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2 Língua Brasileira de Sinais Língua Brasileira de Sinais 3 CURSO: Licenciatura em Letras – Habilitação em Língua Portuguesa e suas Literaturas MÓDULO: IV DISCIPLINA: LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS I AUTORAS: Elielza Reis da Silva Larissa Gotti Pissinatti. Porto Velho – RO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E NOVAS TECNOLOGIAS UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL 4 Língua Brasileira de Sinais Língua Brasileira de Sinais 5 GOVERNO FEDERAL Presidente da República: Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação: Fernando Haddad Secretário de Ensino a Distância: Carlos Eduardo Bielschowky Coordenador Nacional da Universidade Aberta do Brasil: Celso Costa UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA Reitor: José Januário de Oliveira Amaral Vice-reitora: Maria Ivonete Barbosa Tamboril Pró-reitora de Graduação: Nair Ferreira Gurgel do Amaral Pró-reitor de Cultura, Extensão e Assuntos Estudantis: Ricardo Gilson da Costa Silva. Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa: Maria das Graças Nascimento Silva Coordenação CEADT/ UNIR: Sônia Ribeiro de Souza Coordenação UAB-UNIR: Crystiany Maria Guilherme Coordenador UAB-Adjunto: Francisco Paulo Duarte Coordenação do Curso de Letras – UAB – UNIR: Iracema Gabler Coordenação do Curso de Pedagogia – UAB – UNIR: Carmem Tereza Velanga Assessoria Pedagógica: Giovani Mendonça Lunardi 6 Língua Brasileira de Sinais SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................ 11 Apresentação do Componente Curricular ......................................................... 13 MAPA CONCEITUAL .................................................................................... 14 METODOLOGIA DE TRABALHO ................................................................. 15 AVALIAÇÃO .................................................................................................. 16 UNIDADE I - O QUE É SER SURDO? ............................................................. 17 Apresentação ................................................................................................ 18 Unidade I – Subunidade I ................................................................................. 19 Pensando a Condição do Sujeito Surdo .................................................... 19 A LINGUA DE SINAIS NA IDADE MODERNA .............................................. 25 PONCE DE LÉON (1520-1584) ................................................................. 25 RODRIGUES PEREIRA (1715-1780) ........................................................ 25 ABBÉ L’EPÉE (1712- 1789) ...................................................................... 25 JEAN MARC ITARD .................................................................................. 26 ALEXANDRE G. BELL .............................................................................. 28 LINGUA DE SINAIS (LS) NA IDADE CONTEMPORÂNEA ........................... 28 ORALISMO - CONGRESSO DE MILÃO – 1880 ....................................... 28 BIMODALISMO OU COMUNICAÇÃO TOTAL .......................................... 29 BILINGUISMO ........................................................................................... 29 ASPECTOS HISTÓRICOS NO BRASIL .................................................... 30 Unidade I - Subunidade II ................................................................................. 34 Língua Brasileira de Sinais 7 Cultura e Identidade Surda ........................................................................ 34 MEU TERCEIRO OLHO ............................................................................ 37 Unidade II – Subunidade I ................................................................................ 43 A Diferença entre Alfabeto Manual e Soletração Rítmica .......................... 43 Unidade II - Subunidade II ................................................................................ 46 Unidade III – Subunidade I ............................................................................... 51 Estrutura Frasal e Categorias Gramaticais da LIBRAS ............................. 51 FORMAÇÃO DE ITENS LEXICAIS OU SINAIS A PARTIR DE MORFEMAS ...................................................................................................................... 51 MORFEMAS LEXICAIS E MORFEMAS GRAMATICAIS: ......................... 51 Unidade III – Subunidade II .............................................................................. 53 Aspecto Verbal da LIBRAS ........................................................................ 53 Itens Lexicais para Tempo e Marca de Tempo .......................................... 55 Quantificação e Intensidade: ..................................................................... 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ................................................................. 61 8 Língua Brasileira de Sinais Língua Brasileira de Sinais 9 10 Língua Brasileira de Sinais Língua Brasileira de Sinais 11 APRESENTAÇÃO Oi, pessoal! Meu nome é Elielza Reis da Silva, fiz o magistério na Escola Carmela Dutra e ingressei nesta profissão em uma prática que pouquíssimos professores ousaram aceitar. Curiosos? Então vamos lá, sem mais delongas. Iniciei com alunos um tanto quanto diferentes, ou melhor, com uma língua diferente. Sim, trabalho com alunos surdos que usam LIBRAS! E é esta língua que iremos aprender! Não decifrei a sigla de propósito para deixá- los com água na boca! Sou formada em Letras pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR, fiz um curso adicional de 900 horas na área da surdez, no Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES (iremos conhecer a história desse instituto e sua importância na educação de surdos). Sou pós-graduada em Psicopedagogia, mas não desenvolvo nenhum trabalho nesta área. Sou apaixonada pela área da surdez. Faço o papel de intérprete em sala de aula em todas as disciplinas do ensino médio, exceto português, pois como sou formada na área, ministro Português como segunda língua em uma metodologia própria para surdos (vocês conhecerão tudo isso!). Há muito para desvendarmos neste mundo tão diferente e instigante dos surdos! Será um desafio para todos nós calarmos as nossas vozes, para darmos as nossas mãos uma “voz” que somente os surdos saberão ouvir! Mãos a obra! Elielza Reis da Silva 12 Língua Brasileira de Sinais Olá, pessoal! Sou Larissa Gotti Pissinatti, me formei em Filosofia e assim que terminei minha licenciatura fui chamada para lecionar em uma escola para surdos, intitulada Instituto Santa Teresinha na grande São Paulo. Nesta escola, fiquei mais de cinco anos, comecei como professora de surdos no Ensino Médio, depois fui coordenadora pedagógica adjunta nesta mesma escola. Comecei a atuar como intérprete em 2005 e no ano seguinte vim para Porto Velho onde fiz o exame de