bens do dono do terreno antes do momento que ele incorpore ao seu solo[8]. O Enunciado nº 81, da 1ª Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho Federal de Justiça, prevê que “o direito de retenção previsto no art. 1.219 do CC, decorrente da realização de benfeitorias necessárias e úteis, também se aplica às acessões (construções e plantações) nas mesmas circunstâncias”.
Imagine-se o seguinte exemplo: alguém estáguardando, por ato de amizade, cimento de parente em sua garagem. Certo dia, essa pessoa utiliza o cimento e constrói em sua casa um canil. No caso em questão o sujeito terá a propriedade do que foi construído, mas por obvio terá que pagar ao amigo o cimento, sem prejuízo dos danos, pois claramente agiu de má-fé, pois o sujeito que guardava o cimento sabia claramente que cimento não era seu, havendo desrespeitado à boa-fé subjetiva, surgindo daí a responsabilidade civil, já que a má-fé induz a culpa.
Aquele que semeia, planta ou edifica em terreno alheio perde, em proveito do proprietário, as sementes, plantas e construções; se procedeu de boa-fé, terá direito a indenização. Se a construção ou a plantação exceder consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Imaginemos o seguinte exemplo: alguém planta um pomar em terreno alheio, onde nada havia anteriormente, temos uma acessão por plantação, que se caracteriza pela circunstância de produzir uma mudança, ainda que vantajosa, no destino econômico do imóvel alterando sua substancia, caso o sujeito se encontre de boa-fé, em virtude do consentimento tácito do dono da terra, passará a ter direito a indenização, Caso a plantação exceda consideravelmente o valor do terreno, aquele que, de boa-fé, plantou ou edificou, adquirirá a propriedade do solo, mediante pagamento da indenização fixada judicialmente, se não houver acordo. Neste último caso, Marco Aurélio Bezerra Melo e Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald denominam de acessão invertida ou inversa[9], onde a plantação ou a construção passa a ser considerada como bem principal e o bem imóvel se torna o acessório.
Jurisprudência:
“Realizada no bem constrito (terreno). Indivisibilidade. Acessão artificial. Artigo 1255 do Código Civil. 1. A circunstância de a propriedade do terreno ser da empresa devedora e a propriedade da edificação ser dos embargantes constitui hipótese de condomínio indivisível. De regra, verificada acessão (edificação) realizada no bem constrito (terreno), este passa a ter a condição de indivisível, devendo ser reservado valor correspondente à parcela do co-proprietário sem olvidar direito de preferência do mesmo na aquisição do bem.
2. In casu, como há acessão de boa-fé, e para evitar prejuízo a eventual arrematante, o qual, provavelmente, estará sujeito à discussão judicial em relação ao artigo 1255, "caput" e parágrafo único do Código Civil, o leilão do imóvel (terreno) somente poderá ser levado a leilão após dirimida, nas vias apropriadas, a controvérsia acerca da acessão artificial.
3. Apelação parcialmente provida.”[10]
No entanto, se de ambas as partes houve má-fé, adquirirá o proprietário as sementes, plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões. Presume-se má-fé no proprietário, quando o trabalho de construção, ou lavoura, se fez em sua presença e sem impugnação sua. Aplica-se ao caso de não pertencerem as sementes, plantas ou materiais a quem de boa-fé os empregou em solo alheio. O proprietário das sementes, plantas ou materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida, quando não puder havê-la do plantador ou construtor. Imaginemos o seguinte exemplo: Após o matrimônio, o casal José e Maria delibere por edificar no fundo do terreno de Antonio, pai de José, tempos depois, o casal veio a separar-se, a Maria não terá deferida a propriedade do imóvel, pois este pertencerá a seu sogro Antonio, titular do solo. Todavia, Maria poderá pleitear indenização calculada sobre 50% do valor da acessão, uma vez que o proprietário Antonio obrou de má-fé, ao permitir a construção em seu terreno.
