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Introdução à Libras

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Libras
Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
Diretor Regional 
Luiz Francisco de Assis Salgado
Superintendente Universitário 
e de Desenvolvimento 
Luiz Carlos Dourado
Reitor 
Sidney Zaganin Latorre
Diretor de Graduação 
Eduardo Mazzaferro Ehlers
Diretor de Pós-Graduação e Extensão 
Daniel Garcia Correa
Gerentes de Desenvolvimento 
Claudio Luiz de Souza Silva 
Luciana Bon Duarte 
Roland Anton Zottele 
Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas
Coordenadora de Desenvolvimento 
Tecnologias Aplicadas à Educação 
Regina Helena Ribeiro
Coordenador de Operação 
Educação a Distância 
Alcir Vilela Junior
Professora Autora 
Naiane Caroline Silva Olah
Revisores Técnicos 
Eduardo Pereira da Silva 
Fábio de Sá e Silva 
Lilian Vania de Abreu Silva Olah 
Maria Aparecida Capellari
Técnicos de Desenvolvimento 
Braulio Alexandre Banda Rubio 
Elza Maria de Oliveira Ventrilho
Coordenadoras Pedagógicas 
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva 
Izabella Saadi Cerutti Leal Reis 
Nivia Pereira Maseri de Moraes
Equipe de Design Educacional 
Adriana Mitiko do Nascimento Takeuti 
Alexsandra Cristiane Santos da Silva 
Angélica Lúcia Kanô 
Cristina Yurie Takahashi 
Diogo Maxwell Santos Felizardo 
Elisangela Almeida de Souza 
Flaviana Neri 
Francisco Shoiti Tanaka 
Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida 
João Francisco Correia de Souza 
Juliana Quitério Lopez Salvaia 
Jussara Cristina Cubbo 
Kamila Harumi Sakurai Simões 
Karen Helena Bueno Lanfranchi 
Katya Martinez Almeida 
Lilian Brito Santos 
Luciana Marcheze Miguel 
Luciana Saito 
Mariana Valeria Gulin Melcon 
Mayra Bezerra de Sousa Volpato 
Mônica Maria Penalber de Menezes 
Mônica Rodrigues dos Santos 
Nathália Barros de Souza Santos 
Paula Cristina Bataglia Buratini 
Renata Jessica Galdino 
Sueli Brianezi Carvalho 
Thiago Martins Navarro 
Wallace Roberto Bernardo
Equipe de Qualidade 
Ana Paula Pigossi Papalia 
Aparecida Daniele Carvalho do Nascimento 
Gabriela Souza da Silva 
Vivian Martins Gonçalves
Coordenador Multimídia e Audiovisual 
Adriano Tanganeli
Equipe de Design Visual 
Adriana Matsuda 
Caio Souza Santos 
Camila Lazaresko Madrid 
Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo 
Christian Ratajczyk Puig 
Danilo Dos Santos Netto 
Hugo Naoto 
Inácio de Assis Bento Nehme 
Karina de Morais Vaz Bonna 
Lucas Monachesi Rodrigues 
Marcela Corrente 
Marcio Rodrigo dos Reis 
Renan Ferreira Alves 
Renata Mendes Ribeiro 
Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti 
Thamires Lopes de Castro 
Vandré Luiz dos Santos 
Victor Giriotas Marçon 
William Mordoch
Equipe de Design Multimídia 
Alexandre Lemes da Silva 
Cláudia Antônia Guimarães Rett 
Cristiane Marinho de Souza 
Eliane Katsumi Gushiken 
Elina Naomi Sakurabu 
Emília Correa Abreu 
Fernando Eduardo Castro da Silva 
Mayra Aoki Aniya 
Michel Iuiti Navarro Moreno 
Renan Carlos Nunes De Souza 
Rodrigo Benites Gonçalves da Silva 
Wagner Ferri
Libras
Aula 01
O que é Libras?
Objetivos Específicos
• Entender basicamente o que é a Libras e o que a torna uma língua.
Temas
Introdução
1 O que é língua?
2 O que é Libras?
3 Como é composta a Libras?
Considerações finais
Referências
Naiane Caroline Silva Olah
Professora
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Libras
2
Introdução
A Língua Brasileira de Sinais – Libras vem sendo estudada e difundida com mais frequência 
nos últimos anos. Há leis, pesquisas, atividades culturais, discussões pedagógicas, políticas 
públicas cada vez mais voltadas para a área da surdez e, consequentemente, para a Libras. 
Mas, afinal, o que é a Libras?
Nesta disciplina, veremos seus fundamentos básicos de forma teórica e prática. Para 
isso, será necessário compreender agora, neste primeiro texto, o que é língua, o que é a 
Libras, quem a usa e quais são suas principais características.
1 O que é língua?
Segundo o dicionário Aurélio, é o “conjunto das palavras e expressões usadas por um 
povo, uma nação, e o conjunto de regras de sua gramática; idioma”. É também um “sistema 
de signos que permite a comunicação entre os membros de uma comunidade”. Agora que 
vimos o que é língua, vamos entender o que é Libras.
2 O que é Libras?
A Libras é a Língua Brasileira de Sinais, natural dos surdos brasileiros. É usada pela maioria 
dos surdos dos centros urbanos de nosso país e reconhecida pela Lei 10.346 de abril/2002. 
Surgiu da Língua de Sinais Francesa em consequência do trabalho de Abade Charles-Michel 
de l’Epeé, o qual contribuiu para a criação do Instituto Nacional da Educação de Surdos em 
1857. Por isso, é semelhante a outras línguas de sinais da Europa e da América. É importante 
deixar claro que a Libras não é a simples gestualização da língua portuguesa, e sim uma língua 
à parte, como o comprova o fato de que em Portugal usa-se uma língua de sinais diferente, a 
língua gestual portuguesa (LGP).
Assim como as diversas línguas naturais e humanas existentes, ela é composta por níveis 
linguísticos como: fonologia, morfologia, sintaxe e semântica. Por ser a língua natural dos 
surdos, é pertencente à modalidade visual-espacial. Isso quer dizer que uma mensagem na 
Libras é recebida através da visão e quando a mensagem é transmitida utiliza-se o espaço 
físico por meio de sinais e expressões corporais. A língua portuguesa e as demais línguas 
orais pertencem à modalidade oral-auditiva, ou seja, utiliza-se o canal auditivo e da fala para 
estabelecer comunicação.
Da mesma forma que nas línguas orais-auditivas existem palavras, nas línguas de sinais 
também existem itens lexicais, que recebem o nome de sinais. Para se comunicar em Libras, 
não basta apenas conhecer os sinais. É necessário conhecer a sua gramática para combinar 
as frases, estabelecendo, assim, a comunicação. 
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Libras
3
Como dissemos, estruturalmente, a Libras, como em outras línguas de sinais, utiliza-
se de sinais e marcações no espaço e no corpo do falante. Por isso suas sentenças não são 
apresentadas linearmente como na língua portuguesa. E o que seria uma estrutura linear? É 
quando o contexto se dá através de frases com palavras consecutivas (uma depois da outra). 