proficiência nacional (PROLIBRAS) em interpretação para o nível superior, fui aprovada e estou atuando na área até os dias atuais. Sempre fui apaixonada pela área da surdez. Agora fui convidada para contribuir na EAD e estou muito feliz em ajudá-los a entrar no “Mundo do Silêncio” e lhes mostrar que nele existe mais sons e belezas do que a gente imagina. Aprender LIBRAS é como entrar num outro mundo, fascinante!!!Vocês irão conferir isto e muito mais durante nosso módulo! Larissa Pissinatti Língua Brasileira de Sinais 13 APRESENTAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR Écom imensa satisfação que apresentaremos a disciplina Língua Brasileira deSinais - LIBRAS. Sabemos que se trata de uma disciplina nova e, por este motivo, iremos abordar e aprofundar, primeiramente, o conceito de surdez, tanto do ponto de vista clínico quanto seus aspectos culturais; as metodologias que permeiam a educação de surdos e os reflexos de cada uma delas na aprendizagem do aluno surdo no contexto inclusivo. Realizado este panorama do “mundo surdo”, partiremos para o desvendar da LIBRAS na unidade I. Na unidade II, conheceremos o alfabeto digital e a soletração rítmica. Munidos deste conhecimento e de sua prática, estabeleceremos a diferença que há entre ambos. Dando continuidade ao nosso aprendizado, adentraremos nos aspectos morfológicos da Língua Brasileira de Sinais, este aspecto é composto pelos parâmetros que se subdivide em configuração de mãos, ponto de articulação, movimento, direção e expressão facial/corporal. Nesta fase, vocês já estabelecerão certa intimidade com esta língua tão pragmática! Na unidade III, abordaremos a sintaxe da LIBRAS. Como se estrutura suas frases; seu aspecto verbal; advérbios; sujeito, enfim, tudo que compõe essa língua tão visual! Este processo inclui a analogia entre língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Sei que vocês estão fascinados e loucos para aprenderem e praticarem esta língua. Mãos a obra! (literalmente). 14 Língua Brasileira de Sinais MAPA CONCEITUAL Aspecto pontual, Continuativo ou durativo e iterativo; itens lexicais para tempo e marca de tempo; quantificação e intensidade. Configuração de mão, ponto de articulação, movimento, direção, expressão facial/corporal. Conceito e classificação do ponto de vista clínico. Diferenças entre alfabeto e soletração rítmica. Formação dos itens lexicais ou sinais a partir de morfemas; morfemas lexicais e morfemas gramaticais. Aspectos culturais da surdez; Metodologias da educação de surdos. UNIDADE II Alfabeto digital e soletração rítmica; parâmetros da LIBRAS UNIDADE I O que é Surdez? UNIDADE III Estrutura frasal da LIBRAS; categorias gramaticais da LIBRAS; aspecto verbal; advérbio de tempo e intensidade; adjetivo. Língua Brasileira de Sinais 15 METODOLOGIA DE TRABALHO Nossa disciplina está dividida em três unidades, subdivididas em tópicos, que abordam as diferentes visões a respeito da surdez, como também temas que configuram a gramática da LIBRAS. Nos quesitos que exigem uma visualização de como se faz em LIBRAS, sugerimos sites que vocês poderão consultar e no momento presencial esclareceremos todas as dúvidas referentes aos assuntos abordados. Nossa busca para esse aprendizado nos exigirá pesquisa e contato, na medida do possível, com os falantes desta língua. Se em sua cidade tiver uma comunidade surda, estabeleça contato para aprimorar sua prática. 16 Língua Brasileira de Sinais AVALIAÇÃO A Língua de Sinais é uma língua viso-espacial e não oral-auditiva como a Língua Portuguesa. A avaliação dessa língua exige tanto a teoria quanto a prática. Levaremos em consideração os questionamentos realizados nos fóruns, nos vídeos enviados e todo arsenal tecnológico disponível para desenvolvermos o nosso aprendizado. A prática da LIBRAS será realizada nos encontros presenciais, pois na avaliação prática da mesma consideraremos a compreensão e o desempenho. Lembre-se de procurar entrar em contato, na medida do possível, com os surdos de sua cidade para aprimorar o seu desempenho! Vamos colocar a mão na massa? Língua Brasileira de Sinais 17 UNIDADE I - O QUE É SER SURDO? “Querem que sejam como os ouvintes, quando são surdos; querem que falem uma língua oral, quando o seu principal canal não é o oral auditivo, mas o visual; querem que se desenvolvam intelectualmente, mas não lhe permitem desenvolver suas habilidades cognitivas naturais. Não lhes é permitido “ser diferente” porque o diferente incomoda, foge à regra, é mais difícil de ser manipulado” (BERNARDINO, 2000). 18 Língua Brasileira de Sinais Apresentação A Unidade I da nossa disciplina tem como foco principal estabelecer a diferença entre o enfoque clínico da surdez e a abordagem do ponto de vista pedagógico de quem é o surdo; sua cultura e as metodologias educacionais utilizadas em sua educação. Deste modo, os referidos temas estão em subunidades: a)- Subunidade I: Conceito e classificação do ponto de vista clínico; b)- Subunidade II: Aspectos culturais da surdez; metodologias da educação de surdos. A razão pela qual abordamos este tema em subunidades se fundamenta em nossa preocupação em deixar claro as diferenças que há nos dois pontos de vista. Ao compreendê-los, facilitará o entendimento do que é ser surdo em uma comunidade majoritariamente ouvinte. Vamos começar? Língua Brasileira de Sinais 19 UNIDADE I – SUBUNIDADE I Pensando a Condição do Sujeito Surdo Afinal quem são os surdos? São os “parias da sociedade” como denomina Bauman, ou seja, os não normais em que na época do colonialismo, considerados deficientes fora do padrão, eram jogados nos despenhadeiros por representarem uma não valia à sociedade que se formava? São os que possuem uma perda auditiva e que são usuários de LIBRAS como determina a Lei 10.436? Segundo pesquisas, a surdez pode ser classificada também em perda auditiva que geralmente abrange quatro categorias, que são estas: Surdez leve: é a perda de até quarenta decibéis, impedindo que o aluno perceba igualmente todos os fonemas da palavra, além disso, a voz fraca ou distante não é ouvida. Porém não impede a aquisição normal da linguagem, mas poderá ser a causa de algum problema articulatório ou dificuldade na leitura e/ou escrita. (BRASIL, 1998b, p. 54). Surdez moderada: é a perda entre quarenta e setenta decibéis. Esses limites se encontram no nível da percepção da palavra, sendo necessário uma voz de certa intensidade para que seja convenientemente percebida. É frequente o atraso de linguagem e as alterações articulatórias, havendo, em alguns casos, maior dificuldade de discriminação auditiva em ambientes ruidosos. Em geral, ele (o surdo) identifica as palavras mais significativas, tendo dificuldades em compreender certos termos de relação e/ou frases gramaticais complexas. Sua compreensão verbal está intimamente ligada à sua aptidão para a percepção visual (BRASIL, 1998b, p. 54). 