Se a construção, feita parcialmente em solo próprio, invade solo alheio em proporção não superior à vigésima parte deste, adquire o construtor de boa-fé a propriedade da parte do solo invadido, se o valor da construção exceder o dessa parte, e responde por indenização que represente, também, o valor da área perdida e a desvalorização da área remanescente. Pagando em décuplo as perdas e danos previstos neste artigo, o construtor de má-fé adquire a propriedade da parte do solo que invadiu, se em proporção à vigésima parte deste e o valor da construção exceder consideravelmente o dessa parte e não se puder demolir a porção invasora sem grave prejuízo para a construção.
O Enunciado nº 318, da 4ª Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho Federal de Justiça, prevê que “o direito à aquisição da propriedade do solo em favor do construtor de má-fé (art. 1.258, parágrafo único) somente é viável quando, além dos requisitos explícitos previstos em lei, houver necessidade de proteger terceiros de boa-fé”.
Se o construtor estiver de boa-fé, e a invasão do solo alheio exceder a vigésima parte deste, adquire a propriedade da parte do solo invadido, e responde por perdas e danos que abranjam o valor que a invasão acrescer à construção, mais o da área perdida e o da desvalorização da área remanescente; se de má-fé, é obrigado a demolir o que nele construiu, pagando as perdas e danos apurados, que serão devidos em dobro.
1.6) ACESSÃO NATURAL DE ANIMAIS
Quando o animal doméstico volta ou passa a viver em outra propriedade, passa aquele proprietário a deter o direito sobre ele, sendo que o semovente voltou à condição de res nullius. Nosso Código não trata tal matéria.[11
Propriedade móvel: formas de aquisição
O Código de 2002 disciplina 6 modos de aquisição da propriedade móvel: a usucapião, a ocupação, o achado do tesouro, a tradição, a especificação e a confusão. Juntamente com a última, trata também da comistão e da adjunção.
Tais formas de aquisição serão abordadas nos itens seguintes.
Da usucapião
Assim como os bens imóveis, os bens móveis também podem ser adquiridos através da usucapião. Porém a usucapião de coisas móveis não apresenta a mesma importância da imóveis, e com isso o Código Civil apresenta prazos mais reduzidos para a primeira.
Quando a pessoa possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente, durante três anos, com justo título e boa-fé, passa a ter a propriedade da coisa, conforme determina o artigo 1260 do Código Civil.
Esse prazo de três anos se dá pois se trata de uma espécie de usucapião ordinária. Na extraordinária, o prazo muda para cinco anos, porém mesmo que não tenha justo título e boa-fé, produzirá usucapião.
O princípio que norteia a usucapião dos móveis é o mesmo que inspira a usucapião dos imóveis, isto é, intuito de emprestar juridicidade a situações de fato que se alongaram no tempo.
Da ocupação
Carlos Roberto Gonçalves em sua doutrina de Direitos Reais "Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas", 3a. edição., volume.5 São Paulo, Editora Saraiva, define ocupação como sendo o modo originário de aquisição de bem móvel que consiste na tomada de posse de uma coisa sem dono, com a intenção de se tornar seu proprietário.
Através da definição dada por Gonçalves, é importante saber o que são coisas sem dono. De acordo com ele, coisas sem dono são as coisas de ninguém ( res nullius ) ou as abandonadas (res derelicta).
É importante lembrar que o abandono não se presume, devendo resultar claramente da vontade do proprietário de se despojar do que lhe pertence, ou seja, é importante analisar o fato concreto para saber se o proprietário quis realmente se desfazer do objeto.
As modalidades mais comuns de ocupação são a caça e a pesca.