Caso contrário, não seria possível compreender qualquer sentença. Já nas línguas de sinais, as 
frases são apresentadas de modo diferente, como em blocos; não fazem sentido se articulados 
os sinais um após o outro. É necessário identificar no espaço todas as informações. A imagem 
a seguir pode ilustrar melhor tal raciocínio: 
Figura 1 
Já nas línguas de sinais, as informações são transmitidas em espécies de “blocos”. Por 
exemplo:
Figura 2
Muitas vezes, uma mesma sentença falada em português e em Libras pode levar menos 
tempo quando dita em sinais, devido a esse fator estrutural. Durante as aulas práticas, será 
possível notar essa característica com mais clareza.
Como apresentado anteriormente, a Libras possui níveis linguísticos (fonologia, 
morfologia, sintaxe e semântica). Por isso, chamá-la de “linguagem de sinais” torna-se um 
equívoco, uma vez que a linguagem e a língua se diferem em seus níveis linguísticos e de 
complexidade. Algumas espécies de animais possui sua própria linguagem, como as abelhas 
ou os golfinhos. Eles possuem um sistema de comunicação que garante a sobrevivência da 
espécie e, através desse sistema, organizam as funções de cada membro da colônia ou grupo, 
bem como indicam onde há comida e ameaça de predadores. Porém, nas línguas, tanto as 
orais quanto as de sinais, as comunicações estabelecidas são mais complexas, podendo-se 
falar sobre qualquer assunto e até mesmo expressar-se de forma poética. Assim é a Libras.
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Libras
4
3 Como é composta a Libras?
Como já vimos, a Libras é pertencente à modalidade visual-espacial. Os sinais surgem da 
combinação de configurações de mão, movimentos e de pontos de articulação — locais no 
espaço ou no corpo onde os sinais são feitos, os quais, juntos, compõem as unidades básicas 
dessa língua. 
A representação das letras é feitapor meio do alfabeto manual (também 
chamado de alfabeto digital), e através desse alfabeto é possível soletrar as 
palavras com as mãos. É aconselhável soletrar devagar, formando as palavras 
com nitidez. Depois de cada palavra soletrada, é melhor fazer uma pausa curta 
ou mover a mão direita para o lado direito, como se estivesse empurrando a 
palavra já soletrada para o lado. Normalmente, o alfabeto manual é utilizado 
para soletrar os nomes de pessoas, lugares, rótulos etc. e para os vocábulos não 
existentes na língua de sinais. 
Assim como nas línguas orais, as línguas de sinais, como a Libras, apresentam dialetos 
regionais, o que reforça seu caráter de língua natural. Nos dialetos sociais, as variações nas 
configurações e/ou no movimento das mãos não modificam o sentido do sinal. A palavra 
“verde”, por exemplo, é falada de maneira diferente no Rio de Janeiro, em São Paulo e em 
Curitiba. Essas mudanças são históricas, ocorrem no sinal com o passar do tempo, conforme 
se modificam os costumes de cada geração que a utiliza. O sinal de “branco” já sofreu algumas 
alterações com o decorrer dos anos. 
As comunidades surdas de diferentes regiões criam alguns poucos sinais diferentes para 
suas necessidades de comunicação. Os sinais são criados de acordo com a necessidade de 
cada grupo, porém há alguns mais gerais que, quando criados, acabam sendo incorporados 
à língua.
A modalidade gestual, visual e espacial pela qual a Libras é produzida e percebida pelos 
surdos leva, muitas vezes, as pessoas a pensarem que todos os sinais são o desenho no ar 
do referente que representam. É claro que, por decorrência de sua natureza linguística, a 
realização de um sinal pode ser motivada pelas características do dado da realidade a que 
se refere, mas isso não é uma regra. A grande maioria dos sinais da Libras é arbitrária, não 
mantendo nenhuma relação de semelhança alguma com seu referente. 
Os sinais que apresentam semelhança com a pessoa ou o objeto a que referem são 
chamados de sinais icônicos, por exemplo: telefone, casa, xícara, comer, carro, moto, calor 
etc. Você poderá ver muitos desses sinais em nossas aulas práticas. 
Os sinais icônicos não são iguais em todas as línguas. Geralmente, cada comunidade 
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Libras
5
observa diferentes aspectos do mesmo referente (pessoa, objeto, lugar...) e os representa por 
meio de seus próprios sinais, de forma convencional.
Como vimos, os sinais são formados a partir da combinação da forma e do movimento 
das mãos, e também do ponto no corpo ou no espaço, onde esses sinais são feitos. Nas 
línguas de sinais, podem ser encontrados os seguintes parâmetros de formação dos sinais:
• Configuração de Mão (CM): é a forma que a mão assume durante a realização 
de um sinal. Pelas pesquisas linguísticas, foi comprovado que na Libras existem 
62 configurações de mãos, sendo que o alfabeto manual utiliza apenas 26 destas 
configurações, para representar as letras. Por exemplo, os sinais “avião”, “energia”, 
“evitar”, “brincar”, “boi” possuem a mesma configuração de mão (com a CM “Y”), 
mas são diferentes em seu ponto de articulação e movimentação. Você poderá ver 
no vídeo desta aula esses e outros exemplos.
• Ponto de articulação: é o lugar onde incide a mão predominante configurada, ou 
seja, o local onde é feito o sinal, podendo tocar alguma parte do corpo ou estar em 
um espaço neutro.
• Movimento: os sinais podem ter um movimento ou não. Por exemplo, os sinais em 
pé e sentado não têm movimento; os sinais evitar e trabalhar possuem movimento. 
• Expressões faciais e/ou corporais: as expressões faciais/corporais são de fundamental 
importância para o entendimento real dos sinais, sendo que a entonação em língua 
de sinais é feita pela expressão facial. Por exemplo, os sinais “alegre” e “triste”. 
• Orientação/direção: os sinais têm uma direção em relação aos parâmetros acima. 
Assim, os verbos ir, vamos, vir, vou e vai opõem-se em relação à direcionalidade.
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Libras
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Considerações finais
Como vimos, a Libras se apresenta como um sistema linguístico de transmissão de ideias 
e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas do Brasil. Como em qualquer língua, 
também apresentam diferenças regionais. Portanto, deve-se ter atenção às suas variações 
em cada unidade federativa do Brasil. Trata-se de uma língua de modalidade visual-espacial, 
que possui níveis linguísticos, gramática e estutura próprias.
Referências
BRITO, L. F. Por uma gramática de língua de sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1995.
CAPOVILLA, F. C. et al. A língua brasileira de sinais e sua iconicidade: análises experimentais 
computadorizadas de caso único. Ciência Cognitiva, 1 (2) pp. 781-924. 1997.
______. Manual ilustrado de sinais e sistema de comunicação em rede para surdos. São 
Paulo: ed. instituto de Psicologia, USP, 1998.
______. Dicionário trilíngue. Língua de sinais brasileira, português e inglês. São Paulo: Edusp, 
2000.
GESSER, A. Libras – Que língua é essa. Parábola – 2009.
QUADROS, R.; PIZZIO, A.; REZENDE, P. Língua brasileira de sinais – UFSC, Florianópolis – SC. 
2009. 
Libras
Aula 02
Mitos sobre a língua de sinais
Objetivos Específicos
Temas
• Esclarecer ao aluno alguns dos mitos mais comuns relacionados à língua de 
sinais.
