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Políticas públicas de atenção à saúde da mulher Profa. Esther Ricci Por que saúde da mulher? Por que as mulheres merecem atenção para si? As mulheres no Brasil representam hoje 51,4% da população, isto é, são 103,5 milhões e destas 37,3% são responsáveis pelo sustento das famílias. São as principais usuárias do SUS (Ministério da Saúde, 2008) As mulheres vivem mais do que os homens, porém adoecem com mais frequência, segundo dados do IBGE/2011, que revelam a crescente participação das mulheres nos indicadores da economia e no sustento de famílias. A inserção das mulheres no mundo do trabalho é importante para seu crescimento pessoal, emocional, intelectual, social, político e cidadão. (BRASIL, 2017, p. 05-06) Histórico da Saúde da Mulher no bRasil A saúde da mulher foi incorporada às políticas nacionais de saúde nas primeiras décadas do século XX, sendo limitada às demandas relativas à gravidez e ao parto. Os programas materno-infantis, das décadas de 30, 50 e 70, tinham uma visão restrita sobre a mulher, baseada no seu papel social de mãe e doméstica, responsável pela criação, pela educação e pelo cuidado com a saúde dos filhos e demais familiares. SURGE O PAISM PAISM- Programa Atenção Integral a Saúde da Mulher Elaborado pelo Ministério da Saúde em 1983, publicado em 1984 Esse programa incorporou o ideário feminista para a atenção à saúde da mulher, com ênfase em aspectos da saúde reprodutiva, mas com propostas de ações dirigidas à atenção integral da população feminina, nas suas necessidades prioritárias, significando uma ruptura com o modelo de atenção materno-infantil até então desenvolvido. Principais demandas de serviços Contracepção Pré-natal Parto e pós-parto Queixas ginecológicas (vaginais, menstruais – “ginecologia geral”) Envelhecimento / menopausa Prevenção de cânceres de colo de útero e mama Procedimentos estéticos / cirurgia cosmética Sexualidade Doenças comuns aos “humanos em geral” PAISM- Programa Atenção Integral a Saúde da Mulher PNAISM- Política Nacional Atenção Integral a Saúde da Mulher Política Nacional DE Atenção INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER (PNAISM) 2004 Ministério da Saúde cria o PNAISM ações educativas, preventivas, de diagnóstico, tratamento e recuperação. Documento de 80 páginas disponível: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nac_atencao_mulher.pdf Objetivos do documento: Promoção da saúde como princípio norteador, busca consolidar os avanços no campo dos direitos sexuais e reprodutivos, com ênfase na melhoria da atenção obstétrica, no planejamento familiar, na atenção ao abortamento inseguro e no combate à violência doméstica e sexual. Prevenção e o tratamento de mulheres vivendo com HIV/aids e as portadoras de doenças crônicas não transmissíveis e de câncer ginecológico. Amplia as ações para grupos historicamente excluídos das políticas públicas, nas suas especificidades e necessidades. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER Dividido em 6 eixos prioritários: 1. FORTALECIMENTO DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA 2. ATENÇÃO OBSTÉTRICA 3. ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIAS 4. ATENÇÃO ONCOLÓGICA 5. ATENÇÃO GINECOLÓGICA E CLIMATÉRIO 6. POPULAÇÕES ESPECÍFICAS E VULNERABILIZADAS 1) FORTALECIMENTO DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA No Brasil: queda da taxa de fecundidade: a taxa de crescimento populacional 1,4% ao ano 1970 5,8 filhos por mulher 2000 2,3 filhos por mulher 55% das mulheres não planejam a gravidez* Nas adolescentes, esse percentual é ainda maior, 66,6%* Apenas 33% das mulheres utilizam contraceptivos** * Fonte: Nascer no Brasil, 2014 ** Fonte: PNAUM,2014 1) FORTALECIMENTO DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA No Brasil, a maior concentração dos casos de Aids entre mulheres está na faixa etária de 25 e 39 anos Corresponde a 49,4% do total de casos registrados de 1980 a junho de 2016 Queda de 36% da taxa de transmissão vertical do HIV, nos últimos 6 anos Em 2015, foram notificados 33.365 casos de sífilis em gestantes 1) FORTALECIMENTO DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA Avanços a partir de (2016): Ampliação da faixa etária de vacina de HPV, de 9 a 26 anos. Ampliação de testes rápidos de HIV e Sífilis Lançamento da agenda de Ações Estratégicas para a Redução de Sífilis . 