Buscar

Aula 01-Direito Civil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 65 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
AULA 1 
NEGÓCIO JURÍDICO ESPÉCIES, MANIFESTAÇÃO DA 
VONTADE, VÍCIOS DA VONTADE, DEFEITOS E 
INVALIDADE. FORMAS DO ATO JURÍDICO. 
No final da aula demonstrativa foi dito que o NEGÓCIO JURÍDICO é o 
ato de autonomia de vontade, com a qual o particular regula por si 
os próprios interesses, logo, podemos afirmar que a sua essência é a 
auto-regulação dos interesses particulares reconhecida pelo 
ordenamento jurídico. 
O Código Civil dedica especial tratamento aos negócios jurídicos (arts. 
104 a 184 do CC). Entretanto, não basta a simples leitura dos dispositivos 
ora citados para acertar as questões do concurso, tendo em vista que o 
assunto é "recheado" de conceitos doutrinários. Dessa forma, irei abordar o 
assunto associando os artigos mais cobrados em prova com a teoria 
desenvolvida pela doutrina sempre focalizando no nosso objetivo: acertar a 
questão e ser aprovado. 
São diversas as classificações do negócio jurídico, por isso, irei 
comentar as principais: 
1) Quanto às vantagens que produzem: os negócios jurídicos podem 
ser gratuitos, onerosos, bifrontes e neutros. 
- gratuito: as partes objetivam benefício ou enriquecimento 
patrimonial sem qualquer contraprestação (ex: doação - a parte 
que recebe a doação não realiza uma contraprestação.); 
- oneroso: as objetivam, reciprocamente, obter vantagens para si 
ou para outrem (ex: compra e venda - deve-se pagar o preço para 
se obter a coisa.); 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 1 
CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
- bifronte: pode ser gratuito ou oneroso, de acordo com a vontade 
das partes (ex: o depósito - se eu peço para o meu vizinho guardar 
meu carro enquanto eu viajo, o depósito pode ser pago ou não.); e 
- neutro: lhe falta uma atribuição patrimonial, pois consiste em 
atribuir a um bem uma destinação específica (ex: ato de instituição 
de bem de família, vincular bens com cláusula de 
incomunicabilidade ou inalienabilidade, etc.). 
2) Quanto às formalidades: os negócios jurídicos podem ser solenes ou 
não solenes. 
- solene: requer para a sua existência uma forma especial prescrita 
em lei (ex: testamento); e 
- não solene: não exige forma legal para que ocorra a sua 
efetivação (ex: compra e venda de bem móvel). 
3) Quanto ao conteúdo: os negócios jurídicos podem ser patrimoniais 
ou extrapatrimoniais. 
- patrimonial: versa sobre questões suscetíveis de aferição 
econômica (ex: compra e venda); e 
- extrapatrimonial: versa sobre questões não suscetíveis de 
aferição econômica (ex: questões relacionadas aos direitos 
personalíssimos e ao direito de família). 
4) Quanto à manifestação de vontade: os negócios jurídicos podem 
ser unilaterais, bilaterais ou plurilaterais. 
- unilateral: o ato volitivo (declaração de vontade) provém de um 
ou mais sujeitos, desde que estejam no mesmo pólo da relação 
jurídica (ex: testamento, promessa de recompensa, etc.); 
- bilateral ou plurilateral: a declaração volitiva emana de duas ou 
mais pessoas oriundas de pólos diferentes na relação jurídica. Pode 
ser: 
a) simples: quando concede benefício a uma das partes e encargo 
à outra (ex: doação, depósito gratuito, etc.); e 
b) sinalagmático: quando confere vantagens e ônus a ambos os 
sujeitos (ex: compra e venda, locação, etc.). 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 2 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
5) Quanto ao tempo em que produzem seus efeitos: os negócios 
jurídicos podem ser inter vivos ou mortis causa. 
- inter vivos: acarreta conseqüência jurídica enquanto o interessado 
ainda está vivo (ex: doação, troca, etc.); e 
- mortis causa: regula relações de direito após a morte do sujeito 
(ex: testamento, legado, etc.). 
6) Quanto aos seus efeitos: os negócios jurídicos podem ser 
constitutivos ou declaratórios. 
- constitutivo: a eficácia opera efeitos ex nunc, ou seja, a partir do 
momento da conclusão (ex: compra e venda); e 
- declaratório: a eficácia opera efeitos ex tunc, ou seja, retroage e 
se efetiva a partir do momento em que se operou o fato a que se 
vincula a declaração de vontade (ex: divisão do condomínio, 
partilha, reconhecimento de filhos, etc.). 
7) Quanto à sua existência: os negócios jurídicos podem ser principais 
e acessórios. 
- principal: é aquele que existe por si mesmo, independente de 
qualquer outro (ex: locação); e 
- acessório: é aquele cuja existência se subordina ao negócio 
principal (ex: fiança.). 
8) Quanto ao exercício dos direitos: os negócios jurídicos podem ser 
negócios de disposição ou negócios de simples administração. 
- negócio de disposição: implica o exercício de amplos direitos 
sobre o objeto (ex: doação); e 
- negócio de simples administração: concerne ao exercício de 
direitos restritos sobre o objeto, sem que haja alteração em sua 
substância (ex: locação de uma casa - o inquilino não pode vender 
a casa, pois tem apenas a posse.). 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 3 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Não só a lei, mas o negócio jurídico também precisa ser interpretado, 
pois as suas cláusulas podem não ser muito claras. 
Nos negócios escritos parte-se da declaração de vontade escrita para 
se chegar à vontade dos contratantes. Entretanto, quando uma determinada 
cláusula se mostra obscura e passível de dúvida, alegando um dos 
contratantes que não representa fielmente a vontade manifestada por 
ocasião da celebração do negócio, temos que a vontade prevalece sobre o 
sentido literal da linguagem, nos moldes do art. 112 do CC. 
Art. 112 do CC - Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção 
nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
Já o art. 113 do CC ressalta que os intérpretes devem presumir que os 
contratantes procedem com lealdade e que tanto a proposta como a 
aceitação ocorreram dentro da regra da boa-fé. 
Art. 113 do CC - Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme 
a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. 
O art. 114 do CC trata dos negócios benéficos ou gratuitos, ou seja, 
quando apenas um dos contratantes assume obrigações. Um exemplo 
clássico é a doação que, por representar uma renúncia de direitos, deve ser 
interpretada estritamente. 
Art. 114 do CC - Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia 
interpretam-se estritamente. 
Existem ainda outros artigos espalhados pelo Código Civil e pela 
Legislação Especial que estabelecem regras de interpretação, mas esses são 
os principais. 
O negócio jurídico para existir e ser válido carece de quatro elementos 
essenciais. Os três apontados no art. 104 do CC (agente, objeto e forma) 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 4 
INTERPRETAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS 
ELEMENTOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
são elementos objetivos, ao passo que a vontade é um elemento subjetivo. 
A conjugação dos elementos objetivos com o elemento subjetivo atribui vida 
ao ato negocial. 
Art. 104 do CC - A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
Os elementos acidentais (condição, termo e encargo) não são 
necessários para um negócio jurídico exista e seja válido, porém, podem 
subordinar a eficácia do negócio jurídico a uma determinada situação. 
Dessa forma, a tabela a seguir permite uma visão geral sobre os 
elementos do negócio jurídico.ELEMENTOS 
ESSENCIAIS 
ELEMENTOS 
ACIDENTAIS 
EXISTÊNCIA 
VALIDADE 
EFICÁCIA EXISTÊNCIA 
NULO ANULÁVEL VÁLIDO 
EFICÁCIA 
AGENTE Absolutamente 
incapaz. 
Relativamente 
incapaz. 
Plenamente 
capaz. 
CONDIÇÃO 
TERMO 
ENCARGO 
OBJETO 
Ilícito, 
impossível, 
indeterminado e 
indeterminável. 
Lícito, 
possível, 
determinado 
ou 
determinável. 
CONDIÇÃO 
TERMO 
ENCARGO 
FORMA Inobservância 
de lei. 
Prescrita ou 
não proibida 
por lei. 
CONDIÇÃO 
TERMO 
ENCARGO 
VONTADE Simulação, 
coação física*. 
Erro 
substancial, 
dolo essencial, 
coação moral, 
estado de 
perigo, lesão 
e fraude 
contra 
credores. 
Livre, de boa-
fé e 
consciente. 
CONDIÇÃO 
TERMO 
ENCARGO 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 5 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
*posição não pacífica na doutrina. Alguns autores defendem que a coação física 
irresistível acarreta a inexistência do negócio jurídico; outros dizem que ela provoca 
a nulidade absoluta do ato negocial. 
