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Tributário 02

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Aula 02
Direito Tributário p/ PC-MA (Delegado) Com videoaulas - Pós-Edital
Professor: Fábio Dutra
 
 
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AULA 02: Limitações ao Poder de Tributar 
(Imunidades) 
 
 
 
SUMÁRIO PÁGINA 
Observações sobre a aula 01 
Imunidades 02 
Espécies de Imunidades Tributárias 12 
Outras Espécies de Imunidades Tributárias 51 
Lista das Questões Comentadas em Aula 60 
Gabarito das Questões Comentadas em Aula 72 
Legislação Pertinente 73 
Súmulas Abordadas Durante a Aula 75 
Principais Jurisprudências Abordadas Durante a Aula 77 
Resumo da Aula 84 
 
Observações sobre a Aula 
Olá, amigo (a), tudo bem? 
Está pronto para mais uma aula? O assunto a ser tratado hoje é 
continuidade do que vimos na aula anterior. Dando prosseguimento ao estudo 
das limitações ao poder de tributar, estudaremos as imunidades tributárias. 
Fiz o máximo possível para tornar o conteúdo bastante claro, sem exigir 
conhecimento prévio de outros temas do Direito Tributário. Quando isso se 
fizer necessário, fazemos uma breve explicação do assunto. 
Caso você sinta dificuldade em compreender algum conceito, não deixe 
de nos notificar. O objetivo é trazer a você uma aula 100% 
compreensível! 
 Chega de papo! Vamos começar? 
 
 
 
 
 
 
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1 - IMUNIDADES 
 O tema que será tratado nesta aula é de suma importância para 
concursos públicos. As bancas adoram cobrar imunidades tributárias nas 
provas de Direito Tributário. 
 Desta forma, vamos abordar o assunto no grau de profundidade que ele 
merece, com o intuito de deixá-lo totalmente preparado para qualquer prova 
sobre o assunto. 
 Assim, iniciaremos explicando o conceito de imunidade, isenção e não 
incidência. Posteriormente, serão abordadas as classificações doutrinárias das 
imunidades. Por fim, vamos estudar as imunidades em espécie! Vocês verão 
que o assunto é bem tranquilo, embora tenha certa riqueza de jurisprudência. 
 Antes de estudarmos as imunidades, gostaria de deixar claro que, 
embora se trate de uma dispensa constitucional do pagamento de tributos, a 
imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias instituídas 
pela legislação tributária. 
 Nesse sentido, para o STF (RE 250.844), “exigir de entidade imune a 
manutenção de livros fiscais é consentâneo com o gozo da imunidade 
tributária (...)”. A manutenção de livros fiscais é um exemplo de obrigação 
acessória. 
A grosso modo, podemos dizer que as obrigações acessórias são 
condutas impostas ao contribuinte, que não possuem caráter pecuniário, 
criando obrigações de “fazer” ou “deixar de fazer” algo no interesse da 
arrecadação e fiscalização. Não se preocupe com detalhes por ora, pois isso é 
tema de outra aula. 
 
Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa 
jurídica não está dispensada de cumprir obrigações 
acessórias e de se submeter à fiscalização tributária. 
 Vamos, então, estudar o tema “Imunidades”. 
1.1 - Conceito de Imunidade, Isenção e Não Incidência 
A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos 
de imunidade, isenção e não incidência, é necessário que entendamos 
primeiramente o que vem a ser incidência tributária. 
 Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos 
essenciais para que seja possível sua cobrança (hipótese de incidência, sujeitos 
ativo e passivo, base de cálculo e alíquota). 
 
 
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 Veja que a hipótese de incidência, como elemento essencial na 
instituição dos tributos, prevê na lei uma situação que, ocorrida no mundo 
real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a 
situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária 
(ocorre o fato gerador). Nós já vimos superficialmente isso na aula anterior, 
você se lembra? 
 Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser 
considerado não incidência? Podemos citar três situações: 
• A pessoa política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida. 
Podemos dizer que seria o caso de um tributo instituído “pela metade”, em que 
o ente não prevê todas as hipóteses de incidência capazes de gerar a 
tributação; 
• A pessoa política não possui competência tributária para determinar certas 
situações fáticas como hipótese de incidência. Esta hipótese se refere a 
situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por exemplo, o IPVA 
não pode incidir sobre bicicletas; 
• A pessoa política é “barrada” pela CF/88. Ou seja, há certo dispositivo 
constitucional que inibe a possibilidade de o ente prever aquela situação como 
hipótese de incidência do tributo. 
Observação: Competência tributária é o poder conferido pela Constituição 
aos entes federados para instituírem tributos (impostos, taxas etc.), sempre 
por meio de lei. Como a CF/88 não cria tributos, é o exercício da 
competência tributária que torna possível a cobrança dos tributos. O 
tema será estudado em outra aula. 
 Todas as três situações acima se referem à não incidência tributária. 
Contudo, a última pode ser considerada como hipótese de não 
incidência constitucionalmente qualificada. Por tal motivo, é 
denominada IMUNIDADE. 
 
A imunidade pode ser considerada uma incompetência 
tributária. 
 Perceba, pela explicação inicial do tópico, que tanto na imunidade 
propriamente dita como nas demais situações que de não incidência, não há a 
ocorrência do fato gerador. Guarde isso! 
 Precisamos nos atentar ainda para o conceito de isenção. Trata-se de 
um benefício fiscal concedido pelo ente político, por intermédio de lei. 
 
 
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Ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo, sendo considerada uma 
decisão política. 
 Neste caso, há uma hipótese de incidência prevista na lei que instituiu o 
tributo, e, por esse motivo, o fato gerador ocorre. Contudo, o tributo não vem 
a ser cobrado, pois a isenção é uma hipótese de exclusão do crédito tributário. 
Não iremos nos aprofundar neste conceito por enquanto, para não ter o risco 
de confundirmos. O momento irá chegar. 
 O que importa, por enquanto, é saber que a isenção decorre do 
exercício da competência tributária e o fato gerador do tributo chega a 
ocorrer, e a obrigação tributária chega a existir. Isto é, o ente poderia 
cobrar aquele tributo, mas decide isentar os contribuintes, mediante a edição 
de uma lei. Nesta aula, estamos adotando a doutrina clássica, pois é o 
posicionamento adotado pelo STF (ADI 286). 
 
Há divergência doutrinária sobre a existência ou não da obrigação 
tributária nos casos de isenção. 
A doutrina clássica, preconizada por Amílcar de Araújo Falcão1, dentre 
outros, defende que a isenção constitui apenas em dispensa legal do 
pagamento do tributo, isto é, o fato gerador ocorre, a obrigação tributária 
chega a existir, mas não o crédito tributário, tendo em vista que ocorre a sua 
exclusão, nos termos do art. 175, I, do CTN. Esta é a linha adotada pelo STF 
(ADI 286). 
A doutrina mais moderna entende que, em casos de isenção, não há 
ocorrência do fato gerador, de forma que a obrigação tributária não chega a 
existir. Nesta linha, De acordo com o autor Roque Antônio Carraza2, “a 
isençãopode ser definida como limitação legal do âmbito de validade da 
norma jurídica tributária, que impede que o tributo nasça ou faz com que ele 
surja de modo mitigado.” 
Dando continuidade ao nosso estudo, por outro lado, a imunidade é uma 
delimitação da competência tributária, ou melhor, uma limitação constitucional 
ao poder de tributar, posicionando-se ao lado dos princípios constitucionais 
tributários. Ou seja, existe um limite além do qual o ente instituidor não 
 
1 FALCÃO, Amílcar de Araújo. Fato gerador da obrigação tributária. 6ª Edição. 2002. Pág. 66 
2 CARRAZA, Roque Antônio. ICMS. 9ª Edição. Editora Malheiros. 2003 
 
 
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pode tributar, por expressa disposição constitucional. Vimos também 
que não ocorre o fato gerador neste caso. 
 Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada 
pela CF/88 para tratar das imunidades, visto que o simples fato de estar no 
texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade. 
 Neste sentido, o STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o art. 
195, § 7°, da CF/88, mencione a palavra “isentas”, a interpretação que deve 
ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade. 
 
Repare que, embora diferenciamos não incidência de 
imunidade, esta está inserida dentro do conceito daquela, 
com a ressalva de que foi prevista constitucionalmente. 
 Espero que o quadro abaixo possa auxiliá-los a entender melhor o que 
dissemos até agora. 
 
