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Aula 2 Produção e Obtenção de Drogas Vegetais - Copia

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1. INTRODUÇÃO 
 
 Quando se pretende trabalhar com plantas medicinais, particularmente sob o 
aspecto da pesquisa, pode-se optar por uma dentre as cinco maneiras sistemáticas de 
escolha do material a ser trabalhado: a randômica, a taxonômica, a quimiotaxonômica, a 
informação manejada e a etnomédica. 
 Pelo modo randômico, todas as espécies disponíveis são coletadas, 
independentemente de conhecimento prévio e/ou experiência. 
 Pelo modo taxonômico, o qual agrupa as espécies de acordo com o seu grau de 
parentesco, plantas de predeterminados grupos julgados serem de interesse são 
buscadas em diversos locais. 
 Pelo modo quimiotaxonômico, uma classe de composto particular, por ex., 
alcalóides isoquinólicos, podem ser considerados de algum interesse biológico, e as 
plantas prováveis de possuírem esses compostos relacionados são coletadas. 
 Pela informação manejada, aquelas plantas de atividade biológica demonstrada 
e que são improváveis de conter constituintes ativos conhecidos são coletadas, na 
esperança de se descobrir novos agentes químicos. 
 Pelo modo etnomédico, crédito é dado à informação oral ou escrita do uso 
medicinal de plantas e, baseado na avaliação desta informação, a planta é coletada. 
 Um aspecto importante a ser ressaltado neste trabalho é que, orientados por 
informações manejadas e/ou etnomédicas, nem sempre as atividades indicadas são 
comprovadas, levando-se à descoberta de outras bioatividades de interesse significativo 
(ex.: Catharanthus). 
 Independentemente da estratégia de coleta escolhida, para se obter plantas 
medicinais e, conseqüentemente, drogas vegetais, há que se optar por um dos 3 
caminhos distintos: 
 • através da utilização de vegetais silvestres ou espontâneos = extrativismo; 
 • através da utilização de vegetais cultivados; 
 • através de métodos de cultivo in vitro. 
 
 
 2 
2. EXTRATIVISMO 
 
 Apesar de não se saber exatamente o número de espécies existentes em nosso 
bioma, dados da literatura estimam que haja cerca de 350.000 espécies de plantas 
vasculares, cerca de 200.000 espécies de invertebrados marinhos e cerca de 1,5 milhão 
de espécies de animais terrestres, insetos e artrópodes em todo o planeta. O número de 
organismos marinhos existentes nas profundezas dos mares e oceanos é ainda 
totalmente desconhecida. 
 A grande maioria das drogas brasileiras é proveniente destes vegetais silvestres 
que crescem espontaneamente nas mais diferentes formações vegetais do país. Esta 
prática extrativa implica numa série de conseqüências, dentre as quais se destaca: 
 • a coleta desenfreada destas plantas nativas pode levá-las à extinção. 
Considerando-se que a maioria dos coletores não segue critério algum, coletando, 
derrubando e matando qualquer espécime vegetal, esta prática possibilita a depredação 
do patrimônio genético vegetal. Há ainda que se alertar para os modismos: a busca 
desenfreada por panacéias consagradas pela ciência moderna pode resultar num 
extrativismo desmedido destas espécies, sob pena de extinção local e regional. 
 • sendo a coleta feita normalmente por leigos, aumenta a possibilidade de engano 
do material coletado, com espécies vegetais trocadas. Um dos principais e grandes 
entraves na área de plantas medicinais é a confusão popular da plurinomenclatura 
regional de muitas ervas. Uma espécie pode possuir um ou mais nomes populares 
diferentes, bem como muitas espécies distintas serem nomeadas igualmente. Neste 
particular, peca-se pela falta ou ausência de determinado princípio ativo, ou por excesso, 
podendo a espécie, nomeada erroneamente, ser inclusive tóxica; 
 • muitas vezes a qualidade destas drogas é duvidosa, uma vez que, sendo 
realizada por leigos, há uma grande possibilidade do material coletado não ser 
devidamente acondicionado, ou ser armazenada em locais e condições impróprias, 
desrespeitando-se o limite de tempo para o processamento, fazendo com que o fármaco 
perca, com isso, boa parte de seus princípios biologicamente ativos. 
 Todas estas colocações nos indicam que, quando absolutamente necessário se 
fazer uso do extrativismo, que se faça com o apoio e orientação de profissionais com 
experiência na área, com a garantia da identificação correta das plantas, com espécie 
botânica definida, e de maneira planejada e racional. 
 A saída mais segura, no entanto, é se fazer o cultivo sistemático das plantas 
medicinais em áreas específicas para isso e dentro de padrões agronômicos requeridos, 
buscando a melhoria na produtividade e qualidade do material produzido. Desta forma 
garantir-se-á a qualidade fitoquímica e farmacológica das matérias primas para a 
produção de fitoterápicos eficazes. 
 
 
 
 
3. CULTIVO SISTEMÁTICO 
 
 3 
 Antes de iniciarmos a discussão propriamente deste tema é útil termos em mente 
que a produção dos princípios ativos pelas plantas medicinais depende de uma série de 
fatores de ordens endógena e exógena. Como o próprio nome diz - metabólitos 
secundários - não são essenciais para a vida da planta, sendo produzidos mais ou 
menos dependendo das condições em que se encontram suas produtoras, as plantas. 
Por outro lado, há plantas que apresentam amplos limites de tolerância quanto às 
modificações ambientais e há plantas que apresentam restritos limites de tolerância. 
 Logo, para se trabalhar com plantas medicinais de boa qualidade deve-se antes 
de tudo avaliar as suas exigências e providenciar as necessárias condições para a 
produção dos princípios ativos, considerando-se todos os fatores envolvidos. Sob uma 
perspectiva didática, estes fatores que exercem influência sobre o desenvolvimento e 
metabolismo dos vegetais podem ser classificados em: fatores intrínsecos e fatores 
extrínsecos. 
 