Do achado do tesouro
O Código Civil denomina tesouro o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, conforme podemos ver no artigo 1264 do aludido diploma:
“O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente”
Tal dispositivo deixa claro que caso seja achado em prédio alheio, o tesouro deverá ser dividido entre o proprietário deste e o que achar casualmente. Caso o dono da propriedade tenha ordenado a busca pelotesouro, ficará ele com a totalidade do tesouro. Também ocorrerá caso o tesouro seja achado por terceiro não autorizado.
Da tradição
Para Carlos Roberto Gonçalves, tradição consiste na entrega da coisa do alienante ao adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio, em complementação do contrato. Com essa entrega, torna-se pública a transferência.
De acordo com o art. 1.267 do Código Civil, “a propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição”. Sendo assim, a tradição mostra-se de suma importância na aquisição de bens móveis.
A tradição pode ser real, simbólica ou ficta. Será real quando a coisa for realmente entregue a outra pessoa. Por exemplo: quando a pessoa vai até uma loja, e compra um sapato, e este é entregue à compradora.
Será tradição simbólica quando um ato simbolizar a entrega da coisa. Por exemplo: quando em programa de televisão, ao ganhar um carro, o apresentador entrega as chaves ao ganhador.
A tradição ficta é aquela que a pessoa que já tinha a posse direta da coisa torna-se proprietário. Exemplo: depositário fiel, que é possuidor direto da coisa, torna-se proprietário.
Apesar da grande importância da tradição, há hipóteses especiais em que ela é dispensada, como especifica J.M de Carvalho Santos, em sua obra “ Código Civil Brasileiro Interpretado, Volume XX, Editora: Livraria Freitas Bastos:
a) na abertura da sucessão legítima, ou testamentária aos herdeiros e legatários da coisa certa;
b) na celebração do casamento realizado sob regime de comunhão universal, em que a transferência do domínio efetua-se independentemente de tradição, em virtude da solenidade inerente a esse ato;
c) por força dos pactos antenupciais, a contar da data do casamento, ao cônjuge adquirente;
d) no caso de contrato de sociedade de todos os bens, em que a transferência se opera com a assinatura do referido contrato, entendendo-se haver a tradição tácita;
e) idem na sociedade particular, em que a transferência se opera com a simples aquisição dos bens comunicáveis.
Carlos Roberto Golçalves termina o estudo de tal modalidade lembrando que “sendo a tradição ato complementar do negócio jurídico, para que gere o seu principal efeito, que é a transferência do domínio, necessário se torna que o negócio em tela seja válido. Se este é invalido, a tradição que nele se apóia não pode, tampouco, ganhar eficácia.”
Da especificação
Especificação constitui forma de aquisição da propriedade móvel, que ocorre mediante atividade de uma pessoa em determinada matéria prima, obtendo, por seu trabalho, espécie nova. Esta será do especificador, se matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder restituir à forma anterior.
Assim dispõe o artigo 1269 do Código Civil:
“Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.”
Quando a matéria não for do especificador, e não for possível restituir à forma anterior, a solução dependerá da boa ou má-fé do especificador. Assim diz o artigo 1270 do Código Civil: “se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir a forma procedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova”. Porém “se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria prima” (§1º).
Todavia, quando a coisa exceder consideravelmente o valor da matéria prima, ainda que de má-fé, a propriedade pertencerá ao especificador, que deverá indenizar o valor da matéria prima e pagar eventuais perdas e danos.
Da confusão, da comistão e da adjunção
A ilustre civilista Maria Helena Diniz, em sua obra “Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas”, 22ª edição, São Paulo: Ed. Saraiva, 2007, p.315. , discorre que “quando as coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclarem de tal forma que seria impossível separá-las, tem-se: a confusão, se a mistura se der entre coisas liquidas (p.ex., gasolina e álcool, vinho e guaraná); a comistão, se der entre coisas secas ou sólidas (p.ex., mistura de grãos de café tipo A com os do tipo B ou de trigo com glúten). Quando, tão-somente, houver uma justaposição de uma coisas a outra (p.ex., vaso contendo decalque alheio; peça de roupa de um com estampa de outrem) que não mais se torne possível destacar a acessória da principal, sem deterioração, dá-se adjunção.”