20 Língua Brasileira de Sinais Surdez severa: é a perda entre setenta e noventa decibéis, permitindo que ele identifique alguns ruídos familiares e poderá perceber apenas a voz forte, podendo chegar até quatro ou cinco anos de idade sem aprender a falar. A compreensão verbal vai depender, em grande parte, de aptidão para utilizar a percepção visual e para observar o contexto das situações (BRASIL, 1998b, p. 54). Surdez profunda: é a perda superior a noventa decibéis. A gravidade dessa perda é tal, que o priva das informações auditivas necessárias para perceber e identificar a voz humana, impedindo-o de adquirir naturalmente a linguagem oral. As perturbações da função auditiva estão ligadas tanto à estrutura acústica, quanto à identificação simbólica da linguagem. Um bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas emissões começam a desaparecer à medida que não tem acesso à estimulação auditiva externa, fator de máxima importância para a aquisição da linguagem oral. Assim também, não adquire a fala como instrumento de comunicação, uma vez que, não o percebendo, não se interessa por ela, e não tendo ‘feedback’ auditivo, não possui modelo para dirigirsuas emissões. (BRASIL, 1998b, p. 54). É na surdez severa ou profunda que o uso da LIBRAS se faz imprescindível; desde a mais tenra idade, para que o desenvolvimento da fala ocorra sem prejuízos para a aprendizagem, ou seja, quanto mais cedo uma criança com perda severa ou profunda tiver o uso a LIBRAS maior chances de desenvolver-se com sucesso. Como diz Gládis, uma pesquisadora surda, doutora, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), “os surdos sobrevivem a uma forma de incerteza constante. Uma narrativa captada ao acaso nos corredores de uma um grupo que realmente investe na decisão de ser diferente”. É nesta tentativa de transformar o anormal em normal, o deficiente em diferente e desta forma reverter um jogo que o sistema instaurou, um jogo inventado, produzido para selecionar que os surdos se organizam como grupo e comunidade na conquista de seus direitos. Língua Brasileira de Sinais 21 A modernidade criou padrões de relação e com isso as relações de alteridade ficaram uniformizadas desconsiderando e descartando os sujeitos diferentes presentes nela. Porém, desde que a língua de sinais surgiu entre os surdos, eles, cada vez mais, têm se organizado como grupo cultural, buscando descobrir suas raízes, sua própria língua, sua maneira de ser e pensar o mundo e as pessoas. “Saídos dos esconderijos, das sepulturas, liberados para a cidadania do NÓS, estão em movimento.” Estes pontos em comum unem a comunidade surda e os tornam diferentes dos não-surdos. Fazendo com que busquem seu próprio espaço na política, na participação social e nos direitos e deveres. É assim que poderemos perceber que no decorrer da história, os cadeados e ciladas que usurparam as diferenças dessas comunidades foram tirados aqui e ali, no silêncio, sinal a sinal. Graças a este esforço que hoje muitos podem ser percebidos segundo Gládis, como “mártires destas jornadas pela diferença, poucos de nós conseguimos pular para dentro do veículo do progresso e com afinco trazer para as páginas de espaços acadêmicos novas posições, novos achados científicos longe daquelas palavras que sustentam a farsa sobre nós e que impõem a dita anormalidade” Esta disciplina quer ser uma etapa significativa de descobertas não só da LIBRAS, mas do sujeito surdo, como ele aprende, pensa, cria e desenvolve sua concepção de mundo; como ele apreende e compreende o que o cerca, a fim de que o nosso papel como educadores dentro da escola aconteça de forma efetiva, significativa e com qualidade, contribuindo na formação destes sujeitos para que se tornem verdadeiramente cidadãos e contribuam na formação de outros surdos e profissionais educadores. 22 Língua Brasileira de Sinais Ao final deste item deve-se saber: 1- Quem é a pessoa surda; 2- A importância da LIBRAS para o surdo; 3- O surdo como diferente e não somente deficiente e 4- Diferentes graus de surdez. História da Educação dos Surdos A história da surdez perpassou ao longo da mesma no viés da fatalidade, como se os surdos não fossem humanos. Na idade antiga, considerados malditos, foram privados da sua língua e de seus direitos. Naquela época, não era nem considerada língua, mas linguagem. Muitos filósofos concebiam a surdez de modo particular, dependendo da época. Na idade antiga, Heródoto, filósofo grego, já fazia referência à surdez, quando citou que, Crises tinha um filho, provavelmente surdo e fez uma correlação entre o fato dele ser “mudo” e sua inteligência, pois naquela época, pelo fato de não falar, o surdo era considerado débil. Outro filósofo da idade antiga que discorreu sobre a surdez foi Hipócrates. Ele teve uma visão médica da mesma e a considerou como deficiência e anomalia física. Essa teoria perdurou desde essa época até a idade moderna. Nesta época ainda não se considerava língua de sinais como meio de comunicação entre os surdos. Platão, discípulo de Sócrates, foi o primeiro a considerar o uso dos sinais, em um discurso contrário à visão clínica da época. Língua Brasileira de Sinais 23 Aristóteles relacionava a audição como o sentido intrínseco para o desenvolvimento da inteligência. Ele considerava que para a cidadania ser exercida se fazia necessário falar. Os surdos tiveram que conviver com experiências invasivas em nome da “cura” e da “normalidade”. Archigéne, médico sírio que vivia em Roma, quis suscitar a audição emitindo sons intensos e tocando trompete na orelha de seus pacientes. Tudo na tentativa de recuperar a audição. Juridicamente, na época, havia um jurista romano chamado Ulpien que colocava os surdos na categoria dos dementes e, pelo fato de não falarem, lhes eram tirado o direito de decidir questões morais e não recebiam herança da família. O jurista escreveu: “Um surdo, um demente, um mudo e paralelamente um pródigo a quem a lei tira o poder de gerir seus bens, não podem fazer um testamento: o mudo porque não pode falar para a designação formal do herdeiro; o surdo porque não pode escutar as palavras do comprador herdeiro” 24 Língua Brasileira de Sinais Santo Agostinho encantou-se com uma experiência que teve com uma surda em Milan, que com ajuda de sinais compreendia e fazia-se compreender pelos demais. O mesmo citou o encantamento que lhe causava pela maneira com a qual os surdos se comunicavam: Jamais vi, como pessoas realizavam uma espécie de conversa através de gestos com os surdos e como aqueles, por meio de seus gestos, interrogavam ou respondiam, explicando ou indicando tudo o que eles quisessem, ou ao menos a maior parte. Assim, eles descreviam sem palavras não somente as coisas visíveis, mas também os sons, os gostos e outras coisas do gênero”. Língua Brasileira de Sinais 25 A LINGUA DE SINAIS NA IDADE MODERNA François Rabelais (1493-1553) defendia em seus escritos a língua de sinais como língua materna dos surdos, contraditoriamente foi o primeiro a defender o oralismo. PONCE DE LÉON (1520-1584) Monge beneditino, nascido em San Salvador, Omã, Espanha. Foi o primeiro professor de surdo cujo