3.1. FATORES INTRÍNSECOS 
 
 São fatores de ordem genética ou endógena. São aqueles que dependem da 
carga genética das plantas e são transmitidas de geração em geração. Esta carga 
genética é diferente para cada espécie, o que faz com que cada espécie tenha uma 
composição química diferente. 
 Sobre estes fatores o homem nada pode fazer, a não ser que, em laboratórios, 
trabalhe utilizando os conhecimentos da biotecnologia. 
 
3.2. FATORES EXTRÍNSECOS 
 
 Aqui são agrupados os fatores externos, como temperatura, chuva, solo, vento, 
latitude e longitude, bem como os fatores técnicos, como forma de plantio e tratos 
culturais, os quais também interferem de forma significativa na produção dos metabólitos 
secundários. Didaticamente são agrupados em: 
 A - Climáticos; 
 B - Climático - edáficos; 
 C - Edáficos; 
 D - Outros. 
 
 A) FATORES CLIMÁTICOS 
 
 Relacionam-se com o ambiente aéreo do vegetal, principalmente com a 
temperatura e irradiações. 
 
 A.1: Temperatura 
 Este é o principal fator controlador do desenvolvimento e metabolismo das 
plantas. A temperatura é uma conseqüência da intensidade das radiações 
 4 
infravermelhas emitidas pelo sol, sendo que estas radiações, na forma de calor, também 
atuam sobre o solo, sobre o ar e sobre a água que se encontra no solo, lagos, mares, 
oceanos etc., e seus efeitos são sentidos com maior ou menor intensidade pelas plantas. 
 
 A grosso modo, pode-se dizer que, com o aumento da 
temperatura, aumenta também a velocidade de crescimento e 
desenvolvimento de uma planta. Porém, esse processo fisiológico 
não é constante. Verifica-se que existe uma curva de crescimento, 
onde existe uma temperatura mínima, uma temperatura máxima e 
uma faixa de temperatura ótima para o desenvolvimento de cada 
espécie. 
 Por "desenvolvimento" entende-se o aparecimento de novos órgãos em uma 
planta: a semente que germina, o aparecimento das flores etc. Por "crescimento" 
entende-se o aumento em peso, volume, largura ou comprimento de um determinado 
órgão da planta. O aumento do volume de uma fruta e o encompridamento do caule de 
uma planta são exemplos de "crescimento". A temperatura da própria planta em si está 
relacionada com o bom ou o mau desempenho de suas atividades fisiológicas.A 
temperatura tem mais influência no crescimento e elongação das células. O frio 
demasiado paralisa estas duas atividades, enquanto uma temperatura ótima as favorece. 
A temperatura exerce, portanto, um papel importante no crescimento, desenvolvimento e 
rendimento das plantas cultivadas. 
 A influência da temperatura se dá também à nível celular. Quando é muito baixa, 
pode haver coagulação da proteínas plasmáticas; quando é muito alta, pode haver fusão 
de lipídeos, causando danos às células. 
 Para a grande maioria das plantas tipicamente tropicais, a temperatura ótima gira 
em torno de 25o C, enquanto para plantas alpinas e árticas a temperatura ótima pode 
situar-se em torno dos 15o C. A maioria das plantas aromáticas e medicinais herbáceas, 
contudo, exigem temperaturas brandas durante seu ciclo; se são plantas vivazes (que 
duram dois ou mais anos, e a cada ano renovam suas hastes) o frio no inverno não pode 
ultrapassar o limite tolerado por cada uma, sob pena de provocar sua morte. 
 Quando se introduz uma planta aromática ou medicinal subtropical em uma região 
de clima tropical acentuado, pode-se perceber em certas espécies não adaptadas a 
ocorrência de uma murcha diária em volta do meio-dia, murcha esta que se manifesta 
inclusive em solos irrigados ou que possuam naturalmente excelente teor de água. Neste 
caso, a planta não adaptada liberou mais água pela transpiração do que a capacidade 
de absorção de água através do sistema radicular. 
 O termo-período, ou seja, a diferença de temperatura entre o dia e a noite, é 
outro fenômeno que interfere no desenvolvimento das plantas. Quando a noite apresenta 
temperatura inferior à do dia, algumas plantas aceleram seu crescimento e a floração é 
mais abundante, pois a migração dos produtos elaborados pela fotossíntese durante o 
dia é favorecida por noites mais frescas. Um grande número de plantas de climas 
temperados ou montanhosos reduz seu crescimento e floração quando a variação da 
temperatura entre o dia e a noite não é superior a 6 ou 7o C. A diferença entre a 
temperatura do dia e da noite é denominada "amplitude". 
 Outra influência importante da temperatura é sobre a formação de clorofila, cujo 
nível ótimo é ligeiramente superior ao exigido para o crescimento da planta. Quando esta 
temperatura não é atingida as plantas se desenvolvem, porém possuem uma coloração 
amarelada, característica da formação insuficiente de clorofila. 
 