Em resumo, trata-se de confusão a mistura de coisas líquidas; comistão, a mistura de coisas sólidas ou secas; e adjunção, a justaposição de uma coisa a outra.
A espécie nova pertencerá aos donos da matéria-prima, cada qual com sua parte proporcional ao valor do seu material.
Quando uma das coisas puder ser considerada principal em relação a outra, a propriedade da espécie nova será atribuída ao dono da coisa principal, tendo este a obrigação de indenizar os outros.
Estas disposições vigem na presunção da boa-fé das partes. Se a confusão, a comistão ou a adjunção se derem devido a má-fé de uma das partes, pode a outra escolher entre guardar o todo, pagando a porção que não for sua, ou então renunciar a parte que lhe pertence, mediante indenização completa.
O Código de 2002 disciplina 6 modos de aquisição da propriedade móvel: a usucapião, a ocupação, o achado do tesouro, a tradição, a especificação e a confusão. Juntamente com a última, trata também da comistão e da adjunção.
Tais formas de aquisição serão abordadas nos itens seguintes.
Da usucapião
Assim como os bens imóveis, os bens móveis também podem ser adquiridos através da usucapião. Porém a usucapião de coisas móveis não apresenta a mesma importância da imóveis, e com isso o Código Civil apresenta prazos mais reduzidos para a primeira.
Quando a pessoa possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente, durante três anos, com justo título e boa-fé, passa a ter a propriedade da coisa, conforme determina o artigo 1260 do Código Civil.
Esse prazo de três anos se dá pois se trata de uma espécie de usucapião ordinária. Na extraordinária, o prazo muda para cinco anos, porém mesmo que não tenha justo título e boa-fé, produzirá usucapião.
O princípio que norteia a usucapião dos móveis é o mesmo que inspira a usucapião dos imóveis, isto é, intuito de emprestar juridicidade a situações de fato que se alongaram no tempo.
Da ocupação
Carlos Roberto Gonçalves em sua doutrina de Direitos Reais "Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas", 3a. edição., volume.5 São Paulo, Editora Saraiva, define ocupação como sendo o modo originário de aquisição de bem móvel que consiste na tomada de posse de uma coisa sem dono, com a intenção de se tornar seu proprietário.
Através da definição dada por Gonçalves, é importante saber o que são coisas sem dono. De acordo com ele, coisas sem dono são as coisas de ninguém ( res nullius ) ou as abandonadas (res derelicta).
É importante lembrar que o abandono não se presume, devendo resultar claramente da vontade do proprietário de se despojar do que lhe pertence, ou seja, é importante analisar o fato concreto para saber se o proprietário quis realmente se desfazer do objeto.
As modalidades mais comuns de ocupação são a caça e a pesca.
Do achado do tesouro
O Código Civil denomina tesouro o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, conforme podemos ver no artigo 1264 do aludido diploma:
“O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente”
Tal dispositivo deixa claro que caso seja achado em prédio alheio, o tesouro deverá ser dividido entre o proprietário deste e o que achar casualmente. Caso o dono da propriedade tenha ordenado a busca pelo tesouro, ficará ele com a totalidade do tesouro. Também ocorrerá caso o tesouro seja achado por terceiro não autorizado.
Da tradição
Para Carlos Roberto Gonçalves, tradição consiste na entrega da coisa do alienante ao adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio, em complementação do contrato. Com essa entrega, torna-se pública a transferência.
De acordo com o art. 1.267 do Código Civil, “a propriedadedas coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição”. Sendo assim, a tradição mostra-se de suma importância na aquisição de bens móveis.
A tradição pode ser real, simbólica ou ficta. Será real quando a coisa for realmente entregue a outra pessoa. Por exemplo: quando a pessoa vai até uma loja, e compra um sapato, e este é entregue à compradora.