Dentre os elementos essenciais, são comuns a todos os negócios 
jurídicos a capacidade do agente, o objeto lícito possível e determinado, 
além da vontade (consentimento); ao passo que a forma do ato jurídico e a 
prova do ato negocial (estudada no fim da aula) são elementos essenciais 
particulares, pois podem variar de acordo com a natureza de cada negócio 
jurídico. 
Segue tabela: 
ELEMENTOS 
ESSENCIAIS 
COMUNS 
agente, objeto e vontade 
(consentimento). ELEMENTOS 
ESSENCIAIS 
PARTICULARES forma e prova do ato negocial. 
ELEMENTOS 
ACIDENTAIS 
condição, termo e encargo. 
O agente é o primeiro elemento objetivo e, para o negócio jurídico ser 
válido, a pessoa que o celebra deve ser plenamente capaz. Caso contrário o 
negócio jurídico pode ser nulo (nulidade absoluta) no caso de ser celebrado 
por pessoa absolutamente incapaz sem a devida representação ou anulável 
(nulidade relativa) no caso do agente ser relativamente capaz e não houver 
a devida assistência. 
Entretanto, é interessante a citação do art. 180 do CC. 
Art. 180 do CC - O menor, entre dezesseis e dezoito anos, não pode, 
para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a 
ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, 
declarou-se maior. 
O menor, entre dezesseis e dezoito anos não poderá invocar a 
proteção legal em favor de sua incapacidade para eximir-se da obrigação ou 
para anular um ato negocial que tenha praticado, sem a devida assistência, 
se agiu dolosamente, escondendo sua idade, quando inquirido pela outra 
parte, ou se espontaneamente se declarou maior. Conclui-se que, em tais 
circunstancias, o menor relativamente incapaz não pode alegar sua 
menoridade para escapar da obrigação contraída. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 6 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
No que tange ao objeto, para o negócio jurídico ser válido, o objeto 
deve ser lícito (de acordo com a lei, moral, ordem pública e bons costumes -
ex: é vedado o contrato de herança de pessoa viva pelo art. 426 do CC); 
deve ser possível (ex: não pode ser objeto de contrato uma viagem para 
júpiter); e determinado (individualizado) ou, ao menos, determinável -
passível de individualização em um momento futuro (ex: não se pode 
comprar um animal sem especificar a espécie). Caso contrário, o negócio 
jurídico será nulo. 
A forma é o meio de exteriorização da vontade. Quando observada 
quanto à disponibilidade e considerando o conjunto de exigências e 
permissões legais que a envolves, a forma pode ser: 
1) Forma livre ou geral: é a regra adotada pelo art. 107 do CC. Em 
regra os negócios jurídicos são informais, podendo os agentes adotar a 
forma que bem lhes aprouver (princípio da liberalidade das formas). 
Os negócios jurídicos, cujo valor não exceda a dez vezes o valor do 
salário mínimo vigente poderão ser verbais, sendo que para efeito de 
prova serão indispensáveis as testemunhas do ato (art. 227 do CC). 
Art. 107 do CC - A validade da declaração de vontade não dependerá de 
forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir. 
Art. 227 do CC - Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente 
testemunhal só se admite nos negócios jurídicos cujo valor não 
ultrapasse o décuplo do maior salário mínimo vigente no País ao tempo 
em que foram celebrados. 
2) Forma especial ou solene: é aquela que, por lei, não pode ser 
preterida por outra; logicamente, como já foi dito, não constitui a 
regra. Pode se apresentar sob três tipos: 
2.1) Forma especial ou solene única: neste tipo a lei prevê uma 
formalidade essencial e não admite qualquer outra configuração, como 
é o caso dos arts. 108, 1.227, 1.245 e 1.653 do CC. 
- No art. 108 do CC, temos que, salvo disposição legal em contrário, 
os negócios jurídicos que versem sobre bens imóveis e superem o 
valor de 30 salários mínimos devem ser realizados sobre a forma de 
escritura pública. 
Art. 108 do CC - Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é 
essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 7 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de 
valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
- Nos arts. 1.227 e 1.245 do CC, temos a base legal para o brocado: 
"quem não registra não é dono", que se refere aos bens imóveis. 
Art. 1.227 do CC - Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou 
transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no 
Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 
1.247), salvo os casos expressos neste Código. 
Art. 1.245 do CC - Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o 
registro do título translativo no Registro de Imóveis. 
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a 
ser havido como dono do imóvel. 
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação 
de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente 
continua a ser havido como dono do imóvel. 
- No art. 1.653 do CC, percebemos que o pacto antenupcial, 
documento que define o regime de bens de um casamento, deve 
ser celebrado sob a forma de escritura pública. 
Art. 1.653 do CC - É nulo o pacto antenupcial se não for feito por 
escritura pública, e ineficaz se não lhe seguir o casamento. 
2.2) Forma Plural: as vezes a lei faculta a prática do ato negocial 
mediante duas ou mais formas prescritas, como na instituição do bem 
de família e na instituição de uma fundação que podem ser por 
escritura pública ou testamento (arts. 62 e 1.711 do CC). 
Art. 62 do CC - Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por 
escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres, 
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira 
de administrá-la. 
Art. 1.711 do CC - Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante 
escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio 
para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do 
patrimônio líquido existente ao tempo da instituição, mantidas as regras 
sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei 
especial. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 8 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
2.3) Forma genérica: segundo a Profa. Maria Helena Diniz, tal forma 
"implica uma solenidade mais geral, imposta pela norma jurídica". 
Caracteriza-sepor um conjunto de elementos escritos tal como ocorre 
no contrato de empreitada (art. 619 do CC). Para exigir aumento no 
preço, motivado por mudança nas especificações da obra, o 
empreiteiro deverá comprovar o alegado mediante documentação das 
instruções recebidas do contratante. 
Art. 619 do CC - Salvo estipulação em contrário, o empreiteiro que se 
incumbir de executar uma obra, segundo plano aceito por quem a 
encomendou, não terá direito a exigir acréscimo no preço, ainda que 
sejam introduzidas modificações no projeto, a não ser que estas resultem 
de instruções escritas do dono da obra. 
3) Forma contratual: é a que resulta da convenção das partes. Como 
exemplo, o art. 109 do CC faz entender que o negócio jurídico de 
forma livre pode ser transformado em solene pelas partes. 
Art. 109 do CC - No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não 
valer sem instrumento público, este é da substância do ato. 
Graficamente temos o seguinte: 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 9 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
O elemento que trata da vontade será estudado em um tópico 
específico que possui como título: defeitos do negócio jurídico. A seguir, 
trataremos dos elementos acidentais do negócio jurídico: a condição, o 
termo e o encargo ou modo. 
A condição é uma cláusula que subordina a eficácia do negócio 
jurídico a evento futuro e incerto. Dessa forma, para que se configure o 
negócio condicional são necessários dois requisitos: a futuridade e a 
incerteza. Ou seja, não se considera condição o fato passado ou presente, 
mas somente o futuro. Como exemplo, temos a promessa de R$ 1.000,00 
de uma pessoa a outra, caso o Flamengo seja campeão da Copa 
Libertadores 2010. O negócio em questão é futuro (só saberemos o 
campeão em agosto de 2010) e incerto (pode ser campeão ou não), por 
isso, configura-se uma condição. 
Art. 121 do CC - Considera-se condição a cláusula que, derivando 
exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio 
jurídico a evento futuro e incerto. 
Existem diversas classificações para as condições. As principais são: 
I) Quanto ao modo de atuação, as condições podem ser: suspensivas ou 
resolutivas. 
- Condição suspensiva: as partes protelam, temporariamente, a 
eficácia do ato negocial até a realização do evento futuro e incerto. 
Ex: te dou um carro se você ganhar o jogo de futebol. 
Art. 125 do CC - Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à 
condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá 
adquirido o direito, a que ele visa. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 10 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Exemplos de condições suspensivas citados pela Profa. Maria Helena 
Diniz: 
a) comprarei seu quadro se ele for aceito numa exposição 
internacional; 
b) adquirirei o cavalo "Fogo Branco" se ele vencer a corrida no 
Grande Prêmio promovido, daqui a três meses, pelo Jockey Club 
de São Paulo; e 
c) doarei meu apartamento se você casar. 
- Condição resolutiva: a ocorrência do evento futuro e incerto resolve 
(extingue) o direito transferido pelo negócio jurídico. 
Ex: te dou uma "mesada" enquanto você estudar. 
Art. 127 do CC - Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não 
realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a 
conclusão deste o direito por ele estabelecido. 
Exemplos de condições resolutivas citados pela Profa. Maria Helena 
Diniz: 
a) constituo uma renda em seu favor, enquanto você estudar; 
b) cedo-lhe esta casa, para que nela resida, enquanto for solteiro; e 
c) compro-lhe esta fazenda, sob a condição do contrato se resolver se 
gear nos próximos três anos. 