Introdução
1 Alguns mitos sobre as línguas de sinais
Considerações finais
Referências
Eduardo Pereira Silva 
Fábio de Sá e Silva 
Lilian Vania de Abreu Silva Olah 
Naiane Caroline Silva Olah
Professores
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Libras
2
Introdução
Várias pessoas acreditam em coisas que não são necessariamente verdadeiras. Vamos 
pensar nos discursos das pessoas que não conhecem os surdos ou as línguas de sinais: 
geralmente, há uma série de crenças que não correspondem à realidade. Isso acontece 
porque por muitos anos houve ideias a respeito que foram disseminadas por questões 
filosóficas, religiosas, políticas e econômicas. Talvez você mesmo pense que essas ideias 
sejam verdadeiras, por fruto do desconhecimento. Apesar do impacto dessas concepções, as 
pesquisas avançaram muito e nos mostraram que tais concepções são equivocadas.
Nesta aula, vamos ver algumas dessas ideias equivocadas e demistificá-las. Vamos lá? 
1 Alguns mitos sobre as línguas de sinais
Quadros e Karnopp (2004, 31-37) organizaram uma lista de mitos, que serão apresentados 
a seguir: 
A língua de sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação concreta, incapaz 
de expressar conceitos abstratos.
Pantomima é a expressão de palavras, ideias e sentimentos, por meio de gestos, 
expressões faciais e corporais, também chamada de mímica. Porém, o teatro gestual não tem 
nada a ver com as línguas de sinais. Esse mito está atrelado à ideia filosófica de que o mundo 
das ideias é abstrato e que o mundo dos gestos é concreto, e que os sinais das línguas de 
sinais são gestos. Como já vimos, os sinais são palavras, apesar de não serem orais-auditivas. 
Os sinais são tão arbitrários quanto às palavras. 
A produção gestual na língua de sinais também acontece como observado nas línguas 
faladas. A diferença é que, no caso dos sinais, os gestos também são visuais-espaciais, o que 
tornam as fronteiras mais difíceis de serem estabelecidas. É importante que você saiba que 
os sinais das línguas de sinais podem expressar quaisquer ideias abstratas. É possível falar 
sobre emoções e sentimentos, assim como nas línguas orais.
Essa ideia de que a língua de sinais seria equivalente à mímica cai por terra quando 
pensamos que uma performance dessas consegue reproduzir uma cena do cotidiano, mas 
não consegue, por exemplo, argumentar ideias. Isso, só podemos desenvolver com conceitos 
e vocabulário mais complexos, como na língua de sinais, na qual é possível falar sobre 
qualquer coisa. 
Haveria uma única e universal língua de sinais usada por todas as pessoas surdas.
Esta ideia está relacionada com o que vimos anteriormente. Seos sinais das línguas de 
sinais fossem gestos, então elas seriam universais, ou seja, iguais em todos os países. Mas já 
sabemos que há várias línguas de sinais, diferentes umas das outras. Assim como as línguas 
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Libras
3
faladas, temos línguas de sinais que pertencem a troncos diferentes. Há ao menos dois troncos 
identificados: as línguas de origem francesa e as línguas de origem inglesa. Provavelmente, a 
Libras pertence ao tronco das línguas de sinais que se originaram na língua de sinais francesa. 
Haveria uma falha na organização gramatical da língua de sinais, sendo um pidgin 
(mistura de gestos e falas de duas línguas) sem estrutura própria, subordinado e inferior 
às línguas orais. 
As línguas de sinais independem das línguas faladas. Por exemplo, tanto no Brasil quanto 
em Portugal, a língua falada é o português. No entanto, a língua de sinais portuguesa é 
muito diferente da Libras, justamente porque pertencem a troncos diferentes. É claro que 
não podemos negar o fato de ambas as línguas estarem em contato, principalmente entre 
os surdos letrados. O que se observa diante deste contato é que, da mesma forma como 
observado entre línguas faladas, existem alguns empréstimos linguísticos. 
As línguas de sinais não têm relação com as línguas faladas do seu país. Elas são autônomas 
e apresentam o mesmo estatuto linguístico identificado nas línguas faladas, ou seja, dispõem 
dos mesmos níveis linguísticos de análise e são tão complexas quanto às línguas faladas. 
Não existem sinais na Libras que não possuem palavras correspondentes no Português. 
Assim como não existem sinais da Libras para todas as palavras no português.
A língua de sinais seria um sistema de comunicação superficial, com conteúdo restrito, 
sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação oral.
Já sabemos que as línguas de sinais são tão complexas quanto às línguas faladas, portanto 
esta afirmação não é verdadeira. As línguas de sinais podem ser utilizadas para as inúmeras 
funções identificadas na produção das línguas humanas. Você pode usar a língua de sinais 
para produzir um poema, contar uma história, um conto, informar, argumentar, persuadir, 
criticar, aconselhar, entre tantas outras possibilidades. Deste modo, a língua de sinais não é 
inferior a nenhuma outra língua e é tão linguisticamente reconhecida quanto qualquer outra 
língua. 
As línguas de sinais derivariam da comunicação gestual espontânea dos ouvintes. 
Mais um mito que confunde gestos com a língua de sinais. Muitas pessoas acreditam que 
é fácil aprender as línguas de sinais porque estão diretamente relacionadas com os gestos. 
No entanto, as línguas de sinais são tão difíceis de serem adquiridas quanto qualquer outra 
língua. É preciso muito estudo e treino, são anos de dedicação para aprendermos uma língua 
de sinais.
Claro que você pode se comunicar utilizando apenas gestos, por exemplo, quando 
chegamos a um país em que é falada uma língua que você não domina. Mas você estará 
sempre limitado à identificação direta entre o gesto e sua intenção, sem poder detalhar ou 
argumentar sobre algum assunto. Para isso, você teria que conhecer a língua. No caso da 
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Libras
4
comunicação com os surdos, você vai precisar aprender a língua de sinais.
As línguas de sinais, por serem organizadas espacialmente, estariam representadas 
no hemisfério direito do cérebro, uma vez que esse hemisfério é responsável pelo 
processamento de informação espacial, enquanto que o esquerdo, pela linguagem.
Da mesma forma que nas línguas faladas, as línguas de sinais são processadas 
linguisticamente no hemisfério esquerdo do cérebro, fato comprovado por pesquisas. Existe 
sim uma diferença que está relacionada com informações espaciais, pois estas, além de 
serem processadas no hemisfério esquerdo com suas informações linguísticas, são também 
processadas no hemisfério direito, quanto às suas informações de ordem puramente espacial. 
Assim, parece haver um processamento até mais complexo do que o observado em pessoas 
que usam línguas faladas. As investigações concluem que a língua de sinais é um sistema, que 
faz parte da linguagem humana, processado no hemisfério esquerdo e no hemisfério direito.
Considerações finais
Há muitas outras ideias equivocadas relacionadas à surdez e às língua de sinais, 
principalmente quando trata de temas sobre cultura, identidade, comportamento e direitos. 
Veja mais no vídeo desta aula. É necessário manter uma postura aberta diante desses assuntos 
e procurar se esclarecer. Isso torna-se importante no processo de entendimento de aceitação 
e contato com uma nova língua e cultura. Cada indivíduo relaciona-se com sua língua e cultura 
de maneira única; assim também as pessoas com deficiências lidam de maneira individual 
com suas experiências. Portanto, generalizar comportamentos e estabelecer padrões não é 
uma boa opção.