Será tradição simbólica quando um ato simbolizar a entrega da coisa. Por exemplo: quando em programa de televisão, ao ganhar um carro, o apresentador entrega as chaves ao ganhador.
A tradição ficta é aquela que a pessoa que já tinha a posse direta da coisa torna-se proprietário. Exemplo: depositário fiel, que é possuidor direto da coisa, torna-se proprietário.
Apesar da grande importância da tradição, há hipóteses especiais em que ela é dispensada, como especifica J.M de Carvalho Santos, em sua obra “ Código Civil Brasileiro Interpretado, Volume XX, Editora: Livraria Freitas Bastos:
a) na abertura da sucessão legítima, ou testamentária aos herdeiros e legatários da coisa certa;
b) na celebração do casamento realizado sob regime de comunhão universal, em que a transferência do domínio efetua-se independentemente de tradição, em virtude da solenidade inerente a esse ato;
c) por força dos pactos antenupciais, a contar da data do casamento, ao cônjuge adquirente;
d) no caso de contrato de sociedade de todos os bens, em que a transferência se opera com a assinatura do referido contrato, entendendo-se haver a tradição tácita;
e) idem na sociedade particular, em que a transferência se opera com a simples aquisição dos bens comunicáveis.
Carlos Roberto Golçalves termina o estudo de tal modalidade lembrando que “sendo a tradição ato complementar do negócio jurídico, para que gere o seu principal efeito, que é a transferência do domínio, necessário se torna que o negócio em tela seja válido. Se este é invalido, a tradição que nele se apóia não pode, tampouco, ganhar eficácia.”
Da especificação
Especificação constitui forma de aquisição da propriedade móvel, que ocorre mediante atividade de uma pessoa em determinada matéria prima, obtendo, por seu trabalho, espécie nova. Esta será do especificador, se matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder restituir à forma anterior.
Assim dispõe o artigo 1269 do Código Civil:
“Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.”
Quando a matéria não for do especificador, e não for possível restituir à forma anterior, a solução dependerá da boa ou má-fé do especificador. Assim diz o artigo 1270 do Código Civil: “se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir a forma procedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova”. Porém “se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria prima” (§1º).
Todavia, quando a coisa exceder consideravelmente o valor da matéria prima, ainda que de má-fé, a propriedade pertencerá ao especificador, que deverá indenizar o valor da matéria prima e pagar eventuais perdas e danos.
Da confusão, da comistão e da adjunção
A ilustre civilista Maria Helena Diniz, em sua obra “Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas”, 22ª edição, São Paulo: Ed. Saraiva, 2007, p.315. , discorre que “quando as coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclarem de tal forma que seria impossível separá-las, tem-se: a confusão, se a mistura se der entre coisas liquidas (p.ex., gasolina e álcool, vinho e guaraná); a comistão, se der entre coisas secas ou sólidas (p.ex., mistura de grãos de café tipo A com os do tipo B ou de trigo com glúten).
 Quando, tão-somente, houver uma justaposição de uma coisas a outra (p.ex., vaso contendo decalque alheio; peça de roupa de um com estampa de outrem) que não mais se torne possível destacar a acessória da principal, sem deterioração, dá-se adjunção.”
Em resumo, trata-se de confusão a mistura de coisas líquidas; comistão, a mistura de coisas sólidas ou secas; e adjunção, a justaposição de uma coisa a outra.
A espécie nova pertencerá aos donos da matéria-prima, cada qual com sua parte proporcional ao valor do seu material.
Quando uma das coisas puder ser considerada principal em relação a outra, a propriedade da espécie nova será atribuída ao dono da coisa principal, tendo este a obrigação de indenizar os outros.
Estas disposições vigem na presunção da boa-fé das partes. Se a confusão, a comistão ou a adjunção se derem devido a má-fé de uma das partes, pode a outra escolher entre guardar o todo, pagando a porção que não for sua, ou então renunciar a parte que lhe pertence, mediante indenização completa.