 
 
 
 
 
 
Por fim, cabe destacar o conceito de alíquota zero, que é mais uma 
hipótese em que o tributo acaba não sendo cobrado. Nesse caso, ocorre 
o fato gerador, contudo, o valor do tributo é nulo, já que a alíquota é zero. 
Isso ocorreria, por exemplo, se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota 
de Imposto de Importação a zero sobre determinados produtos essenciais ao 
País. 
1.2 – Classificação das Imunidades Segundo a Doutrina 
Neste tópico, iremos abordar as principais classificações das imunidades 
adotadas pela doutrina. À medida que expusermos uma classificação, traremos 
exemplos estatuídos na própria CF/88, com o objetivo de facilitar a absorção 
do assunto. 
Não Incidência Imunidade 
 Situação não 
prevista na lei 
instituidora ou 
impossível; 
 Não há norma que 
preveja; 
 Não ocorre fato 
gerador; 
a) Limitação ao poder 
de tributar; 
b) Previsão no texto 
constitucional; 
c) Não ocorre fato 
gerador; 
 
Isenção 
1. Opção política do 
ente tributante; 
2. Previsão em norma 
infraconstitucional; 
3. Ocorre fato gerador; 
 
 
 
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1. Classificação quanto ao parâmetro para concessão: subjetivas, 
objetivas ou mistas 
 A Constituição Federal, ao instituir as imunidades, pode adotar como 
parâmetro tanto as pessoas (imunidade subjetiva) quanto as coisas 
(imunidade objetiva). Podemos ter ainda imunidades que consideram as coisas 
e as pessoas ao mesmo tempo, sendo estas denominadas imunidades mistas. 
 As imunidades subjetivas podem ser exemplificadas pela imunidade 
recíproca. De acordo com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos 
Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, a renda 
ou serviços, uns dos outros. Observe que a imunidade é direcionada a pessoas 
políticas, mas não o é às empresas privadas, por exemplo. Com isso, fica 
clara a importância que tem a “pessoa” para se definir se haverá ou 
não imunidade. 
 Cabe observar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela 
abrangidas da responsabilidade pela retenção de tributos, caso estejam 
designadas pela lei. Sendo assim, a União fica, a título de exemplo, 
responsável pela retenção do imposto de renda incidente sobre os 
rendimentos de seus servidores, pois estes não são imunes. 
 
Observação: Responsável tributário, como veremos em momento oportuno, 
é a pessoa que, embora não tenha relação pessoal com a situação que fez 
surgir o fato gerador, está a ela ligada por expressa disposição legal. 
 
 
Ainda que esteja imune, a “pessoa” pode estar sujeita 
por meio de lei a fazer retenção e recolhimento dos 
tributos devidos por outrem. 
Temos aqui mais um exemplo obrigação acessória: 
o fato de a empresa estar obrigada a descontar os 
tributos devidos por terceiros e recolhê-los. Veja que não 
há encargo financeiro, mas tão somente a obrigação de 
“fazer algo”. 
 No que se refere às imunidades objetivas, o exemplo amplamente 
utilizado é o da imunidade cultural. De acordo com o art. 150, VI, d, da CF/88, 
é vedado a todos os entes federativos instituir impostos sobre os livros, 
jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta forma, não 
importa qual pessoa esteja vendendo um jornal, por exemplo. O que é 
relevante para a aplicação da imunidade é o bem que está sendo 
objeto de comercialização. 
 Por último, as imunidades mistas podem ser ilustradas pela imunidade 
que impede a incidência do Imposto sobre Propriedade Territorial Rural sobre 
 
 
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as pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário 
que não possua outro imóvel. Atente para o fato de que as glebas rurais 
constituem o aspecto objetivo, e o fato de seu proprietário não poder possuir 
outro imóvel revela o aspecto subjetivo da referida imunidade. 
 Até aqui, tudo compreendido? Passemos, pois, para a segunda 
classificação. 
2. Classificação quanto à origem: ontológicas e políticas 
 As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da 
isonomia e do pacto federativo. Ou seja, são imunidades que, ainda que 
não houvesse sua previsão constitucional, existiriam. 
 Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca. 
Repare que tal imunidade busca preservar a autonomia financeira dos entes 
federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto federativo. 
 Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem 
por decisão expressa do legislador constituinte. Isso não quer dizer que 
elas não protegem outros princípios constitucionais. Por exemplo a imunidade 
cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o 
papel destinado à sua impressão. 
3. Classificação quanto à forma de previsão: explícitas ou implícitas 
 Configuram-se explícitas as imunidades expressas no próprio 
texto constitucional. Trata-se das hipóteses que o legislador já previu, no 
momento da elaboração da Constituição Federal. 
 É possível também que algumas imunidades não tenham sido 
reconhecidas expressamente, mas, por decorrerem de princípios 
constitucionais, a jurisprudência passe a aceitá-las da mesma forma que as 
que estão confeccionadas na CF. A essas imunidades, a doutrina 
denominou implícitas. Até o momento, não temos exemplos de 
imunidades implícitas. 
 Perceba que podemos fazer uma interligação entre o que foi visto aqui e 
o que vimos na classificação quanto à origem das imunidades. As imunidades 
políticas são sempre explícitas, pois necessariamente devem estar 
previstas no texto da Constituição. 
 Por outro lado, vimos que as imunidades ontológicas, ainda que não 
fossem previstas na CF, existiriam. Desta maneira, podemos afirmar que 
tais imunidades podem ser tanto explícitas como implícitas. 
 
 
 
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4. Classificação quanto à necessidade de regulamentação: 
incondicionadas e condicionadas 
 Esta classificação diz respeito à necessidade de que a imunidade, para 
surtir efeitos no mundo concreto, esteja regulamentada por norma 
infraconstitucional, ou seja, por leis. 
 Neste contexto, se as imunidades forem incondicionadas, como, por 
exemplo, a imunidade recíproca, não há necessidade de edição de lei, 
produzindo efeitos imediatamente. 
 Devemos lembrar que também há as imunidades condicionadas, que são 
aquelas que dependem de regulamentação por lei, para que possam produzir 
efeitos. Como exemplos, podemos citar a imunidade prevista no art. 150, VI, 
c, da CF/88. Trata-se da imunidade referente às instituições de educação e 
assistência social sem fins lucrativos. Estas só poderão gozar da benesse 
constitucional, caso haja regulamentação legal. 
 Recuperando os seus estudos de Direito Constitucional, podemos dizer 
que as imunidades condicionadas constituem normas de eficácia 
limitada, pois se faz necessária uma regulamentação infraconstitucional. 
5. Classificação quanto ao alcance: gerais e específicas 
 Em alguns casos, o legislador constituinte optou por incluir vários 
tributos e todos os entes federativos dentro de certas imunidades. Por 
exemplo, a imunidade recíproca veda a instituição de diversos impostos (sobre 
patrimônio, renda ou serviços) e tal vedação é extensiva à União, aos Estados, 
ao DF e aos Municípios. Neste caso, tal imunidade é denominada geral ou 
genérica. 
 
Todas as imunidades previstas no art. 150, VI, da CF/88 
são consideradas genéricas. 
 Por outro lado, em algumas situações, as imunidades são mais restritas, 
alcançando tributos específicos e, por consequência, apenas o ente competente 
para instituí-los. Cite-se, por exemplo, o caso da imunidade concedida ao IPI 
sobre operações de exportação (art. 153, § 3°, III). Tal imunidade pode ser 
denominada específica, tópica ou especial. 
 
 
 
 
 
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Questão 01 – CESPE/TCE-PR-Analista de Controle Externo/2016 
 
O estabelecimento das hipóteses de imunidade tributária é reservado a lei 
complementar. 
 
Comentário: A imunidade tributária, por ser limitação ao poder de tributar, 
somente é definida na própria CF/88. Questão errada. 
 
Questão 02 – CESPE/TCE-RN-Auditor/2015 
 
A imunidade tributária visa preservar valores políticos, religiosos, sociais, 
econômicos e éticos da sociedade, com vistas a evitar que determinadas 
atividades sejam oneradas pela incidência dos tributos. 
 
Comentário: De fato, esse é o real objetivo das imunidades tributárias, isto é, 
preservar valores políticos, religiosos, sociais, econômicos e éticos da 
sociedade, com vistas a evitar que determinadas atividades sejam oneradas 
pela incidência dos tributos. Assim, por exemplo, a imunidade recíproca existe 
para proteger a autonomia financeira dos entes federados. Questão correta. 
 
Questão 03 – CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 
 
Reputa-se de natureza política a imunidade tributária recíproca. 
 
Comentário: A imunidade recíproca é um sustentáculo do pacto federativo, 
protegendo a autonomia financeira das entidades políticas. Sendo assim, ela 
tem natureza ontológica, e não política. Questão errada. 
 
Questão 04 – CESPE/JUIZ-TJ-PI/2012 
 
As entidades que gozem de isenção ou imunidade tributária não são passíveis 
de fiscalização, visto que a ação fiscalizadora constituiria abuso de poder do 
agente fiscalizador. 
 
Comentário: Não há exceções quanto à atividade de fiscalização tributária. 
Ainda que a entidade goze de imunidade ou mesmo de isenção, fica sujeita à 
fiscalização, devendo, ainda, cumprir obrigações acessórias a que estiver 
submetida. Questão errada. 
 
