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UFRJ - DIREITO CIVIL VI - DIREITOS REAIS - USO, USUFRUTO, SUPERFÍCIE E HABITAÇÃO

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Direito de usufruto
- É um direito visto com frequência na prática. A propriedade compreende os poderes de
usar, gozar, fruir, dispor e reivindicar. Quando a pessoa fala que tem usos e frutos, ela remete
a esses dois poderes. Usufruto é o desdobramento dessas faculdades, usar e perceber os
frutos desse bem, receber o aproveitamento econômico desse bem. No usufruto essas
faculdades são entregues aos usufrutuário, que vai ter direito real em coisa alheia, o
proprietário é mantido e fica com os poderes de dispor e reivindicar. Como ele fica só com
esses dois poderes e perde o aproveitamento econômico, esse proprietário é chamado de nu
proprietário. Portanto, as figuras do usufruto são o usufrutuário e o nu proprietário. A
definição é que o direito real de usufruto é o direito de desfrutar um bem alheio como se dele
se fosse próprio, com a obrigação, porém, de lhe conservar a substância (Orlando Gomes).
Um caso comum de usufruto é de pais, principalmente quando estão mais velhos, passam
seu imóvel como doação para os filhos, mas para garantir que vão poder continuar morando
no bem, fazem uma reserva de usufruto para eles, então ficam como usufrutuários e os filhos
como nu proprietários. Essa é uma das utilidades do usufruto.
- Características: a primeira é o desdobramento dos poderes de uso e fruição. A segunda é
do art. 1390 com relação ao objeto, que pode ser tanto um bem móvel quando imóvel,
inclusive pode ser um patrimônio inteiro. A restrição quanto ao objeto, considerando o dever
de conservar a substância, é que não daria para instituir um usufruto em bens consumíveis,
cuja utilização implica necessariamente a sua destruição, alteração da sua substância. O
usufrutuário tem o dever de restituir o bem ao nu proprietário, por isso é incompatível, em
regra. Existe uma possibilidade de usufruto sobre bem consumível, dita no artigo 1392, § 1º,
CC autoriza o usufruto de bens consumíveis quando forem bens acessórios ao bem principal,
este que será sempre inconsumível. O CC antigo permitia o quase usufruto, podendo
irrestritamente instituir o usufruto de bem consumível, porém não era propriamente um
usufruto, pois havendo a restituição após a destruição, o usufruto na verdade era de um bem
diverso. A classificação dos bens não é estática, tem que ver a função que o bem exerce in
concreto para saber o que ele é, por exemplo, na classificação de bem fungível e infungível,
um bem pode ser os dois, dependendo da situação, como um livro (se tiver autografado, é
infungível, mas no geral pode ser fungível, não há uma classificação exata). Um outro bem
que há isso é um animal, que pode ser utilizado para algum fim, sem destruí-lo, ou pode virar
comida. Se eu dou em usufruto um imóvel que é uma família, no qual há um gado de corte,
entrego toda propriedade para usufruto de tudo, o gado que estiver nesse imóvel é um bem
acessório, o bem principal é a fazenda. Logo, esse bem acessório é consumível, o usufruto
se estende a ele. Se sobrar algum boi, devo devolver junto com o imóvel. Se algum for
abatido, restituo em dinheiro ou substituir por outro igual em gênero, quantidade e qualidade.