II) Quanto à participação da vontade dos sujeitos, as condições podem 
ser: causais, potestativas, mistas e promíscuas. 
- Condições causais: são as que dependem do acaso, de um 
acontecimento fortuito ou de força maior, ou seja, de um fato alheio à 
vontade das partes. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 11 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Ex: Dar-te-ei uma jóia se chover amanhã. 
- Condições potestativas: são as que decorrem da vontade de uma 
das partes. Podem ser: 
a) Puramente potestativas: são as que se sujeitam ao puro 
arbítrio de uma das partes, valendo dizer que a sua 
ocorrência depende exclusivamente da vontade da pessoa, 
independente de qualquer fator externo. Nos termos do art. 
122, 2a parte, do CC, tais condições são ilícitas. 
Ex: Dar-te-ei determinada quantia em dinheiro o dia em que 
eu vestir meu terno cinza. 
Art. 122 do CC - São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias 
à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas 
se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o 
sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. 
Exemplos de condições puramente potestativas citados pela Profa. 
Maria Helena Diniz: 
a) constituição de uma renda em seu favor se você vestir tal roupa 
amanhã; e 
b) aposição de cláusula que, em contrato de mútuo, dê ao credor 
poder unilateral de provocar o vencimento antecipado da dívida, 
diante de simples circunstância de romper-se o vínculo 
empregatício entre as partes. 
b) Simplesmente potestativas: são as que se sujeitam à 
vontade de uma das partes conjugada com fatores externos 
que escapam ao seu controle. Ou seja, além do arbítrio, 
exige-se uma atuação especial do sujeito. 
Ex: Dar-te-ei dois mil reais no dia que eu conseguir viajar 
para a Europa. Para tal viagem se realizar depende de tempo 
e dinheiro, não ficando, então, a condição sujeita ao arbítrio 
exclusivo de uma pessoa. 
Exemplos de condições simplesmente potestativas citados pela Profa. 
Maria Helena Diniz: 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 12 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
a) doação a um cantor de ópera, condicionada ao fato de 
desempenhar bem um determinado papel; e 
b) comodato (empréstimo) de casa a alguém se for até Paris para 
inscrever-se num concurso de artes plásticas. 
- Condições mistas: são as que dependem, simultaneamente, da 
vontade de uma das partes e da vontade de um terceiro. 
Ex: Dar-te-ei dois mil reais se casares com Maria. 
Exemplo de condição mista citado pela Profa. Maria Helena Diniz: 
Dar-lhe-ei este apartamento se você casar com Paulo antes de sua 
formatura, ou se constituir sociedade com João. 
- Condições promíscuas: é a que se caracteriza no momento inicial 
como potestativa, vindo a perder tal característica por fato 
superveniente alheio à vontade do agente, que venha a dificultar sua 
realização. 
Exemplo de condição promíscua citado pela Profa. Maria Helena Diniz: 
dar-lhe-ei dois mil reais se você, campeão de futebol, jogar no 
próximo torneio. 
A condição em questão passará a ser promíscua se o jogador vier a 
machucar a perna. 
III) Quanto à possibilidade as condições podem ser possíveis e 
impossíveis. Além disso, subdividem-se em fisicamente ou juridicamente 
possíveis ou impossíveis. 
- Condições fisicamente impossíveis: são as que contrariam as leis 
da natureza. 
Ex: colocar toda a água do oceano em um copo. 
- Condições juridicamente impossíveis: são a que contrariam a 
ordem legal. 
Ex: negócio jurídico que tenha por objeto herança de pessoa viva (ver 
art. 426 do CC). 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 13 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Art. 426 do CC - Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa 
viva. 
- Condições fisicamente possíveis: sãoas que não contrariam as leis 
da natureza. 
- Condições juridicamente possíveis: são a que não contrariam a lei, 
a ordem pública ou os bons costumes. 
É interessante fazer uma observação sobre as condições impossíveis 
com base nos art. 123, I e 124 do CC. 
Art. 123 do CC - Invalidam os negócios jurídicos que lhes são 
subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando 
suspensivas; 
Art. 124 do CC - Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, 
quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. 
Dependendo do tipo de condição impossível temos efeitos distintos 
para o negócio jurídico: 
- Condição impossível suspensiva: invalida o negócio jurídico (nulidade 
absoluta), pois o evento futuro e incerto nunca vai ocorrer e o negócio 
nunca vai produzir efeitos; 
Ex: Vou te dar uma "mesada" quando o Congresso Nacional (CN) suprimir 
da Constituição Federal (CF) o direito à vida. 
- Condição impossível resolutiva: considera-se inexistente a condição, 
pois ela nunca vai ocorrer e, consequentemente, o negócio continuará 
produzindo efeitos. 
Ex: Vou te dar uma "mesada", mas a cancelarei se o Congresso Nacional 
(CN) suprimir da Constituição Federal (CF) o direito à vida. 
Como o direito à vida é uma cláusula pétrea nunca haverá tal 
supressão. 
IV) Quanto à licitude, as condições podem ser: lícitas e ilícitas. 
- Condições lícitas: quando o evento que a constitui não for contrário 
à lei, à ordem pública, à moral e aos bons costumes. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 14 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
- Condições ilícitas: são aquelas condenadas pela norma jurídicas, 
pela moral e pelos nos costumes. 
Exemplos de condições ilícitas citados pela Profa. Maria Helena Diniz: 
a) prometer uma recompensa sob a condição de alguém viver em 
concubinato impuro; 
b) entregar-se à prostituição; 
c) furtar certo bem; 
d) dispensar, se casado, os deveres de coabitação e fidelidade mútua; 
e 
e) não se casar. 
O termo representa o dia em começa ou se extingue a eficácia do 
negócio jurídico. Quando convencionado no contrato, o termo subordina o 
efeito do negócio jurídico a um evento futuro e certo. Ou seja, 
corresponde a uma data certa para iniciar ou terminar a eficácia do ato 
negocial. 
O termo pode ser: 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 15 
RESUMO SOBRE A CLASSIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES 
I) Quanto ao modo de atuação: suspensivas ou resolutivas. 
II) Quanto à participação da vontade dos sujeitos: causais, potestativas, 
mistas e promíscuas. 
III) Quanto à possibilidade: possíveis ou impossíveis (física ou juridicamente). 
IV) Quanto à licitude: lícitas e ilícitas. 
IMPORTANTE !!! 
CONDIÇÃO: evento futuro e incerto; 
TERMO: evento futuro e certo. 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
a) Inicial (dies a quo) ou suspensivo: fixa o momento em que a 
eficácia do negócio jurídico deve iniciar, retardando o exercício do 
direito. 
Ex: um contrato de locação celebrado no dia 20 de um mês para ter 
vigência no dia 1o do mês seguinte. 
Art. 131 do CC - O termo inicial suspende o exercício, mas não a 
aquisição do direito. 
b) Final (dies ad quem ou ad diem) ou resolutivo: determina a data da 
cessação dos efeitos do ato negocial, extinguindo as obrigações dele 
oriundas. 
Ex: o contrato de locação se encerra no dia 31 de dezembro do ano 
que vem. 
c) Certo: se sefere a um evento futuro e certo de ocorrer em data certa 
do calendário (dia, mês e ano), ou quando fixa certo lapso de tempo. 
Ex: data certa - 15 de dezembro de 2009; lapso de tempo - daqui a 6 
meses. 
d) Incerto: quando se refere a um acontecimento futuro e certo de 
ocorrer, que ocorrerá em data incerta. 
Ex: um imóvel passa a ser de outrem a partir da morte de seu 
proprietário. 
A morte é um evento certo (todos irão morrer um dia) que acontecerá 
em uma data incerta. 
O art. 132 do CC estabelece a forma de contagem dos prazos: 
Art. 132 do CC - Salvo disposição legal ou convencional em contrário, 
computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do 
vencimento. 
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o 
prazo até o seguinte dia útil. 
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de 
início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. 
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 16 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
O encargo, também chamado de modo, é uma cláusula imposta nos 
negócios gratuitos, que restringe a vantagem do beneficiado. Como 
exemplo, temos a doação de um terreno a determinada pessoa para lá ser 
construído um asilo. Trata-se de uma cláusula acessória aos atos que 
possuem caráter de liberalidade (doações e testamentos) pelo qual se impõe 
um ônus ou obrigação ao beneficiário. È admitido também em declarações 
unilaterais de vontade tal como uma promessa de recompensa. 
Pelo art. 553 do CC, concluímos que: 
Art. 553 do CC - O donatário é obrigado a cumprir os encargos da 
doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse 
geral. 
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério 
Público poderá exigir sua execução, depois da morte do doador, se este 
não tiver feito. 
Se um encargo decorrente de uma doação for de interesse geral, a 
exigência de seu cumprimento pode ter como origem o Ministério Público na 
hipótese do doador já haver morrido e ainda não ter feito tal exigência. 