trabalho serviu de base a outros na Educação. Provou através da educação de filhos surdos de nobres, que estes eram educáveis e ao contrário do que pensava Aristóteles, a dificuldade de aprendizagem não estava associada a lesões cerebrais, que dizia possuir os surdos. RODRIGUES PEREIRA (1715-1780) Fluente em língua dos sinais (LS), porém usada como recurso. Percebe a existência da configuração de mão, mas não registra nada. Seu pensamento em relação à pessoa surda era que através da fala o surdo poderia ser “trazido para a família humana”. Foi o criador do alfabeto manual. ABBÉ L’EPÉE (1712- 1789) Michel de L’Epée começa a ensinar aos surdos e reconhece a Língua de Sinais como a base da comunicação entre eles, e assim, a efetivação da comunicação entre surdos e ouvintes. Lucina cita um trecho do livro de L’Epée, intitulado: “L’ Instituition dês Sourds Muets par la voie dês Signes Méthodics”, 1776, part 1, cap. IV, p. 36 26 Língua Brasileira de Sinais “Todo surdo-mudo enviado a nós já tem uma linguagem. Ele tem o hábito de usá-la e compreende os outros, que fazem com ela expressar suas necessidades, desejos, dúvidas, dores, etc. e não erra quando os outros se expressam da mesma forma”. Ele teve a humildade de aprender a língua dos sinais (LS) com os surdos e através disto colocou-os na categoria humana. Criou o INS em Paris e criticou o uso isolado do alfabeto manual e de que a língua de sinais expressava somente ideias concretas. Fazia demonstrações públicas a filósofos, a educadores e a nobreza da eficácia do aprendizado a partir da língua dos sinais (LS). Em uma de suas demonstrações perguntouao surdo: L’Epée foi um dos primeiros a reconhecer e assumir publicamente a importância da língua dos sinais (LS) para a comunidade surda. JEAN MARC ITARD Médico cirurgião, Jean seguiu o pensamento do filósofo Condillac, cujas sensações eram a base do conhecimento humano e reconhecia a experiência externa como fonte de conhecimento. Desta forma, a diferença passou a ser vista como doença e deficiência e o surdo começou a ser ainda mais primitivo do ponto de vista emocional e intelectual. Realizou várias experiências com surdos para restituir a audição, por exemplo: choques, dissecou cadáveres, colocava sanguessugas, furou a membrana timpânica (um aluno morreu), aplicou sonda, dando origem a Sonda O que é intenção? As respostas eram dadas por escrito pelos alunos. Língua Brasileira de Sinais 27 d’Itard, fraturou crânios e infeccionou pontos atrás das orelhas, tudo na tentativa de devolver a audição, nada poderia ser feito a ouvidos mortos, já que a audição inexistia para estas pessoas. Nunca aprendeu a língua dos sinais (LS) e discutia com Massieu por escrito: Itard: A surdez é uma doença, você não a escolheria, apesar de poder viver com ela. Massieu: A pobreza é uma doença pela mesma lógica, de fato você poderia viver bem sem o som, da mesma forma como sem recursos, apenas se a sociedade não visse nenhuma desgraça ou ameaça nisto, apenas se ela desse acesso à educação às crianças surdas e às pobres e desta forma para serem o que podem ser. Itard: mas a surdez se coloca no caminho da educação e admissão na sociedade. Massieu: A não utlização dos Sinais foi o obstáculo à educação e sempre existiu uma sociedade surda. (LANE apud MOURA, 2000, p.26). THOMAS GAULLAUDET E LAURENT CLERC ( 1787- 1851) Gaullaudet foi para Inglaterra aprender com Braiwood, mas por conta de interesse econômico não ensinou Gaullaudet, então partiu para França em 1816 no INS de Paris e foi instruído por Laurent Clerc, surdo educador no Instituto, após, retornou junto com Clerc aos EUA onde fundou a 1ª escola pra surdos em Hartford. 28 Língua Brasileira de Sinais ALEXANDRE G. BELL Trabalhou com surdos na Escócia, mudou-se para os EUA em 1871, sempre visando a oralização. Formado em Filosofia, acreditava na mudança que a ciência provocaria na sociedade. Para ele, surdez era defeito e se usasse a Língua dos Sinais (LS) o surdo não seria capaz de interagir na sociedade (até hoje este argumento é usado pelos defensores do oralismo), a formação de identidades deficientes ficou forte. Ele se opunha às ideias de Gaullaudet e Laurent Clerc. LINGUA DE SINAIS (LS) NA IDADE CONTEMPORÂNEA ORALISMO - CONGRESSO DE MILÃO – 1880 Foi um acontecimento histórico, importante na defesa do oralismo e da visão clínica em relação à surdez. Augusto Zucchi (presidente da escola Real da Itália), retomou à época a filosofia aristotélica cuja palavra era expressão da alma e dádiva divina. Gaullaudet estava presente no Congresso, defendeu os sistemas combinados e os surdos que usavam sinais, mas não foi escutado. O Congresso determinou a seguinte resolução: 1- Dada a superioridade da fala sobre os sinais, o método de articulações deve ter preferência sobre os sinais. 2- O método oral puro deve ser proferido porque o uso simultâneo de sinais e fala tem a desvantagem de prejudicar a fala, a leitura orofacial e a precisão de ideias. Língua Brasileira de Sinais 29 A partir deste acontecimento ficou o estigma da deficiência nas pessoas surdas, a diferença evidente neles foi classificada como anormalidade. Iniciou, desta forma, a época do oralismo, metodologia que objetivava tornar o surdo igual negando sua diferença. BIMODALISMO OU COMUNICAÇÃO TOTAL Caracterizava-se pelo uso simultâneo de sinais e língua oral, desconsiderando a gramática da língua de sinais e os aspectos culturais da comunidade surda, não levando em conta a diferença da identidade surda e a do ouvinte. BILINGUISMO Caracteriza-se como um movimento multicultural das minorias sociais tais como: surdos, cegos, negros e índios. O bilinguismo considera e respeita a língua de sinais com uma gramática que tem uma estrutura própria; outras línguas que não sejam sinalizadas são consideradas como 2ª língua, o aspecto cultural e de identidade surda são respeitados. Sugerimos que você consulte o site: < www.editora-arara-azul.com.br > entre em Estudos Surdos I e leia o artigo: Educação de Surdos: uma releitura da primeira escola pública em Paris e o Congresso de Milão em 1880. Vilmar Silva. Leia, compare e poste na Biblioteca do Aluno sua conclusão a respeito do assunto. 