O raciocínio vai ser o mesmo com bens fungíveis e infungíveis, pois em regra o usufruto
recai em bens infungíveis. O bem fungível quando é entregue a uma pessoa sob o ângulo
dos direitos reais, entrego também a propriedade, dando tudo para a pessoa, devendo ela
restituir o mesmo ou equivalente. Também encontramos na doutrina divergência em relação
ao usufruto sobre bem fungível. Gonçalves e Rosenvald dizem que não há, mas no CC
interpretado do Tepedino ele admite o usufruto em bens fungíveis, utilizando a mesma lógica
dos bens consumíveis. Outra característica é que o direito real de usufruto é intuito personae,
personalíssimo, portanto inalienável e intransmissível. Quem é favorecido não pode vender
esse direito real, transmitir para outra pessoa. Art. 1393 diz isso expressamente. O direito
real é intransmissível, mas o seu exercício pode ceder-se, pode ser objeto de cessão por
meio do direito pessoal (contrato de cessão). Em termos práticos, isso significa que,
compreendendo o uso e fruição, se eu não estou usando e só fruindo, posso estar cedendo o
uso para outra pessoa, como por exemplo um locatário, que não tem um poder dominial pois
não tem um direito real e somente pessoal, com base em um contrato. Essa fruição continua
sendo um direito real do usufrutuário. Não posso alienar o direito completo, o que tá
registrado na matrícula, mas posso permitir o uso por outra pessoa, gratuitamente por via de
comodato, ou onerosamente por meio da locação, o que é chamado de cessão. O direito de
usufruto é sempre temporário, vai durar no máximo o tempo de vida da pessoa, sendo
portanto vitalício não havendo um termo, podendo ser instituído também em favor de pessoa
jurídica, que não tem um momento de morte, mas diz o artigo 1410, III que dura no máximo
30 anos. Esse usufruto pode ser renovado, por meio de nova escritura. A razão de ser dessa
limitação, sempre que temos uma propriedade o normal é que sirva para exploração
econômica, então ficar privada desse poder que representam o aproveitamento econômico,
só é admissível se for uma limitação temporária. Se fosse pra sempre, o nu proprietário não
poderia fazer nada. Pode ser gratuito ou oneroso, ou seja, posso exigir uma contrapartida
para instituir o usufruto. O mais comum é ser feito gratuitamente, mas não há impedimento
para ser oneroso. Quando digo que o direito é impenhorável, me refiro ao direito real de
usufruto. É preciso ter cuidado para não confundir. Temos o direito real que é em coisa
alheia, o usufruto, e temos o direito real de propriedade, que é do nu proprietário. Podemos
ter também a cessão ou exercício desse usufruto. Quando é impenhorável, é a consequência
de não ser alienável, não pode ser transferido para terceiros, não pode o direito real ser
tornado de outra pessoa, nem por ato inter vivos ou ordem judicial. Isso não significa que os
frutos advindos do exercícios do usufruto não possam ser penhorados. Então se tenho um
imóvel que rende alugueis, essa renda pode ser penhorada. Se o nu proprietário for o
devedor, o direito real dele é de propriedade, que pode ser penhorado. Porém, havendo um
usufruto nessa propriedade, o valor será menor. Já vai ser registrado na matrícula que há o
usufruto, portanto vai ter que ser respeitado no momento da arrematação da propriedade. O
fato do usufrutuário morar na propriedade é indiferente. A impenhorabilidade recai portanto
só no direito de usufruto, mas eventualmente por dívida do usufrutuário pode ser penhorado
a renda adquirida, e pode ser penhorado também o direito de propriedade. Nesse caso, o
direito de propriedade penhorado não inclui dos direitos de usar e fruir, somente os que
restaram ao nu proprietário (dispor e reivindicar).
- Modos de constituição: há três formas principais. A legal, a lei institui algumas situações em
que há usufruto. Como deriva de lei, e a lei é geral, não preciso de registro, basta comprovar
as situações, não é necessário haver registro. Usufruto dos pais sobre os bens dos filhos
menores enquanto há o poder familiar. Digamos que o filho menor tenha um bem imóvel,
pode ter recebido dos pais ou dos avós, garantia do patrimônio colocando no nome desse
filho. Os pais enquanto estão no exercício do poder familiar, podem por esse imóvel para
alugar, e o que recebem de renda é deles, por força do usufruto. Não é que fica para o pai,
ele só administra a favor do filho. Art, 1889, CC. A segunda hipótese é do cônjuge
administrador, quando duas pessoas casam há reflexos patrimoniais. Dependendo do regime
de bens, alguns bens são dos dois. Pode ser que os cônjuges tenham bens particulares,
como bem que foi adquirido antes do casamento, onerosamente ou gratuitamente. Porém, se
o marido for administrador de todo o patrimônio, inclusive dos particulares, ele vai poder
receber os frutos. Art. 1652. Usufruto de terras indígenas,que é um usufruto constitucional,
os índios tem direito de usufruir dos territórios que estão ocupando. Pode ter usufruto
constituído pela vontade das partes, convencional, também chamado de usufruto voluntário.