Dispõe o art. 136 do CC que: 
Art. 136 do CC - O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do 
direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo 
disponente, como condição suspensiva. 
Dessa forma, a partir do momento em que for aberta a sucessão, o 
domínio e a posse dos bens transmitem-se imediatamente aos herdeiros 
nomeados, com a obrigação de cumprir o encargo a eles imposto. Se esse 
encargo não for cumprido, a liberalidade poderá ser revogada. Ou seja, se 
uma pessoa recebe um terreno como herança, com o encargo de construir 
um asilo em tal terreno, a propriedade do terreno é adquirida antes da 
construção do asilo, pois o encargo (construção do asilo) não suspende a 
aquisição do direito (propriedade do terreno). 
Outro dispositivo que merece uma análise é o art. 137 do CC. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 17 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Art. 137 do CC - Considera-se não escrito o encargo ilícito ou 
impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, 
caso em que se invalida o negócio jurídico. 
A regra é que o encargo ilícito ou impossível seja considerado não 
escrito, sendo mantida a validade do negócio jurídico. Porém, se o encargo 
ilícito ou impossível for a razão determinante da liberalidade (motivo 
principal do negócio), o ato negocial será invalidado. Ou seja, deve-se 
analisar no caso concerto se o encargo é o motivo principal ou secundário do 
negócio jurídico. Caso seja principal ocorre invalidade, caso seja secundário, 
mantém-se a validade do ato negocial. 
A reserva mental representa a emissão de uma declaração de 
vontade não desejada em seu conteúdo, tampouco em seu resultado, pois o 
declarante tem por único objetivo enganar o declaratário. Trata-se de um 
inadimplemento premeditado. O assunto é tratado no art. 110 do CC. 
Art. 110 do CC - A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu 
autor haja feito a reservamental de não querer o que manifestou, salvo 
se dela o destinatário tinha conhecimento. 
De acordo com o dispositivo legal em questão, duas situações podem 
ocorrer: 
1. Reserva mental lícita: é a reserva mental desconhecida pelo 
destinatário, onde o ato negocial subsistirá e o contratante deverá 
cumprir a obrigação assumida; e 
2. Reserva mental ilícita: é a reserva mental conhecida pelo 
destinatário, ou seja, o destinatário sabe do inadimplemento 
premeditado por parte do contratante. Neste caso ocorre a 
invalidade do negócio jurídico. 
Conclui-se que o conhecimento ou não da reserva mental importa 
diferentes conseqüências jurídicas. 
RESERVA MENTAL 
DESCONHECIDA PELA OUTRA 
PARTE (LÍCITA) 
O ato negocial subsistirá e será 
válido. 
CONHECIDA PELA OUTRA 
PARTE (ILÍCITA) 
O ato negocial será inválido 
(nulidade absoluta). 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 18 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Os defeitos do negócio jurídico são imperfeições oriundas da 
declaração de vontade das partes acarretando nos vícios de 
consentimento do agente. Entretanto, há casos em que se tem uma 
vontade funcionando normalmente, havendo até mesmo correspondência 
entre a vontade interna e sua manifestação, porém, ela se desvia da lei ou 
da boa-fé, violando direitos ou prejudicando terceiros, sendo, dessa 
forma, o negócio jurídico suscetível de invalidação. Trata-se dos vícios 
sociais. 
O erro ou ignorância é a noção falsa acerca de um objeto ou de 
determinada pessoa. Ocorre o erro quando o agente se engana sobre 
alguma coisa. Como exemplo, temos a pessoa que compra um relógio 
dourado, supondo que é de ouro. Para acarretar a anulação do negócio 
jurídico, o erro deve ser substancial. 
Art. 138 do CC - São anuláveis os negócios jurídicos, quando as 
declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser 
percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do 
negócio. 
Art. 139 do CC - O erro é substancial quando: 
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da 
declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; 
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se 
refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo 
relevante; 
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o 
motivo único ou principal do negócio jurídico. 
Temos dois grandes tipos de erros. O erro substancial é aquele de 
tal importância que, se fosse conhecida a verdade, o consentimento não se 
externaria. Ou seja, funciona como razão determinante para a realização do 
negócio jurídico e, por isso, é causa de anulabilidade. Diferente é o erro 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 19 
VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, lesão, estado de perigo e coação. 
VÍCIOS SOCIAIS: simulação e fraude contra credores. 
DEFEITOS E INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
acidental, onde se fosse conhecida a verdade, ainda assim o ato negocial 
se realizaria, embora de maneira menos onerosa. O erro acidental não 
provoca a anulação do negócio jurídico. 
Tipos de erro susbstancial (conforme o art. 139 do CC): 
- Erro sobre a natureza do ato negocial (error in ipso negotio): ocorre 
quando a pessoa que pratica determinado negócio interpreta mal a realidade 
e acaba praticando outro tipo de negócio. 
Ex: A, com a intenção de vender um imóvel a B, acaba realizando uma 
doação. 
- Erro sobre o objeto principal da declaração (error in ipso corpore): 
ocorre quando atingir o objeto principal da declaração em sua identidade , 
isto é, o objeto não é o pretendido pelo agente. 
Exs: se um contratante supõe estar adquirindo um lote de terreno de 
excelente localização, quando na verdade está comprando um situado em 
péssimo local; pensar estar adquirindo um quadro de Portinari, quando na 
realidade é de um outro pintor. 
- Erro sobre a qualidade essencial do objeto (error in corpore): ocorrerá 
este erro substancial quando a declaração enganosa de vontade recair sobre 
a qualidade essencial do objeto. 
Exs: se a pessoa pensa adquirir um relógio de prata que, na realidade, é de 
aço; adquirir um quadro a óleo, pensando ser de um pintor famoso, do qual 
constava o nome na tela, mas que na verdade era falso. 
- Erro sobre a pessoa e sobre as qualidades essenciais da pessoa 
(error in persona): é aquele que incide sobre a identidade ou as 
características da pessoa. 
Exs: contratar o advogado João da Silva por ser uma pessoa de notório 
conhecimento na área trabalhista e, na verdade, contratar um recém-
formado com nome homônimo; uma moça de boa formação moral se casar 
com um homem, vindo a saber depois que se tratava de um desclassificado 
ou homossexual; fazer um testamento contemplando sua mulher com a 
meação de todos os bens, mas, por ocasião do cumprimento do testamento, 
o Tribunal verificar que a herdeira instituída não é a mulher do testador, por 
ser casada com outro. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 20 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
- Erro de direito (error juris): ocorre quando o agente emite uma 
declaração de vontade no pressuposto falso de que procede conforme a lei. 
Exs: "A" realiza a compra e venda internacional da mercadoria "X" sem 
saber que sua exportação foi proibida legalmente; "A" adquire de "B" o lote 
"X" ignorando que lei municipal proibia loteamento naquela localidade. 
A seguir temos outros tipos de erros:. 
O erro de cálculo é um erro acidental (não anula o ato negocial) que 
recai sobre dados aritméticos de uma conta. Tal erro não causa a 
anulabilidade do negócio jurídico, pois pode ser corrigido. 
Art. 143 do CC - O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da 
declaração de vontade. 
O erro quanto ao fim colimado está relacionado com o motivo do 
negócio e, não sendo determinante do negócio, não pode ser considerado 
essencial; consequentemente, não poderá acarretar a anulação do ato 
negocial. É o que diz o artigo 140 do CC. 
Art. 140 do CC - O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando 
expresso como razão determinante. 
O erro acidental in qualitate diz respeito às qualidades secundárias 
ou acessórias da pessoa (ex: se é casada ou solteira) ou do objeto (ex: 
comprar o lote 27 e receber o de n. 72 por erro de digitação). Tal erro não 
induz a anulação do ato negocial por não incidir sobre a declaração de 
vontade, caso seja possível, por seu contexto e pelas circunstâncias, 
identificar a pessoa ou a coisa. É o que diz o art. 142 do CC. 
Art. 142 do CC - O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se 
referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu 
contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa 
cogitada. 
O último erro a ser estudado é o erro na transmissão de vontade 
por meios interpostos (art. 141 do CC) que é o erro por defeito de 
intermediação mecânica ou pessoal, que altera a vontade declarada na 
efetivação do ato negocial. Ex.: Alguém recorre a rádio, televisão, telefone 
etc. para transmitir uma declaração de vontade, e o veículo utilizado, devido 
a interrupção ou deturpação sonora, o fizer com incorreções acarretando 
desconformidade entre a vontade declarada e a interna. Esse tipo de erro só 
anula o negócio se a alteração verificada vier a prejudicar o real sentido da 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 21 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
declaração expedida. Em caso contrário, ele será insignificante e o negócio 
efetivado prevalecerá. 