Referências
GESSER, A. Libras – Que língua é essa. Parábola – 2009.
QUADROS, R.; PIZZIO, A.; REZENDE, P. Língua brasileira de sinais I – UFSC, Florianópolis – SC. 
2009. 
QUADROS, R.; KARNOPP, L. Língua de sinais brasileira. Estudos linguísticos. Porto Alegre: 
Artmed; 2004.
Libras
Aula 03
Expressões não manuais e classificadores
Objetivos Específicos
• Apresentar as expressões não manuais e os classificadores como parte da
língua.
Temas
Introdução
1 Classificadores
Considerações finais
Referências
Eduardo Pereira Silva 
Fábio de Sá e Silva 
Lilian Vania de Abreu Silva Olah 
Naiane Caroline Silva Olah
Professores
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Libras
2
Introdução
A Libras possui elementos sem os quais sua estrutura gramatical não seria respeitada. 
Como foi visto no texto da aula 1, ela possui 5 parâmetros:
• Configuração de mão
• Ponto de articulação
• Movimento
• Orientação/direção
• Expressões não manuais
As expressões não manuais e os classificadores têm valor gramatical na Libras. E vão além 
das expressões afetivas (entonação de voz, suaves expressões da face) presentes também na 
língua oral. Caso não sejam utilizados, a Libras torna-se incompleta ou mesmo sem sentido, 
por ser da modalidade visual-espacial.
1 Classificadores
Assim como algumas línguas orais e várias línguas de sinais, a Libras possui classificadores, 
um tipo de morfema gramatical que é afixado a um morfema lexical ou sinal para mencionar 
a classe a que pertence o referente desse sinal, para descrevê-lo quanto à forma e tamanho 
ou para descrever a maneira como esse referente é segurado ou se comporta na ação verbal. 
Em Libras, como dificilmente se pode falar em prefixo e em sufixo porque os morfemas ou 
outros componentes dos sinais se juntam ao radical simultaneamente, preferimos dizer que 
os classificadores são afixos incorporados ao radical verbal ou nominal. Assim, nos exemplos 
abaixo, pode-se observar o classificador V e V, que respectivamente, referem-se à maneira 
como uma pessoa anda e como um animal anda.
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Libras
3
Figura 1
O classificador em ANDAR (para pessoa) pode ser utilizado também com outros 
significados como “duas pessoas passeando” ou “um casal de namorados” (no caso das 
pontas dos dedos estarem voltadas para cima), “uma pessoa em pé” (pontas dos dedos para 
baixo) etc. Este classificador é representado pela configuração de mãos em V, como se segue:
Figura 2
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Libras
4
O classificador C pode representar qualquer tipo de objeto cilíndrico profundo como um 
copo, uma caixa, uma urna como no exemplo abaixo do sinal VOTAR: 
Figura 3
Outros classificadores podem ser os morfemas representados pelas configurações de mão B e Y como se segue: 
Figura 4
O classificador B refere-se e descreve superfícies planas como mesa, parede, chão etc. 
enquanto que o classificador Y refere-se e descreve objetos multiformes ou com formas 
irregulares,porém não planos nem finos. 
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Libras
5
Inúmeros são os classificadores em Libras, sua natureza semântica e sua função. 
Entretanto, apenas mencionamos alguns a título de ilustração. Você conhecerá muitos outros 
nos vídeos das aulas práticas.
Não se deve confundir os classificadores, que são algumas configurações de mãos 
incorporadas ao movimento de certos tipos de verbos, com os adjetivos descritivos que, 
nas línguas de sinais, por serem espaço-visuais, representam iconicamente qualidades de 
objetos. Por exemplo, para dizer nestas línguas que “uma pessoa está vestindo uma blusa de 
bolinhas, quadriculada ou listrada”, estas expressões adjetivas serão desenhadas no peito do 
emissor, mas esta descrição não é um classificador, e sim um adjetivo que, embora classifique, 
estabelece apenas uma relação de qualidade do objeto e não relação de concordância de 
gênero: pessoa, animal, coisa, que é a característica dos classificadores na Libras, como 
também em outras línguas orais e de sinais. 
Considerações finais
São geralmente usuais em adjetivos descritivos ou mesmo para definir gênero, 
quantidade, intensidade, forma e tamanho.
Na língua de sinais, as expressões não manuais e os classificadores são gramaticais. Por 
isso, quanto menos usá-los mais pobre se torna o discurso. Fazer um discurso em Libras 
sobre o quanto alguém está feliz e a expressão facial não demonstrar tal caracterísitica do 
sujeito é gramaticalmente incorreto. Ou seja, não podemos dizer sobre algo triste sem que a 
expressão facial indique tristeza. Não podemos dizer sobre algo cômico sem que a expressão 
não manual não indique a comicidade; e assim por diante.
Referências
GESSER, A. LIBRAS Libras – Que língua é essa. Parábola – 2009.
QUADROS, R., PIZZIO, A. e REZENDE, P. Língua brasileira de sinais II – UFSC, Florianópolis – SC. 
2008. 
Libras
Aula 09
Legislação e filosofias educacionais
Objetivos Específicos
• Apresentar a legislação brasileira na qual se refere aos aspectos relacionados
à Libras e ao indivíduo surdo e as filosofias educacionais para surdos.
Temas
Introdução
1 Política nacional para surdos 
2 Filosofias educacionais
Considerações finais
Referências
Eduardo Pereira Silva 
Fábio de Sá e Silva 
Lilian Vania de Abreu Silva Olah 
Naiane Caroline Silva Olah
Professores
Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados
Libras
2
Introdução
As questões relacionadas aos surdos são regulamentadas por diversas leis. Apresentamos 
a legislação como um importante material de consulta e de esclarecimento.
Apresentamos também as filosofias educacionais para surdos utilizadas durante a 
história da educação de surdos no Brasil e no mundo. É importante ressaltar que algumas das 
filosofias educacionais a serem apresentadas não são mais usuais atualmente.
1 Política nacional para surdos 
Decreto n° 3298/99 (Regulamento Lei 7853, de 24 de outubro de 1989) 
Dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa com Deficiência, consolida 
as normas de proteção e dá outras providências. 
Direitos dos surdos - acessibilidade 
Lei Federal n° 10.098 de 19 de novembro de 2000 
“Estabelece Normas Gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade 
das Pessoas Portadoras de Deficiências ou com mobilidade reduzida, e dá outras 
providências”. Capítulo VII da acessibilidade nos sistemas de comunicação e sinalização 
Art.17 a 19 (Surdos) 
Lei Libras
Lei 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Libras e oficializa como segunda língua 
oficial do Brasil.
Escola
Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.
Regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira 
de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de 2000.
Capítulo II
Da inclusão da Libras como disciplina curricular
Art. 3º a Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de 
formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos 
cursos de Fonoaudiologia, de instituições de ensino, públicas e privadas, do sistema federal 
de ensino e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
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Libras
3
Lei Federal n° 10.172 de 9 de janeiro de 2001
Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências (Educação Especial- 
Implantar em 5 (cinco), generalizar em 10 (dez) anos o ensino de Língua Brasileira de Sinais 
para os alunos Surdos e, sempre que possível, para seus familiares e para o pessoal da Unidade 
Escolar, mediante um programa de formação de monitores, em parceria com organizações 
não governamentais). 