 
 
 
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Questão 05 – CESPE/PROMOTOR-MP-RR/2011 
 
Ainda que em gozo de imunidade tributária, a pessoa jurídica não está 
dispensada de cumprir obrigações acessórias e de se submeter à fiscalização 
tributária. 
 
Comentário: Conforme entendimento esposado pelo STF, o fato de a pessoa 
jurídica gozar de imunidade tributária não a exime da obrigação de cumprir 
obrigações acessórias. Questão correta. 
 
Questão 06 – CESPE/PROCURADOR-PE/2009 
 
A criação de imunidade tributária é matéria típica de lei ordinária. 
 
Comentário: A criação de imunidade tributária é matéria exclusiva da própria 
Constituição Federal, não podendo ser prevista em lei ordinária. Questão 
errada. 
 
Questão 07 – FCC/MPE-PA-Promotor de Justiça/2014 
 
Sobre a Lei Complementar nº 87/96 - Lei Kandir, é correto afirmar que institui 
imunidades tributárias relativas ao ICMS dos Estados e Distrito Federal, dentre 
elas as operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou 
instrumento cambial e operações de arrendamento mercantil, não 
compreendida a venda do bem arrendado ao arrendatário. 
 
Comentário: A Lei Kandir tratou de diversos assuntos relacionados ao ICMS. 
Contudo, não é necessário conhecer nada sobre isso para que você acerte a 
questão acima. Basta saber que a imunidade tributária é definida apenas em 
norma constitucional. Portanto, lei complementar não pode instituir imunidades 
tributárias relativas ao ICMS ou a qualquer outro tributo. Questão errada. 
 
Questão 08 –FCC/TJ-PE-Titular de Serviços de Notas e de 
Registros/2013 
 
A imunidade tributária 
 
a) pode vir definida em lei ou na Constituição Federal, mas nunca em decreto. 
b) para ser concedida depende de requerimento do interessado à autoridade 
administrativa competente. 
c) pode ser criada por lei do ente competente para instituir o tributo, podendo 
ser em caráter geral ou em caráter específico. 
d) é prevista na Constituição Federal, que fixa as hipóteses de incompetência 
para o ente instituir o tributo nas situações por ela definidas. 
 
 
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e) é prevista na Constituição Federal, mas sua aplicação depende sempre de 
despacho de autoridade administrativa fiscal competente que reconheça a não 
incidência. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: A imunidade tributária apenas pode ser definida na 
Constituição Federal. Alternativa errada. 
 
Alternativa B: A imunidade não fica sujeita à deferimento por parte da 
autoridade administrativa. Alternativa errada. 
 
Alternativa C: Essa regra aplica-se à isenção, mas não à imunidade, visto que 
esta só pode ser definida na CF/88. Alternativa errada. 
 
Alternativa D: Realmente, a imunidade é prevista na Constituição Federal, 
fixando hipóteses de incompetência tributária para o ente instituir o tributo, ou 
seja, traça limites ao poder de tributar dos entes federativos. Alternativa 
correta. 
 
Alternativa E: Embora seja realmente prevista na CF, sua aplicação 
independe de despacho de autoridade administrativa. Alternativa errada. 
Gabarito: Letra D 
Questão 09 – FGV/TCM-SP-Agente de Fiscalização/2015 
 
De acordo com o sistema constitucional tributário, a previsão de imunidade é: 
a) limitação à instituição de tributos estaduais e municipais, imposta pela 
União, através de lei complementar nacional; 
b) dispensa legal do pagamento do tributo ou penalidade pecuniária; 
c) modalidade especial de extinção do crédito tributário; 
d) não incidência qualificada pela lei; 
e) limitação constitucional aopoder de tributar. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: A imunidade constitui limitação ao poder de tributar, imposta 
única e exclusivamente pela Constituição Federal. Alternativa errada. 
 
Alternativa B: A dispensa legal do pagamento de tributo ou penalidade 
pecuniária denomina-se isenção e anistia, respectivamente. Alternativa errada. 
 
Alternativa C: A imunidade é uma forma de não incidência 
constitucionalmente qualificada, não se confundindo com modalidade de 
extinção do crédito tributário. Alternativa errada. 
 
 
 
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Alternativa D: A imunidade é uma forma de não incidência 
constitucionalmente qualificada, e não qualificada pela lei. Alternativa errada. 
 
Alternativa E: De fato, a imunidade tributária constitui limitação 
constitucional ao poder de tributar. Alternativa correta. 
 
Gabarito: Letra E 
 
 
 
2 – ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
 Neste tópico, abordaremos as principais imunidades de forma 
aprofundada, e mencionaremos as demais, previstas fora do Capítulo do 
Sistema Tributário Nacional, apenas para que você tenha conhecimento da 
existência delas. Ok? 
2.1 – Imunidade Recíproca 
 Mencionamos a imunidade recíproca em vários exemplos no estudo da 
classificação doutrinária das imunidades, certo? Por esse motivo, creio que 
vocês acabaram tendo uma noção do que se trata. 
 Na verdade, tal imunidade – também denominada imunidade 
intergovernamental – existe para proteger a autonomia financeira dos entes 
federados e, consequentemente, o pacto federativo. Podemos afirmar, 
portanto, que ela configura uma cláusula pétrea, no entendimento da 
Suprema Corte (ADI 939). 
 Como é viabilizada esta proteção que acabamos de dizer? Ora, de acordo 
com o art. 150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o patrimônio, 
renda ou serviços uns dos outros. 
 Você precisa estar atento ao fato de que a única espécie de tributo 
abrangida por esta imunidade são os impostos. Além disso, note que o 
conceito é ainda mais restrito: apenas os impostos sobre o patrimônio, renda 
ou serviços foram alcançados pela imunidade recíproca. 
 Para entender o assunto que vamos estudar, é necessário que você 
conheça o conceito de contribuinte de direito e contribuinte de fato. Esse 
tema toma relevância em situações nas quais as pessoas que arcam, de fato, 
com o ônus tributário não são as mesmas que recolhem o tributo ao erário. 
Isso ocorre nos denominados tributos indiretos. 
 Imaginemos que determinado cidadão compra uma TV de LED em uma 
loja de eletrodomésticos. Sobre a incidência do ICMS nesta operação, a loja é 
 
 
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eleita pela lei como contribuinte, e é ela quem vai recolher tal imposto, 
correto? No entanto, quem sofre o ônus do tributo não é a loja, mas sim a 
pessoa física que adquiriu a TV. Isso ocorre, porque a loja simplesmente 
acrescenta o custo daquele tributo no valor da TV. 
 Dessa forma, dizemos que contribuinte de direito é aquele eleito 
pela lei para recolher o tributo, e contribuinte de fato é o que arca 
realmente com o ônus do tributo. Entendido? 
 Tudo isso será visto com maiores detalhes em outras aulas. O 
importante agora é que você saiba distinguir tais figuras, para entender com 
precisão o que será dito a seguir. 
 Vejamos, então, como é o entendimento da Suprema Corte em relação à 
aplicabilidade da imunidade recíproca sobre os tributos indiretos: 
Ementa: TRIBUTÁRIO. ICMS. SERVIÇOS DE ENERGIA ELÉTRICA. 
MUNICÍPIO. CONTRIBUINTE DE FATO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ART. 150, 
VI, A, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO. I - A 
imunidade do art. 150, VI, a, da Constituição somente se aplica ao 
imposto incidente sobre serviço, patrimônio ou renda do próprio ente 
beneficiado, na qualidade de contribuinte de direito. II - Como o 
Município não é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviços de energia 
elétrica, não tem o benefício da imunidade em questão, uma vez que esta 
não alcança o contribuinte de fato. Precedentes. III – Agravo regimental 
improvido. 
(STF, ARE 663.552-AgR/MG, Segunda Turma, Rel. Min. Ricardo 
Lewandowski, Julgado em 28/02/2012) 
 Para a Suprema Corte (ARE 663.552), a imunidade recíproca somente se 
aplica se o ente beneficiado estiver na condição de contribuinte de direito, não 
o alcançando como contribuinte de fato. 
 Vejam que quem faz o recolhimento do tributo, relativo aos serviços de 
energia elétrica, são as próprias prestadoras de serviço, sendo elas 
denominadas contribuinte de direito. 
 Por outro lado, a referida imunidade pode se aplicar em operações 
de importação de bens, quando o ente federado for o importador. Neste 
caso, perceba que há a identidade do contribuinte de fato e do 
contribuinte de direito, não havendo transferência do ônus tributário 
(STF, AI 518.405-AgR). 
 Além destas situações, podemos acrescentar que o STF (AI AgR/RS 
174.808 e RE 196.415/PR) já considerou ilegítima a incidência de IOF 
sobre aplicações financeiras dos entes federados, bem como a 
tributação da renda resultante de tais aplicações pelo IR. 
 