Art.141 do CC - A transmissão errônea da vontade por meios interpostos 
é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. 
O dolo é o emprego de um artifício astucioso para induzir alguém à 
prática de um negócio jurídico. Como exemplo, temos o vendedor que induz 
o cliente a acreditar que um relógio simplesmente dourado é de ouro. 
Observação: O erro diferencia-se do dolo. No erro a vítima se 
engana sozinha, ao passo que, no dolo, a vítima é enganada pela 
má-fé alheia. 
Existem vários tipos de dolo, dentre eles destacamos: 
a) dolo principal ou essencial (art. 145 do CC): é aquele que dá causa ao 
negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído, acarretando a 
anulabilidade do ato negocial. Além de possibilitar a anulação, o dolo 
essencial enseja indenização por perdas e danos. 
Art. 145 do CC - São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando 
este for a sua causa. 
b) dolo acidental (dolus incidens) (art. 146 do CC): é o que leva a vítima 
a realizar o negócio jurídico, porém em condições mais onerosas ou menos 
vantajosas, não afetando sua declaração de vontade, embora venha 
provocar desvios. Não é causa de anulabilidade por não interferir 
diretamente na declaração de vontade, mas enseja indenização por perdas 
e danos. 
Art. 146 do CC - O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e 
danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, 
embora por outro modo. 
Temos o seguinte: 
DOLO ESSENCIAL NULIDADE RELATIVA + PERDAS E DANOS 
DOLO ACIDENTAL SÓ PERDAS E DANOS 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 22 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
O dolo de terceiro é aquele oriundo de uma terceira pessoa que não 
é parte no negócio jurídico. Só será causa de anulabilidade do negócio 
jurídico quando a parte beneficiada souber ou tiver a possibilidade de saber 
sobre a sua existência, tal como no caso de terceiro que utiliza o artifício a 
mando de um dos contratantes. O assunto tem como base o art. 148 do CC. 
Art. 148 do CC - Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de 
terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter 
conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o 
terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem 
ludibriou. 
Ou seja, a anulação decorrente de dolo de terceiro depende do 
conhecimento da parte beneficiada. 
Sobre o dolo bilateral (de ambas as partes) é interessante lermos o 
art. 150 do CC. 
Art do CC - 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma 
pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. 
Conclui-se que o dolo bilateral não é capaz de anular o negócio 
jurídico, tampouco gerar indenização por perdas e danos. O ato negocial em 
que houver dolo bilateral será válido. 
Outro artigo interessante é o art. 149 do CC. 
Art. 149 do CC - O dolo do representante legal de uma das partes só 
obriga o representado a responder civilmente até a importância do 
proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o 
representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. 
Entende-se que o dolo utilizado pelo representante convencional 
(responsabilidade solidária com o representante por perdas e danos) é mais 
grave que o utilizado pelo representante legal (responsabilidade limitada 
ao proveito obtido com o dolo). Tal fato ocorre em razão da escolha do 
representante. No caso do representante legal (pai, mãe, tutor, curador), o 
representando não manifesta sua vontade, pois a pessoa é indicada por lei; 
entretanto, na escolha do representante convencional (mandatário ou 
procurador), a escolha decorre da manifestação de vontade acarretando 
uma maior responsabilidade na hipótese de haver dolo por parte do 
representante. 
Veja o esquema a seguir: 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 23 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
DOLO DO 
REPRESENTANTE 
LEGAL 
Ex: pais, tutores, 
curadores, etc. 
responsabilidade do representado 
limitada ao proveito obtido com o 
dolo. 
DOLO DO 
REPRESENTANTE CONVENCIONAL 
Ex: procuradores, 
gestores de 
negócios, etc. 
responsabilidade solidária entre o 
representante e o representado 
nas perdas e danos. 
O dolo negativo (art. 147 do CC) é aquele resultante de uma omissão 
intencional para induzir um dos contratantes (conduta negativa). Pode 
acarretar a anulação do ato negocial se for o motivo determinante (dolo 
principal). Se for acidental enseja, apenas, perdas e danos. 
Art. 147 do CC - Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional 
de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja 
ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio 
não se teria celebrado. 
É o que acontece quando alguém omite uma moléstia grave ao 
celebrar um seguro de vida. 
O art. 156 do CC define o que vem a ser estado de perigo. 
Art. 156 do CC - Configura-se o estado de perigo quando alguém, 
premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de 
grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação 
excessivamente onerosa. 
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do 
declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. 
O estado de perigo representa a assunção de uma obrigação 
excessivamente onerosa (exorbitante) para evitar um dano pessoal que é 
do conhecimento da outra parte contratante. Grosseiramente falando, o 
declarante de encontra diante de uma situação que deve optar entre dois 
males: sofrer o dano ou participar de um contrato que lhe é excessivamente 
oneroso. Vejamos alguns clássicos exemplos: 
a) doente que concorda com altos honorários exigidos pelo médico 
cirurgião; 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 24 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
b) venda de bens abaixo do preço para levantar o dinheiro necessário ao 
resgate do seqüestro do filho ou para pagar uma cirurgia médica 
urgente; 
c) promessa de recompensa ou doação de quantia vultosa feita, por um 
acidentado, a alguém, para que o salve, etc. 
A lesão é um vício de consentimento decorrente do abuso praticado 
em situação de desigualdade de um dos contratantes, por estar sob 
premente necessidade, ou por inexperiência, com o objetivo de protegê-lo 
diante do prejuízo sofrido na conclusão de um negócio jurídico em 
decorrência da desproporção existente entre as prestações das duas partes. 
Trata-se de um dano patrimonial. Diz o art. 157 do CC: 
Art. 157 do CC - Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente 
necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta. 
§ 1o Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores 
vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. 
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento 
suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. 
Para exemplificar: alguém prestes a ser despejado procura um imóvel 
para abrigar a sua família e exercer seu negócio profissional, e o 
proprietário, mesmo não tendo conhecimento do fato, eleva o preço do 
aluguel. Ou então, a pessoa que, para evitar a falência, vende imóvel seu a 
preço inferior ao de mercado, em razão da falta de disponibilidade líquida 
para pagar seus débitos. 
A lesão pode ser de três tipos: enorme, especial e usurária. 
a) Lesão enorme: caracteriza-se pela simples desproporção entre as 
prestações. É o lucro exorbitante obtido por uma das partes 
contratantes. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 25 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITOCIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
b) Lesão especial: exige, além do lucro excessivo, a situação de 
necessidade ou inexperiência da parte prejudicada. É a lesão adotada 
pelo CC em seu art. 157. 
c) Lesão usurária: além do lucro excessivo e da situação de 
necessidade ou inexperiência da parte lesada, para se caracterizar, 
exige, ainda o dolo de aproveitamento, consistente na má-fé da parte 
beneficiada. 
Apesar do CC fazer referência à lesão especial, a doutrina entende 
suficiente a lesão enorme para que o ato negocial possa ser anulado. È o 
que se entende do Enunciado 290 do CJF, aprovado na IV Jornada de Direito 
Civil: "A lesão acarretará a anulação do negócio jurídico quando verificada, 
na formação deste, a desproporção manifesta entre as prestações assumidas 
pelas partes, não se presumindo a premente necessidade ou a inexperiência 
do lesado". 
Para que o ato negocial esteja sujeito à anulação em razão da lesão, 
alguns pressupostos devem ser satisfeitos, dentre eles temos: o lucro 
exorbitante da outra parte e uma situação de dano patrimonial. Se houver 
dano pessoal não cabe a lesão, mas sim o estado de perigo. 
A coação é uma pressão física ou moral exercida sobre alguém para 
induzi-lo à prática de um determinado negócio jurídico. Trata-se de violência 
ou ameaça que infringe a liberdade de decisão do coagido, tornando-se mais 
grave que o dolo, pois este afeta apenas a inteligência da vítima. Pode ser 
física ou moral, mas o CC só trata da coação moral. 
Art. 151 do CC - A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser 
tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e 
considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. 
Parágrafo único. Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do 
paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 26 
IMPORTANTE !!!! 
Lesão enorme: lucro exorbitante; 
Lesão especial: lucro exorbitante + necessidade ou inexperiência; 
Lesão usurária: lucro exorbitante + necessidade ou inexperiência + má-fé (dolo). 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
- Coação física (vis absoluta): ocorre quando a vontade do coagido é 
completamente eliminada. Ou seja, o constrangimento corporal faz com que 
a capacidade de querer de uma das partes seja totalmente eliminada. 
Segundo a Profa. Maria Helena Diniz, é uma causa de nulidade absoluta 
do negócio jurídico, mas há quem caracterize como uma causa de 
inexistência do negócio jurídico. 
Ex: se alguém segurar a mão da vítima, apontando-lhe uma arma e 
forçando-a a assinar um determinado documento. 
