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1 Gabriela Trajano Garcia 2 Nome do Professor tutor externo Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Letras Português (LED114) – Variações linguísticas – 09/11/2019 P Gabriela Trajano Garcia¹ Tutor Externo² RESUMO Este trabalho tem como objetivo fazer algumas reflexões, sobre a legitimidade da diversidade linguística, que envolvem variação e mudança linguística, fatores como sexo, idade, época, classe social, grau de instrução influenciam as variações linguísticas. Abordando as questões sobre preconceitos linguísticos e como podemos construir uma prática consciente da língua vencendo essas barreiras de antipatia entre o considerado culto e o dito popular. Palavras-chave: Variações linguística. Preconceitos linguísticos. Diversidade 1. INTRODUÇÃO Pode ser que, não raras às vezes, já se foi questionado acerca do porquê de estudar tantas regras e conceitos presenciados, em diferentes ocasiões, nos livros didáticos, no tocante à Educação Básica e Ensino Médio. Não é à toa que iniciamos lá na Fonologia, perpassamos pela Morfologia, sintaxe e chegamos ao nosso destino final, deparando-nos com a Estilística, que é exatamente quando estudamos acerca do aspecto denotativo e conotativo da linguagem, cujas abordagens fazem referência às figuras de linguagem. A princípio, podemos ver, que tantas informações e nomenclaturas, acabam provocando um sentimento de frustração, o que muitas vezes conduzem à própria repulsa pela Língua Portuguesa. Dessa forma, ao apreendermos essa leva de conceitos, mesmo que fragmentada, estamos nos tornando hábeis, capazes de colocá-los em prática, tanto no que diz respeito à oralidade quanto no que se refere à modalidade escrita. Em uma primeira análise, é preciso se considerar a gramática normativa como um princípio essencial para a continuidade do idioma. Entretanto, ainda que todos os brasileiros sejam falantes da LÍNGUA PORTUGUESA ATRAVÉS DO TEMPO 2 Língua Portuguesa, ela apresenta várias diferenciações no que tange o complexo regional, etário, sexual, historiográfico, dentre outros fatores. Com isso, a língua é considerada um fluxo que se encontra em constante troca e transformações. Sob esse prisma, pode-se revelar que a existência de um variante padrão faz com que as outras modalidades sejam ainda mais desprezadas. Esse tipo de preconceito faz com que a desigualdade social seja acentuada, pois a língua decorre das vivências e da cultura de um povo, logo os mais abastados apresentam maior nível de escolaridade sendo os que realmente possuem o domínio da considerada "norma culta". O preconceito linguístico, portanto, representa uma triste ameaça não apenas aos indivíduos diretamente envolvidos, como também a todos os cidadãos que, indiretamente, também se tornam vítimas de seu legado. Faz-se imprescindível que o Ministério da Educação intensifique a promoção de palestras em instituições de ensino, ministradas por pedagogos, linguistas e psicólogos, acerca da temática, assim será possível auxiliar a formação dos estudantes respeito à diversidade linguística em nosso país. 2. MULTIPLICIDADE CULTURAL Desde a Antiguidade, a oralidade é usada para interação e integração social. Contudo, infelizmente, a gramática normativa tem se tornado, um "suvenir sociocultural" o qual apenas os mais privilegiados socialmente obtêm melhores desempenhos na hora da comunicação. Desse modo, alguns fatores que envolvem o uso oral da língua no Brasil devem ser revistos, a fim de sanar o preconceito. Cabe pontuar que a gramática normativa é uma das responsáveis para a perpetuação do preconceito linguístico. Isso porque existe uma tentativa das escolas de inserirem normas na construção da educação do aluno, tentando unificar a Língua Portuguesa. “A linguagem faz parte da grande distribuição das similitudes e das assinalações. Por conseguinte, deve, ela própria, ser estudada como coisa da natureza.” (FOCAULT, 2000, p. 48). A multiplicidade cultural brasileira unida a fatores socioeconômicos são alguns motivos que influem no dialeto de cada região. No entanto, mesmo com o conhecimento dessa maleabilidade linguística, exposta através das mídias, muitas pessoas ainda são discriminadas em escolas e 3 ambientes de trabalho por seus vocabulários considerados precários concedidos, frequentemente, pelo histórico de um ensino público progressivamente carente de instrução de qualidade. Contudo, seria eficiente se os gestores dessas unidades promovessem a inclusão e a disseminação do respeito por essas variações e não a exclusão da norma culta ou de qualquer outra forma de falar. A língua também se modifica com os anos e de acordo com o ambiente, mas de modo infeliz vê-se nas mídias televisivas e sociais que o preconceito linguístico ainda está presente na sociedade brasileira. Essa visão limitada da população deve ser combatida através de palestras a respeito da diversidade e riqueza que possuímos em nosso país e suas variações linguísticas. A linguagem real não é um conjunto de signos independentes, uniforme e liso, em que as coisas viriam refletir-se como num espelho, para ai enunciar, uma a uma, sua verdade singular. É antes coisa opaca, misteriosa, cerrada em si mesma, massa fragmentada e ponto por ponto enigmática, que se mistura aqui e ali com as figuras do mundo [...]