 
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O reconhecimento da imunidade tributária às operações financeiras não 
impede a autoridade fiscal de examinar a correção do procedimento adotado 
pela entidade imune. Constatado desvio de finalidade, a autoridade fiscal 
tem o poder-dever de constituir o crédito tributário e de tomar as 
demais medidas legais cabíveis (STF, RE 259.976-AgR). Para fins de 
provas, é interessante visualizarmos toda a emenda deste julgado, conforme 
se transcreve abaixo: 
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROPÓSITO 
MODIFICATIVO. EXCEPCIONALIDADE AUSENTE. ALEGADA CONTRADIÇÃO. 
INEXISTÊNCIA. ACÓRDÃO QUE TOMA COMO PREMISSA A VINCULAÇÃO DA 
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA À ATIVIDADE ESSENCIAL DA 
ENTIDADE PROTEGIDA. APLICAÇÃO AO PRODUTO DE OPERAÇÕES 
FINANCEIRAS PARA AFASTAR O IOF. 
1. Conforme assentado em uma série de precedentes e no próprio acórdão 
embargado, a imunidade tributária é indiferente à integral gratuidade dos 
serviços prestados e abarca os meios de existência da entidade, ainda que 
inconfundíveis com a respectiva atuação institucional. 2. O benefício não 
será aplicável, dentre outros motivos, se ficar constatado (i) desvio 
de finalidade ou (ii) risco à concorrência e à livre iniciativa. 3. Tanto a 
decisão agravada como o acórdão recorrido indicaram explicitamente que as 
razões de recurso extraordinário basearam-se em meras presunções, que 
não são toleradas à luz do devido processo legal de constituição do crédito 
tributário. 
(...) 
(STF, RE 259.976 AgR-ED/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Joaquim Barbosa, 
Julgado em 19/10/2010) 
 
Observação: O caso concreto se referia à imunidade recíproca extensiva à 
OAB. Ainda hoje estudaremos mais detalhes sobre esta situação. 
Ressalte-se ainda que, para o STF (ADI 2.024 e RE 364.202/RS, 
respectivamente), a imunidade recíproca não pode ser invocada para as 
contribuições previdenciárias e para as taxas. Sendo assim, por exemplo, 
uma repartição federal poderia estar sujeita a pagar taxa pela coleta de lixo. 
 Até aqui vimos a aplicabilidade da imunidade recíproca aos entes 
federados. No entanto, há que se lembrar de que esta limitação constitucional 
ao poder de tributar é extensiva a outras pessoas jurídicas, de acordocom 
o art. 150, § 2°, da CF/88, a seguir transcrito: 
“Art. 150: (...) 
 
 
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§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao 
patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades 
essenciais ou às delas decorrentes.” 
 A citada extensão é denominada “imunidade tributária recíproca 
extensiva” por parcela da doutrina . Note que há uma restrição neste 
parágrafo, que é a necessidade de que o patrimônio, a renda e os serviços das 
referidas entidades estejam vinculados às finalidades essenciais ou às delas 
decorrentes. Perceba ainda que esta restrição não foi feita em relação 
aos entes políticos, como demonstra a ementa do seguinte julgado: 
"O julgado recorrido contempla a conclusão de que a União não está 
condicionada ao ônus de comprovar vinculação do bem tributado a 
uma finalidade pública, o que somente ocorre nos casos das 
autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo poder público no 
que se refere à tributação do patrimônio, renda e serviços vinculados 
a suas finalidades essenciais. (...)” 
(STF, RE 635.012/RJ, Decisão Monocrática, Rel. Min. Dias Toffoli, Julgado em 
07/02/2013) 
 De qualquer modo, é interessante destacar a jurisprudência do STJ, no 
sentido de que há presunção de que os imóveis pertencentes às entidades 
autárquicas se destinam aos seus fins institucionais: 
PROCESSUAL CIVIL. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. IPTU. PRESUNÇÃO DE QUE O 
IMÓVEL SE DESTINA AOS FINS INSTITUCIONAIS DA ENTIDADE 
AUTÁRQUICA. 
ÔNUS DA PROVA EM CONTRÁRIO. INCUMBÊNCIA DO PODER TRIBUTANTE. 
1. Conforme a jurisprudência dominante do STJ, presume-se que o imóvel 
de entidade autárquica esteja afetado a destinação compatível com 
seus objetivos e finalidades institucionais. Portanto, o ônus de provar 
que o patrimônio da autarquia está desvinculado dos seus objetivos 
institucionais e, portanto, não abrangido pela imunidade tributária prevista 
no art. 150 da Constituição, recai sobre o poder tributante. Com efeito, assim 
como cabe ao executado- embargante o ônus da prova de sua pretensão 
desconstitutiva, incumbe ao embargado, réu no processo de embargos à 
execução, a prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do 
autor. Precedentes citados. 
2. Recurso especial não provido. 
(STJ, Segunda Turma, REsp 1.335.220/RJ, Rel. Min. Mauro Campbell 
Marques, Julgamento em 21/08/2012) 
 
 
 
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Para o STJ, o ônus de provar que o patrimônio da 
autarquia está desvinculado dos seus objetivos 
institucionais é do ente tributante. 
Destaque-se que, muito embora o texto constitucional restrinja a 
aplicação desta imunidade às autarquias e às fundações públicas, o 
entendimento predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o de que 
a benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de 
economia mista (SEM) prestadoras de serviço público de prestação 
obrigatória e exclusiva do Estado. 
 A princípio, você poderia pensar que isso seria proibido pelo art. 173, § 
2°, da CF/88, segundo o qual “as empresas públicas e as sociedades de 
economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do 
setor privado”. 
 Contudo, o que deve ser considerado é que existem dois tipos de EP e 
SEM, isto é, há aquelas exploradoras de atividade econômicas (sujeitas ao art. 
173, da CF/88) e há as prestadoras de serviços públicos (sujeitas ao art. 175, 
da CF/88). As únicas abrangidas pela imunidade recíproca são as 
prestadoras de serviço público. 
Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes EP e SEM: 
 Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – (STF, RE 
407.099); 
 Infraero – (STF, RE 524.615-AgR); 
 Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) – (STF, AC 
1.550-2/RO); 
 Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – (STF, RE 
253.472) 
 Casa da Moeda do Brasil (CMB) – (STF, RE 610.517) 
Observação: Em 2014, tivemos mais três decisões favoráveis à imunidade 
gozada pela ECT. Senão, vejamos: 
 Em 15/10/2014, o STF reconheceu a imunidade relativa ao IPTU 
incidente sobre imóveis de propriedade da ECT, bem assim os por ela 
utilizados. 
 Em 12/11/2014, o Plenário do STF decidiu que não incide o ICMS sobre o 
serviço de transporte de bens e mercadorias realizado pela Empresa 
Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT. 
 Em 26/11/2014, a Suprema Corte (ACO 879/PB) reafirmou sua 
jurisprudência a respeito da imunidade tributária relativa ao IPVA, gozada 
pela ECT. 
 
 
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Além dos casos acima citados, o entendimento do STF (RE 580.264/RS) 
tem sido o de que “as sociedades de economia mista prestadoras de ações e 
serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, 
gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da 
Constituição Federal”. 
Na direção oposta do que vimos, o STF (RE 285.716-AgR) negou à 
Petrobrás, sociedade de economia mista destinada à exploração econômica em 
benefício de seus acionistas, a imunidade recíproca. De acordo com a Suprema 
Corte, “é irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade 
tributária recíproca a circunstância de a atividade desempenhada estar 
ou não sujeita a monopólio estatal”. Dessa forma, podemos memorizar que 
o fato de a atividade estar sujeita a monopólio estatal não traz como 
consequência a aplicação de imunidade. 
 Ressalte-se que a OAB – entidade não integrante da administração 
pública indireta – também foi alcançada pela imunidade recíproca, no 
entendimento do STF (RE 259.976-AgR). De acordo com a Suprema Corte, a 
OAB desempenha atividade própria de Estado, motivo que faz com que 
ela também esteja imune. 
 No entanto, o fato de a OAB estar inserida no seleto rol de entidades 
abrangidas pela imunidade recíproca, não faz com que a Caixa de Assistência 
dos Advogados, mesmo integrando a estrutura da OAB, esteja imune. Isto 
ocorre porque a atividade da Caixa de Assistência dos Advogados tem sua área 
de atuação voltada aos benefícios individuais dos associados (STF, RE 
662.816/BA- AgR). 
 
