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PAPER ABORDAGENS DE VARIAÇÕES LINGUÍSTICA

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15
Abordagem da variação linguística 
em Livros Didáticos do Ensino Médio
Thiago Eliseu Sutil¹
Ana Paula Barcelos²
1. INTRODUÇÃO
 O artigo presente tem como objetivo salientar e analisar de que maneira três livros didáticos voltados para o Ensino Médio abordam as questões de variação linguística.
 As variações linguisticas é um tema de reflexões, pois cada vez mais frequente a preocupação de oferecer aos alunos análise da língua portuguesa e de suas diversidades linguísticas, para que possam aprender, praticar e adequar-se a linguagem às suas necessidades. Há na língua brasileira diferentes variedades linguísticas , diversa no léxico, pronúncia, construções sintáticas e nos sentidos estabelecidos a partir dessas construções, ou seja, porque apresenta diferentes formas e usos tomados pelos falantes, ouvintes, leitores e escritores, de modo que não deve ser desconsiderada pelos professores de língua dos vários níveis escolares.
 Espera-se contribuir para pesquisas acadêmicas, melhoria do ensino, diminuição do preconceito linguístico e para o papel da escola no ensino de línguas, pois há uma necessidade de mudar o ensino de línguas na escola, visto que estudos sobre Variação Linguística começaram a ser integrados ao trabalho em sala de aula, com a finalidade de refletir sobre a grande variedade linguística existente. Sendo a analise de grande importância em questão da heterogeneidade presente em qualquer manifestação linguística, inclusive por exemplo, pela transformação de uma língua em outra, como do latim que se transformou em francês, espanhol, italiano e o português de Portugal em português brasileiro.
 Quando o professor escolhe não considerar as variações linguísticas em sala de aula, na qual passam a ser vinculadas somente à gramática normativa, sendo intitulado em “certo” ou “errado” onde o conteúdo trabalhado se baseia no que deve ou não ser aceito na linguagem, consequências negativas irão surgir na aprendizagem da língua, porque o professor passa a estipular uma norma que não corresponde com a realidade vivida pelo aluno, criando barreiras para o ensino-aprendizagem do aluno.
 Emprega-se uma pesquisa de análise documental qualitativa de caráter exploratório tendo como documentos de análise livros didáticos de Língua Portuguesa , com foco para as unidades didáticas que tratam de Variação Linguística. 
 Em relação a estrutura o artigo será dividido na Breve História do Livro Didático, Importância do Estudo das Variações Linguísticas, Estudo da abordagem das Variações Línguisticas na Coleção de Livros Didáticos: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1. Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Breve História do Livro Didático
 O livro didático faz parte da cultura e da memória visual de muitas gerações, atuando como mediador na construção do conhecimento, no sua impressão se exige atenção, pausa e concentração para refletir e compreender a mensagem, onde sua a função é chamar a atenção, provocar a intenção e promover a leitura. O livro didático conforme Stray (1993, p.77-78) “produto cultural composto, híbrido, que se encontra no cruzamento da cultura, da pedagogia, da produção editorial e da sociedade”.
 Antigamente os livros eram raros, na qual os estudantes europeus produziam seus cadernos de textos. Logo com a imprensa, os livros eram feitos em série e, ao longo do tempo como “fiel depositário das verdades científicas universais” foi se concretizando (GATTI JÚNIOR, 2004, p.36).