Quando esse usufruto é deducto, é o que quem institui não é um instituidor em favor de
terceiro, mas para si mesmo, em favor de si próprio. Não tem consequência jurídica, só muda
o nome. Por fim há o usufruto por usucapião, art. 1391, CC. É um usufruto específico para
bens imóveis. Esse usufruto pode se dar se pensarmos que existe uma escritura pública ou
constituição por contrato pretendo fazer o usufruto mas houve alguma nulidade, havendo
portanto um vício que obsta a constituição. Não há portanto o usufruto, pois o registro é nulo.
Nesse caso, se há o exercício nas regras do usucapião, com o uso prolongado, o usufruto
pode ser adquirido por meio da usucapião. Dependendo de por quanto tempo a pessoa está
no imóvel, pode ser que exigindo-se o justo título não haja o tempo mínimo exigido para
exercer a propriedade, sem que contar que o título no qual houve a nulidade é de usufruto e
não de propriedade, e portanto não havia animus domini, não havia a vontade de exercer a
propriedade.
AULA 04
- O usufruto é sempre temporário. Se eu retiro o aproveitamento econômico bem do
proprietário, se isso for pra sempre, não há razão de ser do usufruto, seria mais fácil entregar
logo a propriedade.
- Direitos e deveres: o direito do usufrutuário se contrapõe a um dever do nu proprietário. O
primeiro direito, que é do usufrutuário, decorre do próprio conceito, que é o direito de ter a
posse e administrar os frutos do bem objeto do usufruto. Art. 1394, CC. Passando ao
próximo ponto, há os frutos naturais e civis, classificação que leva em conta outro bem,
sendo bens reciprocamente considerados. O art. 1396 fala dos frutos naturais. Por exemplo,
quando eu faço uma produção qualquer em um terreno, tenho custos para plantar, então a
partir do dia que começou o usufruto, se tem uma plantação pendente ali, os frutos podem
ser do usufrutuário, ainda que os custos tenham sido feitos pelo nu proprietário. Essa regra é
dispositiva, as partes podem acertar de forma diferente. Porém, se no contrato que constitui
o usufruto não diz, aplica-se o CC, que diz que os frutos naturais a partir do início do usufruto
são do usufrutuário. Em caso de termo do usufruto, havendo frutos pendentes deixados pelo
usufrutuário, o nu proprietário passa a ter direito a esses frutos, ainda que o usufrutuário
tenha arcado com os custos. O CC faz essa compensação. No início os frutos pendentes
ficam para quem pode colher durante sua fruição, que é o usufrutuário, e mesmo depois
quem fica com os frutos pendentes é quem pode colher, que aqui é o nu proprietário. Os
frutos civis estão no art. 1398. Relação com o art. 1215, CC. A gente sempre vai contar os
frutos civis por dia, e aí fica mais fácil entender essa lógica do 1398, que diz que o dia que
começar o usufruto, os frutos civis vencidos no mesmo dia ainda pertencem ao proprietário,
não vai ainda ao usufrutuário, esse só tem direito aos frutos civis do dia em que cessa o
usufruto. Há novamente uma compensação. Se contamos por dia, ainda que o o vencimento
seja mensal, é feito um cálculo proporcional para saber o valor por dia. Exemplo: se eu entro
num imóvel dia 15, mas meu vencimento é dia 5, eu pago aluguel proporcional ao tempo que
ocupei o imóvel. Direitos as crias excedentes é uma regra específica quando se tem um
usufruto recaindo para uma universalidade de fato, uma quantidade, por exemplo, de animais
sendo entregue de usufruto. Pode ser que esteja entregando o imóvel inteiro com esse
rebanho ou somente o rebanho. Não pode em regra fazer usufruto de bem consumível, só se
for acessório ao bem principal para manter a substância do bem. Quando terminar o
usufruto, tudo tem que ser entregue de volta ao nu proprietário. Pensando nessa lógica, essa
regra diz, por exemplo, se eu tenho um gado, nesse período de usufruto, no início tinha 10
cabeças de gado, no curso de usufruto tive uma baixa de 2 animais, depois mais 3 que
nasceram, no total dá 11 animais. Ainda que esses 3 animais tenham sido frutos durante o
usufruto, eu desconto desses 3 os 2 que morreram, então o usufrutuário tem direito a um
animal, pois o nu proprietário por ter entregue 10 animais tem que receber novamente 10
animais. Assim, o usufrutuário tem direito ao excedente. Porém, se só tivessem morrido 2, só
tendo 8 para devolver, o usufrutuário não precisa pagar, a menos que não tenha culpa. Se for
por causa natural, não há indenização, mas se a perda for por culpa do usufrutuário, tem que
pagar. Dever do usufrutuário de não mudar a destinação econômica do bem, art. 1399, CC.
