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Disciplina: Fundamentos Históricos e Sociais do Direito BOBBIO,Noberto. Teoria da Norma Jurídica. Capítulo 5- As prescrições jurídicas e capítulo 6- Classificação das normas jurídicas. Local:Rio de Janeiro, 1958. Capítulo 5: Ao longo do tempo, teorias vinheram sendo criadas para tentar adequar a norma jurídica a alguma definição ou categoria fixa. Para Bobbio, o que deve ser levado em conta são “os critérios que permitiram definir a norma jurídica” e as críticas a esses critérios. Observadas essas considerações do autor, são 5 os critérios formais elencados: 1)A especificidade da norma jurídica estaria no seu conteúdo, qual seja: regular relações entre duas ou mais pessoas, e. relações intersubjetivas. 2)Temos o critério do fim, ou seja, do objetivo pretendido. Este objetivo seria a conservação da sociedade -a manutenção da ordem social. 3) o poder soberano, estabelece-se como forma de um “sujeito que cria a norma”. A norma jurídica seria, em última instância, uma expressão de poder. 4)A reação oposta ao juspositivismo radical é o jusnaturalismo, que conecta a teoria da norma jurídica aos valores em que o legislador se inspira para criá-la. 5) É de inspiração kantiana, e se baseia na natureza da obrigação. Ou seja, enquanto a moral se caracterizaria como imperativo categórico e autônomo, a especificidade da norma jurídica residiria em ser ela um imperativo hipotético e heterônomo. Para estabelecer o que é uma sanção jurídica, Bobbio apresenta três definições: - Sanção moral: É interna ao indivíduo (culpa, arrependimento etc). Baixíssima eficácia; - Sanção social: Externa ao indivíduo. Porém, peca pela desorganização e desproporcionalidade. -A sanção jurídica: resolveria o problema entre autonomia/heteronomia presente na sanção moral, e também das injustiças decorrentes da sanção social, por ser institucionalizada. Ou seja, podemos definir a sanção jurídica como uma resposta externa e institucionalizada à violação da norma. -São três as características da institucionalização da sanção: 1.) Para toda violação há uma respectiva sanção; 2.) A medida sanção é estabelecida dentro de certos limites. 3.) São definidas as pessoas encarregadas de executá-la (ou seja, não é qualquer um que tem o poder aplicar sanções). Bobbio vai analisar e refutar a tese da adesão espontânea. Esta tese se passa na discussão entre jusfilósofos sancionistas x não sancionistas. Um argumento mais metafísico é apresentado por Benedetto Croce, para quem o espírito humano é necessariamente livre, por definição incapaz de ser obrigado a algo com a qual não concorde. Neste sentido, se uma pessoa é ameaçada com uma faca a entregar seu dinheiro, o ato de entregar o dinheiro corresponde à própria liberdade dela – considerando que isto se torna sua prioridade. “[...] o direito internacional nasceu junto com a regulamentação da guerra, isto é, com a consciência, por parte dos membros da comunidade estatal, da natureza sancionadora da guerra e, por conseguinte, da necessidade de demarcar seus limites com regras aceitas em comum acordo, ou seja, nasceu junto com a institucionalização da guerra enquanto sanção. [...] A violação de uma norma internacional por parte de um Estado constitui um ilícito. Acaso no ordenamento internacional um ilícito não implica alguma consequência? O que são a represália e, nos casos extremos, a guerra senão uma resposta à violação, ou seja, aquela resposta à violação que é possível e legítima naquela sociedade específica que é a sociedade dos Estados?” (p. 164). Neste trecho Bobbio, demonstrar o caráter sancionador/coercitivo do direito internacional, de acordo com a sua origem e seu papel. Capítulo 6: Para Bobbio, o critério mais importante a este livro é o critério formal, que é aquele que diz respeito à estrutura lógica da norma. Toda proposição prescritiva é formada por 2 elementos: 1) destinatário e 2) a ação prescrita. Tanto o destinatário- sujeito quanto a ação-objeto podem apresentar-se em uma norma jurídica, em forma universal ou singular. Convencionando que a universalidade em relação ao sujeito-destinatário seja chamada de “geral” e a universalidade relativa à ação objeto seja chamada de “ abstrata”. Temos 4 tipos de normas jurídicas: -Normas gerais e abstratas: Ex: grande quantidade de leis. -Normas gerais e concretas. -Normas individuais e abstratas: Ex: lei de atribuição de cargos. -Normas individuais e concretas. Ex: sentença judicial. Bobbio apresenta uma nomenclatura mais adequada e mais utilizada para estas duas categorias de normas: Normas categóricas = obrigações simples Normas hipotéticas = obrigações condicionadas.