 Dante justifica a importância do livro didático:
em geral, só a aula do professor não consegue fornecer todos os elementos necessários para a aprendizagem do aluno, uma parte deles como problemas, atividades e exercícios pode ser coberta recorrendo-se ao livro didático; - muitas escolas são limitadas em recursos como bibliotecas, materiais pedagógicos, equipamento de duplicação, vídeos, computadores, de modo que o livro didático constitui o básico, senão o único recurso didático do professor. (DANTE 1996, p. 52)
 Os livros didáticos chegaram no Brasil no início em 1929, com a criação de um órgão específico para legislar sobre políticas do livro didático, o Instituto Nacional do Livro (INL), mas só em 1934, no governo do presidente Getúlio Vargas, o INL começou a editar obras literárias, enciclopédia e dicionários nacionais e expandir o número de bibliotecas públicas, por sua vez, em 1938 por meio do Decreto-Lei nº 1.006, de 30/12/38 a Comissão Nacional do Livro Didático (CNLD) tratava da produção, do controle e da circulação dessas obras, mas houve questionamentos da legitimidade desta comissão, então só em 1945 o Estado consolidou a legislação na qual restringia ao professor a escolha do livro a ser utilizado pelos alunos, definido no art. 5º do Decreto-Lei nº 8.460, de 26/12/45. (FREITAG et al. 1989, p. 40) 
 Em 1966 teve um acordo do Ministério da Educação (MEC) e a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) que criava a Comissão do Livro Técnico e Livro Didático (COLTED) onde pretendia distribuir gratuitamente milhões de livros no período de três anos, mas logo houve o término do convênio MEC/USAID e o INL passou a desenvolver o Programa do Livro Didático para o Ensino Fundamental (PLIDEF), responsável pelas atribuições administrativas e de gerenciamento dos recursos financeiros, que por sua vez em 1976 a Fundação Nacional do Material Escolar (FENAME) tornou-se responsável pela execução do PLIDEF, conforme o decreto nº 77.107, de 4/2/76 o governo começou a comprar os livros com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e com as contribuições dos estados, mas pela enorme demanda na qual os recursos não foram suficientes para atender todos os alunos rede pública foi excluído a maioria das escolas municipais. (FREITAG et.al. 1989 p, 42) 
 Em 1983 foi criada Fundação de Assistência ao Estudante (FAE) substituindo a FENAME, com programas de assistência do governo, incluindo o PLIDEF, houve denúncias como o atraso da distribuição dos livros didáticos, a pressão política das editoras e o autoritarismo na escolha dos livros e nesta época houve a participação dos professores na escolha dos livros e a ampliação do programa, porém alguns estados já ofereciam aos professores a escolhados livros didáticos. (FREITAG et.al. 1989 p, 45) 
 Por fim em 1985 o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) substituiu o PLIDEF com a edição do decreto nº 91.542, de 19/8/85, fazendo algumas alterações:
garantia do critério de escolha do livro pelos professores; reutilização do livro por outros alunos em anos posteriores, tendo como conseqüência a eliminação do livro descartável; aperfeiçoamento das especificações técnicas para sua produção, visando maior durabilidade e possibilitando a implantação de bancos de livros didáticos; extensão da oferta aos alunos de todas as séries do ensino fundamental das escolas públicas e comunitárias; aquisição com recursos do governo federal, com o fim da participação financeira dos estados, com distribuição gratuita às escolas públicas. (FNDE, 2008; CASSIANO, 2004)
 O PNLD tem como missão que cada aluno tem direito a um exemplar das disciplinas e a avaliação pedagógica dos livros inscritos para o PNLD deu-se início em 1996 e passou por vários aperfeiçoamentos, hoje essa avaliação pedagógica pela qual passam os livros e as coleções distribuídas pelo Ministério da Educação é apresentada no Guia do Livro Didático, distribuído às escolas e também disponível on-line.
 Antes o conteúdo do livro didático de Língua Portuguesa eram os textos de autores clássicos, valores somente aos escritores e não por vivencias de alunos, porém hoje os livros já tem uma variedade de textos que abrangem os diferentes dialetos e as diferentes características regionais do nosso País, nos conduzem para diferentes textos, gênerosdiscursivos e estruturas gramaticais, desenvolvendo-nos as habilidades leitura e escrita, sendo um dos métodos mais importantes para aprendizagem, sendo um recurso para o acesso à cultura e ao desenvolvimento da educação, pois o livro é o caminho para o hábito da leitura e aquisição de aprendizagem. (SOARES 2002, p. 27-29)
 Abaurre e Pontara destaca que:
Reconhecer a linguagem como uma atividade humana significa dar a ela a devida dimensão na nossa relação com o mundo. Dentre todas as linguagens, é a língua natural – aquela que falamos – que nos dá identidade, permite nomeação do mundo a nossa volta, participa da criação de categorias mentais ao quais nos relacionamos com a realidade em que estamos inseridos. (ABAURRE & PONTARA 2008, p. 56).