O Código de 2002 disciplina 6 modos de aquisição da propriedade móvel: a usucapião, a ocupação, o achado do tesouro, a tradição, a especificação e a confusão. Juntamente com a última, trata também da comistão e da adjunção.
Tais formas de aquisição serão abordadas nos itens seguintes.
Da usucapião
Assim como os bens imóveis, os bens móveis também podem ser adquiridos através da usucapião. Porém a usucapião de coisas móveis não apresenta a mesma importância da imóveis, e com isso o Código Civil apresenta prazos mais reduzidos para a primeira.
Quando a pessoa possuir coisa móvel como sua, contínua e incontestadamente, durante três anos, com justo título e boa-fé, passa a ter a propriedade da coisa, conforme determina o artigo 1260 do Código Civil.
Esse prazo de três anos se dá pois se trata de uma espécie de usucapião ordinária. Na extraordinária, o prazo muda para cinco anos, porém mesmo que não tenha justo título e boa-fé, produzirá usucapião.
O princípio que norteia a usucapião dos móveis é o mesmo que inspira a usucapião dos imóveis, isto é, intuito de emprestar juridicidade a situações de fato que se alongaram no tempo.
Da ocupação
Carlos Roberto Gonçalves em sua doutrina de Direitos Reais "Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas", 3a. edição., volume.5 São Paulo, Editora Saraiva, define ocupação como sendo o modo originário de aquisição de bem móvel que consiste na tomada de posse de uma coisa sem dono, com a intenção de se tornar seu proprietário.
Através da definição dada por Gonçalves, é importante saber o que são coisas sem dono. De acordo com ele, coisas sem dono são as coisas de ninguém ( res nullius ) ou as abandonadas (res derelicta).
É importante lembrar que o abandono não se presume, devendo resultar claramente da vontade do proprietário de se despojar do que lhe pertence, ou seja, é importante analisar o fato concreto para saber se o proprietário quis realmente se desfazer do objeto.
As modalidades mais comuns de ocupação são a caça e a pesca.
Do achado do tesouro
O Código Civil denomina tesouro o depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, conforme podemos ver no artigo 1264 do aludido diploma:
“O depósito antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não haja memória, será dividido por igual entre o proprietário do prédio e o que achar o tesouro casualmente”
Tal dispositivo deixa claro que caso seja achado em prédio alheio, o tesouro deverá ser dividido entre o proprietário deste e o que achar casualmente. Caso o dono da propriedade tenha ordenado a busca pelo tesouro, ficará ele com a totalidade do tesouro. Também ocorrerá caso o tesouro seja achado por terceiro não autorizado.
Da tradição
Para Carlos Roberto Gonçalves, tradição consiste na entrega da coisa do alienante ao adquirente, com a intenção de lhe transferir o domínio, em complementação do contrato. Com essa entrega, torna-se pública a transferência.
De acordo com o art. 1.267 do Código Civil, “a propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição”. Sendo assim, a tradição mostra-se de suma importância na aquisição de bens móveis.
A tradição pode ser real, simbólica ou ficta. Será real quando a coisa for realmente entregue a outra pessoa. Por exemplo: quando a pessoa vai até uma loja, e compra um sapato, e este é entregue à compradora.
Será tradição simbólica quando um ato simbolizara entrega da coisa. Por exemplo: quando em programa de televisão, ao ganhar um carro, o apresentador entrega as chaves ao ganhador.
A tradição ficta é aquela que a pessoa que já tinha a posse direta da coisa torna-se proprietário. Exemplo: depositário fiel, que é possuidor direto da coisa, torna-se proprietário.
