Buscar

Seção III - Contrarrazões de Rescurso em Sentido Estrito

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 6 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 6 páginas

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE
Processo nº: XXXXXXXXXXXXXXX
Autor: Ministério Público Estadual – CE
Réu: José Percival Da Silva
JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, já devidamente qualificado nos autos do processo em epígrafe, através de seu advogado abaixo assinado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 588, do CPP, apresentar
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO
Em face do recurso interposto pelo órgão do Ministério Público do Estado de Ceará, contra a respeitável decisão proferida pelo Magistrado de piso. Requer que seja recebido e processado a presente contrarrazões, ato continuo encaminha ao Egrégio Tribunal de Justiça de Ceará.
 
Nesses Termos
Pede e Espera Deferimento
Conceição do Agreste/CE, 10 de junho de 2018
(assinado eletronicamente)
(Advogado)
OAB/XX XXXXX
EXECELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ
Autos nº: XXXXXXXXXXX
Recorrente: Ministério Público Estadual – CE
Recorrido: José Percival Da Silva
EGRÉGIO TRIBUNAL
COLENDA TURMA
DOUTO JULGADORES
I – RESUMO DOS FATOS 
Ocorre que em 03 de fevereiro de 2018, a testemunha relatou ao Delegado que fora exigido dele o pagamento de uma quantia, por três vereadores membros da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE. Assim, o acusado fora denunciado pelos crimes de Associação Criminosa (art. 288, CP) e pelo crime de Corrupção Passiva (art. 317, CP).
Todavia, o réu, então Presidente da Câmara Municipal de Vereadores da cidade, foi assistir a Sessão da Comissão de Finanças e Contratos, momento no qual estava sendo organizado um flagrante preparado pela polícia, a fim de prender os vereadores anteriormente acusados. Entretanto, mesmo sem ter ciência dos fatos ali cometidos, o réu foi preso em flagrante delito, acusado da prática de tais crimes.
Após conseguir o relaxamento de sua prisão, o réus foi notificado por meio de Oficial de Justiça para apresentar defesa preliminar, no prazo leal, a denúncia feita pelo Ministério Público, a qual consta que os demais acusados estavam sob a liderança do Vereador João Percival da Silva, “Zé da Farmácia”, e que associaram-se com o fim específico de cometer crimes.
Assim, após a apresentação da defesa preliminar o Juiz de primeiro grau acatou parcialmente as teses arguidas e recebeu a denúncia apenas em relação ao delito de corrupção passiva (artigo 317 do CP). No tocante à imputação de associação criminosa (art. 288 do CP), a denúncia foi rejeitada, nos termos do artigo 395, III do CPP, por ausência de justa causa para a ação penal. O que, frisa-se, fez com maestria o Exímio Magistrado de piso.
Contrariado com a decisão do Magistrado, o promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do Agreste/CE interpôs recuso em sentido estrido, com base no art. 581, I do CPP.
É o que importa relatar.
II – DA TEMPESTIVIDADE
Conforme preceitua os arts. 586 e 588 do CPP, o prazo para interposição das contrarrazões é de 5 (cinco) dias da intimação da decisão e de dois dias, contados da interposição do recurso, para apresentar as razões, vejamos:
Art. 586. O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.
[...]
Art. 588. Dentro de dois dias, contados da interposição do recurso, ou do dia em que o escrivão, extraído o traslado, o fizer com vista ao recorrente, este oferecerá as razões e, em seguida, será aberta vista ao recorrido por igual prazo. Parágrafo único. Se o recorrido for o réu, será intimado do prazo na pessoa do defensor. 
Diante disso, o prazo iniciou em 5 de junho de 2018, tendo fim para a interposição em 10 de junho de 2018. Assim requer que seja conhecida a presente contrarrazões pois é tempestiva.
III – PRELIMINARMENTE
III.1 – DA INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
Inicialmente, cumpre destacar que o presente recurso em sentido estrito não cumpriu os requisitos recursais, não observando a tempestividade.
O prazo de 5 (cinco) dias para a interposição do presente recurso está previsto no art. 586, do CPP, que diz “O recurso voluntário poderá ser interposto no prazo de cinco dias.” 
Outro ponto é que o prazo começa a contar a partir da realização do ato, conforme art. 798, §5º, “a” do CPP, no caso, a partir da intimação do promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do Agreste/CE.
Além disso, de acordo com a jurisprudência pátria, no processo penal, o Ministério Público não possui prazo em dobro para recorrer e/ou contrarrazoar, vejamos:
AGRAVO REGIMENTAL EM EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA PENAL E PROCESSUAL PENAL. INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO INTERNO APÓS O PRAZO DE 5 (CINCO) DIAS PREVISTO NO ART. 258 DO REGIMENTO INTERNO DO STJ. PRAZO EM DOBRO PARA O MINISTÉRIO PÚBLICO EM MATÉRIA PENAL. INEXISTÊNCIA. PRAZO SIMPLES CONTADO DA ENTREGA DO ARQUIVO ELETRÔNICO. PRECEDENTES. I – O entendimento pacífico desta Corte Superior é no sentido de que o Ministério Público, em matéria penal, não goza da prerrogativa da contagem dos prazos recursais em dobro. II – No caso dos autos, a intimação ocorreu com a entrega do arquivo digital contendo cópia do processo eletrônico em 17⁄08⁄2012 e o Agravo Interno foi protocolado somente em 27⁄08⁄2012, extrapolando o quinquênio legal, previsto no art. 258 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. III – Agravo Regimental não conhecido. (STJ – AgRg nos Embargos de Divergência em Resp. n.º 1.187.916-SP – Relatora Ministra Regina Helena Costa – dj. 27/11/2013) [grifo nosso]