2.2 Importância do Estudo das Variações Linguísticas
 Conforme Bagno a língua é “múltipla, variável, instável e está sempre em desconstrução e em reconstrução. Ao contrário de um produto pronto e acabado, a língua é um processo permanente e nunca concluído”.Nesta perspectiva, a variação na língua ocorre não apenas no modo de falar das comunidades, dos grupos sociais, mas também no comportamento de cada pessoa, de cada falante da língua à medida que se encontra em um determinado contexto ou situação. (BAGNO 2007, p. 36)
 Todo mundo sabe que há modos diferentes de se falar uma língua, há inúmeras maneiras de expor a mesma coisa, visto que há uma variedade de palavras, da semântica e da diversidade de linguagens que existem. (CAGLIARI 2000, p. 76)
 Percebe-se que há uma necessidade de conscientização de que a gramática e a variação de uma língua são componentes importantes para o processo de ensino aprendizagem, deve-se verificar de que forma a variação linguística é tratada nos livros didáticos aprovados pelo PNLD, porque muitas vezes o livro didático é o único material de apoio do professor e acesso do aluno, e se este não o faz de maneira adequada com ganhos no ensino cria uma lacuna na vida escolar. Se faz necessário porque existe um preconceito da variedade das classes menos favorecidas, rotulando como pessoas sem cultura, ou seja, julga o indivíduo que está falando e não o que ele está falando. 
O problema do preconceito disseminado na sociedade em relação às falas dialetais dever ser enfrentados, na escola, como parte do objetivo educacional mais amplo da educação para o respeito à diferença. Para isso, e também para poder ensinar Língua Portuguesa, a escola precisa livrar-se de alguns mitos: o de que existe uma única forma “certa” de falar – a que se parece com a escrita – e o de que a escrita é o espelho da fala – e, sendo assim, seria preciso “consertar” a fala do aluno para evitar que ele escreva errado. Essas duas crenças produziram uma prática de mutilação cultural que, além de desvalorizar a forma de falar do aluno, tratando sua comunidade como se fosse formada por incapazes, denota desconhecimento de que a escrita de uma língua não corresponde inteiramente a nenhum de seus dialetos, por mais prestígio que um deles tenha em um dado momento histórico (PCN 1997, p. 26)
 Os professores de língua portuguesa devem ensinar a norma padrão sem depreciar sua linguagem familiar, a linguagem trazida pelo aluno, sem desprezar e trata-la como um simples erro gramatical, de modo que as atividades de ensino deveriam oportunizar aos seus alunos o domínio de uma outra forma de falar o dialeto padrão, rompendo o bloqueio de acesso ao poder, visto que a linguagem é um de seus caminhos, por sua vez a linguagem falada por qualquer indivíduo é resultante de uma série de características, sendo individual e particular, representando a linguagem de seu grupo social. (GERALDI 1996, p 163). Soares enfatiza que:
É o uso da língua na escola que evidencia mais claramente as diferenças entre grupos sociais e que gera discriminações e fracasso: o uso, pelos alunos provenientes das camadas populares, de variantes linguísticas social e escolarmente estigmatizadas provoca preconceitos linguísticos e leva a dificuldades de aprendizagem, já que a escola usa e quer ver usada a variante-padrão socialmente prestigiada (SOARES 2002, p. 17).
 Conforme BAGNO (2007 p. 38) “não existe erro de português, pois todo falante nativo de uma língua é um falante plenamente competente dessa língua, capaz de discernir intuitivamente a gramaticalidade ou a gramaticidade de um enunciado. Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola-gramática-dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, ‘errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente”, e não é raro a gente ouvir que “isso não é português”. 