 5 
 Exemplo da influência da temperatura sobre a produção de princípio ativo: em 
geral, a formação de óleos essenciais parece estar aumentada a temperaturas 
superiores, embora dias muito quentes levem e excesso de perda física de óleo. 
Diversos autores têm indicado que os óleos fixos produzidos em temperaturas baixas 
contêm ácidos graxos com conteúdo superior em ligações duplas que aqueles formados 
em temperaturas mais elevadas. 
 
 A.2: Luminosidade 
 A luz desempenha papel fundamental na vida das plantas, influenciando na 
fotossíntese e em outros fenômenos fisiológicos, como crescimento, desenvolvimento e 
forma das plantas. Tanto a quantidade quanto a intensidade da luz são influentes. 
 A radiação solar que nos chega nos períodos diurnos é composta basicamente de 
três ingredientes: 
 - radiação ultravioleta, com 0,2 a 0,4 m de comprimento de onda, sendo 
que quase a sua totalidade é retida nas altas camadas da atmosfera; 
 - luz visível, constituída de radiações de 0,4 a 0,7 m e é responsável pela 
atividade fotossintética das plantas; 
 - radiação infravermelha, de 0,7 a 4,0 m, manifestando-se principalmente 
como calor. 
 As plantas também respondem às modificações na proporção de luz e escuridão 
dentro de um ciclo de 24 horas. Este comportamento é chamado fotoperiodismo. Em 
muitas espécies o fotoperíodo é o responsável pela germinação de sementes, 
desenvolvimento da planta e formação de bulbos ou flores. De acordo com seu 
comportamento em relação ao fotoperíodo as plantas são classificadas em: 
 • plantas de dias curtos: são aquelas em que a floração ocorre depois de certo 
número de noites mais longas que o normal. Em geral são plantas de origem tropical 
cuja floração ocorre ao final da estação chuvosa, de tal forma que as sementes 
amadurecem a tempo de poder germinar quando se inicia a época úmida seguinte. 
 • plantas indiferentes ou neutras: são aquelas que podem produzir seus órgãos de 
reprodução em qualquer estação do ano, independente da duração do dia. Algumas 
plantas deste grupo possuem um ciclo vegetativo que se encomprida à medida que a 
duração do dia no local de plantio também é mais curta. Mas a floração destas últimas 
pode, em certos casos se acumular ao final da estação chuvosa. 
 • plantas de dias longos: são plantas que florescem após ter passado por 
determinado período de dias mais compridos que o normal. Em geral são plantas de 
regiões temperadas cuja floração se dá no verão e cujas sementes amadurecem no 
outono. 
 Quando se cultiva uma planta de dias curtos numa região de dias longos, ela 
cresce indefinidamente até ser morta pelo frio intenso ou geadas das latitudes elevadas. 
E se cultivarmos uma planta de dias longos numa região de dias curtos ela quase não se 
desenvolverá ou estacionará. 
 Em geral as plantas de dias curtos são as de origem tropical e as de dias longos 
são oriundas de regiões temperadas. É devido a este fenômeno que muitas plantas 
européias não florescem no Brasil. 
 6 
 Outro aspecto interessante da influência da luminosidade sobre as plantas é em 
relação às folhas: nas folhas crescidas ao sol, o parênquima paliçádico é mais 
desenvolvido e os cloroplastos estão dispostos em fileiras perpendiculares ao limbo 
foliar. Em folhas crescidas à sombra, o parênquima paliçádico é pouco desenvolvido ou 
inexiste, e os cloroplastos estão dispersos. 
 Em certos casos, a pesquisa demonstra que a luz ajuda a determinar a 
quantidade de glicosídeos ou alcalóides produzidos. Ex.: beladona e estramônio 
apresentaram maior quantidade de alcalóides na luz que na sombra. Outros estudos 
demonstraram que sob condições de dias longos as folhas do hortelã pimenta contêm 
mentona, mentol e traços de mentofurana; plantas crescidas sob condições de dias 
curtos contêm mentofurana como principal componente do óleo volátil. 
 
 B) FATORES CLIMÁTICO - EDÁFICOS 
 
 Derivam do relacionamento do clima com o solo. A água e o gás carbônico 
integram este grupo (aproximadamente 50% do volume total do solo é formado por 
espaços porosos, os quais são preenchidos por proporções variadas de ar e água, 
dependendo das condições de umidade). 
 
 B.1: Umidade 
 Sendo a água um elemento essencial para a vida e o metabolismo das plantas, 
supõe-se que em ambientes mais úmidos a produção de princípios ativos seja maior. 
Porém, NEM SEMPRE ISTO É VERDADEIRO. Diversas experiências demonstraram que 
a água reduz o teor de alcalóides produzidos em solanáceas, além de reduzir a 
concentração de óleos essenciais em 15 espécies medicinais estudadas. 
 Por outro lado, plantas irrigadas podem compensar o menor teor de princípios 
ativos com uma maior produção de biomassa, o que resultará num maior rendimento 
final de princípios ativos/área. 
 
 B.2: Gás carbônico 
 Existe tanto na atmosfera como no solo. No solo deriva do metabolismo de certos 
microorganismos → por isso, a importância de se verificar os microorganismos do solo. 
 Embora poucos trabalhos têm sido feitos nesta área com relação à plantas 
medicinais, tem sido registrado que Digitalis lanata crescida em estufas com uma 
atmosfera rica em dióxido de carbono (1000 ppm CO2 durante todo o período de 
crescimento, de abril a novembro) produz 3 vezes e meia a quantidade de digoxina por 
hectare que produz a planta se cultivada em campos normais. 
 