Surdez 
Decreto n° 3.298 de 20 de dezembro de 1999 
Art. 4º. é considerada Pessoa Portadora de Deficiência aquela que se enquadrar nas 
seguintes categorias: 
a. De 25 a 40 decibéis (Db) - Surdez Leve; 
b. De 41 a 55 (Db) - Surdez Moderada; 
c. De 56 a 70 (Db) - Surdez Acentuada;
d. De 71 a 91 (Db) - Surdez Severa; 
e. Acima de 91 (Db) -Surdez Profunda
f. Anacusia (profunda) 
Telefone 
Decreto n° 2.592 de 15 de maio de 1998 - Plano Geral de Metas para a Universalização 
do Serviço telefônico fixo comutado prestado no regime público. 
Art. 60 - a partir de 31 de dezembro de 1999. 
A Concessionária deverá assegurar condições de acesso ao serviço telefônico para 
Deficientes Auditivos e da fala: Tornar disponível o Centro de atendimento para Intermediação 
da Comunicação (1402) 
TV Libras
Tribunal Superior-TSE
Resolução TSE n° 14.550 de 1 de setembro de 1994 
Dispõe sobre a obrigatoriedade de utilização de intérpretes de Libras na Propaganda 
Eleitoral Gratuita na TV.
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4
Tv - Legenda em Português 
Lei Federal n° 6.606 de 7 de dezembro de 1978 – o Art.1 o. dispõe sobre a obrigatoriedade 
das emissoras de televisão em todo o país a incluir em sua programação semanal, 
preferencialmente aos sábados, pelo menos um filme legendado em português.
Diretrizes para a educação de surdos
Decreto n° 5.626 de dezembro de 2005 – Essa lei apresenta as diretrizes para a 
educação de surdos e inclusão da Libras como disciplina curricular obrigatória em alguns 
cursos superiores e como disciplina curricular optativa para demais cursos. A lei regulamenta 
também a respeito da formação do professor de Libras e do instrutor de Libras. E também a 
formação do tradutor intérprete de Libras.
Na videoaula, veremos que se destacam entre essas leis a lei 10.436 e o decreto 5.626, 
por oficializarem direitos essenciais aos surdos enquanto cidadãos: sua língua e educação.
2 Filosofias educacionais
A seguir, apresentaremos as filosofias educacionais que permeam a história da educação 
de surdos.
Oralismo
A principal meta da filosofia oralista é a integração do surdo no mundo ouvinte. Para os 
adeptos dessa filosofia, a linguagem só pode ser desenvolvida através da língua oral. A língua 
oral deve ser a única forma de comunicação dos surdos. 
O oralismo vê a surdez como uma deficiência, que deve se minimizada através da 
estimulação auditiva. Com esta estimulação a criança aprende a língua portuguesa e, assim, 
se integra na comunidade ouvinte e desenvolve uma identidade ouvinte. 
O oralismo, então, objetiva a reabilitação da criança surda, tentando aproximá-la da 
normalidade. Utiliza várias metodologias sendo as mais importantes: Polack (unissensorial), 
Perdoncini e verbo-tonal (multissensorial). 
A metodologia de Polack é chamada unissensorial porque se utiliza apenas do estímulo 
auditivo no trabalho com surdos, ou seja, o surdo não tem nenhuma outra pista, que não 
o auditivo para entender o enunciado. O terapeuta coloca uma barreira, folha de papel ou 
outro objeto, na frente de seu rosto e diz o enunciado, e o surdo não tem pista visual do que 
lhe é dito. 
As metodologias Perdoncini e verbo-tonal são chamadas multissensoriais, porque, além 
do estímulo auditivo, o surdo tem acesso às pistas visuais, comoexpressão facial, corporal, 
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5
mímica e até gestos (não é língua de sinais), visando à comunicação. 
Essas metodologias unissensorial e multissensorial se baseiam em pressupostos teóricos 
diferentes, mas possuem o mesmo objetivo: a oralização do surdo e a rejeição à língua de 
sinais. Nessa filosofia, o envolvimento da família é de suma importância, em que os pais 
devem atuar como “terapeutas da fala” da criança, em casa. 
O surdo, aqui, é visto no que lhe falta, ele é um corpo danificado que precisa ser 
recuperado. O surdo deve ser transformado em ouvinte ou “quase ouvinte”. A maioria dos 
seguidores do oralismo não considera a língua de sinais como língua. 
A literatura comprova que somente uma pequena parte dos surdos consegue dominar 
razoavelmente o português. 
Comunicação total
Na década de 1960, com a insatisfação dos resultados obtidos no oralismo, foram feitas 
muitas pesquisas nos Estados Unidos, comparando filhos surdos de pais ouvintes e filhos 
surdos com pais surdos. Os filhos surdos de pais surdos eram expostos à língua de sinais 
desde pequenos e depois colocados em escolas oralistas. Percebeu-se que eles tinham 
melhor desempenho que os filhos surdos de pais ouvintes. 
Em 1960, estudos comprovaram que a língua de sinais tinha valor linguístico semelhante 
às línguas orais. A partir desses estudos e do descontentamento com o desenvolvimento das 
crianças surdas através do método oral começou e se pensar numa nova filosofia. 
O importante na comunicação total é o estabelecimento de uma comunicação efetiva 
entre o surdo e o mundo que o cerca. Para isso utiliza-se de recursos auditivos, visuais, 
manuais e orais, qualquer recurso que funcione na interação entre o falante e o surdo. 
Os profissionais da comunicação total percebem a surdez como uma marca que afeta as 
relações sociais, desenvolvimento cognitivo e afetivo do surdo.
A comunicação total privilegia a comunicação e a interação e não apenas uma língua. 
Então ela se utiliza de vários recursos como a datilologia, o “cued-speech”1 , português 
sinalizado, léxico da língua de sinais na estrutura do português e também sinais inventados 
e o pidgin2.
Todos esses códigos manuais-visuais são utilizados concomitantemente à língua 
oral, sendo essa forma de comunicação chamada bimodalismo. Há, ainda, o trabalho de 
estimulação auditiva e de oralização, porém não é o principal objetivo e sim um dos meios 
1 Sistema de comunicação utilizado com e entre surdos ou pessoas com deficiência auditiva. É baseado em fonemas e possibilita que as línguas 
faladas tradicionalmente sejam acessíveis por meio de um pequeno número de configurações de mãos (representando consoantes) utilizados 
em locais diferentes da face e próximo da boca (representando vogais).
2 Linguagem simplificada que se desenvolve como um meio de comunicação entre dois ou mais grupos que não têm um idioma em comum.
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para se conseguir a comunicação com o surdo. Nesse caso, a criança não é discriminada por 
não conseguir dominar a oralidade e nem por usar sinais. Entretanto, o que aconteceu na 
realidade foi que a oralidade continuou sendo o principal objetivo dos profissionais. 
Essa filosofia melhorou o desenvolvimento do surdo, mas não contemplou todos os 
problemas que aconteciam no oralismo. 
Bilinguismo 
O primeiro país a implantar o bilinguismo foi a Suécia, onde a língua de sinais, após a 
realização de pesquisas aprofundadas, obteve o status de língua.
Os surdos começaram, então, a se organizar e a exigir o reconhecimento da Língua de 
Sinais como língua e sua utilização na educação. 