 Há pouca exploração desta questão da variação linguística e não utilizada em sala de aula como material de apoio aos docentes, e quando abordada de forma insuficiente gera mais preconceitos da variação linguística, onde é somente considerada variações linguístcas nos dialetos da zona rural e da região norte/nordeste do país. (BAGNO 2007, p. 29) 
 É imprescindível que o professor deve ensinar a norma-padrão sem a troca de um pelo outro, propiciando ao aluno condições claras para que ele possa transitar de um dialeto para o outro sem grandes dificuldades, de modo que aprendam o dialeto padrão para usá-lo nas situações em que ele é adequado. (BAGNO (2007, p. 120)
 Conforme Mussalin e Bentes:
A não aceitação da diferença é responsável por numerosos e nefastos preconceitos sociais e, neste caso o preconceito linguístico tem um efeito particularmente negativo. A sociedade reage de maneira particularmente consensual quando se trata de questões linguísticas: ficamos unanimemente chocados diante da palavra inadequada, da concordância verbal não realizada, do estilo impróprio situação da fala. (Mussalin e Bentes (2007, p. 42),
A escola é um espaço social que forma cidadãos, na qual defende a liberdade e a democracia, então não deve ignorar os aspectos culturais do aluno, seu dever é proporcionar um ensino da Língua Portuguesa de forma que o modo de falar com suas diversidades sejam valorizados em diferentes situações e contextos, propiciando a consciência dessa mudança e melhorias na qualidade da comunicação, de modo que valorize a gramática do aluno e sujeitá-lo as experiências linguísticas, como na leitura, escrita, narrativa e em outras formas de expressão, 
 O professor deve fazer o aluno refletir que ele sabe falar a sua língua, mas que precisa saber mais sobre ela, tendo uma diversidade de outras formas de expressar-se, de modo que modifique a sociedade discriminadora, onde há variantes linguísticas de caráter significativos. 
 Leite ressalta:
preconceito é a discriminação silenciosa e sorrateira que o indivíduo pode ter em relação à linguagem do outro: é um não-gostar, um achar feio ou achar-errado o uso, sem a discussão do contrário, daquilo que poderia configurar o que viesse a ser bonito ou correto, é um não gostar sem ação clara sobre o fato rejeitado. A intolerância, ao contrário, é ruidosa, explícita, porque, necessariamente, se manifesta no discurso metalinguístico calçado em dicotomias”. (LEITE 2008, p. 24) 
3. METODOLOGIA
 O artigo presente tem como objetivo salientar e analisar de que maneira três livros didáticos voltados para o Ensino Médio abordam as questões de variação linguística.
A fonte de pesquisa será por livros bibliográficos de autores para somente construção da Fundamentação Teórica e respaldo das suas análises. 
Emprego de uma pesquisa de análise documental na busca de informações e referenciais
 Onde os resultados da análise será qualitativa e exploratório tendo como documentos de análise livros didáticos de Língua Portuguesa , com foco para as unidades didáticas que tratam de Variação Linguística. Para Bortoni, Ricardo (2008, p. 34) “na pesquisa qualitativa, não se procura observar a influência de uma variável em outra. O pesquisador está interessado em um processo que ocorre em determinado ambiente e quersaber com os atores sociais envolvidos nesse processo o percebem, ou seja: como o interpretam, ou seja, não há generalização do elemento a ser analisado e sim compreender os fenômeno, buscando o objeto na sua natureza sem modificá-lo.
 Em relação a estrutura o artigo será dividido em Fundamentaçao Teórica onde estará subdivido em: Breve História do Livro Didático, Importância do Estudo das Variações Linguísticas , Metodologia utilizada para o desenvolvimento do presente artigo e Resultados e Discussões com o subtítulo: Estudo da abordagem das Variações Línguisticas na Coleção de Livros Didáticos: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1/ Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
 Apresentação da análise dos três livros didáticos de língua portuguesa por meio da Tabela 1 abaixo:
	Tabela 1:
	1. Os livros didáticos tratam da variação linguística?
	Da coleção somente o Volume 1 e 3 tem um capítulo inteiro que aborda temas relacionados às noções de variação linguística, na qual os autores apresentam a variação linguística de uma forma rápida de um conversação de personagens fictícios que expõe conceitos e teorias sobre a língua, numa divisão de quatro tipos gerais: sociocultural, histórica, geográfica.
	2. Os livros didáticos mencionam de algum modo a pluralidade de línguas que existem no Brasil?
	Apenas se detém na explicação das variedades linguísticas, a diferença entre a norma padrão e a norma culta e o tipo de variação peculiar de cada região do país, em momento algum é citado as diversas línguas existentes no Brasil. Cultuando o monoliguismo da Língua.