Apesar da grande importância da tradição, há hipóteses especiais em que ela é dispensada, como especifica J.M de Carvalho Santos, em sua obra “ Código Civil Brasileiro Interpretado, Volume XX, Editora: Livraria Freitas Bastos:
a) na abertura da sucessão legítima, ou testamentária aos herdeiros e legatários da coisa certa;
b) na celebração do casamento realizado sob regime de comunhão universal, em que a transferência do domínio efetua-se independentemente de tradição, em virtude da solenidade inerente a esse ato;
c) por força dos pactos antenupciais, a contar da data do casamento, ao cônjuge adquirente;
d) no caso de contrato de sociedade de todos os bens, em que a transferência se opera com a assinatura do referido contrato, entendendo-se haver a tradição tácita;
e) idem na sociedade particular, em que a transferência se opera com a simples aquisição dos bens comunicáveis.
Carlos Roberto Golçalves termina o estudo de tal modalidade lembrando que “sendo a tradição ato complementar do negócio jurídico, para que gere o seu principal efeito, que é a transferência do domínio, necessário se torna que o negócio em tela seja válido. Se este é invalido, a tradição que nele se apóia não pode, tampouco, ganhar eficácia.”
Da especificação
Especificação constitui forma de aquisição da propriedade móvel, que ocorre mediante atividade de uma pessoa em determinada matéria prima, obtendo, por seu trabalho, espécie nova. Esta será do especificador, se matéria era sua, ainda que só em parte, e não se puder restituir à forma anterior.
Assim dispõe o artigo 1269 do Código Civil:
“Aquele que, trabalhando em matéria-prima em parte alheia, obtiver espécie nova, desta será proprietário, se não se puder restituir à forma anterior.”
Quando a matéria não for do especificador, e não for possível restituir à forma anterior, a solução dependerá da boa ou má-fé do especificador. Assim diz o artigo 1270 do Código Civil: “se toda a matéria for alheia, e não se puder reduzir a forma procedente, será do especificador de boa-fé a espécie nova”. Porém “se a espécie nova se obteve de má-fé, pertencerá ao dono da matéria prima” (§1º).
Todavia, quando a coisa exceder consideravelmente o valor da matéria prima, ainda que de má-fé, a propriedade pertencerá ao especificador, que deverá indenizar o valor da matéria prima e pagar eventuais perdas e danos.
Da confusão, da comistão e da adjunção
A ilustre civilista Maria Helena Diniz, em sua obra “Curso de Direito Civil Brasileiro – Direito das Coisas”, 22ª edição, São Paulo: Ed. Saraiva, 2007, p.315. , discorre que “quando as coisas pertencentes a pessoas diversas se mesclarem de tal forma que seria impossível separá-las, tem-se: a confusão, se a mistura se der entre coisas liquidas (p.ex., gasolina e álcool, vinho e guaraná); a comistão, se der entre coisas secas ou sólidas (p.ex., mistura de grãos de café tipo A com os do tipo B ou de trigo com glúten). Quando, tão-somente, houver uma justaposição de uma coisas a outra (p.ex., vaso contendo decalque alheio; peça de roupa de um com estampa de outrem) que não mais se torne possível destacar a acessória da principal, sem deterioração, dá-se adjunção.”
Em resumo, trata-se de confusão a mistura de coisas líquidas; comistão, a mistura de coisas sólidas ou secas; e adjunção, a justaposição de uma coisa a outra.
A espécie nova pertencerá aos donos da matéria-prima, cada qual com sua parte proporcional ao valor do seu material.
Quando uma das coisas puder ser considerada principal em relação a outra, a propriedade da espécie nova será atribuída ao dono da coisa principal, tendo este a obrigação de indenizar os outros.
Estas disposições vigem na presunção da boa-fé das partes. Se a confusão, a comistão ou a adjunção se derem devido a má-fé de uma das partes, pode a outra escolher entre guardar o todo, pagando a porção que não for sua, ou então renunciar a parte que lhe pertence, mediante indenização completa.