 C) FATORES EDÁFICOS 
 
 Relacionam-se essencialmente com o solo, o qual deve fornecer às plantas não 
somente um suporte físico, mas também os nutrientes inorgânicos necessários, além de 
água e um ambiente gasosoconveniente para o desenvolvimento do sistema radicular. 
 7 
 Assim, o solo compõe-se de sólidos, de líquidos e de uma mistura de gases. Na 
maioria dos solos as partículas minerais estão associadas à matéria orgânica ou húmus. 
Entre as partículas sólidas existem espaços - ou poros - que estão ocupados por gases e 
por uma solução, geralmente diluída, de sais minerais, - a solução do solo -, que aparece 
como uma película ao redor das partículas sólidas e ocupa os poros menores. 
 
 
 
 Quanto às características do solo, 
três fatores devem ser observados: 
físicos, químicos e microbiológicos. 
 
 C.1: Fatores físicos 
 Tamanho das partículas: variações no tamanho das partículas resultam em 
diferentes tipos de solo, indo da argila, passando pela areia até o cascalho, afetando 
com isso na capacidade de retenção de água e gás carbônico. 
 Em regiões úmidas, solos argilosos absorvem água além da sua capacidade 
absoluta. Seu alto conteúdo em umidade os torna frios (eles aquecem lentamente) e são 
difíceis de trabalhar devido à sua dureza. Por outro lado, em regiões secas tais solos são 
muito conceituados pela sua força de absorção e retenção de água. Solos finos ricos em 
húmus e tendo um substrato permeável possuem um grau de umidade que é geralmente 
favorável para plantas. Solos arenosos pobres em húmus e tendo um subsolo de 
cascalho são geralmente adequados somente para plantas xerófilas. Em solos calcáreos 
que são pobres em húmus, a vegetação é marcadamente xerófila; mas se húmus estiver 
presente a força de absorção de umidade é bastante aumentada. 
 
 Umidade: algumas plantas contendo mucilagem, por ex. Althaea officinalis, 
(material retentor de água da planta) contêm menor teor de mucilagem quando crescidas 
em solo muito úmido. 
As plantas compartilham o solo com um vasto 
número de organismos vivos, variando de 
micróbios a pequenos mamíferos como 
tuopeiras, mussaranhos e marmotas. Multidões 
de criaturas cavadoras - mais precisamente 
formigas e minhocas - aeram o solo e 
aumentam sua capacidade de absorver água. 
Chamadas por Aristóteles "os intestinos da 
terra", as minhocas refinam o solo 
processando-o através de seu intestino. O solo 
refinado é depois depositado na superfície na 
forma de dejetos. Num único ano, as atividades 
combinadas das minhocas podem produzir até 
500 toneladas métricas de dejetos por hectare. 
Os dejetos são muito férteis, contendo 5 vezes 
o conteúdo de nitrogênio do solo circundante, 7 
vezes o de fósforo, 11 vezes o de potássio, 3 
vezes o de magnésio e 2 vezes o de cálcio. As 
bactérias e os fungos são os principais 
decompositores de matéria orgânica nos solos. 
(extraído de Raven et al. Biologia Vegetal . 
1996 . p. 558 . Edit. Guanabara Koogan) 
 8 
 O tipo básico de solo é modificado pela presença de húmus, fertilizantes 
orgânicos, giz, cal etc. 
 
 C.2: Fatores químicos 
 Relacionam-se com a presença de nutrientes, pH etc. 
 Nutrientes: são dezessete os elementos conhecidos hoje como essenciais ao 
crescimento dos vegetais. Conforme a quantidade que um determinado elemento entra 
na composição da planta ele é classificado como macro ou micronutriente (grande ou 
pequena quantidade, respectivamente). Os micronutrientes, além de serem exigidos em 
pequenas quantidades pelas plantas, quando em excesso são prejudiciais. 
 Porém, todos desempenham funções vitais nas plantas. Destes dezessete, três 
são provenientes do ar ou da água e existem em grande quantidade no meio ambiente. 
São o carbono, o oxigênio e o hidrogênio e, a rigor, não são considerados nutrientes. Os 
demais provem do solo e exercem funções distintas nas plantas. São macronutrientes: 
N, P, K, Ca, Mg, S. São micronutrientes: B, Cl, Cu, Co, Fe, Mn, Mo, Zn. 
 Íons inorgânicos afetam a osmose e assim ajudam a regular o balanço hídrico. 
Outros podem funcionar como parte de uma molécula biológica essencial (ex.: presença 
de magnésio na molécula de clorofila). Alguns nutrientes são constituintes essenciais 
para as membranas celulares, enquanto outros controlam a permeabilidade dessas 
membranas. Há nutrientes inorgânicos que são componentes indispensáveis de uma 
variedade de sistemas enzimáticos celulares (como catalisadores). Por fim, alguns 
nutrientes criam um ambiente iônico apropriado no qual as reações biológicas podem 
ocorrer. 
 Em relação ao nitrogênio, em geral fertilizantes nitrogenados aumentam o 
tamanho das plantas e a quantidade de alcalóides produzidos, e parece também ter 
efeito sobre a produção de glicosídeos e óleo essencial. 
 
 pH: a acidez ou alcalinidade dos solos é correlacionada com a disponibilidade de 
nutrientes inorgânicos para o crescimento vegetal. Solos variam amplamente no pH, e 
muitas plantas têm uma faixa estreita de tolerância nesta escala. Nos solos alcalinos, 
alguns cátions são precipitados e elementos como o ferro, manganês, cobre e zinco 
podem, com isso, tornarem-se indisponíveis para as plantas. 
 Quanto ao fator pH do solo, pode-se afirmar que a grande maioria das plantas 
aromáticas e medicinais prefere solo com um pH situado entre 6,0 e 6,5. As plantas 
alcaloídicas produzem mais alcalóides em terrenos ácidos. 
 Solos contendo muito húmus e pouco limo têm inclinação a tornarem-se ácidos, 
enquanto que aqueles com abundante limo são alcalinos. 
 