	3. O tratamento se limita às variedades rurais e/ou regionais?
	Sim, até falam de forma resumida as variedades linguísticas como outras línguas, mostrando que existem diferentes formas de se expressar dentro da mesma língua não se configurando como um erro, mas não há exploração de tiras e textos, nos quais abordam a variação linguística em vários lugares, e contextos sociais de diferentes regiões, mostrando de modo coerente várias características culturais, relacionada à fala, noção de adequação/inadequação linguística.
	4. Os livros didáticos apresentam variantes características das variedades prestigiadas (falantes urbanos, escolarizados)?
	No volume 1 e 2 afirmam que as pessoas na qual moram nas cidades falam somente a norma culta, dando a entender que a variação linguística existe somente nas zonas rurais e menos favorecidas na sociedade, onde o português mais próximo a esse padrão seria mais prestigiadas socialmente, ou seja, variedades linguísticas urbanas associadas a alto nível de escolaridade e renda mais alta.
	5. Os livros didáticos separam a norma padrão da norma culta (variedades prestigiadas) ou continuam confundindo a norma padrão com uma variedade real da língua?
	Sim, retratam a norma-padrão como uma lei que normatiza o uso da língua e ao uso social da língua, onde sua finalidade é evitar que usem a língua à sua maneira e a norma culta como a real língua utilizada pelas pessoas que pertencem a zona urbana e alto grau de escolaridade e renda maior, destacando que devido a posição social falam de maneira mais formal.
	6. O tratamento da variação aos livros didáticos fica limitado ao sotaque e ao léxico, ou também abordam fenômenos gramaticais?
	Não, abordam em atividades das variações mais utilizadas em determinados grupos sociais, como os das gírias que são muito empregadas por jovens pertencentes a zona urbana, mostra a linguagem culta sendo utilizada também por um determinado grupo social, mas ainda assim utiliza tirinhas regionais para demonstrar a variação linguística através do seu sotaque, e expressões de certos termos que não são de uso exclusivo dos falantes da zona rural, mas não há uma abordagem explicativa, muito pouca exploração.
	7. Os livros didáticos mostram coerência entre o que diz nos capítulos dedicados à variação linguística e o tratamento que dá aos fatos de gramática? Ou continua, nas outras seções, a tratar do “certo” e do “errado”?
	No livro defende e justifica a diversidade linguística, mas em outra atividade pede para reescrever as mensagens de forma adequada à norma padrão, deduz que deve ensinar a norma padrão como regra linguística, apontando “certo” e “errado”, e nos outros dois mostram uma visão da sociedade mais formalista e propoe uma reflexão que visa à compreensão da língua como prática social, onde o material interpreta as variedades linguísticas como outras línguas, mostrando que existem diferentes formas de se expressar dentro da mesma língua e que isso não se configura como um erro ou como distorções de um padrão e sim por fatores sociais, culturais e econômicos presente na vida das pessoas
	8. Os livros didáticos explicitam que também existe variação entre fala e escrita, ou apresentas a escrita como homogênea e a fala como lugar de erro?
	Sim, ambos pouco esclarecem que as variações existem tanto na fala, quanto na escrita, resultantes de localização geográfica, idade, profissão, meio social e grau de escolaridade, mas não há exploração nas atividades, pois no Volume 3 só há atividades retiradas de Enem, sobre a norma-padrão e variedade geográfica.
	9. Os livros didáticos abordam o fenômeno da mudança linguística? Como?
	Sim, pouco ressaltam que a língua sofre mudança a todo o momento, a partir das variações históricas, geográficas e sociais.
	10. Os livros didáticos apresentam a variação linguística somente para dizer que o que vale mesmo, no fim das contas, é a norma padrão?
	Há uma separação na abordagem dos assuntos, em momentos há o preconceito linguístico nos livros didáticos, logo a não obrigatoriedade do seu uso em certas situações e em outros o não informal, na qual não sustenta no processo social, regional e cultural.