A OAB é imune, mas a Caixa de Assistência dos 
Advogados não é! 
 No que se refere à delegação de serviços públicos (prestação por 
particulares), cumpre destacar que se o patrimônio pertencer a um ente 
federado, independentemente de estar ocupado por empresa 
delegatária de serviços públicos, continua imune à tributação (STF, RE 
253.394/SP). 
 Contudo, a atividade delegada em si, caso seja exercida com 
intuito lucrativo, não há que se falar em imunidade. É o caso, por 
exemplo, dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais, que, 
por terem intuito lucrativo e serem devidamente remunerados, não 
estão imunes (STF, ADI 3.089). 
 Por conta desse entendimento, faz-se necessário transcrever trecho do 
voto do Min. Joaquim Barbosa, no julgamento da ADI 3.089: 
 
 
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“Nesse sentido, tanto os objetivos como os objetivos como os efeitos 
do reconhecimento da aplicação da imunidade recíproca são 
passíveis de submissão ao crivo jurisdicional,em um exame de 
ponderação e proporcionalidade não bastando a constatação objetiva de 
natureza pública do serviço que se está a tributar.” (Trecho do Voto do 
Min. Joaquim Barbosa) 
(STF, ADI 3.089/DF, Pleno, Rel. Min. carlos Britto, Julgado em 13/02/2008) 
 
 
O simples fato de o serviço ter natureza pública não 
basta para ficar caracterizada a imunidade! 
 Para concluir o tema, precisamos estudar a última norma que versa 
sobre a imunidade recíproca, que é o § 3° do art. 150, que diz o seguinte: 
“Art. 150: (...) 
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se 
aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com 
exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a 
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou 
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o 
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao 
bem imóvel.” 
 Uma leitura atenta do dispositivo permite inferir que há duas hipóteses 
que escapam da abrangência da imunidade recíproca. 
 A primeira diz respeito a quando o patrimônio, a renda e os serviços são 
utilizados para exploração de atividades econômicas em concorrência com os 
empreendimentos privados. O que se deve ficar atento é ao motivo que fez o 
legislador constituinte inserir esta exceção, que é o fato de não permitir que 
haja concorrência desleal. Ou seja, seria injusto que determinadas 
entidades utilizassem da imunidade para concorrer no mercado, certo? 
 
Essa vedação é aplicável aos entes de direito público, 
pois as EP e SEM já possuem vedação própria no art. 
173, § 2°. 
 Há que se destacar que o STF (RE 242.827) já decidiu que a imunidade 
recíproca extensiva alcança o INCRA – autarquia federal -, 
desobrigando-o de pagar ICMS sobre a exploração de unidade 
 
 
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agroindustrial. No entendimento do tribunal, a exploração é ocasional e está 
inserida no âmbito de sua destinação social. Trata-se de um caso muito 
específico, mas é bom que você saiba que o STF assim já se posicionou. 
 A segunda hipótese afirma que a imunidade recíproca não exonera o 
promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem 
imóvel. 
 A situação se refere a quando uma pessoa particular (promitente 
comprador) assina um contrato de compra e venda, adquirindo um imóvel de 
um ente imune. Lembre-se de que a mera assinatura do contrato não transfere 
a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter sobre o bem o 
direito real de aquisição de coisa alheia, bastando, segundo a CF/88, 
para ser tributado normalmente. 
 Nesse contexto, o STF já sumulou o seguinte entendimento: 
Súmula STF 583 - Promitente-comprador de imóvel residencial transcrito 
em nome de autarquia é contribuinte do imposto predial territorial urbano. 
 Vamos esquematizar isso que vimos: 
 
 
 
 
 
 
 
Questão 10 – CESPE/TCE-RN-Auditor/2015 
 
Há entendimento do STF segundo o qual é extensível, em alguns casos, a 
imunidade recíproca às empresas públicas, sob o argumento central de que 
elas reinvestem seus ganhos ou lucros na própria atividade-fim. 
 
IMUNIDADE 
RECÍRPOCA 
Impostos 
Patrimônio 
Renda 
Serviços 
Extensiva a 
autarquias e 
fundações públicas 
Vinculação a 
finalidades 
essenciais 
EP e SEM 
prestadoras 
de serviço 
público 
Não se aplica: 
Taxas 
Contr. Previd. 
Não se aplica: 
- Explor. Ativ. Econ. 
- Contrib. De fato 
- Caixa Assist. Adv. 
- Serv. Cartoriais 
d
 
 
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Comentário: O argumento central utilizado pelo STF para estender a 
imunidade recíproca às empresas públicas é o de que prestam serviços de 
caráter obrigatório e exclusivo de Estado. Questão errada. 
 
Questão 11 – CESPE/CGE-PI-Auditor Governamental/2015 
 
 
A imunidade recíproca entre os entes tributantes estabelece a vedação da 
cobrança de impostos e taxas entre a União, os estados, o Distrito Federal 
(DF) e os municípios. 
Comentário: A imunidade recíproca se restringe aos impostos, não 
alcançando as taxas. Questão errada. 
Questão 12 – CESPE/PROCURADOR-MP-TCDF/2013 
 
O princípio da imunidade recíproca, mediante o qual é vedado à União, aos 
estados, ao DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou 
serviços uns dos outros, é extensivo às autarquias e às fundações instituídas e 
mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos 
serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 
 
Comentário: Trata-se da imunidade recíproca extensiva, prevista no art. 150, 
§ 2º, da CF/88, alcançando as autarquias e as fundações instituídas e 
mantidas pelo poder público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos 
serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 
Questão correta. 
 
Questão 13 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013 
 
A imunidade tributária recíproca é princípio garantidor da Federação, motivo 
pelo qual não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional. 
 
Comentário: Conforme estudamos, a imunidade recíproca constitui cláusula 
pétrea. Por esse motivo, não é possível haver proposta de emenda 
constitucional com o objetivo de abolir ou restringir tal princípio. Questão 
correta. 
 
Questão 14 – CESPE/JUIZ FEDERAL-5ª REGIÃO/2013 
 
A imunidade tributária recíproca é princípio garantidor da Federação, motivo 
pelo qual não pode ser restringida nem mesmo por emenda constitucional. 
 
Comentário: A imunidade recíproca é considerada cláusula pétrea por 
proteger a autonomia dos entes federados e, consequentemente, a Federação. 
8
 
 
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Portanto, podemos dizer que não pode ser restringida nem mesmo por emenda 
constitucional. Questão correta. 
 
Questão 15 – CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013 
 
O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do 
posicionamento firmado pelo STF, ser invocado na hipótese de contribuições 
previdenciárias. 
 
Comentário: A imunidade recíproca é aplicável aos impostos, não podendo 
ser invocado na hipótese de contribuições previdenciárias. Questão correta. 
 
Questão 16 – CESPE/JUIZ-TJ-MA/2013 
 
O princípio da imunidade tributária recíproca não pode, à luz do 
posicionamento firmado pelo STF, ser invocado na hipótese de contribuições 
previdenciárias. 
 
Comentário: Questão bem tranquila. A imunidade recíproca não se aplica às 
contribuições previdenciárias. Questão correta. 
 
Questão 17 – CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 
 
O princípio da imunidade recíproca, que veda à União, aos estados, ao DF e 
aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços uns dos 
outros, não se aplica aos entes que compõem a administração indireta, como 
autarquias e fundações públicas. 
 
Comentário: A imunidade recíproca é extensiva às autarquias e fundações 
instituídas e mantidas pelo poder público, observadas as condições previstas 
no art. 150, § 2º, da CF/88. Questão errada. 
 
Questão 18 – CESPE/JUIZ-TJ-CE/2012 
 
Como a imunidade recíproca está inserida entre as denominadas imunidades 
genéricas, pode o legislador constituinte derivado afastar a aplicação desse 
instituto em determinada hipótese. 
 
Comentário: De fato, a imunidade recíproca é considerada genérica, mas essa 
característica não concede ao constituinte derivado (pela via da emenda 
constitucional) o poder de afastar a imunidade, haja vista ser consideradacláusula pétrea. Questão errada. 
 
 
 
5
 
 
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Questão 19 – CESPE/PROMOTOR-MP-PI/2012 
 
Em razão do princípio da imunidade recíproca, é vedado à União, aos estados, 
ao DF e aos municípios instituir impostos sobre patrimônio, renda ou serviços 
uns dos outros, inclusive quando houver contraprestação ou pagamento de 
preços ou tarifas pelo usuário. 
 
Comentário: Consoante o disposto no art. 150, § 3º, da CF/88, a imunidade 
recíproca não se aplica ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados 
com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a 
empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de 
preços ou tarifas pelo usuário. Sendo assim, a questão está errada. 
 