 C.3: Propriedades microbiológicas 
 A maior parte da matéria orgânica do solo é derivada de folhas mortas e outros 
materiais vegetais, juntamente com os corpos de animais em decomposição. Esses 
resíduos orgânicos são misturados com as partículas inorgânicas do solo, e nessa 
mistura vive um incrível número de pequenos organismos que passam toda ou parte de 
suas vidas sob a superfície do solo. Uma única colher de chá de solo pode conter 5 
bilhões de bactérias, 20 milhões de pequenos fungos filamentosos e 1 milhão de 
 9 
protistas. Os animais e microorganismos do solo degradam a matéria orgânica e liberam 
seus nutrientes inorgânicos, os quais podem ser reutilizados pelas plantas. Assim, 
exceto para aqueles nutrientes que são lixiviados do solo, carregados por córregos e rios 
e eventualmente precipitados no oceano, as substâncias que são retiradas do solo estão 
sendo constantemente devolvidas a ele. Tanto macronutrientes como micronutrientes 
estão constantemente sendo reciclados através dos corpos de plantas e animais, 
retornando ao solo, sendo quebrados e absorvidos pelas plantas novamente. Cada 
elemento tem um ciclo diferente envolvendo muitos organismos e sistemas enzimáticos. 
Contudo, os resultados finais são os mesmos: uma quantidade significativa de elementos 
é constantemente retornada ao solo e fica disponível para o uso das plantas. 
 Embora poucos trabalhos vêem sendo realizados quanto à relação microbiologia / 
produção de princípios ativos, sabe-se que o desdobramento de substâncias 
nitrogenadas indispensáveis às plantas deve-se à presença de microorganismos. 
 NUNCA É DEMAIS SABER!! o nitrogênio do solo é oriundo da atmosfera terrestre. Embora a 
atmosfera seja composta de 78% de nitrogênio, a maioria dos seres vivos não tem a capacidade de usar 
diretamente o nitrogênio atmosférico para fazer proteínas e outras substâncias orgânicas. Se o nitrogênio 
que é removido do solo não fosse constantemente reposto, virtualmente toda a vida neste planeta 
desapareceria aos poucos. O nitrogênio é reposto no solo primariamente pelo processo de fixação. Uma 
quantidade muito menor é adicionada via precipitação atmosférica. 
 A fixação do nitrogênio é o processo pelo qual o dinitrogênio (N2) é reduzido a amônia (NH4+) e 
assim fica disponível para as reações de aminação (processo pelo qual íons amônio são transferidos para 
compostos contendo carbono a fim de produzir aminoácidos e outras substâncias orgânicas contendo 
nitrogênio). A fixação de nitrogênio só pode ser executada por certas bactérias e é um processo do qual 
todos os organismos vivos são dependentes. 
 Nesta associação simbiótica entre as bactérias e as plantas, abactéria abastece a planta com uma 
forma de nitrogênio que pode ser usada para sintetizar proteínas, enquanto que a planta abastece a bactéria 
com uma fonte de energia (compostos carbônicos) e um ambiente oxigenado altamente regulado. 
 Das várias classes de organismos fixadores de nitrogênio, as bactérias simbióticas são, de longe, as 
mais importantes em termos de quantidades total de nitrogênio fixado. As bactérias fixadoras de nitrogênio 
mais comuns são Rhizobium e Bradyrhizobium, ambas as quais invadem raízes de leguminosas como a 
alfafa (Medicago sativa), trevos (Trifolium), ervilha (Pisum sativum), soja (Glycine max) e feijões (Phaseolus). 
 As leguminosas são de longe o maior grupo de plantas que entram em associação de fixação de 
nitrogênio com bactérias simbióticas. Onde as plantas leguminosas crescem, algum nitrogênio extra pode 
ser liberado no solo, tornando-se disponível para outras plantas. Na agricultura moderna é prática comum 
fazer rotação de uma planta cultivada não leguminosa com uma leguminosa. As plantas leguminosas são 
então colhidas para feno, deixando para trás as raízes ricas em nitrogênio, ou, ainda melhor, as plantas 
inteiras são simplesmente incorporadas ao solo. 
 D) OUTROS FATORES 
 
 D.1: Altitude 
 À medida em que aumenta a altitude diminui a temperatura (cerca de 1o C a cada 
200 metros) e aumenta a insolação, interferindo no desenvolvimento das plantas e na 
produção de princípios ativos. 
 Algumas plantas produtoras de alcalóides, quando em baixas altitudes, 
apresentam maior teor de princípios ativos, possivelmente devido a maior atividade 
metabólica em virtude das temperaturas maiores. Outras plantas, em altitudes maiores, 
 10 
têm um aumento de produção de carboidratos e glicosídeos, pois a maior intensidade 
luminosa estimula a fotossíntese. 
 