Por exemplo, uma casa residencial não pode virar comercial. Também mudar a destinação
econômica seria mudar a substância do bem. Dever de inventariar e dar caução, art. 1400,
CC. Na prática, não é visto essa exigência de caução e inventário. Todos esses direitos são
negociáveis, portanto, se o nu proprietário não quiser fazer essas exigências, ele pode
renunciar no momento da constituição. O usufrutuário tem o dever de conservar o bem,
restituir da forma como recebeu, então se ele não fizer isso, o nu proprietário pode reter
dessa garantia as despesas para consertar o bem. Esse é o direito, mas na prática pode não
acontecer, desde que o nu proprietário, que é quem se beneficia, abra mão desse direito.
- Despesas: as despesas como vão ser divididas, porque um bem geralmente dá despesas
de conservação, o CC vai dizer como será feita essa repartição. Art. 1403 e 1404, CC. As
despesas ordinárias de conservação, prestações e tributos incubem ao usufrutuário.
Exemplo: IPTU e IPVA são pagos pelo usufrutuário. As despesas extraordinárias incubem ao
dono e as que não forem de custo módico. Exemplo: imóvel em um condomínio → taxas
extras para fazer benfeitoria no prédio, essa despesa é considerada extraordinária, até
porque é periódica, não é uma despesa constante. As despesas não módicas também
devem ser pagas pelo nu proprietário, que são despesas grandes, estão no art. 1404, § 1º.
Se é um imóvel que tá alugado, pego o valor do aluguel, multiplicar por 12, período de 1 ano,
tiro 2/3 desse valor, se for a despesa até esse valor, ela é considerada módica, se for acima
desse valor é não módica, portanto devendo ser paga pelo nu proprietário. Dever de pagar
juros pelo usufrutuário. Caso em que o usufruto recai sobre um patrimônio inteiro. Exemplo:
herança para uma só pessoa, essa pessoa constitui usufruto a um filho, que vai receber toda
a herança. Patrimônio não é só o saldo positivo, incluindo também as dívidas, deve-se pagar
também as despesas desses bens. Art. 1405, CC. Se o patrimônio representa dívidas e
bens, ativo e passivo, tenho que pagar os juros dessas dívidas que compõem esse
patrimônio, ainda que seja um valor maior do que tenho como bens. Exemplo: se eu dou todo
um patrimônio em usufruto, nesse patrimônio pode ter rendimento de alugueis de um imóvel
e dívidas de cartão de crédito. Tem lógica porque não recebe só a dívida, mas também os
bens, arca com o ônus e o bônus. Pagamento do seguro pelo usufrutuário: não tem o dever
de fazer seguro do bem, mas se resolver fazer, tem que arcar com as contribuições. Se já
estava segurado pelo nu proprietário, o usufrutuário assume também o pagamento das
contribuições. Ocorrendo o sinistro, e quem estava pagando era o usufrutuário, o nu
proprietário que recebe a indenização pois a propriedade é dele. O seguro serve para o
usufrutuário não se responsabilizar por eventuais danos, tendo essa vantagem de não arcar
com os prejuízos do evento coberto pelo seguro.