30 Língua Brasileira de Sinais ASPECTOS HISTÓRICOS NO BRASIL O Brasil igualmente aos demais países aderiu à resolução do Congresso de Milão e adotou o oralismo como metodologia para educar os surdos neste país. Em suas leis, adotou medidas que desconsiderava completamente o surdo como responsável por si mesmo, reforçando a teoria vigente da época: Artigo 451 - “Pronunciada a interdição do Surdo-mudo, o juiz assinará, segundo o desenvolvimento mental do interdito, os limites da curatela (Oliveira, 1989, p. 85). No Brasil, a primeira escola para surdos surgiu no Rio de Janeiro no ano de 1856, no governo de D. Pedro II e foi fundada por Hernest Huet e denominou-se Instituto de Educação de Surdos Mudos (INES). Nesta época, a metodologia que se utilizava com os surdos era o Oralismo, metodologia esta já utilizada em toda Europa e definida pelo Congresso de Milão em 1880 como a mais adequada para a escolarização dos surdos. Esta escola atendia apenas os meninos e era em regime de internato. Foi então que em 1929 surge o Instituto Santa Teresinha (IST) em São Paulo, capital, que começou a atender as surdas do estado e de outras regiões do país. Esta escola também fez uso do Oralismo por muitos anos para educar as surdas. Lei n° 3.071 01/01/1916 Artigo 5° - São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: Menores de 16 anos Loucos de todos os gêneros Surdos-mudos, que não puderam exprimir sua vontade IV- Os ausentes, declarados tais por ato do juiz (Oliveira, 1989, p.9) Língua Brasileira de Sinais 31 Ao longo dos anos as Associações e Federação de surdos, principalmente a FENEIS (Federação de Educação e Integração da Pessoa Surda) lutou pelo reconhecimento da LIBRAS nas escolas de surdos e também pela sociedade. No Brasil a primeira filial da FENEIS foi fundada em 1977 por ouvintes da área da surdez, que desejavam dar um suporte na educação dos surdos e chamava-se FENEIDA (Federação Nacional de Educação e Integração dos Deficientes Auditivos), mas nesta época os surdos não tinham uma participação efetiva na Federação e as especificidades desta comunidade, de sua língua e cultura eram esquecidas por falta de experiência e conhecimento de quem estava à frente. Somente em 1987, com a realização de uma Assembleia Geral, o nome foi modificado para FENEIS e houve uma descentralização proporcionando a abertura de vários escritórios pelo país, hoje são 11 filiais e também houve a reestruturação do estatuto e da diretoria abrindo espaço para a participação dos surdos. A FENEIS é uma organização filiada à Federação Mundial dos Surdos (WFD) que tem sua sede na Finlândia e tem como objetivo garantir os direitos culturais, sociais e linguísticos do surdo no mundo. Representa junto a outras organizações mundiais como ONU (Organização das Nações Unidas), UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a OIT (Organização Internacionaldo Trabalho) e a CONADE (Conselho Nacional de Direitos da Pessoa com Deficiência) um espaço para assegurar os direitos e fomentar a cultura e jeito de ser dessa comunidade. Em 2002, o Presidente da República sancionou uma lei que reconhecia a LIBRAS como língua oficial da comunidade surda no Brasil, foi a lei 10.436. 32 Língua Brasileira de Sinais Art. 1º - É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – Libras e outros recursos de expressão a ela associados. Parágrafo único - Entende-se como Língua Brasileira de Sinais – Libras a forma de comunicação e expressão, em que o sistema lingüístico de natureza visual - motora, com estrutura gramatical própria, constitui sistema lingüistico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil . Art5º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 24 de Abril de 2002; 181º da independência 114º da República. Fernando Henrique Cardoso Paulo Renato de Souza Esta lei veio contribuir muito para a inserção cada vez maior da LIBRAS nas escolas de surdos. O interesse por cursos de LIBRAS cresceu, os surdos foram ganhando espaço profissional na sociedade, e os profissionais da educação foram percebendo que a LIBRAS não deveria ser a língua recurso, mas a língua de instrução na educação dos surdos. Em 2005, o decreto de lei 5.626 reconhece a importância do conhecimento da LIBRAS nos cursos de graduação de Pedagogia, Fonoaudiologia e Letras, assim como a importância da formação dos profissionais que atuarão como intérpretes e instrutores de LIBRAS. Língua Brasileira de Sinais 33 Ao final deste item o aluno deverá saber: 1- A visão clínica e antropológica da surdez ocorridas no decorrer da história; 2- As metodologias utilizadas na educação dos surdos; 3- A importância da LIBRAS; 4- As primeiras escolas no Brasil e 5- As leis que asseguram o surdo no uso da LIBRAS no Brasil. 34 Língua Brasileira de Sinais UNIDADE I - SUBUNIDADE II Cultura e Identidade Surda Para entendermos a cultura e identidade surda é importante que compreendamos o que significa cultura e como ela contribui na formação da identidade. A palavra cultura que hoje entendemos vem do conceito grego de Paidéia, ou seja, conjunto de valores, religião, artes, língua que constituem o povo. Para o homem grego tudo o que formava uma sociedade e a constituía como grupo, como nação era chamada Paidéia. Mas na modernidade a cultura foi estereotipada e a ciência fragmentada e com isso das ideias, a cultura transformou-se em alta cultura x baixa cultura, ou seja, que detém maior conhecimento é possuidor de uma alta cultura e quem detém menos possui uma baixa cultura. A modernidade baseou-se em três posicionamentos de sujeito que irá influenciar direta ou indiretamente a constituição da identidade do homem e da mulher de hoje. A primeira concepção vem do empirismo onde o objeto deveria ser determinado com precisão para ser reconhecido, do contrário não existiria. A segunda concepção vem do idealismo onde o indivíduo é o foco, e a terceira concepção vem do interacionismo que possui as características de ambas concepções anteriores e dará origem ao sujeito do iluminismo onde o ser está centrado na consciência/razão. Percebendo a construção e a evolução da ideia de sujeito no decorrer da história é possível também delinearmos um perfil de identidade que foi se constituindo. A cultura nos ajuda a categorizar as pessoas, é a forma como as pessoas fazem o sentido do mundo, dos conceitos, dos valores; é a forma como representam suas diferenças determinando suas relações de alteridade, Língua Brasileira de Sinais 35 suas práticas sócias, unificando suas identidades e construindo a subjetividade; desta forma criam estratégias comuns e um padrão moral de comportamento. Por isso não é possível dizer que “é coisa de surdo”, pois para o surdo o que tem significado para a constituição de sua existência tem sua dimensão cultural, política, pois a cultura é parte constitutiva da política que impõe limites culturais. Segundo Wilcox “os valores culturais são algo compartilhado; os membros precisam aprender, aceitar e compartilhar os valores do grupo antes que eles possam ser considerados como parte dessa cultura. O mesmo ocorre com a cultura surda” ( Wilcox, 2005, p.78). Sabemos que os surdos possuem características linguísticas, cognitivas, culturais e comunitárias específicas. Será na comunidade surda (onde a cultura específica desta comunidade se manifesta) que as forças subjetivas irão atuar e que por meio da linguagem expressarão juízos de valor, construirão arte, gerarão as motivações quanto à forma de ser deste grupo. Desta forma: “ cultura é o campo de produção de significados no qual os diferentes grupos sociais, situados em posições diferenciadas de poder, lutam pela imposição de seus significados. Cultura é onde se define não só a forma em que o mundo deve ter, mas também a forma como as pessoas e os grupos devem ser” (Silva apud Sá, 2006, p.134). Segundo Chlarlotte Baker e Dennis Kokely existem quatro fatores fundamentais que definem os membros da comunidade surda. 