- Coação moral (vis compulsiva): ocorre quando a vítima sofre uma 
grave ameaça, indutiva da prática do negócio jurídico, podendo, porém, 
optar entre o ato e o dano, com que é ameaçada. Ou seja, não obstante a 
chantagem do autor, a vítima conserva relativamente a sua vontade. É a 
coação tratada no art. 151 do CC e que pode ser causa de anulabilidade 
(nulidade relativa) do negócio jurídico. 
Ex: o assaltante que ameaça a vítima dizendo: "a bolsa ou a vida". 
Através do art. 151 do CC, percebemos que para a coação servir de 
fundamento para a anulação de um negócio jurídico ela pode ser dirigida da 
seguinte forma: 
- contra a pessoa do próprio contratante; 
- contra a pessoa da família do contratante; 
- contra os bens do contratante; 
- contra pessoa não pertencente à família do contratante, mas neste caso o 
magistrado deve analisar se as relações de afetividade são fortes o bastante 
para se configurar uma situação de coação. 
Ainda sobre a coação moral irresistível, no decorrer da coação deve-se levar 
em conta as características do coator, do coagido e da situação (art. 152 do 
CC). Por isso, não se caracteriza a coação moral se uma idosa de 92 anos, 
com 1,50m de altura e 41 kg ameaçar bater em Janjão Brutamontes, 29 
anos, lutador de "Vale-Tudo", com 2,12m e 135 kg. 
Art. 152 do CC - No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a 
idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as 
demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. 
Finalizando a coação temos o exercício normal de um direito e o 
simples temor reverencial, citados no art. 153 do CC, que não caracterizam 
a coação moral. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 27 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Art. 153 do CC - Não se considera coação a ameaça do exercício 
normal de um direito, nem o simples temor reverencial. 
AMEAÇA DO 
EXERCÍCIO 
NORMAL DE UM 
DIREITO 
Ex: Se o credor de uma dívida vencida e não 
paga ameaçar o devedor de protestar o título e 
requerer falência, não se configurará coação, 
por ser ameaça justa que se prende ao 
exercício normal de um direito. Logo, o 
devedor não poderá reclamar a anulação do 
protesto. 
TEMOR 
REVERENCIAL 
É o receio de desgostar ascendente (pai, mãe, 
tio, etc.) ou pessoa a quem se deve obediência 
e respeito. Desde que não haja ameaças ou 
violências irresistíveis, o ato negocial não pode 
ser anulado. 
A fraude contra credores (vício social) constitui a prática maliciosa 
pelo devedor insolvente (aquele cujo patrimônio passivo é superior ao 
patrimônio ativo) de atos que desfalcam o seu patrimônio, com o fim de 
colocá-lo a salvo de uma execução por dívidas em detrimento dos direitos 
creditórios alheios. Segundo a Profa. Maria Helena Diniz possui dois 
elementos: 
1) eventus damini (elemento objetivo): é todo ato prejudicial ao credor 
por tornar o devedor insolvente ou por ter sido realizado em estado de 
insolvência, ainda quando o ignore, ou ante o fato de a garantia tornar-se 
insuficiente depois de executada; e 
2) consilium fraudis (elemento subjetivo): é a má-fé, a intenção de 
prejudicar do devedor ou do devedor aliado a terceiro, ilidindo os efeitos 
da cobrança. 
Vide o art. 158 do CC. 
Art. 158 do CC - Os negócios de transmissão gratuita de bens ou 
remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 28 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados 
pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. 
Quando o ato prejudicial ao credor for gratuito (transmissão gratuita e 
remissão de dívidas), então, para que os credores prejudicados com o ato 
tenham o direito de anular, não é necessário que se prove a má-fé 
(consilium fraudis). Ou seja, nos negócios gratuitos o elemento subjetivo é 
desnecessário para se caracterizar a fraude contra credores. 
Para exemplificar melhor a fraude contra credores, veja o esquema a 
seguir que tem como base um balanço patrimonial de uma empresa, onde o 
ATIVO = PASSIVO + PATRIMÔNIO LÍQUIDO: 
A situação descrita acima é de insolvência, pois o patrimônio líquido é 
negativo (-20.000). Dessa forma, caso a empresa em questão resolva doar 
o dinheiro que está no caixa para o projeto "criança esperança", os credores 
poderão anular a doação alegando fraude contra credores. O mesmo ocorre 
na remissão (perdão da dívida) das duplicatas a receber. Por fim, também 
pode ser utilizada a ação pauliana caso os imóveis que valem R$ 240.000,00 
sejam vendidos dolosamente por R$ 50.000,00. 
A fraude à execução (FE) diferencia-se da fraude contra credores (FC). 
Veja a tabela a seguir com as principais diferenças: 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 29 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃOÉ defeito do negócio jurídico, 
regulada no direito privado 
(Código Civil) 
É incidente do processo, regulada 
no direito público (Código de 
Processo Civil) 
Ocorre quando o devedor ainda 
não responde à nenhuma ação 
ou execução. 
Pressupõe que exista uma 
demanda (ação) em andamento. 
Só pode ser alegada em ação 
pauliana ou revocatória. 
Pode ser alegada incidentalmente; 
não depende da propositura de 
nenhuma ação específica. 
Exige-se a prova da má-fé do 3.° 
adquirente, em se tratando de 
negócios onerosos. 
Não é exigida a prova da má-fé do 
3.° adquirente, visto estar 
presumida. 
O outro vício social, além da fraude contra credores, é a simulação 
que representa um acordo de vontade entre as partes para dar existência 
real a um negócio jurídico fictício, ou então para ocultar o negócio jurídico 
realmente realizado, com o objetivo de violar a lei ou enganar terceiros. 
Conclui-se que são necessários três requisitos para a simulação: 
- acordo entre as partes, ou com a pessoa a quem ela se destina; 
- declaração enganosa de vontade; e 
- intenção de enganar terceiros ou violar a lei. 
São espécies de simulação: 
a) Simulação absoluta: ocorre quando as partes não pretendem realizar a 
celebração de qualquer negócio jurídico. Ou seja, há um acordo simulatório 
em que as partes pretendem que o negócio não produza nenhum efeito de 
modo a não produzir eficácia jurídica. 
Exs: emissão de títulos de crédito, que não representam qualquer negócio, 
feita pelo marido, em favor de amigo, antes da separação judicial para 
prejudicar a mulher na partilha de bens; o proprietário de uma casa alugada 
que, com a intenção de facilitar a ação de despejo contra seu inquilino, finge 
vendê-la a terceiro que, residindo em imóvel alheio, terá maior possibilidade 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 30 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
de vencer a referida demanda; o devedor que finge vender seus bens para 
evitar a penhora, etc. 
b) Simulação relativa: ocorre quando uma pessoa, sob a aparência de um 
negócio fictício, pretende realizar outro que é o verdadeiro, diferente, no 
todo ou em parte, do primeiro. Ou seja, há nessa espécie de simulação, dois 
contratos, um aparente (simulado) e um real (dissimulado), sendo este o 
realmente desejado pelas partes. Como exemplo temos o homem casado 
que faz a doação de um imóvel a sua "amante", mas providencia a lavratura 
de uma escritura de compra e venda. Neste caso a simulação é relativa 
porque existe um ato simulado (compra e venda) praticado para esconder 
um ato dissimulado (doação). Vejamos o art. 167 do CC que trata da 
simulação relativa: 
Art. 167 do CC - É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que 
se dissimulou, se válido for na substância e na forma. 
Conclui-se que, dependendo da situação, o negócio real (dissimulado) 
pode subsistir sem se tornar nulo, caso não ofenda a lei nem cause prejuízos 
a terceiros. O gráfico a seguir simboliza um negócio aparente (fictício) 
escondendo a celebração de um negócio real. 
Em se tratando da simulação relativa, nos termos do art. 167 do CC, é 
possível que subsista o negócio dissimulado se ele for válido na substância e 
na forma. 
Na simulação absoluta o negócio é nulo e insuscetível de convalidação. 
Na simulação relativa o negócio simulado ou fictício (aparente) é nulo, mas o 
negócio dissimulado (escondido) será válido se não ofender a lei nem causar 
prejuízos a terceiros. É o que se depreende do art. 167 do CC. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 31 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
A simulação relativa pode ser de dois tipos: 
I. Simulação relativa subjetiva (ad personam): é aquela em que a 
parte contratante não tira proveito do negócio por ser um sujeito 
aparente, ou seja, a parte aparente ("testa de ferro") repassa os 
direitos a uma terceira pessoa. 
Exs: o homem casado que simula doar um imóvel a um amigo para 
que este o repasse à "amante" do homem casado; venda realizada a 
um terceiro para que ele transmita a coisa a um descendente do 
alienante, a quem se tem a intenção de transferi-la desde o início. 