Questão 20 – CESPE/JUIZ FEDERAL-1ª REGIÃO/2009 
 
Considerando que um estado da Federação possua dois imóveis, um para 
abrigar um gerador de energia e outro que é a residência oficial do 
governador, assinale a opção correta. 
a) O imóvel que abriga o gerador de energia estará imune ao pagamento de 
imposto, caso sirva para propiciar luz à residência oficial do governador. 
b) A residência oficial será imune ao pagamento de imposto somente se estiver 
situada em área residencial e urbana. 
c) Se não for finalidade essencial do estado fornecer moradia para o 
governador, pode ser cobrado IPTU do imóvel residencial. 
d) Haverá imunidade recíproca do imóvel que abriga o gerador, caso este seja 
utilizado para abastecer parte da cidade e seja cobrado tributo para isso. 
e) Se a residência oficial for vendida, o comprador estará imune ao pagamento 
do imposto de transferência de sua propriedade. 
Comentário: 
Alternativa A: Se o imóvel que abriga o gerador de energia está servindo 
para propiciar luz à residência oficial do governador, certamente estará imune 
ao pagamento de IPTU. Alternativa correta. 
Alternativa B: Não importa se a residência está situada em área residencial 
ou comercial, urbana ou rural. De qualquer modo, a imunidade subsiste. 
Alternativa errada. 
Alternativa C: O ente federativo não está vinculado a destinar o imóvel ao 
cumprimento de sua finalidade essencial como condição para usufruir da 
imunidade, já que tal restrição somente se aplica às autarquias e fundações 
instituídas e mantidas pelo Poder Público. Alternativa errada. 
Alternativa D: Não há necessidade que o gerador abasteça a cidade, e muito 
menos que seja cobrado tributo em razão do fornecimento de energia. 
Alternativa errada. 
d
 
 
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Alternativa E: Em caso de alienação do imóvel em que esteja situada a 
residência oficial do governador, o comprador não estará imune, devendo 
realizar o pagamento do imposto devido em face da transferência da 
propriedade do referido bem. Alternativa errada. 
Gabarito: Letra A 
Questão 21 – FCC/ICMS-PE/2014 
 
Os serviços notariais e de registro, por serem exercidos em caráter público, 
por delegação do Poder Público, sujeitam-se à imunidade tributária recíproca. 
 
Comentário: O STF já decidiu que os serviços de registros públicos, 
cartorários e notariais, que, por terem intuito lucrativo e serem devidamente 
remunerados, não estão imunes. Questão errada. 
 
Questão 22 – FCC/ICMS-PE/2014 
 
A sociedade de economia mista prestadora de serviço público de água e esgoto 
não é abrangida pela imunidade tributária recíproca. 
 
Comentário: O STF já se manifestou no sentido da extensão da imunidade 
tributária recíproca às sociedades de economia mista prestadora de serviços 
públicos. Assim, já foi concedida imunidade para a CAERD (Companhia de 
Águas e Esgoto de Rondônia), uma sociedade de economia mista prestadora 
de serviço público de água e esgoto. Questão errada. 
 
Questão 23 – FCC/ICMS-PE/2014 
 
As sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, 
ainda que seu capital social seja majoritariamente estatal, não gozam da 
imunidade tributária recíproca. 
 
Comentário: O STF já decidiu que as sociedades de economia mista 
prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja 
majoritariamente estatal, gozam da imunidade tributária prevista na alínea a 
do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Questão errada. 
 
Questão 24 – FCC/TRT-16ª Região – Analista Judiciário/2014 
 
Facundo, Auditor Fiscal da Receita Federal, pretende multar a Fundação “Vida 
e Paz”, fundação instituída e mantida pelo Poder Público, haja vista que a 
mesma jamais pagou imposto sobre seu patrimônio, renda e serviços. Nesse 
caso, 
b
 
 
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a) Facundo apenas pode cobrar tributo pelos serviços exercidos pela fundação, 
mas não sobre a renda e o patrimônio, os quais detém imunidade tributária. 
b) correta a postura de Facundo, vez que a citada fundação não detém 
imunidade tributária. 
c) correta a postura de Facundo, pois apenas as autarquias possuem 
imunidade tributária. 
d) incorreta a postura de Facundo, vez que a fundação possui imunidade 
tributária relativa aos impostos sobre seu patrimônio, renda e serviços, 
vinculados a suas finalidades essenciais ou as delas decorrentes. 
e) Facundo apenas pode cobrar tributo sobre a renda da fundação, mas não 
sobre seus serviços e patrimônio, os quais detém imunidade tributária. 
 
Comentário: Sabemos que a imunidade recíproca foi estendida às autarquias 
às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao 
patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou 
às delas decorrentes, conforme determina o art. 150, § 2º, da CF/88. Portanto, 
Facundo não pode multar a referida fundação, sob o fundamento de que tal 
entidade jamais pagou imposto sobre seu patrimônio, renda e serviços. 
 
Gabarito: Letra D 
 
Questão 25 – FCC/ICMS-SP/2013 
 
A imunidade tributária recíproca é aplicável às autarquias e empresas públicas 
que prestem inequívoco serviço público, desde que distribuam lucros e tenham 
por objetivo principal conceder acréscimo patrimonial ao poder público. 
 
Comentário: Não existe tal regra na CF/88 e nem mesmo na jurisprudência 
do STF, no sentido de que condicionar a concessão de imunidade à distribuição 
de lucros. Questão errada. 
 
Questão 26 – FCC/ICMS-SP/2013 
 
É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a imunidade 
recíproca entre os Entes da Federação - União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios que garante a isonomia na distribuição de receitas tributárias. 
 
Comentário: Não se nega que a imunidade recíproca seja uma limitação 
constitucional ao poder de tributar. Contudo, não tem por objetivo garantir a 
isonomia na distribuição de receitas tributárias, mas sim proteger o pacto 
federativo, preservando a autonomia financeira dos entes federados. Questão 
errada. 
 
 
 
 
 
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Questão 27 – ESAF/MPOG-APO/2015 
 
Compete à União instituir imposto sobre a renda e os proventos de qualquer 
natureza das autarquias e fundações públicas estaduais. 
 
Comentário: As autarquias e fundações públicas, ainda que estaduais, fazem 
jus à imunidade recíproca em relação aos impostos incidentes sobre a sua 
renda, conforme estabelece o art. 150, §2º. Questão errada. 
 
Questão 28 – ESAF/MPOG-APO/2015 
 
Dentre as imunidades tributárias figura o impedimento à instituição de 
impostos por uma pessoa jurídica de direito público sobre o patrimônio, renda 
ou serviços de outras pessoas jurídicas de direito público. 
 
Comentário: Esta é a própria definição da imunidade recíproca, prevista no 
art. 150, VI, “a”, da CF/88. Questão correta. 
 
Questão 29 – ESAF/ATRFB/2012-Adaptada 
 
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios cobrar 
imposto sobre o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros. Isso, em 
tese, impede à lei de um Município atribuir à União a condição de responsável 
pela retenção na fonte do imposto sobre serviços. 
 
Comentário: A obrigação de reter na fonte o imposto sobre serviços constitui 
obrigação acessória. Ainda que a União seja imune aos impostos sobre o 
patrimônio, a renda ou os serviços dos demais entes, subsiste a referida 
obrigação. Questão errada. 
 
Questão 30 – ESAF/ACE-MDIC/2012 
 
Sobre a imunidade recíproca, que é a vedação constitucional à instituição e 
cobrança, por parte das pessoas políticas tributantes, de impostos sobre 
Patrimônio, renda e serviços uns dos outros, podem afirmar que: 
a) a imunidade tributária gozada pela Ordem dos Advogados do Brasil não é da 
espécie recíproca, na medida em que a OAB desempenha atividade própria de 
Estado. 
b) no caso de sociedades de economia mista controladas pela União, é 
relevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a 
circunstância de a atividade desempenhada pela empresa estar ou não sujeita 
a monopólio estatal. 
c) a imunidade tributária recíproca não é extensiva às autarquias, no que se 
refere ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades 
essenciais ou às delas decorrentes. 
 
 
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d) as sociedades de economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, 
cujo capital social seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade 
tributária recíproca. 
e) a imunidade tributária recíproca aplica-se, inclusive, às taxas. 
 
Comentário: 
 
Alternativa A: Foi justamente pelo fato de desempenhar atividade própria de 
Estado que fez com que o STF estendesse a imunidade recíproca à OAB. Item 
errado. 
 
Alternativa B: De acordo com a Suprema Corte, é irrelevante a circunstância 
de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal, para 
fins de aplicação da imunidade recíproca. Item errado. 
 
Alternativa C: Conforme prevê o art. 150, § 2º, da CF/88, a imunidade 
recíproca é extensiva às autarquias e às fundações públicas instituídas e 
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos 
serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. Item 
errado. 
 
Alternativa D: O posicionamento do STF é o de que as sociedades de 
economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social 
seja majoritariamente estatal, gozam da imunidade recíproca. Item correto. 
 