- Extinção do usufruto: o usufruto é sempre temporário, sendo assim tem razões em que
pode ser extinto. Art. 1410, CC. A primeira razão é a renúncia ou morte do usufrutuário. A
renúncia é ato unilateral abdicativo do direito, o usufrutuário pode fazer isso aqualquer
momento sem precisar motivar. Como é um direito real, a renúncia tem que ser feita por
escritura pública e registrada no RGI para fazer esse cancelamento. A outra situação é a
morte do usufrutuário, se o nu proprietário morrer, o usufruto continua, pois os sucessores
são obrigados a continuar respeitando o usufruto. Isso se dá porque é personalíssimo, não é
transmissível, nem por ato inter vivos nem sucessão causa mortis, não gera herança. A outra
hipótese é o termo, que é um evento futuro e certo, sendo portanto uma data específica para
acabar o usufruto. Se não há uma data marcada, termina com a morte do usufrutuário. No
caso da extinção da pessoa jurídica, seria equivalente a morte do usufrutuário, acaba assim
portanto o usufruto. Como a pessoa jurídica não tem exatamente uma morte, a lei impõe um
prazo, se a PJ estiver perdurando , sendo esse o máximo de 30 anos. Mais um hipótese é a
cessação do motivo que origina o usufruto. Se eu invoco um motivo para o usufruto e esse
motivo cessar, o usufruto poderá ser cessado também. Por exemplo, realizo um usufruto
enquanto a pessoa estiver na faculdade, quando ela se formar o usufruto acaba. Pode ter um
motivo designado. A destruição da coisa, em regra, faz extinguir o usufruto. Exemplo:
usufruto sobre um carro, se o carro sofre uma batida que o destroi, em regra, acaba o
usufruto. A ressalva que o CC faz está no artigo 1407, 1408 e 1409 que é a situação da coisa
segurada. Se a coisa estiver segurada e o nu proprietário substituir ou reconstruir a coisa, o
usufruto retorna, é sub-rogado na nova coisa automaticamente. É uma situação em que pode
ou não haver extinção, deve haver excepcionalmente o seguro e a reconstrução. Há a
consolidação, que é uma situação parecida com a servidão. Para ter usufrutuário e nu
proprietário, eles devem ser pessoas distintas, senão haveria uma propriedade plena. Se o
usufrutuário compra a propriedade, ele passa a reunir em si as duas figuras e, portanto, há a
extinção do usufruto. Logo, é a reunião das posições de usufrutuário e nu proprietário na
mesma pessoa. Culpa do usufrutuário: tem obrigação de cuidar do bem como se dele fosse
para restituir, mas se o nu proprietário vê que o usufrutuário não tá cuidando, que o bem tá
se deteriorando, nessa situação o nu proprietário pode pedir a extinção do usufruto por via
judicial para reconhecer a culpa, não dá pra reconhecer em âmbito privado. É um hipótese
de extinção judicial. Se não faço um bom uso do bem e contribuo para a deterioração, o
mero abandono já enseja essa extinção por culpa. O não uso e não fruição em que o
usufruto recai também extingue, pois o usufruto tem uma finalidade. Se o usufrutuário não
aproveita economicamente o bem, não ocupa nem recebe frutos, o nu proprietário também
pode pedir extinção por não haver aproveitamento. Essa hipótese atende a função social da
propriedade, impede que o bem fique sem servir as pessoas, fique ocioso. Assim, o
usufrutuário pode perder o direito de usufruto, não sendo necessário haver um prazo. Direito
de acrescer: usufruto simultâneo → é ter duas pessoas ou mais usando ou fruindo do bem,
estando como titulares do usufruto. Pode ser, por exemplo, um imóvel dado pelos pais aos
filhos. Nesse caso, havendo morte do pai, para a mãe continuar essa operação seria o direito
de acrescer, no caso acrescer ao seu direito o que era do pai. Art. 1411, CC. Precisa estar
expresso no instrumento de constituição que existe o direito de acrescer recíproco, de um
relação ao outro, o usufruto permanece íntegro para o usufrutuário. O desdobramento das
faculdades para o pai e para a mãe, quando o pai morre a sua parcela volta para os
proprietários, havendo assim uma extinção parcial do usufruto. A mãe continua, não vai ser
prejudicada, mas só fica com uma parte do usufruto.