 D.2: Colocação das sementes 
 
 D.3: Latitude 
 Teoricamente, plantas cultivadas em latitudes equivalentes (norte - sul) tenderiam 
a ter o mesmo comportamento. No entanto, observa-se, em alguns casos, algumas 
diferenças, relacionadas possivelmente com a inclinação da Terra e influência das 
correntes marítimas sobre a temperatura. 
 
 D.4: Fertilização do solo 
 Pouco se sabe sobre o efeito dos adubos sobre a formação e o teor de princípios 
ativos. Dos dados existentes na literatura pode-se concluir que, de maneira geral, os 
adubos químicos em poucos casos são prejudiciais aos teores de princípios ativos das 
plantas, quando usados dentro de limites técnicos. No entanto, quando resultados 
positivos foram obtidos, o aumento do teor é pequeno. Os aumentos de biomassa, 
também verificados, podem compensar este reduzido ganho, mas dependem da análise 
econômica que deve ser feita em cada situação. 
 A avaliação agronômica existente indica que os adubos orgânicos e verdes, 
aliados às práticas de agricultura alternativa (orgânica, biológica, biodinâmica etc.) 
apresentam um potencial de resposta econômica maior, devendo os adubos químicos 
serem utilizados quando a análise do solo revelar baixos teores de nutrientes, como 
nitrogênio, fósforo, potássio etc. 
 
 D.5: Pragas e doenças 
 As plantas medicinais, apesar de sua maior resistência, também são atacadas por 
pragas e doenças e sofrem concorrência de plantas invasoras. 
 Muitos são os recursos que a quimioterapia colocou à disposição da agricultura 
nesta última década (inseticidas, fungicidas, herbicidas etc.). Mas os agrotóxicos são 
produtos de alto custo e, muitas vezes, perigosos. Seus efeitos residuais podem alterar 
os princípios ativos das plantas. 
 Como o mercado de plantas medicinais não aceita produtos com resíduos de 
agrotóxicos, o controle de pragas, doenças e invasoras deve ser feito por métodos 
naturais e métodos físicos ou mecânicos, integrados com manejo do solo e nutrição de 
plantas, dadas as intrínsecas relações entre nutrição e sanidade vegetal. 
 
 
4. PROCESSAMENTO PÓS - CULTURA 
 
4.1. COLHEITA 
 
 11 
 O teor de princípios ativos numa determinada planta depende de vários fatores, 
como até agora visto. Na colheita é preciso dedicar atenção ao estágio de 
desenvolvimento da planta e à hora em que a colheita é realizada. O teor de princípio 
ativo de uma planta medicinal varia: 
 • de órgão para órgão; 
 • com a idade da planta; 
 • com a época da colheita; 
 • com o período do dia no qual é coletado. 
 
 Em relação ao órgão existem algumas normas gerais: 
 - raízes, rizomas e tubérculos: devem ser coletados geralmente na 
primavera (quando as partes aéreas caem) ou no outono. Nesta época os processos 
vegetativos entram em fase estacionária. 
 - cascas: devem ser coletadas na primavera, de plantas adultas e sadias, 
sendo recomendável retirá-las em pequenos pedaços, apenas de um dos lados da 
planta de cada vez. A retirada de grandes pedaços, principalmente circulando o caule, 
pode provocar a morte da planta. 
 - folhas: devem ser coletadas quando a fotossíntese é mais intensa, o que 
acontece durante o dia, de preferência quando as flores estão começando a abrir. Se se 
deseja trabalhar com folhas de determinada planta aromática, deve-se observar que em 
muitos casos as flores, ao se formarem, retiram das folhas todas as substâncias 
aromáticas. Em algumas plantas esta transferência pode levar apenas algumas horas. 
 - flores, inflorescências e ramos floridos: devem ser coletadas na época da 
polinização. Em alguns casos prefere-se o instante em que se encontram bem abertas e 
desenvolvidas; em outras, o instante imediatamente anterior. 
 - sementes: devem ser coletadas quando completamente maduras e, de 
preferência antes da deiscência do fruto. 
 - frutos: quando maduros. 
 Com relação à época do ano, a variação no teor de princípio ativo depende da 
planta (procurar bibliografia específica). 
 Com relação ao período do dia, há evidências crescentes de que a concentração 
de determinados metabólitos secundários varia através do dia e da noite: 
 - plantas alcaloídicas apresentam aumento no teor de princípios ativos no 
período da manhã. Há autores que afirmam que estas plantas devem ser coletadas em 
horas nas quais o calor é mais intenso. 
 - plantas com óleos essenciais também apresentam aumento no teor de 
princípios ativos no período da manhã e a quantidade é mais reduzida ao redor das 12 
horas. 
 - plantas com glicosídeos apresentam aumento no teor de princípios ativos 
no período da tarde, e não devem ser coletadas em dias chuvosos. 
 De modo geral, as melhores horas para efetuar a colheita são as da manhã, logo 
após a secagem total do orvalho, e as horas do fim da tarde em dias ensolarados. Para 
plantas aromáticas recomenda-se a colheita apenas no final da tarde, principalmente nos 
 12 
dias muito quentes, para evitar a evaporação de substâncias facilmente voláteis sob 
ação do calor, o que prejudicaria a qualidade da colheita. Em dias encobertos, porém 
bem secos, a colheita pode ser realizada o dia todo, começando a partir do momento em 
que o orvalho tenha desaparecido. 
 Logo após a colheita deve-se procurar eliminar impurezas que possam 
acompanhar o órgão ou a planta recém coletada. Pedaços de outras partes do vegetal, 
areia e terra são impurezas comuns e que devem ser eliminadas. 
 