 No Volume 1 da Coleção contém 33 capitulos, onde o Capitulo 17 trata de Variedades Linguísticas, página 204 à 2011, de modo que a cnceituação é elaborada por meio da leitura de um trecho de “A Língua de Eulália, novela sociolinguística de Marcos Bagno. Nela, as personagens fictícias expõe conceitos e teorias sobre a língua, onde relatam o mito “no Brasil só se fala uma língua, o Português” referenciado como unidade linguística do Brasil. “Sendo uma ideia falsa, sem correspondente com a realidade”. (Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1/ Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 205, páragrafo 14)
 No páragrafo 16 compreende que “existem mais de duzentas línguas ainda faladas em diversos pontos do país pelos sobreviventes das antigas nações indígenas. Além disso, muitas comunidades de imigrantes estrangeiros mantêm viva a língua de seus ancestrais: coreanos, japoneses, alemães, italianos etc”. (Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1/ Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 205)
Na Figura 1 e 2 há a representação em imagem da concepção do Português ser um conjunto de variedades, diferenças: fonética, sintática, lexical, semântica e no uso da língua, logo variedades geográficas (diatópica), por gênero, etária, social, urbana, rural, nível de instrução.
 Figura 1 
 
Figura 2
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 206
 No páragrafo 6 há uma exemplificação de variedade histórica (diacrônica), na qual a fala muda com o tempo. De acordo com a Figura 4 e 5:
Figura 4
Figura 5
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 207
 Nos dois últimos parágrafos aborda a descrição e explicação da norma-padrão, de modo explicita defende que deve-se ensinar a norma padrão como regra linguística, conforme a Figura 6 abaixo:
Figura 6
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 207
Representação por imagensdas atividades que abordam apenas diversidade geográfica e prioriza a norma-padrão, de acordo com as figuras 7-14 abaixo:
Figura 7
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 211
Figura 8
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 211
Figura 9
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 3/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 279
Figura 10
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 3/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 280
Figura 11
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 3/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 281
Figura 12
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 3/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 284
Figura 13
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 3/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 286
Figura 14
Fonte: Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 3/ 
Graças Sette et al. 2.ed. São Paulo. Leya. 2016. p. 287
REFERÊNCIAS
ABAURRE, M. L. M.; PONTARA, M. Gramática: texto: análise e construção de sentido. São Paulo: Moderna, 2008.
BAGNO, M. Dramática da língua portuguesa: tradição gramatical, mídia & exclusão social. 3 ed. São Paulo: Loyola, 2005.
BAGNO, M. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
BRASIL, Ministério da Educação (MEC). Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília, 1997.
CAGLIARI, L. C. Alfabetização e Linguística. 10. ed. São Paulo: Scipione, 2002. 
Camara dos deputados. Legislação Informatizada: Decreto-Lei nº 1.006, de 30 de Dezembro de 1938 - Publicação Original. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1930-1939/decreto-lei-1006-30-dezembro-1938-350741-publicacaooriginal-1-pe. Acesso em: 28 de abril de 2021
DANTE, Luiz Roberto. Livro didático de Matemática: uso ou abuso? Em Aberto, Brasília, v. 16, n. 69, jan./mar. 1996.
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ministério da Educação. Disponível em: . Acesso em: 20 fev. 2008.
FREITAG, Bárbara; MOTTA, Valéria Rodrigues; COSTA, Wanderly Ferreira da. O livro didático em questão. 3. ed. São Paulo: Cortez, 1997.
GATTI JÚNIOR, Décio. A escrita escolar da história: livro didático e ensino no Brasil. Bauru, SP: Edusc; Uberlândia, MG: Edufu, 2004.
GERALDI, J. Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas: Mercado de Letras/ALB, 1996.
LEITE, Marli Quadros. Preconceito e Intolerância na Linguagem. São Paulo: Contexto, 2008.
MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Christina. Introdução à Linguística: domínios e fronteiras. São Paulo: Cortez, 2007.
SETTE G. et al. Coleção Português: Trilhas e Tramas, Volume 1, 2 e 3. 2 ed. São Paulo. Leya. 2016.
SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na Cibercultura. Educação e Sociedade: 2002.
STRAY, Chris. Quia Nominor Leo: Vers une sociologie historique du manuel. In: CHOPPIN, Alain (org.) Histoire de l'éducation. n° 58 (numéro spécial). Manuels scolaires, États et sociétés. XIXe-XXe siècles, Ed. INRP, 1993.
1 Thiago Eliseu Sutil
2 Ana Paula Barcelos
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (LED114) – Prática do Módulo I - 05/04/21

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