AULA 05
 Direito de uso
- O direito real de uso, vocês se lembram que quando a gente fala de usufruto, o usufruto é o
desdobramento das faculdades de usar e gozar que são transferidas para o usufrutuário.
Então a gente viu que é bem amplo, porque o usufrutuário acaba tendo o aproveitamento
econômico do bem, ele pode usar ele mesmo, pode alugar, desde que ele conserve a
substância do bem. Aqui no direito real de uso, na origem dele, que é do direito romano,
podia-se dizer que ele era o desdobramento tão somente da faculdade de usar. Somente
usar, e não o gozar, era transferido para o usuário. Depois, com a evolução do direito e a
forma como nós disciplinamos o Código Civil, a gente deixou o direito real de uso um
pouquinho mais amplo do que simplesmente a faculdade de usar. O Art. 1412 vai dizer que o
usuário usará da coisa e perceberá os seus frutos, quando exigirem as necessidades sua e
da sua família. Então, embora o nome pareça indicar que o uso vai ser tão somente a
faculdade de usar, transferida pro usuário, o usuário vai também poder fruir, mas essa fruição
é limitada. Não é à toa que a doutrina diz que o uso é um “mini usufruto”. E aí vocês
percebem que a gente tem um problema, que é essa limitação, “o que exigirem as
necessidades sua e de sua família”. O que se entende é que a família nesse sentido da lei é
uma concepção bem ampla, o próprio § 2º diz isso, vai dizer que compreendem os cônjuges,
os filhos solteiros e pessoas do seu serviço doméstico. A união estável teve uma resistência
muito grande para ser considerada família, e por muito tempo a família do CC não a incluía,
não recebia a mesma proteção. A partir da CF/88, o constituinte passou a reconhecer a
união estável como família, assim como outras formas de constituição de família. E aí
passamos a entender que foi quebrado o monopólio do casamento. É necessário fazer essa
interpretação constitucionalizada desse § 2º, que não inclui o companheiro, mas por força
dessa tutela que é dada hoje à união estável, a gente precisa compreendê-la como família.
Essa avaliação das necessidades deve ser considerada a condição social, que também é
uma questão bem ampla, colocada no § 1º. Esse é um direito que tá em desuso, até porque
quando começa a ficar muito amplo, com essa fruição limitada, acaba se aproximando muito
do usufruto. Então é mais fácil constituir direto o usufruto, e se quiser limitar, constituir como
direito de habitação. Algumas características importantes: o objeto sobre o qual pode recair o
direito de uso pode ser tanto um bem móvel quanto um imóvel. As percepções que falamos
sobre bens fungíveis e infungíveis também se aplicam ao direito de uso, preferencialmente
os bens infungíveis. Excepcionalmente, podemos ter sobre bens fungíveis, mas com as
mesmas ressalvas aplicadas ao usufruto. O art. 1413 diz que é aplicável ao uso, no que não
for contrário a sua natureza, as disposições relativas ao uso, há a aplicação subsidiária.
Então como temos ressalvas em relação aos bens fungíveis e consumíveis no usufruto, irei
aplicar ao direito real de uso também. Modos de constituição: aqui há uma particularidade
interessante. O direito real de uso pode ser constituído também por ato inter vivos, por
negócio causa mortis e excepcionalmente por usucapião. No usufruto nós vimos hipóteses
em que a constituição se dá por lei, aqui no direito de uso não temos isso. Não existe direito
real de uso legal, vai ser sempre voluntário, ou no máximo por via de usucapião em casos
excepcionalíssimos. Outra particularidade, nos vimos que no usufruto eu posso usar
diretamente, fruir diretamente, inclusive não posso transferir o direito real, por ser
personalíssimo, mas posso ceder o exercício, permitir que alguém exerça o direito de
usufruto no meu lugar, embora eu continue sendo usufrutuária e titular do direito real. Então
dizemos que não posso transferir o direito mas posso ceder o exercício. No direito real de
uso, existe essa incompatibilidade, como ele é um direito intuito personae, que implica o uso
direto da coisa pela pessoa, não tem como o usuário ceder o exercício do direito, é
impossível fazer essa cessão. É intransferívele incessível. Pra finalizar, a aplicação
subsidiária do usufruto, o CC manda aplicar o usufruto em tudo aquilo que não for contrário,
é ao que se recorre em relação a direitos, deveres, etc.