II. Simulação relativa objetiva: ocorre quando o negócio jurídico (NJ) 
contém declaração não verdadeira a respeito do seu objeto, tal como 
uma escritura pública de compra e venda com preço inferior ao real 
para burlar o fisco através do pagamento de um imposto menor. 
c) Simulação inocente: é a que não objetiva violar a lei ou prejudicar 
terceiro. É o que ocorre na doação mascarada feita por um homem solteiro a 
sua concubina. Parte da doutrina entende que por não prejudicar terceiro, 
deve ser considerada. Entretanto, o Conselho da Justiça Federal entende o 
contrário, conforme exteriorizado na III Jornada de Direito Civil, através do 
Enunciado 152: "Toda simulação, inclusive a inocente, é invalidante". 
Exs: situação em que o de cujus antes de falecer, sem herdeiros 
necessários, simula venda aparente a terceira pessoa a quem pretende 
deixar um legado; a prática do "Fica", documento muito utilizado no Mato 
Grosso do Sul, em que uma das partes recebe dinheiro e declara ter 
recebido gado, que se obriga a devolver. 
d) Simulação maliciosa: é a que objetiva fraudar a lei ou prejudicar 
terceiros. Nesse caso o ato será nulo. 
Segue esquema gráfico sobre a simulação: 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 32 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Os defeitos do negócio jurídico são imperfeições oriundas da 
declaração de vontade das partes acarretando nos vícios de 
consentimento do agente. Entretanto, há casos em que se tem uma 
vontade funcionando normalmente, havendo até mesmo correspondência 
entre a vontade interna e sua manifestação, porém, ela se desvia da lei ou 
da boa-fé, violando direitos ou prejudicando terceiros, sendo, dessa 
forma, o negócio jurídico suscetível de invalidação. Trata-se dos vícios 
sociais. 
Sobre a conversão do negócio jurídico nulo, dispõe o art. 170 do 
CC: 
Art. 170 do CC - Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos 
de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir 
supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 33 
CONVERSÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO NULO 
VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, lesão, estado de perigo e coação. 
VÍCIOS SOCIAIS: simulação e fraude contra credores. 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Tal dispositivo consagra o princípio da conservação do negócio 
jurídico. Ocorre tal princípio quando o ato negocial nulo (nulidade absoluta) 
não pode prevalecer na forma pretendida pelas partes, mas, como seus 
elementos são idôneos para caracterizar outro ato de natureza diversa, 
então poderá ocorrer a transformação, desde que isso não seja proibido 
taxativamente, como nos casos de testamento. Como exemplo, temos a 
transformação de um contrato de compra e venda nulo por defeito de forma 
(ex: imóvel com valor superior a 30 salários mínimos deve ter por forma 
uma escritura pública, sendo nulo caso se proceda mediante instrumento 
particular) em um compromisso de compra e venda (este pode ser celebrado 
por instrumento particular). 
O contrato preliminar não precisa ser celebrado na forma necessária 
ao contrato final. Vide art. 462 do CC. 
Art. 462 do CC - O contrato preliminar, exceto quanto à forma, deve 
conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. 
É por isso que o compromisso de compra e venda relativo a bens 
imóveis com valor superior a trinta salários mínimos não precisaser 
celebrado através de uma escritura pública, bastando um instrumento 
particular. 
Segue uma tabela para relembrar as definições de convalidação, 
confirmação e conversão, pois tais conceitos serão necessários para o 
entendimento do próximo tópico. 
NULIDADE 
RELATIVA 
CONFIRMAÇÃO 
é um ato das partes contratantes 
com o objetivo de sanar o vício do 
ato negocial. NULIDADE 
RELATIVA 
CONVALIDAÇÃO 
decorre do decurso de tempo que 
provoca a decadência do direito de 
anular o negócio. 
NULIDADE 
ABSOLUTA 
CONVERSÃO 
é a transformação do ato nulo em 
outro que contém os requisitos do 
primeiro. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 34 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Ou seja, a confirmação e a convalidação são institutos jurídicos 
inerentes ao negócio jurídico anulável (nulidade relativa). Já a conversão é 
um instituto do negócio jurídico nulo (nulidade absoluta). 
A nulidade absoluta se difere em vários aspectos da nulidade relativa 
(anulabilidade). A seguir temos um quadro na forma de tabela enumerando 
as principais diferenças entre a nulidade absoluta (mais grave) e a nulidade 
relativa (menos grave). 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 35 
NULIDADE x ANULABILIDADE 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Sobre os prazos decadenciais para se pleitear a anulação do negócio 
jurídico, vejamos a questão no art. 178 do CC. 
Art. 178 do CC - É de quatro anos o prazo de decadência para 
pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, 
do dia em que se realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. 
Art. 179 do CC - Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, 
sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois 
anos, a contar da data da conclusão do ato. 
O direito de anulação do negócio jurídico, no caso dos vícios de 
consentimento ou social, decai em quatro anos. Entretanto, quando se tratar 
de coação moral, o início deste prazo começa a partir do fim da coação (art. 
178, I do CC). 
Numa situação onde haja previsão de anulabilidade do ato, mas o 
Código Civil não mencione um prazo, como no art. 496 do CC, o prazo será 
de 2 anos. 
Art. 496 do CC - É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo 
se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente 
houverem consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do 
cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória. 
Vejamos como as bancas e, principalmente, a FGV gosta de cobrar o 
assunto estudado até agora. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 36 
É perpétua, Doraue é imDrescritível, 
ou seja, não é suscetível de 
confirmação pelas partes e nem 
convalesce pelo decurso do tempo 
(art. 169 do CC). 
É provisória, pois está suieita a 
decadência (4 ou 2 anos), 
convalidando-se pelo decurso de 
tempo. 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
LISTA DAS QUESTÕES COMENTADAS 
1. (FCC - TJ/PA - Analista Judiciário - Direito - 2009) No que tange 
aos negócios jurídicos pode-se afirmar que 
(A) os negócios neutros podem ser enquadrados entre os onerosos 
ou os gratuitos. 
(B) nos negócios jurídicos onerosos nem sempre ambos os 
contratantes auferem vantagens. 
(C) não há nenhum negócio que não possa ser incluído na categoria 
dos onerosos ou dos gratuitos. 
(D) nos negócios jurídicos gratuitos só uma das partes aufere 
vantagens ou benefícios. 
(E) os negócios celebrados inter vivos não se destinam 
obrigatoriamente a produzir efeitos desde logo, ainda que estando 
vivas as partes. 
Análise das alternativas: 
(A) ERRADA. Os negócios bifrontes podem ser enquadrados entre os 
onerosos ou os gratuitos. 
(B) ERRADA. Nos negócios jurídicos onerosos sempre ambos os contratantes 
auferem vantagens. 
(C) ERRADA. Os negócios bifrontes podem ser incluídos na categoria dos 
onerosos ou dos gratuitos. 
(D) CERTA. 
(E) ERRADA. Os negócios inter vivos se destinam a produzir efeitos 
enquanto os interessados estão vivos. 
Gabarito: D. 
2. (FGV - TCM-RJ - PROCURADOR - 2008) A afirmativa "Pagarei a 
coisa adquirida quando a revender" representa condição: 
(A) puramente potestativa. 
(B) simplesmente potestativa. 
(C) eventual. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 37 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
(D) resolutiva. 
(E) suspensiva. 
A situação da questão conjuga a vontade de uma parte (revender a 
coisa adquirida), com fatores externos (alguém comprar). Ou seja, trata-se 
de uma condição simplesmente potestativa. 
Gabarito: B 
3. (FGV - ADVOGADO - BESC - 2004) Denominam-se vícios do 
consentimento: 
(A) erro, simulação e fraude. 
(B) dolo, simulação e coação. 
(C) fraude, coação e dolo. 
(D) erro, dolo e coação. 
(E) erro, dolo e simulação. 
Quando a questão não mencionar qual o tipo de coação, então deve 
ser utilizada a coação moral, pois é a única tratada pelo CC. Segue quadro 
apresentado na teoria. 
Gabarito: D 
4. (FGV - ADVOGADO - BESC - 2004) Todo ato jurídico será 
considerado NULO de pleno direito: 
I. quando for preterida alguma solenidade que a lei considere 
essencial para a sua validade; 
II. quando praticado com vício resultante de erro, dolo e simulação; 
III. quando praticado com vício resultante de coação ou fraude; 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 38 
VÍCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, lesão, estado de perigo e coação. 
VÍCIOS SOCIAIS: simulação e fraude contra credores. 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
IV. quando praticado por pessoa relativamente incapaz. 
Assinale: 
(A) se somente a afirmativa I estiver correta 
(B) se somente a afirmativa II estiver correta 
(C) se somente a afirmativa IV estiver correta 
(D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas 
(E) se todas as afirmativas estiverem corretas 
Quando a questão, em seu enunciado, faz menção à expressão "nulo 
de pleno direito", está se referindo à nulidade absoluta, diferente da 
nulidade relativa (anulabilidade). 