Alternativa E: De acordo com o texto constitucional, a imunidade recíproca 
somente se aplica aos impostos. O STF já decidiu expressamente que não se 
estende às taxas, nem mesmo às contribuições previdenciárias. Item errado. 
Gabarito: Letra D 
Questão 31 - FGV/ISS-Cuiabá/2014 
 
Pretendendo adquirir, no mercado doméstico, caminhões para uso em serviço, 
o Município de Cuiabá pede ao Estado de Mato Grosso que afaste a incidência 
do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nessa operação 
específica. Assinale a solução juridicamente adequada a ser dada ao caso 
exposto. 
a) O Estado deve acolher o pleito mediante prova cabal de que os veículos 
serão mesmo empregados em atividades inerentes às atribuições do Município, 
pois, mesmo inexistindo lei estadual nesse sentido, o caso é de isenção de 
tributos. 
b) O Estado deve acolher o pleito mediante prova cabal de que os veículos 
serão mesmo empregados em atividades inerentes às atribuições do Município, 
pois o caso é de imunidade de tributos. 
c) O Estado poderá acolher o pleito mediante decisão administrativa afastando 
a incidência do ICMS ao caso. 
 
 
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d) O Estado não poderá acolher o pleito, ainda que os caminhões sejam 
mesmo empregados em atividades inerentes às atribuições do Município, pois 
é vedada a concessão de tratamento tributário diferenciado a entidades 
públicas que explorem a atividade econômica. 
e) O Estado não poderá acolher o pleito, pois a imunidade não favorece o 
Município neste caso concreto, já que ele é apenas o contribuinte de fato, e 
não o contribuinte de direito. 
 
Comentário: Esta questão cobra a jurisprudência do STF, no sentido de que a 
imunidade recíproca, em se tratando de tributos indiretos (como o ICMS), 
somente se aplica aos casos em que o ente imune está na condição de 
contribuinte de direito, e não na condição de contribuinte de fato, como foi 
apresentado no enunciado desta questão. Portanto, o Estado não pode acolher 
tal pleito, razão pela qual a alternativa correta é a Letra E. 
 
Gabarito: Letra E 
 
2.2 – Imunidade Religiosa 
O art. 150, VI, b, da CF/88 veda que todos os entes federativos cobrem 
impostos sobre os templos de qualquer culto. Levando em consideração o 
disposto no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade de culto é 
um direito individual, o que faz com que a imunidade ora analisada se 
configure uma cláusula pétrea. 
 Verifica-se também que, pelo fato de o Brasil ser um país laico, a 
imunidade religiosa alcança todas as religiões, sem qualquer distinção. 
 
A imunidade religiosa é incondicionada! Grave isso! 
 Há que se ressaltar, nesse contexto, que, da mesma forma como ocorre 
com as demais imunidades inseridas no art. 150, VI, da Magna Carta, a 
imunidade religiosa somente alcança os impostos, não sendo extensiva, 
no entendimento do STF (RE 129.930), às contribuições sindicais. 
 Ainda seguindo o raciocínio do STF (RE 325.822), embora o texto 
constitucional mencione que a imunidade protege os “templos”, devemos 
entender que o legislador constituinte quis dizer que a vedação abrange 
também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as 
finalidades essenciais da entidade religiosa. 
 Neste rumo, ainda que um imóvel pertencente a determinada 
entidade religiosa encontre-se alugado para terceiros, a imunidade 
 
 
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subsiste, pois embora a atividade exercida não esteja de acordo com o 
disposto no art. 150, § 4°, da CF/88, para o STF, basta que os recursos 
gerados estejam sendo vertidos para as finalidades essenciais de tais 
entidades. 
 Ademais, a Suprema Corte (RE 578.562), dando entendimento extensivo 
à imunidade religiosa, entende que os cemitérios que consubstanciam 
extensões destas entidades também são alcançados pela vedação 
constitucional em tela. 
 
Perceba que não são todos os cemitérios que estão 
abrangidos pela imunidade, mas apenas aqueles que são, 
de fato, mera extensão da entidade religiosa. 
 Por fim, cabe-nos ressaltar a decisão do STF (RE 562.351) no sentido de 
que a maçonaria não é alcançada pela imunidade religiosa, já que nas 
lojas maçônicas não se professa qualquer religião. 
 Vamos ao nosso esquema: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Questão 32 – CESPE/Juiz-TJ-CE/2012 
 
Ao interpretar o dispositivo constitucional queveda a instituição de imposto 
sobre templos de qualquer culto, o STF entende que a imunidade limita-se aos 
prédios destinados ao culto. 
 
IMUNIDADE 
RELIGIOSA 
Impostos 
Patrimônio 
Renda 
Serviços 
Alcança Imóveis 
Alugados a 
Terceiros 
Relacionados 
com finalidades 
essenciais RECURSOS 
GERADOS 
Cemitérios 
(Extensão) 
Não se aplica: 
Maçonaria 
 
 
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Comentário: Como vimos, o entendimento do STF é o de que a imunidade 
religiosa alcança também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com 
as finalidades essenciais das entidades religiosas. Questão errada. 
 
Questão 33 – CESPE/JUIZ-TJ-PA/2012 
 
Em razão da imunidade constitucional conferida aos templos de qualquer culto, 
os entes federativos são impedidos de cobrar ou instituir taxas e impostos 
sobre o patrimônio e os serviços relacionados com as finalidades essenciais dos 
templos, mas não sobre as rendas decorrentes das contribuições dos fiéis. 
 
Comentário: Em primeiro lugar, a imunidade diz respeito aos impostos, e não 
às taxas. Em segundo, a imunidade compreende os impostos sobre o 
patrimônio, serviços e rendas relacionados com as finalidades essenciais dos 
templos, conforme art. 150, VI, b, c/c art. 150, § 4º, da CF/88. Questão 
errada. 
 
Questão 34 – CESPE/JUIZ-TJ-ES/2011 
 
A CF confere benefício de isenção tributária aos templos religiosos, ou seja, 
sobre eles é conferida, pela ordem constitucional, exoneração de obrigação de 
pagar tributos. 
 
Comentário: O que a CF/88 confere é imunidade, e não isenção. Outrossim, o 
benefício é extensível apenas aos impostos, e não de forma generalizada aos 
tributos. Questão errada. 
 
Questão 35 – CESPE/Delegado/RN/2009 
 
 Os cemitérios que consubstanciam extensões de entidades de cunho religioso 
não estão abrangidos pela imunidade tributária prevista na CF, uma vez que as 
normas que tratam de renúncia fiscal devem ser interpretadas restritivamente. 
 
Comentário: O STF entende que os cemitérios que consubstanciam extensões 
destas entidades também são alcançados pela vedação constitucional em tela. 
Questão errada. 
 
Questão 36 – FCC/TJ-PE-Juiz/2013 
 
A imunidade sobre o templo de qualquer culto apenas alcança os impostos, 
sendo devidas, portanto, as taxas e contribuição de melhoria incidentes sobre 
o imóvel destinado ao templo. 
 
Comentário: De fato, a imunidade religiosa (sobre templos de qualquer culto) 
alcança tão somente os impostos, sendo devidas as taxas e contribuições de 
melhoria incidentes sobre as entidades religiosas. Questão correta. 
 
 
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Questão 37 – FCC/ICMS-SP/2013 
 
É uma das limitações constitucionais do poder de tributar a imunidade aos 
impostos, taxas e contribuições de melhoria dos templos de qualquer culto. 
 
Comentário: A imunidade religiosa restringe-se apenas aos impostos, não 
alcançando as taxas e contribuições de melhoria. Questão errada. 
 
Questão 38 – ESAF/MPOG-APO/2015 
 
Dentre as imunidades tributárias figura o impedimento à instituição de 
impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as 
finalidades essenciais dos templos de qualquer culto. 
 
Comentário: Trata-se da imunidade religiosa, prevista no art. 150, VI, “b”, da 
CF/88. Questão correta. 
 
2.3 Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos 
Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência Social 
De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes 
políticos cobrar impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços dos 
partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e das 
instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos 
os requisitos da lei. 
 
O art. 150, VI, “c”, trata da imunidade de várias entidades. Qual é a 
extensão dos termos “sem fins lucrativos” e “atendidos os 
requisitos da lei”? 
De acordo com Regina Helena Costa3: 
sem fins lucrativos  “Requisito a ser preenchido tão somente pelas 
instituições de educação e assistência social, uma vez que os partidos 
políticos e suas fundações, bem como as entidades sindicais de 
trabalhadores, são entes que, por sua própria natureza, não objetivam 
 
3 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional. 4ª Edição. 2014. 
 
 
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lucro.” 
atendidos os requisitos da lei  “Aplicável a todas as pessoas nele 
mencionadas.” 
 