36 Língua Brasileira de Sinais Para fazer parte da comunidade surda é preciso estar dentro de uma destas características, audiológica, política, linguística ou social, lembrando que não é necessário que façamos parte de todas, apenas de uma delas. Para entendermos melhor é interessante que leiamos o trecho abaixo que pode ser encontrado no livro de Wilcox “ Aprender a ver” é um trecho da peça representada em 1973, pelo Teatro Nacional do Surdo, intitulada, “ MEU TERCEIRO OLHO”. Nele uma parte dos atores representa um grupo de saltimbancos que parece entrar numa terra estranha, a terra dos ouvintes. Várias pessoas estão no palco e ao lado uma jaula com pessoas ouvintes dentro. A mestra de cerimônias dá um passo à frente. Língua Brasileira de Sinais 37 MEU TERCEIRO OLHO MC- Eis o espetáculo! Olhem para vocês mesmos! O formato do corpo é o mesmo. Os membros são os mesmos. O comportamento - ah...diferente! Você e eu usamos nossos olhos. (Os outros atores demonstram vários usos dos olhos para comunicação) MC- Os olhos desta mulher são vazios, fracos. Você e eu usamos nossas faces. (Novamente, os atores demonstram vários usos de suas faces para a comunicação) MC- A dela é congelada, exceto a boca. Vocês perceberão que as bocas continuam a se mover no decorrer da apresentação. MC- Deixem os atores mostrar a vocês o que nós vimos. ( Uma mulher é vista falando no telefone. Embora nós possamos ver sua boca se movendo não conseguimos ouvir sua voz.) MC- Vê o que acontece, não posso pará-la. ( Os atores aparecem, um a um, e tentam chamar a atenção dela, falando com ela e balançando seu braço. De repente, um homem forte a agarra, virando-a totalmente de cabeça para baixo; não incomodada, ela continua falando no telefone.) MC- Nesse mundo, nós vimos que, por não usarem suas mãos, eles têm também medo 38 Língua Brasileira de Sinais Vamos fazer um exercício para tentar perceber as diferenças, nesta cena, entre os surdos e os ouvintes. Quais as características de um e de outro? O que chama sua atenção nesta cena? Discuta com seus colegas no Chat. Ainda aprofundando sobre cultura e identidade surda, Gládis nos apresenta seis tipos de identidade surda. Características estas que se formam de acordo com a vivência familiar, o acesso à comunidade surda, a maneira do próprio surdo em reconhecer sua condição. São elas: 1- Identidade POLÍTICA - está presente em surdos que possuem uma vivência de participação na comunidade surda, lutando por seus direitos. a- Experiênciavisual determina as formas de comportamento. b- Usam a LIBRAS. c- Aceitam-se como surdos e comportam-se como tal. d- Querem a presença do intérprete para intermediar a comunicação. e- Assumem posição de resistência. f- Buscam delinear sua identidade. g- Tem dificuldade de entender a língua falada. h- Estrutura escrita obedece a LIBRAS. i- Participa de associações e federações. j- Usam tecnologias diferenciadas. k- Relaciona-se de forma diferente inclusive com os animais. Língua Brasileira de Sinais 39 2- Identidade surda HÍBRIDA - surdos que nasceram ouvintes e depois perderam a audição. a- Dependendo da idade da perda conhecem bem o português. b- Fazem uso da oralização. c- Usam as duas línguas para captar as mensagens. d- Usam tecnologias diferenciadas. e- Assimilam um pouco mais que os outros surdos. f- A escrita obedece o sinal e pode igualar-se ao português com reservas. g- Participam das associações e federações. h- Aceitam-se como surdos. i- Têm forma diferenciada de relação inclusive com os animais. 3- Identidade surda FLUTUANTE - são surdos que não têm contato com a comunidade surda. a- Seguem costumes ouvintes. b- Dependem do mundo ouvinte e colocam-se acima dos surdos. c- Não participam das associações. d- Rejeitam a LIBRAS e o intérprete. e- Orgulho de saber falar corretamente. f- Resistência no uso da Língua de Sinais. g- Não se identificam como surdos, mas sentem-se inferiores aos ouvintes. h- São vítimas de preconceitos e da ideologia oralista. i- Quer ouçam ou não persistem em usar aparelho e não usam tecnologias de surdos. 4- Identidades surdas EMBAÇADAS - outra representação que encontramos em pessoas que desconhecem a surdez como questão cultural. 40 Língua Brasileira de Sinais a- Não compreendem a fala ou sua própria identidade. b- Não sabem LIBRAS. c- São vistos como incapacitados. d- Ouvintes determinam sua forma de comportar-se e de aprendizagem. e- Alguns são aprisionados nas famílias. f- Não têm autonomia. g- As famílias são desinformadas sobre surdez. h- Vêem os surdos como deficientes ou retardados mentais. 5- Identidades surdas de DIÁSPORA - estão presentes em surdos que viajam muito ou de um grupo de surdo para outro. 6- Identidades INTERMEDIÀRIAS - são surdos onde a mensagem não entra totalmente pelo visual. a- Apresentam perda auditiva. b- Vida de ouvinte. c- Usam aparelho de audição. d- Treinam a fala. e- Buscam amplificação do som. f- Não são a favor dos intérpretes. g- Consideram os surdos menos dotados e não entendem a necessidade da LIBRAS. h- Oscilam entre o mundo surdo e ouvinte e por isso possuem dificuldade de encontrar-se enquanto identidade. Estas diferenças precisam ser respeitadas, um surdo pode durante a sua vida oscilar entre essas identidades por conta de sua condição familiar, vivência e aprendizagem, acesso à Língua de Sinais ou não. Enfim, vários Língua Brasileira de Sinais 41 fatores que deverão conduzi-lo também a um padrão de comportamento e ao engajamento na comunidade surda ou à sua rejeição. Ao final deste item o aluno deverá: 1- Conhecer as identidades surdas; 2- Perceber o que caracteriza a cultura surda e 3- Conhecer o que é uma comunidade surda e as características que formam os tipos de identidade dessa comunidade. Esperamos que você tenha conseguido uma compreensão satisfatória sobre a identidade e a cultura surda, e após refletir sobre as questões acima, sugerimos um Fórum para troca de informações sobre o que você entendeu desse universo. 42 Língua Brasileira de Sinais Língua Brasileira de Sinais 43 UNIDADE II – SUBUNIDADE I A Diferença entre Alfabeto Manual e Soletração Rítmica As línguas de sinais têm características próprias e por isso existem sistemas de convenções para escrevê-las, mas como geralmente exigem um período de estudo para serem aprendidos, utilizaremos em nosso estudo um “Sistema de notação de palavras”. Este sistema, que vem sendo adotado por pesquisadores de línguas de sinais em outros países e aqui no Brasil, tem este nome porque as palavras de uma língua oral-auditiva são utilizadas para representar aproximadamente os sinais. Assim, em nosso estudo, a LIBRAS será representada a partir das seguintes convenções: 1- Os sinais da LIBRAS, para efeito de simplificação,serão representados por itens lexicais da Língua Portuguesa (LP): letras maiúsculas. Exemplos: CASA, ESTUDAR, CRIANÇA. 