O pressuposto básico desta filosofia é que o surdo deve ser bilíngue, isto quer dizer que 
a língua de sinais será sua primeira, pois é a língua natural dos surdos, e a língua oficial do 
seu país como segunda língua. 
O conceito mais importante que a filosofia bilíngue traz é de que os surdos formam 
uma comunidade, com cultura e língua próprias. A noção de que o surdo deve, a todo 
custo, tentar aprender a modalidade oral da língua para poder se aproximar o máximo 
possível do padrão da normalidade é rejeitada por esta filosofia. Isto não significa 
que a aprendizagem da língua oral não seja importante para o surdo, ao contrário, 
este aprendizado é bastante desejado mas não é percebido como o único objetivo 
educacional do surdo nem como uma possibilidade de minimizar as diferenças 
causadas pela surdez. (GOLDFELD, 39, 1997)
O bilinguismo busca conhecer os aspectos linguísticos, culturais, a forma de pensar e de 
agir dos surdos, não apenas os aspectos biológicos da surdez. 
No entanto, há divergências na aplicação do bilinguismo, destacando-se duas 
vertentes: uma que acredita que o surdo deve adquirir a língua de sinais e a língua oral 
concomitantemente, e depois ser alfabetizado na língua escrita. A outra acredita que o surdo 
deve primeiro aprender a língua de sinais e depois aprender a modalidade escrita da língua 
de seu país, sendo que a oralidade só será trabalhada se o surdo optar por isso. 
A aquisição da língua de sinais deve ser na interação com surdos adultos que dominem 
a língua. Os pais também devem aprendê-la. 
A língua oral, apesar de ser desejada pela família do surdo, seria a segunda língua dele, 
pois não é adquirida naturalmente, e sim através de técnicas específicas. É um aprendizado 
lento, pois necessita da audição para isso. Dessa forma, será sempre uma língua estranha 
para o surdo, nunca natural, pois o surdo não tem como monitorar a sua fala. 
Sendo assim, a língua de sinais é a única que pode promover o desenvolvimento global 
do surdo de maneira compatível com o ouvinte.
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Considerações finais
Nesta unidade pudemos perceber o quanto questões relacionadas à uma minoria 
linguística, que são os surdos, envolvem política e cidadania. As leis regulam os direitos da 
pessoa surda, bem como a formação dos profissionais responsáveis por sua educação e 
difusão da língua de sinais. Porém sabemos que a legislação não assegura o cumprimento de 
suas disposições e muito menos fiscaliza a garantia dos direitos por ela estabelecidos. Nesse 
ponto, nosso sistema político e social tem muito a se desenvolver.
Vimos ainda nessa unidade as tentativas de se encontrar um meio pelo qual os surdos 
recebessem educação como um todo. Infelizmente muitos traumas e conflitos foram gerados 
a partir desse processo. Algumas filosofias educacionais muitas vezes foram estabelecidas 
como oficiais para que fosse beneficiada apenas a parcela ouvinte e maioritária da sociedade, 
excluindo muitas vezes o fator identitário e humano do sujeito surdo. Dentre as filosofias 
citadas nesse texto, podemos citar o bilinguismo como o mais completo meio encontrado até 
agora de estabelecer as condições para um aprendizado eficaz. 
Percebemos que o bilinguismo trata muito mais do que a questão da língua, trata também 
a questão da identidade, do biculturalismo, do ser surdo, da questão visual, dos aspectos 
globais e positivos do surdo, porque vê o sujeito.
Referências
KLIMA, E. & U. Bellugi (1979). The Signs of Language. Cambridge, Mass: Harvard University 
Press. 
LABORIT, E. O Voo da Gaivota, 1994. Ed. Best Seller.
LIDDELL, S. (2003). Grammar, Gesture, and Meaning in American Sign Language. Cambridge: 
Cambridge University Press. 
MORAL, S. Quebrando o silêncio. 2005. Ed. Ottoni.
QUADROS, R. M. (1997). Aspectos da sintaxe e da aquisição da Língua Brasileira de Sinais. 
Letras de Hoje, 32(4): 125-146. 
SALLES, H.[et al.] Ensino de Língua Portuguesa para Surdos. Vol. 1, 2004. MEC.
SKILIAR, C. A surdez um olhar sobre as diferenças. 1998. Ed. Mediação
STRNADOVÁ, V. Como é ser surdo. 2000. Ed. Babel
WILCOX, S. & P.Wilcox (1997). Learning to See. Washington, D.C.: Gallaudet University Press.
Libras
Aula 10
Cultura surda
Objetivos Específicos
• Apresentar fundamentos da culturae identidade surda.
Temas
Introdução
1 Quem é o surdo?
2 Conhecendo melhor o surdo
Considerações finais
Referências 
Eduardo Pereira Silva 
Fábio de Sá e Silva 
Lilian Vania de Abreu Silva Olah 
Naiane Caroline Silva Olah
Professores
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2
Introdução
O surdo não é mudo, não é deficiente, não é alienado mental e também não é uma cópia 
malfeita do ouvinte. Ele é surdo, humano, autor e ator de inúmeros personagens...
Maria Cecília de Moura / fonte: APAS - JABOTICABAL -SP
Uma pessoa com deficiência deve ser vista como pessoa antes de sua deficiência. Para 
os surdos, sua identidade e língua são fatores que os representam e por onde demonstram 
seus inúmeros potenciais. O texto a seguir, organizado e elaborado por Lilian Olah, apresenta 
alguns fundamentos da cultura surda. Vale mais uma vez ressaltar que, assim como dito na 
aula 2, nem todas as características são aplicáveis a todos os indivíduos.
1 Quem é o surdo?
As diferenças humanas
Depoimento citado por Perlmutter (1986, apud Padden & Humphies, op.cit.), descrito 
por Sam Supalla, surdo.
Sam nasceu numa família surda com muitos irmãos surdos, mais velhos que ele e, 
por isso, demorou a sentir a falta de amigos. Quando seu interesse saiu do mundo 
familiar, notou, no apartamento ao lado do seu, uma garotinha cuja idade era mais 
ou menos a sua. Após algumas tentativas, se tornaram amigos. Ela era legal, mas era 
esquisita: ele não conseguia conversar com ela, como conversava com seus pais e 
irmãos mais velhos. Ela tinha dificuldade de entender gestos elementares! Depois 
de tentativas frustradas de se comunicar, ele começou a apontar para o que queria 
ou, simplesmente, arrastava a amiga para onde ele queria ir. Ele imaginava como 
deveria ser ruim para a amiga não conseguir se comunicar, mas, uma vez que eles 
desenvolveram uma forma de interagir, ele estava contente em se acomodar às 
necessidades peculiares da amiga. Um dia, a mãe da menina aproximou-se e moveu 
seus lábios e, como mágica, a menina pegou a sua casa de boneca e moveu-a para 
outro lugar. Sam ficou admirado e foi para sua casa perguntar à sua mãe sobre, 
exatamente, qual era o tipo de problema da vizinha. Sua mãe lhe explicou que a amiga 
dele, bem como a mãe dela, eram ouvintes e por isso não sabiam sinais. Elas falavam 
e moviam seus lábios para se comunicar com os outros. Sam perguntou se somente 
a amiga e a sua mãe eram assim e sua mãe lhe explicou que era sua família que era 
incomum e não a da amiga. A outras pessoas eram como sua amiga e a mãe. Sam não 
possuía a sensação de perda. Imerso no mundo de sua família, eram os vizinhos que 
tinham uma perda, uma desabilidade de comunicação.