Aquisição da propriedade móvel 
1 - Tradição    
2 – Ocupação 
3 - Achado do tesouro
4 – Especificação
5 - Confusão, comistão e adjunção     
6 - Usucapião de coisa móvel: Aplica-se aos móveis e também aos semoventes (bens suscetíveis de movimento próprio, como um boi, um cavalo, art 82). Esta usucapião de móveis mantem os mesmos fundamentos e requisitos da usucapião de imóveis (vide aula 10). A usucapião de móveis é mais rara e é menor o tempo previsto em lei para sua aquisição tendo em vista a maior importância econômica dos imóveis na nossa vida.  Para os imóveis a usucapião se dá entre cinco e quinze anos, já para os móveis se dá entre três e cinco anos.
Espécies de usucapião móvel: 
a) ordinária: 1260: exige posse, então não é possível a mera detenção do 1198 ou a tolerância do 1208; exige animus domini, o que corresponde ao “como sua” do 1260; “incontestadamente”, que significa mansa, pacífica e pública; também exige justo título e boa-fé, pois o prazo é menor, apenas três anos. b) extraordinária: tem as mesmas exigências da ordinária (posse mansa, pacífica e pública com animus domini) , só que  o prazo é maior, de cinco anos, pois dispensa a boa-fé -1261; esta é a usucapião de móveis que beneficia o ladrão e o descobridor de coisa perdida.  
PERDA DA PROPRIEDADE MÓVEL E IMÓVEL 
            O Código Civil disciplina separadamente a aquisição dos imóveis (capítulo 2) da aquisição dos móveis (cap. 3), mas a perda da propriedade é tratada num único capítulo, tanto para os móveis como para os imóveis. Em geral, aos modos de aquisição, correspondem modos de perda, pois enquanto uns adquirem, outros perdem (ex: A perde pelo abandono um sofá velho, B pega este sofá e adquire pela ocupação: é o mesmo fenômeno visto de lados opostos). Vejamos os casos:
            a) a morte: o falecido perde a propriedade dos seus bens, que automaticamente se transferem para seus herdeiros; 1784
            b) a usucapião: a usucapião é modo de aquisição para um, e modo de perda para o proprietário desidioso; é o outro lado do mesmo fenômeno.
            c) a dissolução do casamento: veremos isso em Dir. de Família, como o divórcio pode levar à perda de bens (ou aquisição, depende do regime de bens, depende de qual dos cônjuges é mais rico) .
            d) a alienação: é modo voluntário de perda, e a alienação pode ser gratuita (ex: doação) ou onerosa (ex: compra e venda, troca, dação em pagamento).
            e) renúncia: não confundir com abandono que veremos adiante; a renúncia é uma declaração de vontade expressa onde o proprietário afirma que não mais quer aquele bem, mas sem transferi-lo a outrém; a renúncia de imóveis exige escritura pública (108) e registro em cartório (pú do 1275); vide renúncia de herança no 1806 (veremos no 1813  que a renúncia da herança não prejudicar o credor do herdeiro); a renúncia é rara, o mais comum é o simples abandono.
            f) abandono: é um gesto, um comportamento  inequívoco de se desfazer da coisa (obs: os loucos e os menores não podem abandonar, pois não podem dispor de seus bens); atenção para não confundir coisa abandonada (res derelictae) com coisa perdida (res amissa), pois a coisa perdida deve ser devolvida ao dono, já a coisa abandonada pode ser apropriada pela ocupação. As coisas móveis abandonadas não preocupam ao Direito; as semoventes preocupam porque animais soltos pelas ruas/estradas provocam acidentes; as coisas imóveis abandonadas também preocupam ao Direito por causa da função social da propriedade (ver 1276 e §§). Lembrem também que ocupar coisa imóvel abandonada só gera posse
            g) perecimento da coisa: não há direito sem objeto, e o objeto do direito real é a coisa; se a coisa se extingue, perece também o direito real. (ex: anel que cai no mar; terreno que é invadido pelo

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