 
Somente sindicatos de trabalhadores estão abrangidos 
pela imunidade. Os sindicatos dos empregadores ou 
de setores (ou categorias) econômicos não estão. 
O que nos chama a atenção – e por tal motivo eu o negritei – é o fato de 
a norma constitucional exigir a edição de uma lei, para que as instituições de 
educação e assistência social gozem da referida imunidade. Além disso, seria 
uma lei ordinária ou complementar? 
 Para dirimir as dúvidas, será necessário recorrer ao entendimento do STF 
acerca do assunto, conforme vemos a seguir (grifos nossos): 
“Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha 
da melhor doutrina, o que a Constituição remete à lei ordinária, no 
tocante à imunidade tributária considerada, é a fixação de normas sobre a 
constituição e o funcionamento da entidade educacional ou 
assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, 
que, quando susceptíveis de disciplina infraconstitucional, ficou 
reservado à lei complementar.” 
(STF, ADI-MC 1.802/DF, Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento 
em 27/08/1988) 
 Perceba que, quando uma lei for fixar normas sobre a constituição e o 
funcionamento das referidas entidades, basta que se edite uma lei ordinária. É 
o que ocorreu com a edição da Lei 9.532/97, estabelecendo diversas regras 
relacionadas às entidades objeto da imunidade. No julgamento acima, o STF 
teve a oportunidade de analisar os requisitos previstos no § 2º, do art. 12, 
desta norma, e decidiu que a maioria deles se referiam à constituição e 
funcionamento dessas entidades, podendo, pois, serem regulados pela via de 
lei ordinária. 
Observação: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, é necessária a edição 
de lei complementar para regular tais limitações ao poder de tributar. 
 Outra pergunta pertinente seria qual lei complementar cumpre com esse 
papel? Ora, trata-se de uma lei muito conhecida por nós (ou que ainda o será), 
que é o CTN. Em seu art. 14, a Lei 5.172/66 elenca os requisitos para que as 
já mencionadas entidades gozem da imunidade: 
 
 
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“Art. 14 – (...) 
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas 
rendas, a qualquer título; 
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na 
manutenção dos seus objetivos institucionais; 
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros 
revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.” 
 
Na falta de cumprimento destes requisitos, a autoridade 
competente pode suspender a aplicação do benefício da 
imunidade tributária, conforme preconiza o art. 14, § 1°. 
Perceba que, ao lermos na CF/88 quetais entidades não podem ter fins 
lucrativos, não quer dizer que elas não podem obter resultado financeiro 
positivo, pois isso é essencial para que qualquer entidade se desenvolva. No 
entanto, o que é vedado pelo CTN é que haja distribuição de seu 
patrimônio ou de suas rendas, a qualquer título, inclusive aos sócios, 
gerentes etc. 
 Também não se pode confundir a repartição de lucros com a justa 
remuneração de seus colaboradores pelos trabalhos desenvolvidos na 
entidade. Isso é permitido. 
 Outro ponto a ser discutido em nosso curso, de suma importância para o 
conhecimento amplo da imunidade estudada, é a restrição de que somente o 
patrimônio, a renda e os serviços vinculados às finalidades essenciais 
da entidade estarão imunes aos impostos sobre eles incidentes. Trata-
se, pois, da mesma restrição feita à imunidade religiosa, disposta no art. 150, 
§ 4°, da CF/88. 
 
Repare que a imunidade religiosa não se submete às 
restrições do art. 14 do CTN. 
 Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade 
religiosa, o STF tem sido bastante flexível na análise da vinculação 
asseverada na CF. Nesse sentido, vamos citar, a partir de agora, alguns 
julgados, da própria Corte, que já foram ou que há grandes chances de serem 
cobrados em prova. Portanto, atenção total! 
 
 
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Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece 
imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo 
art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, desde que o valor dos aluguéis seja 
aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas. 
 
Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula 
724 do STF. Isso significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF. 
A distinção é que, a partir da sua publicação, o posicionamento nela contido 
possui efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder 
Judiciário e à administração pública direta e indireta. 
 Semelhantemente ao que estudamos na imunidade religiosa, o STF 
também entende que se aplica a imunidade quando o imóvel, pertencente às 
entidades referidas no art. 150, VI, c, estiver alugado a terceiros. A única 
condição é que a renda gerada seja aplicada nas atividades essenciais das 
entidades. 
 Além disso, de acordo com a mesma Corte (RE 144.900), são imunes os 
serviços não relacionados às finalidades essenciais das entidades, desde que 
a receita deles destine-se ao financiamento de tais finalidades. No caso 
concreto, foi considerado imune de ISS o serviço de estacionamento de 
veículos prestado por hospital em pátio interno. Vejamos a íntegra da 
ementa desse julgado: 
EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO. 
INSTITUIÇÃO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE 
SERVIÇO CALCULADO SOBRE O PREÇO COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE 
VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE. Ilegitimidade. Eventual renda 
obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança de 
estacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao 
custeio das atividades desta, está abrangida pela imunidade prevista 
no dispositivo sob destaque. Precedente da Corte: RE 116.188-4. Recurso 
conhecido e provido. 
(STF, Primeira Turma, RE 144.900/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento 
em 22/04/1997) 
 Na esteira desse entendimento, também foi considerado imune do 
IPTU imóvel de propriedade de uma entidade beneficente, em cujas 
instalações era mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste caso, 
pois o que importa é que as rendas auferidas sejam revertidas para a 
manutenção de suas atividades institucionais. 
 Sobre a renda destinada às finalidades essenciais, destaque-se que 
também já foi considerado imune pelo STF “a renda obtida pelo SESC 
na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de 
ingressos de cinema ao público em geral”. 
 
 
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Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão 
enquadradas no rol de entidades do art. 150, VI, c. Cite-
se, como exemplo, o SENAC e o SENAI. 
 Além disso, ainda que os imóveis estejam sendo utilizados como 
escritório e residência de membro da entidade, continuam imunes. Senão, 
vejamos: 
Instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (...). O fato 
de os imóveis estarem sendo utilizados como escritório e residência 
de membros da entidade não afasta a imunidade prevista no art. 150, 
VI, alínea c, § 4º, da CF." 
(STF, RE 221.395, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em 
08/02/2000) 
Diferentemente do que acaba de ser visto, em 2010, a Segunda Turma 
do STF havia afastado a aplicação da imunidade prevista no art. 150, VI, “c”, 
da CF/88, aos terrenos baldios sem vinculação às finalidades essenciais das 
entidades imunes. 
Contudo, em 2013, a Primeira Turma da Colenda Corte, de forma 
divergente, decidiu que a constatação de que imóvel vago ou sem 
edificação não seria suficiente, por si sóば, para destituir a garantia 
constitucional da imunidade tributária. A ementa do julgamento do RE 
385.091/DF foi parcialmente transcrita abaixo: 
EMENTA: Imunidade. Entidade de assistência social. Artigo 150, VI, c, CF. 
Imóvel vago. Finalidades essenciais. Presunção. Ônus da prova. 
1. A regra de imunidade compreende o reverso da atribuição de competência 
tributária. Isso porque a norma imunitória se traduz em um decote na regra 
de competência, determinando a não incidência da regra matriz nas áreas 
protegidas pelo beneplácito concedido pelo constituinte. 
(...) 
3. No caso da imunidade das entidades beneficentes de assistência social, a 
Corte tem conferido interpretação extensiva à respectiva norma, ao 
passo que tem interpretado restritivamente as normas de isenção. 
(...) 
5. A constatação de que um imóvel está vago ou sem edificação não é 
suficiente, por si só, para destituir a garantia constitucional da 
imunidade. A sua não utilização temporária deflagra uma 
neutralidade que não atenta contra os requisitos que autorizam o 
gozo e a fruição da imunidade. 
6. Recurso extraordinário a que se nega provimento. 
 
 
 
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(STF, Primeira Turma, RE 385.091/DF, Min. Rel. Dias Toffoli, Julgamento em 
06/08/2013) 
Certamente, essa divergência entre as turmas causa dúvidas no 
candidato sobre qual posicionamento levar para a prova. A orientação mais 
sensata é a de que seja seguido o mais recente julgamento, 
direcionado à manutenção da referida imunidade, em caso de imóvel 
vagos ou sem edificação. 
Ainda no que se refere à imunidade em tela, quando nossa análise recai 
sobre o ICMS (tributo indireto), há que se relembrar dos conceitos que já 
vimos sobre contribuinte de direito e de fato. Você se lembra, certo? Caso não 
tenha certeza, retorne ao tópico da imunidade recíproca e leia novamente. 
Vamos lá, então: 
“O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 - 
EDv/SP, fixou entendimento segundo o qual as entidades de assistência 
social são imunes em relação ao ICMS incidente sobre a 
comercialização de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150, 
VI, "c" da Constituição. Embargos de divergência conhecidos, mas 
improvidos.” 
(STF, RE 186.175 ED-EDv/SP, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 
23/08/2006) 
 Embora já tenha havido decisões em sentido contrário em ocasiões

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