Quebrar o paradigma da deficiência é enxergar as restrições de ambos: surdos e ouvintes. 
Por exemplo, enquanto um surdo não conversa no escuro, o ouvinte não conversa debaixo 
d’água; em local barulhento, o ouvinte não consegue se comunicar a menos que grite e, nesse 
caso, o surdo se comunica sem problemas. Além disso, o ouvinte não consegue comer e falar 
ao mesmo tempo, educadamente e sem engasgar, enquanto o surdo não sofre essa restrição.
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3
Nelson Pimenta, ator, surdo, brasiliense, declara que a surdez deve ser reconhecida 
como apenas mais um aspecto das infinitas possibilidades da diversidade humana, pois ser 
surdo não é melhor ou pior do que ser ouvinte, é apenas diferente. Se considerarmos que os 
surdos não são ouvintes com defeito, mas pessoas diferentes, estaremos aptos a entender 
que a diferença física entre pessoas surdas e pessoas ouvintes gera uma visão não limitada, 
não determinística de uma pessoa ou de outra, mas uma visão diferente de mundo, um “jeito 
ouvinte de ser” e um “jeito surdo de ser”, que nos permite falar em uma cultura da visão e a 
outra da audição.
Skliar (1998:28) declara que caracterizar a cultura surda como multicultural é o primeiro 
passo para admitir que a comunidade surda partilhe com a comunidade ouvinte do espaço 
físico e geográfico, da alimentação e do vestuário, entre outros hábitos e costumes, mas que 
sustenta em seu cerne aspectos peculiares, além de tecnologias particulares desconhecidas 
ou ausentes do mundo ouvinte cotidiano.
A partir das citações e informações sobre a identidade e cultura surda acima, apresentam-
se algumas dicas e maneiras eficazes de como se comunicar corretamente com o surdo e 
compreender sua cultura:
• Fale de frente, claramente e pausadamente com o surdo. Uma boa articulação dos 
lábios pode facilitar a comunicação. Lembrando que a atividade da leitura labial é 
muito cansativa e requer muita habilidade e conhecimento do contexto da conversa, 
da pronúncia de outras pessoas, iluminação, distância e que há palavras com a mesma 
articulação (exemplo: mala, bala, tala).
• Não olhe para o outro lado ao conversar. O contato visual é importante. Quando se 
fala com um surdo e não se olha para ele, fica parecendo que a mensagem não é para 
ele. 
Obs: o olhar fixo e prolongado do surdo, durante a conversa, pode incomodar o ouvinte.
• Não é preciso gritar. Use o labial com tom de voz normal ou, de preferência, sem som 
nenhum.
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Figura 1 
• O surdo não pode perceber mudanças de tons ou de emoções através da voz. É preciso 
ser expressivo para demonstrar seus sentimentos. Obs: As pessoas ouvintes utilizam 
determinados gestos quando estão nervosas. A língua de sinais, que se baseia em 
gestos, poderá deixá-los com uma sensação desagradável, porque alguns sinais serão 
entendidos por eles como feios, mesmo que na realidade, estejam expressando outra 
coisa. 
• Se você não entender o que uma pessoa surda está falando, não tenha vergonha e 
não perca a paciência. Peça para repetir e, se for preciso, escrever. O mais importante 
é que exista a comunicação. Grande parte dos surdos não é infeliz por serem surdos, 
ou melhor, por não ouvirem. Eles ficam infelizes ou irritados quando passam por 
situações nas quais se sentem expostos e dependentes. Exemplo: o surdo fica numa 
posição humilhante principalmente quando o ouvinte demonstra a má vontade para 
ajudar.
• Se precisar falar com uma pessoa surda chame a atenção dela tocando em seu ombro 
ou braço (de preferência no ombro). O surdo não tem nenhum problema em se tocar, 
mesmo quando se encontram pela primeira vez. O toque é uma das maneiras de 
chamar a atenção da pessoa surda. O toque deve ser leve, e jamais tocar na cabeça 
ou nas costas. Isso seria extremamente inconveniente. Para os ouvintes, isso causa 
embaraço, pois estão acostumados com o contato sonoro.
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Figura 2 
• Os surdos têm uma excelente percepção visual e percebem qualquer movimento ao 
redor deles. Isso pode ser aproveitado para se fazer um contato com eles. Os ouvintes 
que desconhecem a cultura surda, geralmente não entendem o sentido dos acenos 
e não reagem a eles.
• Como todo cidadão, o surdo tem direito à informação. A ausência de legendas nos 
noticiários e em outros programas de TV impede o conhecimento dos fatos.
• Os avisos visuais são sempre muito úteis para a independência do surdo. A 
comunicação fica ainda melhor se forem com ilustrações. Na falta deles, o surdo terá 
maiores dificuldades.
Figura 3
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Figura 4
• A iluminação, devido à comunicação essencialmente visual, é de extrema importância. 
Para o surdo, a ausência de luz representa a ausência de comunicação. O recurso 
da iluminação é usado para o surdo de várias formas. Exemplo: quando se toca a 
campainha da casa, acende-se um tipo, ou uma cor de lâmpada. Se o surdo não 
está ao alcance da sinalização luminosa, é possível que não abra a porta mesmo não 
estando em casa. Por isso, não desista. Aperte várias vezes a campainha. Quando 
o bebê chora no berço, um sensor faz com que uma lâmpada de cor diferente dacampainha acenda, identificando que o bebê precisa de algo.
2 Conhecendo melhor o surdo
Para o surdo, o contato com o mundo externo se dá através da visão. Por isso, a maioria 
dos surdos, ao entrar em um ambiente, observa tudo e todos que estão no local e olham 
ao redor com uma frequência bem maior e com mais atenção do que os ouvintes. Tem 
também a tendência de ficar com as costas viradas para a parede, numa posição defensiva; e 
se possível, num canto em que se posicione de frente para a porta para poder, com a visão, 
acompanhar todo e qualquer movimento. Se isso não for possível, olha frequentemente para 
trás. O ouvinte não conhecendo essa característica, poderá interpretar equivocadamente 
essa postura. Também poderá causar incômodo para o ouvinte que desconhece a cultura 
surda o olhar fixo e contínuo do surdo durante uma conversa, ou tentativa de comunicação, 
a fim de tentar entender o que o ouvinte está dizendo.
O surdo, no geral, tende a ser bem-humorado (é importante ressaltar que, como 
qualquer ser humano, o surdo possui alterações de humor e personalidade); gostam muito 
de piadas, principalmente as que fazem referência à incompreensão da surdez pelo ouvinte. 
Podem descrever situações ou imitar pessoas com uma riqueza de detalhes e expressões 
impressionante, de maneira que se tornam excelentes atores enquanto simplesmente 
conversam. Para o ouvinte, tal prática requer muito treino e conhecimentos técnicos.
Quando os surdos estão participando de alguma atividade com um grupo de ouvintes e 
não há nenhum intérprete para auxiliá-lo, a tendência é copiar o comportamento dos ouvintes 
(se o ouvinte ri, o surdo ri), mesmo sem entender o que está acontecendo, pelo medo de se 
sentirem socialmente excluídos.