 Direito de habitação
- É um pouco mais frequente, tem mais situações para falar sobre. É também uma
transferência da faculdade de usar, mas com uma finalidade específica para habitação.
Então a pessoa titular necessariamente tem que morar nesse bem. E por conta disso, a
gente já passa para a primeira característica, que o objeto do direito real de habitação
necessariamente tem que ser um bem imóvel. Os modos de constituição do desse direito:
pode ser feito de forma voluntária, o que é mais raro, quase nunca visto na prática mas nada
impede, pode ser feito por testamento, pode ter uma usucapião, mas a situação mais
frequente é a que decorre da lei, o direito de habitação legal. Um artigo em que veremos um
direito real de habitação legal é o 831 do CC, que tá na parte que fala do direito de sucessão.
Esse direito é constituído em favor do conjuge sobrevivente, não importando se tinha outros
bens deixados, aquela residência que servia de sede da família, sobre ela o cônjuge
sobrevivente vai ter direito de permanecer. Não tem prazo, vai ser vitalício, mesmo que o
cônjuge tenha outros bens. Mais uma vez o CC omite o companheiro. O que acontece com
relação a união estável, é que logo quando a CF foi promulgada em 1988, tinha disposição
protegendo a união estável. O Congresso editou uma lei em 1994 que trazia entre os direitos
do companheiro, o direito real de habitação para o companheiro sobrevivente, nem falava do
cônjuge. Veio uma lei posterior dois anos depois que não disciplinou nada, tendo na época
uma discussão que se havia sido revogada a lei anterior, que o STJ decidiu que não, mas os
requisitos desta eram um pouco diferentes do CC de hoje. Posteriormente veio o CC
trazendo esse direito também para o cônjuge, então a partir do CC passou-se a discutir qual
era o diploma aplicável para união estável, se é a lei de 1994 ou se estaria fundamentado
numa equiparação, ou se não teria direito porque o CC não falou nada, teria sido revogado.
O STJ reconhece a aplicação do 831 também aos companheiros. Tem também o Enunciado
117 das Jornadas de Direito Civil, que vai falar que o direito real de habitação deve ser
estendido ao companheiro, com base sobretudo no art. 831. Isso é posição doutrinária, não
representa posição do tribunal, apenas doutrina majoritária, apesar do STJ recorrentemente
decidir nesse sentido (ex: Resp 1582178, informativo 633/STJ – reconheceu o direito real de
habitação ao cônjuge sobrevivente, mesmo ele tendo outros imóveis). É conferido por lei o
direito real de habitação independente do sobrevivente ser proprietário ou não de outros
imóveis, o que foi reconhecido pelo STJ. Não é só para garantir moradia, mas sim
estabilidade, não ter que sair do imóvel em que foi constituído um lar. Assim como o usufruto
legal, direito ex vi legis, independe de registro. O art. 1415 fala do direito real de habitação
quando for conferido a mais de uma pessoa, nesse caso, como não se admite as famílias
poliafetivas, vai ser difícil ter DR legal para mais de uma pessoa. Pode ser convenção, eu
posso dar para mais de uma pessoa, exemplo mãe e filho, etc. O artigo diz que se o direito
real de habitação for conferido a mais de uma pessoa, qualquer delas que sozinha habite a
casa, não terá de pagar aluguel a outra ou as outras, mas as pode inibir de exercê-lo,
querendo o direito que também lhes compete de aplicar. Quando há um imóvel de duas
pessoas, um condomínio, se uma delas habita sozinha, usa sozinha, essa tem que pagar
aluguel proporcional a parte desfrutada. No direito real de habitação não acontece assim,
ainda que eu tenha mais de uma pessoa com esse direito, se uma delas só estiver
exercendo efetivamente o direito a outra não pode exigir uma contrapartida pecuniária, o
máximo que ela pode fazer é exigir a tolerância de morar junto. Mas fato é que não se pode
impedir de morar junto, e não pode exigir nada financeiro. Pra finalizar, das características,
não é possível cessão de exercício, e a aplicação subsidiária do usufruto também acontece
aqui por força do Art. 1416.
