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Aula 02 Direito Tributário p/ PC-MA (Delegado) Com videoaulas - Pós-Edital Professor: Fábio Dutra Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra AULA 02: Limitações ao Poder de Tributar (Imunidades) SUMÁRIO PÁGINA Observações sobre a aula 01 Imunidades 02 Espécies de Imunidades Tributárias 12 Outras Espécies de Imunidades Tributárias 51 Lista das Questões Comentadas em Aula 60 Gabarito das Questões Comentadas em Aula 72 Legislação Pertinente 73 Súmulas Abordadas Durante a Aula 75 Principais Jurisprudências Abordadas Durante a Aula 77 Resumo da Aula 84 Observações sobre a Aula Olá, amigo (a), tudo bem? Está pronto para mais uma aula? O assunto a ser tratado hoje é continuidade do que vimos na aula anterior. Dando prosseguimento ao estudo das limitações ao poder de tributar, estudaremos as imunidades tributárias. Fiz o máximo possível para tornar o conteúdo bastante claro, sem exigir conhecimento prévio de outros temas do Direito Tributário. Quando isso se fizer necessário, fazemos uma breve explicação do assunto. Caso você sinta dificuldade em compreender algum conceito, não deixe de nos notificar. O objetivo é trazer a você uma aula 100% compreensível! Chega de papo! Vamos começar? Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 2 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra 1 - IMUNIDADES O tema que será tratado nesta aula é de suma importância para concursos públicos. As bancas adoram cobrar imunidades tributárias nas provas de Direito Tributário. Desta forma, vamos abordar o assunto no grau de profundidade que ele merece, com o intuito de deixá-lo totalmente preparado para qualquer prova sobre o assunto. Assim, iniciaremos explicando o conceito de imunidade, isenção e não incidência. Posteriormente, serão abordadas as classificações doutrinárias das imunidades. Por fim, vamos estudar as imunidades em espécie! Vocês verão que o assunto é bem tranquilo, embora tenha certa riqueza de jurisprudência. Antes de estudarmos as imunidades, gostaria de deixar claro que, embora se trate de uma dispensa constitucional do pagamento de tributos, a imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas pela legislação tributária. Nesse sentido, para o STF (RE 250.844), “exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é consentâneo com o gozo da imunidade tributária (...)”. A manutenção de livros fiscais é um exemplo de obrigação acessória. A grosso modo, podemos dizer que as obrigações acessórias são condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário, criando obrigações de “fazer” ou “deixar de fazer” algo no interesse da arrecadação e fiscalização. Não se preocupe com detalhes por ora, pois isso é tema de outra aula. Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização tributária. Vamos, então, estudar o tema “Imunidades”. 1.1 - Conceito de Imunidade, Isenção e Não Incidência A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos de imunidade, isenção e não incidência, é necessário que entendamos primeiramente o que vem a ser incidência tributária. Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos essenciais para que seja possível sua cobrança (hipótese de incidência, sujeitos ativo e passivo, base de cálculo e alíquota). Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 3 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Veja que a hipótese de incidência, como elemento essencial na instituição dos tributos, prevê na lei uma situação que, ocorrida no mundo real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária (ocorre o fato gerador). Nós já vimos superficialmente isso na aula anterior, você se lembra? Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser considerado não incidência? Podemos citar três situações: • A pessoa política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida. Podemos dizer que seria o caso de um tributo instituído “pela metade”, em que o ente não prevê todas as hipóteses de incidência capazes de gerar a tributação; • A pessoa política não possui competência tributária para determinar certas situações fáticas como hipótese de incidência. Esta hipótese se refere a situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por exemplo, o IPVA não pode incidir sobre bicicletas; • A pessoa política é “barrada” pela CF/88. Ou seja, há certo dispositivo constitucional que inibe a possibilidade de o ente prever aquela situação como hipótese de incidência do tributo. Observação: Competência tributária é o poder conferido pela Constituição aos entes federados para instituírem tributos (impostos, taxas etc.), sempre por meio de lei. Como a CF/88 não cria tributos, é o exercício da competência tributária que torna possível a cobrança dos tributos. O tema será estudado em outra aula. Todas as três situações acima se referem à não incidência tributária. Contudo, a última pode ser considerada como hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Por tal motivo, é denominada IMUNIDADE. A imunidade pode ser considerada uma incompetência tributária. Perceba, pela explicação inicial do tópico, que tanto na imunidade propriamente dita como nas demais situações que de não incidência, não há a ocorrência do fato gerador. Guarde isso! Precisamos nos atentar ainda para o conceito de isenção. Trata-se de um benefício fiscal concedido pelo ente político, por intermédio de lei. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 4 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo, sendo considerada uma decisão política. Neste caso, há uma hipótese de incidência prevista na lei que instituiu o tributo, e, por esse motivo, o fato gerador ocorre. Contudo, o tributo não vem a ser cobrado, pois a isenção é uma hipótese de exclusão do crédito tributário. Não iremos nos aprofundar neste conceito por enquanto, para não ter o risco de confundirmos. O momento irá chegar. O que importa, por enquanto, é saber que a isenção decorre do exercício da competência tributária e o fato gerador do tributo chega a ocorrer, e a obrigação tributária chega a existir. Isto é, o ente poderia cobrar aquele tributo, mas decide isentar os contribuintes, mediante a edição de uma lei. Nesta aula, estamos adotando a doutrina clássica, pois é o posicionamento adotado pelo STF (ADI 286). Há divergência doutrinária sobre a existência ou não da obrigação tributária nos casos de isenção. A doutrina clássica, preconizada por Amílcar de Araújo Falcão1, dentre outros, defende que a isenção constitui apenas em dispensa legal do pagamento do tributo, isto é, o fato gerador ocorre, a obrigação tributária chega a existir, mas não o crédito tributário, tendo em vista que ocorre a sua exclusão, nos termos do art. 175, I, do CTN. Esta é a linha adotada pelo STF (ADI 286). A doutrina mais moderna entende que, em casos de isenção, não há ocorrência do fato gerador, de forma que a obrigação tributária não chega a existir. Nesta linha, De acordo com o autor Roque Antônio Carraza2, “a isençãopode ser definida como limitação legal do âmbito de validade da norma jurídica tributária, que impede que o tributo nasça ou faz com que ele surja de modo mitigado.” Dando continuidade ao nosso estudo, por outro lado, a imunidade é uma delimitação da competência tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de tributar, posicionando-se ao lado dos princípios constitucionais tributários. Ou seja, existe um limite além do qual o ente instituidor não 1 FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 6ª Edição. 2002. Pág. 66 2 CARRAZA, Roque Antônio. ICMS. 9ª Edição. Editora Malheiros. 2003 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 5 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra pode tributar, por expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato gerador neste caso. Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada pela CF/88 para tratar das imunidades, visto que o simples fato de estar no texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade. Neste sentido, o STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o art. 195, § 7°, da CF/88, mencione a palavra “isentas”, a interpretação que deve ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade. Repare que, embora diferenciamos não incidência de imunidade, esta está inserida dentro do conceito daquela, com a ressalva de que foi prevista constitucionalmente. Espero que o quadro abaixo possa auxiliá-los a entender melhor o que dissemos até agora. Por fim, cabe destacar o conceito de alíquota zero, que é mais uma hipótese em que o tributo acaba não sendo cobrado. Nesse caso, ocorre o fato gerador, contudo, o valor do tributo é nulo, já que a alíquota é zero. Isso ocorreria, por exemplo, se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota de Imposto de Importação a zero sobre determinados produtos essenciais ao País. 1.2 – Classificação das Imunidades Segundo a Doutrina Neste tópico, iremos abordar as principais classificações das imunidades adotadas pela doutrina. À medida que expusermos uma classificação, traremos exemplos estatuídos na própria CF/88, com o objetivo de facilitar a absorção do assunto. Não Incidência Imunidade Situação não prevista na lei instituidora ou impossível; Não há norma que preveja; Não ocorre fato gerador; a) Limitação ao poder de tributar; b) Previsão no texto constitucional; c) Não ocorre fato gerador; Isenção 1. Opção política do ente tributante; 2. Previsão em norma infraconstitucional; 3. Ocorre fato gerador; Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra 1. Classificação quanto ao parâmetro para concessão: subjetivas, objetivas ou mistas A Constituição Federal, ao instituir as imunidades, pode adotar como parâmetro tanto as pessoas (imunidade subjetiva) quanto as coisas (imunidade objetiva). Podemos ter ainda imunidades que consideram as coisas e as pessoas ao mesmo tempo, sendo estas denominadas imunidades mistas. As imunidades subjetivas podem ser exemplificadas pela imunidade recíproca. De acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a renda ou serviços, uns dos outros. Observe que a imunidade é direcionada a pessoas políticas, mas não o é às empresas privadas, por exemplo. Com isso, fica clara a importância que tem a “pessoa” para se definir se haverá ou não imunidade. Cabe observar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela abrangidas da responsabilidade pela retenção de tributos, caso estejam designadas pela lei. Sendo assim, a União fica, a título de exemplo, responsável pela retenção do imposto de renda incidente sobre os rendimentos de seus servidores, pois estes não são imunes. Observação: Responsável tributário, como veremos em momento oportuno, é a pessoa que, embora não tenha relação pessoal com a situação que fez surgir o fato gerador, está a ela ligada por expressa disposição legal. Ainda que esteja imune, a “pessoa” pode estar sujeita por meio de lei a fazer retenção e recolhimento dos tributos devidos por outrem. Temos aqui mais um exemplo obrigação acessória: o fato de a empresa estar obrigada a descontar os tributos devidos por terceiros e recolhê-los. Veja que não há encargo financeiro, mas tão somente a obrigação de “fazer algo”. No que se refere às imunidades objetivas, o exemplo amplamente utilizado é o da imunidade cultural. De acordo com o art. 150, VI, d, da CF/88, é vedado a todos os entes federativos instituir impostos sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta forma, não importa qual pessoa esteja vendendo um jornal, por exemplo. O que é relevante para a aplicação da imunidade é o bem que está sendo objeto de comercialização. Por último, as imunidades mistas podem ser ilustradas pela imunidade que impede a incidência do Imposto sobre Propriedade Territorial Rural sobre Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 7 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra as pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel. Atente para o fato de que as glebas rurais constituem o aspecto objetivo, e o fato de seu proprietário não poder possuir outro imóvel revela o aspecto subjetivo da referida imunidade. Até aqui, tudo compreendido? Passemos, pois, para a segunda classificação. 2. Classificação quanto à origem: ontológicas e políticas As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da isonomia e do pacto federativo. Ou seja, são imunidades que, ainda que não houvesse sua previsão constitucional, existiriam. Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca. Repare que tal imunidade busca preservar a autonomia financeira dos entes federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo. Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem por decisão expressa do legislador constituinte. Isso não quer dizer que elas não protegem outros princípios constitucionais. Por exemplo a imunidade cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. 3. Classificação quanto à forma de previsão: explícitas ou implícitas Configuram-se explícitas as imunidades expressas no próprio texto constitucional. Trata-se das hipóteses que o legislador já previu, no momento da elaboração da Constituição Federal. É possível também que algumas imunidades não tenham sido reconhecidas expressamente, mas, por decorrerem de princípios constitucionais, a jurisprudência passe a aceitá-las da mesma forma que as que estão confeccionadas na CF. A essas imunidades, a doutrina denominou implícitas. Até o momento, não temos exemplos de imunidades implícitas. Perceba que podemos fazer uma interligação entre o que foi visto aqui e o que vimos na classificação quanto à origem das imunidades. As imunidades políticas são sempre explícitas, pois necessariamente devem estar previstas no texto da Constituição. Por outro lado, vimos que as imunidades ontológicas, ainda que não fossem previstas na CF, existiriam. Desta maneira, podemos afirmar que tais imunidades podem ser tanto explícitas como implícitas. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.brPágina 8 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra 4. Classificação quanto à necessidade de regulamentação: incondicionadas e condicionadas Esta classificação diz respeito à necessidade de que a imunidade, para surtir efeitos no mundo concreto, esteja regulamentada por norma infraconstitucional, ou seja, por leis. Neste contexto, se as imunidades forem incondicionadas, como, por exemplo, a imunidade recíproca, não há necessidade de edição de lei, produzindo efeitos imediatamente. Devemos lembrar que também há as imunidades condicionadas, que são aquelas que dependem de regulamentação por lei, para que possam produzir efeitos. Como exemplos, podemos citar a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88. Trata-se da imunidade referente às instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos. Estas só poderão gozar da benesse constitucional, caso haja regulamentação legal. Recuperando os seus estudos de Direito Constitucional, podemos dizer que as imunidades condicionadas constituem normas de eficácia limitada, pois se faz necessária uma regulamentação infraconstitucional. 5. Classificação quanto ao alcance: gerais e específicas Em alguns casos, o legislador constituinte optou por incluir vários tributos e todos os entes federativos dentro de certas imunidades. Por exemplo, a imunidade recíproca veda a instituição de diversos impostos (sobre patrimônio, renda ou serviços) e tal vedação é extensiva à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios. Neste caso, tal imunidade é denominada geral ou genérica. Todas as imunidades previstas no art. 150, VI, da CF/88 são consideradas genéricas. Por outro lado, em algumas situações, as imunidades são mais restritas, alcançando tributos específicos e, por consequência, apenas o ente competente para instituí-los. Cite-se, por exemplo, o caso da imunidade concedida ao IPI sobre operações de exportação (art. 153, § 3°, III). Tal imunidade pode ser denominada específica, tópica ou especial. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 9 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Questão 01 – CESPE/TCE-PR-Analista de Controle Externo/2016 O estabelecimento das hipóteses de imunidade tributária é reservado a lei complementar. Comentário: A imunidade tributária, por ser limitação ao poder de tributar, somente é definida na própria CF/88. Questão errada. Questão 02 – CESPE/TCE-RN-Auditor/2015 A imunidade tributária visa preservar valores políticos, religiosos, sociais, econômicos e éticos da sociedade, com vistas a evitar que determinadas atividades sejam oneradas pela incidência dos tributos. Comentário: De fato, esse é o real objetivo das imunidades tributárias, isto é, preservar valores políticos, religiosos, sociais, econômicos e éticos da sociedade, com vistas a evitar que determinadas atividades sejam oneradas pela incidência dos tributos. Assim, por exemplo, a imunidade recíproca existe para proteger a autonomia financeira dos entes federados. Questão correta. Questão 03 – CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 Reputa-se de natureza política a imunidade tributária recíproca. Comentário: A imunidade recíproca é um sustentáculo do pacto federativo, protegendo a autonomia financeira das entidades políticas. Sendo assim, ela tem natureza ontológica, e não política. Questão errada. Questão 04 – CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 As entidades que gozem de isenção ou imunidade tributária não são passíveis de fiscalização, visto que a ação fiscalizadora constituiria abuso de poder do agente fiscalizador. Comentário: Não há exceções quanto à atividade de fiscalização tributária. Ainda que a entidade goze de imunidade ou mesmo de isenção, fica sujeita à fiscalização, devendo, ainda, cumprir obrigações acessórias a que estiver submetida. Questão errada. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 10 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Questão 05 – CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011 Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está dispensada de cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização tributária. Comentário: Conforme entendimento esposado pelo STF, o fato de a pessoa jurídica gozar de imunidade tributária não a exime da obrigação de cumprir obrigações acessórias. Questão correta. Questão 06 – CESPE/PROCURADOR-PE/2009 A criação de imunidade tributária é matéria típica de lei ordinária. Comentário: A criação de imunidade tributária é matéria exclusiva da própria Constituição Federal, não podendo ser prevista em lei ordinária. Questão errada. Questão 07 – FCC/MPE-PA-Promotor de Justiça/2014 Sobre a Lei Complementar nº 87/96 - Lei Kandir, é correto afirmar que institui imunidades tributárias relativas ao ICMS dos Estados e Distrito Federal, dentre elas as operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial e operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário. Comentário: A Lei Kandir tratou de diversos assuntos relacionados ao ICMS. Contudo, não é necessário conhecer nada sobre isso para que você acerte a questão acima. Basta saber que a imunidade tributária é definida apenas em norma constitucional. Portanto, lei complementar não pode instituir imunidades tributárias relativas ao ICMS ou a qualquer outro tributo. Questão errada. Questão 08 –FCC/TJ-PE-Titular de Serviços de Notas e de Registros/2013 A imunidade tributária a) pode vir definida em lei ou na Constituição Federal, mas nunca em decreto. b) para ser concedida depende de requerimento do interessado à autoridade administrativa competente. c) pode ser criada por lei do ente competente para instituir o tributo, podendo ser em caráter geral ou em caráter específico. d) é prevista na Constituição Federal, que fixa as hipóteses de incompetência para o ente instituir o tributo nas situações por ela definidas. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 11 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra e) é prevista na Constituição Federal, mas sua aplicação depende sempre de despacho de autoridade administrativa fiscal competente que reconheça a não incidência. Comentário: Alternativa A: A imunidade tributária apenas pode ser definida na Constituição Federal. Alternativa errada. Alternativa B: A imunidade não fica sujeita à deferimento por parte da autoridade administrativa. Alternativa errada. Alternativa C: Essa regra aplica-se à isenção, mas não à imunidade, visto que esta só pode ser definida na CF/88. Alternativa errada. Alternativa D: Realmente, a imunidade é prevista na Constituição Federal, fixando hipóteses de incompetência tributária para o ente instituir o tributo, ou seja, traça limites ao poder de tributar dos entes federativos. Alternativa correta. Alternativa E: Embora seja realmente prevista na CF, sua aplicação independe de despacho de autoridade administrativa. Alternativa errada. Gabarito: Letra D Questão 09 – FGV/TCM-SP-Agente de Fiscalização/2015 De acordo com o sistema constitucional tributário, a previsão de imunidade é: a) limitação à instituição de tributos estaduais e municipais, imposta pela União, através de lei complementar nacional; b) dispensa legal do pagamento do tributo ou penalidade pecuniária; c) modalidade especial de extinção do crédito tributário; d) não incidência qualificada pela lei; e) limitação constitucional aopoder de tributar. Comentário: Alternativa A: A imunidade constitui limitação ao poder de tributar, imposta única e exclusivamente pela Constituição Federal. Alternativa errada. Alternativa B: A dispensa legal do pagamento de tributo ou penalidade pecuniária denomina-se isenção e anistia, respectivamente. Alternativa errada. Alternativa C: A imunidade é uma forma de não incidência constitucionalmente qualificada, não se confundindo com modalidade de extinção do crédito tributário. Alternativa errada. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 12 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Alternativa D: A imunidade é uma forma de não incidência constitucionalmente qualificada, e não qualificada pela lei. Alternativa errada. Alternativa E: De fato, a imunidade tributária constitui limitação constitucional ao poder de tributar. Alternativa correta. Gabarito: Letra E 2 – ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS Neste tópico, abordaremos as principais imunidades de forma aprofundada, e mencionaremos as demais, previstas fora do Capítulo do Sistema Tributário Nacional, apenas para que você tenha conhecimento da existência delas. Ok? 2.1 – Imunidade Recíproca Mencionamos a imunidade recíproca em vários exemplos no estudo da classificação doutrinária das imunidades, certo? Por esse motivo, creio que vocês acabaram tendo uma noção do que se trata. Na verdade, tal imunidade – também denominada imunidade intergovernamental – existe para proteger a autonomia financeira dos entes federados e, consequentemente, o pacto federativo. Podemos afirmar, portanto, que ela configura uma cláusula pétrea, no entendimento da Suprema Corte (ADI 939). Como é viabilizada esta proteção que acabamos de dizer? Ora, de acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. Você precisa estar atento ao fato de que a única espécie de tributo abrangida por esta imunidade são os impostos. Além disso, note que o conceito é ainda mais restrito: apenas os impostos sobre o patrimônio, renda ou serviços foram alcançados pela imunidade recíproca. Para entender o assunto que vamos estudar, é necessário que você conheça o conceito de contribuinte de direito e contribuinte de fato. Esse tema toma relevância em situações nas quais as pessoas que arcam, de fato, com o ônus tributário não são as mesmas que recolhem o tributo ao erário. Isso ocorre nos denominados tributos indiretos. Imaginemos que determinado cidadão compra uma TV de LED em uma loja de eletrodomésticos. Sobre a incidência do ICMS nesta operação, a loja é Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 13 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra eleita pela lei como contribuinte, e é ela quem vai recolher tal imposto, correto? No entanto, quem sofre o ônus do tributo não é a loja, mas sim a pessoa física que adquiriu a TV. Isso ocorre, porque a loja simplesmente acrescenta o custo daquele tributo no valor da TV. Dessa forma, dizemos que contribuinte de direito é aquele eleito pela lei para recolher o tributo, e contribuinte de fato é o que arca realmente com o ônus do tributo. Entendido? Tudo isso será visto com maiores detalhes em outras aulas. O importante agora é que você saiba distinguir tais figuras, para entender com precisão o que será dito a seguir. Vejamos, então, como é o entendimento da Suprema Corte em relação à aplicabilidade da imunidade recíproca sobre os tributos indiretos: Ementa: TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA. MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE FATO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, VI, A, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A imunidade do art. 150, VI, a, da Constituição somente se aplica ao imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito. II - Como o Município não é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviços de energia elétrica, não tem o benefício da imunidade em questão, uma vez que esta não alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III – Agravo regimental improvido. (STF, ARE 663.552-AgR/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgado em 28/02/2012) Para a Suprema Corte (ARE 663.552), a imunidade recíproca somente se aplica se o ente beneficiado estiver na condição de contribuinte de direito, não o alcançando como contribuinte de fato. Vejam que quem faz o recolhimento do tributo, relativo aos serviços de energia elétrica, são as próprias prestadoras de serviço, sendo elas denominadas contribuinte de direito. Por outro lado, a referida imunidade pode se aplicar em operações de importação de bens, quando o ente federado for o importador. Neste caso, perceba que há a identidade do contribuinte de fato e do contribuinte de direito, não havendo transferência do ônus tributário (STF, AI 518.405-AgR). Além destas situações, podemos acrescentar que o STF (AI AgR/RS 174.808 e RE 196.415/PR) já considerou ilegítima a incidência de IOF sobre aplicações financeiras dos entes federados, bem como a tributação da renda resultante de tais aplicações pelo IR. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 14 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as demais medidas legais cabíveis (STF, RE 259.976-AgR). Para fins de provas, é interessante visualizarmos toda a emenda deste julgado, conforme se transcreve abaixo: EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROPÓSITO MODIFICATIVO. EXCEPCIONALIDADE AUSENTE. ALEGADA CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. ACÓRDÃO QUE TOMA COMO PREMISSA A VINCULAÇÃO DA IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA À ATIVIDADE ESSENCIAL DA ENTIDADE PROTEGIDA. APLICAÇÃO AO PRODUTO DE OPERAÇÕES FINANCEIRAS PARA AFASTAR O IOF. 1. Conforme assentado em uma série de precedentes e no próprio acórdão embargado, a imunidade tributária é indiferente à integral gratuidade dos serviços prestados e abarca os meios de existência da entidade, ainda que inconfundíveis com a respectiva atuação institucional. 2. O benefício não será aplicável, dentre outros motivos, se ficar constatado (i) desvio de finalidade ou (ii) risco à concorrência e à livre iniciativa. 3. Tanto a decisão agravada como o acórdão recorrido indicaram explicitamente que as razões de recurso extraordinário basearam-se em meras presunções, que não são toleradas à luz do devido processo legal de constituição do crédito tributário. (...) (STF, RE 259.976 AgR-ED/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, Julgado em 19/10/2010) Observação: O caso concreto se referia à imunidade recíproca extensiva à OAB. Ainda hoje estudaremos mais detalhes sobre esta situação. Ressalte-se ainda que, para o STF (ADI 2.024 e RE 364.202/RS, respectivamente), a imunidade recíproca não pode ser invocada para as contribuições previdenciárias e para as taxas. Sendo assim, por exemplo, uma repartição federal poderia estar sujeita a pagar taxa pela coleta de lixo. Até aqui vimos a aplicabilidade da imunidade recíproca aos entes federados. No entanto, há que se lembrar de que esta limitação constitucional ao poder de tributar é extensiva a outras pessoas jurídicas, de acordocom o art. 150, § 2°, da CF/88, a seguir transcrito: “Art. 150: (...) Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 15 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra § 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.” A citada extensão é denominada “imunidade tributária recíproca extensiva” por parcela da doutrina . Note que há uma restrição neste parágrafo, que é a necessidade de que o patrimônio, a renda e os serviços das referidas entidades estejam vinculados às finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Perceba ainda que esta restrição não foi feita em relação aos entes políticos, como demonstra a ementa do seguinte julgado: "O julgado recorrido contempla a conclusão de que a União não está condicionada ao ônus de comprovar vinculação do bem tributado a uma finalidade pública, o que somente ocorre nos casos das autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público no que se refere à tributação do patrimônio, renda e serviços vinculados a suas finalidades essenciais. (...)” (STF, RE 635.012/RJ, Decisão Monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgado em 07/02/2013) De qualquer modo, é interessante destacar a jurisprudência do STJ, no sentido de que há presunção de que os imóveis pertencentes às entidades autárquicas se destinam aos seus fins institucionais: PROCESSUAL CIVIL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IPTU. PRESUNÇÃO DE QUE O IMÓVEL SE DESTINA AOS FINS INSTITUCIONAIS DA ENTIDADE AUTÁRQUICA. ÔNUS DA PROVA EM CONTRÁRIO. INCUMBÊNCIA DO PODER TRIBUTANTE. 1. Conforme a jurisprudência dominante do STJ, presume-se que o imóvel de entidade autárquica esteja afetado a destinação compatível com seus objetivos e finalidades institucionais. Portanto, o ônus de provar que o patrimônio da autarquia está desvinculado dos seus objetivos institucionais e, portanto, não abrangido pela imunidade tributária prevista no art. 150 da Constituição, recai sobre o poder tributante. Com efeito, assim como cabe ao executado- embargante o ônus da prova de sua pretensão desconstitutiva, incumbe ao embargado, réu no processo de embargos à execução, a prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Precedentes citados. 2. Recurso especial não provido. (STJ, Segunda Turma, REsp 1.335.220/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Julgamento em 21/08/2012) Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 16 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Para o STJ, o ônus de provar que o patrimônio da autarquia está desvinculado dos seus objetivos institucionais é do ente tributante. Destaque-se que, muito embora o texto constitucional restrinja a aplicação desta imunidade às autarquias e às fundações públicas, o entendimento predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o de que a benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de economia mista (SEM) prestadoras de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. A princípio, você poderia pensar que isso seria proibido pelo art. 173, § 2°, da CF/88, segundo o qual “as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado”. Contudo, o que deve ser considerado é que existem dois tipos de EP e SEM, isto é, há aquelas exploradoras de atividade econômicas (sujeitas ao art. 173, da CF/88) e há as prestadoras de serviços públicos (sujeitas ao art. 175, da CF/88). As únicas abrangidas pela imunidade recíproca são as prestadoras de serviço público. Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes EP e SEM: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – (STF, RE 407.099); Infraero – (STF, RE 524.615-AgR); Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) – (STF, AC 1.550-2/RO); Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – (STF, RE 253.472) Casa da Moeda do Brasil (CMB) – (STF, RE 610.517) Observação: Em 2014, tivemos mais três decisões favoráveis à imunidade gozada pela ECT. Senão, vejamos: Em 15/10/2014, o STF reconheceu a imunidade relativa ao IPTU incidente sobre imóveis de propriedade da ECT, bem assim os por ela utilizados. Em 12/11/2014, o Plenário do STF decidiu que não incide o ICMS sobre o serviço de transporte de bens e mercadorias realizado pela Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. Em 26/11/2014, a Suprema Corte (ACO 879/PB) reafirmou sua jurisprudência a respeito da imunidade tributária relativa ao IPVA, gozada pela ECT. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 17 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Além dos casos acima citados, o entendimento do STF (RE 580.264/RS) tem sido o de que “as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal”. Na direção oposta do que vimos, o STF (RE 285.716-AgR) negou à Petrobrás, sociedade de economia mista destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, a imunidade recíproca. De acordo com a Suprema Corte, “é irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal”. Dessa forma, podemos memorizar que o fato de a atividade estar sujeita a monopólio estatal não traz como consequência a aplicação de imunidade. Ressalte-se que a OAB – entidade não integrante da administração pública indireta – também foi alcançada pela imunidade recíproca, no entendimento do STF (RE 259.976-AgR). De acordo com a Suprema Corte, a OAB desempenha atividade própria de Estado, motivo que faz com que ela também esteja imune. No entanto, o fato de a OAB estar inserida no seleto rol de entidades abrangidas pela imunidade recíproca, não faz com que a Caixa de Assistência dos Advogados, mesmo integrando a estrutura da OAB, esteja imune. Isto ocorre porque a atividade da Caixa de Assistência dos Advogados tem sua área de atuação voltada aos benefícios individuais dos associados (STF, RE 662.816/BA- AgR). A OAB é imune, mas a Caixa de Assistência dos Advogados não é! No que se refere à delegação de serviços públicos (prestação