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Figura 5
Devido à falta da audição, o surdo tem dificuldades em receber informações no tempo e 
na forma adequada para o desenvolvimento afetivo, social e intelectual de forma saudável e 
satisfatória. Com isso, seu comportamento algumas vezes pode não condizer com os padrões 
estabelecidos pela sociedade e sua percepção do mundo pode ser equivocada. 
Exemplo: Relato da mãe de um surdo que estava comemorando seu aniversário de 15 
anos com alguns amigos em casa. Em um determinado momento, alguns de seus amigos 
precisavam ir embora. O garoto os acompanhou até o ponto do ônibus. Chegando próximo ao 
ponto, eles viram uma viatura da polícia e saíram correndo. Os policiais percebendo a atitude 
dos jovens ligaram a sirene e saíram em perseguição, mas como a casa ficava próxima, eles 
entraram na casa e se esconderam. Os policiais tocaram a campainha e a mãe, assustada, sai 
e pergunta o que estava acontecendo. Os policiais relatam o acontecido e pedem para trazer 
os jovens para fora, caso contrário eles entrariam na casa. A mãe pede para esperarem um 
minuto, explica que os garotos são surdos e que chamaria os garotos para conversar. Quando 
a mãe traz os garotos para fora pergunta: “Por que vocês correram?”. Eles respondem que na 
televisão todas as vezes que as pessoas viam policiais saíam correndo, então, eles pensaram 
que tinham que correr também. A mãe, que sabia Libras, pôde traduzir para os policiais e 
explicar o contexto, que eles assistiam a filmes, e entenderam que deveriam agir da mesma 
forma que viram na televisão.
O conceito que o surdo tem de si mesmo é o que as pessoas (familiares, amigos, 
professores, médicos, intérpretes etc.) dizem que ele é. 
Na comunicação vale citar o relato de Emmanuelle Laborit, em seu livro O voo da gaivota 
(1994, p. 19), cuja ausência de linguagem entre zero e sete anos provocara seu isolamento. 
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Creio que nada havia em minha cabeça, nesse período. Futuro, passado, tudo estava 
em uma linha do espaço de tempo. Mamãe dizia ontem... e eu não entendia onde 
estava ontem, o que era ontem. Amanhã também. E não podia perguntar-lhe. Sentia-
me impotente (...). Havia a luz do dia, a escuridão da noite, mais nada.
Até os sete anos não conseguia se comunicar: 
Até os sete anos, nada de palavra, nenhuma frase em minha cabeça. Imagens somente 
(...). Como tudo acontecia antes? Não tinha língua. Como pude me construir? (...). 
Pensava seguramente. Mas em quê? Em minha fúria de me comunicar.
Quando Emmanuelle descobre que existe uma língua em que pode se comunicar e 
experimenta dar nome às pessoas e às coisas, descobre seu próprio nome. Antes falava de si 
na terceira pessoa “ela o escuta, ela não o escuta” o “eu” não existia. 
Eu era ela (...). Por causa da língua de sinais pôde dizer: “Eu, Emmanuelle, tendo assim 
uma identidade (...). Descobria o mundo que me cercava, e era eu que me encontrava 
no interior do mundo. (p.51)
Laborit afirma que a língua de sinais é fundamental para que de fato o surdo consiga se 
comunicar, obter informação e compreender o que acontece ao seu redor.
J.Schuyler Long, Diretor da Lowa School for the Deaf, diz em The sign language (1910) 
que a língua de sinais é uma língua bela e expressiva, e para a qual, na comunicação e como 
um modo de atingir com facilidade e rapidez a mente dos surdos, nem a natureza nem a 
arte lhes concedeu um substituto à altura. Quem não a entente não consegue perceber a 
quantidade de possibilidades que traz aos surdos, sua poderosa influência sobre a moral 
e a felicidade social dos que são privados da audição e seu admirável poder de levar o 
pensamento a intelectos que, de outro modo, estariam em perpétua escuridão. Tampouco 
conseguem avaliar o poder que ela tem sobre os surdos e que enquanto houver duas pessoas 
surdas sobre a face da terra e elas se encontrarem, elas usarão sinais.
Em relação à escrita, nada melhor do que o próprio surdo para descrever o grande 
desafio e esforço que se apresenta no ato de escrever. Carlos Skliar em seu livro A surdez: um 
olhar sobre as diferenças (1998, p. 57) relata um fato narrado por L. de 40 anos:
É tão difícil escrever, para fazê-lo meu esforço tem de ser num clima de despender 
energias o suficiente demasiadas. Escrevo numa língua que não é a minha. Na 
escola fiz todo esforço para entender o significado das palavras usando o dicionário. 
São palavras soltas elas continuam soltas. Quando se trata de pô-las no papel, de 
escrever meus pensamentos, eles são marcados por um silêncio profundo. Eu preciso 
decodificar o meu pensamento visual com palavras em português que tem signos 
falados. Muito há que é difícil ser traduzido, pode ser uma síntese aproximada.
Tudo parece um silêncio quando se trata da escrita em português, uma tarefa difícil, 
dificílima. Esse silêncio é a mudança? Sim é. Fazer frases em português não é mesmo 
que fazê-las em Libras. Eu penso em Libras, na hora de escrever em português eu não 
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treinei o suficiente para juntar numa frase todas as palavras soltas. Agora no momento 
de escrever, eu escrevo diferente. Quando eu leio o que escrevo, parece que não tem 
uma coisa normal como a escrita ouvinte, falta uma coisa, não sei o quê.
Não sei se o que escrevo são palavras minhas, elas são exteriores, não fazem parte de 
meu contexto. Parece não cair bem na frase, parece que a escrita do pensamento não dita o 
que quero dizer. Vezes sem contas parecem dizer-me coisas sem sentido.
Considerações finais
Vimos nessa unidade que os surdos possuem identidade e cultura. Aceitar um povo 
é aceitar sua língua e não querer que simplesmente se adeque aos padrões da maioria 
ouvinte da qual a sociedade é composta. Nesse texto também vimos a melhor maneira de se 
comunicar com o surdo caso desconheça a Libras, e também esclarecemos sobre os motivos 
das dificuldades dos surdos para escrever na língua portuguesa. 
Referências 
LABORIT, E. o Vôo da gaivota. Ed. Best Seller, 1994.
OLAH, L. Curso básico de Libras. Ed. Senac, 2009.
SKLIAR, C. A surdez um olhar sobre as diferenças. Ed. Mediação, 1998.
	LIB_01_PDF_2013
	CAPA
	Introdução1 O que é língua?
	2 O que é Libras?
	3 Como é composta a Libras?
	Considerações finais
	Referências
	LIB_02_PDF_2013
	Introdução
	1 Alguns mitos sobre as línguas de sinais
	Considerações finais
	Referências
	LIB_03_PDF_2013
	Introdução
	1 Classificadores
	Considerações finais
	Referências
	LIB_09_PDF_2013
	Introdução
	1 Política nacional para surdos 
	2 Filosofias educacionais
	Considerações finais
	Referências
	LIB_10_PDF_2013
	Introdução
	1 Quem é o surdo?
	2 Conhecendo melhor o surdo
	Considerações finais
	Referências

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