. (FOCAULT, 2000, p. 47). 2.1 DIVERSIDADE LINGUISTICA NO BRASIL É perceptível que o Brasil tem uma diversidade cultural abrangente, possuindo, assim, diversas formas de se expressar. No entanto, muitos cidadãos formam através da gramática e do conhecimento adquirido por ela um desprezo linguístico, já que cada indivíduo e região tem o seu próprio modo de falar. A educação é uma importante aliada para a mudança de pessoas, mas deve estar atrelada à humildade, uma vez que sem ela o conhecimento pode mudar a visão de qualquer pessoa. Considerando, que o respeito é o melhor remédio para esse caso. Saber aceitar que possui diferenças, tendo em mente que uma língua tanto culta como inculta é melhor que a outra. Faz-se necessário, portanto, que medidas sejam tomadas para resolver o impasse. Convém que o Ministério da Educação aborde em cada semestre o linguajar de cada região, a fim de mostrar aos alunos a diversidade linguística que existe no Brasil e a importância de respeitar cada uma delas. Indispensável, ainda, é que o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária faça propagandas que incentive a sociedade não só a respeitar, mas também a ter humildade quando o conhecimento encontrado na gramática ultrapassar o de outros indivíduos. Desse modo, haverá mais respeito e menos preconceito linguístico. 4 Foucault (2000) no livro as palavras e as coisas enfatiza que há uma natureza e várias línguas, sendo a língua de natureza fragmentada dividida contra ela mesma e alterada. Onde uma não está acima da outra. A constituição das nações do mundo como tal teve como um dos pontos principais a ideia de uma língua nacional, a qual identifica um determinado povo. Essa ideia dá origem também à ilusão de que as línguas são uniformes e de cada nação tem sua única e soberana língua. (SELL; GONÇALVES, 2011, p. 5). Por que estudamos a língua então? Por que estudar tantas regras e conceitos presenciados? Se uma língua não se sobrepõe a outra. Na escola iniciamos lá na Fonologia, perpassamos pela Morfologia, sintaxe e chegamos ao nosso destino final, deparando-nos com a Estilística, que é exatamente quando estudamos acerca do aspecto denotativo e conotativo da linguagem, cujas abordagens fazem referência às figuras de linguagem. E qual a finalidade destes estudos se eles não são supremos? Imutáveis? Se a linguagem não mais se assemelha imediatamente ás coisas que ela nomeia,não está por isso separada do mundo; continua, sob uma forma, a ser o lugar das revelações e a fazer parte do espaço onde a verdade, ao mesmo tempo se manifesta e se enuncia. Certamente que não é mais a natureza na sua visibilidade de origem, mas também não é um instrumento misterioso, cujos poderes somente alguns privilegiados conheciam. (FOCAULT, 2000, p. 50). As ideias humanas se estenderam e se multiplicaram ao longo do tempo formando linguagens extensas e inflexões na voz. Com isso, a variação da língua falada é um fato em todas as sociedades. Entretanto, a mudança da linguagem provoca preconceitos linguísticos ocasionados pela perpetuação de estereótipos e de um ensino metódico, porém “Os dialetos são idênticos às línguas, do ponto de vista linguístico. Eles têm tudo o que as línguas têm. Não são menores ou mais simples ou menos perfeitos.” (SELL; GONÇALVES, 2011, p.5 apud McCleary, 2008, p.7) A partir disso verificamos que essa visão enraizada de que a língua é imutável e fixa sem direito a desvios ou mudanças é um estereótipo criado pela sociedade ao longo do tempo. Confirmando, que não seria a língua que não muda, mas sim o preconceito estereotipado da ideia do perfeito, ou seja, da língua perfeita, sem rupturas ou desvios, uma língua sem idade, sexo, região, uma língua que não considera mudanças. Essa visão deve ser vencida e extinta de nossa sociedade dando espaço à aceitação das diferentes formas de se expressar. 