O art. 166 do CC, enumera as hipóteses de nulidade absoluta, ao 
passo que o art. 171 do CC enumera as hipóteses de nulidade relativa: 
Análise das afirmativas: 
I. CORRETA. De acordo com o art. 166, V do CC. 
II. ERRADA. Os vícios resultantes de erro e dolo são casos de nulidade 
relativa, conforme o art. 171, II do CC. 
III. ERRADA. Os vícios resultantes de coação ou fraude são casos de 
nulidade relativa, conforme o art. 171, II do CC. 
IV. ERRADA. A incapacidade relativa do agente, sem a devida assistência, 
nos termos do art. 171, I do CC, é causa de nulidade relativa. 
Gabarito: A 
5. (CGJ/ES - Atividade Notarial e de Registro - 2007) A respeito do 
negócio jurídico, considere: 
I. Objeto indeterminável. 
II. Coação. 
III. Lesão. 
IV. Objeto ilícito. 
V. Dolo. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 39 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
VI. Incapacidade relativa do agente. 
Implicam em nulidade do negócio jurídico as causas indicadas 
SOMENTE em 
(A) I, III e V. 
(B) I e IV. 
(C) II, III e VI. 
(D) II, IV e V. 
(E) IV, V e VI. 
Base Legal: Arts. 166, II e 171 do CC. 
Quando a banca se referir ao termo nulidade sem mencionar se é 
absoluta ou relativa,devemos levar em consideração a absoluta. 
Quando a banca mencionar a coação sem mencionar se é moral ou 
física, devemos levar em consideração a coação moral, pois é esta a 
abordada pelo Código Civil. 
Gabarito: B. 
6. (FGV - ADVOGADO - SENADO FEDERAL - 2008) Solange de Paula 
move ação anulatória em face do Hospital das Clínicas. Ocorre que, 
necessitando internar seu marido, não encontrou vaga no SUS, 
logrando êxito em conseguir a internação em hospital da rede 
privada, não integrante da rede SUS. O hospital exigiu o depósito de 
R$ 3,5 mil para a internação e mais R$ 360,00 para exames. 
Entregues os cheques, após o atendimento, Carmem ingressou em 
juízo para anular o negócio jurídico. Assinale o melhor fundamento 
para sua pretensão. 
(A) onerosidade excessiva 
(B) lesão 
(C) estado de perigo 
(D) enriquecimento sem causa 
(E) venire contra factum proprium 
Vamos tratar de cada uma das opções: 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 40 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
(A) ERRADA. Através do art. 478 do CC, ficou consagrada a teoria da 
imprevisão. 
Art. 478 do CC - Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a 
prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com 
extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos 
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do 
contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da 
citação. 
A Teoria da Imprevisão, está relacionada com a ocorrência de um 
fato superveniente que traga vantagem excessiva para uma das partes e 
prejuízo excessivo para a outra, pois, neste caso, o contrato poderá ser 
rescindido, desde que tal fato seja extraordinário e de difícil ou impossível 
previsão. É a também chamada cláusula "rebus sic stantibus", pela qual a 
relação jurídica deve ser mantida enquanto perdurar a situação fática que 
originalmente a ensejou. 
(B) ERRADA. A lesão é um vício de consentimento decorrente do abuso 
praticado em situação de desigualdade de um dos contratantes, por estar 
sob premente necessidade, ou por inexperiência, com o objetivo de protegê-
lo diante do prejuízo sofrido na conclusão de um negócio jurídico em 
decorrência da desproporção existente entre as prestações das duas partes. 
Trata-se de um dano patrimonial. 
(C) CERTA. O estado de perigo representa a assunção de uma obrigação 
excessivamente onerosa (exorbitante) para evitar um dano pessoal que é 
do conhecimento da outra parte contratante. Grosseiramente falando, o 
declarante de encontra diante de uma situação que deve optar entre dois 
males: sofrer o dano (dano próprio, dano a pessoa da família ou dano a 
pessoa que não é parente, de acordo com o juiz) ou participar de um 
contrato que lhe é excessivamente oneroso. 
(D) ERRADA. O enriquecimento sem causa é o acréscimo de bens que se 
verifica no patrimônio de um sujeito, em detrimento de outrem, sem que 
para isso tenha um fundamento jurídico. O art. 884 do CC trata o assunto: 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 41 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
Art. 884 do CC - Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de 
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a 
atualização dos valores monetários. 
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, 
quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, 
a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. 
(E) ERRADA. Diz o art. 422 do CC: 
Art. 422 do CC - Os contratantes são obrigados a guardar, assim na 
conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade 
e boa-fé. 
Segundo os princípios da probidade e da boa fé, as partes de um 
contrato têm o dever de agir com honradez, denodo, lealdade, honestidade 
e confiança recíprocas. 
Em decorrência do dispositivo legal em questão, foi aprovado o 
Enunciado 362 na IV Jornada de Direito CIvil do CJF: 
362- Art. 422. A vedação ao comportamento contraditório (venire contra 
factum proprium) funda-se na proteção da confiança, tal como se extrai 
dos arts. 187 e 422 do Código Civil. 
Para concluir, o venire contra factum proprium parte da idéia de que 
as partes, em decorrência da confiança que permeia a relação jurídica, 
devem agir de maneira coerente, seguindo a sua linha de conduta, e, 
portanto, não podem contrariar repentinamente tal conduta, por meio de um 
ato posterior. Exatamente por isso o contratante não pode contrariar a sua 
própria atitude. 
Gabarito: C. O estado de perigo é o instituto jurídico que melhor se amolda 
ao enunciado da questão. 
7. (FGV - ADVOGADO - SENADO FEDERAL - 2008) Em relação à 
fraude, avalie as afirmativas a seguir, atribuindo V para verdadeiro e 
F para falso. 
( ) A fraude contra credores representa a frustração do direito 
potestativo do credor em receber o que lhe é devido. 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 42 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
( ) O animus de prejudicar não é elemento constitutivo da fraude 
contra credores. 
( ) Para que a fraude à execução possa ser reconhecida é 
indispensável haver uma lide proposta. 
( ) Para o reconhecimento da fraude contra credores é necessário 
propor a ação pauliana. 
( ) A fraude à execução tem como conseqüência a anulabilidade do 
ato fraudulento. 
Assinale a seqüência correta de cima para baixo. 
(A) V - F - V - F - V 
(B) F - F - V - V - F 
(C) F - V - V - F - F 
(D) F - V - F - V - F 
(E) V - V - F - V - F 
Análise das afirmativas: 
I. ERRADA. Estudaremos por ocasião do tópico prescrição e decadência as 
diferenças entre um direito subjetivo e um direito potestativo. De modo que, 
a fraude contra credores representa a frustração de um direito subjetivo. 
II. ERRADA. Nos negócios à título gratuito e remissões de dívidas, o animus 
de prejudicar, elemento subjetivo, não é necessário. Entretanto, nos 
negócios onerosos, o elemento subjetivo é necessário para que se configure 
a fraude contra credores. 
III. CERTA. Para que seja reconhecida a fraude contra credores, é necessário 
que os credores prejudicados ingressem com uma ação pauliana, também 
chamada de revocatória. 
IV. CERTA. Conforme comentários da afirmativa anterior. 
V. ERRADA. A fraude à execução (FE) diferencia-se da fraude contra 
credores (FC). A anulabilidade do ato é decorrente da fraude contra 
credores. Reveja a tabela na aula que diferencia fraude contra credores e 
fraude à execução. 
Gabarito: B 
Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 43 
CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL 
FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAÇÃO 
8. (FGV - FISCAL DE RENDAS - MS - 2006) Com a intenção 
deliberada de prejudicar outrem, pós-data-se o instrumento de 
negócio jurídico. Aponte o vício ligado a esse procedimento. 
(A) dolo acidental 
(B) erro substancial 
(C) simulação 
(D) erro acidental 
(E) fraude 
O outro vício social, além da fraude contra credores, é a simulação 
que representa um acordo de vontade entre as partes para dar existência 
real a um negócio jurídico fictício, ou então para ocultar o negócio jurídico 
realmente realizado, com o objetivo de violar a lei ou enganar terceiros. 
Conclui-se que são necessários três requisitos para a simulação: 
- acordo entre as partes, ou com a pessoa a quem ela se destina; 
- declaração enganosa de vontade; e 
- intenção de enganar terceiros ou violar a lei. 
Gabarito: C 
9. (FGV - AGENTE TRIBUTÁRIO ESTADUAL - MS - 2006) A emissão 
de título de crédito visando a encobrir ato ilegal configura: 
(A) simulação relativa subjetiva.

Continue navegando