por particulares), cumpre destacar que se o patrimônio pertencer a um ente federado, independentemente de estar ocupado por empresa delegatária de serviços públicos, continua imune à tributação (STF, RE 253.394/SP). Contudo, a atividade delegada em si, caso seja exercida com intuito lucrativo, não há que se falar em imunidade. É o caso, por exemplo, dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais, que, por terem intuito lucrativo e serem devidamente remunerados, não estão imunes (STF, ADI 3.089). Por conta desse entendimento, faz-se necessário transcrever trecho do voto do Min. Joaquim Barbosa, no julgamento da ADI 3.089: Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 18 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra “Nesse sentido, tanto os objetivos como os objetivos como os efeitos do reconhecimento da aplicação da imunidade recíproca são passíveis de submissão ao crivo jurisdicional,em um exame de ponderação e proporcionalidade não bastando a constatação objetiva de natureza pública do serviço que se está a tributar.” (Trecho do Voto do Min. Joaquim Barbosa) (STF, ADI 3.089/DF, Pleno, Rel. Min. carlos Britto, Julgado em 13/02/2008) O simples fato de o serviço ter natureza pública não basta para ficar caracterizada a imunidade! Para concluir o tema, precisamos estudar a última norma que versa sobre a imunidade recíproca, que é o § 3° do art. 150, que diz o seguinte: “Art. 150: (...) § 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.” Uma leitura atenta do dispositivo permite inferir que há duas hipóteses que escapam da abrangência da imunidade recíproca. A primeira diz respeito a quando o patrimônio, a renda e os serviços são utilizados para exploração de atividades econômicas em concorrência com os empreendimentos privados. O que se deve ficar atento é ao motivo que fez o legislador constituinte inserir esta exceção, que é o fato de não permitir que haja concorrência desleal. Ou seja, seria injusto que determinadas entidades utilizassem da imunidade para concorrer no mercado, certo? Essa vedação é aplicável aos entes de direito público, pois as EP e SEM já possuem vedação própria no art. 173, § 2°. Há que se destacar que o STF (RE 242.827) já decidiu que a imunidade recíproca extensiva alcança o INCRA – autarquia federal -, desobrigando-o de pagar ICMS sobre a exploração de unidade Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 19 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra agroindustrial. No entendimento do tribunal, a exploração é ocasional e está inserida no âmbito de sua destinação social. Trata-se de um caso muito específico, mas é bom que você saiba que o STF assim já se posicionou. A segunda hipótese afirma que a imunidade recíproca não exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. A situação se refere a quando uma pessoa particular (promitente comprador) assina um contrato de compra e venda, adquirindo um imóvel de um ente imune. Lembre-se de que a mera assinatura do contrato não transfere a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter sobre o bem o direito real de aquisição de coisa alheia, bastando, segundo a CF/88, para ser tributado normalmente. Nesse contexto, o STF já sumulou o seguinte entendimento: Súmula STF 583 - Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano. Vamos esquematizar isso que vimos: Questão 10 – CESPE/TCE-RN-Auditor/2015 Há entendimento do STF segundo o qual é extensível, em alguns casos, a imunidade recíproca às empresas públicas, sob o argumento central de que elas reinvestem seus ganhos ou lucros na própria atividade-fim. IMUNIDADE RECÍRPOCA Impostos Patrimônio Renda Serviços Extensiva a autarquias e fundações públicas Vinculação a finalidades essenciais EP e SEM prestadoras de serviço público Não se aplica: Taxas Contr. Previd. Não se aplica: - Explor. Ativ. Econ. - Contrib. De fato - Caixa Assist. Adv. - Serv. Cartoriais d Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 20 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Comentário: O argumento central utilizado pelo STF para estender a imunidade recíproca às empresas públicas é o de que prestam serviços de caráter obrigatório e exclusivo de Estado. Questão errada. Questão 11 – CESPE/CGE-PI-Auditor Governamental/2015 A imunidade recíproca entre os entes tributantes estabelece a vedação da cobrança de impostos e taxas entre a União, os estados, o Distrito Federal (DF) e os municípios. Comentário: A imunidade recíproca se restringe aos impostos, não alcançando as taxas. Questão errada. Questão 12 – CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 O princípio da imunidade recíproca, mediante o qual é vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, é extensivo às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Comentário: Trata-se da imunidade recíproca extensiva, prevista no art. 150, § 2º, da CF/88, alcançando as autarquias e as fundações instituídas e mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Questão correta. Questão 13 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013 A imunidade tributária recíproca é princípio garantidor da Federação, motivo pelo qual não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional. Comentário: Conforme estudamos, a imunidade recíproca constitui cláusula pétrea. Por esse motivo, não é possível haver proposta de emenda constitucional com o objetivo de abolir ou restringir tal princípio. Questão correta. Questão 14 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013 A imunidade tributária recíproca é princípio garantidor da Federação, motivo pelo qual não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional. Comentário: A imunidade recíproca é considerada cláusula pétrea por proteger a autonomia dos entes federados e, consequentemente, a Federação. 8 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 21 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Portanto, podemos dizer que não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional. Questão correta. Questão 15 – CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013 O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do posicionamento firmado pelo STF, ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. Comentário: A imunidade recíproca é aplicável aos impostos, não podendo ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. Questão correta. Questão 16 – CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013 O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do posicionamento firmado pelo STF, ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. Comentário: Questão bem tranquila. A imunidade recíproca não se aplica às contribuições previdenciárias. Questão correta. Questão 17 – CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 O princípio da imunidade recíproca, que veda à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, não se aplica aos entes que compõem a administração indireta, como autarquias e fundações públicas. Comentário: A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público, observadas as condições previstas no art. 150, § 2º, da CF/88. Questão errada. Questão 18 – CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 Como a imunidade recíproca está inserida entre as denominadas imunidades genéricas, pode o legislador constituinte derivado afastar a aplicação desse instituto em determinada hipótese. Comentário: De fato, a imunidade recíproca é considerada genérica, mas essa característica não concede ao constituinte derivado (pela via da emenda constitucional) o poder de afastar a imunidade, haja vista ser consideradacláusula pétrea. Questão errada. 