USUFRUTO USO HABITAÇÃO
TEMPORÁRIO TEMPORÁRIO TEMPORÁRIO
BENS MÓVEIS E IMÓVEIS MÓVEIS E IMÓVEIS IMÓVEIS
INTRANSFERÍVEL/CESSÍVE
L
INTRANSFERÍVEL/INCESSÍ
VEL
INTRANSFERÍVEL/INCESSÍ
VEL
GRATUITO/ONEROSO GRATUITO/ONEROSO GRATUITO
USO + FRUIÇÃO AMPLA USO + FRUIÇÃO LIMITADA USO ESPECÍFICO
ATO VOLUNTÁRIO, LEI,
USUCAPIÃO
ATO VOLUNTÁRIO,
USUCAPIÃO
ATO VOLUNTÁRIO,
USUCAPIÃO, LEI
- todos são temporários porque vão ter como limite ou um prazo delimitado pela pessoa no
contrato ou o tempo de vida, por serem personalíssimos.
- não é comum o usufruto oneroso, mas não há vedação na lei para que ocorra.
- a sentença da usucapião tem natureza declaratória, também não necessita de registro,
assim como decorrente de lei. Se for por ato voluntário, o registro é obrigatório.
 Superfície
- É um direito que é uma novidade porque vai estar disciplinado no CC e numa lei específica,
que é o Estatuto da Cidade. Há uma polêmica sobre ele, porque no CC/1916 nós não
tínhamos direito real de superfície, embora já tivéssemos antecedentes no direito romano. Na
codificação de 1916 entendeu-se que não seria um direito útil. Foi incluído em 2002 no CC
por insistência da doutrina, que reclamou sua importância, primeiramente reconhecida na lei
10257/01, um pouco anterior ao CC. Ficou conflitante ter a disciplina nos dois diplomas,
ainda mais porque o CC é posterior, então novamente a discussão da revogação. Hoje se
entende que aplicam-se ambas as disciplinas, a regulamentação de um é específica e outro
é geral, uma complementa a outra. O proprietário do bem, que será sempre imóvel, falamos
em fundeiro ou concedente, é a pessoa que concede um direito a outrem. Aqui a gente vai
ter um desdobramento de um uso, fruição, que é mais ampla porque chega no direito de
propriedade. O titular do direito, a pessoa que se beneficia desse direito é o superficiário ou
concessionário. O primeiro pressuposto para entendermos o direito de superfície é relembrar
o princípio superfície solo cedit, que está no art. 1253, CC, e diz que tudo o que adere ao
solo pertence ao proprietário presumidamente, até que se prove o contrário. O princípio
superfície solo cedit é uma ideia segundo a qual o que temos de acessões, sejam naturais ou
superficiais, ou seja, sejam plantações ou construções, são presumidamente de propriedade
do proprietário do solo. O que está acima do solo, eu presumo que é do proprietário do solo
também. Mas o princípio fala “até que se prove o contrário”. Então, o direito de superfície vai
ser a prova em contrário, vai ser uma suspensão desse princípio. Não é uma exceção
perene, até porque também vai ser um direito temporário, então por um tempo o direito de
superfície afasta essa presunção de propriedade das acessões que seriam do proprietário do
solo. Ele faz com que a propriedade do solo se distinga do que está acima dele, por isso se
entende que é uma bifurcação do direito de propriedade, do próprio domínio, em que eu
tenho de um lado a propriedade da construção e do outro a propriedade do sol. Enquanto
ocorre o direito de superfície, esses proprietários são pessoas distintas. Como é temporário,
a tendência é que em algum momento haja uma união novamente na mão do mesmo
proprietário, voltando a ser proprietário das construções ou plantações. É entendido como
ótimo mecanização para estimular a urbanização. Definição: é o direito de fazer uma
construção ou plantação sobre ou sob o solo alheio, ficando a construção ou plantação na
propriedade de quem constrói ou planta. Separa-se a propriedade do solo da propriedade da
construção ou plantação.

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