2- Um sinal que é traduzido por duas ou mais palavras em língua portuguesa, será representado pelas palavras correspondentes separadas por hífen. Exemplos: CORTAR-COM-FACA “cortar”, QUERER-NÃO “não querer”, MEIO-DIA “meio-dia”, AINDA-NÃO “ainda não”. 44 Língua Brasileira de Sinais 3- Um sinal composto, formado por dois ou mais sinais, que será representado por duas ou mais palavras, mas com a ideia de uma única coisa, serão separados pelo símbolo ^ . 4- A datilologia (alfabeto manual), que é usada para expressar nome de pessoas, de localidades e outras palavras que não possuem um sinal, está representada pela palavra separada letra por letra, através do hífen. Exemplos: J-O-Ã-O, A-N-E-S-T-E-S-I-A; 5- O sinal soletrado, ou seja, uma palavra da língua portuguesa que, por empréstimo, passou a pertencer à LIBRAS por ser expressa pelo alfabeto com uma incorporação de movimento próprio desta língua, está sendo representado pela soletração. Ou parte da soletração do sinal em itálico. Exemplos: R-S “reais”, A-C-H-O, N-U-N-C-A, C-H-O-P-P; 6- Na LIBRAS não há desinências para gênero (masculino e feminino). O sinal, representado por palavra da língua portuguesa que possui marca de gênero, está terminado com o símbolo @ para reforçar a ideia de ausência e não haver confusão. Exemplos: AMIG@ ” amigo ou amiga”, FRI@ “frio ou fria”, MUIT@ “muito ou muita”, TOD@ “toda ou todo”, El@ ”ela ou ele”, ME@ “minha ou meu”; 7- Os traços não-manuais: as expressões facial e corporal, que são feitas simultaneamente com um sinal, estão representadas acima do sinal ao qual está acrescentando alguma ideia, que pode ser em relação ao: Tipo de frase: interrogativa (i), negativa (neg). Para simplificação, serão utilizados, para a representação de frases nas formas exclamativas e interrogativas, os sinais de pontuação utilizados na escrita das línguas orais-auditivas, ou seja: !, ? e ?! Língua Brasileira de Sinais 45 8- As pessoas gramaticais estão representadas pelo numeral e letra correspondente: Exemplos: 1s, 2s, 3s = 1ª, 2ª, 3ª pessoas do singular; 1d, 2d , 3d = 1a, 2a, 3a pessoas do dual; 1p, 2p, 3p = 1ª, 2ª, 3ª pessoas do plural; Exemplos: 1s DAR 2s ”eu dou para você” 9- Na LIBRAS não há desinência que indique plural. Às vezes há uma marca de plural pela repetição do sinal ou alongamento do movimento. Esta marca será representada por uma cruz no lado direito acima do sinal que está sendo repetido: Estas convenções foram utilizadas para poder representar, linearmente, uma língua viso-espacial, que é tridimensional. 46 Língua Brasileira de Sinais UNIDADE II - SUBUNIDADE II Configuração de mão Ponto de articulação Movimento Orientação Língua Brasileira de Sinais 47 Configuração da mão (CM): é a forma que a mão assume durante a realização de um sinal. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na LIBRAS existem 43 configurações das mãos (Quadro I), sendo que o alfabeto manual utiliza apenas 26 destas para representar as letras. Exemplo.: CM [S] Ponto de articulação (PA): é o lugar do corpo onde será realizado o sinal. Exemplo: 48 Língua Brasileira de Sinais Movimento (M): é o deslocamentoda mão no espaço durante a realização do sinal. Exemplo: Orientação/direcionalidade: os sinais têm uma direcionalidade com relação aos parâmetros acima. Assim, os verbos IR e VIR se opõem em relação à direcionalidade, como os verbos SUBIR e DESCER, ACENDER e APAGAR, ABRIR-PORTA e FECHAR-PORTA. Exemplo: Língua Brasileira de Sinais 49 Expressão facial e/ou corporal: muitos sinais, além dos quatro parâmetros mencionados acima, em sua configuração, têm como traço diferenciador também a expressão facial e/ou corporal, como os sinais ALEGRE e TRISTE. Há sinais feitos somente com a bochecha, como LADRÃO, ATO-SEXUAL; sinais feitos com a mão e expressão facial, como o sinal BALA, e há ainda outros sinais. Fonte: LIBRAS em contexto (FENEIS) 50 Língua Brasileira de Sinais Língua Brasileira de Sinais 51 UNIDADE III – SUBUNIDADE I Estrutura Frasal e Categorias Gramaticais da LIBRAS A LIBRAS é dotada de uma gramática constituída a partir de elementos constitutivos das palavras ou itens lexicais e de um léxico (o conjunto das palavras da língua), que se estruturam a partir de mecanismos morfológicos, sintáticos e semânticos que apresentam especificidade, mas seguem também princípios básicos gerais. Estes são usados na geração de estruturas linguísticas de forma produtiva, possibilitando a produção de um número finito de regras. É dotada também de componentes pragmáticos convencionais, pragmáticos que permitem a geração de implícitos sentidos metafóricos, ironias e outros significados não literais. Estes princípios regem também o uso adequado das estruturas linguísticas da LIBRAS, isto é, permitem aos seus usuários usar estruturas nos diferentes contextos que se lhes apresentam, de forma a corresponder as diversas funções linguísticas que emergem da interação do dia a dia e dos outros tipos de uso da língua.1 FORMAÇÃO DE ITENS LEXICAIS OU SINAIS A PARTIR DE MORFEMAS MORFEMAS LEXICAIS E MORFEMAS GRAMATICAIS: Em português, as palavras são constituídas por morfemas que têm sua origem no morfema lexical, como por exemplo: bala, possível. Podemos passar a palavra bala para o plural acrescentando o s, desta forma teremos o morfema 1 Definição copilada do livro: Programa de Capacitação de Recursos Humanos do Ensino Fundamental- Língua Brasileira de Sinais – Volume III, organizado por Lucinda Ferreira Brito. 52 Língua Brasileira de Sinais gramatical, assim como podemos acrescentar o prefixo im na palavra possível e teremos um morfema gramatical de negação. Em LIBRAS, nem sempre os morfemas que formam as palavras são equivalentes aos do português. Os morfemas da LIBRAS podem ser ilustrados da seguinte maneira: SENTAR - movimento repetido. BONITO - expressão facial ~~ (marca de grau aumentativo). POSSÍVEL - movimento inverso das mãos (negação): IMPOSSÍVEL PODER/POSSÍVEL NÃO-PODE IMPOSSÍVEL Língua Brasileira de Sinais 53 UNIDADE III – SUBUNIDADE II Aspecto Verbal da LIBRAS A LIBRAS, assim como várias línguas orais e de sinais, modula o movimento dos sinais para distinguir entre os aspectos pontual, continuativo ou durativo e iterativo. O aspecto pontual se caracteriza por se referir a uma ação ou evento ocorrido e terminado em algum ponto bem definido no passado. Em português, quando dizemos “ele falou na televisão ontem”, sabemos que a ação de falar se deu no passado, em um período de tempo determinado, “ontem”. Em LIBRAS, temos um sinal FALAR para um contexto linguístico similar. Por exemplo, ELE FALAR VOCÊ ONTEM (=ele falou com você ontem). Entretanto, temos também o sinal FALAR-SEM-PARAR que se refere a uma ação que tem uma continuidade no tempo como no exemplo ELE FALAR-SEM-PARAR AULA (=ele falou sem parar durante a aula). Vejam estes dois sinais: O mesmo ocorre com o verbo OLHAR, que pode sofrer alteração em um ou mais de seus parâmetros e, então, denotar aspecto durativo. Os sinais ilustrados abaixo poderiam aparecer em contextos linguísticos como os que se seguem: 54 Língua Brasileira de Sinais OLHAR ( Aspecto