4.2. SECAGEM 
 
 Seu objetivo é eliminar certa quantidade de água do órgão vegetal, visando: 
 - permitir melhor conservação das plantas por mais tempo por impedir a 
ação de agentes deletérios (bactérias, fungos); 
 - idem anterior, por reduzir a ação das enzimas pela desidratação; 
 - diminuir o volume da droga, aumentando o % de princípio ativo em 
relação ao peso. 
 A secagem das plantas medicinais deve ser iniciada imediatamente após a 
colheita e no mesmo dia (salvo exceções apontadas na literatura específica). Se uma 
planta tiver que aguardar horas para entrar no secador, estará a cada minuto perdendo 
sua qualidade, pois as enzimas continuarão em atividade. 
 A secagem não deve ser nem muito rápida nem muito lenta. A secagemdemasiadamente rápida faz com que a camada superficial de células do órgão se 
endureça e se feche de tal forma a impedir a evaporação da água que está dentro do 
órgão. Por outro lado, a secagem rápida ocasiona uma má apresentação das plantas, 
além de poder provocar o aparecimento de bolores de dentro para fora. 
 A secagem muito lenta é igualmente prejudicial pois neste caso pode permitir 
alterações deletérias no interior das plantas antes que a secagem esteja concluída. 
 A secagem ideal é aquela que não é rápida nem lenta demais, e sua duração 
depende das características da planta, das condições climáticas bem como das 
instalações de secagem. Uma secagem bem conduzida é aquela que consegue manter 
os maiores teores possíveis de princípios ativos e simultaneamente preservar um 
aspecto e coloração natural das plantas. Via de regra, a secagem estará concluída 
quando, ao se tocar a planta, não se sentir nenhuma umidade e quando estiver rígida, 
porém não quebradiça. 
 Secagem rápida ajuda flores e folhas a reter sua coloração e drogas aromáticas o 
seu aroma, mas a temperatura usada em cada caso deve ser escolhida em função dos 
REFORÇANDO: a colheita de plantas medicinais deve ser feita: 
  com o tempo seco; 
  após a seca do orvalho; 
  nunca após período de chuva prolongado (o teor de princípio 
ativo pode diminuir em função do aumento do teor de umidade da planta). Além disso, a 
umidade pode aumentar a probabilidade de aparecimento de bolores. 
 13 
constituintes e da natureza física da droga. Como regra geral, folhas, ervas e flores 
podem ser secos entre 20 e 40oC, e cascas e raízes entre 30 e 65oC. 
 Os procedimentos de secagem podem ser feitos por: 
 • Processos naturais: 
 - secagem à sombra 
 - secagem ao sol 
 - secagem mista (sol e sombra) 
 • Processos artificiais: 
 - circulação de ar 
 - aquecimento 
 - aquecimento com circulação de ar 
 - vácuo 
 - resfriamento (liofilização) 
 
 A) PROCESSOS NATURAIS 
 
 A.1: Secagem à sombra 
 
 A.2: Secagem ao sol 
 É rápida, podendo levar, entretanto, à evaporação de componentes voláteis ou 
destruição de princípios termolábeis. Pode formar camada relativamente dura e 
impermeável externamente, dificultando eliminação de água interna. 
 
 A.3: Secagem mista 
 Consiste em secar o material ao sol por algumas horas visando diminuir 
rapidamente a ação enzimática pela eliminação rápida de água, seguindo-se a secagem 
à sombra. Esta processo pode diminuir o tempo de secagem sem alterar o teor de 
princípio ativo. 
 
 
 B) PROCESSOS ARTIFICIAIS 
 
 B.1: Circulação de ar 
Só é possível em regiões de clima quente e 
seco. Se for muito lento pode facilitar a 
decomposição da droga em função da presença 
de enzimas. 
 14 
 Coloca-se o material em uma câmara e efetua-se a passagem de ar com 
velocidade adequada. Drogas com princípios voláteis podem ser prejudicadas. 
 
 B.2: Aquecimento 
 Em estufa fechada, com temperatura controlada → o que pode facilitar a não 
destruição do princípio ativo. 
 
 B.3: Aquecimento com circulação de ar 
 Em estufa com circulação de ar. Os produtos voláteis, no entanto, se perdem. É 
aconselhado para drogas com princípios ativos não voláteis e sujeitos ao ataque de 
enzimas. 
 
 B.4: Vácuo 
 Diminui a temperatura de secagem por diminuir o ponto de ebulição da água. É 
caro e prejudicial para drogas com princípios voláteis. 
 
 B.5: Esfriamento ou liofilização 
 É o melhor processo, mas o custo é muito elevado. Nele congela-se o material e 
retira-se água a vácuo por sublimação. Pouco usado para drogas, mais usado para 
alimentos e medicamentos. 
 