5 Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 22 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Questão 19 – CESPE/PROMOTOR-MP-PI/2012 Em razão do princípio da imunidade recíproca, é vedado à União, aos estados, ao DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos outros, inclusive quando houver contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. Comentário: Consoante o disposto no art. 150, § 3º, da CF/88, a imunidade recíproca não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário. Sendo assim, a questão está errada. Questão 20 – CESPE/JUIZ FEDERAL-1ª REGIÃO/2009 Considerando que um estado da Federação possua dois imóveis, um para abrigar um gerador de energia e outro que é a residência oficial do governador, assinale a opção correta. a) O imóvel que abriga o gerador de energia estará imune ao pagamento de imposto, caso sirva para propiciar luz à residência oficial do governador. b) A residência oficial será imune ao pagamento de imposto somente se estiver situada em área residencial e urbana. c) Se não for finalidade essencial do estado fornecer moradia para o governador, pode ser cobrado IPTU do imóvel residencial. d) Haverá imunidade recíproca do imóvel que abriga o gerador, caso este seja utilizado para abastecer parte da cidade e seja cobrado tributo para isso. e) Se a residência oficial for vendida, o comprador estará imune ao pagamento do imposto de transferência de sua propriedade. Comentário: Alternativa A: Se o imóvel que abriga o gerador de energia está servindo para propiciar luz à residência oficial do governador, certamente estará imune ao pagamento de IPTU. Alternativa correta. Alternativa B: Não importa se a residência está situada em área residencial ou comercial, urbana ou rural. De qualquer modo, a imunidade subsiste. Alternativa errada. Alternativa C: O ente federativo não está vinculado a destinar o imóvel ao cumprimento de sua finalidade essencial como condição para usufruir da imunidade, já que tal restrição somente se aplica às autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público. Alternativa errada. Alternativa D: Não há necessidade que o gerador abasteça a cidade, e muito menos que seja cobrado tributo em razão do fornecimento de energia. Alternativa errada. d Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Alternativa E: Em caso de alienação do imóvel em que esteja situada a residência oficial do governador, o comprador não estará imune, devendo realizar o pagamento do imposto devido em face da transferência da propriedade do referido bem. Alternativa errada. Gabarito: Letra A Questão 21 – FCC/ICMS-PE/2014 Os serviços notariais e de registro, por serem exercidos em caráter público, por delegação do Poder Público, sujeitam-se à imunidade tributária recíproca. Comentário: O STF já decidiu que os serviços de registros públicos, cartorários e notariais, que, por terem intuito lucrativo e serem devidamente remunerados, não estão imunes. Questão errada. Questão 22 – FCC/ICMS-PE/2014 A sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto não é abrangida pela imunidade tributária recíproca. Comentário: O STF já se manifestou no sentido da extensão da imunidade tributária recíproca às sociedades de economia mista prestadora de serviços públicos. Assim, já foi concedida imunidade para a CAERD (Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia), uma sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto. Questão errada. Questão 23 – FCC/ICMS-PE/2014 As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, ainda que seu capital social seja majoritariamente estatal, não gozam da imunidade tributária recíproca. Comentário: O STF já decidiu que as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Questão errada. Questão 24 – FCC/TRT-16ª Região – Analista Judiciário/2014 Facundo, Auditor Fiscal da Receita Federal, pretende multar a Fundação “Vida e Paz”, fundação instituída e mantida pelo Poder Público, haja vista que a mesma jamais pagou imposto sobre seu patrimônio, renda e serviços. Nesse caso, b Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra a) Facundo apenas pode cobrar tributo pelos serviços exercidos pela fundação, mas não sobre a renda e o patrimônio, os quais detém imunidade tributária. b) correta a postura de Facundo, vez que a citada fundação não detém imunidade tributária. c) correta a postura de Facundo, pois apenas as autarquias possuem imunidade tributária. d) incorreta a postura de Facundo, vez que a fundação possui imunidade tributária relativa aos impostos sobre seu patrimônio, renda e serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou as delas decorrentes. e) Facundo apenas pode cobrar tributo sobre a renda da fundação, mas não sobre seus serviços e patrimônio, os quais detém imunidade tributária. Comentário: Sabemos que a imunidade recíproca foi estendida às autarquias às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes, conforme determina o art. 150, § 2º, da CF/88. Portanto, Facundo não pode multar a referida fundação, sob o fundamento de que tal entidade jamais pagou imposto sobre seu patrimônio, renda e serviços. Gabarito: Letra D Questão 25 – FCC/ICMS-SP/2013 A imunidade tributária recíproca é aplicável às autarquias e empresas públicas que prestem inequívoco serviço público, desde que distribuam lucros e tenham por objetivo principal conceder acréscimo patrimonial ao poder público. Comentário: Não existe tal regra na CF/88 e nem mesmo na jurisprudência do STF, no sentido de que condicionar a concessão de imunidade à distribuição de lucros. Questão errada. Questão 26 – FCC/ICMS-SP/2013 É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a imunidade recíproca entre os Entes da Federação - União, Estados, Distrito Federal e Municípios que garante a isonomia na distribuição de receitas tributárias. Comentário: Não se nega que a imunidade recíproca seja uma limitação constitucional ao poder de tributar. Contudo, não tem por objetivo garantir a isonomia na distribuição de receitas tributárias, mas sim proteger o pacto federativo, preservando a autonomia financeira dos entes federados. Questão errada. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Questão 27 – ESAF/MPOG-APO/2015 Compete à União instituir imposto sobre a renda e os proventos de qualquer natureza das autarquias e fundações públicas estaduais. Comentário: As autarquias e fundações públicas, ainda que estaduais, fazem jus à imunidade recíproca em relação aos impostos incidentes sobre a sua renda, conforme estabelece o art. 150, §2º. Questão errada. Questão 28 – ESAF/MPOG-APO/2015 Dentre as imunidades tributárias figura o impedimento à instituição de impostos por uma pessoa jurídica de direito público sobre o patrimônio, renda ou serviços de outras pessoas jurídicas de direito público. Comentário: Esta é a própria definição da imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da CF/88. Questão correta. Questão 29 – ESAF/ATRFB/2012-Adaptada É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar imposto sobre o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros. Isso, em tese, impede à lei de um Município atribuir à União a condição de responsável pela retenção na fonte do imposto sobre serviços. Comentário: A obrigação de reter na fonte o imposto sobre serviços constitui obrigação acessória. Ainda que a União seja imune aos impostos sobre o patrimônio, a renda ou os serviços dos demais entes, subsiste a referida obrigação. Questão errada. Questão 30 – ESAF/ACE-MDIC/2012 Sobre a imunidade recíproca, que é a vedação constitucional à instituição e cobrança, por parte das pessoas políticas tributantes, de impostos sobre Patrimônio, renda e serviços uns dos outros, podem afirmar que: a) a imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil não é da espécie recíproca, na medida em que a OAB desempenha atividade própria de Estado. b) no caso de sociedades de economia mista controladas pela União, é relevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada pela empresa estar ou não sujeita a monopólio estatal. c) a imunidade tributária recíproca não é extensiva às autarquias, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra d) as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária recíproca. e) a imunidade tributária recíproca aplica-se, inclusive, às taxas. Comentário: Alternativa A: Foi justamente pelo fato de desempenhar atividade própria de Estado que fez com que o STF estendesse a imunidade recíproca à OAB. Item errado. Alternativa B: De acordo com a Suprema Corte, é irrelevante a circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal, para fins de aplicação da imunidade recíproca. Item errado. Alternativa C: Conforme prevê o art. 150, § 2º, da CF/88, a imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às fundações públicas instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Item errado. Alternativa D: O posicionamento do STF é o de que as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade recíproca. Item correto. Alternativa E: De acordo com o texto constitucional, a imunidade recíproca somente se aplica aos impostos. O STF já decidiu expressamente que não se estende às taxas, nem mesmo às contribuições previdenciárias. Item errado. Gabarito: Letra D Questão 31 - FGV/ISS-Cuiabá/2014 Pretendendo adquirir, no mercado doméstico, caminhões para uso em serviço, o Município de Cuiabá pede ao Estado de Mato Grosso que afaste a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nessa operação específica. Assinale a solução juridicamente adequada a ser dada ao caso exposto. a) O Estado deve acolher o pleito mediante prova cabal de que os veículos serão mesmo empregados em atividades inerentes às atribuições do Município, pois, mesmo inexistindo lei estadual nesse sentido, o caso é de isenção de tributos. b) O Estado deve acolher o pleito mediante prova cabal de que os veículos serão mesmo empregados em atividades inerentes às atribuições do Município, pois o caso é de imunidade de tributos. c) O Estado poderá acolher o pleito mediante decisão administrativa afastando a incidência do ICMS ao caso. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 27 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra d) O Estado não poderá acolher o pleito, ainda que os caminhões sejam mesmo empregados em atividades inerentes às atribuições do Município, pois é vedada a concessão de tratamento tributário diferenciado a entidades públicas que explorem a atividade econômica. e) O Estado não poderá acolher o pleito, pois a imunidade não favorece o Município neste caso concreto, já que ele é apenas o contribuinte de fato, e não o contribuinte de direito. Comentário: Esta questão cobra a jurisprudência do STF, no sentido de que a imunidade recíproca, em se tratando de tributos indiretos (como o ICMS), somente se aplica aos casos em que o ente imune está na condição de contribuinte de direito, e não na condição de contribuinte de fato, como foi apresentado no enunciado desta questão. Portanto, o Estado não pode acolher tal pleito, razão pela qual a alternativa correta é a Letra E. Gabarito: Letra E 2.2 – Imunidade Religiosa O art. 150, VI, b, da CF/88 veda que todos os entes federativos cobrem impostos sobre os templos de qualquer culto. Levando em consideração o disposto no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade de culto é um direito individual, o que faz com que a imunidade ora analisada se configure uma cláusula pétrea. Verifica-se também que, pelo fato de o Brasil ser um país laico, a imunidade religiosa alcança todas as religiões, sem qualquer distinção. A imunidade religiosa é incondicionada! Grave isso! Há que se ressaltar, nesse contexto, que, da mesma forma como ocorre com as demais imunidades inseridas no art. 150, VI, da Magna Carta, a imunidade religiosa somente alcança os impostos, não sendo extensiva, no entendimento do STF (RE 129.930), às contribuições sindicais. Ainda seguindo o raciocínio do STF (RE 325.822), embora o texto constitucional mencione que a imunidade protege os “templos”, devemos entender que o legislador constituinte quis dizer que a vedação abrange também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais da entidade religiosa. Neste rumo, ainda que um imóvel pertencente a determinada entidade religiosa encontre-se alugado para terceiros, a imunidade Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 28 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra subsiste, pois embora a atividade exercida não esteja de acordo com o disposto no art. 150, § 4°, da CF/88, para o STF, basta que os recursos gerados estejam sendo vertidos para as finalidades essenciais de tais entidades. Ademais, a Suprema Corte (RE 578.562), dando entendimento extensivo à imunidade religiosa, entende que os cemitérios que consubstanciam extensões destas entidades também são alcançados pela vedação constitucional em tela. Perceba que não são todos os cemitérios que estão abrangidos pela imunidade, mas apenas aqueles que são, de fato, mera extensão da entidade religiosa. Por fim, cabe-nos ressaltar a decisão do STF (RE 562.351) no sentido de que a maçonaria não é alcançada pela imunidade religiosa, já que nas lojas maçônicas não se professa qualquer religião. Vamos ao nosso esquema: Questão 32 – CESPE/Juiz-TJ-CE/2012 Ao interpretar o dispositivo constitucional queveda a instituição de imposto sobre templos de qualquer culto, o STF entende que a imunidade limita-se aos prédios destinados ao culto. IMUNIDADE RELIGIOSA Impostos Patrimônio Renda Serviços Alcança Imóveis Alugados a Terceiros Relacionados com finalidades essenciais RECURSOS GERADOS Cemitérios (Extensão) Não se aplica: Maçonaria Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 29 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Comentário: Como vimos, o entendimento do STF é o de que a imunidade religiosa alcança também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades religiosas. Questão errada. Questão 33 – CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 Em razão da imunidade constitucional conferida aos templos de qualquer culto, os entes federativos são impedidos de cobrar ou instituir taxas e impostos sobre o patrimônio e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dos templos, mas não sobre as rendas decorrentes das contribuições dos fiéis. Comentário: Em primeiro lugar, a imunidade diz respeito aos impostos, e não às taxas. Em segundo, a imunidade compreende os impostos sobre o patrimônio, serviços e rendas relacionados com as finalidades essenciais dos templos, conforme art. 150, VI, b, c/c art. 150, § 4º, da CF/88. Questão errada. Questão 34 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 A CF confere benefício de isenção tributária aos templos religiosos, ou seja, sobre eles é conferida, pela ordem constitucional, exoneração de obrigação de pagar tributos. Comentário: O que a CF/88 confere é imunidade, e não isenção. Outrossim, o benefício é extensível apenas aos impostos, e não de forma generalizada aos tributos. Questão errada. Questão 35 – CESPE/Delegado/RN/2009 Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso não estão abrangidos pela imunidade tributária prevista na CF, uma vez que as normas que tratam de renúncia fiscal devem ser interpretadas restritivamente. Comentário: O STF entende que os cemitérios que consubstanciam extensões destas entidades também são alcançados pela vedação constitucional em tela. Questão errada. Questão 36 – FCC/TJ-PE-Juiz/2013 A imunidade sobre o templo de qualquer culto apenas alcança os impostos, sendo devidas, portanto, as taxas e contribuição de melhoria incidentes sobre o imóvel destinado ao templo. Comentário: De fato, a imunidade religiosa (sobre templos de qualquer culto) alcança tão somente os impostos, sendo devidas as taxas e contribuições de melhoria incidentes sobre as entidades religiosas. Questão correta. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 30 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Questão 37 – FCC/ICMS-SP/2013 É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a imunidade aos impostos, taxas e contribuições de melhoria dos templos de qualquer culto. Comentário: A imunidade religiosa restringe-se apenas aos impostos, não alcançando as taxas e contribuições de melhoria. Questão errada. Questão 38 – ESAF/MPOG-APO/2015 Dentre as imunidades tributárias figura o impedimento à instituição de impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dos templos de qualquer culto. Comentário: Trata-se da imunidade religiosa, prevista no art. 150, VI, “b”, da CF/88. Questão correta. 2.3 Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência Social De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes políticos cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. O art. 150, VI, “c”, trata da imunidade de várias entidades. Qual é a extensão dos termos “sem fins lucrativos” e “atendidos os requisitos da lei”? De acordo com Regina Helena Costa3: sem fins lucrativos “Requisito a ser preenchido tão somente pelas instituições de educação e assistência social, uma vez que os partidos políticos e suas fundações, bem como as entidades sindicais de trabalhadores, são entes que, por sua própria natureza, não objetivam 3 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional. 4ª Edição. 2014. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 31 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra lucro.” atendidos os requisitos da lei “Aplicável a todas as pessoas nele mencionadas.” Somente sindicatos de trabalhadores estão abrangidos pela imunidade. Os sindicatos dos empregadores ou de setores (ou categorias) econômicos não estão. O que nos chama a atenção – e por tal motivo eu o negritei – é o fato de a norma constitucional exigir a edição de uma lei, para que as instituições de educação e assistência social gozem da referida imunidade. Além disso, seria uma lei ordinária ou complementar? Para dirimir as dúvidas, será necessário recorrer ao entendimento do STF acerca do assunto, conforme vemos a seguir (grifos nossos): “Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar.” (STF, ADI-MC 1.802/DF, Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento em 27/08/1988) Perceba que, quando uma lei for fixar normas sobre a constituição e o funcionamento das referidas entidades, basta que se edite uma lei ordinária. É o que ocorreu com a edição da Lei 9.532/97, estabelecendo diversas regras relacionadas às entidades objeto da imunidade. No julgamento acima, o STF teve a oportunidade de analisar os requisitos previstos no § 2º, do art. 12, desta norma, e decidiu que a maioria deles se referiam à constituição e funcionamento dessas entidades, podendo, pois, serem regulados pela via de lei ordinária. Observação: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, é necessária a edição de lei complementar para regular tais limitações ao poder de tributar. Outra pergunta pertinente seria qual lei complementar cumpre com esse papel? Ora, trata-se de uma lei muito conhecida por nós (ou que ainda o será), que é o CTN. Em seu art. 14, a Lei 5.172/66 elenca os requisitos para que as já mencionadas entidades gozem da imunidade: Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 32 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra “Art. 14 – (...) I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título; II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.” Na falta de cumprimento destes requisitos, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício da imunidade tributária, conforme preconiza o art. 14, § 1°. Perceba que, ao lermos na CF/88 quetais entidades não podem ter fins lucrativos, não quer dizer que elas não podem obter resultado financeiro positivo, pois isso é essencial para que qualquer entidade se desenvolva. No entanto, o que é vedado pelo CTN é que haja distribuição de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título, inclusive aos sócios, gerentes etc. Também não se pode confundir a repartição de lucros com a justa remuneração de seus colaboradores pelos trabalhos desenvolvidos na entidade. Isso é permitido. Outro ponto a ser discutido em nosso curso, de suma importância para o conhecimento amplo da imunidade estudada, é a restrição de que somente o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades essenciais da entidade estarão imunes aos impostos sobre eles incidentes. Trata- se, pois, da mesma restrição feita à imunidade religiosa, disposta no art. 150, § 4°, da CF/88. Repare que a imunidade religiosa não se submete às restrições do art. 14 do CTN. Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade religiosa, o STF tem sido bastante flexível na análise da vinculação asseverada na CF. Nesse sentido, vamos citar, a partir de agora, alguns julgados, da própria Corte, que já foram ou que há grandes chances de serem cobrados em prova. Portanto, atenção total! Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 33 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula 724 do STF. Isso significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF. A distinção é que, a partir da sua publicação, o posicionamento nela contido possui efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta. Semelhantemente ao que estudamos na imunidade religiosa, o STF também entende que se aplica a imunidade quando o imóvel, pertencente às entidades referidas no art. 150, VI, c, estiver alugado a terceiros. A única condição é que a renda gerada seja aplicada nas atividades essenciais das entidades. Além disso, de acordo com a mesma Corte (RE 144.900), são imunes os serviços não relacionados às finalidades essenciais das entidades, desde que a receita deles destine-se ao financiamento de tais finalidades. No caso concreto, foi considerado imune de ISS o serviço de estacionamento de veículos prestado por hospital em pátio interno. Vejamos a íntegra da ementa desse julgado: EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO. INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE SERVIÇO CALCULADO SOBRE O PREÇO COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE. Ilegitimidade. Eventual renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança de estacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio das atividades desta, está abrangida pela imunidade prevista no dispositivo sob destaque. Precedente da Corte: RE 116.188-4. Recurso conhecido e provido. (STF, Primeira Turma, RE 144.900/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 22/04/1997) Na esteira desse entendimento, também foi considerado imune do IPTU imóvel de propriedade de uma entidade beneficente, em cujas instalações era mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste caso, pois o que importa é que as rendas auferidas sejam revertidas para a manutenção de suas atividades institucionais. Sobre a renda destinada às finalidades essenciais, destaque-se que também já foi considerado imune pelo STF “a renda obtida pelo SESC na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de ingressos de cinema ao público em geral”. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 34 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão enquadradas no rol de entidades do art. 150, VI, c. Cite- se, como exemplo, o SENAC e o SENAI. Além disso, ainda que os imóveis estejam sendo utilizados como escritório e residência de membro da entidade, continuam imunes. Senão, vejamos: Instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (...). O fato de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência de membros da entidade não afasta a imunidade prevista no art. 150, VI, alínea c, § 4º, da CF." (STF, RE 221.395, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em 08/02/2000) Diferentemente do que acaba de ser visto, em 2010, a Segunda Turma do STF havia afastado a aplicação da imunidade prevista no art. 150, VI, “c”, da CF/88, aos terrenos baldios sem vinculação às finalidades essenciais das entidades imunes. Contudo, em 2013, a Primeira Turma da Colenda Corte, de forma divergente, decidiu que a constatação de que imóvel vago ou sem edificação não seria suficiente, por si sóば, para destituir a garantia constitucional da imunidade tributária. A ementa do julgamento do RE 385.091/DF foi parcialmente transcrita abaixo: EMENTA: Imunidade. Entidade de assistência social. Artigo 150, VI, c, CF. Imóvel vago. Finalidades essenciais. Presunção. Ônus da prova. 1. A regra de imunidade compreende o reverso da atribuição de competência tributária. Isso porque a norma imunitória se traduz em um decote na regra de competência, determinando a não incidência da regra matriz nas áreas protegidas pelo beneplácito concedido pelo constituinte. (...) 3. No caso da imunidade das entidades beneficentes de assistência social, a Corte tem conferido interpretação extensiva à respectiva norma, ao passo que tem interpretado restritivamente as normas de isenção. (...) 5. A constatação de que um imóvel está vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para destituir a garantia constitucional da imunidade. A sua não utilização temporária deflagra uma neutralidade que não atenta contra os requisitos que autorizam o gozo e a fruição da imunidade. 6. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Prof. Fábio Dutra www.estrategiaconcursos.com.br Página 35 de 88 DIREITO TRIBUTÁRIO – PC-MA - DELEGADO Curso de Teoria e Questões Comentadas Aula 02 - Prof. Fábio Dutra (STF, Primeira Turma, RE 385.091/DF, Min. Rel. Dias Toffoli, Julgamento em 06/08/2013) Certamente, essa divergência entre as turmas causa dúvidas no candidato sobre qual posicionamento levar para a prova. A orientação mais sensata é a de que seja seguido o mais recente julgamento, direcionado à manutenção da referida imunidade, em caso de imóvel vagos ou sem edificação. Ainda no que se refere à imunidade em tela, quando nossa análise recai sobre o ICMS (tributo indireto), há que se relembrar dos conceitos que já vimos sobre contribuinte de direito e de fato. Você se lembra, certo? Caso não tenha certeza, retorne ao tópico da imunidade recíproca e leia novamente. Vamos lá, então: “O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 - EDv/SP, fixou entendimento segundo o qual as entidades de assistência social são imunes em relação ao ICMS incidente sobre a comercialização de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150, VI, "c" da Constituição. Embargos de divergência conhecidos, mas improvidos.” (STF, RE 186.175 ED-EDv/SP, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 23/08/2006) Embora já tenha havido decisões em sentido contrário em ocasiões
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