pontual) OLHAR (Aspecto durativo) O verbo VIAJAR com valor de aspecto pontual, abaixo, poderia ser utilizado em sentenças como PAULO VIAJAR BRASÍLIA ONTEM, enquanto que o sinal verbal com valor iterativo apareceria em sentenças do tipo PAULO VIAJAR- MUITAS-VEZES. O aspecto iterativo refere-se à ação ou o evento que se dá repetidas vezes. Vejamos os sinais abaixo: Língua Brasileira de Sinais 55 Esse tipo de afixação que encontramos na LIBRAS, através da alteração do movimento, da configuração de mão e/ou do ponto de articulação do verbo, que seria considerado raiz ou radical, não é encontrado em português. Itens Lexicais para Tempo e Marca de Tempo A LIBRAS não tem em suas formas verbais a marca de tempo como o português. Como vimos, essas formas podem se modular para aspecto. Algumas delas também se flexionam para número e pessoa. Dessa forma, quando o verbo refere-se a um tempo passado, futuro ou presente, o que vai marcar o tempo da ação ou do evento serão itens lexicais ou sinais adverbiais como ONTEM, AMANHÃ, HOJE, SEMANA-PASSADA, SEMANA-QUE-VEM. Com isso, não há risco de ambiguidade porque se sabe que se o que está sendo narrado iniciou-se com uma marca no passado, enquanto não aparecer outro item ou sinal para marcar outro tempo, tudo será interpretado como tendo ocorrido no passado. Os sinais que veiculam conceito temporal, em geral, vêm seguidos de uma marca de passado, futuro ou presente da seguinte forma: Movimento para trás, para o passado; Movimento para frente, para o futuro; e Movimento no plano do corpo, para presente. Alguns desses sinais, entretanto, incorporam essa marca de tempo não requerendo, pois, uma marca isolada como é o caso dos sinais ONTEM e ANTEONTEM ilustrados a seguir: 56 Língua Brasileira de Sinais Outros sinais, como ANO, requerem o acompanhamento de um sinal de futuro ou de presente, mas quando se trata de passado, ele sofre uma alteração na direção do movimento de para frente para trás e, por si só já significa ‘ano passado’. Os sinais de ANO e ANO-PASSADO podem ser observados nas ilustrações que se seguem: Quantificação e Intensidade: A quantificação é obtida em LIBRAS através do uso de quantificadores como MUITO, mas incorporar a quantificação, prescinde pois, o uso desse tipo de palavras. Assim, podemos observar nos exemplos com o verbo OLHAR, acima ilustrado, que o olhar pontual é realizado com apenas um dedo estendido enquanto que os outros dois sinais são realizados com as mãos abertas, ou seja, com os dedos estendidos. Dessa forma, esse tipo de alteração do parâmentro Configuração de Mão iconicamente representa uma maior intensidade na ação (FICAR-OLHANDO-LONGAMENTE) ou um maior número de referentes sujeitos (TODOS-FICAR-OLHANDO). Essa mudança de configuração de mãos, aumentando-se o número de dedos estendidos para significar uma quantidade maior pode ser ilustrada pelos sinais UMA-VEZ, DUAS-VEZES, TRÊS-VEZES: Língua Brasileira de Sinais 57 Às vezes, alongando-se o movimento dos sinais e imprimindo-se a ele um ritmo mais acelerado, obtem-se uma maior intensidade ou quantidade. Isto é o que ocorre com os sinais FALAR e FALAR-SEM-PARAR, exemplificados acima, e com os sinais LONGE e MUITO-LONGE, ilustrados abaixo: Como se pode observar, os mecanismos espaciais utilizados pela LIBRAS para obter significados e efeitos de sentido distinguem-se daqueles utilizados pela Língua Portuguesa. Nesta, as formas ou marcas são muito mais arbitrárias e se apresentam em forma de segmentos sequencialmenteacrescentados ao item ou palavra modificada. Em LIBRAS, ocorre com muita frequência uma mudança interna, isto é, uma alteração no interior da própria palavra. 58 Língua Brasileira de Sinais Para o aprendizado da LIBRAS se concretizar de maneira efetiva, se faz necessário o contato com um surdo adulto usuário de LIBRAS e o exercício constante desta língua. Em nossos encontros presenciais teremos oportunidade de esclarecer e praticar o que aprendemos nesta unidade. Sugerimos para uma leitura complementar os livros: SACKS, O. Vendo Vozes. Rio de Janeiro: Imago, 1990. Este livro aborda toda a história do Surdo e a criação da única Universidade do mundo para Surdos. SOUZA, R. M. Que Palavra que te falta? São Paulo: Editora Martins Fontes. 1998. Esta obra é escrita em tom poético e faz uma relação improvável entre Backtin e Focault e questiona o que falta a nós ou aos surdos para aceitarmos as diferenças. Será interessante você assistir ao filme Os Filhos do Silêncio, que mostra com clareza o mundo do surdo com todas as suas dificuldades em pertencer e compreender o nosso mundo tão sonoro e cheio de palavras que muitas vezes não dizem nada, bastando apenas um SINAL. Língua Brasileira de Sinais 59 A internet é o melhor recurso para você exercitar a LIBRAS, pois, por ser visual e ter em sua gramática movimento, no vídeo, você poderá experimentar e praticar o que leu quando abordamos a gramática de LIBRAS. Entre no site: www.libras.com.br Para lições de LIBRAS: www.youtube.com.br; lição de libras; frases; diálogos. Para conhecer a cultura surda: www.surdosol.com.br Enfim, mais uma etapa vencida! Até nosso próximo encontro! 60 Língua Brasileira de Sinais Língua Brasileira de Sinais 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BERNARDINO, E. L. Absurdo ou lógica?: a produção linguística do surdo. Belo Horizonte: Editora Profetizando Vida, 2000. BRASIL. Secretaria de Educação Especial. Língua Brasileira de Sinais. Brasília:SEESP, 1998. FOURGONT, F. Historia da pedagogia dos surdos: Curso de Preparação para Professores do Instituto Nacional de Surdos de Paris. 1957. MOURA, M. C. de , O surdo: caminhos para uma nova identidade, Rio de Janeiro: Ed. Revinter, 2000. REALI, G. História da filosofia. São Paulo: Ed. Paulus, 1990. v. 3 SÀ, N. R. L. de. Cultura, poder e educação dos surdos. São Paulo: Paulinas, 2006. SACKS, O. Vendo Vozes. Rio de Janeiro: Imago, 1990. SOUZA, R. M. Que Palavra que te falta? São Paulo: Editora Martins Fontes. 1998. 62 Língua Brasileira de Sinais WILCOX, S.; WILCOX, P. Aprender a ver. Tradução por Tarcísio Leite. Rio de Janeiro: Arara Azul, 2005. SITES: • www.feneis.org.br • www.insitutosantateresinha.org.br • www.ines.org.br • http://media.photobucket.com • www.arara-azul.org.br Língua Brasileira de Sinais 63 FICHA TÉCNICA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL – UNIR Coordenação de Desenvolvimento de Material Didático, Impressos e Hipermídia: Maria do Socorro Beltrão Macieira Coordenação de Arte Final: Mirocem Beltrão Macieira Designer Educacional: Maria do Socorro Beltrão Macieira Designer Editorial: Maico Krause Webdesigner: Marco Aurélio Dausen Produção e edição audiovisual: Alexandre Souza Roque de Lima Revisão Ortográfica: – Nair Ferreira Gurgel do Amaral – Valdir Vegini – Iara Maria Telles – Lou-Ann Kleppa – Geane Valesca da Cunha Klein Revisão EAD-UAB: - Erislene Lacerda - Giovani Mendonça Lunardi Revisão de Métodos e Técnicas Científicas: Perpétua Emília Pereira
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