 Independente do processo de secagem adotado, alguns cuidados devem ser 
sempre tomados: 
 
 
- plantas aromáticas devem ser secas separadamente das demais (para evitar 
mistura de odores); 
- deve-se separar as partes mais suculentas das mais finas de uma mesma 
planta (devido aos tempos de secagem serem diferentes); 
- caso se verifique secagem irregular, deve-se mudar as bandejas e não 
revolver o material (não danificar). 
 - o material deve ser colocado sobre ripados ou bandejas 
de telas, sendo que plantas diferentes devem ficar em bandejas 
diferentes; 
 - as bandejas devem ser sobrepostas, porém com 
intervalo de pelo menos 30 cm; 
 
- deve-se fazer camadas finas de drogas, permitindo a 
circulação de ar entre as partes vegetais (evitar mofo e 
fermentação); 
 15 
 
4.3. ESTABILIZAÇÃO 
 
 Visa a inativação das enzimas. Constitui processo adicional e violento, devendo 
ser utilizado somente quando a secagem simples não for suficiente. Ex.: nas drogas 
cardiotônicas, as enzimas desdobram a cadeia glicosídica, reduzindo a atividade 
farmacológica. 
 
 A estabilização pode ser feita por 3 métodos: 
 • aquecimento 
 • solvente 
 • irradiação 
 
 A) AQUECIMENTO 
 Acima de 700 C (ideal entre 80 e 900 C) durante curto espaço de tempo (15 a 30 
minutos). Inativa as enzimas rapidamente sem desdobrar os princípios ativos. não pode 
ser usado para drogas com princípios ativos voláteis ou termolábeis. 
 
 B) SOLVENTE 
 São usados normalmente vapores de álcool. Este solvente, entretanto, pode 
retirar parte dos princípios ativos quando mergulhada a planta. 
 
 C) IRRADIAÇÃO 
 Utiliza raios ultra - violetas. Exige exposição demorada e tem uma ação mais ou 
menos superficial. É muito caro. 
 
4.4. CONSERVAÇÃO 
 
 Envolve não só a estocagem como a embalagem. O produto deve ser 
armazenado o menor tempo possível pois, em geral, quanto maior o período de 
armazenagem, maior a perda de princípios ativos. Drogas estocadas em “containers” 
usuais (sacos, fardos, caixas de madeira e de papelão, sacos de papel) reabsorvem 
cerca de 10 a 12% ou mais de umidade. Os efeitos combinados de umidade e 
temperatura e umidade e subseqüente condensação de água quando a temperatura cai 
devem ser considerados na estocagem de drogas. A conservação envolve determinados 
fatores: 
 
 A) AMBIENTE 
 O ambiente ideal deve ser: 
 16 
 
 
 Antes da armazenagem o produto deve ser inspecionado para verificar a presença 
de insetos, que devem ser eliminados. Durante a armazenagem o local deve ser 
inspecionado regularmente, com eliminação do material estragado. 
 
 B) EMBALAGEM 
 Depende da droga em questão e do tempo que ficará armazenada e deve estar 
devidamente identificada, com o nome da espécie, parte colhida, data da colheita e do 
término da secagem e nome do produtor. Em geral utilizam-se embalagens de 
polietileno. 
 A embalagem deve permitir trocas gasosas e sua natureza deve ser tal que não 
reaja com as substâncias presentes na droga. Drogas com óleo essencial e óleo fixo 
atacam embalagens plásticas, e as com ''ácidos orgânicos reagem com embalagens 
metálicas. É recomendado o uso de dessecantes em embalagens porosas. 
 
 
 
 
 C) ESTADO DE DIVISÃO 
 Depende do período em que ficar armazenada. Quanto mais dividida uma droga, 
mais acelerados os processos de decomposição (processos oxidativos), maior a 
absorção de umidade e maior a perda de substâncias voláteis. 
- seco e à temperatura de 5 a 150 C; 
- escuro (iluminação pouco intensa); 
- de alvenaria e com o pé direito alto (bom 
arejamento); 
- com grades finas nas portas e janelas, 
para evitar a entrada de insetos e 
roedores; 
- mantido com desinfecções e 
desinfestações periódicas; 
- com estrados no chão, para evitar que as 
embalagens sejam colocadas 
diretamente no chão. 
 17 
 
 
 
Finalmente, lembrar que todas as embalagens contendo as plantas devem 
receber sempre uma etiqueta onde constem: o nome da planta, o órgão, a data da 
colheita e o nome do produtor. A data da colheita é muito importante na comercialização. 
 
 
 os diversos tópicos levantados neste resumo são apenas ilustrativos e demonstram 
parte da imensa diversidade de fatores envolvidos na produção de plantas medicinais e, 
principalmente, que poderão influenciar a produção de metabólitossecundários pelas 
mesmas. Para o conhecimento mais aprofundado é importante que se procure literaturas 
especializadas - existem algumas específicas desse assunto que poderão ser 
consultadas. Os livros de Farmacognosia geralmente tratam o assunto superficialmente, 
quando tratam. É bom lembrar que cada planta tem suas exigências particulares e nem 
sempre o que é bom para uma também o será para outra. 
 
 
prof a Nilce Nazareno de Caetano 
Disciplina de Farmacognosia I 
Departamento de Farmácia 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ 
 
IMPORTANTE: deve-se ter claro que os maiores inimigos das plantas dessecadas 
são: 
 • o ar: devido ao oxigênio que contém, o ar predispõe à fermentação e formação 
de bolores. Por isso as embalagens devem ser herméticas; 
 • a luz: descolora principalmente as flores e folhas e, se for acompanhada de 
calor, volatiliza os óleos essenciais, etc.; 
 • a umidade: afrouxa os tecidos vegetais secos e desta forma predispõe à 
putrefação; 
 • a poeira: sua presença nas plantas prejudica a aparência e é sinônimo de 
falta de asseio, podendo em certos casos interferir na qualidade interna das plantas; 
 • os insetos: danificam as plantas ou simplesmente são a causa de reprovação 
na comercialização.

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