Dessa maneira, temos que o promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do Agreste/CE, foi intimado da decisão em 24 de maio de 2018) e interpôs recurso somente em 30 de maio de 2018, isto é, 6 (seis) dias após a sua intimação, um dia após o termino do prazo, que se deu em 29 de maio de 2018.
Diante disso, requer que o presente recurso não seja conhecido, pois carece de um dos requisitos recursais.
IV – DO DIREITO
IV.2 – AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
A sentença ora recorrida não merece reforma dos seus termos, pois o Exmo. Juiz de primeiro grau foi acertado em sua decisão.
Ora, é sabido que a justa causa é uma condição de garantia contra o uso abusivo do direito de acusar, identificando-se como uma causa jurídica e fática que legitima e justifica a Acusação e a própria intervenção penal. 
Caracterizando-se por dois fatores: a existência de indícios suficientes de autoria e materialidade. Dessa maneira, a peça processual deve conter elementos probatórios mínimos que justifiquem a admissão do processo.
Como sabemos, nos termos do artigo 288 do Código Penal, para a caracterização do delito de associação criminosa, é indispensável a associação (reunir-se em sociedade, agregar-se ou unir-se) de três ou mais pessoas para o fim específico de cometer crimes.
A lei 12.850/2013 deu nova redação ao art. 288 do CP, abolindo o antigo título do delito (quadrilha ou bando) para adotar a nova denominação de associação criminosa. Inseriu-se a expressão “fim específico” apenas para sinalizar o caráter de estabilidade e durabilidade da referida associação, distinguindo-a do mero concurso de pessoas para o cometimento de um só delito. Quem se associa (pelo menos três agentes) para o fim específico de praticar crimes (no plural, o que demonstra a ideia de durabilidade), assim o faz de maneira permanente e indefinida, vale dizer, enquanto durar o intuito associativo dos integrantes. 
Deste modo, havendo a prática de um único fato e, portanto, de um único crime, não estará caracterizada a tipicidade específica do artigo 288 do CP. Esse é, inclusive, o entendimento da jurisprudência pátria:
STF: DIREITO PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE QUADRILHA. CONFIGURAÇÃO TÍPICA. REQUISITOS. Para a configuração do crime de associação criminosa do art. 288 do Código Penal brasileiro, exige-se a associação de mais de três pessoas "para a prática de crimes", não sendo suficiente o vínculo para a prática de um único ato criminoso. É o que distingue, principalmente, o tipo de associação criminosa da figura delitivaassemelhada do crime de conspiracy do Direito anglo-saxão que se satisfaz com o planejamento da prática de um único crime. Se, dos fatos tidos como provados pelas instâncias ordinárias, não se depreende elemento que autorize conclusão de que os acusados pretenderam formar ou se vincular a uma associação criminosa para a prática de mais de um crime, é possível o emprego do habeas corpus para invalidar a condenação por esse delito, sem prejuízo dos demais. Habeas corpus concedido e estendido de ofício aos coacusados em idêntica situação. (HC 103.412/SP – Rel. Min. Rosa Weber – dj. 19/06/2012)
Foi alegado na denúncia que os vereadores se reuniram com o fim específico de cometer crimes, todavia é sabido que para a caracterização do crime de associação criminosa (art. 288, CP) é indispensável a associação de três ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes. Assim, quem se associa para o fim específico de praticar crimes, deve fazê-lo de maneira permanente e indefinida, isto é, enquanto durar o intuito associativo dos integrantes.
Isso posto, na presente peça acusatória, o Ilustre Representante do Ministério Público limitou-se a acusar de forma genérica o réu, não apresentando quaisquer provas que indiquem a suposta prática dos delitos alegados. Não há indícios de que aquele grupo de vereadores estavam sendo liderados pelo Presidente, Zé da Farmácia, assim, mesmo que tenha havido a suposta prática do ilícito penal, trata-se de apenas um fato isolado, portanto é crime único, o que já descaracteriza a tipicidade do art. 288, do CP
Fatos esses que foram magistralmente reconhecidos e fundamentos pelo Ilustre Juiz de primeiro grau em sua decisão, não recebendo a denúncia pelo crime de associação criminosa
Dessa maneira, a presente decisão não merece reforma, assim requer-se o não provimento do recurso para, com a manutenção da decisão recorrida. 
V – DOS PEDIDOS
Ante o exposto, requer:
a) Que seja recebida e processada a presente contrarrazões, pois são tempestivas;
b) Que o presente recurso em sentindo estrito não seja conhecido pelo Tribunal, uma vez que é intempestivo, nos termos do art. 586, do CPP;
c) No mérito, que o recurso seja TOTALMENTE IMPROVIDO, para manter a respeitável decisão impugnada, tendo em vista que se sustenta pelos seus próprios fundamentos.
Nesses termos
Pede e espera deferimento
Conceição do Agreste/CE, 10 de junho de 2018
(assinado eletronicamente)
(Advogado)
OAB/XX XXXXX

Continue navegando