5 Santos (2017) trata da relação entre sociedade, cultura e linguagem. Indicando a indissociabilidade de língua e sociedade. Enfatizando o estudo da sociolinguística como o estudo da língua falada, escrita, observada e analisada dentro de um contexto social e em suas situações de uso e que cada comunidade se caracteriza pelo emprego de diferentes formas de se comunicar. Sendo assim, necessário garantir, a todos os brasileiros o reconhecimento da variação linguística, porque o mero domínio da norma culta não é um ápice da cultura que, de um momento para outro, vai resolver todos os problemas do mundo. Não há uma língua considerada homogênea, deste modo, não existem fronteiras entre a linguagem e o seu uso. É nessa perspectiva que a Variação linguística atua, ela vem tratar dessas modificações que ocorrem na língua ao longo do tempo e da particularidade de cada comunidade em relação a sua forma de se comunicar oralmente, podendo ser percebidas através de vários aspectos, como regionalidade, nível de escolaridade, questões econômicas, sexo [...] (SANTOS; SANTANA, 2017, p. 214). Diante dessas reflexões, é relevante mostrar a importância do respeito a essas variedades dentro e fora do âmbito escolar, visto que em um país repleto de desigualdades, o aluno é mera consequência desses problemas sociais. 6 3. MATERIAIS E MÉTODOS Na tentativa de atingir os objetivos desta pesquisa, foram realizadas pesquisas bibliográficas de livros, periódicos e outros textos que contemplam a temática proposta. Autores como Focault (2000), Sell e Gonçalves (2011), Santos e Santana (2017). O trabalho se utilizará da demonstração da importância do conhecimento das existentes variações linguísticas em nosso no país. Para realização do presente estudo, propomos a estruturação em dois capítulos, a saber: O primeiro capítulo, intitulado “Multiplicidade cultural”, refletimos sobre a multiplicidade existente na língua A linguagem real não é um conjunto de signos independentes, uniforme e liso, mas que também possui variações. No subtítulo “Diversidade Linguística No Brasil”, analisamos a diversidade cultural abrangente em nosso país, possuindo, assim, diversas formas de se expressar, evidenciando também alguns preconceitos enraizados em nossa sociedade. Lembrando a necessidade do incentivo para que a sociedade não só a respeite as diferenças, mas também a ter humildade quando o conhecimento que não existe única e perfeita, mas sim uma língua que está sempre em transformação. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO O presente trabalho buscou mostrar as dificuldades em primeira análise, a respeito da diversidade linguística, que envolvem variação e mudança linguística, fatores como sexo, idade, época, classe social, grau de instrução influenciam as variações linguísticas. Salienta-se que através de pesquisa bibliográfica questões a respeito dos preconceitos linguísticos e como podemos construir uma prática consciente da língua vencendo essas barreiras de antipatia entre o considerado culto e o dito popular. É notável lembrar, não há uma língua considerada homogênea, deste modo, não existem limitações entre o uso da linguagem. Revelando a importância do respeito à diversidade e cultura na formação dos dialetos linguísticos de todas as regiões do país. Destruindo assim qualquer preconceito em relação ao modo de se utilizar a linguagem, principalmente nos dias atuais. 7 5. CONCLUSÃO Neste trabalho, contemplaram-se questões que colaboraram na reflexão sobre o tema da Variação Linguística, sendo embasado em estudiosos, os quais evidenciaram o que vem a ser a variação linguística e sua ocorrência através do tempo. Foi-se observado, que a língua não é “uniforme” no território e m que é empregada, essa variação encontrada resulta de um processo de diferenciação que ocorre com naturalidade. Portanto, é evidente que com isso acarrete preconceitos por conta destas variações, havendo discordância entre a população a respeito qual seria a forma correta e qual não é. No entanto, conclui-se que a língua não é algo uniforme mais sim dinâmico, e sempre está se modificando através do espaço e do tempo em todas as partes do mundo. Portanto é necessário que a população possa entender esse processo e respeita-lo, não definindo a língua como algo imutável mais sim metamórfico. REFERÊNCIAS FOUCAULT, MICHEL. As palavras e as coisas. 8. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. SELL, Fabíola Sucupira Ferreira; GONÇALVES, Alberto. Sociolinguística. Indaial: Uniasselvi, 2011. SANTOS, Daiane Almeida dos; SANTANA, Flávio Passos. Variação linguística no contexto escolar. Revista cadernos de estudos e pesquisa na educação básica. Recife, v. 3, n.1 p. 210-223, 2017.
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