1) FORTALECIMENTO DA SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA Desafios a ser superados: Ações educativas e preventivas para ISTs Luta contra preconceitos Acesso a qualidade e quantidade de serviços qualificados 2) ATENÇÃO OBSTÉTRICA 1,8 milhões de partos são realizados no SUS por ano, Morte materna por causas evitáveis é um desafio a ser superado, 180 mil curetagens realizadas ao ano, Aborto é uma das principais causas de morte materna no país. 2) ATENÇÃO OBSTÉTRICA 2) ATENÇÃO OBSTÉTRICA 2) ATENÇÃO OBSTÉTRICA Tipos de partos no Brasil: 3) ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIAS Em 2015, foram registrados 45.460 estupros no país (Fonte: Anuário de Segurança Pública, 2016) estima-se 12 milhões de pessoas por ano. A violência sexual é considerada grave violação de direitos humanos. As evidências científicas mostram incidência elevada entre as mulheres, com impactos severos para a saúde sexual, reprodutiva e psicológica. 229 Serviços de Referência para Atenção Integral às Pessoas em Situação de Violência Sexual 3) ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIAS 3) ATENÇÃO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIAS 4) ATENÇÃO ONCOLÓGICA Câncer de mama* é o mais comum entre mulheres Em 2016, foram mais de 57 mil novos casos no Brasil. Câncer colorretal* Em 2016, o Inca estimou o surgimento de mais de 17 mil novos casos de câncer de cólon e reto em mulheres no Brasil. Este tipo de tumor está ligado a fatores genéticos e hábitos de vida como obesidade, sedentarismo e fatores associados à dieta (alto consumo de carnes vermelhas e carnes processadas; pouca ingestão de frutas, legumes e verduras) Câncer de colo de útero* é o terceiro mais comum No Brasil, cerca de 16 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de colo de útero por ano. Câncer de pulmão* Segundo o Inca, estima-se que o Brasil tenha registrado cerca de 10 mil casos de câncer de traqueia, brônquios e pulmões entre as mulheres, em 2016. Considerado um dos tipos de câncer mais agressivo, é também o mais fácil de ser evitado, pois o principal fator de risco para a doença é o tabagismo. * Fonte: Oswaldo Cruz 5) ATENÇÃO GINECOLÓGICA E CLIMATÉRIO Ministério da Saúde (2008)Manual de Atenção à Mulher no Climatério / Menopausa doc. 192 págs. disponível: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_atencao_mulher_climaterio_menopausa.pdf O climatério é definido pela OMS como uma fase biológica da vida que compreende a transição entre o período reprodutivo e o não reprodutivo da vida da mulher. A menopausa é um marco dessa fase, correspondendo ao último ciclo menstrual, somente reconhecida depois de passados 12 meses da sua ocorrência e acontece geralmente em torno dos 48 aos 50 anos de idade. De acordo com estimativas do DATASUS, em 2007, 32% das mulheres no Brasil estão na faixa etária em que ocorre o climatério. São necessárias medidas preventivas e promotoras da saúde, que incluem estímulo ao autocuidado e a adoção de hábitos de vida saudáveis, que influenciam a qualidade de vida e o bem-estar das mulheres nesta fase. 5) ATENÇÃO GINECOLÓGICA E CLIMATÉRIO 6) POPULAÇÕES ESPECÍFICAS E VULNERABILIZADAS População Negra Implantação do quesito raça/cor em todos os sistemas de informação do SUS 2007 Publicação da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra doc. de 60 págs. Disponível: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao_negra.pdf População LGBT Inclusão dos campos nome social, orientação sexual e identidade de gênero na Ficha de Notificação de Violência no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) Processo Transexualizador no SUS, instituído em 2008 Até 2017, 400 procedimentos hospitalares e 18.241 mil ambulatoriais6) POPULAÇÕES ESPECÍFICAS E VULNERABILIZADAS População em Situação de Rua 2017 doc. 19 págs. para orientar profissionais da área da saúde voltado para álcool e drogas. Disponível: http://www.as.saude.ms.gov.br/wp-content/uploads/2017/01/nt-MS-MDS-mulheres-sit-rua.pdf População indígena: Para a saúde da mulher e da criança indígenas sobram promessas e faltam soluções. 2016: Reduzir em 20% as mortes de bebês e crianças indígenas com até cinco anos de idade; ampliar para 90% as gestantes com acesso ao pré-natal; investigar ao menos 80% dos óbitos materno-infantil fetal; fortalecer e ampliar a assistência impactando nos óbitos evitáveis, causados, por exemplo, por doenças respiratórias, parasitárias e nutricionais; entregar Unidades Básicas de Saúde Fluviais que atenderão ribeirinhos de municípios nos estados do Amazonas e Pará Desafios para a Saúde Pública no Brasil Baixos investimentos: apesar de atualmente, o SUS cobrir cerca de 75% da população brasileira. Doenças alarmantes: coronavírus, dengue, sarampo, febre amarela etc. Falta de profissionais na saúde pública: baixos salários e condições ruins de trabalho Superlotação nos hospitais Infraestrutura defasada Tecnologia de baixa qualidade: com o baixo investimento na saúde pública, a tecnologia de ponta não pode ser experimentada pela população — esses benefícios só são aplicáveis à clínica privada as Fases da vida da mulher: Atenção específica em Saúde para cada fase Na vida da mulher há marcos concretos e objetivos que sinalizam diferentes fases, tais como a menarca, a gestação, ou a última menstruação. São episódios marcantes para seu corpo e sua história de vida, que em cada cultura recebem significado diverso. as Fases da vida da mulher Adolescência (10 a 19 anos) É caracterizada pelo início do período fértil Fase de grandes modificações físicas, psicológicas e fisiológicas. Requer mais energia e nutrientes. Nesse período, as mulheres estão suscetíveis a deficiências como: anemia, avitaminoses, fadiga e baixo rendimento escolar. Importância da atividade física e do sono. as Fases da vida da mulher Fase adulta (20 a 40 anos) Nessa fase, os sintomas da TPM estão mais evidentes. Há maior preocupação com a estética, manutenção de peso e retardo do envelhecimento. É um momento importante para a adoção de hábitos alimentares saudáveis, reduzindo os riscos de doenças, como por exemplo: diabetes e câncer de mama. Período fértil propício para a gestação. Constipação é uma das principais queixas das mulheres. Importância da atividade física e do sono. as Fases da vida da mulher Fase adulta pré-menopausa (40 a 55 anos) É uma fase de intensas mudanças físicas, psicológicas e musculares. Mudanças na auto-imagem. A menstruação torna-se irregular e os sintomas da menopausa começam a aparecer. Tendência ao ganho de peso e à perda de massa muscular Importância da atividade física e do sono. as Fases da vida da mulher Fase adulta pós-menopausa (acima de 55 anos) Período em que ocorre redução do estrogênio endógeno, o que intensifica os sintomas da menopausa. Há perda de massa magra e óssea intensa, o que aumenta o risco de osteoporose. Também há aumento dos níveis de colesterol LDL e triglicerídeos, o que representa risco para doenças cardiovasculares. A constipação se intensifica nesse período. A fase é de risco para outras doenças como câncer de mama, cólon e diabetes. Importância da atividade física e do sono.
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